Anais - Interaction South America 09

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Há, também, interesse em interagir com outras redes sociais e utilizar outras tecnologias como o OpenID, um identificador universal (na Internet) com o qual o usuário pode entrar nos mais diferentes ambientes virtuais sem precisar utilizar senhas, nem logins diferentes. O objetivo é descentralizar, segundo os mentores do STOA [15]: “[...] Nosso objetivo não é servir como uma plataforma de rede social centralizada”. Interessados em contribuir para o desenvolvimento desta plataforma podem ser aliar ao time de desenvolvedores, pois o desenvolvimento do STOA segue o paradigma de desenvolvimento global de software. A ENGENHARIA SEMIÓTICA

A Engenharia Semiótica é uma teoria de Interação Humano-Computador (IHC) dedicada a estudos do processo de significação e comunicação na IHC, sob aspectos da semiótica peirceana, considerando que a interface de software é uma ferramenta auxiliar para a mediação entre sujeitos quaisquer [6]. Vale salientar que a semiótica estuda os signos e suas influências nos processos de significação e comunicação, sendo este um processo intelectual [4,7]. A perspectiva semiótica interessa à IHC porque ela (semiótica) delineia o fato de que um produto computacional pode introduzir novos signos ou sistemas de signos no “universo” dos usuários, modificando os seus “mundos”, logo, servindo como arcabouço teórico complementar para a aprendizagem. Todavia, a comunicação entre os sujeitos mediados pela tecnologia não é um novo tipo de comunicação, porém possui características próprias da tecnologia empregada. No caso das TIC, a potencialidade comunicativa, por conseguinte interacionista, é restringida pelos aspectos formais da computação, uma vez que os artefatos computacionais são limitados. Tal limite é imposto, por exemplo, pela teoria da computação baseada em estados finitos e bem definidos, o que nem sempre é verdade nos processos de significação, comunicação e interações humanas. Esse processo de comunicação é iniciado no momento de concepção do software, pois há neste artefato uma codificação sígnica “imposta” pelos desenvolvedores. Aqueles que consigam compreender esse sistema lingüístico codificado conseguirão obter uma interpretação bem próxima à ideia original, logo, poderão usufruir melhor do ambiente. Eis um aspecto que, ao invés de simplificar o produto intelectual ora criado, complexaliza o processo interacionista. Isto porque em produtos de software, especialmente os AVA, os processos cognitivos e semióticos são indissociáveis, portanto, complexos. A Engenharia Semiótica estuda e aplica as teorias semióticas (especialmente a semiótica peirceana), sob aspectos de significação e comunicação aos diversos signos e novos sistemas de signos que compõem o design de

interfaces de softwares, de forma a contribuir adicionando novas visões (ou mudando a perspectiva) e possibilidades em IHC, inclusive observando e analisando como esses signos interferem no mundo mental e comportamental dos usuários de sistemas computacionais. Isto ao considerar novos signos ou sistemas de signos interacionistas, gerando novas significações na mente do usuário. No entanto, significado é algo fugaz, pode mudar rapidamente. Sendo assim, um mesmo usuário em momentos distintos pode perceber significados diferentes para o mesmo “representamen”. E esse processo de significação (humana) pode ser infinito, é a chamada semiose ilimitada A semiose ilimitada é um processo complexo e que não pode ser modelada através de algoritmos ou grafos, uma vez que ela não tem condições de definir precisamente condições de parada. Conseqüentemente, dentro do escopo de uma teoria semiótica não pode haver um modelo computacional de interpretação e significação humana. Entretanto, o design de produtos de software é composto por metassignos, considerando que eles representam o que os designers tem em mente quando finalizam o processo de design. Portanto eles podem fazer “semiose limitada”, induzindo ao usuário o processo natural de semiose ilimitada, impondo aspectos subjetivos. Diferente do que defende Umberto Eco para a narrativa textual, onde ele diz que "um narrador não tem que fornecer interpretação da sua obra, ou não valeria a pena escrever romances, uma vez que eles são, por excelência, máquinas de gerar interpretação" [7], na IHC os desenvolvedores devem fornecer caminhos para uma conjunção interpretativa entre atores mediados, para que a linha de interpretação seja única, ou próxima disso. Fazendo um paralelo entre a semiose limitada e ilimitada e aquilo que Eco chamou de tradição "hermetista”, onde ele afirma que todo texto (leia-se “objeto de interpretação”) possui uma intenção própria, ou seja, haveria um sentido singular que proibiria algumas interpretações sem, todavia, indicar uma em particular [8]. Isso faz pensar que em IHC o designer, durante o processo de concepção de interfaces, pode provocar a existência de um “subuniverso” interpretativo sobre o qual o usuário pode inferir sobre os objetos de interação, mas dentro de um conjunto de possíveis interpretações. Para alguns objetos isso pode ser possível, talvez não para todos. Essa reflexão retrata a semiose limitada, mas precisa ser profundamente investigada. Considerando a teoria da engenharia semiótica, a concepção de interfaces não encerra descrições objetivas de significado, o conjunto linguístico usado no processo de design é por si só subjetivo. E o conjunto linguistico utilizado na interação com esses softwares também são subjetivos, porém circunscritos num conjunto sígnico prédeterminado.

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