CitiesBrief #09 (PT)

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Maio 2013

CRIATIVA SUSTENTÁVEL INCLUSIVA

Estratégias de Especialização Inteligente

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Nº 09. MAI. 2013

EDITORIAL EM FOCO Dar a palavra à Europa das Regiões Indústrias Criativas são estratégicas ENTREVISTA - Telmo Faria

Estudantes de Aveiro promovem inovação nas políticas públicas - REPORTAGEM FÓRUM MUNDIAL PORTO 21 - REPORTAGEM

CASO DE ESTUDO Diferentes caminhos para a especialização inteligente

NOTÍCIAS INTELI BREVES EVENTOS SUGESTÕES


Por uma especialização inteligente Em Maio foi lançado o “Diagnóstico do Sistema de Investigação e Inovação” pela FCT, como base para a elaboração da Estratégia Nacional de Investigação e Inovação para uma Especialização Inteligente. Em simultâneo, as regiões preparam as Estratégias Regionais para 2020. O que distingue a abordagem da especialização inteligente das anteriores estratégias regionais de inovação? Três questões merecem destaque: A primeira prende-se com uma visão mais abrangente do conceito de inovação. Do primado da inovação tecnológica, onde existia uma aposta clara em sectores de alta tecnologia, as indústrias culturais e criativas e as empresas da economia social passam a ter um papel de relevo. A título de exemplo, na região de Lisboa, os meios criativos e as indústrias culturais são uma das áreas estratégicas da dimensão ‘crescimento inteligente’. Na região do Norte destacam-se a cultura, criação e moda como um dos domínios prioritários. A segunda deriva de uma conjugação positiva entre a definição de prioridades de política pública e a dinâmica de empreendedorismo. O investimento em investigação, inovação e empreendedorismo estão no cerne da estratégia Europa 2020. Assim, as estruturas de governação deverão integrar empreendedores na definição dos domínios regionais prioritários e na implementação da estratégia para uma especialização inteligente. Na região de Lisboa, o emprego e o empreendedorismo destacam-se como área estratégica, na sequência das iniciativas que têm vindo a ser desenvolvidas no município como o lançamento da rede de incubadoras e a organização da Semana do Empreendedorismo. Por último, apela-se ao reforço da abordagem de governação em rede, com o envolvimento de todos os stakeholders na definição de prioridades baseada nos activos distintivos dos territórios. Durante o primeiro semestre deste ano, as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional têm vindo a organizar ateliers temáticos com os actores representativos do tecido económico e social, com vista a auscultar opiniões e a debater as linhas estratégicas de desenvolvimento regional. A referência tímida à experimentação aparece em alguns documentos estratégicos sobre o tema, elemento essencial no processo de cooperação e inovação. A elaboração de estratégias de especialização inteligente como condição prévia para o acesso a fundos do próximo período de programação 2014-2020 coloca uma pressão acrescida sobre as regiões. Será que se conseguirá assegurar uma articulação efectiva entre os níveis regional, nacional e europeu da governação?

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Dar a palavra à Europa das Regiões

Nos últimos anos o conceito de smart specialisation, “especialização inteligente”, tem-se difundido de uma forma surpreendente nas regiões europeias. A recente crise económica, conjugada com problemas estruturais como os desafios demográficos, as alterações climáticas e a crescente competitividade entre as regiões e países à escala global, obrigou a Europa a olhar com redobrado interesse para as políticas de investigação, inovação e empreendedorismo. Para implementar a estratégia Europa 2020 (crescimento inteligente, sustentável e inclusivo) as estratégias de smart specialisation foram introduzidas como um meio para aumentar a eficiência dos investimentos na investigação e inovação, através de políticas integradoras. O primeiro passo para chamar a atenção das instituições nacionais e regionais foi colocar como requisito determinante para o acesso aos fundos europeus (2014-2020) o desenvolvimento de estratégias

de investigação e inovação segundo um conceito de especialização inteligente (RIS3). E este é, sem dúvida, um factor essencial para dar operacionalidade a um conceito demasiado importante para ficar no arquivo das boas intenções. O que é smart specialisation

O que é uma estratégia de especialização inteligente e em que é que difere das estratégias de inovação já existentes no terreno, como por exemplo os clusters? RIS3 é uma abordagem estratégica do desenvolvimento económico, tendo como instrumentos de apoio a investigação e a inovação. Implica sobretudo a definição de uma visão; a identificação das áreas com maior potencial ou que tenham um efeito acelerador do desenvolvimento; a criação de mecanismo de governança multissectoriais; a definição das prioridades estratégicas e consequentemente a utilização de políticas inteligentes e eficazes para

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Foray constatou que:

potenciar o conhecimento e os activos de uma região, independentemente do seu grau de desenvolvimento à partida.

Foray propôs romper com este caminho e definir estratégias regionais que respeitem e potenciem as características de cada região, criem novas áreas de negócios e referenciem os fluxos da oferta/procura, contribuindo para a criação de mais valor.

A importação de estratégias e soluções de sucesso quando aplicadas de forma acrítica, revelavam-se um desperdício de energias humanas e financeiras.

Numa primeira leitura todos os objectivos enunciados seriam supostamente idênticos aos que foram desenvolvidos nas estratégias de clusters. Este facto suscitou uma atitude a priori de apreensão e descrença entre os parceiros regionais. Afinal, para muitas regiões a utilização e gestão eficiente dos fundos estruturais é um factor decisivo para ultrapassar os problemas de grave crise económica e reforçar a competitividade e a capacidade para gerar riqueza, com consequências directas e indirectas no bem estar dos cidadãos. Então porquê esta determinação em fazer depender o acesso aos fundos da elaboração de planos estratégicos inteligentes? E porquê agora? As respostas podem ser encontradas na génese do conceito e na sua evolução nos últimos anos. Origens do conceito

A expressão smart specialisation aparece em inúmeros documentos de fontes diversificadas, mas em todas há referência ao estudo realizado pelo grupo de trabalho de Dominic Foray divulgado no documento “Conhecimento para o Crescimento”. Este grupo de trabalho fez o diagnóstico do gap entre os Estados Unidos e a Europa para entender porque é que a Europa estava a perder terreno face aos EUA em matéria de competitividade, com particular focus na investigação e desenvolvimento (I&D) e na intensidade de disseminação das novas tecnologias.

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• O investimento em ciência e inovação na Europa estava completamente fragmentado, prevalecendo uma deficiente coordenação dos trabalhos de investigação e inovação entre os stakeholders e a consequente redução de massa critica. • A existência em larga escala do sintoma “me too”. Ou seja, as regiões estavam todas a apostar em áreas de I&D similares. Áreas como as tecnologias de informação e comunicação e as nano e biotecnologias estavam na moda.

A importação de estratégias e soluções de sucesso quando aplicadas de forma acrítica, sem atender às características e condicionantes das regiões onde se inserem revelavam-se um desperdício de energias humanas e financeiras. O sistema copy/paste não cola com a diversidade e complexidade das realidades.

A smart specialisation é a evolução lógica da estratégia de clusters que nos últimos anos criou uma estrutura capilar de investigação e inovação em muitas regiões europeias.

Por exemplo em algumas regiões faz mais sentido uma aposta na ciência e investigação pura e dura, na procura de novas tecnologias. Noutras fará mais sentido o desenvolvimento de programas de I&D aplicados em determinadas áreas-chave das regiões. Os graus de desenvolvimento e as condicionantes dos territórios não aceitam soluções formatadas.


