art.sy #3 | Fevereiro2013

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Angelo Gonçalves | Bento Galado | Bug Bolito | Catarina Correia | Catarina Guerreiro | Constança Araújo Amador Danny Faria | David Bastos | Fátima Spínola | Helder Ferreira | Iolanda Oliveira | Ivo Andrade | Jorge Mestre Simão | Liliana Bernardo | Mariana Figueiredo | Melissa Bartolomeu | Menau | Milita Doré | Nuno Viegas | Pedro Oliveira | Ricardo Oleiro de Castro | Roberto Leandro Ruby Ish | Tânia Guita | Telmo Freitas | Teresa Gomes Tiago Custódio | Tiago Verdade | Ursula Mestre | Valter Ego


Art.sy #03 A nossa fanzine para esta terceira edição teve uns moldes diferentes. Baseado no trabalho de Urs Lüthi, “Art for a better life”, que consiste em 30 propostas para uma vida melhor através da arte, foram convidadas 30 pessoas, 30 criativos, para desenvolverem trabalho durante um curto período de tempo. Criativos de diferentes estilos e áreas de trabalho, alguns anteriores participantes na art.sy e muitos a participar pela primeira vez. Cada um destes criativos escolheu uma dessas propostas como ponto de partida para criar algo novo. O resultado são estas 62 páginas com trabalhos tão diferentes, mas que se relacionam por essa procura de uma vida melhor. Surge assim a primeira art.sy temática.


“Art for a better life” Urs Lüthi


1. Concentrate all your attention on a single object for ten minutes daily 2. Deliberately smile until you feel happy 3. Take a walk, notice something and decide how you would describe it 4. Choose an automatic gesture you make and repeat it deliberately until it comes off automatic 5. Take a five minute walk in slow motion 6. Act for one hour like your opposite sex 7. Imagine grown people as disguised children 8. Sit by the seaside and feel like being a wave 9. Go to public places and imagine yourself being an alien 10. Smile deliberately to strangers 11. Imagine yourself as a tourist in your usual environment 12. Look at an object as if you would see it for the very first time 13. Imagine yourself being an actor in a play while doing your daily business 14. Take a walk on a meadow and imagine yourself a giant 15. Caress yourself deliberately several times during your daily activity 16. Get out of your balance 17. Do your everyday business for ten minutes with closed eyes 18. Give common objects alternate names 19. Imagine what might be the most desirable thing to do before you die 20. Try daily to find something beautiful in an ugly thing 21. Imagine your own death 22. Identify yourself with your enemies 23. Imagine a movie trailer about your own life 24. Try to imagine the worst possible thing which could happen to you 25. Imagine yourself living free from responsibility 26. Change your life once a day 27. Insecurity keeps you young 28. Waste your feelings 29. Behave shameless in your old days 30. Live slowly


Vai à lavandaria. Põe lá a tua alma. E enquanto ficas a ouvi-la Rodar, rodar, rodar, Observa-a com calma. Põe lá um olhar atento E uma colher dos teus sentidos, Mas escolhe bem a lavagem, Senão ficam encolhidos… Continua a olhar. Não te distraias com a miúda do lado. Pois também ela (posso afirmar) veio cá lavar o que tinha sujado. Escuta o tambor. Ouve o gemer dos trapos No revolver de farrapos E vê os teus jeans baratos Ficarem dois guardanapos. Não estás a olhar. Desconcentraste-te. Viste a roupa sem corpo, Pensaste naquela loira E excitaste-te. Sim, é bela. Será que veio cá lavar o seu vestido de Cinderela? Deixa-te de merdas! Concentra-te na máquina. Focaliza o pequeno ecrã redondo que no seu rotineiro girar te deixa tonto. Não te percas. Este filme não tem intervalos E os botões são demasiados Para que possas controlá-los. Vê a tua roupa. Vê-a bem. Vê nela o teu dinheiro, O dinheiro de quem não poupa. Vê naquele ribombar As notas que largaste Nessa roupa que compraste E que, por estupidez, Raras vezes usaste.

