O acaso e o encontro

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O ACASO

experimentaçþes no centro de belo horizonte escola de arquitetura da ufmg tcc - 01/2015 aluna: isabella flach gomes orientadora: denise morado

E O ENCONTRO



O ACASO

experimentações no centro de belo horizonte Escola de Arquitetura da UFMG TCC - 01/2015 Aluna: Isabella Flach Gomes Orientadora: Denise Morado

E O ENCONTRO


sumário

06-99 34-37

0

1

visão

percurso

introdução 06 mapas 12 o 1 trajeto 18 eficiência 22 mapa instit. 28 mudança 32

conclusão bibliografia

96 98

novas áreas

38-51

2

permanência

36

localização programa técnico

40 42 46


sumário

52-63

64-77

78-95

passagem

contemplação

provocação

3

localização programa técnico

54 56 58

4

localização programa técnico

66 68 72

5

localização programa técnico

80 82 88


introdução

Belo Horizonte foi projetada no final do século XIX com o intuito ser a nova a capital de Minas Gerais. Com o traçado ortogonal, ideias progressistas e positivistas, o plano de BH representou uma forte mudança de paradigmas em relação à antiga capital, Ouro Preto. Ao longo do tempo, a cidade se transformou oficialmente, na maioria das vezes, na contramão ao coletivo: espaços públicos perderam espaço físico. Com isso, alguns questionamentos foram pertinen- tes ao trabalho: como a cidade pode se restruturar, mesmo com a rigidez do espaço construído? A surpresa ainda é possível? Logo, outras perguntas aparecem: os espaços realmente instigam e provocam o cidadão? Como se dão as ocupações do espaço público no centro da cidade? Ao mesmo tempo, o centro de BH é palco de diversas mudanças a curto e a longo prazo, visando grandes transformações, que podem interferir no fluxo atual das pessoas.

6


Altimetria novo alto centro 8 a 25 andares

Altimetria antigo centro +- 3 andares

7


8


Na urbe atual, a pressa limita o passo, fazendo-o rápido e certeiro. O movimento que se faz é da casa ao trabalho e vice-versa, sendo a rua um mero intermédio. Ir para a rua para passar o tempo se tornou impensável, tanto pela questão do capital quanto pela qualidade ambiental dos espaços públicos. Ao mesmo tempo, é interessante notar que vários lugares possuem grande potencial de transformação e instigação. Segue o caminho do projeto:

9


O ITCC (Introdução ao Trabalho de Conclusão de Curso) começou com um terreno e, como consequência, com a ideia de descobrir quais os movimentos e locais existem no centro de BH que potencializam a circulação de pessoas.

10


Desse modo, os mapeamentos a seguir são, de certa forma, um condensamento temporal - já que diversas manifestações podem ter ocorrido em outros pontos durante o meio tempo do projeto - das explosões populares, locais de cultura institucionalizada, espaços públicos e estacionamentos - áreas vazias no centro. 11


explosões populares - mapeando o comum O Mapeando o Comum é uma plataforma ao vivo de mapeamento de “resistência à cidade neoliberal em Belo Horizonte”.

cicloritmoscopio espaço comum luiz estrela cicloativismo fica-ficus multidão movimento negro tarifa zero pula-catraca flash-blocos praia da estação duelo de mcs 12

Fonte: Mapping the Commons/mappingcommons.net


espaços de cultura institucionalizados Os locais de cultura institucionalizados são, na maioria, museus, centros, teatros que são reconhecidos pela prefeitura de BH.