Na análise de vários casos, ficou ainda claro que o grau de sucesso de uma estratégia depende, em muito, do empenhamento e envolvimento dos agentes locais (instituições públicas, empresas, cidadãos). Os mecanismos de participação constituem um instrumento determinante. As regiões e os seus representantes devem ter uma palavra a dizer na definição do rumo e na identificação de nichos de mercado com maior valor. Dos clusters à smart specialisation

A smart specialisation é a evolução lógica da estratégia de clusters que nos últimos anos criou uma estrutura capilar de investigação e inovação em muitas regiões europeias. É um conceito frutífero e multiplicador em relação ao que já existe no terreno, uma vez que trabalha de forma cumulativa sobre as estratégias regionais de inovação. Todavia, os desafios que a Europa atravessa exigem uma avaliação rigorosa dos resultados alcançados e a introdução de alterações. Os clusters têm na sua génese um processo de interacção entre parceiros focados na investigação e inovação de produtos de maior valor acrescentado. No entanto, foi ficando cada vez mais evidente o carácter segmentado desta especialização, em torno de um produto ou da criação de conhecimento. A proliferação de clusters, com indiscutível qualidade intrínseca e vantagens competitivas, sobretudo

numa perspectiva de internacionalização, não criou apesar disso os resultados esperados. A somar aos desafios e constrangimentos identificados por Foray e a sua equipa, confirmados pelos actores de implementação, foi constatado que em muitas regiões o processo de aplicação e concepção das estratégias regionais de inovação estavam a ser lideradas por consultores externos e não pelos stakeholders regionais, o que causou problemas e entropias na apropriação e envolvimento dos agentes regionais. Além disso, verificou-se que havia um foco muito forte e quase exclusivo nas tecnologias, deixando de lado outras áreas importantes. E, mais do que isso, não havia qualquer esforço para identificar outras áreas de inovação potenciais, como o estímulo à procura, acesso aos mercados, projectos de inovação social e fóruns de maior integração das políticas. Acresce ainda o facto de nas anteriores estratégias existir uma ausência de estruturas de governação incorporando empreendedores, ou uma visão empreendedora do desenvolvimento centrada na definição das prioridades e na implementação. Era necessário encarar estas debilidades e desenvolver uma estratégia que permitisse “agarrar” os valores de cada cluster dando-lhes escala e promovendo a sua ligação às comunidades, aos territórios e às regiões. Em última instância uma estratégia integrada de coesão de um país no contexto europeu ou da Europa no contexto global.

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Prioridades: fortalecer a Europa; criar um espaço de coesão económica, social e política, minimizando egoísmos; ganhar a batalha do crescimento no Espaço Europeu. As RIS3 propõem um novo paradigma de inovação mais abrangente, que incorpora não só a vertente tecnológica, mas também o design, as indústrias criativas e a inovação social. Uma das diferenças essenciais entre as RIS3 e as antigas estratégias regionais de inovação é uma maior interacção entre a definição de prioridades de política e respectiva afectação de recursos, e o empreendedorismo (“entrepreneurial process of discovery”, assim designado nos documentos da CE). Ou seja, a integração efectiva dos empreendedores no processo de definição de políticas e de implementação das estratégias. Em todos os patamares das RIS3 é valorizada uma perspectiva bottom-up; embora seja uma abordagem multi-level há um reforço da liderança regional. Reduzir as assimetrias entre as regiões europeias

As políticas de coesão da Comissão Europeia têm como objectivo reduzir as assimetrias entre as regiões da Europa e garantir o crescimento coeso e sustentável em todo o espaço europeu. É esse o principal objectivo a atingir pelos fundos e nesse contexto foi introduzida como pré-condição de acesso o desenvolvimento de estratégias de smart specialisation. No presente período de aplicação do quadro comunitário a utilização dos fundos de coesão em I&D em toda a Europa foi de apenas 25 por cento. No actual período de discussão e aprovação do próximo quadro de financiamento para o período de 2014-2020 foram definidos objectivos ambiciosos:

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atingir uma execução de 80% em I&D nas regiões em desenvolvimento ou em fase de transição e 50% nas regiões desenvolvidas. As áreas charneira identificadas são a eficiência energética, renováveis, a competitividade de pequenas e médias empresas, as indústrias criativas e a inovação social. A RIS3 não pretende ser comparável, ou substituir-se aos programas operacionais e à sua implementação, mas é um quadro estratégico que deverá “orientar os investimentos europeus a nível nacional, regional e até os investimentos privados nas regiões dos Estados Membros”. O conceito de smart specialisation está alinhado com as orientações da Comissão para o crescimento sustentável, no quadro da Europa 2020. As respostas implicam um focus na identificação de áreas estruturais de competitividade; a procura de soluções para os principais desafios das sociedades; suscitar um movimento de maior procura e criação de emprego; o estímulo às parcerias estratégicas; dar maior enfâse à coordenação entre os diferentes stakeholders e um alinhamento de recursos e estratégias entre os actores públicos e privados nos vários níveis de governação. O novo rumo que está a ser desenhado partiu da necessidade da Europa ganhar massa crítica e capacidade de crescimento em relação aos EUA. O mundo mudou. Embora este objectivo esteja presente, há neste momento outras prioridades: fortalecer a Europa; criar um espaço de coesão económica, social e política, minimizando egoísmos; ganhar a batalha do crescimento no Espaço Europeu. É neste contexto que a Europa das Regiões, mais próxima das pessoas, adquire um protagonismo maior.


Síntese dos 6 passos do Guia RIS3* A RIS3 é uma estratégia que valoriza a diversidade de cada região. Seis passos:

1. Análise e diagnóstico da situação actual 2. Criação de uma estrutura de governação representativa e inclusiva

3. Definição de uma visão 4. Definição de objectivos e prioridades 5. Elaboração de uma estratégia à medida tailor-made para cada região

6. Criação de um sistema integrado de monitorização e avaliação do sistema

Referências:

É evidente que as regiões não vão começar do zero. Todas têm boas e más experiências a partir das quais podem construir um modelo estratégico de especialização inteligente.

“Research and Innovation Strategies for Smart Specialisation”, European Commission “RIS3 National Assessment: Greece”, Report to The European Commission, Directorate General for Regional Policy “Guide to Research and Innovation Strategies for Smart Specialisations”, European Commission, May 2012

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Indústrias Criativas são estratégicas ENTREVISTA

Telmo Faria é reconhecido como um autarca modelo pelos seus pares, sobretudo quando se avalia a estratégia de desenvolvimento cultural e turístico do concelho de Óbidos. O presidente tirou a vila histórica da imagem estática dos postais e ao longo dos últimos anos imprimiu uma dinâmica que levou Óbidos além-fronteiras. A criatividade compensa. Telmo Faria é o representante dos autarcas na definição da estratégia para a Região Centro. Os desafios da Europa 2020 obrigam a repensar a próxima década.

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O próximo quadro comunitário será mais exigente no que respeita à integração dos clusters numa estratégia de Smart Specialisation (RIS3). Como se reflecte no terreno uma estratégia de investigação e inovação regional para uma especialização inteligente?

ticas internacionais, analise à realidade regional, definição de tendências e depois verter todos estes contributos para a estratégia regional.

Com uma estratégia integrada, articulando de forma direta as linhas de financiamento às temáticas estratégicas. Mas devemos aplicar isso de forma transversal, dando principal atenção à capacitação dos recursos humanos. Não é possível continuarmos a definir estratégias que depois não tenham correspondência no seu pilar mais básico. Neste momento, os recursos endógenos estão devidamente sinalizados, as tendências internacionais estão levantadas, as dinâmicas regionais também, falta um plano de ação assente em medidas e cronogramas precisos que permitam credibilizar logo de início, vencendo as habituais resistências a mais documentos estratégicos.

