HORNSUP Nº12

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nº12 - Abril/Maio 10

www.hornsup.net

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42 resenhas de CDs

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10 entrevistas

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13 resenhas de shows

amigos e inimigos entrevistas:

Municipal Waste Maylene and the sons of disaster Evergreen terrace Musica Diablo Through the eyes of the dead horse the band Itself bornholm mehra

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Musica Exclusiva! More than a Thousand “Black Hearts”

hornsup #11

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ao vivo: municipal wastec cannibal Corpse c nofx c p.o.d. c Iced earth c nile...



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índice Editorial Ganhe! ´ Noticias ~ PT saudacoes ´ Old school agenda sangue novo Artwork top 5 metalsplash

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more than a thousand municipal Waste maylene and the sons of disaster evergreen Terrace Musica diablo through the eyes of the dead horse the band itself bornholm mehra

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Resenhas Ao vivo

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Editorial Edit torial survival of the fittest Nº12 • Abril/Maio 2010

Editor-chefe Matheus Moura

Colaboradores nesta edição André Henrique Franco, André Pires, Andréa Ariani, César Bocáter, Elaine Thrash, Flávio Santiago, Igor Lemos, Italo Lemos, João Antonio, João Henrique, Luigi “Lula” Paolo, PT

Fotos Carla Valentim, Flávio Santiago, Felipe Ramalho, John Filipe, Marcio Rodrigo, Mauricio Santana, Ricardo Seiji

Design, Paginação, Webdesign Matheus Moura

Revisão André Pires

Publicidade/Contato huinfo@hornsup.net

Website www.hornsup.net

O sonho molhado que qualquer banda é sempre o mesmo: viver de música. Quando digo viver não me refiro a não morrer, me refiro a ganhar dinheiro. É certo que ninguém morre por estar numa banda, mas muitas pessoas abrem mão de uma vida melhor e outras oportunidade em busca desse sonho. Sonho esse que parece cada vez mais complicado. Antigamente existia os lucro das vendas dos CDs, hoje em dia mandar fazer um CD pode dar prejuízo. Ok, lá vem os espertalhões 2.0 dizer que a Internet só ajuda as bandas, que elas ficam famosas e fazem muito mais shows. Quais shows? Ah, aqueles que eles tem que vender ingressos ou pagar pra tocar? Não estou vendo aonde isso contribui para viverem da banda. A verdade é que hoje em dia há muito mais comunicação, divulgação e oferta, por outro lado, há menos apoio estrutural e financeiro. Qual seria a solução pra isso? Vejo muita gente batendo no peito e dizendo: “Sou indepedente!”. Pode ser, mas não do dinheiro. Gostaria de saber a solução. Assim aplicava o mesmo método aqui na revista, pois sofro também desse mal. Não era bom ser um editor, com escritório, redação, secretária e ainda cair algum dim-dim no fim do mês? Pois é, não são só as bandas que sonham...

Para concorrer às promoções visite www.hornsup.net e saiba com se inscrever. Sorteio: 30 de Maio de 2010

Matheus Moura

Myspace www.myspace.com/hornsupmag

Envio de material Portugal/Europa HORNSUP Att: Matheus Moura Rua Dr. Coutinho Paes, 167 8ºC 2725 Algueirão-Mem Martins Portugal

Gan Ganhe! nhe! A HORNSUP nº 12 oferece aos seus leitores os seguintes prêmios:

Brasil Igor Lins Lemos Rua José de Holanda nº 580 Aptº 603 Torre - Recife/PE - Brasil CEP: 50710-140

Dois (2) álbuns “Fractal” do Kamala www.myspace.com/kmlthrash

HORNSUP Rua Dr. Coutinho Paes, 167 8ºC 2725 Algueirão-Mem Martins Portugal

Procura-se Estamos sempre em busca de novos colaboradores. Se acha que pode se tornar parte de nossa equipe, envie um e-mail para huinfo@hornsup.net e mostre do que é capaz!

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hornsup #12

Um (1) EP “Prosper” do Contrive com Cd-RM + adesivo www.myspace.com/contriveaustralia

Dois (2) EPs “Questioning Beliefs” do Public Pervert www.myspace.com/publicpervertband

Vencedores das promoções HORNSUP #11 - Despised Icon: João Mileu (Pinhal Novo) / Before The Rain: Fátima Silva (São Paulo/SP) / HORNSUP: Evandro Giroto (Visconde do Rio Branco/MG), Kárin Cardoso (Rio de Janeiro/SP)


not notícias tíc cias

por André Henrique Franco

SUICIDE SILENCE

Dobradinha no Brasil

Meu Espaço Alguém aí já tem as respostas? Ah, sim, as perguntas: hoje em dia, faz sentido um CD? Quantas músicas deve ter um CD? Por que alguém compraria um CD? Papel, plástico, encarte, a mídia em si, tudo isso ainda importa? Senão, então, vejamos... Apesar de todo o avanço tecnológico, do barateamento da produção, etc, nem os caras mais nerds das bandas mais geeks conseguiram chegar a um formato que a gente pare e diga: “porra, é isso”. A turnê sul-americana do Suicide Silence terá duas datas no Brasil. A banda se apresenta nos dias 3 e 4 de Abril, no Inferno Club, em São Paulo. No sábado a abertura da casa fica por conta do Chainsaw Disaster e no domingo, a responsabilidade é dos caras do Buried Yesterday. Após os shows em território brasileiro, a banda completa sua agenda indo para Argentina, Chile, Equador, Colômbia e Venezuela. O grupo vem divulgar seu mais recente lançamento, o álbum “No Time To Bleed”, lançado em 30 de Junho de 2009.

CANCER BATS Sabotadores

Os canadenses do Cancer Bats postaram em sua página do Myspace uma nova música, intitulada “Scared To Death”, que estará presente no álbum “Bears, Mayors, Scraps and Bones”, a ser lançado em 13 de Abril nos Estados Unidos e Canadá. A banda já lançou um EP digital que contém 2 faixas, uma delas é a nova faixa do novo disco citada acima e a outra é um cover de “Sabotage”, do Beastie Boys. O cover, inclusive, ganhou um vídeo que pode ser visto nesse link: www.cancerbats.com/sabotage.

In Flames

Saída após 17 anos O guitarrista Jesper Stromblad resolveu deixar o In Flames. Após sair da banda por algum tempo para tratar do seu alcoolismo, Jesper retornou, entretanto agora, após 17 anos de In Flames, resolveu sair da banda permanentemente. Segundo declaração do guitarrista: “Os últimos 17 anos têm sido intensos, e eu estou orgulhoso de ter feito parte desta grande jornada, com as pessoas mais talentosas e maravilhosas que alguém pode desejar ter o privilégio de trabalhar. Eu também sou o cara mais sortudo do mundo em ter os melhores fãs no mundo, que têm vindo apoiar-me durante os meus momentos difíceis. Isso significa o mundo para mim, e eu estou determinado a lutar e derrotar meus demônios de uma vez por todas... e com a ajuda de vocês, eu estou no meu caminho”.

BLEEDING THROUGH

Respirando novos ares Dia 13 de Abril é a data oficial de lançamento do novo álbum do Bleeding Through, que será auto-intitulado. Esse será o sexto registro do grupo e sairá pela Rise Records. A gravação ocorreu no Planet Z Studios sob a supervisão do produtor Chris “Zeuss” Harris (Municipal Waster, Agnostic Front, Hatebreed). Este será o primeiro álbum da e banda com o guitarrista Dave Nassie (No Use For A Name, Suicidal Tendencies). As faixas “Breathing In the Wrath” e “Anti-Hero” já podem ser ouvidas no Myspace do Bleeding Through.

ROCK IN RIO LISBOA

Pela quarta vez em Portugal A quarta edição do Rock in Rio Lisboa irá realizar-se nos dias 21, 22, 27, 29 e 30 de Maio de 2010, no Parque da Bela Vista. No dia 27, Muse e Sum 41 são as principais atrações. Já no último dia do evento já estão anunciados os shows de Rammstein, Megadeth e Motorhead. Mais artistas devem ser anunciados nos próximos dias.

The ocean

Um oceano de conceitos Os alemães do The Ocean pretendem lançar 2 álbuns em 2010, “Heliocentric” e “Anthropocentric”. O primeiro será lançado em 9 de Abril e o segundo em Outubro, ambos pela Metal Blade. Os registros serão temáticos e, como os nomes indicam, “Heliocentric” abordará o heliocentrismo, que é a teoria que considera o Sol como o centro do universo. Já “Anthropocentric” diz respeito ao fundamentalismo moderno, onde o homem e a Terra são o centro das atenções. Os álbuns foram gravados em La Chaux-de-Fonds, na Suíça, a cidade mais alta da Europa. A gravação e a mixagem ficaram por conta do engenheiro de som Julien Fehlmann.

Mesmo quem disponibiliza o álbum inteiro na net ainda tá muito preso à ideia de CD. Por que lançar 10 sons e não só os cinco fudidões? Por que esperar tanto tempo entre um lançamento e outro? Fez um som, sobe no MySpace. Não parece a manobra mais correta? “Ah, o Coheed & Cambria compõem praticamente uma ópera, uma história com começo, meio e fim, cheia de capítulos”. Beleza, sobe a história toda. “Ah, o Sepultura fez um play baseado em ‘O Inferno de Dante’”. Mesma coisa, sobe tudo. Sejamos sinceros: são excessões. O habitual é uma banda fazer um punhado de músicas classe A e depois encher linguiça para convencer o comprador que o preço do CD vale a pena. Com a net, essa espinha dorsal se rompe. Ou, pelo menos, deveria se romper. Até porque outra premissa é a de que ninguém mais vai pagar por música. Gravadoras e empresários podem chiar à vontade. NINGUÉM quer - e vai - pagar para baixar som. Não tem volta. Até o mecanismo do download aliás tende a ficar cada vez mais simples. Conversei com um amigo que trabalha numa das maiores fabricantes de celular do mundo. A empresa dele comprou das grandes gravadoras os direitos de seis milhões de músicas. Seis milhões! Quando o sujeito adquirir o aparelho, já recebe uma senha para ter no celular os sons que quiser, dentro deste universo de aquisições. Ou seja: a fabricante sacou que ninguém vai pagar, foi lá, bancou ela mesma e ofereceu de graça pros clientes. Daqui a pouco, a concorrente imita, uma operadora também, depois outra e outra, aí é a vez do banco, da empresa de cartão de crédito e por aí vai. Adeus - de vez - pagar por música. Por que a indústria sai na frente? Por que não são as bandas que fazem isso? Por que esperar que o mercado defina os rumos? Não é mais fácil o formato partir de quem realmente está interessado na divulgação - as bandas? Não é estranho que, neste cenário, a molecada do hardcore não ouse e seja pioneira nisso? Alguém aí já tem as respostas?

pt saudações

hornsup #12

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Tesouros do

not notícias tíc cias BEHEMOTH

Nergal acusado

As crianças são o futuro www.youtube.com/watch?v=6pYtxD92SpY

Black Metal x testemunhas de Jeová www.youtube.com/watch?v=T_e602jXw1s

Adam “Nergal” Darski, frontman do Behemoth, foi processado no último dia 8 de Março por insultar os católicos. O processo diz respeito a um show em 2007 na Polônia, aonde Nergal rasga uma bíblia e diz que a igreja católica é o culto mais assassino do planeta. O vocalista já havia sido processado antes pelo mesmo incidente, porém o processo foi arquivado pois apenas uma pessoa se pronunciou (na lei polonesa são necessários pelo menos duas pessoas para validar a acusação). Nergal se declara inocente, declarando que se trata de uma performance artística, sem intenção de ofender ninguém. Entretanto, a acusação se baseia no fato de que cada cópia da bíblia é um ícone religioso e que a sua destruição consiste em ofensa. Se declarado culpado, Nergal pode pegar 2 anos de prisão.

WOE OF TYRANTS

Tiranos desgraçados

Intro de Zombieland (Metallica) www.youtube.com/watch?v=pXoMdByprK0

O terceiro álbum do Woe Of Tyrants, “Threnody”, chega as lojas no dia 13 de Abril via Metal Blade Records. A faixa “Tempting The Wretch” está disponível para streaming no Myspace da banda. O grupo estará em turnê durante o mês de Abril na Killfest 2010 Tour, que comemora os 25 anos da banda Overkill. O último registro do Woe Of Tyrants saiu em Janeiro de 2009 e se chama “Kingdom Of Might”.

WHITECHAPEL

O exílio dos homens

Acidentes no palco www.youtube.com/watch?v=0Z6woZZhHdY

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hornsup #12

O Whitechapel entrou recentemente no Audiohammer Studios, na Flórida, ao lado do aclamado produtor Jason Suecof (Trivium, All That Remains, The Black Dahlia Murder, Chimaira) para dar início as gravações de seu terceiro álbum, que sairá esse ano pela Metal Blade Records. O sucessor de “This Is Exile”, de 2008, terá artwork de Dusty Peterson, que já trabalhou com bandas como Six Feet Under e Bloodbath. Em uma entrevista, o guitarrista Alex Wade disse que o tema do novo registro será sobre a queda da humanidade e onde o homem é forçado a se tornar uma máquina, e que a capa do álbum irá explicar tudo isso em um sentido físico.

KILLSWITCH ENGAGE Sem Howard Jones

Howard Jones, vocalista do Killswitch Engage, teve que deixar a turnê atual da banda, com The Devil Wears Prada e Dark Tranquility, por razões pessoais. O vocalista do All That Remains, Phil Labonte, está substituindo temporariamente Howard durante essa turnê. No último dia 18 de Março, o ex-vocalista do Killswitch Engage, Jesse Leach, fez uma participação no show de sua antiga banda, interpretando cinco músicas - “My Last Serenade”, “Numbered Days”, “Self Revolution”, “Vide Infra” e “Temple From The Within”. No bis, a banda supreendeu mais uma vez retornando a sua formação original com Adam Dutkiewicz na bateria, Joel Stroetzel na guitarra, Mike D’Antonio no baixo e Leach no vocal, tocando ainda mais três sons: “Prelude”, “Life To Lifeless” e “Fixation On The Darkness”. Além disso, a banda disponibilizou online a música “My Obsession” que faz parte da trilha sonora do video game “God Of War 3.

TRIVIUM

Sangue e Metal O Trivium gravou uma faixa que está presente no EP “God of War: Blood and Metal”, trilha sonora do vídeo game “God Of War III”, disponível exclusivamente para PlayStation3 (PS3). A música se chama “Shattering The Skies Above” e já possui até um vídeo que pode ser visto na internet. O EP ainda conta com bandas como Killswitch Engage, Dream Theater, Opeth e Taking Dawn. Este vídeo marca a estréia do novo baterista Nick Augusto, já que Travis Smith, antigo dono das baquetas, deixou a banda. Nick já havia participado da “Into the Mouth of Hell We Tour” com o Trivium. Sobre a saída de Travis, o vocalista e guitarrista Matt Heafy disse: “Nós estávamos chegando a um ponto onde a banda estava não necessariamente se desmanchando - mas se dissolvendo na criatividade e talvez em fogo e energia ao vivo, então tivemos de fazer uma mudança para o positivo. Felizmente, conseguimos encontrar Nick, que foi capaz de intensificar-se e ser realmente o cara a nos levar ao próximo nível”.


not notícias tíc cias

Abre aspas...

AS I LAY DYING

VEIL OF MAYA

A Metal Blade definiu o dia 11 de Maio como a data de lançamento oficial do novo disco do As I Lay Dying, intitulado “The Powerless Rise”. Esse será o quinto full-length da banda. O grupo recentemente terminou o processo de gravação em San Diego com o produtor Adam Dutkiewicz (Killswitch Engage) e a mixagem com Colin Richardson (Machine Head, Slipknot) e seu assistente Martyn “Ginge” Ford. O As I Lay Dying embarcará em uma turnê pelos Estados Unidos em 29 de Abril, com o suporte de Demon Hunter, Blessthefall e War Of Ages.

”[id]” é o nome do novo disco do Veil Of Maya. O CD será lançado em 6 de Abril pela Sumerian Records e teve produção de Michael Keene (The Faceless), que já havia trabalhado com a banda na concepção de seu último registro “The Common Man’s Collapse”, de 2008. Em Maio, a banda fará parte da “Hell Chose Me European Tour” ao lado de Carnifex e Suffokate.

Crescimento impotente

SILENT CIVILIAN

Contos fantasmagóricos Tendo como principal membro o vocalista do Spineshank, Jonny Santos, o Silent Civilian irá lançar seu novo álbum em 18 de Maio pela Mediaskare/Century Media. O disco se chamará “Ghost Stories” e o clipe da faixa “The Last One Standing” já pode ser visto na internet. O vídeo foi dirigido por Scott Hansen (A Day To Remember, A Skylit Drive, Carnifex). O debut do Silent Civilian, “Rebirth Of The Temple”, foi lançado em Maio de 2006.

Véu rasgado

THE FALL OF TROY Queda livre

Após oito anos de carreira e quatro álbuns lançados, sendo o último deles “In the Unlikely Event”, que saiu em Outubro de 2009 pela Equal Vision Records, o trio The Fall Of Troy encerra suas atividades. Em declaração no site da banda, o vocalista/guitarrista Thomas Erak disse que a banda estava ‘em três caminhos diferentes de vida’. Além de Thomas, a banda tinha como membros Andrew Forsman (bateria) e Frank Ene (baixo, vocal). Os últimos shows do The Fall Of Troy ocorrerão pela “The Marked-Men 2010 Tour”, que termina em 25 de Abril, em New Haven, Connecticut.

“A raiva é uma dávida.” Zack De La Rocha (Rage Against The Machine)

Old School Neste ano temos vários “aniversários” de álbuns importantes na história do Heavy Metal, e entre eles está o grande e clássico “Rust in Peace” do Megadeth, que completa vinte aninhos. A história desse álbum é quase uma história pessoal e não de uma banda. Todo mundo conhece grande parte dessa história: Dave Mustaine, então guitarrista do Metallica entre 1981 e 1983, foi cortado de maneira relativamente “dramática” pouco antes da banda gravar seu primeiro álbum e alcançasse o sucesso que conhecemos hoje. Mustaine então resolveu montar uma nova banda em 1985, o Megadeth. Lançaram três bons discos, mas nenhum suficientemente bom para tirar Mustaine da sombra que o Metallica lhe fazia. Foi então que em 1990, Mustaine – após diversas formações da banda, que só manteve além do próprio, o baixista Dave Elleferson – recrutou o guitarrista Marty Friedman (ex-Cacophony) e o baterista Nick Menza, criando assim a formação considerada clássica por todos os fãs do Megadeth. O lançamento dessa formação foi com dos maiores discos da história do Heavy Metal: “Rust in Peace”. E finalmente, Mustaine ganhou vida própria. Com letras políticas (o

que já vinha dos álbuns anteriores), capa polêmica (onde aparece o ex-presidente americano George W. Bush Sr., entre outros líderes políticos da época) instrumental impecável, riffs matadores, músicos excelentes e a produção impecável de Mike Clink e do próprio Mustaine, o Megadeth apresentou nove bombas matadoras aos fãs. O álbum já começa com o riff destruidor de “Holy Wars… the Punishment Due”, clássico imediato. “Hangar 18” (e seus duelos de solo no final da música), “Take no Prisioners” (Take no… SHIT!) e “Five Magics” mal davam tempo de deixar o ouvinte respirar. Como na época nesse momento precisava virar o vinil ou a fita, dava tempo de tomar um fôlego antes de continuar no lado “B” com “Poison was the Cure”, “Lucretia”, “Tornado of Souls” (e seu riff que todo bom guitarrista já tocou um dia, se não, ainda vai tocar), “Dawn Patrol” – o único momento “mais ou menos”, pois nem é considerada realmente uma música por muitos dos fãs – e o encerramento apoteótico com “Rust in Peace… Polaris”. Ao terminar o álbum, você sabia e sentia que acabara de escutar um clássico do Heavy Metal, uma nova era para uma banda que tinha tudo para viver à sombra

Megadeth

“Rust in Peace” (1990)

de um passado melancólico, e confirmou sua vida própria a partir desse momento. “Rust in Peace” não tem época, não tem moda: foi genial quando saiu, continua genial durante esses vinte anos e vai continuar genial em vários outros vinte anos que virão. Parabéns, “Rust in Peace”. Luigi “Lula” Paolo

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age agenda enda

not notícias tíc cias COHEED AND CAMBRIA

SOULFLY

Os nova iorquinos do Coheed And Cambria estão prestes a lançar seu quinto álbum de estúdio “Year Of The Black Rainbow”, que deve chegar as ruas em 13 de Abril. Duas novas músicas já podem ser ouvidas no Myspace da banda, “Here We Are Juggernaut” e “The Broken”. Esta última faixa já recebeu um vídeo em suporte. O CD foi produzido por Atticus Ross (Nine Inch Nails, Jane’s Addiction) e Joe Barresi (Queens Of The Stone Age, Tool) e terá distribuição da Columbia Records nos Estados Unidos e da Roadrunner na Europa. A edição especial do registro contará com um livro de 352 páginas, que levará o mesmo nome do álbum, e foi escrito pelo vocalista Claudio Sanchez e o autor Peter David, do New York Times.

O Soufly irá lançar seu sétimo álbum de estúdio, “Omen”, em 25 de Maio via Roadrunner Records. O CD estará disponível em edição normal e especial autografada limitada, que também conta com um DVD, gravado no With Full Force Festival, na Alemanha, em Julho de 2009. No Myspace da banda, pode-se ouvir a faixa “Rise Of The Fallen” que conta com a participação de Greg Puciato, vocalista do The Dillinger Escape Plan. Além de Greg, outro que participa do registro é Tommy Victor, do Prong, na faixa “Lethal Injection”.

Arco-iris negro www.lineupbrasil.com.br

Brasil: Abril: 03 - Suicide Silence - Inferno Club, São Paulo/SP 04 - Suicide Silence - Inferno Club, São Paulo/SP 07 - Epica - Bar Opinião, Porto Alegre/RS 09 - Epica - Master Hall, Curitiba/PR 09 - Marduk - República Music Bar, Campo Grande/MS 10 - Epica - Via Funchal, São Paulo/SP 10 - Marduk - Clube Santa Cruz, Fortaleza/CE 11 - Epica - Fundação Progresso. Rio de Janeiro/RJ 11 - Marduk - Teatro Odisséia, Rio de Janeiro/RJ 15 - Social Distortion - Centro de Eventos Casa do Gaúcho, Porto Alegre/RS 15 - Marduk - Hammer Rock Bar, Campinas/SP 16 - Social Distortion - Circo Voador, Rio de Janeiro/RJ 16 - Marduk - Hangar 110 , São Paulo/SP 17 - Social Distortion - Via Funchal, São Paulo/ SP 17 - Marduk - Centro Cultural Lapa Multshow, Belo Horizonte/MG 18 - Social Distortion - Master Hall, Curitiba/PR 18 - Marduk - Boate Capital Clube, Brasília/DF 19 - Marduk - Bar Opinião, Porto Alegre/RS 20 - Megadeth - Clube Português, Recife/PE 21 - Korn - Credicard Hall, São Paulo/SP 22 - Megadeth - Estádio Nilson Nelson, Brasília/DF 24 - Megadeth - Credicard Hall, São Paulo/SP 26 - Megadeth - Pepsi On Stage, Porto Alegre/RS Maio: 08 - The Devil Wears Prada - John Bull Music Hall, Curitiba/PR 09 - The Devil Wears Prada - Carioca Club, São Paulo/SP 09 - Gamma Ray - Santana Hall, São Paulo/SP 15 - Napalm Death/Suffocation - Curitiba/PR 16 - Napalm Death/Suffocation - São Paulo/SP 29 - Aerosmith - Estádio Palestra Itália, São Paulo/SP 30 - Deathstars - Carioca Club, São Paulo/SP

Portugal: Abril: 08 - Sepultura/Crowbar - Cine-teatro, Corroios 10 - Kylesa - Porto Rio, Porto 11 - The Chariot/Iwrestledabearonce - Musicbox, Lisboa 13 - Agnostic front/This is Hell - Musicbox, Lisboa 14 - Despised Icon - Musicbox, Lisboa 20 - Mouth of The Architect - Musicbox, Lisboa 30 - Caliban - Revolver Bar, Almada 30 a 02 - Barroselas Metalfest c/ Kreator, Immolation, Dyng Fetus... Maio: 15 - Bleed From Within - Casa de Lafões, Lisboa 18 - Metallica - Pavilhão Atlântico, Lisboa 19 - Metallica - Pavilhão Atlântico, Lisboa 30 - Rock in Rio Lisboa c/ Megadeth, Motörhead, Rammstein, Soufly - Parque da Bela Vista, Lisboa

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hornsup #12

Ascenção dos derrotados

KORN

Novo selo e show no Brasil

CRO-MAGS / DEATH BEFORE DISHONOR A Liberation anunciou para o mês de Junho uma reunião da velha guarda e do sangue novo do Hardcore internacional na América do Sul. Os veteranos do Cro-Mags vem realizando shows de reunião ao redor do mundo e, quem os acompanha nessa empreitada é o Death Before Dishonor. O único show da turnê no Brasil será realizado no Inferno Club, em São Paulo, no dia 12 de Junho. A banda escolhida para abertura do evento é o Fatal Blow.

Jonathan Davis, vocalista do Korn, confirmou em entrevista a rádio americana KQXR 100.3 The X Rocks, que a banda realmente assinou com a Roadrunner Records para o lançamento do seu novo álbum, que possivelmente irá se chamar “Korn III – Remember Who You Are”. O álbum marca do retorno do produtor Ross Robinson, que produziu os 2 primeiros registros da banda, “Korn” e “Life is Peachy”. Esse também será o primeiro disco com o baterista Ray Luzier, que agora é membro permanente da banda. O Korn fará uma turnê pela América do Sul entre os dias 10 e 21 de Abril. O único show no Brasil encerra a turnê e será realizado no Credicard Hall.