Mas ao que interessa. Mira essa escotilha de purificação. Encontra nela a loja onde compraste A trouxa que aqui lavaste E tira daqui a lição. Vê porra, não te distraias! Vê com olhos de quem vê Com descoberta e não com Olhos de quem vê enquanto Espera o término da lavagem. Vê a funcionária que te atendeu. Vê o gerente, a saída e tu No teu papel de cliente, Tão pouco ciente Do que aconteceu. Vê à tua volta o centro comercial, Onde as pessoas (como as roupas) gastam, gastam, gastam, no seu [ab]uso normal. Enquanto assistes a esta pequena lavagem Durante uns vinte minutos, Repara neste ciclo Tão igual mas tão maior, Que lava, espreme, Torce e estica os teus intuitos, Deixando-os macios E fáceis de engomar, Prontos para o consumismo os pôr a funcionar.

Roberto Leandro | Laundry Service 1. Concentrate all your attention on a single object for ten minutes daily


Pára! Sai desse espectro Em que te encontras. O óculo dessa máquina, No seu vislumbrar típico e monótono, Fez-te ver o que não querias, e o que não crias. Olha agora em teu redor. Vê as máquinas e os seus barulhos, As pessoas, os botões, Os seus entulhos; Vê esse plano maior. E se olhares ainda mais além, Bem lá no fundo da máquina

Engoma bem a tua roupa. Amortiza a brutalidade da lavagem, Arruma a tua bagagem, E revoltado, revirado, Torcido e distorcido, Segue a tua viagem, Que a lavandaria vai fechar. A vida dá muitas voltas. E a Máquina também. E enquanto não te revoltas, Não se muda nada, Nem se salva ninguém.

Verás que nem todos limpam o que sujam, Que alguns sujam o que outros limpam E que muitos há que, de tanto Se limparem, enferrujam…

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Catarina Guerreiro | Sem tĂ­tulo 2. Deliberately smile until you feel happy


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Catarina Correia | Terra 3. Take a walk, notice something and decide how you would describe it


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Tiago Verdade | (PI+ACTION)+TIME-(GRAVITY+BODY) 4. Choose an automatic gesture you make and repeat it deliberately until it comes off automatic


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Mariana Figueiredo | Too drunk to fuck 5. Take a five minutes walk in slowmotion


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Telmo Freitas | Sem tĂ­tulo 6. Act for one hour like your opposite sex


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Teresa Gomes | Projecçþes 7. lmagine grown people as disguised children


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Helder Ferreira | Maresia, efeito na poesia 8. Sit by the seaside and feel like being a wave


No parapeito da janela, observando o exterior Espreito o efeito solar deste astro motivador Que me faz vestir a rigor na procura duma resposta Que é arrastada pela onda que desaba nesta costa. Saindo de casa refrescado pela brisa Questionando a calçada por não se encontrar precisa Trago argumentos na mente, lapiseira na mão E escolho este pôr-do-sol pra me afastar da multidão. Abdico de tudo, interligo-me ao mar A areia na qual repouso serve pra me inspirar Preenchendo o vazio desta vida de faz de conta Olhando o horizonte, sinto-me enrolado nas ondas. A procura do limite já além do infinito Ansioso pela verdade escondida neste granito Guardo memórias como relíquias no âmbar do sentimento Gravado no papiro dentro da ampulheta do tempo. A maresia penetra e afecta a pulsação É um mecanismo progressivo e intensivo, onde a tensão Toma conta do ser, pra ser um organismo inerte Com toda a aptidão que a transparência da água reflete. Quando me sinto em baixo, é este o meu abrigo Esconderijo que não me falha quando me encontro em perigo E neste crepúsculo, descubro o meu apogeu Porque a onda que rebenta sob a falésia sou eu.