Temos de ser muito mais ousados.

As autarquias devem assumir o papel duplo de frontoffice e backoffice do investimento. As RIS3 apelam a uma conjugação entre o estabelecimento de prioridades ao nível da política pública e o empreendedorismo. Como aliar estas duas dimensões? Qual a importância da articulação das autarquias com os empreendedores locais? O papel das autarquias deve ser de mediação e exemplo. Mediação na resolução de barreiras burocráticas e entraves ao investimento e exemplo, na capacidade de iniciativa, de articulação de políticas, potenciando efeitos de spillover entre sectores económicos. As autarquias devem assumir o papel duplo de frontoffice e backoffice do investimento. Face ao seu papel como representante dos autarcas na definição da estratégia da Região Centro, que iniciativas estão em curso na Região no âmbito da construção da RIS3? O plano de trabalho tem estado assente em reuniões e eventos trans-sectoriais, em que todos os actores no terreno se pronunciam sobre as linhas a seguir na definição estratégica, auscultação de boas prá-

De que forma Óbidos se encontra a articular a sua estratégia de economia criativa no nível regional? Como entende o papel dinâmico de Óbidos numa escala maior, de integração regional? É possível ser “smart” só à escala de um concelho? Tudo começa localmente. Os processos regionais assentam precisamente nesse trabalho local. Óbidos sempre esteve e está disposta a participar em processos de cooperação regional ou temáticos. Prova disso é a nossa participação em redes europeias e nacionais de base temática, mas também a nível regional estamos a trabalhar com diferentes entidades de apoio ao empreendedorismo. Uma das áreas críticas da estratégia de especialização do Centro assenta na articulação entre os parques tecnológicos e as incubadoras da região. Tendo Óbidos um Parque Tecnológico e uma Incubadora para indústrias criativas, qual a V. posição em relação a este tema? Absolutamente estratégica. O Parque Tecnológico de Óbidos tem participado nos grupos de trabalho regionais das incubadoras e dos parques de ciência e tecnologia, apresentando soluções, algumas delas disruptivas face aos modelos tradicionais! Acreditamos muito no papel destas estruturas, porque tem sido essa a nossa experiência com o nosso Parque, que em 4 anos já fez mais de 70 contratos nos diferentes regimes que disponibilizamos às empresas. Para ter uma ideia, estamos neste momento a construir os edifícios centrais do Parque, uma obra de 4,5 milhões de euros, que vai gerar mais de 50 áreas de trabalho para empresas e temos mais de metade do espaço já comercializado. Precisamos, no entanto, enquanto país de sermos muito mais proactivos na rentabilização destas infraestruturas e seguir outras práticas internacionais, que, por exemplo, permitem às empresas que se instalam nestes parques conquistarem benefícios fiscais. Temos de ser muito mais ousados.

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Estudantes de Aveiro

promovem inovação

nas políticas públicas REPORTAGEM

O núcleo de estudantes de Administração Pública da Associação Académica da Universidade de Aveiro realizou no início de Abril as segundas Jornadas de Administração Pública.

vernação, sustentabilidade, cultura, conectividade, inovação e inclusão social.

Três dias no Campus de Santiago marcados pelo debate e a aquisição de novos conhecimentos através do contacto com especialistas de áreas tão diversas como a Ciência Política, Políticas Públicas, Ordenamento do Território e Urbanismo, entre outras. O Prof. José Carlos Mota, docente da UA foi mais uma vez uma voz activa na realização deste desafio juntamente com os alunos.

“A tecnologia é um meio e não um fim em si mesmo. Um instrumento que permite melhorar os serviços públicos, contribui para a eficiência de recursos essenciais como a energia e a gestão da água e de resíduos”, sublinhou Catarina Selada, concluindo que desta forma “as cidades inteligentes são aquelas que garantem melhor qualidade de vida aos cidadãos e criam oportunidades de negócio em novas áreas, com impacte directo no aumento dos postos de trabalho”.

Na conferência do dia 9 o eclético painel de oradores (Catarina Selada - INTELI; Pedro Góis – Universidade de Coimbra; José Abrantes Afonso – Conselho Hospitalar do Baixo Vouga; José Manuel Martins – Professor auxiliar da Universidade de Aveiro) colocou em perspectiva “temas muito pertinentes para encontrar pistas rumo a um futuro sustentável assente numa mudança de paradigma”, como sublinhou José Carlos Mota.

Há projectos em todo o mundo. Todos diferentes em função das realidades locais. Temos por exemplo a cidade de Masdar, em Abu Dhabi, feita de raiz, com soluções de teste das tecnologias mais avançadas. Muito investimento. Poucas pessoas. No outro extremo estão as soluções inovadoras e inteligentes executadas nas favelas do Brasil. Soluções de baixo custo, partilhadas com a comunidade e com elevado impacte na vida dos cidadãos.

Smart Cities: novas oportunidades A apresentação do Índice de Cidades Inteligentes por Catarina Selada encaixa e promove essa nova linha estratégica que centra nas cidades o desenvolvimento de um conjunto de políticas destinadas a resolver problemas emergentes da sociedade. “O conceito de cidade inteligente é muito mais de que a utilização da tecnologia” afirmou a responsável da INTELI sublinhando as dimensões da go-

“Diversidade e heterogeneidade. Não há soluções únicas nas cidades. A melhor solução é aquela que melhor responde aos problemas de uma determinada comunidade e que é aceite e partilhada pelas pessoas”, sublinhou Catarina Selada. O Índice de Cidades Inteligentes elaborado pela INTELI em parceria com as autarquias da rede RENER – Living Lab para a Inovação Urbana é também um instrumento de planeamento e avaliação das políticas públicas segundo um paradigma de desenvolvimento sustentável. “Uma ferramenta para o crescimento económico”.

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Emigrantes e imigrantes: Tabus e preconceitos O Professor Pedro Góis, da Universidade de Coimbra, desafiou os estudantes à reflexão sobre um dos fenómenos mais perturbantes, com consequências directas e indirectas nas políticas públicas: os fluxos migratórios. Emigração é um tema actual, mas não é novo. “Ao longo da história expulsámos os melhores, que quando regressam ajudam a mudar Portugal”. O que é que diferencia a nova vaga de emigrantes portugueses? Pedro Góis sublinha alguns aspectos. Desde logo o elevado número. “Cerca de 100 mil, um por cento da população nacional saiu. E estes não são números fiáveis. Muitas vezes só temos referência através dos países para onde se deslocam”. Encontramos portugueses nos destinos tradicionais (França, Inglaterra Venezuela, por exemplo) mas também em novos territórios como Moçambique, Brasil, Abu Dhabi, Afeganistão, Zimbabwe. O que os faz sair do País? “O desemprego, mas também melhores oportunidades de carreira. Saem pessoas de todas as idades, mas sobretudo jovens com uma qualificação como nunca houve no passado”.

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No entanto, “emigrar não significa partir aos 20 para regressar aos 65. A vida hoje desenrola-se em vários territórios. São territórios/oportunidades”. Para o Professor Pedro Góis, especialista na análise dos fluxos migratórios, o mais importante é “estancar esta vaga e sobretudo não fechar portas que os impeçam de voltar. Precisamos de todas as gerações. Até porque com a saída dos mais novos sai a fábrica que garante a nosso equilíbrio demográfico”. Ficou ainda o desafio de olhar para a outra face da moeda, os impactes da imigração. “Questão quente, tão quente que está na fronteira entre a xenofobia e uma estratégia integradora.” Pedro Góis desmistifica. “Todos os estudos feitos mostram que a imigração é benéfica para todos os sistemas da sociedade, quer contributivos quer sociais. Só cá estão se estiverem a trabalhar. A diminuição de 1 por cento dos imigrantes faz cair 2 por cento no desenvolvimento. Alguns destes imigrantes são altamente qualificados e deixam know how. Muitos estão a regressar ao seu pais de origem e o desemprego continua a aumentar. “Não é por eles, é para além deles”. Além disso, “falar contra imigrantes quando se é um país de emigrantes significa dar vários tiros no pé.”