BULLET FOR MY VALENTINE

OPTIMUS ALIVE! 2010

40 graus de febre

Fé, Alice, Céu & Inferno

A banda galesa Bullet For My Valentine irá lançar seu terceiro álbum, “Fever”, dia 27 de Abril via Jive/Zomba. O álbum foi produzido por Don Gilmore (Linkin Park, Good Charlotte). “Fever” é o sucessor de “Scream Aim Fire”, de 2008. A agenda da banda está lotada e suas paradas incluem vários festivais ao redor do mundo, entre eles o Bamboozle Festival e o Rock on the Range (EUA), Download Festival (Inglaterra), Rock am Ring e Rock im Park (Alemanha), Graspop Metal Meeting (Bélgica), Metaltown (Suécia) e Gods Of Metal (Itália).

As bandas Faith No More, Alice in Chains e Heaven & Hell foram confirmadas como atrações no próximo festival Optimus Alive! que acontece nos dias 8, 9 e 10 de Julho, no passeio marítimo de Algés em Oeiras (Portugal). Os bilhetes diários custam 50 euros e o passe para os três dias sai por 90 euros. Maiores informações podem ser obtidas no site www.optimusalive.com

Mescla de gerações no Brasil

Megadeth Rota latina

TRAP THEM

Rações imundas O novo lançamento do Trap Them, o EP “Filth Rations”, ainda não tem data prevista para chegar as lojas, porém, já se pode ouvir a faixa “Carnage Incarnate” no Myspace da banda. O registro será lançado somente em vinil de 12’’ e terá 4 faixas. A produção ficou novamente sob a responsabilidade de Kurt Ballou (Converge), no God City Studio.

O site oficial do Megadeth confirmou duas datas da turnê da banda pelo Brasil. São Paulo receberá a banda no dia 24 de Abril, no Credicard Hall e Porto Alegre será a sede do show do dia 26 de Abril, no Pepsi On Stage. Outros países latino-americanos também farão parte da rota de shows.


hornsup #2

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Sangue Novo por Igor Lemos

Vendetta Spoken Três anos, esse é o tempo de existência do grupo americano Vendetta Spoken. Praticando um misto de Death/Metal/ Grind “cores” da vida, tornaram-se uma promessa do cenário underground, ainda que não possuam um selo que os divulgue. Recentemente lançaram o álbum debut, intitulado “Shrieking of the Damned”, que fará o ouvinte bater a cabeça frequentemente

Burn My Heart At Sunset O Brasil também virou um ninho do Deathcore. Prova disso é a banda cristã do Rio Grande do Norte, Burn My Heart At Sunset. Vou ser sincero, se houvesse um selo que pegasse os caras, estaríamos diante de um belo EP no gênero. O vocalista Danilo Lima é um animal no que faz, variando perfeitamente em seu trabalho, com destaque às passagens graves. O guitarrista Russel William manda muito bem nas suas linhas e breakdowns, porém, assim como os outros

www.myspace.com/burnmyheartatsunset

Vindos da terra do Bring Me The Horizon, os britânicos do Rise To Remais certamente entrarão no cardápio dos fanáticos por Trivium e/ou Bullet For My Valentine. Com composições cadenciadas em elementos melódicos, gritos bem postados e refrões pegajosos, o quinteto pode ter chegado para causar um certo terremoto na cena underground. Com apenas um EP debut no mercado, já conseguiram realizar

hornsup #12

www.myspace.com/vendettaspoken

instrumentistas, senti muitos elementos do As Blood Runs Black aqui. Para um EP de quatro faixas, não é nada essa comparação, apenas um ponto de partida, visto que começaram em 2009. Uma pena que poucas pessoas conheçam esse som que, devo pontuar, é um dos que mais me agradaram no cenário nacional ultimamente. Coloco na banda uma aposta de que podem vingar. Por fim, ainda valorizam o país, cantando em português. Achou pouco?

Rise to Remain

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com as variações de guitarras, os breakdowns secos e os enfurecidos vocais de Seth Zacher. Não se limite a pensar que estão aí para ser apenas mais um nome no Metal, pois há esperanças de onde possam emergir do lugar que estão que, diga-se de passagem, será por pouco tempo. Se sua praia são os gêneros mencionados e você não tem medo de ouvir um som com uma produção mais simples.

shows com Trivium (é, coincidência...), Five Finger Death Punch e Shadows Fall, apenas para citar alguns nomes. Então, qual a razão de não apostar nos caras? A música “Nothing Left” com certeza será uma das suas favoritas de 2010, caso você curta essa praia. Fique de olho, pois não será surpresa se começarem a realizar turnês maiores em pouco tempo. Uma das promessas do ano. www.myspace.com/risetoremain


Lançamentos

Dead Warrior Não é todo dia que ouço uma banda de Deathcore/Metalcore da Argentina. Promovendo o primeiro EP, intitulado “The Progress of Disaster”, o quinteto de Buenos Aires quer apostar em um gênero que venho constantemente criticando, logicamente, devido à saturação. Bom, de fato não estamos diante de um grupo que possa quebrar a barreira chamada “lugar comum”, mas, não é sempre que estamos em contato com o que é feito no território hermano. Realizam, sim, ótimos breakdowns, como na faixa “We Built Optimus Prime”. Os vocais graves de Dany também apresentam pontos altos, sendo um dos destaques. Ainda falta um longo caminho para a Dead Warrior se manter nessa colméia

abril/maio

de bandas, onde todos parecem ser apenas um número, mas, quem sabe uma aposta da América do Sul não vinga? Não é sempre que vemos letras em espanhol no Deathcore e uma faixa com o nome de “Shao Kahn vs Rayden (Round II)”, certo? www.myspace.com/deadwarriorband Deftones “Diamond Eyes”

Creations Com apenas um EP na carreira, lançado em 2010, com o nome de “Ruined”, apresento a vocês o grupo de Metal/Hardcore (não confundir com Metalcore) Creations. Uma pergunta que fica no ar: qual o objetivo do debut? Simples, levar luz onde há escuridão e abrir os olhos dos cegos à temática cristã. Percebeu que são bem ortodoxos, certo? Mas, com porradas como “Gaining Ground” e “For Our King”, onde você mais pensará em se divertir no moshpit do que qualquer outra coisa, este material prometerá aos não adeptos do cristianismo. Apesar de ainda pertencerem ao cenário independente, não será difícil uma gravadora colocar um olho nos caras. Com uma música pesada, direta, com gritos bem colocados, a energia rola solta. E não é para menos, o ritmo pula-pula é bem

específico de quem vem da terra dos cangurus, a Austrália. Ainda precisam amadurecer em alguns pontos, porém, me dou por satisfeito neste primeiro ensaio. Desejo que lancem um full-lenght logo e possam aparecer com maior frequência nas turnês underground. www.myspace.com/creationshc

Son Of Aurelius Interessante como venho dando sorte para as bandas que escrevo nesta coluna. Muitas delas acabam conseguindo um contrato pouco tempo depois da edição sair. Na época que descobri essa obra de arte, em Janeiro, não possuíam nenhum selo em vista. Contudo, agora, em Abril, já irão lançar um full-lenght pela Good Fight Records. Mas não pensem que isso é grande sorte, tudo pode ser resumido em uma palavra: talento. Formada em 2009, em menos de um ano já montaram dois full-lenghts. Leu certo, dois! Com músicos extremamente técnicos, praticam um som calcado no Metal Progressivo unido a outras vertentes, como o Thrash e o Death. De uma simples reunião de três caras para fazer um som descompromissado,

Sick Of It All “Based On A True Story”

As I Lay Dying “The Powerless”

Veil Of Maya – “[id]” Bleeding Through – “Bleeding Through” Cancer Bats – “Beats, Mayors, Scraps & Bones” The Ocean – “Heliocentric” nasce o Son Of Aurelius, agora um quinteto pronto para alavancar sua carreira com o novo material, intitulado “The Farthest Reaches”. Sem sombra de dúvidas estará em seu player em breve - questão de tempo apenas. Se ficou curioso pelo som, vá ouvir logo!

Son Of Aurelius – “The Farthest Reaches”

www.myspace.com/sonofaurelius

Misery Index – “Heirs To Thievery”

Periphery – “Periphery” Sevendust – “Cold Day Memory” Bullet For My Valentine – “Fever” At The Soundawn – “Shifting” Taproot – “Plead The Fifth” Soulfly – “Omen”

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http://attack.hornsup.net

Artwork A mente criativa por atrás da Sledgehammer Graphix atende pelo nome de Jobert Mello. E foi justamente com ele que tivemos um dedinho de prosa sobre a sua vida e sua obra. O que te levou a trabalhar com design gráfico para músicos, sobretudo de Metal? Bem, já trabalho com design a muito tempo, pelo menos uns 15 anos. Também sou músico, baterista. Minhas bandas sempre foram de Metal/Metal extremo. Desde novo costumava fazer o que muitos faziam: admirar muito as capas dos LP’s da época. Depois dos CDs, então uma coisa levou a outra e aqui estou! Tem um belo portfólio atualmente. Como foi o caminho até conquistar isso? Muito trabalho e persistência... Ah, e também é preciso muita paciência e seriedade. Mas acima de tudo atenção para entender o que cada cliente almeja. Tens sempre que dar o teu melhor. Para mim, todo trabalho é sempre muito importante, independente de ser uma banda conhecida ou uma do underground. Todos desejam sempre que seu trabalho seja único e especial e que retrate o que têm em mente. Nisto sempre me foco para melhor atender aos clientes.

Tem algum estilo musical em particular para o qual gostaria de ter fazer alguns trabalhos? Em verdade, não. Tenho clientes dos mais variados estilos, indo do Black/Death ao Rock/ Pop. O que mais me agrada é quando tenho liberdade para criar e interpretar o que o cliente me pede. Às vezes, vendo de fora da banda sabemos exatamente o que lhe vai cair bem. Mas o cliente tem sempre razão e com relação a isso, toda vez que acho que uma idéia minha pode ajudar, a compartilho. Se agradar, bom, caso contrário, vou seguir as linhas guias enviadas por cada um. Com o enfraquecimento do suporte físico, as capas do álbuns perderam alguma relevância. Por outro lado, os myspaces, merch etc ganharam muita força. Como vê essa mudança? A mudança já veio quando uma arte que antes era feita para LP, passou a ter que ser feita para caber em um 12 x 12cm dos CDs. Para quem trabalha com arte foi um período de adaptação realmente. Mas ainda assim, as bandas e músicos se empenham muito quando resolvem “dar vida” à capa de seus lançamentos. Como uma evolução natural, a

Internet, o mp3 e as novas tecnologias geraram todo uma nova perspectiva de exposição para quem trabalha com música e arte. O MySpace ajuda muito às bandas que ganharam a liberdade e rapidez para promoção. Sem contar com a facilidade de levar seu trabalho para o mundo inteiro. E o melhor: com custos muito mais baixos e acessíveis do que anteriormente. Mesmo sem uma gravadora ou empresário para que possam “aparecer”, o investimento na própria música e na imagem de cada um passou ao primeiro plano tornando os artistas em design mais acessíveis a todos. No setor de design gráfico para Metal, quais seus artistas favoritos? Ah, meu favorito sempre foi HR Giger! Mas gosto, e muito, dos trabalhos de Gyula Havancsák, Joachim Luetke, Travis Smith entre vários outros. Matheus Moura www.sledgehammergraphix.com

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MEU TOP 5 “Alchemy Index Vols. 1,2,3 e 4” Thrice

álbum estar no meu TOP5, mas acho que o melhor argumento é escutá-lo.

Após uma mudança no som da banda, que iniciou com “Vheissu”, o Thrice chegou na excelência com esses 4 EP’s. A maneira como eles aplicaram a interpretação de cada elemento na produção das músicas é perfeita, foram ousados o suficiente e não se limitaram a estilos e rótulos, atendendo a necessidade de cada tema. Sem dúvidas esse CD é, para mim, um dos trabalhos mais completos que já ouvi.

“Reroute To Remain” In Flames

“The Division Bell” Pink Floyd

Lembro que este CD foi muito criticado pela “mudança de estilo” e uso de linhas eletrônicas, mas para mim foi um grande diferencial, além disso, as linhas melódicas foram muito bem escritas e a produção impecável fez com que ele mudasse alguns conceitos sobre “música pesada” que eu tinha na época.

“The Cold White Light” Sentenced Acho que sou mais fã de David Gilmour do que do Pink Floyd, e esse CD é a síntese de todo o feeling que ele pode colocar em suas músicas. Eu poderia listar vários motivos para esse

Oito anos do Festival de Rock Feminino Por Elaine Thrash Uma cidade pacata. Uma antiga estação de trem. Um calor dos demônios. E muito rock’n roll executado por mulheres. Estamos falando do Festival de Rock Feminino, que acontece na cidade de Rio Claro (SP). Em virtude da comemoração do Dia Internacional da Mulher, Rio Claro tem a honra de ser nomeada a capital do Rock Feminino. O que antes era um evento com diversas bandas que possuíssem em seu line-up pelo menos uma figura feminina, hoje se tornou um respeitado festival com um público numeroso e a oficialização de uma data: Nove de Março - Dia Municipal do Rock Feminino. Presenciamos o evento deste ano, que teve a Shadowside como headliner e o ex-VJ Thunderbird como apresentador. Foram 15 bandas tocando em dois palcos. A organização foi competente, pois não houve atrasos discrepantes e todos os shows tiveram destaque, afinal enquanto uma banda tocava em um palco, a próxima banda já se preparava no outro. O repertório de cada banda não ultrapassava 40 minutos. Nessa oitava edição, o festival teve um mês de programação, com início dia 7 de Março e término dia 21. Exposições, mostras de

Desde a mudança do Death Melódico para o Gothic Metal, todos os discos dos Sentenced vieram me surpreendendo até chegar o “The Cold

cinema e teatro, banda sinfônica, palestras sobre música, apresentações das bandas na Estação Ferroviária e o encerramento em Cordeirópolis. A convite da produção, conferimos as apresentações do dia 20, a começar pela banda Istha, que mistura hard rock, thrash metal, metal melódico e new metal. Muita mistura pouca coesão. O vocal destoou bastante. Na sequencia, uma surpresa levantou o astral. Nota Promissória, formada 100% por meninas de 11 a 15 anos! A pequena guitarrista deixa muito marmanjo no chinelo diante de tamanha desenvoltura! Com segurança e personalidade no palco elas irão longe. A Hell’O Bitch agradou pela mistura de hard, punk e pop rock com letras humoradas e realistas. Já a Subburbia parece não ter agradado muito com seu eletro-pop-rockalternativo. Depois veio a Pondera, que tocou um hard rock sem muita empolgação e com exageradas atitudes de palco da frontwoman. Folk, pop rock e uma atmosfera introspectiva marcam a Nosotros. Nada contra, mas um som à lá The Strokes e Los Hermanos não me diz absolutamente nada, então só para quem curte mesmo. Quem ainda estava na Estação lá pelas 16h conferiu a banda Babi Jaques e os Sicilianos. Ponto positivo só na voz. E pra quem queria peso, Hovário veio pra dar uma agitada, fazendo um Metalcore nos moldes de Chimaira, Pantera, Kittie e Otep. A seguinte, Mafalda Morfina, faz pop rock com influencias de Madonna, No Doubt e Raul Seixas. O quinteto da Vernate faz mais do mesmo no quesito: bandinhas alegrinhas que são tema da Malhação. E até que enfim, metal para alegria de nossos ouvidos! A Keys of The Light mandou bem em seu Gothic Metal à lá Nightwish. Pena que o público não estava

Felipe Moura Thriven

White Light”. Com melodias muito boas e solos bem construidos do falecido Miika Tenkula, esse CD foi, sem descartar o resto da discografia, um dos mais marcantes da carreira da banda.

“In Keeping Secrets of Silent Earth: 3” Coheed And Cambria Depois de ler sobre todo o contexto dos CD’s do Coheed, fui atrás dos álbuns e consequentemente acabei “viciado” no, cativante e grudento som da banda. Toda a discografia é muito boa, mas o destaque fica para o “In Keeping Secrets...” que está cheio de identidade e músicas de destaque como “The Crowing”.

muito empolgado com esse tipo de som. E o vocal estava um pouco oscilante. Depois veio a aguardada banda da molecadinha fã da vibe “Hardcore Malhação”, Fake Number, a nova sensação da MTV. Nada do que Fresno, NxZero e demais bandinhas da moda não fizeram. Sacrificed mistura heavy tradicional com thrash metal e este ano concorre para o Wacken Metal Battle. O vocal, ainda que bem potente, não é tão bom ao vivo. E finalmente, Shadowside dominando o palco principal, empolgando o público (já reduzido, afinal a maioria só foi para ver o Fake Number). Show impecável, galera agitando, porém faltou mais destaque e mais tempo de palco. Os fãs de Heavy Metal voltaram para casa (ou para o bar!) satisfeitíssimos após essa brilhante apresentação. Outra reclamação: a coletiva de imprensa que a banda deu horas antes do show começou depois do horário marcado e foi extremamente rápida. Nota 8 para o festival. Bem organizado, bem estruturado e, como todo evento que cresce a cada ano, teve falhas como a ausência de banheiros e de água e papel nos mesmos. Mas merece os parabéns pela iniciativa e pelo espaço dado para as bandas e, principalmente, às mulheres! Parabéns a todas nós e que conquistemos cada vez mais espaço tanto dentro quanto fora do Rock. E que venha o Rock Feminino 2011! O programa Metalsplash é exibido todo domingo pela alltv em www.alltv.com.br das 12h às 13h (hotário de Brasília). Pelo blog, semanalmente com atualidades da cena metal em www.metalsplash.blogspot.com

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Foto: John Filipe

entrevista

Amigos e inimigos Eis que é chegada a hora do More Than A Thousand relevar o 4º volume de sua jornada. Um volume produzido em terras americanas e que retrata mais uma fase na vida dos viajados meninos de Setúbal. Falaram a HORNSUP não só sobre o novo álbum e a viagem ao novo continente, mas também, como um encontro com Lady Gaga poderia ter mudado as suas vidas.

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More Than A Thousand “Black Hearts” (do álbum “Vol.4: Make Friends and Enemies”)

A

banda no decorrer dos anos passou por algumas modificações, tanto de line up como de localização geográfica. Como estão atualmente? Atualmente estão 4 membros originais: Vasco Ramos (voz), Filipe Oliveira (guitarra), Sérgio Sousa guitarra), Pedro Pais (bateria) e o novo membro Ricardo Cabrita no baixo. De momento, estamos todos a viver em Portugal. Estiveram alguns anos a viver em Londres. Estão de volta a Portugal de vez ou ainda retornam a Inglaterra? Não temos planos para voltar a viver em Inglaterra, gostamos de estar em Portugal juntos de amigos e familia. Só pensamos ir lá para tocar, rever amigos e apanhar valentes bezanas. Desde o último lançamento se passaram cerca de 3 anos. Além de compor e gravar o álbum, o que fizeram nesse meio tempo? Nem nos tinhamos apercebido que tinha passado tanto tempo. Há cerca de um ano entramos em estúdio para gravar o novo álbum que sai este mês. Estas coisas demorarm algum tempo, é preferivel fazer as coisas com calma para o resultado final ser melhor. Durante o restante tempo, para além de tocar, trabalhamos nos nossos projetos/ ocupações. O Filipe (Survival) e o Ricardo (Return to Life) fazem arte para bandas em freelance, desde merchandise até myspaces e presença na web, todo o tipo de trabalho relacionado com a parte visual de bandas. O Vasco trabalha para a Roadies DC e com o Rui Veloso, para além de ter a sua marca de roupa (Frightmare), o Sérgio estuda música no Conservatório e o Pedro trabalha como mecânico de pesados e nos tempos livres é instrutor de aeróbica e tem um DVD instrucional que podem comprar em www. vivamelhorcompedropais.com. Qual o conceito por trás do nome “Make Friends and Enemies”? Foi um pouco o que se passou nos últimos dez anos, por fazermos o que gostamos conhecemos muitas pessoas e fizemos grandes amizades mas tambem por fazermos as coisas à nossa maneira e como queremos sabemos que afastamos algumas pessoas de nós. O que interessa no fim do dia é viver a vida o melhor que se pode e fazer o que nos deixa felizes sem nos preocuparmos com o que dizem.

Quem são os vossos inimigos? Nós somos tipo o Chuck Norris, não temos inimigos, se tivessemos estavam fodidos! Como foi trabalhar com o produtor Paul Leavitt? Foi bom trabalhar com ele, quando não tinhamos dinheiro ele pagava-nos hamburgers, tacos, burritos, pizzas e chocolates. Ele é uma pessoa simples, direta e fácil de trabalhar. Tem a nossa idade por isso deu para estar à vontade em termos de trabalho como também em lazer. Como foi ir aos Estados Unidos gravar o álbum? Foi uma boa experiência passar um mês num país novo apenas concentrados na gravação do álbum e beber a partir das 5 da tarde. Tirando o facto de Baltimore ser uma das cidades mais perigosas dos Estados dos Unidos, as pessoas foram muito simpáticas connosco. Aproveitamos bem a experiência porque nunca se sabe se vamos voltar a ter hipótese de fazer algo semelhante. O peso das composições aliada a produção mais “gorda” tem uma abordagem que os aproxima algumas bandas americanas. Quais as vossas ambições com relação ao mercado norte-americano? Nós temos ambições e é para isso que trabalhamos, mas não queremos pensar nisso agora, nós queremos é tocar! A nossa ambição era andar em tour 300 dias por ano pelo mundo inteiro de preferência com bandas que gostamos ou bandas de amigos. Se surgir interesse de editoras americanas ou mesmo de outro país qualquer, óptimo! A Metronomo agora faz o vosso management. O disco também sai pela Metrodiscos? Sai, a Metrónomo deu-nos muito boas condições para gravarmos este disco, foi um esforço conjunto para conseguirmos gravar o disco nos EUA com o produtor que queriamos durante o tempo que precisavamos. Para além de Portugal, o álbum sai em mais algum país? De momento o unico país confirmado é o Japão, esperamos que com o decorrer nas tours que temos na Europa surja algum interesse de mais editoras.

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entrevista Por que não foi o Filipe a fazer o artwork do álbum e poruqe optaram por Brandon Heart? Ter uma banda dá-nos a possibilidade de trabalhar com pessoas que admiramos e o Brandon é um artista que o Filipe gosta muito e o resto da banda confiou e estamos todos muito satisfeitos com o trabalho dele. Já tinha acontecido o mesmo no álbum anterior. Quais as expectativas para a turnê de lançamento do álbum em Abril juntamente com os Men Eater? Gostávamos que as salas estivessem cheias e uma boa reação ao novo álbum visto que vamos tocar majoritariamente músicas novas, obviamente tocamos os temas antigos mais conhecidos mas queremos dar mais atenção ao album novo. De resto, estamos a contar com o rock de sempre, boa disposição e grandes comas alcoolicos, o costume... Apesar de serem novos, já andam há algum tempo nisso. Com relação a banda, qual a coisa que sabem hoje e que se soubessem logo no início da carreira faria imensa diferença? Tinhamos feito um dueto com a Lady Gaga, Katy Perry quando não eram conhecidas e um video realizado pelo Andrea Boccelli porque ele tem olho para a coisa. Agora a sério, a única coisa que faríamos era ir para o estrangeiro ainda mais cedo.

More Than A Thousand

Vol. 4: Make Friends and Enemies Metro Discos

“Vol. III: Mar” (2007)

“Vol. II: The Hollow” (2006)

O que 2010 reserva aos MTAT? Muitos concertos, praia em Agosto e um DVD em Dezembro a comemorar os 10 anos de banda. Pode ser que alguém no Brasil nos convide para uma tour (risos)! Matheus Moura www.myspace.com/morethanathousand

“Trailers Are Always More Exciting Than Movies” (2004)

“It’s Alive (How I Made a Monster”

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Discografia

Nesse 4º episódio da saga do More Than A Thousand parece que o trailer é tão bom quanto o filme! O novo álbum, “Vol. 4: Make Friends and Enemies”, mas uma vez revela o alto grau de profissionalismo dessa banda setubalense. Já haviam conquistado a maturidade à nível de composição, portanto foram atrás de um novo patamar de produção. Voaram até os Estados Unidos e ficaram um mês trancados no estúdio com o produtor Paul Leavitt (Gwen Stacy, All Time Low, I Am Ghost). O resultado são doze faixas do mais pesado que já fizeram. A mescla de punch com melodia, que é uma das características marcantes da sonoridade da banda, prevalece e ganha mais impacto. Tudo está mais cheio. Os riffs, os bumbos, os berros e os refrões ganharam mais força e amplitude. Os refrões pegajosos vão resultar em massivos sing-a-longs nos shows (“Nothing But Mistakes” é pra canta do começo ao fim). As demolidoras “I Will Always Let You Down” e “Make Friends and Enemies” é pra pôr o pessoal a moshar com força, enquanto “It’s Alive (How I Made a Monster)”, “First Bite” e “Black Hearts” reúnem a essência do MTAT: unir a agressividade a melodia de forma dinâmica e agradável. Esse álbum reflete uma progressão natural de uma banda que já a quase uma década anda em busca do seu lugar ao sol. Será desta vez que um selo grande gringo põe a mão do bolso para bancar umas viagens pelo mundo a fora para esses portugueses? Garanto que eles já tem as malas prontas. Matheus Moura


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entrevista

Post-Crossover

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Prestes a desembarcar no Brasil para sua primeira turnê, o vocalista do Municipal Waste, Tony “Guardrail” Foresta, concedeu a HORNSUP uma breve entrevista aonde dá uma prévia de como serão os shows no Brasil.

