Guia Prático de urologia

Page 272

Figura

2

Os cones vaginais facilitam a identificação e a contração da musculatura do soalho pélvico.

• Cistometria - Neste exame, estudam-se as variações pressóricas durante o enchimento vesical e a micção. Na primeira fase do exame, estuda-se a acomodação durante o enchimento vesical, denominada complacência. A ocorrência de contrações vesicais involuntárias caracteriza a instabilidade vesical (na ausência de doença neurológica) ou a hiper-reflexia do detrusor (na sua existência). A capacidade vesical funcional também é estudada nessa etapa. Do ponto de vista prático, a principal informação da cistometria refere-se à existência de contrações involuntárias, presentes em até 40% dos casos de IUE, manifestando-se clinicamente pela enurese noturna e eventualmente pela urge-incontinência. • Associação com métodos de imagem - A observação da abertura e mobilidade do colo vesical utilizando a fluoroscopia ou o ultra-som durante as medidas pressóricas constitui o estudo videourodinâmico, que permite a obtenção de informações adicionais e é de importância nos casos complexos, principalmente em serviços universitários de referência.

Tratamento da incontinência urinária de esforço O tratamento da IUE geralmente é cirúrgico, porém, recentemente, várias alternativas conservadoras de tratamento vêm sendo propostas.

Tratamentos conservadores Existem várias modalidades de tratamento conservador da IUE. Dentre elas podemos citar o treinamento vesical, a micção programada, os exercícios da musculatura pélvica, os cones vaginais, os pessários vaginais, os obturadores uretrais, as técnicas de “biofeedback”, a eletroestimulação perineal e o tratamento medicamentoso. Treinamento vesical - Funciona em diversos casos de urge-incontinência e de incontinência reflexa, ou seja, aquela que ocorre subitamente “sem sensação prévia ou aviso”. Por exemplo, vamos considerar o caso de uma paciente cujo diário miccional mostrava períodos de continência de até duas horas, após o que ocorria urgência miccional de forte intensidade. A paciente foi orientada a urinar a cada duas horas, independentemente do desejo miccional. Após uma semana sem

Figura

3

O pessário vaginal “Introl” eleva o colo vesical.

perder urina, a paciente foi orientada a aumentar progressivamente o intervalo entre as micções em meia hora. Exercícios da musculatura pélvica - Os exercícios perineais, também conhecidos como Exercícios de Kegel, são úteis tanto para o tratamento da IUE quanto para a urge-incontinência. Trabalhando inicialmente com pacientes idosas, o Dr. Kegel observou que os exercícios melhoravam não só a continência mas também o prazer sexual. Tratando-se de uma opção simples e barata, os exercícios são muito atraentes, porém é preciso salientar a necessidade de motivação para a obtenção de bons resultados, uma vez que os exercícios devem ser realizados constantemente e por toda a vida. Assim, o tratamento exige do médico disposição para orientação e apoio constante para conseguir resultados satisfatórios. Cones vaginais - Os cones vaginais (figura 2) melhoram os resultados dos exercícios perineais não só pelo aumento da carga (peso), mas também aumentando a motivação. O princípio é o mesmo utilizado pelos halterofilistas para aumentar a massa muscular, ou seja, trabalhar progressivamente um grupo muscular aumentando a carga usada. Estima-se que mais da metade das pacientes que utilizam os cones para fortalecimento da musculatura antes da cirurgia ficam completamente curadas. Pessários vaginais - Os mais modernos são feitos de silicone na forma de uma pulseira com duas elevações. Como na maioria dos casos de incontinência urinária a bexiga se encontra prolapsada, a introdução do pessário na vagina eleva a bexiga e a uretra para a posição normal, simulando o efeito de uma cirurgia corretiva (figura 3). Admite-se que após a adaptação a esse tratamento, 80% das pacientes permaneçam secas ou com melhora da incontinência. “Biofeedback” - Este método pode ser utilizado para tratar tanto a incontinência de esforço quanto a urgência miccional. A maioria dos equipamentos existentes possui um sensor eletrônico que é introduzido na vagina para registrar a atividade dos músculos pélvicos, e eletrodos colados na parede abdominal para monitorar sua atividade e informar se a musculatura está relaxada. Assim, quando a paciente contrair corretamente a musculatura perineal haverá uma representação auditiva ou visual (por exemplo, acender de luzes) informando se os músculos GUIA PRÁTICO DE UROLOGIA

281


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.