Demografia e crescimento económico inteligente Parte do crescimento demográfico está a ser garantido pelas populações de imigrantes. E estes tendem a regressar aos países de origem. Por outro lado, sublinha Pedro Góis “os jovens portugueses estão a sair em grande número levando com eles a fábrica de natalidade. A sustentabilidade do País passa pelo crescimento demográfico”. A título de exemplo recorda que a manter-se a tendência “em 2020 as universidades já não têm pessoas que cheguem para a oferta instalada. Será catastrófico. Esta emigração de massa tem de ser estancada. Se a economia não começar a crescer temos um problema sério em 2020. Tão sério que não queremos pensar nisso! Se temos 100 mil por ano a sair, quem paga as nossas dívidas?”

A análise dos fenómenos demográficos e dos fluxos migratórios foi deixada para debate e reflexão dos estudantes como um instrumento, uma lente da realidade, que ajuda a definir as estratégias e as políticas públicas em Portugal. O caminho do crescimento, esse, foi traçado em áreas como a saúde, a agricultura, o turismo, com os contornos de uma economia inteligente, sustentável, inclusiva. Olhar para os diversos territórios segundo o novo paradigma das Smart Cities, implica um trabalho de aproximação à realidade e às pessoas, uma vontade efectiva de promover a participação da comunidade nas soluções e a preocupação em encontrar modelos de desenvolvimento que assegurem um pilar essencial das sociedades com futuro, a coesão social. Não admira que as políticas públicas de sectores tão diversos como a agricultura ou a saúde acabassem numa reflexão estratégica sobre como ser inteligente (smart) hoje.

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Criatividade o quarto pilar do desenvolvimento nas smart cities

FÓRUM MUNDIAL PORTO 21

A declaração do Porto resultante da reunião de dois dias do Fórum Mundial Porto 21, subordinado ao tema “Cidades e Desenvolvimento Sustentável”, concluiu que a Cultura é o quarto pilar do desenvolvimento harmonioso, sustentável e inclusivo das cidades.

O consenso entre palestrantes e participantes do Fórum ficou expresso no documento de conclusões. Braga da Cruz lançou um apelo às instituições europeias para consagrarem o reconhecimento da Cultura como um eixo estrutural das políticas de desenvolvimento.

Durante dois dias a Fundação de Serralves, uma casa de cultura, foi o espaço anfitrião de um amplo conjunto de oradores. Empresários, universitários, centros de intelligence, investigadores, representantes políticos, urbanistas, engenheiros, jornalistas, provenientes da Europa, África e América Latina, apresentaram estratégias e soluções com o objectivo de dar resposta aos complexos desafios das sociedades. Não se tratou apenas de colocar os problemas em cima da mesa, mas de encontrar com urgência as respostas sustentáveis, sobretudo numa altura de grave crise económico-social à escala global.

Nesse contexto, sublinhou a urgência de garantir dotações financeiras através dos fundos comunitários, de forma a poder incorporar este conceito em projectos e programas europeus, bem como reforçar a promoção das políticas públicas sustentáveis.

Luís Braga da Cruz, presidente da Fundação de Serralves, deu ênfase à importância da cultura e criatividade como um pilar essencial para a construção da sociedade. “É o elemento diferenciador, aquele que faz distintas as cidades e outorga uma identidade própria aos cidadãos”, disse. Um factor de riqueza na diversidade.

António Garrides Walker, Presidente do Grupo Garrides, homem sabedor, foi mais fundo na análise. Nesta época de mudança “a crise é mais do que um exercício financeiro, é uma crise de valores, onde a cultura tem um papel decisivo nas nossas vidas. Afecta todos os valores inclusive o da felicidade”. Nas análises da actual situação europeia e mundial tem faltado, um indicador essencial, “o índice de felicidade per capita”. António Garrides recusa-se a baixar os braços. A resignação ou a inevitabilidade são palavras que não fazem parte do seu vocabulário. Prefere o desafio: “O que estamos a aprender?”

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Garrides coloca a cultura num lugar de charneira para reerguer sociedades que dão sinais de enfraquecimento dos seus pilares fundamentais. “Uma sociedade onde a classe média desaparece ou fica muito debilitada não tem futuro. A verdadeira riqueza de uma sociedade democrática está na sociedade civil”, sublinhou. Os aplausos da plateia deram mais força aos seus argumentos. As cidades enquanto território de interacção económica, social, política e cultural, onde residem actualmente mais de cinquenta por cento da população mundial são, neste contexto, unidades de estudo e análise incontornáveis.

Na mesma linha de pensamento, Rui Moreira parte da cultura para a transformação das cidades em territórios de oportunidade. “A cultura é oxigénio e pensamento. O oxigénio que transforma a cidade num ser vivo com identidade própria”. Um conceito de identidade genuíno, partilhado, que “constitui o melhor antídoto para o preconceito e discriminação”, sublinha. “O pensamento ajuda as sociedades a transcenderem-se na resposta aos desafios, seja na definição de políticas de requalificação urbana, na criação de emprego, na definição de áreas estratégicas e até na re-industrialização”. Este será o momento crucial para a “mudança da manufactura para a mentofactura”. Começar de novo com a cultura Numa primeira análise “está demonstrado que as crises não se resolvem com factores técnicos e financeiros. A solução está nas pessoas, no conhecimento e na criatividade. Ir à procura do porquê das coisas e encontrar soluções com mais qualidade de pensamento, mais inteligentes”.

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A resposta à pergunta “Que Cidades queremos?” encaminhou os trabalhos para uma reflexão multidisciplinar, traduzida na diversidade de painéis de debate com temas como a eficiência energética, mobilidade sustentável, tecnologias avançadas ao serviço da utilização eficiente dos recursos, conectividade como a saúde, educação e turismo, entre outras. Portugal na rota da Inovação Na sessão de abertura do Fórum, o Presidente do Foro Soria 21 (entidade organizadora) Amálio de Marichalar afirmou que “a crise económica vem gerar um problema imediato que não nos deve impedir de continuar a trabalhar no que é importante, embora de mais longo prazo – o desenvolvimento sustentável e inteligente das cidades”. Para o responsável do Fórum este é o tempo indicado para “promover novas áreas de trabalho e criação de emprego, incorporando inovação, talento, cultura e sustentabilidade num novo paradigma de desenvolvimento. E Portugal tem todos os elementos para isso”. Amálio Marichalar sublinhou a importância estratégica de Portugal para promover o desenvolvimento na economia verde à escala global. “É um país muito respeitado em toda a Europa devido à aposta inovadora nas energias renováveis e limpas. Tem talento, know how e um conjunto de empresas de pequena, média e grande dimensão” a desenvolver produtos de referência para o mercado internacional. Nesse contexto, “Portugal é um ponto estratégico relativa-