Q

uais as expectativas para os shows na América do Sul e especialmente no Brasil? Todas as pessoas com que falo que já foram a América do Sul, dizem que irei amar essa experiência, mal posso esperar para estar por aí. Mal consigo dormir. Sempre gostei de novas experiências e de conhecer novos públicos e culturas diferentes, especialmente por um público que já quero conhecer há muito tempo. A banda conhece alguma coisa da cena musical brasileira? É muito difícil conhecer bandas do Brasil e América do Sul, pela dificuldade que elas tem de excursionar e divulgar seus trabalhos fora deste eixo, gostaria de conhecer bem mais, porém já me mostraram e ouvi algumas bandas daí e gostei muito como Violator, Ratos de Porão, I Shot Cyrus, Sick Terror e Bandanos. Espero que possamos tocar com alguma dessas bandas. O que os fãs podem esperar de um show do Municipal Waste? Geralmente quem faz o show são os fãs, nós apenas subimos no palco e tentamos fazer o nosso melhor, tocar com o coração. As pessoas correspondem à altura e o que vemos é um público totalmente louco, agitando e fazendo moshs e stage dives para todos os lados. É uma troca de energia muito boa

que envolve um show do Municipal Waste, pois provocamos diferentes reações em um mesmo público e eu amo a tudo isso, pois nos faz ser o que somos hoje. Como a banda analisa seu último álbum “Massive Agressive” em relação aos trabalhos anteriores? Penso que “Massive Agressive” é um álbum genuinamente crossover, acho que encontramos algo a mais do que nos trabalhos anteriores. É um álbum com um humor melhor que os outros por isso o resultado saiu como queríamos. Em “Massive Agressive” vocês puderam contar novamente com o produtor Zeus, no qual já haviam feito os trabalhos anteriores. O que o estilo de trabalho dele tem que agrada a banda? O Zeus é uma pessoa muito importante para a banda, ele é divertido, prático, muito fácil para trabalhar e o mais importante de tudo, ele nos ouve como banda. Quais as bandas que vocês mais curtiram excursionar? Essa é uma pergunta difícil, mas excursionamos com algumas bandas bem interessantes e de diferentes estilos como Suicidal Tendencies, Gwar, At the Gates, Toxic Holocaust e Victim, são muitas as bandas mas adorei estar em turnês como todas elas.

O que a banda traz de essencial e que não pode faltar durante as turnês que fazem? Bem vejamos... gosto de trazer lenços umidecidos para limpar minha bunda e extremidades, ficar bem higienizado (risos). Também gosto de trazer para a turnê o meu próprio microfone, pois não quero ficar doente cantando em um mesmo microfone no qual quatro outros caras meteram a boca durante a noite (risos). Qual foi a turnê mais insana e louca do Municipal Waste e porque? Foi uma turnê que fizemos com o Lamb of God em uma arena no Canadá, haviam mais de 5 mil pessoas totalmente loucas naquele lugar, foi incrível!!! Quais são os prós e contras em estar em uma banda? Prós: Estar viajando, conhecendo pessoas e divulgando o seu trabalho para o maior número de pessoas possíveis. Contras: Ficar por todo esse tempo fora excursionando e deixar de ver amigos e familiares. Deixe uma mensagem para os fãs brasileiros. Vejo vocês em breve e mal posso esperar para derramar nossa raiva em vocês. Flávio Santiago www.myspace.com/municipalwaste

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Espingardas apontadas Baseados na história de Ma Barker, uma mãe criminosa e líder de uma quadrilha formada por seus filhos, os cristãos do Maylene And The Sons Of Disaster vem propagando seu Southern Metal aos quatro cantos do mundo. O vocalista Dallas Taylor trocou umas rápidas palavras com a HORNSUP acerca do álbum “III”, parcerias com a WWE e sobre a perigosa vida nas estradas.

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ocês são originários de Birmingham, Alabama, localizado na região sul dos Estados Unidos. Quais são as coisas boas em ser um sulista? É muito descontraído e a hospitalidade é maravilhosa, todos te tratam como um amigo. O novo álbum da banda, intitulado “III”, saiu em 23 de Julho de 2009 pela Ferret Music e debutou na posição #71 no Billboard 200. Estão contentes com a recepção que tem recebido da mídia e do público nesse terceiro registro? Sim, temos tido uma resposta muito boa até agora. As pessoas têm realmente abraçado isso, o que é uma boa coisa. O nome da banda é baseado na ‘lenda’ de Ma Barker e seus filhos, uma gangue de

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criminosos que agia durante a ‘Era dos Inimigos Públicos’ nos Estados Unidos. Porque a escolha dessa quadrilha como pano de fundo para o Maylene And The Sons Of Disaster? Qual a conexão entre Ma Barker e o conceito da banda? Nós apenas realmente prestamos atenção em sua história, e ela e seu filho mais novo foram mortos a tiros perto da cidade aonde eu cresci na Flórida. Então, foi apenas história local que permaneceu comigo ao longo dos anos e se encaixou na idéia que estávamos procurando para a banda. Parece que 2008 foi um ano de mudanças na banda. Houveram quatro trocas no line-up (saíram os guitarristas Scott Collum, Josh Cornutt e Josh Williams e o baterista Lee Turner) e entraram os novos guitarristas Chad Huff,

Jake Duncan e Kelly Scott Nunn e o baterista Matt Clark (estes dois últimos ex-membros do Underoath). Apenas você e o baixista Roman Haviland continuam como membros originais do grupo. Como conciliaram tantas mudanças de uma só vez? Essas trocas afetaram de alguma maneira na sonoridade da banda? Ainda podemos dizer que continuam sendo o mesmo Maylene And The Sons Of Disaster de antes, mesmo após tantas mudanças? Sim, a antiga formação foi além do acordo de turnês, então dentro de algumas semanas liguei para alguns velhos camaradas, e estávamos de volta nisso. Nós nunca sequer deixamos isso de lado. Tudo se encaixa agora. Ainda é o mesmo Maylene, mas nós apenas temos progredido em todas as áreas.


Não me parece ser tão comum uma banda possuir três guitarras em seu line-up. Qual o diferencial que elas trazem? Nós somos capazes de fazer muito mais ao vivo, e também podemos fazer muito mais no estúdio, e ainda tocar isso ao vivo. É apenas como ter mais um escritor na banda que ajuda quando se trata de escrever as músicas. Como estão sendo as turnês para a banda? Nos conte um pouco sobre a “Taste Of Chaos European Tour” que vocês fizeram ao lado de Killswitch Engage, In Flames e Every Time I Die. Sim, essas bandas são bandas maravilhosas com caras muito legais em cada uma delas. Foi uma turnê muito legal para nós, e nos divertimos muito estando na estrada com esses caras. Percebi que a banda trabalhou com a agência Sons Of Nero na concepção da edição limitada de Box Sets do novo álbum, “III”. Vi algumas fotos do Box e tudo ficou realmente incrível e muito bem feito. O pacote era composto de uma caixa de madeira com o logo da banda marcado a ferro, o novo CD “III”, uma fivela de cinto com os dizeres da banda, uma bandeira, uma camiseta edição limitada e dois cartuchos de espingarda. Algo

fantástico se levarmos em conta que, nos dias de hoje, cada vez mais pessoas optam por fazer download das músicas ao invés de comprar o CD físico. Acham que ações como essa ajudam a valorizar o CD? De quem partiu a idéia para a composição do Box Set? Eu realmente acho que isso faz do registro mais uma novidade quando se fazem as coisas desse jeito. Eu acho que a idéia veio um pouco de nós, do selo, da gerência e do Sons Of Nero. Nós meio que colocamos todas as nossas idéias em um único pote. Vocês fizeram recentes parcerias com a WWE (World Wrestling Entertainment), como a música tema para os lutadores The Big Show e Chris Jericho e também para o vídeo game ‘WWE Smackdown vs. Raw 2010’, além de que “Step Up” foi a música oficial do evento ‘WWE Bragging Rights’, que aconteceu em Outubro. Vocês são fãs de wrestling? Gostaram de fazer essas participações? Sim, todos sempre gostaram de wrestling na maior parte de suas vidas. Nós realmente ficamos muito empolgados em trabalhar com eles. Foi uma grande experiência, e tivemos muita diversão ao fazer isso. No dia 7 de Dezembro, enquanto viajavam para um show na Alemanha, o ônibus da

banda sofreu um acidente rodoviário, quando bateu em um carro cujo motorista havia dormido ao volante. Todos da banda estão ok? Vocês sofreram algum grande dano material? Sim, tudo está ok. Isso realmente nos chocou a principio, mas todos estão ok e o equipamento terminou por ficar ok, mas com certeza foi uma experiência muito louca. Ainda falando sobre acidentes, vocês não foram os únicos a sofrerem desse mal. No domingo (dia 6 de Dezembro), o ônibus do Weezer derrapou e o vocalista Rivers Cuomo teve três costelas quebradas. No dia seguinte (mesmo dia do acidente de vocês), foi a vez do ônibus do Every Time I Die sofrer um acidente. E na terça (dia 8 de Dezembro), a van do Underoath ficou destruída em outra batida. O perigo está a solta! Acham que a vida nas estradas está ficando perigosa demais nos dias de hoje? Eu acho que sempre foi perigoso. Você está praticamente arriscando sua vida diariamente dirigindo de lugares em lugares, mas nós amamos o que fazemos, então se eu me acidentar por algo ruim que aconteceu enquanto fazia isso, ao menos é o que eu amo fazer. André Henrique Franco www.myspace.com/mayleneandthesonsofdisaster

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entrevista

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Diversão garantida Com 10 anos de estrada, o Evergreen Terrace cativa com seu som e suas apresentações energéticas e empolgantes. Nesta bem humorada entrevista concedida à HORNSUP, o guitarrista e vocalista Josh James traz um pouco da carreira da banda e revela alguns detalhes sobre “Almost Home”, seu mais recente disco. Amplamente influenciados pela cultura pop e até pelo desenho “Os Simpsons”, que tem relação direta com o nome da banda, o Evergreen Terrace pretende, inclusive, pisar em solo brasileiro assim que possível.

O

novo álbum, “Almost Home”, saiu pela Metal Blade em 29 de Setembro de 2009. Como está sendo a reação dos fãs em relação à esse novo trabalho? Houve alguma grande mudança se comparado aos trabalhos anteriores, não só no aspecto musical, mas também na estrutura da banda, na composição das músicas, etc? Este registro realmente pareceu acordar alguns ouvintes entediados com as músicas de hoje. As resenhas e feedback que temos recebido pessoalmente não foram nada tímidos em creditar que este é o nosso melhor trabalho e não poderíamos concordar mais. “Almost Home” foi o registro mais fácil de se escrever, porque é o Evergreen Terrace em nosso melhor nível. Nós ficamos empolgados escrevendo, gravando e, agora, tocando isso. Por que a decisão de dividirem o processo de gravação, já que as músicas foram gravadas por Stan Martell, no Martell Studios (em Kingsland, Georgia) e os vocais e a mixagem foram feitos no AudioHammer (em Sanford, Flórida) com Jason Suecof? Nós nunca havíamos trabalhado com um produtor antes e realmente queríamos obter a ajuda de alguém na parte vocal da gravação. Jason Suecof produziu alguns grandes discos e pensamos “Por que diabos não?”. Foi uma experiência legal. Alguns títulos das músicas de “Almost Home” e também dos registros anteriores do Evergreen Terrace estão cercados de cultura pop. De onde tiram inspirações para nomearem suas músicas? E quanto as inspirações para as letras das músicas? Filmes, livros, cultura pop em geral, tudo isso nos inspira. Muitas vezes, tiramos linhas engraçadas de um filme ou livro e usamos para o título de uma música antes mesmo que as letras estejam escritas. Geralmente funciona dessa maneira estranha, que as letras que escrevemos de algum modo se encaixam com os títulos ridículos que já tínhamos. Talvez seja o destino, ha. De acordo com a Nielsen Soundscan, “Almost Home” vendeu cerca de 2 mil cópias em sua primeira semana de vendas nos Estados Unidos. O CD alcançou a posição nº 17 no Top New Artist Albums, que incluem artistas e bandas que nunca apareceram antes no Top 100 da Billboard, e debutou na posiçao nº 53 no Billboard Heavy Music. O que esses numeros representam pra vocês? Estão satisfeitos com a recepção do novo trabalho? Nós tentamos não focar em números. Eles são todos mentiras de qualquer maneira. A maneira que a Soundscan está configurada é besteira. O valor de uma banda não é apenas medido por quantas pessoas com-

pram o seu disco, mas sim por quantos fãs vão para os shows, apoiam e ficam ao lado da banda. O que significa o título “Almost Home”? Tem a ver com o fato de estarem a maioria do tempo em turnê e terem a sensação de que estão “quase em casa” durante esse período na estrada? “Almost Home” é uma frase revigorante que usamos às vezes enquanto estamos em turnê. Não importa quão ruim as coisas fiquem na estrada, sabemos que temos uma casa, mesmo que as vezes pareça que não. E lembrando cada um de nós que em casa esses problemas não existem e que quando chegarmos lá esses problemas terão desaparecido, nos dá uma sensação de que podemos continuar com essa porcaria. O nome da banda é realmente inspirado no desenho “Os Simpsons” (Evergreen Terrace é o nome da rua onde Homer Simpson e sua família moram)? Optaram por esse nome porque realmente gostam do desenho? Sim Falando em “Os Simpsons”, há um episódio em que eles vem ao Brasil. Nele, Homer é sequestrado por um taxista em meio ao carnaval, há ataques de macacos e uma cobra engole o Bart, entre outros absurdos. O que conhecem sobre o Brasil? Gostariam de poder tocar aqui em breve? Adoraríamos tocar no Brasil. As únicas coisas que eu realmente sei sobre o país é a história e seu estado político atual, mas eu não sei muito sobre os shows ou a energia do público. Nós nunca visitamos essa parte do mundo e esse é um dever antes do fim dessa banda. O baterista Kyle Mims sofreu um grave acidente de bicicleta em Julho e teve sua clavícula quebrada. Vocês viram como tudo isso aconteceu? Como Kyle está hoje? Ele já está de volta com a banda e totalmente recuperado? Quem assumiu o lugar dele durante esse período? Kyle está 95% recuperado e está de volta à banda hoje. Isso aconteceu no verão passado, logo antes de sairmos de casa para 6 meses de turnê. Foi acidende de bike brutalmente louco e ele quase perdeu sua habilidade de tocar bateria, mas felizmente nos mantivemos fortes e persistentes e ele superou todas as cirurgias e frustração mental e retornou em sua melhor forma. Foi um momento assustador para Kyle e o Evergreen Terrace. Estamos contentes por ver sua cara feia por trás da bateria novamente.

O Evergreen Terrace é uma banda cuja sonoridade é difícil de se descrever, combinando elementos do Metal, Hardcore e Punk. Nos conte quais são as principais influências da banda, já que mesclam elementos de diferentes estilos músicais. Nós somos inspirados por todos os estilos de música e acho que mostramos isso. Se você está perguntando sobre quais bandas que mais ouvimos, eu diria: Foo Fighters, Rancid, Propagandhi, Good Riddance, Hatebreed, Trial, Strung Out, Weezer, Lil Wayne, etc. O primeiro vídeo em suporte ao novo álbum, da faixa “Sending Signals”, já foi lançado e lembra bastante o filme “Karate Kid”. Essa foi a influência que a banda teve ao gravar o clipe? Ha, sim. Eu acho que você é o primeiro a dizer algo sobre isso. Esse filme é ótimo. Eu tenho um vídeo do Andrew (vocalista) explicando a trama inteira. Ele não para de falar por 45 minutos. Vocês fizeram, no dia 16 de Janeiro, um show especial em comemoração ao 10º aniversário, em Jacksonville, Flórida, terra natal da banda. 10 anos de estrada! Qual a diferença entre o Evergreen Terrace de 10 anos atrás e o atual? Quais foram as principais mudanças durante essa década de existência? Estamos mais velhos e mais lentos agora, (risos). A maior mudança é que tínhamos um sonho e corremos para isso e, agora, isso é a nossa realidade. Por mais que soe extravagante, é verdade. Dez anos atrás nós não planejávamos ser uma banda por mais de alguns anos e agora podemos olhar para trás e ver tudo o que realizamos e estamos realmente maravilhados com isso. Vocês também são conhecido pela energia que demonstram em seus shows ao vivo. Conte-nos um pouco sobre suas performances. Quais são os elementos indispensáveis para um bom show do Evergreen Terrace? Para alguns dos membros a chave é o uísque (risos). Shows ao vivo são, supostamente, para serem divertidos, e não temos medo de nos divertir. Não estamos impondo algum tipo de apresentação para todos, nós queremos que todos interajam conosco e se divirtão. Existem tantas bandas que são sérias enquanto estão no palco, foda-se isso... vamos rir e apreciar a música. Quais são os próximos passos do Evergreen Terrace? Estados Unidos, Australia, Europa, Estados Unidos. Essa é a nossa agenda até Setembro. Quem sabe após isso, esperançosamente BRASIL! André Henrique Franco www.myspace.com/evergreenterrace

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musica diablo O Diablo é o pai do Thrash No início eram quatro, hoje são cinco malucos que, além de fazer história e sucesso com suas bandas originais, resolveram se juntar para formar uma outra banda e tocar as músicas de seus ídolos favoritos. De apenas uma Jam session inusitada, o projeto virou coisa séria, em breve vai virar disco, que vai virar uma tour e tudo isso você confere nessa super entrevista com o guitarrista e vocalista André (Nitrominds). Para o bem ou para o mal, com vocês, Musica Diablo.

A

banda inicialmente era só uma simples reunião de quatro amigos que encontravam eventualmente para tocar músicas que gostam. Nada demais se esses amigos não fossem integrantes do Sepultura, Nitrominds, Ação Direta e Dead Fish. Pensando por esse lado, não parece, na prática, ser uma reunião muito simples né? Sim é verdade, por isso que o Marcão (Dead Fish/AD) teve que sair da banda, agendas não batiam mais, ele optou por deixar a banda, sendo assim o Edu baterista do Nitrominds assumiu seu lugar. Ter bandas montadas por ex-integrantes de outras não é novidade. Existem inúmeros exemplos mas são poucas as bandas que tem seus integrantes atuando em outras mas reunidas pra tocar covers. Conta pra gente de quem foi e como aconteceu essa idéia? Tudo começou muito por acaso, de uma conversa de bar montamos a banda; era pra tirar o stress das bandas que a gente toca atualmente e fazer algo que não tínhamos feito ainda. Eu e o Marcão que tivemos essa idéia,

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as coisas foram acontecendo, as músicas ficaram legais, ai que entra o Sr. Green (NR: Derrick, vocalista do Sepultura) na banda. Aliás, por que Musica Diablo? Queríamos um nome universal, que em qualquer língua você possa entender seu significado, Diablo dá uma conotação meio Black Metal a banda. Porém, em algumas culturas, Diablo quer dizer divisor de caminhos, tanto te leva ao bem como ao mal. A escolha do repertório é justamente mais pautada nos clássicos do Thrash Metal e em grandes bandas clássicas do estilo. A grande maioria que são muito provavelmente influência para 99 em 100 bandas mundiais. Por que a opção pelos clássicos e como vocês se dividem para escolher o repertório? A nossa influência é totalmente anos 80, porque foram as bandas que crescemos ouvindo. Gosto muito do que se têm feito por aí, porém, meu pé é lá nos 80. Exodus, Kreator e afins.

Há quanto tempo a Musica Diablo existe e a partir de que momento vocês decidiram, digamos assim, levar mais a sério o projeto a ponto de decidirem gravar material inédito? Foi um processo natural. As coisas foram acontecendo, assim que fizemos o Myspace, descolamos alguns contatos na Europa, gravamos mais uma demo, nosso empresário apareceu e mora na Dinamarca, Tommy Moriello. Já morou no Brasil, trabalhou no artístico da EMI, tem feito bastante coisa em nome da banda. Continuamos a ensaiar e a compor mais músicas, estamos gravando um disco agora... enfim, foi acontecendo tudo muito rápido. Acho que a empolgação de todos os membros fez a banda pular do estágio projeto pra ser uma banda mais séria mesmo. Sempre houve a intenção de ser uma banda fixa com mais ou menos os mesmos integrantes? Nunca houve a idéia de variar integrantes ou incluir sons inusitados? Você acha que é possível algo assim ou realmente não é essa a intenção?


Não, como eu disse tudo aconteceu meio rápido em nossas vidas e está tomando uma proporção que a gente mal consegue controlar (risos). Sendo figuras conhecidas e de bandas também bem respeitadas e com uma trajetória própria, estilos diferentes, por que a opção pelo Thrash especificamente? O Nitrominds é um pouco Metal também, principalmente pelas linhas de guitarra e batera. Gostamos de Metal, crescemos ouvindo esse estilo. Derrick faz um som no Sepultura que não tem nada haver com o Musica Diablo e é uma forma dele mostrar uma outra direção em seu trabalho vocal, de explorar esse potencial de ter a sua própria banda. Como vocês tem feito para conciliar e fazer as gravações? Está sendo muito difícil achar um tempo, principalmente porque o Sepultura é uma banda bem ocupada, mas conseguimos achar um espaço na agenda de todo mundo pra fazer esse disco. A banda gravou no Rio de Janeiro e Derrick fez as vozes aqui em São Paulo. Onde está sendo gravado e quem vocês escolheram para a produção? Esta sendo todo produzido no Estúdio Tambor no Rio de Janeiro, as vozes foram feitas no C4 em SP e o produtor é nosso amigo metaleiro de longa data, Rafael Ramos. A idéia é ficar somente com sons inéditos ou também terão covers?

Serão 11 músicas no disco, gravamos 14, apenas músicas inéditas A iniciativa de gravar e fazer turnês foi pedido dos fãs ou foi um apelo que vocês mesmos foram sentindo à medida que as coisas foram acontecendo? Sim, assim que você tem um record deal (NR: contrato de gravação), é ideal que você dedique um tempo na estrada Vocês tinham uma turnê esquematizada para o ano passado, certo? Por que não aconteceu? Não aconteceu por uma série de motivos, gravar o disco e ir mais estruturado para Europa com uma promoção melhor nos pareceu uma decisão mas acertada. Tivemos alguns entraves com a agenda do Sepultura X Nitrominds também. Como rolou a parceria com a Crash Band e a GDB? Tommy me achou na internet, desde então começamos a conversar, ele tem clara noção do que está fazendo e como tudo deve ser feito profissionalmente. Ele já foi do artístico da EMI no Brasil e na Europa tem agenciado outras bandas como o Onslaught da Inglaterra e o Chainfist da Dinamarca. Gostamos do estilo dele de trabalhar por isso está conosco, de forma clara e transparente. E agora, quais são a previsões de shows e divulgação? Estamos ainda acertando o contrato no Brasil e Europa de lançamento, esse disco tem sido muito esperado, por causa de o Derrick estar na banda e tudo mais. Shows começaremos

na Europa no final de Maio, no Brasil acredito que iremos fazer um show de lançamento também, porém ainda não temos datas concretas. Vocês pensam em fazer uma turnê conjunta? Das bandas próprias junto com o Musica ou com alguma das bandas homenageadas por vocês? Ainda não chegamos a pensar nisso, seria uma ótima idéia. Alguma banda dos sonhos ainda não foi incluída no set? Estamos pensando em alguns covers, não sabemos ainda direito o que vamos fazer. A HORNSUP é uma revista virtual e em termos de discos, muitos lançamentos tem sido feitos nesse formato. Você que é de uma geração que começou divulgando demo em cassete, passou por inúmeras fases e mudanças na cena, acredita que esse é o futuro mesmo? Qual a sua visão sobre esse momento atual? E do que você sente falta? Eu acho que a velocidade da informação é uma ótima sacada, acho que esse é o formato do futuro. O mundo está na internet, não tem como nadar contra a maré. Eu amava trocar fitas e cartas pelo correio, porém adoro quando pergunto alguma coisa alguém e alguns segundos depois isso já esta na minha caixa de entrada, as bandas também se tornaram donas de seus próprios produtos. Ducaralho isso. Andréa Ariane www.myspace.com/musicadiablo

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Presságio psicótico A visão paranóica do fim dos tempos e a perda de contato com a realidade, que leva ao suicídio e ao eterno inferno espiritual. É esse conceito muito bem desenvolvido que você encontrará nas letras de “Skepsis”, o novo álbum do Through The Eyes Of The Dead. Quem explica tudo em detalhes à HORNSUP é o novo vocalista Danny Rodriguez. Vale a pena conferir essas e outras respostas dessa banda originária da Carolina do Sul, nos Estados Unidos.

