Arquivos Catarinenses de Medicina 2009

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INTRODUÇÃO A introdução da tecnologia no meio médico trouxe uma variedade de avanços nas técnicas e melhora na qualidade cirúrgica. Uma dessas novidades foi a cirugia videoendoscópica. Na cirurgia plástica, esta técnica foi introduzida no ano de 1992 por Vasconez e cols. A técnica vídeoendoscópica vem sofrendo constantes aperfeiçoamentos até os dias de hoje e ganha a cada dia mais adeptos entre os cirurgiões plásticos. A cirurgia da região frontal tem por objetivo restabelecer a harmonia facial comprometida pela ação muscular e o envelhecimento, com as vantagens de visualização e manuseio de tecidos a distância, com magnificação da imagem e cicatrizes em couro cabeludo. OBJETIVO Mostrar a experiência da aplicação da cirurgia vídeoendoscópica no Serviço de Residência em Cirurgia Plástica do HUEC, desde sua implantação em 2005 até 2008. Foram avaliados os resultados, as complicações e o grau de satisfação das pacientes através de questionário no qual foi perguntado se a paciente estava ou não satisfeita com a cirurgia. MÉTODOS Cinquenta e cinco pacientes foram submetidos à cirurgia endoscópica frontal no período de 2005 a 2008, sendo que em 2005 foram operados em média sete pacientes por residente do 3º ano, com o mesmo número em 2006, enquanto que em 2007 foram oito pacientes por residente e 11 em 2008, por indicações variadas. Materiais: torre de vídeo, televisão 20”, câmera de vídeocirurgia, fonte de luz halógena e a partir de 2007 utilizouse fonte de xenônio, fibra ótica, ótica de 4 mm e 30 graus com afastador acoplado, descoladores próprios, agulha de Casagrande, pinças e tesouras videoendoscópicas e fio nylon trançado 2.0. A técnica padronizada consistiu em cinco incisões em couro cabeludo, uma mediana e duas paramedianas em sentido sagital e duas incisões temporais em sentido coronal. Descolamento subperiostal na região frontal até aproximadamente 1 cm do supercílio e descolamento temporal subgaleal. União destes dois planos foi realizada pela dissecção do septo temporal superior no sentido temporal para frontal. Até este ponto as dissecções foram realizadas as cegas. A seguir, com auxilio do endoscópio sob visualização direta realizou-se a dissecção e liberação das adesões supraorbitárias, septo temporal inferior e septo periorbitário. A liberação do periósteo na porção medial e tratamento da musculatura glabelar, e/ou frontal foi realizado. Fixação da porção lateral do supercílio foi completada com o auxilio da agulha 176

de Casagrande e os fios de nylon 2-0. Todos os procedimentos foram realizados pelo residente mais graduado (terceiro ano), com o auxilio de residente menos graduado sempre acompanhado do supervisor. RESULTADOS Houve complicações em 20% das pacientes, destas 90% foram temporárias e sanadas com tratamento conservador e apenas um caso, equivalendo a aproximadamente 10% das complicações que foram permanente necessitando reintervenção cirúrgica. Em números totais das 55 cirurgias, 1,81% dos pacientes tiveram (1 paciente) assimetria e pinçamento do supercilio; 1,81% (1 paciente) assimetria temporária com hipercorreção; 1,81% (1 paciente) recidiva unilateral; 3,63% (2 pacientes) hematomas de couro cabeludo; 1,81% (1 paciente) paresia com prurido; 5,45% (3 pacientes) neuropraxia de nervo temporal unilateral; 1,81% (1 paciente) neuropraxia de nervo zigomático; 1,81% (1 paciente) paralisia definitiva do nervo temporal unilateral. Em relação ao grau de satisfação 50 pacientes, ou seja, aproximadamente 90% se disseram satisfeitas com o resultado pós-operatório final. DISCUSSÃO Houve um crescimento na procura e realização dos procedimentos endoscópicos em 2007 e 2008 em relação aos dois primeiros anos introdutórios1. Isto se deve ao aprendizado e a maior indicação do procedimento na região frontal2, para a realização de melhor balanço das ações musculares3,4. CONCLUSÃO A grande maioria das pacientes se mostrou satisfeita com o resultado pós-operatório. As complicações observadas foram transitórias na sua maioria. Com o treinamento, as cirurgias foram sendo executadas com maior facilidade, com tempo cirúrgico cada vez mais reduzido e menor número de complicações, refletindo assim o avanço na curva de aprendizado. REFERÊNCIAS 1. Vasconez LO, et al: Coronal facelift with endoscopic techniques. Plast Surg forum XV:227, 1992 2. Rezende JHC. Anatomia cirúrgica da região frontal. Anais do Simpósio Brasileiro do Contorno Facial. Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, set. 1983. p.12-5 3. Isse NG: Endoscopic facial rejuvenation: Endoforehead, the functional lift. Case Report. Aesthetic Plast Surg 18:21-9, 1999 4. Badin AZD, Casagrande C, Saltz R. Rejuvenescimento Facial - Cirurgia Videoendoscópica Procedimentos Ancilares. 1a ed. São Paulo. Revinter: 2003; p 69-83

Arquivos Catarinenses de Medicina - Volume 38 - Suplemento 01 - 2009


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