Anais - Interaction South America 09

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exemplo: dirigir um automóvel, operar uma máquina, tirar uma foto ou ainda, mais especificamente para este trabalho, interagir com um sistema computacional. Substituta da vaga expressão “amigável”, muito utilizada pelos fabricantes de software para qualificar seus sistemas computacionais como “fáceis de usar”, a usabilidade se mostra mais abrangente, mensurável e com abordagens voltadas não somente para o produto, mas também para o ambiente, usuários e interação. A abrangência da usabilidade foi especificada pela norma NBR 9241-11 [5] e pode ser verificada pela identificação de seus componentes: os usuários, as tarefas, os equipamentos, o ambiente e os valores reais ou desejados de eficácia, eficiência e satisfação dos usuários por ocasião da interação. Nielsen [6] acrescenta outros seis atributos que denotam a amplitude da usabilidade: a facilidade de aprender, a eficiência de uso, a facilidade de relembrar, poucos erros, a satisfação objetiva e a utilidade. Os componentes e os atributos de usabilidade constituem-se de pontos que devem ser observados por ocasião da concepção dos sistemas computacionais. Além desses, ainda são necessárias especificações de usabilidade mais pontuais, que direcionem e possibilitem o projeto e o desenvolvimento de interfaces mais usáveis. Oliveira Netto [7] ressalta que a aplicabilidade da usabilidade dos sistemas computacionais está voltada para as interfaces e interações, pois sua preocupação é a de projetar interfaces fáceis de usar, que forneçam seqüências simples, consistentes e que mostrem claramente as alternativas disponíveis em cada passo da interação. Interfaces e Interações Moran [8] define a interface de usuário como sendo a porção de um sistema computacional com a qual uma pessoa entra em contato de forma física, perceptiva ou conceitual. Pressupõe-se, ainda, a existência de um componente físico que o usuário manipula, um componente que engloba as percepções do usuário durante a interação e o componente conceitual que é resultante dos processos de interpretação e raciocínio do usuário [9]. A interação, por sua vez, é um processo que compreende as ações do usuário sobre a interface do sistema e suas interpretações a partir das respostas reveladas pela interface [10]. Identificam-se quatro tipos de atividades (interações) que os usuários executam quando utilizam um sistema: a instrução, que é a atividade na qual o usuário instrui o sistema quanto à realização das tarefas; a conversação, onde o usuário digita ou fala as perguntas e o sistema responde; a manipulação e navegação que disponibiliza ao usuário um ambiente virtual para este tipo de atividade; e a exploração e pesquisa que é disponibilização de informações de forma estruturadas a fim de facilitar as buscas [11]. Cabe observar que os tipos de interação não excluem uns

aos outros, pois um usuário pode realizar mais de um tipo de interação ao mesmo tempo. Princípios e Diretrizes de Usabilidade Os atributos de usabilidade como: a facilidade de aprender, a eficiência de uso, a facilidade de relembrar, poucos erros, a satisfação objetiva e a utilidade, propostos por Nielsen [6], têm por objetivo a concepção de produtos mais usáveis, porém, estes se constituem em colocações genéricas e não são específicos quanto à sua aplicação. Nesse sentido, os princípios e as diretrizes de usabilidade procuram atender aos atributos de usabilidade e são mais específicos quanto à sua aplicação na concepção de interfaces. Os princípios de usabilidade são aconselhamentos sobre as características de usabilidade de uma determinada interface de usuário e dependendo do projeto, diferentes princípios podem ser utilizados: princípios gerais, para todas as interfaces de usuários e princípios específicos para um tipo específico de sistema, como por exemplo, os destinados às crianças e às pessoas com deficiências físicas [6]. Por serem mais abstratos, os princípios de usabilidade exigem uma interpretação antes de sua aplicação. Por exemplo, o princípio: “Limite o número de estilos fontes e cores no seu site e aplique-os consistentemente” [11], apesar de relevante, é bastante genérico, devendo ser interpretado antes de ser aplicado ao contexto do sistema. As diretrizes, por serem versões mais específicas do que os princípios de usabilidade, não exigem interpretação para sua aplicação, proporcionam uma orientação mais detalhada e são normalmente acompanhadas de notas explicativas, exemplos e comentários [12]. Vários autores propuseram princípios e diretrizes de usabilidade, como exemplo, Bastien e Scapin [13] sugerem a seguinte diretriz: “O sistema deve indicar o tamanho do campo quando ele é limitado”. Os princípios propostos por Bastien e Scapin [13] compõem-se de oito critérios principais subdivididos em sub-critérios e critérios elementares. Mais voltados para as aplicações Web, Nielsen e Loranger [14] propuseram um conjunto de diretrizes de usabilidade baseadas em evidências empíricas, provenientes de testes de 716 Websites com 2.163 usuários espalhados pelo mundo e de uma fonte foi mais específica que contou com 69 usuários que testaram 25 Websites de vários gêneros (indústria, serviços, entretenimento, medicina e culturais). As diretrizes propostas por Nielsen e Loranger [14] abrangem os sites e as aplicações Web e estão relacionadas à navegação, arquitetura da informação, textos, apresentação dos elementos das páginas e página principal. ENGENHARIA DE USABILIDADE Por ocasião da concepção de uma página Web, o projetista deve atentar para os princípios e as diretrizes de usabilidade, porém, a construção de aplicações Web

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