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O

Through The Eyes Of The Dead sofreu com constantes mudanças em seu line-up, tanto que o único membro remanescente da formação original é o guitarrista Justin Longshore. Sentiram em algum momento que a banda poderia acabar, devido a tantas saídas? Eu sei que em um ponto, Jake (baixista) e Justin (guitarrista) basicamente se perguntaram: “E então, vamos acabar com isso ou pegar alguns caras novos e continuar?”. Eles decidiram tirar um tempo para obterem os caras certos, então colocaram as coisas no eixo para a banda novamente e foi isso o que eles fizeram, e aqui estamos. “Skepsis” é o primeiro álbum da banda com o vocalista Danny Rodriguez, o baterista Mike Ranne e o guitarrista Chris Henckel. Como acha que se saíram em suas estréias? Muita coisa mudou, tanto na forma de se trabalhar quanto na sonoridade do grupo, com a entrada desses novos elementos? Eu acho que cada um de nós fizemos bem nossa parte no novo registro, eu acredito que o trabalho de bateria é doentio, Mike mantém essa pegada do Through The Eyes Of The Dead e acrescenta o seu próprio sabor, bem como Hank com o seu trabalho e eu tentando preencher as vagas de Nate Johnson e Anthony Gunnels. Eu diria que já estamos prontos para lançarmos outro álbum (risos), e todos se dão muito bem e isso é uma enorme vantagem ao invés de termos 5 egos colidindo em todos os momentos. Vocês tiveram que mexer em uma peça-chave de uma banda, que é o vocalista. Quando Nate Johnson saiu em 2007, como chegaram a você? Testaram vários caras antes ou já tinham em mente a pessoa certa? Eu sei que os caras estavam tendo um monte de testes para os vocais via e-mail e Myspace. Eu originalmente tentei para o The Faceless, mas não deu certo, então encontrei esses caras no Myspace e fiz uma tentativa. Eu tive que tentar cinco diferentes vezes, porque, em certos momentos, era eu e mais dois outros caras. Eles acabaram fechando com outro cara e o dia em que se encontraram com ele para o ensaio, ele basicamente veio “limpo” e disse que precisava voltar para casa para tomar algumas pílulas para ansiedade para poder entrar em turnê. Nesse ponto, Jake me contactou via MSN perguntando se eu ainda estava disposto a fazer os testes pessoalmente e se eu poderia pegar um vôo na noite seguinte. Eu estava totalmente quebrado, consegui $500 dólares, basicamente deixei meu emprego e voei no dia seguinte, enquanto aprendia oito músicas durante o vôo para o ensaio. Nós ensaiamos, eles gostaram, eu entrei para o barco, então vimos Jouney ao vivo em Virginia, ficamos chapados. Foi bem legal. Em recentes entrevistas, escutei a banda falar sobre o conceito que existe por trás do novo álbum, algo muito interessante. Pode nos explicar então, qual o conceito que envolve o registro e sobre o que falam as letras? O nome do álbum, “Skepsis”, tem relação com tudo isso? A história é uma visão em primeira pessoa do personagem principal que tem uma visão forte e cética sobre a humanidade e a realidade. Ele acredita que esta realidade é uma mera ilusão e que há forças celestiais e espirituais em trabalho que controlam este mundo e a

raça humana. Ele tem um sonho recorrente do apocalipse se aproximando e a condenação inevitável da humanidade. O sonho começa a levá-lo à paranóia extrema, então ele começa a buscar respostas para sua estranha suspeita. Ele, então, fica canalizado por um presságio que lhe dá uma visão do inferno e de como é o destino final para a raça humana. Ele se torna maníaco nesse ponto e se comunica com o presságio, pedindo para seu destino ser poupado e para que possa ser dado a ele o privilégio de se tornar uma força espiritual, como o presságio. Ele retorna da visão... psicótico, acreditando que o presságio lhe concedeu o poder de tirar vidas humanas, de modo que ele possa ser poupado. Ele perde toda sua consciência e moral, e começa a tomar a vida das pessoas de maneira incontrolável, e beber até morrer. Ele é desprovido de sanidade mental nesse momento, possuído por uma força malígna e sobrenatural, que está o matando com pressa. O presságio faz ele cometer suicídio e ele desce ao inferno. Ele acorda em um quarto branco; confuso no início, pensando que era apenas outro sonho... é aí que ele percebe que a sala está vazia, sem saída. Ele está em seu próprio inferno pessoal para eternidade. Seu presságio foi o seu “Skepsis” (ceticismo). O novo álbum foi masterizado por Alan Douches (Hatebreed, Shadows Fall), porém a produção ficou a cargo da própria banda. Por que optaram em auto-produzir o novo CD? Nós decidimos gravar o álbum com o nosso bom amigo Eliot Gellar, porque isso nos deu mais tempo para trabalhar, funcionou muito melhor com o nosso orçamento e tirou um pouco de stress dos nossos ombros do que se fossemos trabalhar com alguém que você não conhece tão bem, etc. A arte de capa de “Skepsis” ficou novamente sob a responsabilidade de Paul Romano (que também desenhou a capa do álbum anterior “Malice”) e traz uma ilustração bem interessante. Acham que o artwork também é algo importante para se compreender o trabalho como um todo? Eu definitivamente acho que o artwork é um elemento chave nos álbuns. Sim, a música fala por si só e obviamente é a parte mais importante... mas você sempre precisa incorporar uma imagem e “sentir” a música também. Os CDs tem que ser mais do que apenas músicas, também devem ser sobre apresentação. O Behemoth é um perfeito exemplo disso, sua imagem nos dá aquele sentimento dark, obscuro que eles carregam como banda. Eu acho que o artwork de “Skepsis” é, de longe, o melhor desta banda. Estamos todos apaixonados por isso e acho que se encaixa na história perfeitamente. Paul Romano não poderia ter feito um trabalho melhor. Em 2007, a banda gravou o clipe da faixa “Failure In The Flesh”, do álbum “Malice”, juntamente com o aclamado diretor David Brodsky. Este vídeo foi escolhido como o nº 7 do ano pelo programa Headbanger’s Ball, da MTV2. Pretendem gravar algum clipe para este novo disco e repetir esse sucesso de três anos atrás? Eu não tenho tanta certeza se um vídeo estará entre os trabalhos para este álbum. Se estiver, seria bem legal, mas, por agora, o plano é fazer turnês tanto quanto possível e obter alguma publicidade para esse registro.

[8] Through the Eyes of the Dead Skepsis

Prosthetic

Desde o início da banda, em 2003, os norteamericanos do Through the Eyes of the Dead já passaram por diversas mudanças no line-up. Da formação original, apenas o guitarrista Justin Longshore permaneceu. Para se ter uma ideia, “Skepsis”, terceiro álbum dos caras, apresenta, também, o terceiro vocalista, o brutal Danny Rodriguez. E, realmente, não foi apenas o time que sofreu alterações. Anteriormente caracterizada como uma banda puramente Deathcore, agora inverteram a mesa, mostrando muitas influências do Death Metal, e apenas um ou outro breakdown perdido por aqui ou ali. O que realmente contará serão as diversas paredes de riffs, as rápidas variações de notas, belos solos e muita agressividade. Muita mesmo! Em pouco mais de 40 minutos, o ouvinte será presenteado com excelentes trabalhos, como “Dementia”, “Inherit Obscurity” e “The Manifest”. Com uma arte de capa sombria e, ao mesmo tempo, bela, não será fácil encontrar alguém que se oponha ao que foi feito neste full-lenght. Pecam muito pouco no lugar comum do Death Metal, pois raramente haverá passagens que irão deixar alguém com a sensação de estar ouvindo The Black Dahlia Murder ou qualquer outra banda nesta linha. Apesar de fazerem muitos shows com grupos do Deathcore, como Impending Doom e Whitechapel, fique tranquilo caso você não curta o gênero. Há apenas traços, como já comentado. Por fim, concordo com tudo que o guitarrista Justin aponta, pois, de fato, estamos diante do melhor trabalho do TTEOTD, tanto em termos de maturidade, quanto de presença nas composições. E então, não vai pegar sua cópia? Igor Lemos

O que acham das pessoas que classificam o som da banda como “Deathcore”. Acham que esse termo já está saturado e que todos estão tentando “fugir” desse rótulo? Honestamente, isso está num ponto aonde digo, nos chame do que você quiser... nós sabemos o que somos e sabemos quais são as nossas intenções ao escrever essas músicas... se é Deathcore para você, legal, é Death Metal pra mim, no final das contas é tudo apenas Metal, quem se importa... beba cerveja, fume maconha, hail Tiger Woods. Quais os shows que mais gostaram de tocar ou aquele que foi o mais importante na carreira da banda? Eu, Hank e Mike não estávamos na banda quando eles tocaram no Sounds Of The Underground, em 2005, com Behemoth, Cannibal Corpse, In Flames, The Black Dahlia Murder, etc... estamos com inveja. Cite algumas das principais influências da banda. Morbid Angel, Darkane, Cannibal Corpse, Meshuggah, J-LO. André Henrique Franco www.myspace.com/tteotd

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horse the band Super Mario Bros + Hardcore = Nintendocore? Em entrevista à HORNSUP, o responsável por toda a parafernália eletrônica do Horse the Band, o maluco Erik Engstrom, nos conta sobre os atuais planos do grupo, o termo “nintendocore”, participações no novo álbum e como não lucrar em uma turnê de três meses. Isso e muito mais você confere agora.

C

omo estão as coisas para você e o Horse the Band no momento? Estão legais! Estou trabalhando em um site para a nossa “Earth Tour Photobook” (álbum da turnê mundial) e um set de 6 DVDs. É muito trabalho! Nós estamos indo para a África para uma turnê no final de Março, então estamos meio que fazemos nossas coisas próprias até nos reunirmos para os shows. O novo album, “Desperate Living”, é considerado pela mídia como a morte do Nintendocore no som do Horse the Band. Você concorda com isso? Bom, eu não sei bem. Nós estamos de saco cheio desse rótulo que nos deram, mas

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eu penso que a música “The Failure of All Things” é provavelmente a música que mais define o Nintendocore. Isso em termos de música, não de letra... Então, não estamos mais muito dentro disso, mas, vez por outra, ainda aparece nas nossas composições. A capa do álbum é muito… escrota. Eu amei. De quem foi a ideia? Eu não me recordo. Eu acho que foi uma daquelas ideias que surgem durante uma conversa em que estamos tirando onda de qualquer banda existente. Nós meio que pensamos: “vamos tirar uma foto fodida em que todos nós pareçamos degenerados e horríveis, e usar isso como a capa do novo álbum”.

Essa é a primeira vez que a banda aparece com vários convidados, como K-Slax, Jamie Sterat do Xiu Xiu, Ed Edge e muito mais. Há alguma coisa em especial com essa mudança? Eu acho que a gente nunca tinha pensado sobre isso antes, e então, quando você começa a pensar nessa hipótese, você acaba por notar que as possibilidades são infinitas. Nós não queríamos apenas ter algumas participações vocais estúpidas ou então um cantor de Hardcore gritando em nossa música. Isso já está sendo feito exaustivamente. Então nós tentamos pegar pessoas que poderiam dar às músicas uma personalidade diferente.


É o primeiro álbum com a gravadora Vagrant, certo? Eu soube que esse acordo não cobre gastos com gravação, promoção ou turnês. Então, as coisas estão indo bem mesmo assim? O acordo cobre os gastos com gravação. Nós determinamos que escolheríamos manter os gastos com propaganda bem baixos, porque o quanto antes nós tivéssemos de volta a grana para as despesas, mais cedo nós seríamos pagos pela venda de álbuns. O fato engraçado é que ninguém comprou o álbum, nem a quantidade suficiente para nós podermos bancar os gastos com a gravação dele (risos). Mas todo mundo, definitivamente, baixou ele. Então não foi uma falha na propaganda, tão quanto uma falha de nossos “fãs”.

Eu ouvi uma história muito estranha sobre uma turnê que a banda fez e que lucrou apenas 600 dólares. Você poderia nos falar sobre isso? Essa foi a “Earth Tour”. Foram 45 países em 90 dias. Voamos por todo o mundo, em cinco continentes, e agendamos os shows nós mesmos. Custou 60,000 dólares de vôos e outras despesas. Nós não somos ricos, nós apenas gastamos com nossos cartões de crédito e ficávamos esperançosos pelo melhor. No fim, nós perdemos mais ou menos 1000 dólares, mas quando nós finalizamos uma parte da turnê, nós tínhamos 600 dólares sobrando, então, inicialmente, pensamos que tínhamos lucrado 600 dólares.

Vocês trocam de formação na mesma proporção em que troco minha cueca. Você acha que o line-up atual irá vingar? Sim.

Como você poderia nos descrever um show da Horse the Band? Imprevisível?! (risos) Nós somos os melhores tocando loucamente em relação a qualquer outra banda que já tenhamos visto. Nós

nunca dizemos a mesma merda. Nós sempre dizemos o que está na nossa cabeça. Algumas vezes nós estamos muito felizes e outras estamos muito, muito tristes, e você sempre saberá exatamente o que estamos pensando. Fale-nos sobre sua experiência com videogames. Não negue, pois a banda ama isso. Você poderia nos dizer 5 jogos que você idolatra? (risos) Eu realmente gosto daquele som 8-bit, isso é verdade. Mas eu nunca jogo videogames. Eu acho que eu gostava, provavelmente, bem razoavelmente, quando eu era criança. Eu jogava Nintendo e Super Nintendo, e então, perdi totalmente todo o interesse. Videogame é para pessoas que possuem uma atenção formidável. Se eu morro duas vezes, já desisto. Eu realmente fui fã de Super Mario Bros 2 e também do Super Mario World. Igor Lemos www.myspace.com/horsetheband

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Quando menos é mais Nem sempre a quantidade de pessoas envolvidas numa banda se reflete em maior rendimento. O itSELF é um bom exemplo. Somente quando estiveram reduzidos a uma dupla que conseguiram compor, gravar e lançar seu primeiro álbum, “Make My Suffer Short”. O guitarrista/baixista Ricardo Falcon falou com a HORNSUP a respeito das vantagens e desvantagens dessa formação “enxuta” e fez um balanços desse primeiros passos da banda.

P

elo que sei a banda já foi formada por cinco elementos sendo que agora está reduzida a dois. O que houve? Todos nós sabemos que ser músico não é uma tarefa fácil principalmente no começo, aonde você trabalha em diversas funções como produtor, vendedor, agenciador, etc, e muito pior ainda se falarmos dentro do Death Metal. Já tivemos inúmeras formações diferentes, passando pela banda mais de 10 músicos. Alguns a deixaram por divergência de interesses, imaturidade ou até mesmo por estarem trabalhando e estudando e não conseguirem conciliar o tempo livre com a banda. Como em todo ser humano, a paciência tem limites. A partir daí, decidimos colocar um significado verdadeiro para o nome “itSELF” e fazer tudo por nós mesmos. O Estevan Furlan começou a fazer aulas de canto passando a ser o vocalista (algo impressionante pois não é uma tarefa nada fácil tocar bateria e cantar ao mesmo tempo) enquanto eu comecei a ter aulas de baixo com o Nilton Wood. Foi um esforço muito grande mas agora percebemos o quanto isso valeu a pena. Os ensaios, gravações e composições fluem muito melhor, apesar de ter um trabalho triplicado. Ao vivo, a apresentação em duo se torna impossível. Como tem feito? Temos um músico de apoio (live session member). No momento estamos com o baixista do Planeshift - Jonathas Peschiera. No show com o Hate e Destroyer666 em São Paulo, foi dividido em duas partes pois tivemos dois músicos de apoio. As primeiras 6 músicas foram tocadas comigo no baixo e o guitarrista do Death Tribute - Jonathan Becker - na guitarra e as duas últimas músicas como descrito acima, voltando à formação tradicional comigo na guitarra. Já tem o álbum na rua desde o final do ano passado. Nesses poucos meses, qual o feedback que tem recebido? Na verdade temos o álbum pronto desde o ano passado porém não lançamos ele em formato físico ainda por falta de capital. Deverá sair nesse formato até o final de Maio. Por enquanto ficamos apenas com o formato digital. Porém estamos recebendo ótimos reviews. Fico feliz em saber que o álbum está sendo muito bem aceito. As pessoas que acompanharam nosso trabalho anterior, a demo “Psychotic Domination”, ficaram impressionadas pois antes éramos em 5 e nos perguntam como conseguimos deixar as 3 antigas faixas da demo com uma qualidade muito melhor, sendo apenas 2 membros. Colocaram o álbum à venda em diversos distribuidores online como iTunes, Amazon ou Rhapsody. Como tem sido o retorno dessas vendas?

Dentro do esperado. Mas fico feliz em ver que as pessoas ainda preferem o formato físico. Vender música no formato MP3 é bom para quem não quer comprar o álbum completo e apenas gostou de uma ou duas músicas. Por que optaram pelos irmãos Wieslawski para fazer a mixagem e masterização? Primeiro porque somos fãs do Death Metal polaco. Porém, foi um fator não decisivo. Mixar Death Metal não é uma tarefa fácil e eles conseguem fazer isso com destreza. A música soa limpa, com cada instrumento no seu lugar e com definição (é claro que a gravação tem que ser boa também para que isso aconteça). Além do mais. são pessoas super acessíveis e têm um preço muito em conta pela qualidade oferecida. Como rolou a participação do baixista Nilton Wood? Tudo começou partindo da curiosidade de Nilton Wood quando comecei a fazer aulas com ele. Acabamos nos tornando ótimos amigos e foi a partir dai que descobri que ele não tinha nada registrado em estúdio, apenas uma vídeo aula em DVD. Como admirava muito o trabalho dele, resolvi convidá-lo para participar em duas músicas, totalizando 3 solos de baixo (2 na “I Can´t Stop” e 1 na “Twisted Into a Malignant Tumour”). Foi algo muito louco tanto pra gente quanto para ele. Da parte dele porque nunca tinha entrado num estúdio e estava super nervoso, ainda mais gravando Death Metal e da nossa por ter um músico super talentoso nos dando um enorme suporte. Soube que pretendem se mudar para a Europa. Como andam as preparativos? Já tem alguma coisa definida? Eu já estou na Europa, mais precisamente em Barcelona, há 5 meses. Da parte do Estevan não sei como irá rolar, uma incógnita. Acredito que queiram se mudar para a Europa para ter mais chances com a banda. Qual o cenário que esperam encontrar? Espero encontrar contatos, shows, bandas etc. Na Europa a situação cultural e musical é outra, vejo muito mais forte do que na América do Sul. Mais possibilidades de divulgação. Encontro mais pessoas aqui que escutam Metal não por ser barulhento e agressivo, mas sim por apreciar como música. Como foi tocar com o Sinister ano passado? Foi ótimo apesar de muitos problemas técnicos nesse dia. O Sinister é uma ótima banda, com muitos anos de experiência já e eles puderam nos passar um pouco dessa experiência.

Quais os planos para o futuro? Um vídeo? Novos shows? Estamos planejando uma turnê pela Europa para o segundo semestre desse ano (2010). Temos toda a idéia de um vídeoclip já e até algumas idéias brotando para um novo álbum, mas no momento estamos mais focados na divulgação do nosso debut. Matheus Moura

[7] itSELF

Make My Suffer Short Independente

Não foi preciso mais que duas cabeças (e 4 maõs!) para confeccionar “Make My Suffer Short”, álbum de estreia do itSELF. O duo que conta com Ricardo Falcon (guitarra/baixo) e Estevan Furlan (bateria/voz) superou as adversidades de manter uma banda convencional com 4, 5 elementos e tomou as rédeas. Gravaram 11 faixas, mandaram mixar no Hertz Studio na Polônia com os irmãos Wieslawski (Vader, Decapitated, Hate) e pronto. O trabalho árduo rende frutos, dado que o registro apresenta um Death Metal técnico e brutal com boa qualidade, tanto de composição como de produção. Enquanto Ricardo debita riffs metálicos para todos os lados, Estevan destrói o kit com precisão. O baixo é uma caso a parte, pois cria um diferencial (que funciona melhor em algumas situações do que em outras). Tem slaps ocasionais e não é usado simplesmente para “engordar” os riffs. Em linhas gerais, a técnica e a violência são os pontos fortes, entretanto, em certo momentos, a vontade de mostrar tudo que sabem sacrifica o dinamismo, sendo que inserem uma quantidade exagerada de riffs, fills e viradas dentro de uma mesma música. Tirando esse pormenor, o álbum tem tudo que um bom álbum de Death Metal pode ter. Brutalidade, destreza e técnica. Vale destacar algumas faixas como “Ultraviolence”, que concilia bem o groove com a destruição. A faixa-título que tem uma pegada muito legal e “Silent Disease” que é dedicada ao puro e duro headbanging. Se levarmos em conta que que esse é o primeiro álbum de uma banda de apenas dois caras, sem apoio nenhum, posso dizer que está muito bom. E digo mais, ainda podem fazer melhor. Matheus Moura

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entrevista

Dedicação extrema Vindo uma pequena vila da Hungria, o Bornholm vem ganhando espaço e merecendo atenção no underground extremo. O guitarrista e fundador Sahsnot (que até 2008 usava o nome Astaroth) atendeu a HORNSUP e comenta sobre o recém-lançado álbum, “March for Glory and Revenge”, tributo ao Bathory, seu trampo como artista gráfico e as dificuldades que teve durante a gravação. Íncrivel a sua dedicação e perseverança para manter a banda na ativa, superando inúmeras mudanças de formação e vendo amigos desistirem do sonho ao longo dos anos. Além de Sahsnot, o baterista D respondeu brevemente a algumas perguntas, e ficou transtornado quando falou sobre a atual cena musical húngara.

C

omo vem sendo a repercursão do novo álbum “March for Glory and Revenge”? Sahsnot: Enormes saudações para todos os leitores! Tivemos críticas extremamente positivas. Nós nunca pensamos que teríamos um retorno tão bom! Quando as primeiras resenhas chegaram pelo Roel - chefe do selo VIC Records - nós ficamos totalmente surpresos. Foi muito bom, após as coisas negativas e problemas que aconteceram conosco enquanto gravávamos e escrevíamos o álbum. Ele nasceu em meio a brigas e caos, e penso que seu som representa tudo isso. É uma música agressiva e guerreira. Nós tentamos expressar todas as coisas negativas e agressivas de nosso interior e o pesado período dos últimos anos só nos ajudou a fazer um álbum verdadeiramente grandioso. Queríamos fazer o melhor quando começamos a trabalhar neste álbum, e quando terminamos sentimos que conseguimos. Agora eu ouço os erros também e acho que o próximo será muito melhor, terá uma essência muito poderosa. Mas isto é comum nesta banda. Nós demos um grande

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passo adiante com este álbum após nosso primeiro lançamento. Mas nunca achamos bom o suficiente quando está terminado, e queremos marchar adiante! Vocês não devem esperar mais 3 anos para o próximo álbum. Mas Ok, vamos falar sobre o atual! Pessoalmente, eu realmente curti o álbum, que teve uma crítica totalmente positiva aqui na HORNSUP (ver edição # 10). Esta é uma boa oportunidade para o público brasileiro conhecer mais sobre a banda. O que vocês conhecem da cena metálica da América do Sul? Sahsnot: Nós estamos muito orgulhosos que as pessoas gostaram deste álbum até agora e espero que possamos nos encontrar em shows algum dia. Eu não conheço muito o underground brasileiro, mas eu me lembro de ter dado algumas entrevistas alguns anos atrás. Claro que todo mundo conhece Sepultura, por exemplo, mas eu gosto mais de seus primeiros trabalhos. Eu conheci Attila do Mayhem há muitos anos atrás e ele me contou várias histórias de suas turnês por aí (risos)!