mente a países como o Brasil, os países emergentes africanos e o Oriente, nomeadamente o Japão”. A INTELI e a rede Smart Cities Portugal A INTELI tem focado nos últimos anos a produção de conhecimento num triângulo virtuoso que une a sustentabilidade, a cultura e a criação integrada de produtos inovadores. O desenvolvimento inteligente dos territórios e a resposta às necessidades dos cidadãos inspirou a concepção e implementação do MOBI.E, um dos mais respeitados e inovadores projectos de mobilidade sustentável com recurso à utilização de veículos eléctricos. A apresentação deste projecto por André Dias (MIC – Mobility Intelligent Centre /INTELI) no Fórum Mundial Porto 21 suscitou o interesse dos participantes, sobretudo porque, até ao momento, Portugal é o único país com uma rede de carregamento universal (pode ser utilizada por qualquer marca, com qualquer operador de energia), focada no utilizador e com possibilidade de crescer nas aplicações e serviços prestados. Aliás, o reconhecimento desta vantagem competitiva está bem presente nas empresas que estão a desenvolver uma estratégia de internacionalização na área da mobilidade. Guilherme Magalhães, director do desenvolvimento de negócios da Brisa, referenciou um estudo de 2012 “The future of sustainable transport in Europe” para introduzir factores que marcam a diferença entre o norte e sul da Europa. É no Sul da Europa que arrancou com maior convicção um novo conceito de mobilidade que terá consequências positivas na vida das cidades. Nesta nova via para o desenvolvimento sustentável Portugal e, em particular, a INTELI e o CEIIA (Centro de Inovação) desenvolveram soluções de vanguarda que abrem as portas a novos comportamentos no que respeita à mobilidade. O carro é encarado como um interface de comunicação in-

teligente com um conjunto de serviços associados (parqueamento, carsharing, aluguer à medida das necessidades de cada um). O mesmo interesse foi amplamente demonstrado com o trabalho desenvolvido e apresentado por Catarina Selada (INTELI) com o Índice da Rede de Cidades Inteligentes em Portugal. A análise e monitorização de projectos inovadores em 25 cidades nacionais que integram a rede Living Lab RENER tem contribuído para um planeamento inteligente das autarquias, através de cinco pilares estruturais (sustentabilidade, inovação, governação, conectividade e inclusão). A cultura enquanto ADN de cada território está presente em todos os projectos. No conceito de Smart Cities, desenvolvido pela INTELI em parceria com os actores locais, a tecnologia “não é um fim em si mesmo, mas um instrumento ao serviço de políticas e consequentemente ao serviço dos cidadãos”, tal como afirmou Catarina Selada. “Que Cidades queremos?” Fica a resposta que progressivamente tem conquistado a sintonia de diversos sectores da sociedade: Cidades, ou melhor, territórios inteligentes onde a cultura e a criatividade são a argamassa para a construção de uma sociedade desenvolvida, inovadora, coesa e com um maior índice de felicidade per capita.

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aso de studo

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Diferentes caminhos para a

especialização inteligente

A estratégia de smart specialisation (RSI3), apresentada em múltiplos documentos da Comissão Europeia como uma orientação estruturante no acesso aos fundos do próximo quadro comunitário 2014/2020, encontra no seu objecto de aplicação uma Europa desigual, a braços com uma crise económica ainda sem fim à vista. O quadro de premissas definidas pela UE para a RSI3 é neste momento suficientemente vago para justificar um olhar mais atento às diferentes realidades. A INTELI recolheu informações, com base nos relatórios de peritos da DG Regio, de três regiões de países europeus com índices de desenvolvimento económico e de investimento em investigação e inovação muito diferentes. Há uma única via para a especialização inteligente, ou há vários caminhos para atingir o mesmo fim? Com pontos de partida tão dispares quando se fala de regiões da Grécia, da Finlândia ou da Alemanha, a caminhada será seguramente diferente no timing e nas etapas intermédias para atingir o desenvolvimento sustentável, competitivo e inovador dos territórios. A designação smart specialisation não esgota o seu significado em processos, tecnologias, políticas, estratégias, financiamentos. Verdadeiramente na base está o capital humano e a sua qualificação. Essa é uma questão de fundo a merecer a atenção empenhada de todos, mas sobretudo dos países e regiões que por razões várias assistem diariamente à “drenagem” dos seus jovens mais qualificados, com o que isso significa de perda de know-how e massa crítica. Para os países que mais sentem os impactes negativos desse fluxo migratório, a estratégia de smart specialisation poderá passar também pelo mapeamento e localização dos cérebros nacionais e por usar as tecnologias para manter contacto e partilha de informação com quem está, ainda que temporariamente, noutro território de acolhimento.

A criatividade no desenho das medidas para aplicação da RSI3 deverá, mais uma vez, não se restringir à procura de novas formas de financiamento, como vem referido em alguns relatórios técnicos. Mas ter expressão na procura e descoberta de novas medidas para manter e captar o valioso capital humano.

O que faz a diferença na especialização inteligente de cada território é a capacidade de cada região, cada país ouvir os actores que no dia a dia fazem a economia. Na comparação dos vários casos ressaltam processos com uma importância sistémica para atingir os objectivos; no entanto, o que faz a diferença na especialização inteligente de cada território é a capacidade de cada região, cada país ouvir os actores que no dia a dia fazem a economia. A definição dos objectivos, como se pode verificar na análise comparada dos três casos, obedece a uma visão com a prioridade de responder às necessidades de crescimento e desenvolvimento das regiões. Cada caso é único e dificilmente encaixa em directivas exteriores. O princípio bottom-up defendido pelos técnicos da Comissão é aplicável também à forma com as instituições europeias olham para a Europa das regiões. Se em alguns casos faz sentido investir na inovação e ciência de uma forma intensiva, como na Bavaria, noutros como na Grécia há todo um trabalho a fazer na ligação do conhecimento e inovação aos agentes económicos e sociais. Há ainda espaço para a soberania da decisão assumir formas criativas como em Lathi. A directiva mais eficaz será ouvir, monitorizar e avaliar, num quadro de construção de uma Europa mais coesa.

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jável. Envolvimento residual das estruturas regionais, de universidades, think thanks ou empresas. Toda a estrutura de financiamento, mesmo a dos clusters está sobretudo alavancada no Estado. 4. As definições estratégicas a nível central (macro) não têm um foco nas empresas e consumidores. A gestão centralizada numa máquina administrativa burocrática. 5. Falta de qualificação e massa critica em algumas regiões do país agravada pela saída de jovens qualificados para o estrangeiro.

Grécia: Construir a casa pelos alicerces O relatório dos técnicos da DG Regio sobre a implementação da estratégia RIS3 na Grécia sublinha um vasto conjunto de fragilidades tanto a nível regional como nacional. Mas aponta também um conjunto de sectores com potencial estratégico para garantir o “arranque” sustentável da economia grega num contexto de smart specialisation.