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Ivo Andrade | Alienations 2 e 3 9. Go to public places and imagine yourself being an alien


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Começo a pedir-te desculpa por não ter escrito antes. Sei que o devia ter feito mas também sei que podia agora inventar qualquer coisa e não o farei. Podia dizer-te que tenho trabalhado até tarde, que mal chego a casa apago-me na cama ou mesmo no sofá a ver televisão. Mas mais vale contar-te a verdade. E a verdade é que sinto que esta maldita cidade me apanhou, como uma grande aranha esfomeada mas paciente que, na sua teia, captura uma mosca distraída. E a mosca, neste caso, sou eu. Fui despedido da pizzaria há cerca de 15 dias atrás. Desapareceu dinheiro da caixa e o gerente concluiu que fora eu. Claro. Quem mais haveria de pagar as favas senão o português? Nem valia a pena discutir. Ainda por cima, fiquei tão nervoso que nem me vinham à boca certas palavras em inglês. E o gajo com aquele sotaque de merda… a maior parte do tempo nem percebia o que o cabrão dizia. Resultado: despedido e ainda me sacaram 100 libras do que tinham que me pagar. Estou desconfiado que foi aquele gordo de merda que não me gramava, o Clark. Filho-da-puta. Enfim… nesse dia fui jantar a um pubzinho porreiro que encontrei um dia destes. Vi um jogo de rugby na televisão e bebi umas pints. Estava animado e a verdade é que não estava muito chateado por ter ido para a rua. Sabia que nos próximos dias encontraria alguma coisa facilmente. Para estes gajos pubs não são sinónimo de trabalho mas sim de farra! Aqui é fácil arranjar emprego, já to tinha dito, pois os tipos não querem saber de andar a servir ao balcão ou a lavar pratos. De manhã, quando acordei, foi como se toda a energia me tivesse sido

Valter Ego | Um sorriso em Glasgow 10. Smile deliberately to strangers


cirurgicamente retirada. Nem me sentia triste nem alegre, sentia-me apenas sem vida. Tomei banho, fiz a barba, bebi café, vesti-me para sair e ir à procura de trabalho mas… sem quase dar por isso, acabei por ficar em casa, todo o dia. Sem comer, sem fazer nada, simplesmente ali fiquei, sentado no sofá. Já era noite quando me levantei e fui dar uma volta. Ao regressar, nem me despi: atirei-me para cima da cama e adormeci profundamente. No dia seguinte, acordei mais tarde e voltou a acontecer o mesmo. Tomei banho, fiz a barba, bebi café e sentei-me no sofá a ver as horas passar. Nos dias que se seguiram, levantei-me cada vez mais tarde. Apenas tenho saído à rua de noite. Honestamente, nem te saberia dizer o que tenho comido. Os últimos dias parecem-me vagos, distantes, imensamente separados de mim. Ao mesmo tempo, parecem-me logo ali, à mão de semear, quase como se os pudesse tocar com a ponta dos dedos… Esta manhã, quando acordei, tomei a resolução de que não me deixaria ir abaixo. Foda-se, era só o que me faltava! Fugir de um país cronicamente deprimido para uma cidade que me deprimisse a mim. Tomei banho, fiz a barba (que já não fazia há 3 dias ou 4 dias), bebi café e rapidamente saí de casa. Para minha surpresa, a manhã estava solarenga. Assim que saí do prédio, senti que a claridade do dia me batia na cara com uma luminosidade quente e espessa como se de veludo. De resto, tudo normal como todos os outros dias desde que aqui cheguei: pessoas, carros, a cidade em movimento. Mas hoje, ao contrário da sensação de anonimato que sempre se tem numa grande cidade, tive a sensação de que todos os rostos que por mim passavam me eram familiares – bondosos,