Há um monte de fãs fanáticos por Black Metal na América do Sul. É realmente um mundo diferente! D: O público daí é lendário, selvagem e com fome de Metal, e a cena tem uma atmosfera muito especial! Eu conheço as bandas mais óbvias, como Sepultura, Krisiun, a brasileira Angra e a chilena Pentagram. Seu primeiro álbum, “...On the Way of the Hunting Moon”, é de 2003. De lá até 2008 a banda enfrentou constantes mudanças de formação. É esse o principal motivo para que o segundo álbum demorasse tanto para ser lançado? Sahsnot: Depois de uma demo EP e nosso álbum de estréia, houve um longo silêncio, e começamos a gravar este álbum com uma formação totalmente nova. Depois do lançamento de nosso primeiro disco houve mudanças na banda. Em 2006, o Vlad nos deixou, então Vozargh surgiu como guitarrista permanente e Thorgor como vocalista. Em 2007 um novo baterista, D, se juntou a nós, vindo do Sin Of


Kain. Saterion deixou a banda também após gravar o novo álbum. Nós tivemos todos os problemas que podem existir durante as gravações, nós tivemos que trabalhar diariamente para fazer a banda e isto foi muito difícil para alguns membros. A Hungria não tem uma cena dos sonhos para um músico. Tivemos épocas difíceis e não é fácil para se ter uma banda. Enquanto procurava por membros, eu trabalhava no álbum e a maior parte do trabalho foi feito por mim de novo. Então, musicalmente, não há muitas diferenças, porém as canções estão mais consistentes, na minha opinião. Em 2008, um novo baixista apareceu, um antigo amigo meu, Hjules do Sin Of Kain, e o line-up estava completo de novo. Eu acredito que encontrei os membros certos e esta é a verdadeira formação da banda. Claro que tudo isso causou o grande silêncio também, mas eu penso que é melhor demorar mais e fazer um álbum grandioso do que um ruim imediatamente... D: Você está certo, esta é a formação mais poderosa que o Bornholm já teve! A banda precisou de muito tempo e mudanças para este estado, mas acho que é um processo natural. Como você encontrou o vocalista Thorgor? Ele parece ser o cara certo para o posto! Sahsnot: Quando nós conversamos pela primeira vez com o Vlad sobre os problemas com a banda, Thorgor estava em nossa vista. Nós o encontramos pela internet. Ele é um cara muito jovem e conversamos por email. No dia seguinte enviamos a ele um cover do Marduk e nossa música-título do álbum anterior. Sua voz é muito poderosa e ele tem o carater que eu aprecio. Vlad tinha um estilo mais Death Metal de vocal, já Thorgor é totalmente Black Metal. Vlad era um pouco moderado no palco, mas Thorgor é como um demônio louco (risos)! Não existia tanta energia na banda, então ele chegou e soltou sua voz. Ele é um cara bem quieto, mas no palco é como um lobo enlouquecido. As letras de “March for Glory and Revenge” falam de paganismo e história antiga. Seria um álbum conceitual? Sahsnot: Conceitualmente o álbum inteiro é sobre as mil faces do paganismo, mas não há uma história principal ou algo do tipo. É baseado basicamente em antigas e esquecidas batalhas, mitos e sombrias lendas e acredito que tenha uma autêntica atmsofera. Eu não quero explicar as letras, se alguém se interessar mais, leia-as. Elas tem diferentes significados para cada pessoa, eu acho. Este é um álbum pessoal e qualquer um pode encontrar alguns momentos interessantes. Eu não gostaria de exercer influência sobre ninguém. Música e letras parecem estar interconectadas. Como é o processo de composição da banda, todo mundo participa? Sahsnot: Eu comecei a compor totalmente sozinho, como antes. Nós trabalhamos na maioria das vezes com músicos contratados, mas não houve problemas porque os 2 primeiros CD’s foram escritos por mim também. Após o primeiro período de composição, a música começou a ter sua própria vida. Em 2007, quando D chegou, ele fez alguns novos temas na bateria e foi tudo. Todas as outras linhas dos intrumentos foram feitas por mim. Eu não tive escolha, a banda sempre teve formações diferentes por anos. Eu ouço a música

completa na minha cabeça e tento separar os instrumentos e criar a atmosfera e as melodias que eu escuto dentro de mim. Você pode fazer isso apenas vindo de seu interior, precisa de sua alma e coração. Agora estamos trabalhando no nosso próximo lançamento, como eu mencionei anteriormente, e todos os membros tentam colocar suas melhores idéias na música. Eu sou o líder como antes e alguém tem que decidir quais partes harmonizam com as idéias base, mas é mais um trabalho em equipe. O D é um baterista brilhante, e, depois de mim, ele é a pessoa mais criativa da banda. Haverá muitas levadas de bateria surpreendentes, totalmente metálicas e técnicas. D: Sahsnot é o principal compositor na banda, até agora ele compôs tudo da música, baixo, sintetizadores, letras, tudo. Mas estamos trabalhando no próximo álbum do Bornholm neste momento, e posso dizer, é um trabalho em equipe. Vozargh está colaborando com sua parte na composição das músicas e Thorgor tem algumas grandes letras. “Acheron”, do álbum “... On The Way Of The Hunting Moon”, recebeu um video clipe. Pretendem também gravar algum para “March for Glory and Revenge”? Sahsnot: Sim, é claro! Nós estamos neste momento trabalhando para o vídeo da música “Dreams Of Ages”. Queremos fazer um vídeo artístico e bem sombrio. Estaremos gravando as partes da banda nas próximas semanas! Temos muito interesse em gravação de vídeos. Nós tocamos no Pagan Fest Tour na Hungria, que foi filmado com 7 câmeras, e queremos utilizar a filmagem em outro clipe, talvez para a música “The Call of the Heathen Horns”. Queremos fazer mais vídeos profissionais. Hjules e eu trabalhamos como artistas gráficos – ele fez um monte de capas do Annihilator, Destruction e outras bandas de Metal em todo o mundo - e isso é uma ajuda muito grande para a banda que tem 2 artistas visuais. Eu fiz todas as capas e o design do merchandising do Bornholm e será assim no futuro também. Isto é muito bom porque eu posso expressar minhas idéias musicais e visuais juntas. Existe um contato muito forte entre as duas coisas na banda. E os fãs recebem um material autêntico, tudo o que você ouve ou vê foi feito pelos membros da banda! No Myspace vocês disponibilizaram a faixa “Valhalla”, presente no recém lançado “A Hungarian Tribute To Bathory”. Quarton e Bathory são influências diretas para os membros do Bornholm? Sahsnot: Bathory é uma de minhas mais fortes influências, mas acredito que eu nunca copiei alguém. Claro que você pode sentir a mesma espiritualidade ou atmosfera similar na música. Eu gosto mais daquele lado depressivo e sombrio do paganismo que Quorton usou no Bathory. “Hammerheart” e “Twilight...” são meus álbuns favoritos, mas também gosto muito dos primeiros álbuns do Bathory. Ele deu o nome para essa banda tirado de uma condessa húngara e a Hungria o saúda com esta compilação. Um dos meus melhores amigos, Krisztian Simon, dono de uma pequeno selo aqui na Hungria, me contou que estava planejando a um tributo húngaro para o Bathory. Com meu projeto paralelo Invictus eu participei de um tributo ao Burzum para o mesmo selo. Eu disse a ele sim na hora, e, no verão, a música já estava pronta. Foi feita uma bonita capa em digipack

para o CD e quando enviaram uma cópia para o Boss - pai de Quorton e chefe da Black Mark – o surpreendeu de tal forma que ofereceu a Krisztian um acordo de licença. O álbum agora está disponível por todo o mundo e é uma história de muito sucesso. Eu não vi muitas críticas sobre ele ainda. D: Claro, Bathory deixou uma impressão essencial em mim, principalmente a era pagã (“Twilight, Of The Gods”, “Hammerheart”, “Blood On Ice”) mas eu gosto muito do material cru também! “Valhalla” foi uma cover perfeita para o Bornholm, grandiosa pulsação das batidas, grandiosas melodias, sentimento monumental e tem excelente letra. Nós encontramos muitas oportunidades na música para fazermos algumas mudanças (principalmente no refrão) então nossa versão é ligeiramente diferente da original, mas este é a intenção de um cover. E como é a cena de Metal extremo na Hungria? Sahsnot: As bandas mais conhecidas são merdas comerciais ou banda de metal old-school já cansadas... Se você quiser ter alguma informação sobre a atual cena underground, você tem que ouvir o tributo húngaro ao Bathory! Nós tinhamos uma forte cena Black/Death Metal alguns anos atrás, mas 80% destas bandas não existem hoje em dia. Atualmente nós temos uma jovem geração na cena, mas eu não ouço e, honestamente, eu não estou interessado em me alinhar com eles. A propósito, a banda dos ex-membros do Sear Bliss parece ser bem interessante. D: Nós tinhamos uma ótima cena underground alguns anos atrás, com talentosas bandas, mas a maioria delas está inativa hoje em dia. Estou triste por ter que dizer isto, mas tem um monte de bandas que eu não posso recomendar pra ninguém. A maior parte das bandas estão trabalhando com as tendências atuais do Metal, então inescapavelmente as transformam em cópias. Honestamente, eu estou cheio e cansado dessas vinte mil bandas chatas de Doom/ Sludge, as bandas de Hardcore agressivamente liberais e arrogantes, e os caras meio emo do Deathcore. Toda a cena musica húngara (não só a de Metal) está realmente fraca agora. O que vocês ouvem em casa atualmente? Algo além de Metal? Sahsnot: Eu ouço muita música, maioria Metal, mas gosto de trilha sonora de filmes e música atmosférica. Depende da moldura da minha mente no momento. Eu gosto das grandes bandas da década de 80 e Thrash e Black Metal do começo dos anos 90. Estou agora no período de composição e tento ouvir menos Black Metal, eu não quero ser influenciado por ninguém diretamente. D: Eu gosto de praticamente todo tipo de música, eu não ligo para estilos. Claro que Metal é a música mais típica do meu gosto, mas eu curto Dark/Ritual Ambient, Industrial, Neofolk (Invictus, do Sahsnot, é uma das bandas mais brilhantes desta cena!), Jazz e World Music também. Eu ouvi hoje “The Real Thing” do Faith No More (meu favorito pra sempre), e “World Painted Blood” do Slayer, que eu acho um álbum perfeito, não consigo me cansar de ouvir. André Pires

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Arquitetos do apocalipse Escalados para abrirem o show do The Devil Wears Prada em São Paulo, os paulistas do Mehra falam um pouco sobre a trajetória da banda, antecipam os próximos passos de sua carreira, a opção por cantarem em português e o estilo de vida straight-edge. O baixista Newton Borsatto trocou uma idéia com a HORNSUP em meio aos dias que antecedem o principal evento da carreira do grupo.

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algum título definido, onde estão gravando, previsão de lançamento, etc. Na verdade, não iremos lançar um EP. Lançaremos 2 músicas novas apenas, que já antecipamos que está com uma pegada de som bem diferente do primeiro EP “Vitral dos Anjos”, algo um pouco mais rápido e intenso. Estamos gravando no Estúdio RG, aqui na cidade de Americana mesmo. A previsão de lançamento está para o final do mês de Abril, e o resultado está ficando muito bom. No dia 9 de Maio estarão abrindo o único show do The Devil Wears Prada no Brasil, no Carioca Club, em São Paulo, ao lado do Fim do Silêncio. Como surgiu essa oportunidade? O que o público pode esperar do Mehra para este show? Essa com certeza é uma grande oportunidade para a banda, tanto em termos de divulgação, quanto em experiência. Havia tido uma conversa com o organizador do evento, mas que não tinha dado nenhuma confirmação para a gente. Ficamos sabendo realmente, assim como todos, somente no dia do lançamento do cartaz (risos). Vários amigos nossos viram o cartaz antes mesmo da gente. Com certeza, iremos dar o sangue para ser o melhor show do Mehra! Esperamos que o público nos receba bem, e retribuam com a mesma intensidade. Existe algum significado ou temática por trás do nome Mehra? Não. Na verdade não existe. Surgiu meio que do nada para a gente, e qualquer semelhança é uma “mehra” coincidência, ok? (risos) Que outras bandas são tidas como influências para vocês? Nossas principais influências são: Amon Amarth, Heaven Shall Burn, The Black Dahlia Murder, Comeback Kid, Aquiles Priester, Maylene and the Sons of Disasters, Saosin, Johnny Cash, Hank Willians, Thrice, DJ Bless a.k.a. Sutter Kain, Moana.

F

aça um breve currículo do Mehra. Como e onde se conheceram e da onde surgiu a idéia de formarem uma banda? Nos encontramos pelas festas que ocorriam em nossa própria cidade (Americana/SP), que eram bastante frequentes na época e proporcionou com que nos conhecessemos. Todos já tiveram outras bandas de estilos diferentes e tínhamos vontade de ter uma banda de Metal, por isso formamos o Mehra, que existe há cerca de 4 anos, tendo tocado por várias cidades do estado de São Paulo. Na época em que montamos a banda, praticamente não se via bandas do estilo em nossa cidade, isso também nos motivou. Vocês estão para lançar um novo EP. O que pode nos antecipar sobre esse registro? Conte-nos alguns detalhes, se já possuem

Como é o processo de composição das músicas na banda? Quem é o responsável pelas letras e do que elas tratam? O que os inspiram quando estão escrevendo as músicas? A melodia é composta por todos os integrantes. Já as letras são escritas por Thiago Fontanin (voz). Elas tratam basicamente do nosso cotidiano e de histórias apocalípticas. Qualquer coisa pode servir de inspiração, como por exemplo: filmes, documentários, guerras, artigos, etc. A banda opta por gravarem suas músicas em português e conseguem fazer isso muito bem. Acham que isso valoriza a língua nacional e proporciona uma maior aproximação com o público brasileiro? Com certeza! E esse é o nosso principal objetivo. Alcançar o maior público com o conteúdo positivo das letras. Um grande desejo do Mehra é chegar a outros países mesmo cantando em português, pois em nossa opinião, é a língua mais completa que existe, e devemos valorizá-la.

Em 2007 lançaram o EP “Vitral dos Anjos” (que está, inclusive, disponível na íntegra para audição no Myspace da banda). O que tem a comentar sobre esse, que é o único registro do Mehra até o momento? Esse EP teve uma ótima repercussão, muito além do que esperávamos. Até hoje ele nos traz oportunidades, elogios, críticas, e pessoas que valorizam nosso trabalho, e isso é muito gratificante e incentivador para lançarmos coisas novas. A banda sofreu nesses últimos tempos com algumas trocas de membros. Como foi lidar com isso? Quem estará presente na atual formação que poderemos ver no show do The Devil Wears Prada? Passamos por um período um pouco difícil para encontrar pessoas que se identificassem com a gente e nosso som. Ficamos mais ou menos 1 ano parados, o que acaba desestabilizando algumas coisas, mas agora deu tudo certo e hoje a banda está em plena atividade. A formação que verão no show do The Devil Wears Prada é Gustavo Duarte e Vinícius Nascimento nas guitarras, Thiago Avelino na bateria, Newton Borsatto no baixo e Thiago Fontanin no vocal. Como está a agenda de shows da banda? Seria essa uma das maiores dificuldades de uma banda underground, divulgar seu trabalho através dos shows, que nem sempre são tão freqüentes quanto gostariam? A dificuldade maior são os próprios organizadores dos eventos, que muitas vezes não valorizam o trabalho das bandas, normalmente deixando-as sem nenhum tipo de ajuda ou assistência. Com certeza gostaríamos de tocar com muito mais frequência, porém estes fatores as vezes atrapalham. Todos os membros da banda são straightedge? Contem-nos um pouco mais sobre esse estilo de vida que envolve a banda. No começo divulgávamos muito mais o estilo sXe pois a outra formação era toda straight-edge. Já hoje, o nosso baterista não diz ser adepto ao estilo, então não nos rotulamos mais como uma banda sXe. Respeitamos a escolha de cada um. O “rótulo” nos trouxe benefícios, como tocar em eventos sxe/vegan, amigos sxe, mas também alguns malefícios, como por exemplo pessoas que agiam de má fé dizendo que éramos posers, que era Straight-edge somente para tocar em certos eventos, etc. O que pode de certa forma “queimar” a banda, dependendo da maneira que chega no ouvido das pessoas. É mais um motivo que tiramos esse rótulo da banda como um todo, e apenas cada um segue sua ideologia independente, como uma escolha individual. O que vocês têm em mente para o futuro? Pretendem lançar um full-length? Pretendemos um dia, além de tocar em várias cidades do Brasil, também partir para algo internacional. Após o lançamento dessas 2 músicas, começaremos a trabalhar em um CD completo. André Henrique Franco www.myspace.com/mehramusic

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resenhas

des destaque staque

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Deftones Diamond Eyes Warner

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Um dia desses, fiz um “tweet” perguntando quando começavam os festejos de 10 anos de morte do New Metal. Alguns riram, outros refilaram. Mas a resposta que mais me intrigou foi algo como: “o New Metal não morreu, ouça o novo disco do Deftones”. Na realidade, muitas bandas merecem o defamado rótulo de New Metal, pois, depois da decadência comercial do estilo, não conseguiram evoluir numa direção criativa convincente. O Deftones é um caso totalmente à parte. Desde de “White Pony” que desevolveram uma personalidade magnética e singular, aonde o seu nome fala mais alto que qualquer rótulo. Temos agora em mãos, sem dúvida, o álbum mais sofrido da carreira da banda. O acidente que prende até hoje o baixista Chi Cheng a uma cama, foi um duro golpe que, obviamente, refletiu nos trabalhos da banda. Apesar da tragédia, a sonoridade em si não carrega essa carga negativa, pelo menos não mais que o habitual. “Diamond Eyes”, ao contrário do que poderia se esperar dado as adversidades, não traz grandes supresas. Isso pode parecer mal, mas não é. O padrão de qualidade demonstrado nos últimos trabalhos está impresso em cada segundo do registro, seja na viagem confortável de “Sextape”, na descarga erótico/raivosa de “Rocket Skates”, na sofisticação de “Prince” ou no hipnotismo de “Diamond Eyes”. O conjunto das músicas soa como um reflexo do histórico da banda, aonde conseguimos assinalar, aqui e ali, as diversas fases atravessadas pelo Deftones. “Diamond Eyes” é pulsante, cheio de vida e desconcertante. Não esperava menos. Matheus Moura


[7] Six Feet Under Graveyard Classics 3 Metal Blade

Pra quem esta pouco familiarizado com a carreira do Six Feet Under, uma pequena introdução. A banda do vocalista Chris Barnes (ex-Cannibal Corpse, e que conta também com o baixista Terry Butler, ex-Death) certa vez (pra ser mais exato, em 2000) lançou o álbum “Graveyard Classics”, contendo somente covers de bandas clássicas do Rock. A repercursão foi boa, eles gostaram da brincadeira e ocasionalmente lançam novo material de covers. É o caso deste “Graveyard Classics 3”. Tem gente que até hoje não endende e critica os covers de “Graveyard Classics”. Claro que fica totalmente inusitado músicas clássicas do Rock cantados com o vocal podrão de Chris Barnes, mas aí que está a graça do negócio. Do album “...And Just For All” foram buscar “The Frayed Ends of Sanity”. Não preciso dizer de que banda estou falando, né? E ficou fantástica! Barnes, nesta e em outras músicas, arrisca uns vocais “pig squeal” muito hilários. Para esses sons mais Metal, não há muito segredo. É afinação baixa, distorção e Chris Barnes aproveitando pra deixar seu gutural mais exagerado. E assim ficam “Metal on Metal” do Anvil, “At Dawn They Sleep” do Slayer, a incrível “A Dangerous Meeting” do Mercyful Fate (King Diamond deve estar de cabelo em pé!), “Pounding Metal” do Exciter. Mas o negócio fica divertido mesmo quando o Six Feet Under ataca de Hard Rock. Imagine Van Halen nesse vozeirão? “I´m on Fire, I´m on Fire, oh yeah!” Demais! As guitarras Death Metal da banda encontraram um aliado perfeito no ritmo cadenciado de “Destroyer”, do Twisted Sister. Depois foram no fundo do baú e trouxeram a canadense Bachman–Turner Overdrive com uma versão insana de “Not Fragile”. Os riffs da música, tocadas num pesado groove Death Metal, fizeram desta a melhor do álbum. Não é um cover, é uma releitura! O álbum encerra com a sempre cômica “Psychoterapy”, do Ramones, e com a improvável “Snap Your Fingers, Snap Your Neck”, do Prong. Música que Barnes destrói (qualquer dos dois sentidos está valendo)! Chris Barnes deve se divertir demais colocando sua voz em músicas que pouco ou nada tem a ver com seu timbre de voz. E a gente se diverte também ao ouví-las. A nota para a resenha é mera formalidade, pois “Graveyard Classic 3” é isto, pura diversão, uma homenagem a bandas de Rock e Metal que influenciaram, se pouco no estilo, mas muito no gosto musical da banda. Enjoy! André Pires

[8] Appollonia Blank Solstice Maximum Douglas

Se você nunca ouviu falar dessa banda francesa de Bordeaux, pois reserve um lugar especial para Appollonia na sua lista de coisas que vão dar um boom no cenário Post-Hardcore. “Blank Solstice” segundo álbum da banda veio, sem sombra de dúvida,

para arregaçar. Som conciso e jeito de carga emocional (mas sem ser meloso) encheram os olhos e massageiam os ouvidos desse que vos escreve. Registros como “To Nameless Sons” realmente é algo que não se ouve todo dia (pelo menos eu), com uma trama bem arquitetada e cheia de bons encaixes e desencaixes, dando a impressão que são várias músicas em uma só. Falar de destaques de “Bank Solstice” é algo que pode parecer pleonasmo, mas vamos lá. Além da já citada “To Nameless Sons” vou mirar o refletor também para a cadenciada “Acrobat” que repetidamente tem freqüentado meu mp3 player e não se assuste se ela te deixar com um gostinho de quero mais. E também destaco a marcante e bela “Iota”. Esta é outra que tem estado no meu playlist já faz um tempo. Para aqueles que torcem o nariz para bandas que não conhecem, faz o seguinte experimente e depois nos manda uma email contando como foi sua primeira audição de Appollonia. Odilon Herculano

[6] Mnemic Sons of the System Nuclear Blast

”Sons Of the System” é o mais novo trabalho de estúdio dos dinamarqueses do Mnemic, o quarto de sua carreira, distribuído novamente pela Nuclear Blast. Três anos depois do último lançamento, “Passenger”, o quinteto apresenta 11 faixas inéditas com a sonoridade das antigas reunindo peso, técnica e melodia balanceados de maneira agradável. Porém é notável algumas pequenas diversidades, alguns “experimentalismos” a mais tornando de certo modo um pouco mais acessível. A faixa-título dá ínicio ao disco com um refrão melódico legal e possui sintetizadores bem colocados ambientando a parte mais pesada da música. Já a terceira faixa, a ótima “Mnightmare”, chega a lembrar os primeiros trabalhos da banda. Refrão marcante com um instrumental pesado e melódico. Em “The Erasing” percebemos tal diversidade que, por mais que não seja tão notável assim, possui um clima mais sombrio e obscuro que o restante das outras músicas, com ambientações interessantíssimas do keyboard de Mircea Gabriel Eftemie. A oitava música “Hero(in)” tem uma pegada mais emocional, com ótimas melodias e bons vocais melódicos de Guillaume Bideau que parece estar cada vez melhor. É difícil rotular o Mnemic como New Metal, pois o mundo deles aqui está bem distante desse lado mais “alternativo” do Metal proposto pelo estilo. É fato que o Metal industrial tem a sua modernidade, melodias e elementos eletrônicos, Porem, certos momentos/passagens esse lado industrial parecem se confundir com todos aqueles elementos mais clichês proporcionado pelo “Nu Metal”, chegando a apelar mais para groove com graves muitas vezes exagerado, afinações baixíssimas e batidas com aquela pegada “tribal” completamente genéricas como na faixa “Climbing Towards Stars”. “Sons Of the System” não chega a ser “mais do mesmo”. Há muitas coisas interessantes que, mesmo não sendo um grande fã da banda, vale a pena ser conferido. João Henrique

[8] High on Fire

Snakes for Divine E1 Music

Quinto álbum de estúdio da banda americana de Stoner Metal, High on Fire, trazendo um som direto e pesado, como vem sendo os últimos trabalhos da banda. Desta vez a banda trouxe artilharia pesada com o produtor Greg Fidelman – que mixou o “Death Magnetic” do Metallica e produziu o último álbum do Slayer, “World Painted Blood”. Se no álbum “Surrounded by Thieves” a banda foi comparada ao Motorhead (devido também aos vocais de Matt Pike), em dez anos a banda estabeleceu sua própria identidade, e em “Snakes for Divine” pode ter mostrado seu melhor trabalho até então. Desde as capas, já clássicas, feitas pelo artista Arik Moonhawk Roper – que acompanha a banda há um bom tempo-, às letras dispersas e vagas, tudo no álbum é “Heavy Metal” puro, como tem que ser. “Bastard Samurai”, “Fire, Flood & Plague” e “Holy Flames of the Fire Spitter” valem uma atenção especial. Se existe alguma limitação técnica, com certeza não é por falta de vontade desse power trio (que além de Pike, que é vocalista e guitarrista, conta com Jeff Matz no baixo e Des Kensel na bateria), que mostram como fazer música boa e pesada sem frescuras. Luigi “Lula” Paolo

[8] We Are The Ocean Cutting Our Teeth Hassle

Esse é o típico álbum que pode catapultar uma banda para um status que esses cinco garotos de Harlow (Inglaterra) apenas sonharam. “Cutting Our Teeth” impressiona logo a primeira audição, mas isso também não importa já que é impossível não voltar a ouvir (e cantar junto). Praticamente todas faixas ficam instantaneamente tatuadas na memória, graças ao trabalho excelente do guitarrista/vocalista Liam Cromby. A voz forte e afinada de Liam aliada as melodias viciantes das letras são, sem dúvida, o principal trunfo desse registro. A primeira vista carregam todos elementos batidos das bandas juvenis de Post-Hardcore corriqueiras. O vocalista que berra e o que canta, uns breakdowns e alguma choradeira, entretanto, mas uma vez graças a Liam, demonstram um sentido melódico cativante. O instrumetal não é muito técnico, o que facilita ainda mais a absorção das músicas. O vocalista Dan Brown cumpre seu papel de berrador, como antagonista em relação a voz encorpada meio pós-grunge de Liam. Se procura algo novo na linha de Alexisonfire, Saosin ou mesmo Underoath, tem aqui uma boa pedida. “Cutting Our Teeth” tem todos elementos que justificam o hype que tem causado no Reino Unido. E esse é só o primeiro álbum... Matheus Moura

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resenhas [8] Carnifex Hell Chose Me Victory

Essa é a segunda vez que resenho um álbum do Carnifex. O primeiro contato que tive com eles foi em 2008, com o 2º trabalho do conjunto, o interessante “The Diseased and the Poisoned”. Então, dois anos depois, eis que lançam o 3º full-lenght. Com uma capa violenta, mostram que, de fato, estão ainda mais brutais, deixando de lado - em alguns momentos - o rótulo Deathcore. Mas será que é tão fácil se desprender do passado? Para o Carnifex as coisas parecem ter fluído. Digo isso pois não houve nenhuma troca de integrante desde 2007, o que mostra ter sido uma decisão conjunta evoluir no som que fazem, ao invés de ter chegado novos elementos vindos de novos músicos. De qualquer modo, é evidente que o Deathcore já está pedindo socorro de sua ridícula saturação, gênero idolatrado pelos famosos breakdowns. E, o mais engraçado é que as composições que mais me chamaram a atenção foram justamente aquelas que tiveram breakdowns. “Hell Chose Me”, “Heartless” e “Sorrowspell” são exemplos. Então você pode pensar que sou um ortodoxo do Deathcore ou amante dos breakdowns, certo? Não exatamente. O Carnifex está sim mudando os ares, porém, ainda se mostram levemente imprecisos no que querem fazer. Ainda que a produção esteja perfeita, de tal modo que qualquer instrumento esteja audível, ainda não acertaram em cheio na mudança sonora, parecendo mais um híbrido. Contudo, não tome isso como um sinal negativo, pois acredito que toda evolução deva passar por isso e o Carnifex colocou sua cara para a tapa ou a idolatria dos headbangers. Ainda que tenha suas falhas, considero um dos álbuns favoritos a estar no top 5 do “Death-alguma-coisa” do ano. Com uma capa com um padre zumbi segurando cabeças de animais, é quase impossível você, fã do Metal extremo, não curtir esse lançamento. Igor Lemos