Até 2005 a política de clusters desenvolvida na Grécia não trouxe resultados visíveis satisfatórios. Um dos factores para o insucesso foi a criação de um modelo centralista. Os resultados do relatório final dos técnicos revelam cinco debilidades estruturais: 1. Um problema de governação que se faz sobretudo de cima para baixo (começar a casa pelo telhado). Orientações macro que não encontram correspondência com a vontade dos representantes regionais e, por isso, muitas vezes ignoradas no terreno. 2. Os stakeholders não foram envolvidos nas anteriores estratégias de desenvolvimento e actualmente apenas os representantes da comunidade científica têm um pensamento de desenvolvimento tecnológico alavancado nas áreas produtivas. Mas até ao momento o know-how e inovação das estruturas de conhecimento não estão a chegar às empresas. 3. A gestão de fundos e as interacções não obedecem a uma estrutura bottom-up, como seria dese-

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Até 2005 a política de clusters desenvolvida na Grécia não trouxe resultados visíveis satisfatórios. Um dos factores, mais uma vez, indicado para o insucesso foi a criação de um modelo centralista. “Muitos clusters terminaram quando o apoio do Estado terminou; a estrutura de gestão dos clusters é burocrática, pesada; a maior parte das empresas gregas não estava preparada para colaborar com empresas concorrentes; pouco enfâse na inovação e na parceria com instituições de investigação; a ausência de definição de regras que permitissem dar aos clusters um estatuto de facilitador na relação com actores no terreno.” No entanto, em 2006, por iniciativa do Ministro do Desenvolvimento, foi criado o Corallia Cluster. Um cluster de sucesso cujo modelo de governação já seguia as boas práticas de outras experiências europeias, em linha com o que se entende hoje por smart specialisation. Desenvolvido segundo um modelo de governação bottom-up; com forte enfâse na inovação e na criação de nichos de mercado com valor acrescentado, tanto em termos de produtos como das tecnologias associadas. Os estrategas do Corallia definiram as etapas a curto, médio e longo prazo, desenhando ainda os mecanismos de monitorização e avaliação das medidas. O relatório da DG Regio além das áreas de valor estratégico ligadas à economia tradicional (agricultura; agro-alimentar; turismo; economia do mar, por exemplo) considera ainda determinante o investimento em inovação nas tecnologias da informação para aumentar a competitividade da Grécia e reduzir uma das suas maiores debilidades, a inexistência de um processo de modernização administrativa. Lahti (Finlândia): Fazer das fraquezas forças A região de Lahti foi fortemente atingida nos anos 90 pelo colapso das trocas comerciais com a antiga União Soviética. Até então era uma vigorosa região industrial, com cerca de 200 mil habitantes, situada na área metropolitana de Helsínquia.


Quando o sector industrial entrou em depressão, sobretudo nas indústrias tradicionais, a região ficou sem um rumo, sem qualificações e sem a informação necessária para fazer valer as suas competências. O modelo tradicional de trazer inovação através da criação de um grande centro universitário na região foi considerado ineficaz. Em suma, diz Vesa, a região “estava perdida. Não tinha uma visão clara do seu lugar e do seu perfil económico”.

A reviravolta As alterações profundas no país vizinho, parceiro comercial privilegiado, causaram poderosas ondas de choque na região com a consequente desintegração do tecido económico.

A definição do foco e a introdução de processos de inovação num modelo “practice-based” contribuiu para que Lahti seja hoje conhecida como uma região eficaz na aplicação rápida de novos processos de inovação Em resposta foi desenhada uma estratégia de crescimento através de clusters; no entanto, cedo se confirmou que esta estratégia gerava um efeito restritivo e de isolamento em torno de actividades económicas tradicionais. O que aconteceu para transformar esta situação desfavorável numa região que regista hoje um dos mais rápidos índices de crescimento na Finlândia? O texto de diagnóstico elaborado pelo professor Vesa Harmaakorpi, especialista em sistemas de inovação, e um dos mentores da estratégia de especialização inteligente já em curso, é inspirador. “Lahti, uma das maiores e mais populosas regiões da Finlândia, não tem Universidade própria o que explica o baixo índice de formação e qualificação ao nível da investigação e conhecimento científico, sobretudo quando comparado com a média nacional. Reduzido input da ciência na economia e reduzido investimento na formação e educação (cerca de 250 euros por residente quando comparados com os 3.300 euros por residente em Oulu, a região com maior aposta em I&D do país.). Uma economia baseada na produção industrial e sobretudo nas indústrias tradicionais (madeira).”

Alguma coisa tinha de mudar. A partir de 2000 foram dados alguns passos no sentido de reencontrar uma visão estratégica e um perfil económico para a região. 1. Transformar a ausência de Universidade ou Centros de Investigação (uma fraqueza) numa força. Foram os primeiros a avançar com um modelo de trabalho coordenado entre diferentes universidades e centros de excelência da Finlândia, usando como campo de teste e implementação as características únicas da região. Os projectos de I&D desta rede de intelligence estavam focados na procura de soluções para as indústrias transformadoras (uma área chave da economia tradicional da região). A cidade de Lahti (os seus representantes políticos e económicos) começou a trabalhar com quatro universidades e centros de investigação finlandeses, num conceito “tailor made”. Ir à procura da inovação, tecnologia e investigação adequados aos objectivos. 2. Direccionar os meios financeiros, as tipologias de projecto, a investigação para uma orientação prática. Isto é, em vez de criar uma cadeia de inovação baseada apenas na excelência, na pesquisa e conhecimento de boas práticas, criou-se um modelo de inovação realista, ancorado nas necessidades das empresas e dos consumidores. Neste sentido, foi também um teste à capacidade das Universidades e centros de excelência para funcionarem de acordo com uma abordagem diferente. 3. Apostar na especialização através de um trabalho integrado com todos os actores regionais. Juntaram-se empresas, associações sindicais, representantes políticos, representantes da sociedade civil para traçar o perfil da região, quais as áreas prioritárias de especialização. E apostar sobretudo nessas, evitando a dispersão de meios e energias. Foram definidas três áreas, ainda hoje claramente identificadas no portal de apresentação da região de Lahti: economia verde; tecnologias limpas; design, sobretudo aplicado às indústrias transformadoras tradicionais.

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A definição do foco e a introdução de processos de inovação num modelo “practice-based” contribuiu para que Lahti seja hoje conhecida como uma região eficaz na aplicação rápida de novos processos de inovação, bem como na comercialização de novas ideias. Esta imagem/força aliada aos incentivos regionais e nacionais, à captação de novas empresas tem sido bem sucedida na atracção e fixação de empresas e investimento estrangeiro.

O tecido económico da Bavaria é dominado pela dinâmica de um elevado número de Pequenas e Médias Empresas e pela presença no território das sedes de importantes multinacionais, como a Siemens. Aliás, a estreita relação com a estrutura empresarial está directamente relacionada com a elevada percentagem de I&D na região. 80 por cento do investimento em I&D vem das empresas, sobretudo das de maior dimensão. De um ponto de vista sistémico todo o conhecimento, investigação e inovação estão orientados para as empresas, que têm grande protagonismo na definição estratégica da região. Ao longo de décadas a região tem mantido o suporte na inovação e na ligação às empresas e representantes locais como um instrumento estratégico e também para introduzir, sempre que necessário, factores de mudança tendo como objectivo o crescimento e competitividade interna e externa. Há todo um trabalho contínuo e coerente de implementação de medidas de inovação e I&D de forma a antecipar entropias, detectar tecnologias emergentes e consequentemente fortalecer e preparar a economia regional.

Bavaria (Alemanha): O regresso à investigação intensiva Nas últimas décadas a Bavaria conseguiu com assinalável sucesso executar uma mudança estrutural. Uma região tradicionalmente ligada à agricultura transformou-se num pólo de inovação de referência nacional e internacional com elevados índices de competitividade a nível industrial e no desenvolvimento de produtos e serviços. Os sectores de desenvolvimento força são a indústria automóvel, incluindo toda a cadeia de fornecedores, engenharia electrotécnica e a engenharia mecânica. Simultaneamente a Bavaria é também uma das regiões mais importantes e de maior competitividade da Alemanha nas áreas das tecnologias de informação e comunicação, seguros e serviços financeiros. No entanto nos últimos anos o Produto Interno Bruto da Bavaria tem vindo a decrescer quer em relação à média europeia quer em relação à média nacional, o que está a causar grande preocupação, sobretudo porque o PIB da região se situava acima destes dois parâmetros. Os representantes regionais estão a repensar a estratégia de forma a reconquistar a posição de liderança na inovação e I&D, tanto no contexto nacional como internacional.