LEGENDA: 1 centro de arte contemporânea e fotografia 2 cine theatro brasil vallourec 3 conservatório da ufmg 4 museu dos brinquedos 5 museu dos militares mineiros 6 palácio das artes 7 centro de referência da moda 8 centro de referência do audiovisual 9 edifício maletta 10 museu inimá de paula 11 sesc paladium Fonte: PBH

12 teatro da cidade 13 centoequatro 14 centro cultural ufmg 15 funarte mg 16 museu de artes e ofícios 17 museu do giramundo 18 teatro espanca! 19 centro cultural banco do brasil 20 memorial minas gerais vale 21 museu das minas e do metal 22 espaço do conhecimento ufmg 23 centro de arte popular cemig 13


espaços públicos Espaços públicos tais como praças, parques, ruas fechadas para circulação exclusiva de pedestres, jardins públicos.

SENTIDO HORÁRIO: Praça da Estação; Praça Rui Barbosa; Praça Rio Branco; Praça Sete; Praça Raul Soares; Parque Municipal; Praça Afonso Arinos; Praça da Liberdade; Praça Tiradentes; Praça Floriano Peixoto. 14

Fonte: GoogleMaps/Autora


estacionamentos Contraponto aos espaços públicos, já que são áreas com poucos elementos construídos, mas que servem apenas aos armazenamento de carros.

Fonte: GoogleMaps/Autora

15


uso e ocupação do hipercentro

comércio e serviços - salas e lojas comércios e serviços - unidades autônomas edificação vazia lote vago misto - residência multifamiliar e lojas misto - residência unifamiliar e lojas residência multifamiliar residência unifamiliar equipamento de uso coletivo Fonte: PRÁXIS. Pesquisa de uso e ocupação dos imóveis - 2002/2006 Fonte: Autora

16


sobreposição - primeiro trajeto

Da sobreposição de todos os pontos surgiu, então, o primeiro trajeto, criado para conectar os diversos locais mapeados. 17


primeiro trajeto

Resumo do primeiro trajeto feito + impressþes pessoais sobre a atmosfera, os locais, a infraestrutura e as ocupaçþes. 18


19


20

Praça Sete de Setembro circulação

Praça Sete de Setembro

Rua Curitiba

Praça da Estação

a amplitude do olhar

4d

os eixos

2d

os movimentos à pé

3d


os equipamentos

a densidade

5d

5d

Infraestrutura

Praรงa da Liberdade

21


a eficiĂŞncia possibilidades tiradas do grasshopper

possibilidade escolhida

22


Para uma maior eficiĂŞncia do percurso foi utilizado o software Grasshopper com o mecanismo de identificar o caminho mais curto entre dois pontos seguindo as retas do desenho. Dentre as possibilidades oferecidas pelo GH, foi escolhido, entĂŁo, o primeiro trajeto institucional, que liga a maioria dos pontos jĂĄ reconhecidos subconscientemente pela sociedade belorizontina.

23


trajeto na topografia

. curvas de nĂ­vel

. linha

. principais pontos conectados 24


. linha

potencialidades e atributos

. pontos

. infraestrutura

árido arborizado sentar banho fonte biciclário

. atributos

ermo movimentado reto declive aclive calçada larga

edifício bebedouro multidão lixeira skate pto. de ônibus escadaria

visadas iluminação nível sonoro sombra abrigo calçada estreita

25


os movimentos durante o percurso

26


27


o mapa institucional

28


29


as imaginárias intervenções institucionais

Seguindo o mapa institucional, foram escolhidos 12 pontos para intervenções a serem elaboradas durante o TCC.

30


estudo das รกreas

31


mudança de perspectiva: passo-a-passo

linhas do centro onde e como intervir?

32

mapeamentos sobrepostos e interligados


amarração do trajeto

locais escondidos intervenções adjacentes

“Nas grandes cidades do Brasil e do mundo ocidental, a palavra de ordem é, portanto, investir em espaços públicos ‘visíveis’, sobretudo os espaços centrais e turísticos, graças às parcerias entre os poderes públicos e as empresas privadas. Esses projetos sugerem uma ligação clara entre ‘visibilidade’ e espaço público. Eles comprovam também o gosto pelo gigantismo e pelo ‘grande espetáculo’ em matéria de arquitetura e urbanismo.”