[7] Before The Torn Burying Saints Independente

Lançado já a algum tempo, só agora estamos resenhando o álbum de estréia da banda portuguesa Before The Torn. E ainda bem que não deixamos de escrever sobre este álbum aqui, porque definitivamente vale a pena ser ouvido! Com uma sonoridade moderna e produção decente, “Burying the Saints” conta com estruturas de música parecidas com as que grandes bandas de Metalcore fazem hoje em dia, notadamente As I Lay Dying e afins. O AILD parece ser mesmo uma das grandes influências para o pessoal do Before The Torn, mas engana-se se pensa que são mais uma cópia da banda americana. Alinhando muito peso, partes melódicas, vocais infernais que beiram o Death Metal, técnica e bom gosto,

esta banda de Lisboa está no caminho para conseguir sua identidade. Claro que nem tudo são flores. Há algumas músicas que não me convenceram, apesar de repetidas audições. Talvez por não trazerem algo que as diferenciam das outras do disco, mas o mais importante é que todas mantém as características da banda. “Sinking Hearts” é um exemplo do que falo. Tem um trecho meio sonífero, apesar do final bacana. O álbum abre com uma intro e “The Fall Of Hope”, já mostrando o ótimo trabalho de guitarras e o peso marcante que seguirá em todas as músicas. A bateria tem suas peles atacadas sem dó, e contando com o baixo bem marcado, criam breakdowns poderosos. Incrível como a bateria ataca o tempo todo nas partes mais rápidas. “Hands of Salvation” é uma pedrada Death Metal. Já a faixa-título é uma das mais fortes, contando com um breakdown muito bem encaixado. A cadência em “Sundown” a deixa poderosa, “Path to the Sky” é uma instrumental que pouco acrescenta, e “My Last Words” tem um pre-chorus com clima Hardcore muito legal. Em “Endless Calling” o vocalista Gui alterna seus guturais alucinadamente (ou seria outro membro fazendo backing vocal?), e possui um ótimo refrão com vocal limpo. Seguramente a melhor do álbum. O resultado final é totalmente positivo. Agora, naturalmente acertando alguns detalhes, e trabalhando na identidade sonora da banda, poderão enfim se diferenciar no cenário Metalcore europeu. Tenho um palpite que o próximo álbum do Before The Torn será marcante. Olho neles! André Pires

[7] Slasher Broken Faith Independente

Mais uma vez o desmembramento de bandas rende uma boa cria. Oriundos das bandas: Manthus, Enema Violence, Godzilla e Executer. Os itapirenses do Slasher é Thrash Metal puro e elementos de crossover. A produção é de bom nível. A solução gráfica traduz o estilo minimal da banda. O EP “Broken Faith” é adrenalina pura. Uma pancada atrás da outra. Letras ácidas. Temas contundentes. Uma visão crua deste belo planeta. “Broken Faith” é ceticismo até o osso. Refrão simples e direto. Excelente harmonia entre banda e produção sonora. “Enemy of reality” faria bonito em qualquer festival de Metal europeu. Riffs certeiros acertando em cheio a cachola. Vocal desesperado vomitando nervosismo e niilismo. “Art of War” dá seqüência ao massacre. Ótima introdução, estereofonia límpida, e um breve trinado de baixo. Detalhe pro final da música que faz surgir na mente imagens de um planeta devastado. “Tormento ou Paz” é crossover com um pé no Hardcore old school. E para minha surpresa uma música em português que não deixa a qualidade de lado, curta e grossa, finaliza o EP com estilo sem esquecer as próprias raízes. João Antonio

[8] Demon Hunter The World Is A Thorn Solid State

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hornsup #12

A banda americana de Metal cristão Demon Hunter colocou na praça o seu 5º trabalho de estúdio, “The World Is A Thorn”. Segundo os próprios integrantes, esse é o mais pesado e melódico álbum que a banda já fez. Poderíamos fazer uma alusão que “TWIAT” é uma junção perfeita entre o primeiro álbum da banda lançado em 2002, que é considerado o mais pesado, e “Storm The Gates Of Hell” que é considerado o mais meloso (ops, quis dizer melódico). “TWIAT” realmente cumpre bem esse papel, contento pesos e densidade que consagraram o Demon Hunter em faixas como que dá nome ao álbum que é rápida e frenética, como também há pancadaria em “Tie This Around Your Neck” que remete ao Demon Hunter dos idos de 2002. Mas, por outro lado, o registro também consagra a faceta mais melódica do DH em petardos como “Collapsing” que tem um flerte com arranjos quase eletrônicos de fundo e detém um puta refrão pegajoso, e por fim, “Just Breathe” que é uma junção dos dois mundos ou seja estrofe salgada e refrão doce! Particularmente achei esse trabalho do DH uma forma eficaz de saciar os ímpetos de todos os fãs. Odilon Herculano

[8]

Betraying the Martyrs

The Hurt the Divine the Light Independente

Aos que acompanham a coluna Sangue Novo da HORNSUP, não irão achar estranho esse nome aqui. Betraying The Martyrs é o sexteto francês que apareceu na edição número 10. O EP em questão, o “The Hurt the Divine the Light”, produzido por Stéphane Buriez, vem causando um certo impacto aos amantes do Metalcore. A ideia vinculada às cinco faixas é apenas uma: ajudar as pessoas a saberem quem realmente são e naquilo em que acreditam. Fica relativamente simples descobrir que estamos falando de um grupo cristão. Com breakdowns secos, impactantes, gritos graves, melodias vocais fantásticas e, para finalizar, sinfonias macabras, finalizam a obra de arte que montaram. Claro que é muita pretensão apontar que estamos diante de algo novo, contudo, como “ser novo” neste gênero? Cada banda faz o que pode para se destacar. Obviamente perdem pontos por ainda não serem os salvadores da pátria, mas, acredito que seja o único ponto que evita a nota máxima com este trabalho. “Out of Egypt”, primeira faixa, começa muito bem, com uma entrada sinfônica, que já cai em breaks maravilhosos. As partes melódicas nos vocais são um dos pontos altos na faixa. Porém, impossível não destacar o trabalho dos teclados, que jogam a banda em um outro nível. Além do bom gosto nas linhas sinfônicas, elas acabam se tornando impactantes. “The Covenant” fará a alegria dos fãs da Winds Of Plague. E, por fim, cabe o destaque para a faixa título, que não sairá nem tão cedo da minha lista de favoritos. Não perca seu tempo, se você não aproveitou a oportunidade há duas edições atrás da HORNSUP, essa é sua nova chance de conferir o trabalho deles. Igor Lemos


[8] Mudvayne Mudvayne Epic

Comemorando os seus 14 anos de vida, o Mudvayne apresenta a todos os seus fãs, da geração New Metal ou não, o seu mais novo trabalho, intitulado “Mudvayne”, somando agora 5 álbuns na bagagem do quarteto americano. “Beautiful And Strange” abre o disco da melhor maneira possível, empolgando logo de cara, mostrando peso e melodia dosados de maneira agradável e bem executada. Assim como a faixa de abertura, “1000 Mile Journey”, “Scream With Me” e “Closer” mantêm essa mesma energia sem chegar no ponto de cair na mesmice ou ficar de certo modo enjoativo. “Heard It All Before” deve ter o seu destaque como uma das favoritas do álbum. Ótima música que, assim como em “Closer”, tem direito até solos de guitarra. Possui um refrão curto e grosso porém marcante com passagens bem pesadas, ótimos riffs de guitarra e o suporte da cozinha (baixo/bateria) da banda dando um peso matador ideal e cativante no instrumental da música. “I Can’t Wait” não deixa por menos, sem deixar esfriar, os caras seguem triturando com os riffs de guitarra mais uma vez nervosos acompanhados da criatividade do baterista Matthew McDonough que se supera a cada música. “Beyond The Pale”, “All Talk” e “Out to Pasture”, assim como o restante, possuem uma boa química entre o “calmo” e o agressivo. “Dead Inside” finaliza o disco de uma maneira incomum com uma faixa acústica bem feita e interessante. O Mudvayne desde o começo teve um certo reconhecimento, que por sinal muito bem merecido, por ser composto por músicos extremamente competentes que se entendem de maneira a executar o instrumental em perfeita harmonia com passagens de tempos complexos, resultando em ótimas composições. Este foi mais um bom trabalho que confirma e honra deste mérito. João Henrique

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nível de ironia. “No Other Chance” é daquelas faixas de gerar redemoinho. Mas sinto falta de um vocal mais agressivo, esse detalhe não tiraria a intenção purista da banda de seguir as raízes clássicas do Thrash Metal. “Aimless”, variações, cadência hipnótica, vocais limpos. Típica faixa onde a banda demonstra o domínio dos instrumentos. “Anger: Free” , a penúltima. Riffs fortes e graves. É Thrash até a veia. Ódio pela vida destilado, passado revivido em alto e bom som. “A Lesson in Violence (Exodus Tribute)” mostra de onde tudo se originou. Que a brincadeira dure mais sete anos e mais. Thrash Metal ubber rules!! João Antonio

[8] Aborted Coronary Reconstruction Century Media

Aborted, conhecido grupo belga da cena Death Metal ou Deathgrind (fase mais antiga), volta com mais uma porrada. Em 15 anos de carreira, várias coisas aconteceram: mudaram da pegada Grind para algo menos brutal, 16 integrantes passaram pela banda, e, agora, voltam à sonoridade que os consagrou no início de carreira. O único membro original da formação de 1995, Sven “Svencho” de Caluwé, ainda manda muito bem nos gritos, sendo um mestre nos pig squeals. E o sangue novo da banda consagrou seu potencial nos vocais. Logicamente, esse conjunto, com 80% do time renovado, merece mostrar seu trabalho de alguma forma. E, tiveram a boa sacada de lançar um EP, com cinco faixas, apresentando essa nova era. Começando pela faixa título, uma metralhada belíssima, com riffs monstruosos, consegue mostrar a razão de ainda estarem na ativa. E sabem se posicionar como uma arma de guerra, aniquilando o “filho” Deathcore. É, realmente, não estamos diante de um grupo imaturo baseado em breakdowns. “From a Tepid Whiff ”, “Grime” e “A Cadaverous Dissertation” completam as novidades do EP, alimentado de puro ódio. Por fim, ainda mandaram um cover do renomado Entombed, com a música “Left Hand Path”. Indicado apenas aos que não são adeptos do “Metal Moderninho”. Ah! Não perca de vista esse material, pois somente 1.000 cópias foram feitas. Igor Lemos

Sarkaustic

[8]

Same Old Story Independente

Tudo começou com uma brincadeira em 2003. E a peraltice continua firme sete anos depois. Sarkaustic é o que poderíamos classificar de um exemplo purista. Como eles mesmo definem Thrash/Thrash. O disco bem que poderia se chamar Same old School. “Same Old Story” soa desprentesioso, divertido e nostálgico. A masterização segue à risca os padrões dos anos 80. O acabamento gráfico simples mas eficiente transmite com qualidade a intenção da banda. A faixa que nomeia o disco é direta. Riffs certeiros. Bela maneira de se contar uma história bizarra. “Make me god” segue no mesmo rumo. Cadência reta. Destaque pro diálogo das guitarras. Crítica social e religiosa com alto

Chorume Chorume Independente

Quando uma banda quer mesmo mostrar a que veio e não passar incognita, o que ela geralmente escolhe: um ex-integrante de uma banda famosa? Um disco muito bem produzido e um som bom, marcante, impressionante? Pois é, um desses itens talvez já fosse suficiente mas o Chorume conseguiu juntar tudo isso. A banda é de São Paulo e foi formada em 2006 por Hóspede (guitarrista, ex-Dead Fish, Aditive), Ogro (baixo), Carioca (bateria) e Caio e

[7] Dark Tranquility We are the Void Nuclear Blast

Nono álbum de estúdio dessa pioneira banda sueca de Death Metal melódico, depois de um hiato de três anos – apesar de um “split”, um álbum ao vivo e uma coletânea terem sido lançados durante esse período. E torna-se uma missão difícil se reinventar depois de tantos álbuns lançados e um estilo consagrado. Senti em “We are the Void” uma discreta busca por uma nova direção já na música que abre o álbum “Shadow in our Blood”, com riffs nervosos e o vocal agressivo de Mikael Stanne, mostrando que o Dark Tranquility não está de brincadeira. Porém, com o andar do álbum, comecei a relembrar dos álbuns imediatamente anteriores, como “Fiction” e “Character” e passei a ter a impressão de ser “mais do mesmo”. O que não desmerece o álbum, pois para quem é fã da banda, continua uma sequencia excelente de trabalho, afinal, é uma banda com mais de vinte anos de estrada. Além de “Shadow in our Blood”, “Dream Oblivion”, “In My Absence”, “Her Silent Language” e “I Am The Void” merecem ser citadas. A versão especial limitada conta com duas músicas bonus: a instrumental “Star of Nothingness” e “To Where Fires Cannot Feed”, esta última que na versão japonesa foi substituída por “Out of Gravity”. No iTunes a música bônus é “The Bow and the Arrow”. Porém, nenhum dos bônus acrescenta algo realmente significante ao álbum – talvez somente para os realmente fãs. Quem já é fã da banda, irá com certeza gostar da continuidade do trabalho sempre bem feito da banda. Quem não conhece, é um bom álbum para começar, mesmo não sendo um dos grandes álbuns da banda. Luigi “Lula” Paolo

Lamb nos vocais. O disco homônimo foi lançado em 2009 em versão física e algumas faixas estão no Myspace. A gravação foi feita no Estúdio Da Tribo com produção do próprio Hóspede e masterizado no Norcal Studios por Brendan Duffey e Adriano Daga (produtor do Angra). São 14 faixas, todas composições de Hóspede e Carioca. A banda consegue ser surpreendente, é um formato de som que poderia ser repetitivo ou parecido com alguma coisa que você já ouviu talvez mas que nada. É, na verdade, dificil dizer qual o melhor som. Das que não estão em streaming, destaques para “Never is Enough” e “Rotten Lies”. Das que estão, as ótimas”Sickness”, “Perish Personality” e a certamente mais foda de todas “Tyrannical Police State”. O disco encerra com “Sob o Dominio do Ódio”, única em português. Faixas curtas, recado dado. É peso, amigo. Para quem gosta de rótulos, é HC com Death Metal numa das misturas mais inusitadas que você possa tentar combinar. Mas seja lá o que for, pense que vai dar muito certo. Não deixe de procurar porque, puta que o pariu, é bom demais. Andréa Ariani

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resenhas [9] Alesana The Emptiness Fearless

Acredito que seja praticamente impossível um fã do Post-Hardcore/Screamo não conhecer os americanos da Alesana. Desde o fulllenght debut “On Frail Wings of Vanity and Wax”, de 2006, acompanho o trabalho do grupo com bastante atenção e entusiasmo. Após formarem hits na comunidade underground como “Ambrosia”, “Apology”, “Tilting The Hourglass” e outros, eis que lançam o segundo álbum, o “Where Myth Fades to Legend”. Não fiquei tão animado com o que fizeram, porém, logo recupero a admiração com o 3º trabalho, intitulado “The Emptiness”. E há uma novidade aqui: estamos diante de um material com uma determinada temática e possui como referência um escritor muito importante: o excelente Edgar Allan Poe. E a aceitação do público foi muito boa, diga-se de passagem, pois é o álbum com a melhor colocação na Billboard 200, visto que figuraram em 68º. Uma puta posição para um gênero ainda tão renunciado por muitos. As composições que você irá se deparar revelam toda a maturidade que a Alesana adquiriu durante os anos e os inúmeros shows realizados. Souberam provocar momentos de agressividade como em “The Murderer” e “Hymn for the Shameless”, e encantar o ouvinte em faixas como a perfeita “Curse of the Virgin Canvas” e “The Artist”. Com certeza ficará entre os melhores álbuns de 2010, pois alcançaram tudo que a comunidade Post-HC esperava. Não faça a besteira de deixar passar o “The Emptiness”, pois, ao contrário do que o título diz, estão aí para preencher uma lacuna deixada por diversos outros nomes do gênero. Igor Lemos

[8] Immolation Majesty And Decay Nuclear Blast

Conheci o Immolation pelo “Here in After”, de 1996, e confesso que, na época, o Death Metal do grupo não me agradou em cheio, por isso nunca acompanhei de perto a carreira da banda. E, ao ouvir este “Majesty And Decay”, pra minha surpresa o som dos caras continua idêntico! O vocal do também baixista Ross Dolan manteve-se intacto. Seu gutural pastoso, cadenciado mesmo nas partes velozes, é uma marca registrada da banda, assim como os padrões dissonantes das harmonias e riffs não usuais vistos no Death Metal. Talvez a banda que mais se assemelhe ao estilo seja a também americana Incantation, cujo líder, John McEntee, já participou de alguns shows do grupo. “Majesty And Decay” é, com certeza, um dos pontos altos na carreira desses veteranos. Após uma curta intro, o caos se instala. “The Purge” é velocíssima, e após um minuto dos instrumentos atirando pra tudo quanto é lado, um ótimo riff surge dando direção à música. As cavalgadas do baixo de Ross Dolan são

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mortais! O Immolation tira ótimas levadas do barulho puro, é preciso acostumar o ouvido pra distinguir grandes arranjos que eles fazem de sujeiras que existem por aí. Na faixa-título não há este problema, já que seu puta riff inicial dá o tom da música logo de cara. “Divine Code” é uma faixa que define bem o som da banda, pois altera momentos ultra rápidos, quase Grind, com um característico Death Metal norte americano, arrastadão, cavernoso, onde o baixo, numa afinação baixíssima, dita o ritmo, enquanto a guitarra do excepcional Robert Vigna faz um arranjo totalmente sinistro. O negócio comecaria a ficar repetitivo quando vem “A Glorious Epoch”. Faixa genial, posso dizer com segurança que, mesmo não tendo ouvido todos os álbuns do Immolation, essa é uma das melhores músicas da banda. Cadenciada, sombria, matadora! Já vale o álbum! Após “interlude”, uma espécie de segunda (e desnecessária) intro, a banda emenda “A Thunderous Consequence”, que lembra, em alguns momentos, o grande Nile. “The Rapture Of Ghosts” começa com um puta trampo foda de guitarras, e logo o Death Metal tradicional da banda aparece pra debulhar, contando ainda com um final interessantíssimo. “Power and Shame” e “The Comfort of Cowards” não deixam pedra sobre pedra e encerram o álbum de maneira certeira. “Majesty And Decay” é daqueles discos que você aprende a gostar mais e mais a cada ouvida. Realmente, a princípio, soa meio embolado, disconexo, confuso, se você não está acostumado com a banda, graças principalmente a afinação lá embaixo e o estilo não convencional de composição do grupo, mas dê ao álbum algumas chances e descobrirá um ótimo trabalho feito por quem tem uma longa história no Death Metal. André Pires

[8] Vários Echoes of a Morbid Death Independente

Quando essa edição da revista chegar até você, o show de lançamento deste tributo já terá acontecido. (Rolou em 20 de Fevereiro passado).E assim como a iniciativa, o show certamente foi uma celebração. Para quem não conhece, o Morbid Death é uma das mais tradicionais bandas do Metal português (mais precisamente dos Açores), que desde 1980 representa o país dividindo o palco com outro ícones mundias como Parasise Lost, Sodom entre outros. Muito bem produzido, o projeto é lançado em CD e DVD e do que se tem notícia, é o primeiro disco gravado em Açores. São 11 bandas locais que se juntaram para gravar alguns dos clássicos da carreira do Morbid Death. O projeto foi dirigido pela Associação de Juventude Bit 9 com o apoio de entre outros do SPS Studios e foi produzido entre Fevereiro e Dezembro de 2008 de forma totalmente independente. Cada banda, em seu estilo deu, como não poderia deixar de ser, uma interpretação muito própria dos sons e contemplaram todos os discos da carreira dos veteranos. Entre as participantes estão Neurolag (com “Darkest Side of Paradise” que virou uma autêntico HC novaiorquino), Hatin’ Wheeler numa uma versão screamo de “Insane”, Anjos Negros (que tem a bela Ana Viegas no vocal) com “Silêncio Profundo”, que ganhou uma

versão Metal virtuose semi-acustico, In Peccatum (com “Burned Chest”), Duhkrista com “Miséria” - que virou um Mercyful Fate com metais graves, Crossfaith numa versão a la Rob Halford para “My Life”, Gentle Whisper com “A Dream of Poe”, Zymosis com “Falling” que ganhou teclados e temas sombrios num Metal meio Marilyn Manson inclusive na performance do vocal, Spank Lord (cujo vocalista Cristovão foi um dos produtores e gravaram “Empty Souls” do primeiro disco “Echoes of Solulide”), Spinal Trip com “Belife” numa versão modernosa lembrando bastante Linkin Park e Violent Vendetta com “Last Breath”. Para amantes do estilo, vale a pena se jogar de olhos fechados mas caso, antes de adquirir seu pack queira dar uma olhada antes no resultado das gravações e do show, dê uma sacada em www.acorestube. com/video/2249/Tributo-aos-Morbid-Death lá tem um mini-documentário com as bandas participantes, entrevistas e som, muito som, claro. Andréa Ariane

[8] Pentacrostic The Meaning of Life Old Pride

Vinte anos de dedicação ao Metal extremo. Seis álbuns. É um prazer inigualável ouvir “The Meaning of Life”, álbum mais recente do Pentacrostic: o nome fala por si só. Remanescente das profundezas do Metal nacional, mostra maturidade sonora aliada a novos elementos em sua música sem se deixar levar por excessos ou maneirismos que muitas vezes desvirtuariam os mais novos. Outrora com uma pegada Death/ Doom, o Pentacrostic surpreende com um álbum conciso, forte e equilibrado. Todos os elementos que consagraram o estilo se fazem presentes: peso, velocidade, sonoridade old school, solos limpos e bem executados. “Morbid Desires” mostra ao que veio. Inicia-se com blast beats esquentando o pavilhão auricular. Depois entra no Thrash para logo após cadenciar a cachola headbanger numa atmosfera Doom que finaliza a música com perfeição. “Mistake” começa na porrada, mantém por alguns minutos, e decrescente a música transmuta-se, alcançando uma transe até findar num final abrupto e surpreendente. “Sign of Betrayal” é puro anti-cristianismo, um soco na fuça dos hipócritas que no mínimo não conhecem história e se deixam levar por um ideal tão manipulador; curta e grossa, uma das melhores faixas. “The Meaning of Life” é caos, desesespero, futuro decadente, a música é mosh puro, bumbos executados com perfeição, um perfeito exemplo de como uma música pode ter vários elementos sem ser tedioso e equivocado. “Cannons of Pain” é uma das faixas mais enérgicas do álbum, ataques bem colocados, que me perdoem os puristas, mas tem um belo groove essa faixa. “Is Death... an Illusion of Pain?” interroga e confunde num momento de poesia existencialista. “Damnation of All Sinners” segue a paulada do resto do álbum, mais discurso anti-religioso, riffs que remetem ao Black Metal. “World’s Devastation” é paranóia nuclear na veia, descrença total nos ideais humanos. “Welcome to the Suffering” finaliza o disco no melhor estilo rápido e rasteiro. Constante, feroz e insano. Eis o exemplo e espero que seja seguido pelas novas gerações. Afinal 20 anos não são 20 dias! João Antonio


[9] Ihsahn After Candlelight

“After” é o album que fecha a trilogia do projeto solo planejada por Ihsahn, o frontman multiinstrumentista do Emperor. Ihsahn, também o nome do projeto, pode ser definido como Avant Garde Metal. Em seus três álbuns, o músico recorre a experimentalismos e combina uma variedade de estilos como o Symphonic Black Metal e Progressive, e conta com influências Death e Thrash Metal. Enquanto “The Adversary”, o primeiro álbum, não foge muito do que foi feito nos últimos full-lenghts do Emperor, seu sucessor, “angL”, é uma obra-prima imperdível. Então a expectativa para este trabalho final era enorme. Ihsahn cuida das guitarras, voz, teclado e piano, e manteve os músicos com quem gravou os outros dois álbuns, em especial o espetacular baterista Asgeir Mickelson, do Borknagar. A faixa de abertura, “The Barrens Land”, já mostra que “After” difere dos trabalhos anteriores. O meticuloso cuidado com os detalhes continua presente, mas nota-se que aquela áurea maligna enraizada no Black Metal foi perdida, ganhando uma roupagem bem mais progressiva. Em “Astere”, tudo é muito bem balanceado, do baixo fretless ao teclado calcado no Rock progressivo dos anos 70. O vocal característico de Ihsahn demora a surgir e, quando o faz, é bem encaixado, logo retornando à voz limpa. Elegantíssima música. Resquícios do Black Metal caótico feito pelo músico em sua antiga banda encontram-se em “A Grave Inversed”. Pesadelo total, trazido pela insanidade frenética do saxofone de Jørgen Munkeby. “After”, a faixa-título, traz uma sonoridade que faz bem a ponte do álbum anterior com o atual, travessia reafirmada pela poderosa “Frozen Lakes on Mars”. “Heavens Black Sea” recupera elementos já ouvidos em outras faixas, como o hipnotizante sax e a alternância de andamentos. “Undercurrent” é, talvez, o ápice do trabalho (como se isso fosse possível em meio a tantas músicas grandiosas). Notem a linha de baixo entrecortando o simples mas belíssimo dedilhado. Ihsahn nos oferece uma imersão de sonoridades em temas complexos. Contando com gravação pulsante e sem ressalvas, é possível sentir a pele da bateria ressoar de forma perfeita, o dedilhado simétrico das guitarras, a corda do baixo sendo abafada, e isso, meus amigos, é música de verdade! Os dez minutos de “On The Shores” fecha o álbum de maneira magistral. Mais dos angustiantes saxofones, mais melancolia, mais da perfeita combinação de delicadeza com agressividade. Resumindo, mais uma genial e cuidadosa obra de Ihsahn, que, neste “After”, fez o álbum mais introspectivo da trilogia. Se você curte música extrema de vanguarda, não há razão para perder este disco, que já figura na minha lista dos melhores de 2010. André Pires

