Almanaque Socioambiental Parque Indígena do Xingu 50 anos

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capítulo 4 | conhecimento indígena

o corAção do brAsil

fruto do profundo conhecimento sobre as inter-relações entre ambiente físico e biológico e o alcance disso para as sociedades que nela vivem. Estamos falando de sofisticadas formas de descrição do relevo, dos solos, da vegetação e classificação de plantas e animais, assim como técnicas de plantio. É uma característica dos povos indígenas e, portanto, dos habitantes do Parque Indígena do Xingu. O legado do conhecimento indígena está diretamente associado à biodiversidade das espécies vivas e, nesse sentido, trabalhos voltados para reconhecer e proteger conhecimentos tradicionais têm sido um importante foco de interesse da comunidade científica e dos próprios índios (ver Patrimônio material e imaterial, pág. 244).

O conceito de “manejo”, por exemplo, tão em moda atualmente, vem sendo praticado por populações indígenas há milhares de anos. O caso dos Kawaiweté (mais conhecidos como Kaiabi) é emblemático. Ao se mudarem para o Parque Indígena do Xingu (ver Kawaiweté, pág. 91), cujo ambiente físico e biológico é bastante diferente, foram obrigados a empreender um grande esforço para aí se estabelecerem. Para manter sua prática agrícola diversificada, trouxeram amostras das espécies que cultivavam em suas terras de origem e adaptaram seus conhecimentos no novo território, onde o melhor local para o desenvolvimento de seus roçados eram as terras pretas arqueológicas (TPA). francisco fortes/isa

Área de terra preta no CTL Diauarum. 142

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