(SERPA, 2007)

Como os pontos que derivaram o trajeto já são conhecidos pelos moradores da cidade, foi decidido então, escolher locais adjacentes ao percurso, com o intuito de manter o atributo da surpresa do olhar (o acaso e o encontro daquele que vagava pela cidade sem percurso definido). 33


1d

linha percurso

1d


A área 1d se mantêm como linha condutora e amarração para o objetivo final: terrenos à margem e escondidos por essa reta imaginária.

35


novas áreas de intervenção - respectivos nomes

5D: local de pouca circulação, mas palco de futuras transformações

3D: que já é consolidado, mas onde a circulação não é permitida

5d

3d 4d

4D: local que já passou por diversas modificações, grande circulação de pessoas, principalmente na Afonso Pena

36


2d

2D: local em transformação, grande circulação de pessoas

A ideia das dimensões surgiu com o andamento da elaboração de cada projeto: plano, profundidade, tempo e multiverso são palavras que guiaram o pensamento de cada intervenção e que, de certa forma, já se relacionavam com os espaços escolhidos e os entornos. Dessas palavras de sentido físico, surgiu uma segunda rodada de palavras específicas que transmitem o objetivo das intervenções.

37


2d

plano permanĂŞncia

2d


Permanência: s.f. constância, estado de que permanece, continua.

39


r. aar ão re is

av. do s

andra

das

localização 2d

IMPLANTAÇÃO esc 1:1000

ria

á ovi rod

praça da estação

praça sete

praça raul soares

40

parque municipal


circulação atual x circulação proposta

-o local já é reconhecido por estar ao lado da praça da estação, mas atualmente é ocupado por uma rua que serve de estacionamento rotativo

-atrair com estrutura e materiais a ocupação da aarão reis e estimular a permanência com a ideia da praia de bh e o tratamento do piso, como algo que invade e parasita

funarte e casa do conde

funarte e casa do conde estacionamento

estacionamento

em construção: centro de referência da juventude

centro de referência da juventude

praça rui barbosa

praça rui barbosa

praia da estação

praça da estação museu de artes e ofícios

museu de artes e ofícios

41


2d - plano

42


A área 2d representa a intervenção plana. Ao lado do novo Centro de Referência da Juventude, o plano ambiencia a permanência daqueles que utilizam o CRJ, invadindo o espaço novo, como um parasita. Chama também as pessoas que passam pela Praça da Estação - um lugar que, em dias comuns, torna-se um vácuo, mas em especiais representa o encontro e o afrontamento ao Estado, que uma vez quis tirar o poder de uso do espaço público do próprio público.

43


2d - plano

44


Com a praia na mente, o deck e a areia se fazem representações do mar que Belo Horizonte não possui, mas inventa. A infraestrutura também suporta outros eventos, como a festa junina da Prefeitura. O local que antes era uma rua a serviço de estacionamento público, após a instalação de chapas de madeira, plantas, água, areia e módulos, torna-se um ponto de encontro e permanência.

45


2d - plano o m贸dulo

46


2d - plano as possibilidades do módulo

mini piscina

abrigo

jardim

sentar

A possibilidade do fechamento dos módulos permite a utilização da área para eventos de aglomeração e até mesmo para a preservação do que existe dentro desses mini vácuos. 47


48


49

0

5

PLANTA 10

15

20

25


materialidade - 2d

1-http://www.archdaily.com.br/br/01-10294/praca-victor-civita-levisky-arquitetos-e-anna-julia-dietzsch/10294_10322 2-http://rosanasoares.empowernetwork.com/blog/e-voce-gerencia-bem-seu-tempo 3-http://www.textureimages.net/blog/wood-formwork-concrete 4-http://construcao-manutencao.mercadolivre.com.br/MLB-615995108-impermeabilizaco-com-manta-asfaltica-a-partir-de-3590-o-m-_JM 50


regularização e substituição do piso 1-madeira certificada 2-areia 3-concreto

51


3d

profundidade passagem

3d


Passagem: s.f. ato de passar, lugar por onde se passa, travessia.