[6] 562 562 Seven Eight Life

Chile, Brasil, Nova York, não importa, o Hardcore pulsa. Não é diferente com os chilenos do 562. Seguindo a linhagem de mestres como Biohazard, Downset eles mandam o recado de modo positivo e eficiente. Egressos de bandas importantes do gênero como: In Our Hearts, R.E.O, My Own Path e outras, não fazem por menos. Gravação excelente. Projeto gráfico bem elaborado. “Nostalgia” é quase old school, letra sentimental que beira o humanismo. Pitadas inevitáveis de Groove Metal. Um apelo anti-paranóia. “Heroe” bate na tecla do anti-militarismo, digamos que uma tema já explorado à exaustão. Mas a execução paga o preço da obviedade. Instrumentos equalizados com precisão salvam a faixa. “Nada que Perder” é o que possamos dizer um grito pela vida, típica melodia que bota o público pra rodar. Não sei quem é o “Francisco” homenageado em “A Francisco”. Mas temos um brado de luta. Muito admirável manter uma veia tão perseverante em meio ao caos. Melodia reta, seca, rasteira. “Cambios” segue a linha do resto do álbum. Cadência, protesto, groove. “562”, é um grito de irmandade nessa faixa, o clima de engajamento é total. Enaltecendo a força e a união do grupo e a missão deles enquanto seres viventes. Pra quem gosta do estilo é puro deleite. João Antonio

[9] Orphaned Land The Never Ending Way of ORWarriOR Century Media

Infelizmente nem todos conhecem a banda de Petah Tikva, Israel, Orphaned Land. Apesar de ter sido formada em 1991, foi apenas em 2004 que tive o primeiro contato com os caras, no perfeito álbum “Mabool”. Seis anos depois, eis que lançam o quarto full-lenght da carreira, intitulado “The Never Ending Way of ORWarriOR”. Nota-se que não seguem a fórmula padrão de jogar um trabalho no mercado a cada dois anos, não é? Definir o som do conjunto é uma tarefa difícil, mas podemos tentar juntá-los em um liquidificador com Progressivo, Doom, Death Metal, Folk e tradições árabes (Metal Oriental). Acha pouco? As mensagens do grupo giram em torno de opostos, como luz e escuridão, Deus e o Satanás. Apesar de abordar constantemente a religião nas suas músicas, não estamos diante de um grupo preso a qualquer tipo de seita, mas sim uma conversa entre todas elas, uma espécie de união. Mas vamos falar do álbum. A primeira faixa, “Sapari”, mostra todo o lado oriental do grupo, sendo a música escolhida para ser o primeiro clipe. Contudo, não é uma composição tão marcante, sendo inferior à segunda música, “From Broken Vessels”, que é belíssima. “Bereft In The Abyss” diminui o ritmo, já apontando que estão mais leves em relação ao Metal que praticavam. Em “The Path Part 1 - Treading Through Darkness” e “The Path Part 2 - The Pilgrimage To Or Shalem” alguns momentos mais pesados vem à tona, unida a já tradicional sonoridade de Israel. Daí em diante as músicas irão seguir uma estrutura semelhante, calcada no som que sempre fizeram. Então, apontarei apenas os destaques, visto que

[9] Thrice Beggars Hassle

O que ainda não foi dito sobre o Thrice? Ao ler as resenhas de qualquer um dos seus álbuns não é difícil esbarrar em termos como “genial”, “espetacular” ou “brilhante”. Verdade seja dita, os termos não são mal empregues. Assim como tudo que o Thrice faz, “Beggars”, o mais recente lançamento desse quarteto californiano, transpira talento e sensibilidade. Depois da saga elemental abordada na série de EP’s “The Alchemy Index”, a banda deixa um pouco de lado os componentes viajantes e foca-se mais nos arranjos do que nos conceitos. A abertura com “All The World is Mad”, com seus riffs fortes, remetem um pouco a fase mais Post-Hardcore do início da carreira (leia-se “The Artist in the Ambulance”). “The Weight” tem aquele refrão que dá vontade se subir no telhado e berrar com toda força. O piano e o ritmo cadenciado de “Doublespeed” conjugam lindamente o espaço com os riffs potentes do refrão. A melancolia profunda de “Circles” contrasta perfeitamente com a boa disposição da excelente balada “In Exile”. O álbum encerra com a faixa-título “Beggars”, que carrega um ar triste e intoxicado de fim de festa. A habilidade do vocalista/guitarrista Dustin Kensrue em compor melodias tão envolventes e delicadas é sobre-humana. Além disso, o homem ainda canta bem. As estruturas, os arranjos e o cuidado com a produção fazem toda diferença nesse álbum, pois conseguem definir precisamente a profundidade que querem atingir. Hoje em dia, aonde música pré-fabricada e modismos violam nossos ouvidos por todos os lados, ouvir um álbum como “Beggars” é revigorante e necessário. Além dos adjetivo citados no ínicio da resenha, poderia adicionar muitos mais, mas nada disso iria explicar com clareza o que pode ouvir aqui, pois não é apenas ouvir, é viver, sentir. Matheus Moura

estamos diante de um material com 1 hora e 20 minutos aproximadamente. “The Warrior”, faixa com sete minutos, apresenta um dos solos mais bonitos da Orphaned Land, fazendo o ouvinte flutuar com as passagens instrumentais que realizam com maestria. “Disciples of the Sacred Oath II”, com seus 8 minutos e meio também é outra obra de arte. “Barakah” entrará em sua lista facilmente, assim como “Codeword: Uprising”, devido ao peso que colocam em cada uma delas. Um álbum conceitual, com uma longa duração não é para qualquer um, mas, se você for adepto de um som muito bem feito, original e que vai à contramão de quase tudo que vem sendo feito, não há razão para deixar de conferir esse mais novo trabalho lançado pela gravadora Century Media. Se for esperar por outro, quem sabe daqui a 10 anos, concorda? Igor Lemos

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resenhas [5] Greeley Estates No Rain, No Rainbow Tragic Hero

Ainda me lembro muito bem do vício que fiquei com o álbum “Go West Young Man, Let the Evil Go East”, full-lenght anterior ao “No Rain, No Rainbow”. Não parava de ouvir, apreciava cada elemento nas músicas. Com isso, logo fiquei ansioso por saber o que iriam trazer no álbum seguinte. Após pouco menos de dois anos, minha espera se encerra. E foi uma grande surpresa, pois não havia lido notícias sobre a produção do material ou algo do tipo, quando vi, já estava finalizado e lançado. Logo disse: “Porra! Um novo do Greeley Estates!”. Mas era melhor ter desejado que não tivesse chegado este trabalho, tamanha raiva que tive. Após me deparar com as linhas melódicas e a perturbação instrumental do álbum anterior, agora sou eu que me perturbo com o trabalho chato feito atualmente. As composições soam bem parecidas, distantes daquele PostHardcore frenético e criativo que faziam. Devo pontuar que conseguiram ficar infinitamente mais pesados, contudo, não saem disso. Mesmo que tenham convidados especiais aos montes, como membros do The Irish Front, Alesana, Blessthefall, The Word Alive e outros, parecem ter se preocupado apenas com o fato de terem que ficar mais brutais, ao invés de mais interessantes. As melodias se perderam um pouco, ainda que os gritos tenham sido aperfeiçoados. Mas é pouco, muito pouco. Ouvi várias vezes para ver se conseguia me identificar com alguma faixa, mas foi em vão. Indicado aos que curtem um som feroz, porém, sem tantas elaborações, abusando do lugar comum. Ao menos a Greeley Estates conseguiu um interessante feito: sair da criatividade ao lugar comum – algo que normalmente é ao contrário. Primeira grande decepção do ano. Igor Lemos

[8] Mostomalta Arde La Tierra en Llamas Vegan

Assim como seus conterrâneos do Nueva Etica, o Mostomalta é uma das principais forças do Hardcore Straight Edge sul-americano. Com mais de 10 anos de estrada, os argentinos lançam somente agora seu segundo full-lenght, “Arde La Tierra En Llamas”, e essa espera valeu a pena. O Mostomalta sempre flertou com o lado mais extremo do Hardcore. Seu álbum anterior, “Intersticio”, de 2005, já é uma porrada na cara, mas dessa vez o grau ficou mais sério. O negócio enveredou de vez para o Black Metal. Bebendo da fonte do Straight Edge europeu (bandas como os belgas do Liar sempre tiveram essa mistura do Hardcore com o Metal extremo), mas adicionando toda uma característica própria, como as letras em língua nativa, o Mostomalta criou um álbum poderoso e imperdível. “Victimas” ilustra bem o que eu quero dizer.

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hornsup #12

Começa num feroz Hardcore, e termina Marduk puro! Afinação baixa, vocais dobrados contando com backing vocal rasgadíssimo, riffs gélidos combinando com breakdowns, o que se ouve em faixas como “La Mentira Barbarie” e “Miedo” é pesadelo em forma de música! “Decision De Unos Pocos” tem os dois pés no Hardcore, sem abrir mão do peso infernal. Ouça o riff final e você entenderá. A faixa-título, memorável, também é mais HC, apesar dos gritos desesperados do segundo vocal. E respire fundo antes de “Mas Que Ayer”, porque provavelmente seu fôlego sumirá. Seu início é daqueles que, ao vivo, chama a galera pro mosh instantaneamente. Devastadora! “5 Siglos” é outra que soca breakdowns em meio a uma áurea Black Metal, cheia de gritos e guitarras congelantes. Única ressalva é que, em algumas músicas, certos trechos, por serem tão carregados no Metal extremo, perdem dinâmica, o que é um alerta para uma banda que tem público basicamente Hardcore. Felizmente isso não acontece a todo momento, não chegando então a ser um problema. “Arde La Tierra En Llamas” funde elementos de Black Metal no Hardcore de forma extremamente eficiente. Já é hora deles retornarem ao Brasil e mostrarem todo este poder ao vivo. André Pires

[7]

qualidade, pois a apresentação do álbum é belíssima, com uma bela capa e um trabalho de produção visual impecável – e tudo isso de um trabalho lançado de maneira independente. O EP apresenta apenas cinco músicas, tendo 31 minutos no total. Nesse tempo, a banda mostra muita paixão em suas composições e varia entre elementos comuns do Doom Metal, passeando pela música contemporânea, pelo Industrial e bebendo do clima do progressivo por toda sua viagem sonora. Justamente essa paixão demonstrada nas músicas fez com que – acredito – tenha pesado no momento da produção musical, pois algumas músicas como “Ewige Wiederkunft” (com seus nove minutos, aproximadamente) são desnecessariamente grandes, apesar de apresentar sempre bons temas em todas as suas variações. É muito interessante ver os elementos modernos como a música “Keynesian Model” e seu ar industrial – e essa com o tempo de duração exata para criar o clima necessário. “Magic Stones” é a única música que destoa do EP, sendo o principal exemplo da necessidade de uma prodção mais acurada. Uma ótima estreia para uma banda que tem excelentes frutos a oferecer, faltando nesse trabalho apenas uma direção de produção musical, precisando de uma orientação quanto às dinâmicas e excessos que podem prejudicar em um futuro as ótimas ideias que a banda apresenta. Luigi “Lula” Paolo

[9]

Odum Promo 2009 Independente

Dioramic

Eu acho a maior graça quando pergunto a algum conhecido “Pô cara tu já ouviu Odum?” e 90% das vezes a replica é a mesma “Isso é banda de axé?”. É nesse momento que vou explicar que se trata de uma banda de Metal que é encabeçada por dois paulistas de Santos, Rob “Z” Zeinum nas guitarras e vocais e Gus Conde nas baquetas e mais a baixista Liz B (essa se juntou a banda mais recentemente) para completar a formação. Radicados em Los Angeles (EUA) que é de onde provém a maioria dos fãs da banda, o Odum segue uma linha de estilo próprio mas podemos “rotulá-los” como algo mais Thrash Metal. No início de 2008, Rob e Gus se reuniram para compor e sozinhos gravaram três músicas “InnerSense”, “MySkin” e “Forever” que estão no EP que foi lançado em 2009 e recebeu o nome da banda. As três faixas são intensas e frenéticas e mostram bem o que Odum tem pra oferecer. Punch swingado e certeiro e gutural limpo são suas maiores características. Faz você ficar desejando que os caras lancem um full length o mais rápido possível. Definitivamente uma ótima pedida. Odilon Herculano

[6] ManInFeast How One Become What One Is Independente

EP de estreia da banda portuguesa de Doom/ Progressive Metal, ManInFeast, que mostra chegar com vontade de fazer um trabalho de

Technicolor Lifeforce

Raras são as vezes em que um álbum de lançamento consegue ser coeso, bem trabalhado e distinto das marés contemporâneas. E é quando essa percepção de raridade aflora que devemos dar uma chance ao artista, sentando e ouvindo com cuidado a sua proposta. No plural, os três artistas nesse caso são de Kaiserslautern, Alemanha, e quando reunidos recebem o nome de Dioramic. Em “Technicolor”, primeiro full lengh da carreira dos alemães, algo complicado de se definir é o gênero musical. Em alguns momentos podese recordar de Deftones, em outros de The Dillinger Escape Plan, e em algumas horas, de Cynic ou Oceansize. Essa desigualdade musical de referências traduz-se, rasteiramente, em melancolia, mudanças frequentes de ritmo, uso de aparelhos eletrônicos e traços de Rock progressivo. Em “Eluding the Plan Focus” podemos perceber que um tom depressivo rodeia o ambiente, enquanto em “Lukewarm Remains”, sentimos que a prolixidade musical é um objetivo nítido da banda. Outro grande objetivo da banda, segundo os próprios integrantes, é aperfeiçoar suas técnicas artísticas em todos os quesitos: agilidade, precisão, et cetera. Entretanto, apesar da ótima linha musical executada pelo baixista, vocais guturais e melódicos bem guiados e bateria frenética, as guitarras fazem com que o espírito musical decaia paulatinamente. E é notando que algumas lacunas são deixadas pelas guitarras que “Technicolor” perde alguns pontos importantes no progresso. Mas nada que tire o brilho deste promissor trabalho inicial de uma banda com um belo futuro à frente. Italo Lemos


[4] Unlitface My Seasons (promo) Independente

Heavy Metal, Rock progressivo, Dark Metal? Unlitface se encaixa perfeitamente dentro desses estilos. Duas faixas: a faixa que entitula o promo inicia com teclados para logo em seguida riffs básicos e fortes marcarem a cadência da melodia. Baixo e bateria bem harmonizados e, equalizados, sustentam a estrutura. O teclado literalmente some no meio dos instrumentos. Porém, a banda se perde na definição dos vocais. Tudo soa perfeito até o vocal adentrar o estilo “Heavy Metal” com agudos imperfeitos que soam tal qual um falsete. Se permanecesse na linha mais gutural do início da música o resultado seria mais interessante. Saber explorar com técnicas os limites da extensão vocal é uma arte para poucos. “Wrong Enemies” começa com uma suave introdução de violão dedilhado e a base fazendo o alicerce. O vocal revela-se mais maduro, mas apenas por poucos minutos, deixando seu timbre natural, volta a passear por tons que não são de seu domínio. Ataques precisos na metade da melodia. No final da música o baixista demonstra toda a sua habilidade num arranjo suntuoso. Destaque pra arte gráfica de Gustavo Sazes responsável por belíssimos projetos, vide: Arch Enemy, Godforbid, Nightrage entre outros. Mas capa não salva disco. Quem sabe na próxima. João Antonio

[8]

Onward To Olympas

This World Is Not My Home Facedown

É inegável que o cenário do Metalcore vem se tornando cada dia mais congestionado, como os engarrafamentos das metrópoles. Contudo, vez por outra, e enfatizo isso, pois é vez por outra mesmo, encontramos uma banda que consegue achar atalhos e se desviar do tráfego intenso. Onward To Olympas, apesar de beber de fontes conhecidas do gênero, consegue também colocar a sua cara no som que fazem, ampliando as possibilidades de arrebatar novos fãs. Aqui você irá, sim, se encontrar com diversos breakdowns – categóricos – vide as músicas “Unstoppable” ou “Her Best Words Were Goodbye”. Além desse ponto, que fazem muito bem, também irão nos brindar com diversas melodias vocais, destacando-se em faixas como “Sink or Swin” (que possui um vídeo clipe) e a faixa título, que ainda contará com vocais femininos ao final da música. A temática cristã prevalecerá, apontando que o mundo que habitamos não é a nossa casa, mas sim um outro lugar (talvez o paraíso como sugere a arte de capa). Porém, mesmo que você não seja adepto desse conteúdo religioso nas músicas, não irá se decepcionar com os interessantes riffs e os pontos que foram mencionados anteriormente. Tornou-se, sem dúvidas, um dos

álbuns que mais ouvi ultimamente. Pense também no fato de que o grupo não possui nem dois anos de existência e já arrebatou um contrato com a Fadedown e um grande full-lenght como esse. Então, só podemos esperar coisas boas no futuro – ao menos é o que torcemos. Igor Lemos

[8] Finntroll Nifelvind Century Media

Se você conhece os finlandeses do Fintroll, já sabe o que te espera. Se você não conhece, tem alguns detalhes que precisa saber antes, pra não ser surpreendido. Este é o sexto álbum da banda, que mistura Death Metal com Black, Pagan e Folk Metal, sendo que aqui o “folk” é o “Humppa”, um tipo musical regional da Finlândia, um estilo muito peculiar, inspirado no “Oom-pah” que – para resumir – está associado a um tipo de música alemã, incrivelmente alegre. Não se trata do Avant-Garde Metal, em alta nos dias de hoje. É algo bem particular do Fintroll mesmo, e esta particularidade se estende à apresentação visual, bem “típica”, se dá pra tentar explicar. Musicalmente o Finntroll é muito interessante e bem trabalhado, com um instrumental impressionante. Produção impecável (visual e sonora), o álbum vai agradar – e muito – os fãs da banda, e quem não conhece, pode seguramente começar por aqui. O som está notoriamente mais maduro do que os trabalhos anteriores, porém superando e muito o trabalho anterior da banda, “Ur Jordens Djup”, e lembrando o ponto alto da banda até então, o “Nattfödd”. Apesar de ter 11 músicas em sua versão convencional, o álbum tem apenas 45 minutos. A música bônus na versão limitada é “Under Bergets Fot” (uma versão alternativa, mais folk de “Under Bergets Rot”). E se você for finlandês poderá cantar junto, pois todas as músicas são cantadas na língua pátria. Difícil destacar apenas uma música, mas “Solsagan”, “Den Frusna Munnen”, a folk “Galgasng”e “Under Bergets Rot” merecem uma atenção especial. Excelente álbum, mas tem que ouvir com os ouvidos preparados para sua mistura sonora. Luigi “Lula” Paolo

[7] Fear Factory Mechanize AFM

Talvez ninguém saiba o real motivo de todos aqueles desentendimentos internos dos membros da banda. E é mais complicado ainda entender a volta de Dino Cazares e o “desaparecimento” dos originais Christian Olde Wolbers e Raymond Herrera sem dar nenhum tipo de explicação. É triste, porém o confortante dessa história toda é quem veio para ficar em seus lugares. O baixista Byron Stroud (Strapping Young Lad) já estava na formação anterior desde 2004, e agora, ninguém menos que Gene Hoglan, o lendário baterista que já passou por bandas como Strapping Young Lad, Dark Angel, Death e Testament, assume a posição do monstro Raymond Herrera. Após 5 anos sem lançar nada, “Mechanize” marca oficialmente o novo Fear Factory. É impressionante como Burton C. Bell ainda mantém aquela voz marcante que alterna entre o gutural e o melódico. Dino Cazares está melhor do que nunca em sua velha e boa posição como guitarrista original, executando riffs matadores com muita melodia, agressividade e velocidade como nos velhos tempos. O novo trabalho infelizmente contém somente 10 músicas inéditas em cerca de 45 minutos de duração. A faixa título que abre o disco já começa com a banda triturando os ouvidos do fã mais fiel do Fear Factory. Sem dar tempo de respirar, “Industrial Discipline” já vem no embalo mantendo a mesma energia agressiva com riffs matadores e refrão rápido e melódico. “Fear Campaign” e “Powershifter” são sem dúvidas uma das melhores faixas do álbum, com uma pegada totalmente Thrash Metal, extremamente rápidas e destruidoras. “Christploitation” não fica atrás, a velocidade e a agressividade do instrumental aqui também chega a ser absurda. É importante destacar as faixas “Designing The Enemy” e “Final Exist” que são bem a cara da banda. Belas melodias de Burton C.Bell com uma ótima execução das guitarras brutais e melódicas de Dino Cazares e da bateria não humana de Gene Hoglan. “Mechanize” é, sem dúvidas, um grande recomeço que deverá agradar os mais antigos quanto os mais novos apreciadores da banda. João Henrique

[8] Kronos Ubi Est Morbus Independente

Uma base bem firmada em cima de batidas eletrônicas e uma pegada de alto estilo é a formula pública para atrair os ouvidos sedentos por um som extremamente alternativo, e é com essa vibe que os portugueses do Kronos rechearam o seu último EP “Ubi Est Morbus”. Confesso que me senti meio “em casa” com o som dos caras, uma climatização meio tenebrosa que nos alude a um mundo repleto de julgamentos, sentenças e conflitos, mas que atiçam a imaginação do ouvinte e

o concentram e transportam para um lugar no centro do microcosmos da execução dos registros. Outra coisa que realmente me chamou atenção é a versatilidade do Kronos em relação as letras das músicas que em momentos no brindam no bom e velho português, outrora o francês mostra sua cara e ainda em outros momentos o inglês é esbanjado no maior estilo. Isso sem falar que os arranjos são uma obra a parte, cheio de climas e com samples muito legais. Amantes do estilo se fartam facilmente na audição de “Ubi Est Morbus”. Isso realmente é um trabalho pra qualquer cidadão do mundo ver e ouvir. Odilon Herculano

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resenhas [8] Arsis Forced To Rock Nuclear Blast

O primeiro contato que tive com o álbum foi através do video clip da faixa de abertura, “Forced to Rock”. Guitarras com detalhes em rosa, a banda fazendo poses, tocando numa sala de aula. O que era aquilo? Postura e som atípicos da banda que eu pensei conhecer. Mas o vídeo não passa de uma clara sátira e homenagem às bandas de Hard Rock dos anos 80 (quem pensou em Twisted Sister acertou), e, com letras como “... in the name of Satan, we are forced to rock!” a banda não se leva a sério, então não há motivos para preocupações.“Forced To Rock” é, digamos, a música mais light do álbum, porém ele é recheado de riffs totalmente Hard Rock em meio a atmosfera sombria e pedais duplos comendo solto. O refrão de “Escape Artist” evidencia esta tendência, que pode vir a ser o novo rumo a ser seguido pela banda. “Closer To Cold” conta com uma progressão de baixo espetacular em seu início e término. Com áurea doentia, ela, juntamente com “From Soulless to Shattered (Art in Dying)”, são as que mais se aproximam da sonoridade do Arsis que estamos acostumados. Um grito desesperado inicia “A March For The Sick”, seguido de camadas de guitarras dissonantes, que logo descambam pra cavalgada desenfreada. Sem falar de Van Dyne, preciso como um relógio. Por falar em trampo de guitarra, o que que é aquilo em “Beyond Forlon”?! Melódica, agressiva, e contando com um refrão cativante, é a faixa mais marcante do disco. Malone mostra que anos dedicados ao seu instrumento não foram em vão, e Nick Cordle casou-se perfeitamente com ele nas 6 cordas. Apesar de não ser memorável como “We Are The Nightmare”, “Starve for the Devil” conta com ótimas músicas (“The Ten Swords” é magnífica), técnica indiscutível, melodia, peso e velocidade certeiras. Fazendo grandes turnês abrindo para o Arch Enemy, mostrando uma sonoridade mais acessível, tudo isso é umas busca por um público mais abrangente. Parece claro que o Arsis almeja alcançar o mainstream do metal, status que o próprio Arch Enemy e Children Of Bodom já conseguiram. O risco de perder devotos em troca de um maior público pode ficar no meio termo. Mas se tem algo que James Malone precisa na vida são novos desafios. E ninguém pode duvidar que ele não consiga triunfar. André Pires

[7] Sick of Society Weekend Anarchy 36 Music

Sarcasmo. Essa é a palavra que define esse trio alemão formado por Fizzi (vocal), Git Steini (baixo e voz) e Oliver (backing e bateria). Homônima de uma banda Oi-core americana, assustei com a qualidade tosca das faixas postadas quando acessei por engano o myspace da americana. Não porque esta seja ruim, mas enfim a qualidade não ajuda. Pelo menos em divulgação eles são melhores, ja que

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hornsup #12

em qualquer busca, vai sempre indicar links da Sick of Society skin.Mas o que esperar de uma banda que se auto-intitula como Porn n´roll? Diversão no mínimo. Tem uma “pornografia” comportada pelo menos no que se acha em vídeos e fotos: nada extraordinário a não ser mulheres de biquini também até bastante comportados. É uma banda independente e com uma extensa discografia (incluindo os demos e coletâneas) mas que toca mesmo para se e fazer divertir e pogar.Cantado em bom inglês, “Weekend Anarchy” é o sétimo álbum, lançado em Junho de 2009. É um dos mais HC de sua discografia já que boa parte dos discos anteriores, como o “Life Lines” de 2005, eram bem mais fundamentados na mistura do Punk com Metal e por isso, mais pesados. As piadas e gracinhas fazem parte da atitude e performance mas também são capazes de render letras invocadas como “War in the name of Freedom”, mas das 16 faixas do disco, a melhor mesmo é ótima e grudenta “Weekend Anarchist” - essas duas disponíveis no myspace (correto) da banda. (www.myspace.com/pornnrollforever) Não, não existe uma versão nacional. Na Europa o disco é vendido a 10 Euros com um adicional multimedia. Em termos de som vai te lembrar uma porção de boas bandas que você já ouviu por aí. Vale pelo som mas muito mais pelo inusitado de alemães aparentemententemente sisudos querendo te fazer rir. Andréa Ariani