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agradáveis. Todos pareciam cumprimentar-me e desejar os bons dias, e eu sentia-me imensamente feliz porque tinha a sensação que toda gente me sorria e também eu lhes queria sorrir de volta, mas não consegui. Todas as caras estranhas numa cidade estranha de um país estranho me sorriam e eu não consegui mexer os músculos da minha cara para lhes retribuir um sorriso. Foi então que uma menina passou de mão dada com a mãe. Não devia ter mais do que 7 ou 8 anos e carregava uma mochila amarela às costas, pelo que presumi que a mãe deveria ir para a escola. De repente, encontrando uma amiga, a mãe parou mesmo ali, a dois metros de mim, e começou a conversar com a outra pessoa. E a menina, visivelmente sem qualquer interesse na conversa dos adultos, olhou para mim e sorriu. Sorriu tão genuína e inocentemente com aqueles seus olhos cinzentos que eu não pude conter as lágrimas. E chorei, chorei copiosamente. No único dia de sol que até hoje apanhei aqui, fui eu quem começou a chorar – a chover. Senti os olhares das pessoas que me fitavam parado no meio da rua a soluçar como uma criança a quem alguém roubora um doce. E senti-me imensamente triste e só. Foi então que Nelly (ouviria a mãe chamá-la pelo nome quando se foram embora) me disse: please don’t cry, sir, why are you crying? You should smile”. Foi então que a mãe, sem sequer se aperceber do que estava acontecendo (na verdade, não sei se alguém realmente se terá apercebido do que estava acontecendo), a levou embora dali. Vi-a afastar-se lentamente no seu andar saltitante e ainda esperei que ela olhasse para trás


para lhe poder sorrir – e sim, eu queria realmente sorrir-lhe! Queria retribuir-lhe a luz que ela derramara sobre mim, muito mais forte que a luz deste sol que hoje brilhou alto no céu. Mas ela nunca chegou a olhar para trás. E vi-a perder-se, de mão dada com a mãe, numa qualquer esquina desta cidade-teia de aranha. Decidi que, pela Nelly, nunca mais deixaria que um sorriso, belo como uma criança brincando num dia de sol, me abandonasse o rosto. Sorriria a todos, a todos indiscriminadamente, quer me fossem conhecidos ou não. Voltei a entrar no meu prédio e subi as escadas. Abri a porta do flat e dirigi-me à casa de banho. Da segunda gaveta do armário que tenho por baixo do espelho, retirei aquela tesoura de aparar os pêlos da barba, aquela que tu me ofereceste. Olhei-me no espelho e nos meus próprios olhos vi reflectido o olhar pueril daquela menina. Sorri para o meu próprio reflexo como gostaria de lhe ter sorrido a ela e, rindo à gargalhada, como um louco, senti o metal frio das lâminas da tesoura a abrir caminho pela pele e pela carne dos cantos da boca. À medida que me ria, sentia o prazer da dor de ter as faces cada vez mais rasgadas. Aí soube, ao saborear a calidez do meu próprio sangue, que um só sorriso em Glasgow permaneceria para o resto da vida.

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Danny Faria | Sem tĂ­tulo 11. lmagine yourself as a tourist in your usual environment


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Constança Araújo Amador | A roda-viva da sorte 12. Look at an object as if you would see it for the very first time


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Acordei naquela manha fria de Inverno, como sempre, sem vontade alguma de me levantar. No quarto escuro, os movimentos são apertados e preciso de me despachar para não perder o comboio, para o centro da cidade. A viagem com partida do subúrbio leva o seu tempo e de casa ao trabalho vai mais de uma hora de distância, por isso, naquele dia às 6h20 da manha já estava de pé. Após lavar a cara, e tomar o pequeno-almoço saio para a rua sonâmbula, iluminada, ainda e só pela luz laranja dos candeeiros, e eu, apressado, acendo um cigarro que insiste em entupir-me as narinas, enquanto que as pequenas gotas de chuva me vão molhando às prestações até à estação de comboio. Pela viagem apenas rostos sombrios e ensonados. Cheguei a horas ao escritório da patroa, parece que não está bem com nada ela, nunca, vive para aquilo e descarrega a sua energia sobre os empregados, sempre zangada. Faço ouvidos moucos e depois da conversa e das indicações pego no material de trabalho e ponho-me a mexer com a minha colega, uma estagiária, nova, a quem a patroa tem o hábito de gritar e de chamar mosca morta, para mim, será apenas o primeiro dia de trabalho. O saco do material é pesado e as alças estão rebentadas assim como as rodinhas, o que me obriga a ter que o trazer a pulso, a esforço, durante toda a manhã. A minha colega tem vergonha do que faz, por isso ao entrarmos no metro afasta-se de mim para não ser reconhecida como tal e não me dirige a palavra uma única vez. Após atravessarmos meia cidade debaixo