53


r. são

paulo

localização 3d

s

a zon ma

a av.

IMPLANTAÇÃO esc 1:500

ria

á ovi rod

praça da estação praça sete

praça raul soares

54

parque municipal


circulação atual x circulação proposta

-a passagem já existe e também representa um grande potencial

quarteirão fechado da carijós casa de direitos humanos

-a marcação da passagem com “pérgola” a evidencia e torna o ambiente mais permeável

quarteirão fechado da carijós

praça sete

uai

galeria do ouvidor

estacionamento

casa de direitos humanos

prédio residencial

quarteirão fechado da rio de janeiro

praça sete

uai estacionamento

prédio residencial

quarteirão fechado da rio de janeiro

55


3d - profundidade

56


O 3d se apresenta na ruela ao lado do estacionamento próximo ao UAI (Praça Sete). O espaço vazio entre os edifícios se mostra como potencial de passagem. De um lado o burburinho da Avenida Amazonas e do outro a Galeria do Ouvidor na Rua São Paulo atrai um grande público. A infraestrutura de pérgola iluminada chama atenção do olhar apressado e o convida para entrar neste espaço perspectivado e profundo, que também por ser de altura da escala humana não só oferece conforto à travessia, mas também a torna mais segura, sinalizada e contra intempéries.

57


58


a

PLANTA 01 3

10

59


3d - profundidade

CORTE 0 1

2.10

passagem iluminada com faixa de led afixada na estrutura metรกlica CORTE E AXONOMร TRICA 0 0.5 1.0 2.0 3.0

60

3

5

10


61


materialidade - 3d

1-http://www.diytrade.com/china/pd/7685941/Stainless_Steel_Rectangle_Square_Tube_Seamless_Pipe. html 2-http://lojavalencio.com.br/fita-adesiva-300-leds-5m-branca-smd3528-starlux.html 3-http://www.revistaprisma.com.br/novosite/noticia.asp?cod=4395 62


substituição de parte do piso e colocação das pérgolas e reestruturação do piso para pedestres 1-pérgolas em metalon tratado 2-faixas de led 3-placas de concreto

63


4d

tempo contemplação

4d


Contemplação: s.f. ação de contemplar // olhar fixamente, com muita admiração.

65


r. da b

r. dos

tamo

ios

ahia

afo av.

ria

viá do

ro

praça da estação praça sete

praça raul soares

66

nso

parque municipal

a

pen

IMPLANTAÇÃO esc 1:1000

localização 4d


circulação atual x circulação proposta

-vista e eixo perdidos com a construção do anexo (anos 70) -passagem pelo meio do quarteirão escondida

-retomada da vista e do eixo com a criação de escadarias que levam a laje do anexo

eixo do edifício antes da construção do anexo (anos 40)

edifício acaiaca

edifício acaiaca

viaduto santa tereza

viaduto santa tereza

sulamérica pátio interno anexo sulacap

parque municipal

parque municipal

67


4d - tempo

68


O 4d se apresenta em forma para a possibilidade de contemplação. Os prédios da Sulacap/Sulamérica representam um marco na paisagem de Belo Horizonte [para o bem ou mal]: suprimindo a perspectiva antes vista da Av. Afonso Pena em direção ao viaduto Santa Tereza. Com a criação posterior do anexo, a visão foi obstruída de vez. O trabalho propõe, portanto, a criação de escadas para a laje com o objetivo da retomada da paisagem pelos usuários e dessa forma a contemplação da paisagem.

69


4d - tempo

70


A contemplação e os degraus das escadas se relacionam com a quarta dimensão na questão do tempo: com a vida urbana tão agitada, perder tempo tornou-se uma atividade cada vez mais em desuso. Porém, partindo da premissa de que o estímulo de uma perspectiva tão singular pode atrair tanto o olhar desavisado quanto o apressado, a ocupação (para alcançar aquilo que antes pertencia à cidade) se torna especial.

