CLB - Euclides da Cunha

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Conselheiro sentisse o erro em que laborava quanto à República, dizendo-lhe entre outras coisas que tanto essa forma de governar não estava em oposição às leis divinas e eclesiásticas que o papa, em encíclica ao clero e a fiéis da França, havia recomendado que prestassem firme e leal adesão à República e obedecessem às suas leis. Essas considerações foram refutadas pelo Conselheiro, dizendo-lhe este que, se o papa assim procedera, estava em erro e que a palavra “república” o indicava etc. etc., seguindo-se o que é do conhecimento geral. O barão de Jeremoabo interferiu para que fosse organizada, e para que efetivamente seguisse para Masseté, uma força policial de 30 e poucos praças a mando do então tenente Virgílio de Almeida, ao qual prestou, por si e por seus amigos, as comodidades precisas que a ocasião permitia. Após a derrota do Masseté, ainda se deu a sua intervenção ante o governo estadual para que este enviasse uma nova expedição, que, organizada, seguiu para Serrinha no encalço dos conselheiristas. Essa expedição também fracassou em face da contra-ordem para o seu regresso. O barão estranhou, dizendo não saber o porquê dessa contra-ordem, sendo talvez o único que a ela se opôs, sem saber, em suas palavras, “qualificá-la nem classificá-la”. Os acontecimentos referidos se deram em 1893, ocasião em que começaram a surgir divergências entre os grupos que dominavam a Bahia. Após esse período, observa-se mesmo trégua em relação à posição do governo estadual sobre Canudos. Voltou a interferir somente em 1895, quando o governador Rodrigues Lima resolveu solicitar a colaboração do arcebispo Jerônimo Tomé da Silva, que, aquiescendo ao seu pedido, enviou os capuchinhos frei João Evangelista de Monte Marciano e frei Caetano de São Leo com a intenção de pacificar o local. A providência se mostrou tardia e não foi aceita pelos conselheiristas, tendo os dois frades elaborado minucioso relatório de sua missão. Daí em diante, novo hiato. Canudos, porém, continuava latente. O prestígio e a fama do Conselheiro aumentavam cada vez mais. O medo e a insegurança acometiam os chefes locais e a população que não acompanhara o Conselheiro. A próxima medida, o estopim da guerra, só se vai verificar no governo Luiz Viana. A solicitação do juiz Arlindo Leoni – motivado pelo receio de que

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