Pedro Oliveira | O saco 13. lmagine yourself being an actor in a play while doing your daily business


de terra saímos finalmente para fazer o primeiro serviço, já estamos atrasados. Caminhamos à chuva por umas ruas até chegarmos à lavandaria. Lá dentro o chão fica automaticamente sujo com as nossas pegadas e a água trazida da rua. Tiro para fora do saco um garrafão cheio, com cinco litro de água, o detergente para a loiça, um balde, o material de escovagem e panos, ela trás consigo os extensores. Verto um pouco da água do garrafão e de detergente para dentro do balde metendo la dentro também as escovas para que ensopem. Saio para o exterior da lavandaria com uma escova, extensor, e uns panos, enquanto isso, a minha colega fica la dentro a tratar do interior, é esperta ela, o gajo que vá para a chuva. Esfregamos a montra e a porta com a escova cheia de detergente e retiramos a água com aquela coisa de raspar que se utiliza para limpar os vidros, como os miúdos nos semáforos, os cantos são passados a pano para não escorrer. Em dez minutos o trabalho está feito, o material arrumado outra vez dentro do saco e deixamos a lavandaria, com os vidros a brilhar e com o chão imundo. Pego novamente no saco e começamos a andar em direção ao metro, o saco já começa a pesar e os ombros a doer, o realizador ri-se enquanto que as câmaras e os holofotes já me fazem suar por debaixo das roupas e do impermeável.

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Bug Bolito | Sem tĂ­tulo 14. Take a walk on a meadow and imagine yourself a giant


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Jorge Mestre Sim達o | Blandientur 15. Caress yourself deliberately several times during your daily activity


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Angelo Gonçalves | Jogar à fome 16. Get out of your balance


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Melissa Bartolomeu | DesnĂ­veis 17. Do your everyday business for ten minutes with closed eyes


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Liliana Bernardo | Gaspar / Boss 18. Give common objects alternate names


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Ruby Ish | Not today 19. Imagine what might be the most desirable thing to do before you die


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Nuno Viegas | Bullying 20. Try daily to find something beautiful in a ugly thing


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Menau | O Ăşltimo desejo 21. lmagine your own death


“Último Desejo” Hoje, no dia 09 de Fevereiro de 2013 (dia em que completava os seus 29 anos), Élsio Menau realizou, o seu último trabalho artístico intitulado “Último Desejo”, pondo termo á sua vida concluindo assim o seu trabalho artístico. Esta obra foi impulsionada pela repressão sentida pelo artista, derivada das reacções das autoridades portuguesas relativas á “Forca de Portugal”. A vida do artista foi bastante abalada com esta reacção e uma vez que foi mal interpretado relativamente á sua obra, sentiu-se injustiçado e com pouca esperança num desfecho positivo deste processo judicial. A sua situação social, semelhante á da maioria dos Portugueses, também se encontrava complicada e com poucas perspectivas de melhorias da mesma, no seio desta nação apodrecida. Menau surge então com este “Último Desejo”, um desesperado apelo às consciências, á liberdade de expressão artista, á Arte Portuguesa e também á forma de como é visto o uso de símbolos nacionais em obras de arte. “A Forca de Portugal” foi uma Instalação elaborada a Abril de 2012 em Quarteira, exposta depois às portas de Faro num terreno baldio, com a autorização temporária do proprietário, a Junho de 2012. Esta instalação foi destruída pela GNR de Faro no dia seguinte á sua colocação, retirando-lhe a corda e a bandeira, por ser considerado um objecto ofensivo a símbolos nacionais. A 07 de Outubro, dois dias depois do Presidente da República Cavaco Silva hastear a bandeira Portuguesa de pernas para ar, no dia das comemorações da implantação da república, em directo para todo o país através das televisões públicas, Élsio Menau recebe em sua casa uma carta da Policia Judiciária para comparecer no dia 11 de Outubro nas suas instalações, onde viria a ser informado que teria sido constituído arguido de um crime público de injúrias contra símbolos nacionais. Esta obra foi mais tarde exposta, pela última vez, a 27 de Novembro, no Convento de Santo António de Loulé, juntamente com as obras dos finalistas do curso de Artes Visuais da Universidade do Algarve. Descansa em Paz Amigo. Nuno Viegas.