71


a b 72


73

0 3

5

10

PLANTA


74


CORTES AA E BB 013 5

10

75


materialidade - 4d

1-http://www.serralheriacobal.com.br/serralheria-escadas 2-http://revistacasaeconstrucao.uol.com.br/escc/edicoes/49/imprime151450.asp 3-http://www.aconil.com.br/?p=produtos&s=1041&s2=1023 4-http://www.archdaily.com.br/br/01-10294/praca-victor-civita-levisky-arquitetos-e-anna-julia-dietzsch/10294_10322 76


adição de escadas metálicas com duas vigas, guarda-corpos e corrimãos nas lajes e construção de nova escadaria em concreto revestida em madeira tratada 1-estrutura metálica 2-ferro 4-vergalhão 3-madeira

77


5d

multiverso provocação

5d


Provocação: s.f. ato ou efeito de provocar, desafio, tentação // estimular, incitar alguém a fazer alguma coisa.

79


localização 5d

av .

do

viadu

to na

nsen

araúj

o

av. oi ap

oque

IMPLANTAÇÃO esc 1:1000

a

ri viá do

shopping oiapoque

ro

praça da estação praça sete

praça raul soares

80

parque municipal

co

nt

or

no


circulação atual x circulação proposta

-local de redondezas movimentadas, mas em si deserto -estacionamento fechado -palco de futuras mudanças muito fortes

-reforço do espaço público com infraestrutura condensada -permissão para se perder e se encontrar no labirinto -evidência pela altura

o estudo de um labirinto como espaço público

rio arrudas

rio arrudas

edifício comercial motel motel

edifício comercial motel

estac. shopping méxico

shopping oiapoque

motel

estac. shopping méxico

shopping oiapoque

81


5d - multiverso

82


A área 5d chega ao topo. O labirinto é proposto: - labirinto como forma da permissão para perder-se [exercício para uma cidade de traçados lineares] e desafio de encontrar a saída. Entretanto, o principal é o percurso e as escolhas feitas pelos usuários. Existem várias possibilidades de percurso (e isso que o caracteriza como a referência da quinta dimensão: a escolha e possibilidade de trajetos, sendo que ao mesmo tempo vários universos coexistem). O trajeto final pode ser dividido em dois: ora para o fechado final do lote, onde o estímulo é interior; ora para o aberto e altos 25 metros, onde o externo é revelado [tentativa primeira de equiparar a escadaria com o futuro Centro Administrativo de BH, provocando a reflexão sobre poder e população]. A estrutura, apesar de ser uma massa pesada na paisagem, demonstra as entranhas e permite a permeabilidade à deriva.

83


5d - multiverso

84


A quinta intervenção representa de certa forma, a junção de todas as outras: o tratamento de piso e locação das pérgolas (2d); as próprias peças tridimensionais citadas anteriormente (3d) e a observação/contemplação proporcionadas pela altura da escada, que tenta, de certa forma, equiparar à futura altimetria do centro (4d). A área interna se manifesta de forma a permitir o encontro após a procura ou o acaso.

