Arquivos Catarinenses de Medicina 2003

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importância no posicionamento do supercílio e, conseqüentemente, no seu tratamento. O músculo frontal termina abruptamente, ao longo da linha de fusão temporal (linha temporal anterior), sendo uma expansão da gálea aponeurótica. Começa ao nível da linha de implantação dos cabelos e estende-se até a derme da porção supra orbitária. Sua função é elevar as sobrancelhas. Todo o segmento do supercílio não sustentado pelo frontal, portanto sua porção caudal, é tracionado inferiormente pelo músculo orbicular do olho ,sofrendo um descenso maior. Devido a esse aspecto anatômico, a ptose na região temporal, normalmente, é mais acentuada. Abordagens isoladas da musculatura glabelar também podem ser realizadas,apesar de menos freqüentes. O tratamento do terço médio inicia com a dissecção a partir da coagulação da veia sentinela, no setor 3. Após ultrapassar este ponto, temos a opção de um procedimento mais restrito, dissecando apenas o rebordo orbitário inferior e a região do SOOF, caracterizando uma ritidoplastia de terço médio limitada (setores 4 e 5). Prosseguindo a dissecção até o sulco gengival superior ou, topograficamente, até o sulco nasogeniano, estaremos realizando o tratamento completo do terço médio. As estruturas que delimitam a dissecção, caracterizando esta abordagem, são a inserção malar do músculo masseter, o nervo zigomático facial e o pedículo do nervo infraorbitário . O procedimento realizado somente por incisão temporal, sem necessidade de dissecção do arco zigomático e de abordagens intraorais ou palpebrais, devido a fixação direta com agulha, proporciona um tratamento de grande amplitude, minimamente invasivo. Para resultados efetivos e duradouros é fundamental o tratamento das estruturas anatômicas descritas. Todavia, agregar mais incisões além da temporal e abordar sem necessidade o arco zigomático geram maior complexidade e riscos ao procedimento. O objetivo é minimizar os efeitos indesejáveis da técnica subperiostal convencional, com possibilidade de rejuvenescimento estrutural desta região. DISCUSSÃO

As indicações para a cirurgia de rejuvenescimento facial, independente da técnica a ser utilizada, devem passar por uma avaliação criteriosa do custo-benefício, referente a extensão e localização das cicatrizes, recuperação pós operatória e resultado obtido. Em pacientes jovens ou com intolerância a grandes cicatrizes, poderemos ter dificuldade em justificar o porte de um lifting frontal, com incisão bicoronal e suas seqüelas. O procedimento vídeo endoscópico apresenta algumas vantagens, como incisões menores, recuperação pós-operatória mais rápida e índice muito baixo de complicações. Proporciona um rejuvenescimento anatômico, através do reposicionamento das estrutu370

ras, sem necessidade de ressecção de pele (elevação sem ressecção). Os grupos de pacientes candidatos ao tratamento, com a vídeo cirurgia, são normalmente três: a) pacientes da terceira ou quarta década de vida, que buscam uma expressão mais rejuvenescida do olhar; b) pacientes que solicitam a cirurgia palpebral devido ao pseudoexcesso de pele palpebral, porém necessitam do rejuvenescimento periorbitário e frontal completo; c) pacientes que buscam o rejuvenescimento facial completo. O fator idade, e portanto o excesso de pele, não representa limitação na indicação. A capacidade de retração cutânea do couro cabeludo é bastante intensa. Num estudo de 200 casos de face lift, a indicação de vídeo cirurgia frontal foi de 98%. A ressecção de pele, em pálpebra superior, caiu de 100% para 35%,e quando necessária, as cicatrizes palpebrais foram menos extensas e mais estéticas, não ultrapassando nunca, o rebordo orbitário lateral REFERÊNCIAS 1.CORE, G.B., VASCONEZ, L.O, ASKREN, C., et al. Coronal facelift wih endoscopic techniques. Plastic Surgery Forum 15: 227-228 1992 2.SWIFT, R.W., NOLAN, W.B., W.B., ASTON, S.J., et al. Endoscopic brow lift: Objective results after one year. Aesthetic Surgery Journal 19 (4): 287- 292 1999 3.SASAKI, G.H.,Comparison of open and endoscopic forehead lifts: A preliminary evaluation by questionnaire response. Presented at the Endoscopy in Plastic Surgery: A Consensus Multidisciplinary Symposium. Birmingham, AL July 20-24 1994 4.RAMIREZ, O.M.: Buccal Fat Pad Pedicle Flap for Midface Augmentation /^?. Plast. Surg. 1999:43:109. 5.RAMIREZ, O.M., Pozner, J.N.:Laser Resurfacing as an Adjunct to Endoforehead, Endomidface and Biplanar Facelift. Ann Plast Surg 1997:38:315-322. 6.STUZIN, J.; WAGSTROM, L.; KAVAMOTO, H.; et al : The anatomy and clinical application of the buccal fat pad. Plast. Reconst. Surg., 85:29-37, 1990. Hamra, S.T.: Composite Rhytidectomy. Plast Reconstr Surg 1992; 90:1. 7.HAMRA, S.T.: The Zygoorbicular Dissection in Composite Rhytidectomy: An IdealMidface Plane. Plast Reconstr Surg 1998; 102:1646-1657.

Figura 1. Delimitação das áreas de tratamento.

Arquivos Catarinenses de Medicina - Volume 32 - Suplemento 01 - 2003


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