Guia Prático de urologia

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xicos mais comumente usados são a bleomicina, a cisplatina e o metotrexato, com respostas que atingem até 60% dos casos. As respostas obtidas geralmente são de curta duração, mas com toxicidade substancial, e raramente resultam em remissões completas. Novas drogas vêm sendo testadas e ainda não há repercussão em termos de remissão e sobrevida. Quimioterapia neo-adjuvante associada ou não a radioterapia é opção em fase investigacional para pacientes com doença volumosa e linfonodos inguinais fixos.

Conclusão O papel da quimioterapia nas neoplasias de pênis e uretra está restrito às situações localmente avançadas e metastáticas, com respostas acima de 50% para algumas variantes histológicas, porém sem benefício na sobrevida. Estudos adicionais também são necessários para confirmar os resultados preliminares da quimioterapia isolada ou associada a radioterapia como tratamento neo-adjuvante.

Quimioterapia em tumores prostáticos Tradicionalmente o tratamento quimioterápico tem sido levado em consideração nos casos de pacientes com doença metastática, de caráter agressivo e androgênio-independente, a partir de observações originadas dos trabalhos retrospectivos que compreendiam casuísticas heterogêneas no que concerne aos métodos diagnósticos e aos regimes terapêuticos. Recentemente apareceram algumas observações que parecem indicar um potencial mais amplo para o uso da quimioterapia. Hoje em dia a maioria dos pacientes se apresenta em boas condições clínicas, com mínimas manifestações da doença e apenas aumento do PSA. Nos pacientes com progressão da doença em vigência de hormonioterapia, a associação de mitoxantrono e prednisona resultou em importante redução da dor, acompanhada de declínio nos valores do PSA em 40% a 50% dos casos. Esta proposta de tratamento e outras combinações, incluindo químio-hormonioterapia, somente devem ser consideradas recomendação definitiva após estudos cuidadosamente selecionados para definir sua aplicabilidade.

pacientes. O regime mais amplamente empregado é o MVAC, desenvolvido em 1983, no qual são utilizados metotrexato, vimblastina, adriamicina e cisplatina. Quando se analisam as respostas obtidas com M-VAC e outros diferentes regimes quimioterápicos, não se observam benefícios inequívocos em termos de sobrevida. Entretanto, a metodologia empregada não foi a ideal para que se possam tirar conclusões definitivas sobre o assunto. A toxicidade da quimioterapia pode ser expressiva e este fato deve ser levado em conta no processo de decisão quanto à oportunidade de seu emprego. Apesar de ser um assunto conflitante, a recomendação atual recai, ainda, no uso da combinação M-VAC como a melhor escolha de tratamento. Os pacientes candidatos a quimioterapia seriam aqueles com doença restrita a linfonodos e em condições clínicas que sejam compatíveis com a potencial toxicidade desta quimioterapia. O papel da quimioterapia como estratégia neo-adjuvante é sem dúvida objeto de grande interesse, pois presume-se que a quimioterapia pode oferecer um potencial de preservação da bexiga, permitindo observar a remissão patológica pós-tratamento. Os esquemas em estudo são o MVAC e o M-VEC, este último substitui a adriamicina pela epirrubicina. Outros agentes quimioterápicos vêm sendo testados, como a combinação paclitaxel e carboplatina e gencitabina e cisplatina – esta última em fase de conclusão –, comparando-se com o M-VAC. Estudos moleculares poderão contribuir para uma melhor seleção de pacientes e, conseqüentemente, para uma terapêutica mais adequada.

Conclusão Apesar de a neoplasia maligna de bexiga ser altamente sensível à quimioterapia, os estudos falharam, até o presente momento, na demonstração dos benefícios em termos de sobrevida e revelaram toxicidade elevada. A quimioterapia neoadjuvante oferece potencial promissor pela possibilidade de preservação da bexiga, porém ainda aguarda o término de pesquisas em andamento. A análise de gene supressor talvez possa oferecer melhor seleção de pacientes para receber terapia mais agressiva e desenvolver novas modalidades de tratamento.

Conclusão Importantes observações que começam a ser feitas em diferentes grupos de pacientes possivelmente resultarão, nos próximos anos, na definição do papel da quimioterapia e da químio-hormonioterapia no câncer de próstata, tradicionalmente considerado um tumor sem resposta à quimioterapia.

Quimioterapia em tumores de bexiga Aproximadamente a metade dos pacientes com carcinoma de células transicionais de bexiga e com invasão de musculatura desenvolve metástases. Para este grupo e para os pacientes que se apresentam com doença metastática ao diagnóstico são necessárias novas opções terapêuticas. Os tumores de bexiga mostraram-se altamente sensíveis à quimioterapia com os esquemas incluindo cisplatina, determinando respostas parciais e completas em 40% a 75% dos

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Quimioterapia em tumores de testículo Os tumores germinativos de testículo representam um fascinante grupo de neoplasias sobre o qual a ação da quimioterapia oferece grande chance de sucesso com curas ao redor de 75%. O tratamento deve ser multidisciplinar para os diferentes estádios e trataremos aqui apenas das situações de indicação quimioterápica. As considerações modernas para o tratamento nos diferentes estádios baseiamse no Consenso Internacional de Classificação de Fatores de Risco do Grupo Colaborativo Internacional de Tumores Germinativos (tabela 2) associadas à classificação TMN/ AJCC (tabela 1) para tumores testiculares de 1997. O esquema quimioterápico mais usado é o PEB (cisplatina, etoposido e bleomicina), num total de três a quatro ciclos. Este regime apresenta boa tolerância e toxicidade moderada. As indicações de quimioterapia serão descritas a seguir.


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