Revista de História da Arte (n.º7 / 2009)

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número 7 da Revista de História da Arte, que ora se apresenta ao público, é integralmente dedicado à Arte Medieval. Dá-se, desta forma, continuidade à opção por números dedicados às épocas históricas consagradas na cronologia da Arte Ocidental, decidida pela Direcção e Comissão Científica da Revista de História da Arte, e que foi iniciada com o número anterior, dedicado ao mundo romano – mais especificamente, ao Mosaico na Antiguidade Tardia. Esta continuidade cronológica/epocal que se verifica no presente número, apesar de não ter sido conscientemente procurada – resultou, antes, de meros acasos e de circunstâncias fortuitas – não deixa, no entanto, de se oferecer como mais valia da percepção e fundamentação da evolução artística, sem que tal signifique a adesão a quaisquer historicismos serôdios e ultrapassados. A temática que dá consistência ao presente número, e que constitui o cerne dos principais artigos de investigação, diz respeito à Imagem, entendida, para além de outros considerandos, sobretudo como discurso de afirmação do Poder e como forma privilegiada de manutenção da Memória, entre os séculos XII e XV. A razão primeira que justifica o porquê desta temática, prende-se com o desenvolvimento de um projecto de investigação – o Projecto Imago, aprovado e financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), destinado à criação de uma base de dados de iconografia medieval portuguesa. Os pormenores relativos a esse projecto, que se desenvolveu entre os anos de 2005 e 2008, poderá o leitor encontrá-los em notícia alargada na parte final deste número da Revista de História da Arte, assinada pelos seus principais responsáveis. O que neste intróito da Revista importa sublinhar é que esse Projecto reuniu, de forma absolutamente original, dois campos artísticos e iconográficos bem diferenciados: a iluminura e a escultura tumular. A união destes dois mundos da representação medieval numa única base de dados, permitindo a sua interligação e potenciando de forma inesperada os resultados das pesquisas, revelou-se, desta forma, como a maior originalidade do Projecto Imago não só no contexto português como também no contexto europeu. Assim, investigadores e simples interessados passaram a ter, entre mãos, uma útil e acessível ferramenta que em muito lhes facilitará a prossecução e o aprofundamento dos trabalhos nesta área específica da arte medieval. O Projecto Imago não se resumia, naturalmente, apenas à criação de uma base de dados. Entre outros itens, fazia parte do seu programa de intenções a realização de um Seminário internacional que permitisse, por um lado, a troca directa de experiências com outros investigadores envolvidos em projectos semelhantes (particularmente com Patrícia Stirnemann, investigadora do CNRS (Paris) e responsável pela base de dados Enluminures, cuja gentil disponibilidade para seguir e aconselhar o projecto português nos deixa devedores de um profundo agradecimento) e que servisse, por outro lado, de motivo para a apresentação pública do Projecto e do estado da investigação sobre uma temática de grande actualidade, tendo em vista, inclusivamente,

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