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O Governo da Bavaria tem vindo a delinear nos últimos 15 anos uma estratégia e investimento em I&D que encaixa nos pressupostos da smart specialisation.

Recentemente o governo da Bavaria lançou mais um programa - Bayern Fit que utiliza uma diversidade de medidas de IDT+I para aumentar o potencial da região num período que vai além do horizonte 2020. Os responsáveis regionais robustecem o investimento das empresas na investigação e tecnologias com a definição de um mix de programas de financiamento. Os sectores alvo do financiamento são indústrias com forte implantação na região como: indústria automóvel; engenharia mecânica; construção sustentável. Cumulativamente aumentaram o investimento em tecnologias transversais (laser; micro sistemas; robótica e novos materiais) e tecnologias inovadoras com potencial na preparação do futuro (biotecnologia; nanotecnologia; aerospacial; informação e comunicações).


Na linha de rumo traçada para se manter um passo à frente, o governo da Bavaria tem ainda de ultrapassar um factor crítico, a conflitualidade entre as orientações do governo central e as estratégias regionais. O trabalho de investigação em novas tecnologias e produtos tem como pano de fundo o apoio às redes de suporte dos clusters. Aliás recentemente foram reforçados os investimentos no desenvolvimento mais eficaz das networks entre as empresas. A coerência, estabilidade e confiança da estratégia de desenvolvimento da Bavaria foi seguramente um dos pontos determinantes para o sucesso. O governo regional tem total autonomia para definir a estratégia, que é coordenada apenas por dois ministros que fazem a articulação com os stakeholders regionais e com os respectivos grupos de trabalho. Estas unidades, mais próximas do terreno, são compostas por empresas, universidades, sindicatos, agências de desenvolvimento etc. A implementação da estratégia é acompanhada segundo um quadro de monitorização e avaliação conhecido e aceite por todos os parceiros.

intensiva para detectar novas tecnologias que se revelem importantes no futuro; um foco acentuado na transferência da inovação e conhecimento para produtos de valor acrescentado. Na linha de rumo traçada para se manter um passo à frente, o governo da Bavaria tem ainda de ultrapassar um factor crítico, assim identificado pela equipa de peritos da DG Regio, a conflitualidade entre as orientações do governo central e as estratégias regionais. O caso de sucesso desta região e os desafios que agora enfrenta demonstram que o conhecimento e inovação assumem um papel estruturante contínuo. A incerteza e hesitação podem por em causa o trabalho de décadas.

Referências: “Smart Specialisation Startegies in Greece” – Expert team for DGRegio Newsletter Nordregio: “Smart Specialisation for All Regions?”

O Governo da Bavaria tem vindo a delinear nos últimos 15 anos uma estratégia e investimento em I&D que encaixa nos pressupostos da smart specialisation. No entanto, perante as alterações aceleradas da realidade económica terá de se preparar para manter o ritmo de crescimento e encontrar instrumentos que garantam uma evolução sistémica. Apesar de manter a abordagem sectorial baseada na criação de valor e conhecimento tecnológico nas empresas, os responsáveis consideram que é, agora, necessário garantir que o investimento e os resultados alcançados não se desviem das necessidades regionais e do interesse das populações. Reforçar mecanismos de participação e de avaliação da estratégia no terreno de forma a poder detectar novas oportunidades e novas tendências de mercado. Três novos pontos ganham agora maior importância na estratégia do governo da Bavaria: Na definição das prioridades e da aplicação dos fundos dar maior ênfase à pesquisa de novas tendências de mercado e novas oportunidades; reforçar os mecanismos de avaliação e apostar em investigação

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Cidades criativas em debate em Setúbal O Instituto Politécnico de Setúbal organizou um seminário sobre Cidades Criativas/Cidades Educadoras no passado dia 11 de Abril. Com uma plateia de alunos e professores, Catarina Selada apresentou a visão da INTELI acerca da economia criativa, referindo casos de estudo de estratégias locais baseadas na criatividade. A Câmara Municipal de Setúbal, membro da Rede RENER – Living Lab para a Inovação Urbana, também marcou presença com uma comunicação acerca da estratégia da cidade em matéria de sustentabilidade, criatividade e inovação social.

INTELI apresenta cidades inteligentes em Torres Vedras Torres Vedras foi o palco para a realização do seminário “Modelos de Avaliação de Cidades Inteligentes”, que ocorreu no passado dia 2 de Maio. Catarina Selada realizou uma intervenção centrada no Índice de Cidades Inteligentes como ferramenta de intelligence e de avaliação da inteligência urbana. Foram também apresentados os projectos ECO XXI da Associação da Bandeira Azul e SBtool – Sistemas de Indicadores para a Avaliação da Sustentabilidade do Ambiente Construído da Universidade do Minho e iiSBE.

Ideias para o Desenvolvimento do Eixo Barreiro/Moita A Associação RUMO organizou, no passado dia 4 de Abril, o Fórum de Ideias para o Desenvolvimento Local de Barreiro-Moita, com a participação das Câmaras Municipais do Barreiro e da Moita. O objectivo foi gerar ideias para o desenvolvimento das cidades em áreas diversas, desde a cultura ao empreendedorismo. Catarina Selada, da INTELI, apresentou as oportunidades geradas pelas cidades inteligentes para o empreendedorismo urbano, num painel que contou também com a intervenção da Câmara Municipal de Lisboa e da Incubadora de Base Tecnológica do Madan Parque.

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Corredor Tecnológico na Região Centro Na última conferência do Expresso, no passado mês de Abril, surgiu a proposta para a criação de um corredor de alta tecnologia entre Aveiro, Coimbra, Cantanhede e Covilhã. A ideia é juntar as capacidades das três universidades da região e do Biocant, o parque de biotecnologia de Cantanhede, com as empresas locais mais inovadoras e avançadas, de modo a ganhar massa crítica e criar riqueza e emprego no sector da alta tecnologia.

Primeira Rede de Municípios Portugueses para o Desenvolvimento Promovida pelo Instituto Marquês de Valle Flôr e com o apoio da Associação Nacional de Municípios Portugueses, 14 municípios nacionais integram a primeira rede intermunicipal de cooperação para o desenvolvimento. O acordo constitutivo da Rede foi assinado em Odivelas, no dia 15 de Março, no qual os municípios se comprometem a realizar um trabalho estruturado e eficaz de combate à pobreza. Amadora, Arraiolos, Faro, Grândola, Loures, Maia, Marinha Grande, Miranda do Corvo, Moita, Odivelas, Oeiras, Palmela, Seixal e Setúbal são os primeiros municípios que constituem esta Rede.


Escola de Verão em Turim prepara Revolução das Smart Cities O Politécnico e o Município de Turim (Itália) realizam, de 2 a 6 de Setembro, a nova Universidade de Verão dedicada ao planeamento inteligente para as cidades. A frequência do curso é gratuita e pode ser efectivada através do website http://www.tous.polito.it até ao dia 15/06/2013. O curso visa proporcionar um ensino de alto nível para alunos interessados na “revolução das smart cities”. A multidisciplinaridade permitirá uma abordagem abrangente, integrada e plural. O município de Turim garante o apoio necessário aos estudantes, criando condições para fazer da cidade um laboratório vivo.

Cidades pequenas também podem ser smart Normalmente quando pensamos em cidades inteligentes imaginamos cidades de grande dimensão com uma vasta rede de infra-estruturas. No entanto, é cada vez mais frequente surgirem exemplos de pequenas cidades que também apostam em tornar-se smart cities. O caso de Santander, por exemplo, uma velha cidade portuária com apenas 180 mil habitantes, actualmente considerada um exemplo em termos de smart cities, por ter instalado cerca de 10.000 sensores por toda a cidade que ajudam a medir o nível de poluição e a controlar os congestionamentos do trânsito. Também a pequena vila rural Feldheim, na Alemanha, com apenas 125 habitantes, tem atraído inúmeros visitantes internacionais por se ter tornado na primeira vila totalmente auto-suficiente em termos energéticos, ao produzir a totalidade da energia consumida a partir de energias renováveis.