85


5d - multiverso Do labirinto: complexo de caminhos enredados, elaborados de forma a desnortear aqueles que tentam encontrar uma saída. O labirinto é uma estrutura anciã e faz parte até hoje do imaginário popular de muitas culturas do mundo. Significado e símbolo ancestral da introspecção, do atalho, do erro, do acerto, da memória, do escapismo, do desnorteio e da complexidade. Segundo Walter Benjamin, o deambular, a perda de localização na cidade requer prática. E é, ao mesmo tempo, a forma mais acessível de se descobrir novos aspectos urbanos. Dessa forma, o labirinto seria quase como um exercício de deambulação - onde a pessoa adentra com o intuito atual de se perder. Existe também a perspectiva do desafio: jogo urbano, cujo objetivo seria o de encontrar a saída.Tanto a perspectiva filosófica (símbolo) do encontro interior, quanto a do jogo permitem que essa estrutura seja considerada um bem público, um espaço (dentro de vários outros) comum. Dessa forma, a região escolhida para abrigar essa estrutura seria potencializada arriscadamente, com a liberdade de desenho dada pelo fator de maleabilidade da cidade. E para um terreno margeado como o escolhido, o que seria mais coerente do que uma estrutura que é um conjunto de margens, como o labirinto? Porém, ao contrário do labirinto convencional, onde a passagem é ditada somente pelo arquiteto, o projeto visa dar ao usuário uma nova experiência labiríntica: rotas de fuga, atalhos e visadas.

86


5d - multiverso

terreno

escadaria

ocupação

junção

mobilidade da caixa

mobilidade da escada 87


88

11

12

8

9

10

7


10

5

multiverso: o labirinto de escolhas

PAIVA, 2001).

legenda 1-entrada 2-reflexão 3-descanso 4-trabalho 5-almoço 6-encontro 7-arquibancada 8-galeria PLANTA 9-cinema 3 0 0,5 1 10-depósito planta 1:200 11-banheiros e staff .5 00 1 3 12-escada

“Não encontrar o caminho numa cidade não é muito importante, mas perder-se numa cidade, como as outras pessoas se perdem na floresta, exige prática.” (BENJAMIN, 1987 apud

a

1

4

6

3

5

2

b

sentido de apropriação social

89


CORTE BB 0 1 3

90

5

CORTE AA 0 1 3

10

5

10


91

escala 1:250

seção bb 0 1

3

seção aa 1:250

10

25


5d - multiverso

entrada

introspecção

92


trabalho

arquibancada

93


materialidade - 5d

1-http://www.diytrade.com/china/pd/7685941/Stainless_Steel_Rectangle_Square_Tube_Seamless_Pipe. html 2-http://www.textureimages.net/blog/wood-formwork-concrete 3-https://delcueto.wordpress.com/2013/07/08/zona-dividida/ 4-http://www.muf.co.uk/portfolio/barking-town-square-2 5-http://www.archdaily.com.br/br/01-10294/praca-victor-civita-levisky-arquitetos-e-anna-julia-dietzsch/10294_10322 6-http://www.vidracariarodrigues7l.com.br/gal-vidros_laminado.html 94


7-https://tropicalfloweringzone.wordpress.com/2015/06/03/murraya-paniculata-orange-jessamine/ http://www.lindisfarneprints.com/lagerstroemia-indicacrepe-mytrle-pancrace-bessa-antique-botanical-print-c1820-11651-p.asp

construção do espaço público 1-metalon tratado 2-concreto 3-andaimes 4-piso StyleBound (agregados com maior permeabilidade) 5-madeira 6-vidro 7-plantas diversas à sombra//árvores de menor porte ˜ Murta, Resedá.

95


conclusão

O Trabalho de Conclusão de Curso se moldou de acordo com novas informações e ideias que surgiram ao longo do ano, mas sempre com o pensamento na experimentação. O pensamento rígido e já muito utilizado de como criar um espaço público pode ainda funcionar em alguns casos, mas somente o teste elimina a dúvida e transforma o espaço de forma inimaginada. O principal objetivo do trabalho, pessoalmente, foi o exercício tanto de olhar a cidade, quanto da quebra do rigor para pensar áreas “escondidas”, à margem do reconhecido para que exista a transformação do lugar e, como consequência, a instigação das pessoas que por lá passam e utilizam. O caminho do TCC foi minucioso, com muitas propostas, vários trajetos, inúmeras escolhas e saídas, assim como em um labirinto. O trajeto começou com estudos e investigações que levaram às ideias-projetos que foram descritas e que provavelmente, mesmo com a conclusão, continuarão existindo paralelamente.

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