“O que será a Arte então…? …Espero não ter morrido em vão!” Élsio Menau 48/49


FĂĄtima SpĂ­nola | Auto-retrato 22. ldentify yourself with your enemies


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Tiago Cust贸dio | Sem t铆tulo 23. lmagine a movie trailer about your own life


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Iolanda Oliveira | Sem tĂ­tulo 24. Try to imagine the worst possible thing which could happen to you


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Bento Galado | Free 25. lmagine yourself living free from responsibility


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Ricardo Oleiro de Castro | Hand of life 26. Change your life once a day


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David Bastos | Sem tĂ­tulo 27. Insecurity keeps you young


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I love you, I want you, Take me, Deep inside, I’m yours, I trust you Fuck yourself! I hate you, Don’t touch me, Leave me, Far away, I don’t belong to you, I don’t trust you Fuck myself! I hate me, I hate my mind, I hate my body, I’m lost, I don’t believe in me, Fuck all of you! I’m imperfect and plural, My desires are beyond my possibilities, I would need 10 lives to realize all my dreams, And several ones never answer all my doubts. I just know I’m a speck of sand in the all Universe and I try to love me, And to believe in humanity.

Milita Doré | Waste of feelings 28. Waste your fee lings


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T창nia Guita | Gula 29. Behave shameless in your old days


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Ursula Mestre | Mirror mirror on the fall 30. Live slowly


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Roberto Leandro

Danny Faria

Págs. 6 e 7

Págs. 28 e 29

Catarina Guerreiro

Constança Araújo Amador

Págs. 8 e 9

Págs. 30 e 31

Catarina Correia

Pedro Oliveira

Págs. 10 e 11

Págs. 32 e 33

Tiago Verdade

Bug Bolito

Págs. 12 e 13

Págs. 34 e 35

Mariana Figueiredo

Jorge Mestre Simão

Págs. 14 e 15

Págs. 36 e 37

Telmo Freitas

Angelo Gonçalves

Págs. 16 e 17

Págs. 38 e 39

Teresa Gomes

Melissa Bartolomeu

Págs. 18 e 19

Págs. 40 e 41

Helder Ferreira

Liliana Bernardo

Págs. 20 e 21

Págs. 42 e 43

Ivo Andrade

Ruby Ish

Págs. 22 e 23

Págs. 44 e 45

Valter Ego

Nuno Viegas

Págs. 24 à 27

Págs. 46 e 47


Menau Págs. 48 e 49

Fátima Spínola Págs. 50 e 51

Tiago Custódio Págs. 52 e 53

Iolanda Oliveira Págs. 54 e 55

Bento Galado Págs. 56 e 57

Ricardo Oleiro de Castro

Art.sy_Online Art Fanzine

Págs. 58 e 59 Edição #03 Editor

David Bastos Págs. 60 e 61

Jorge Mestre Simão Paginação João Henrique

Milita Doré Págs. 62 e 63

Site cargocollective.com/st-art E-mail st.art.faro@gmail.com

Tânia Guita Págs. 64 e 65 Behance behance.net/startfaro

Ursula Mestre Págs. 66 e 67

Facebook facebook.com/startfaro

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