ISCTE e MIT promovem concurso de empreendedorismo O ISCTE-IUL e o programa MIT Portugal lançaram recentemente a quarta edição do concurso “Building Global Innovators”, destinado a premiar empreendedores que criem start-ups de reconhecida capacidade inovadora. O apoio financeiro (um milhão de euros) é assegurado pelo grupo Caixa Geral de Depósitos (CGD) e será dividido pelas quatro start-ups vencedoras nas diferentes áreas a concurso: health tech, smart cities, tecnologias de informação e internet, e produtos e serviços de consumo. O objectivo é apoiar o lançamento de start-ups focadas na comercialização de produtos ou serviços tecnológicos inovadores e baseados em modelos de negócio escaláveis.

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Seminário Smart Grids e Smart Cities Lisboa, 28 e 29 de Maio de 2013 O congresso é um importante ponto de encontro e de difusão das principais tendências e soluções tecnológicas disponíveis actualmente, bem como das boas práticas no âmbito das smart cities e smart grids, onde estarão presentes os principais interessados nestes temas. Será dado a conhecer o potencial e a importância das tecnologias inovadoras que permitem reduzir os gastos energéticos das infra-estruturas, bem como ofertas mais competitivas e sustentáveis no domínio da energia.

Smart Cities Workshop 2013 Sophia Antipolis – França, 3-4 de Junho de 2013 Trata-se de um workshop dedicado à análise dos obstáculos que as autoridades municipais enfrentam no desenvolvimento das cidades do futuro. Essas questões incluem a escolha da tecnologia, a preocupação de interagir com os cidadãos, a segurança cibernética e a privacidade dos dados, entre outras. Serão focados vários temas que contribuem para uma smart city: governação, energia, água e resíduos, saúde, transporte, segurança e educação.

Smart to Future Cities Europe 2013 Londres – Reino Unido, 11 e 12 de Junho de 2013 O evento “Smart to Future Cities”, organizado em parceria entre a OVUM, a Informa Telecoms & Media e o Imperial College de Londres, procura responder a algumas lacunas identificadas quando se fala na criação de smart cities. Distinguir o que é possível desenvolver nos países desenvolvidos em oposição às economias emergentes; pensar mais no que se pode fazer hoje e não apenas no que se irá fazer no futuro; desenvolver um roteiro prático e exequível a implementar numa cidade do futuro e medir o impacto dessas medidas, são alguns dos temas em debate nesta conferência.

O Turismo como uma prioridade para as RIS3 Faro, 4-5 de Julho de 2013 O workshop, organizado pela região do Algarve em cooperação com a Plataforma para a Especialização Inteligente (S3 Platform), irá analisar os desenvolvimentos alcançados pelas quatro regiões europeias Algarve (PT), Sicília (IT), Rhone-Alpes (FR) e Kujawsko-Pomerânia (PL) relativamente às suas estratégias de investigação e inovação para uma especialização inteligente (RIS3 - Research and Innovation Strategies for Smart Specialization). Estas quatro regiões estão focadas no turismo enquanto prioridade estratégia para a especialização inteligente. Além disso, haverá uma discussão temática sobre RIS3 e turismo que irá reunir representantes da indústria, investigadores e governo.

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SITES & LINKS European Initiative on Smart Cities Smart Specialization Platform

Better Cities Now

Connected Smart Cities Network

Empathic Cities

LIVROS & ARTIGOS

Revista Panorama, Nº 44 – Especialização Inteligente

Relatório Estratégico 2013 da Comissão Europeia

Comissão Europeia, 2012

Comissão Europeia, Abril 2013

O número 44 da revista editada pela Comissão Europeia centra-se no tema da especialização inteligente enquanto motor do crescimento económico futuro das regiões na Europa, numa altura em que a UE precisa de mecanismos para se proteger contra a crise económica e de lançar as sementes para o seu futuro desenvolvimento. Contudo, a revista faz também uma avaliação dos resultados do Fundo de Coesão e dos investimentos regionais realizados no período 2000-2006.

A Comissão Europeia apresentou o Relatório Estratégico sobre a execução dos Programas da Política de Coesão para o período 2007-2013. Este reúne a informação disponibilizada pelos Estados-Membros (EM), na maioria dos casos até ao final de 2011, fornecendo uma visão sobre a utilização dos Fundos Estruturais. A Política de Coesão investe na modernização dos Estados-Membros e das regiões ao apoiar a inovação e a criação de emprego através da criação de redes de infra-estruturas, protecção ambiental, fomento da inclusão social e capacitação administrativa.

Smart specialization for cities - A roadmap for city intelligence and excellence PWC, World Forum Review, Abril 2012

O artigo elaborado pela PWC e publicado no “World Financial Review” foca a importância da elaboração de uma estratégia de inovação inteligente pelas cidades e regiões, adaptada às suas especificidades e realidade para fomentar o crescimento e desenvolvimento económico e social destas regiões.

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Como reinventar uma cidade? IBM, Janeiro de 2013

O relatório, produzido pela IBM, identifica as principais conclusões alcançadas pelos seus colaboradores que resultam do trabalho realizado em cooperação com as cidades no âmbito do projecto “Smart Cities Challange”. Desta forma, pretende reunir um conjunto de boas práticas encontradas nas cidades que têm participado neste projecto, focando a importância do papel dos presidentes dos municípios no desenvolvimento das cidades enquanto ‘cidades inteligentes’.

Planear, Conectar e Financiar as Cidades Prioridades para os líderes das cidades Banco Mundial, 2013 Com o objectivo de ajudar os responsáveis pelas cidades a identificarem e mitigarem os problemas provocados pela urbanização acelerada e desenfreada, o Banco Mundial, em parceria com o Secretariado dos Negócios Económicos Suíço e a “Cities Allliance”, elaborou um diagnóstico – “Revisão da Urbanização” – em 12 países de 4 continentes. Desse estudo resultou este relatório que pretende disseminar as lições aprendidas através de um quadro prático para a urbanização sustentável, organizado em torno de três pilares: Planeamento, Conectividade e Financiamento. A coordenação entre estes pilares é fundamental para o planeamento eficaz do uso da terra, da habitação, das infra-estruturas e do transporte urbano.

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FICHA TÉCNICA Edição e Coordenação: INTELI Equipa: Catarina Selada, Patrícia Afonso, Maria João Rocha e Diana Reis Colaboraram nesta edição: Telmo Faria - Presidente da Câmara de Óbidos Fotografia: Anthony Malhado Design gráfico: Mónica Sousa


A INTELI é um think-and-do-thank que actua na área do desenvolvimento integrado dos territórios a nível económico, social, cultural e ambiental, através do apoio às políticas públicas e às estratégias dos actores locais. Opera nos domínios da cultura e criatividade, energia e mobilidade e inovação social, procurando contribuir para a afirmação de cidades e regiões mais criativas, sustentáveis e inclusivas.

Edição: INTELI – Inteligência em Inovação, Centro de Inovação Av. Conselheiro Fernando de Sousa, 11, 4º 1070-072 Lisboa – Portugal Tel: (351) 21 711 22 10 Fax: (351) 21 711 22 20 Website: www.inteli.pt E-mail: citiesbrief@inteli.pt


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