[7] Vários Metalbolical Vol. 2 Metalbolic

Tarefa sensível escutar as 18 bandas contidas na coletânea Metalbolical Vol 2. Pouco tenho a dizer sobre a gravadora, mas percebo que tem um grande casting com variantes contundentes do Metal extremo. Sem mais delongas vamos ao destrinchamento do cadáver. “Blood of the priest” - Archaic Winter soa um black metal tradicional com belos solos. Tudo preto no branco. “Commanding chaos” – Seek Obscure é Death Thrash com vocal gutural quase falado, cadência hipnótica com uma pitada de groove. “Slut Decapitator” – Unburied, Death Metal com elementos de Grind, em alguns momentos o baixo destaca-se em sonoridade. “Dying in red” – Nepente é um dos melhores momentos da coletânea, Technical Death Metal cadenciado, vocais screamers desesperados, backing vocal guturais um verdadeiro manjar auditivo. “Dehumanized” - Vedonist traz um Death Metal ornamentado com a influência de vários estilos do Metal. “Cydonic adulations” – Cosmic Atrophy, Death Metal tradicional com pitadas velocidade extrema, mas a gravação está um pouco baixa. Porém não tira o brilho da banda. “Ate the gates” - Unearthed Corpse, Death Black, refrão que não pára de ecoar na cabeça. “Apocalyptic extermination” – Cryptic Throne ataca com uma massa sonora aniquiladora, direto e cru dá o recado, detalhe para ao sonoridade grave e pesada. “Commence the anayhilation” – Aruspex, Death Metal tradicional permeado de variações. Um deleite para os ouvidos e os headbangers de plantão. “Erotic autopsy” – Fetid Zombie é doença na veia, Gore, Splatter com levadas Thrash, a gravação poderia ser um pouco mais grave. “Son of Solomon” – Smells Like Someone Died é algo

que sinceramente não consegui definir, o som não encaixa no estilo, parece perdido num limbo Grunge, vocal fraco, gravação ruim. “The jury” - Mystiferium – soa Thrash com vocal industrial. “Dwelling in necrochaos” – Formeless Terror – Gore até o osso, harmônicas bem colocadas, velocidade perfeita, gutural infernal constante, um dos pontos altos da coletânea com certeza. “Vicious hell” – Embryotomy, outra porrada na moleira, a gravação da bateria ficou um pouco alta mas não compromete o resultado final. “Katholicon” - Profundis Tenebrarun é puro Black Metal, misantropia, e sonoridade forte, outra faixa belíssima. “Brain hemorrahage” – Lef To Rot, mais um representante das hordas infernais, Black Metal seco, veloz e mordaz. “Brainsick” – Horst, Thrash Speed cadenciado com riffs breves e marcantes, música pra beber. “Evolution” – Shane Luckie revela-se uma incógnita, elementos progressivos, bases longas e exaustivas, péssima escolha para finalizar a coletânea. Enfim, de qualquer maneira, minhas profundas congratulações ao corpo profissional da Metalbolic Records pelo empenho. João Antonio

[9] Alkaline Trio This Addiction Hassle

Dois anos após o ótimo “Agony & Irony”, se pode dizer que, mesmo sem necessariamente precisar, os americanos do Alkaline Trio atingiram sua maturidade e independência. Primeiro porque assumem de vez a sonoridade gótica, sem parecer realmente Pop demais ou apelativo, somente um Punk simples que vem dando a tônica dos últimos discos. E também marca a estréia da gravadora própria, a Heart and Skull Records. A faixa-título, que abre o disco, é alto astral mas a temática e letras, como boa parte do restante do disco é sempre pesada: vícios, decepções, falta de foco e objetivos, saudosismo. Mas, mesmo em temas mais delicados, o som não perde a energia. É um disco bem linear inclusive, sem muitas experimentações. Algumas musicas flertam com uma baladinha (“Eat me alive” e a ótima “Draculina”) ou alguma intro diferente mas logo volta para a sonoridade anterior. O fato de viver na bomba relógio do poder político e econômico que ainda rege boa parte do mundo, é um tema recorrente em bandas de Punk /Hardcore. E “The American Scream” mostra o quanto esses fatos atingem a vida das pessoas, mesmo que não diretamente ligadas aos fatos. Essa faixa foi tratada com carinho e tem um significado especial para o vocal e guitarrista Matt Skiba. Filho de um veterano do Vietnã, a letra é inspirada em uma notícia de jornal que falava do suícidio de um jovem retornando da guerra abalado pelo stress pós traumático. Dificil dizer as candidatas a hit porque todas elas são. Mas “This addiction” é a atual - foi escolhida como primeira faixa de trabalho , inclusive já possui video clipe. Mas as minhas apostas vão também para “Lead Poisoning” e “Fine” que fecha o disco. Uma capa verde e branca, a primeira como cor de fundo para um coração formado por pilulas e remédios. Tradução perfeita do que o título do CD quer dizer. E só há um risco ao consumí-lo: ficar realmente viciado. Andréa Ariani


hornsup #9

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ao vivo

Municipal Waste Clash Club 13/03/10 São Paulo/SP (Bra)

Municipal Waste

Korpiklaani

Clash Club 21/03/10 São Paulo/SP (Bra) Com tantos shows realizados neste mês de Março, talvez esse fosse um dos mais aguardados pelos fãs. Os finlandeses do Korpiklaani, enfim trariam ao país o seu show que é uma mescla de música folclórica aliada a riffs poderosos de guitarra. O resultado disso se refletiu no público que foi conferir ao show na Clash Club em São Paulo. Eram fãs que curtiam desde música extrema até o Hard Rock, sem distinção e muito menos brigas. O Korpiklaani foi capaz de juntar públicos tão diferentes em um mesmo local. O ambiente pré-show lembrava uma taverna, dessas que vemos em filmes, com pessoas bebendo e festejando como vikings ou algo do tipo. O show pode contar com a abertura das bandas Skadisc Soul (Brasil) e Skiltron (Argentina), que fizeram shows primorosos e com certeza arrebataram futuros fãs para seus trabalhos, uma vez que ambas as bandas não eram unanimidades em conhecimento pelo público. Por volta das 21:20 hs, as luzes se apagam e o logotipo da banda é lançado nos telões. Era uma prévia do espetáculo estava para começar e logo cada um dos membros tomou o seu lugar ao palco até que por último, Jenne Jarvelã subisse e saudasse seus súditos fãs e com “Vodka” e “Journey Man” é dado o início do show. A impressão que se tem ao ver ao show do Korpiklaani é de uma intensa festa, devido a inserção de instrumentos folclóricos, como o violino e acordeon, dando um ar mais suave ou amenizando um pouco mais os poderosos riffs de guitarra. Logo no início é jogada uma bandeira do Brasil que é pega por Jenne e empunhada ao público, que com certeza contou mais pontos no quesito carisma, aliás, a banda inteira era muito simpática e fazia questão de se entrosar com a platéia. Com isso, a festa na taverna continua com “Pellon Pekko”, “Palovana”, “Viima”, “Cottages and Sauna” e o público, ao seu jeito, festeja, seja fazendo moshpits ou simplesmente dançando. O que valia era festejar. E por falar em festejar, o ponto máximo da noite se deu no bis que contou com as músicas “Let’s Drink”, “Midsummer Night” e “Beer Beer” que com certeza foi brindada com muitos goles de cerveja. A banda sai de palco prometendo um breve retorno ao país é esperar para conferir. Texto e Foto: Flávio Santiago

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hornsup #12

Caos, desordem, moshpits, stage dives, esse foi o cenário da primeira passagem dos americanos do Municipal Waste pelo Brasil. A banda levou um bom público a requintada casa de shows Clash Club, em São Paulo, evento que contou com algumas bandas de abertura, infelizmente só pude conferir a apresentação da Sakramento, que toca nos moldes de Kreator e Destruction. O público aprovou a banda, que saiu mais que satisfeita do palco. Enfim, a hora mais esperada por todos, e eis que surgem ao palco Tony Foresta e cia.. Não demorou muito para o caos (no bom sentido) se instalar na Clash Club e, logo nas primeiras músicas, o que se via era uma mescla de banda e público no mesmo palco, fãs insanos dando stage dives continuamente, com isso logo um segurança ficou plantado na lateral do palco para impedir tais ações, mas logo o mesmo, por determinação de Foresta, é retirado de lá, ganhando muitos aplausos por parte do público pela determinação de sua saída. Dando sequência ao show musicas como “Beer Pressure” e “Mental Shock” fazem a alegria dos fãs que se espremem em mosh pits em frente ao palco. O clima era de pura diversão e Tony Foresta, sempre muito comunicativo e brincalhão, era a pessoa mais indicada para dar continuidade ao espetáculo. A banda tocou uma sequência de músicas a uma velocidade impressionante, não dando tempo sequer para os fãs descansarem. Os destaques da noite ficaram para “Sadistic Magician”, “Black Ice”, “Guilty of Being Tight” e “Boner City”, esta dedicada às mulheres que foram convidadas a subir ao palco para cantar com a banda, rolando no final da música um stage dive coletivo. A banda retorna para o bis aos berros do público, que ainda clamava por mais caos e desordem na noite de celebração do crossover. E a banda coroa a apresentação com o hino “Headbanger Face Rip”, que põe ponto final a apresentação memorável da banda. Flávio Santiago Foto: Carla Valentim e Flávio Santiago


Benediction

Inferno Club 11/03/10 São Paulo/SP (Bra)

Benediction

Após muita espera e incertezas sobre esta turnê, enfim foram realizados pela primeira vez no nosso país os shows de um dos ícones do Death Metal, após vários adiamentos consecutivos nos anos de 2008 e 2009. Os poucos, mas fiéis, fãs puderam conferir o show dos ingleses do Benediction no Inferno Clube, a banda contou com as bandas Nervochaos e The Ordher para a abertura do seu show. O The Ordher fez uma apresentação acima da média e impressionou o público presente por sua técnica e virtuosismo e já é tida por muitos como uma das sucessoras da banda Krisiun, é esperar para ver. Após as apresentações das bandas, o palco é logo trocado e em pouco tempo os ingleses aparecem. O Benediction de hoje é bem diferente da época em que ficaram mundialmente conhecidos. Da formação original restaram apenas os guitarristas Darren Brookes e Peter Rew. Com todas essas mudanças a banda pareceu não se abalar e colocou membros a altura de substituir o vocalista Dave Ingram e do baterista Ian Treacy, substituídos por Darren Brookes e Nicholas Barker respectivamente. O show foi um apanhado da carreira da banda que completa 20 anos de existência, com um set que abrangeu músícas de quase todos os álbuns. Destaque para “Nightfear” do álbum “Transcend the Rubicon”.Com um show curto mas que agradou bastante aos fãs que aguardavam a visita da banda ao país após a tantos imprevistos. O Benediction cumpriu sua missão no Inferno Clube mostrando que apesar da visita tardia,a banda continua demonstrando que tem muito a oferecer a cena Death Metal atual. Texto e Foto: Flávio Santiago

sirenia

Carioca Club 06/03/10 São Paulo/SP (Bra) Em sua primeira passagem ao Brasil, a banda Sirenia levou um bom público ao Carioca Club em São Paulo. A banda é formada pelo talentoso Morten Veland (ex-Tristania), que fez com que aparecesse uma legião de fãs na época em que dividia os vocais com Vibeke Stene. Agora a frente do Sirenia, mostrou que é sem dúvidas um dos expoentes mais significativos do Gothic Metal. O show teve início por volta das 19:30 hs,com um certo atraso mas, em vista de outros eventos, um atraso aceitável. E eis que a banda sobe ao palco e é prontamente aplaudida e gritada pelos fãs. A presença da belissíma vocalista Ailyn dá um charme especial ao show e com “The Parth to Decay” começa o show tão aguardado pelo público. Em seguida, as músicas “Sundown” e “Euphoria” dão a tônica do que seria a apresentação com músicas de todos os seus trabalhos mas com enfoque em “13th Floor” e desse álbum tivemos “Lost in Life”, “The Lucid Door” e “Led Astray”. A banda muito carismática sempre acenava ao público e quem fazia as honras era Morten que agradecia ao público, já a bela Ailyn sempre sorridente, apenas esboçava timídos agradecimentos de “obrigado”. Devido as composições originais terem complementos de orquestra e canto lírico, utilizaram diversas vezes bases pré-gravadas o que, por vezes, tornava o show meio artificial, mas nada que tirasse o brilho da apresentação e de seus músicos. Os destaques da noite ficaram por conta das músícas “The Other Side” e “Sister Nightfall” que foram cantadas à exaustão pelos fãs.Para o fim as músicas “Lithium and a Lover”, “Downfall” e “My Mind’sEye” fecham a primeira passagem da banda pelo Brasil. Flávio Santigo / Foto: Flávio Santiago e Carla Valentim

Sirenia

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ao vivo Nile

Santana Hall 18/03/2010 São Paulo/SP (Bra) A 1ª apresentação do Nile no Brasil gerou grande expectativa da galera que curte Metal extremo, afinal, os americanos são um dos grandes nomes do cenário do Brutal Death Metal da atualidade. Num dia da semana pouco usual (o show rolou numa quinta-feira) mas num local de fácil acesso, o público demorou a chegar mas compareceu em bom número, deixando o Santana Hall cheio, porém sem aperto e com folga na pista. A banda paulista Sangrena abriu já injetando Death Metal de qualidade nos ainda poucos presentes. Precisos e bem introsados, o quarteto deixou boa impressão em sua apresentação. O cover de “Rapture”, do Morbid Angel, trouxe para mais perto do palco aqueles que estavam dispersos no local, e foi um ótimo aperitivo para o que estava por vir. Ainda faltava meia hora para a apresentação do Nile, e alguns ajustes eram necessários. Karl Sanders aproveitou a oportunidade e tratou de quebrar o gelo, indo na beira do palco cumprimentar e trocar algumas palavras com a galera. Foi a vez então de George Kollias surgir para um ligeiro aquecimento, o que foi suficiente pra galera ir ao delírio. A impressão é que boa parcela do interesse que leva alguém à um show do Nile é, além, claro, de ver a banda ao vivo, é ver especificamente este cara, provavelmente o baterista mais adimirado do Metal extremo. Tudo pronto, e as 22 hs em ponto as luzes se apagam e uma introdução se inicia. Era hora de, finalmente, vermos o grande Nile em ação! “Kafir!”, primeira faixa do novo álbum “From

Nile Whom The Gods Detest”, foi a escolhida para iniciar o massacre. No começo é até difícil ouvir os riffs, tamanho o barulho que o grego faz com tantos pratos e peles. Aos poucos o ouvido acostuma, e “Kafir!” se mostra eficiente ao vivo, e dificilmente sairá de futuros set lists da banda. Set list aliás que, até o encerramento com a aguardada “Black Seeds of Vengeance”, percorreu todos os álbums do grupo. Destaque para “Hittite Dung Incantation” e “Permitting the Noble Dead to Descend to the Underworld” do novo álbum, “Ithyphallic” e “Papyrus Containing the Spell to Preserve Its Possessor Against Attacks from He Who Is in the Water” do “Ithyphallic”, “Sacrifice Unto Sebek” e “Lashed to the Slave Stick” do “Annihilation of the Wicked”, “Execration Text” do “In Their Darkened Shrines”, além das já citadas. Minha expectativa, claro, também era ver o Kollias ao vivo, mas de certa forma ele decepciona. Claro que não musicalmente, mas sua interação com o público é zero. Usando fones para o metrônomo, o cara fechou os olhos em “Kafir!” e entrou em um mundo próprio, só abrindo-os após a última batida

de bumbo do show. Para tocar de forma impressionante como ele faz, realmente é preciso muita concentração, mas um pouco de empatia com os presentes não cairia mal. Com Kollias “ausente”, quem tomou conta do espetáculo foi a dupla de guitarristas Karl Sanders e Dallas Toler-Wade, que, junto com o insano baixista de turnê Chris Lollis, promovem uma fritação de notas inacreditável. Chega a ser humilhante pra quem toca algum instrumento ver toda aquela técnica e rapidez sendo executada de forma tão descompromissada. Sanders chegou a fazer um slide utilizando só o peso da guitarra, fazendo-a deslizar em sua mão parada. O agora careca Toler-Wade, principal vocalista da banda, mostra muito carisma e os três promovem um inferno a frente do palco, ocasionalmente dividindo vocais e mostrando estilos diferentes dentro do gutural, deixando a apresentação ainda mais interessante. Quem teve a sorte de estar presente pode conferir uma aula de técnica e profissionalismo. Não é a toa que o Nile chegou ao topo do cenário extremo. André Pires foto: Flávio Santiago

Cannibal Corpse

Santana Hall 21/02/10 São Paulo/SP (Bra)

Cannibal Corpse

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hornsup #12

Em sua quarta visita ao país, uma das bandas que mais traduzem a música extrema na atualidade se apresentou no Santana Hall em São Paulo, desta vez, veio para divulgação do álbum “Evisceration Plague”. A coletivo pode contar com um grande número de fãs que lotaram o Santana Hall e puderam presenciar o massacre sonoro oferecido por George “Corpsegrinder” Fisher e cia. Por volta das 20:30hs sobem ao palco e são ovacionados pelo público que já aguardava a um certo tempo, sem mais delongas a banda inicia o massacre com “Scalding Hail” do álbum “Evisceration Plague” seguidas de “Unleashing the Bloodthirsty” e “Murder Worship”, com uma presença de palco marcante o frontman George Corpsegrinder não parava de agitar por um único minuto e contagiava ao público. Não demorou para que um dos primeiros sucessos fossem executados e eis que “I Cum Blood” foi cantada em uníssono seguida pela matadora “Fucked With a Knife” que foi dedicada as mulheres presentes no local. O set foi bem diversificado e abrangeu a todas as fases da grupo. Destaque para as músicas “Make Them Suffer”, “Devoured by Vermin” e “A Skull Full of Maggots”. A cada show que vejo desta incrível banda, noto uma melhora nas apresentações com uma performance concisa dos guitarristas Pat´O Brien e Rob Barret sem contar com o fenomenal baixista Alex Webster que encorpa ao som. Com o público nas mãos, a banda se apresenta com maestria e inteligência intercala o set com sucessos e músicas de seu último album. O show chega ao fim e o mais curioso é que não saem do palco para o manjado bis, ao invés disso, executam os dois ultimos petardos da noite, “Hammer Smashed Face” e “Stripped, Raped and Strangled”. Fim do poderoso show de uma das maiores e melhores bandas de Death Metal. Que venham por mais vezes. Flávio Santiago Foto: Carla Valentim


NOFX

Santana Hall 04/03/10 São Paulo/SP (Bra) Quando uma banda que tem anos de estrada, um discografia extensa e de sucesso, e um milhão de fãs espalhados pelo mundo, é natural que cause comoção por onde passe, que meses, dias antes já esgote ingressos, fica aquela boa ansiedade para que chegue logo o dia e então...eis que nem tudo sai como gostaríamos. Há uns senões muito evidentes para que esse show do NOFX tenha sido muito além do esperado. Por causa da banda, do local, do dia? Essa soma de fatores contribuiu mas do todos os itens o que envergonhou mesmo foi o público. Desculpas a quem esteve lá no Santana Hall no início de março só para curtir e ver sua banda favorita, mas a grande maioria só nos causou vergonha. Não é de hoje que o público deixa a deseja e isso tem se tornado evidente pelo menos uns dois anos pra cá. Não é tão mais raro ver a banda ficar ou sair puta do palco por atitudes completamente idiotas e sem proporção. Deixa só de ser invasivo no palco e passa a atingir integridade física. Imoral e sem nenhuma graça. Era uma plena quinta-feira, o Santana não é como todos sabem um lugar exclusivo para rock, tem uma série de falhas, mas comportaria numa boa o show, assim como outros que já aconteceram lá sem maiores problemas. Mas quando tudo já vem conspirando contra...

Uma fila imensa dos dois lados da entrada da casa, uma aglomeração total na porta que deveria ser da imprensa e convidados, foram só alguns dos problemas de início. A abertura ficou a cargo dos paulistanos do Take off the Halter, que já havia feito a abertura do show do No Fun at All em Janeiro e vem cada vez mais tendo uma agenda constante de eventos, incluindo esses junto com bandas internacionais. Ótimo na carreira mas tem ensinado zero em comportamento já que, ao fazer um show para um público impaciente, o vocalista encerrou dizendo que quem gostasse Ok, mas quem não que fosse para aquele lugar. Totalmente desnecessário e só conseguiu fazer com que a galera realmente não prestasse a mínima atenção, a nao ser pra tentar acertar algum deles com algum objeto à mão. De qualquer forma, melhor para quem queria mesmo ver o NOFX. Não parava de entrar gente no local. Os minutos pareciam eternos e o sorriso de felicidade em estar ali, se misturava com a sensação de que o relógio havia travado no tempo. Um a um foram entrando no palco para gritaria geral. Fat Mike, o baixista e vocal, para justificar o codinome, um tanto mais gordinho do que quando da sua última passagem por aqui e o restante do quarteto tão loucos quanto antes. Uma banda que tem anos de estrada, uma estrutura de gravadora, assessoria, divulgação de videos, um catálogo invejavel de bandas legais, de sucesso, tour bem-sucedidas, tem mais o que a provar? Nada! Precisa passar por esse tipo de roubada? Estar envolvida em tantos imprevistos? Não. A parte que cabia

ao público no espetáculo era interagir e assistir. O que se viu foi um festival de coisas voando em direção ao palco, desde garrafas, camisetas, tenis, até um chinelo havaiana que atingiu em cheio o rosto de Fat. Ele ameaçou parar o show por diversas vezes, todos eles tentando serem simpáticos e tirar um sarro do total desrepeito mas não houve o que convencesse a ala maleducada de tentar não atrapalhar. O guitarrista El Hefe, engraçadissimo como sempre fazia piada da situação mas nao houve jeito de mesmo no bom humor, conseguir ganhar o público. Ainda assim, valeu pelo set impecável que começou inacreditável e brilhantemente com a clássica “Linoleum”, seguida (não necessariamente nessa ordem) por “Franco Un-American”, “Seeing Double at the Triple Rock”, “Reeko”, a versão de “Radio” do Rancid, “Perfect Government”, “The Brews”, “Bob”, “It’s My Job to Keep Punk Rock Elite. Duas das que pareciam óbvias (“Don´t call me white” e “Stickin my Eye”) ficaramde fora. O set fechou com “Bottles To The Ground”. Quando se diz que antigamente as pessoas davam mais valor aos discos comprados, a memorabilia conquistada, a uma camiseta, a um show, entende-se porque: era dificil conquistar tudo isso, não era acessível quanto hoje. E este é um processo irreversivel e se a mentalidade não mudar, os shows não deixarão de acontecer, mas as bandas podem começar a se recusar por não ter um público que mereça. Ficou chato, muito chato. Andrea Ariani Foto: Flávio Santiago

NOFX

hornsup #12

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ao vivo

Iced Earth

Via Funchal 06/02/10 São Paulo/SP (Bra)

Iced Earth

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hornsup #12

Sim, foi uma noite de glória! Uma das bandas mais aguardadas dos últimos tempos enfim chegou ao Brasil. Desde que a Century Media abriu escritório no Brasil, em 1999, se falava que o Iced Earth tocaria por aqui. A gravadora trouxe ainda em 2001 o Nevermore, que ao lado do Iced, eram as duas bandas Top’s do momento do selo. Mas a gravadora até fechou seu Office aqui, e a banda acabou não vindo. Só agora no começo de 2010, o sonho virou realidade, pelas mãos (cabeças, pés, etc.) da Top Link. Quero deixar bem claro que estou longe de ser fã da banda, apesar de sempre ter respeitado-a. Mas sua música, nos discos completos, não me agradava tanto, apenas algumas faixas aqui e acolá. Apesar disso, sempre achei a banda injustiçada, pois é uma das mais originais da cena, com uma mistura única

de Heavy, Thrash e Power Metal melancólico e melódico. Mas os fãs, e não são poucos, sempre deram valor e compareceram em peso ao Via Funchal, num show quase sold out. Sem banda de abertura, o Iced Earth subiu ao palco para o delírio de seu público eclético e variado. Sim, desde jovens adolescentes que conheceram a banda ontem até o pessoal da velha guarda, desde fãs com camisetas de bandas melódicas como Helloween, até camisetas de ícones do Thrash, como Slayer, passando pelo pessoal mais tradicional, Iron Maiden e ainda, fãs de Metal Extremo. O show foi literalmente um show! Desde já, favorito, nas tradicionais votações de final/começo do ano. Me impressionei com a presença de palco, postura dos integrantes, a qualidade sonora e tudo o mais, além do repertório. Afinal, muitas bandas têm discos irregulares, mas em shows, quando se junta o seu melhor, acaba sendo esmagador. Foi o caso. E desde já, me deparei com uma injustiça maior ainda, que o pouco reconhecimento da banda. Matthew Barlow. Já tinha visto algo em DVD, mas em vídeos oficiais, quase sempre rolam overdubs e há muitos cortes de imagens e muita produção. Por exemplo, o show do Iron Maiden no Rock IN Rio 3 foi modorrento, com a banda inteira, a exceção de Bruce Dickinson, parecendo um coletivo de múmias. Porém na edição do DVD, o show deu a impressão de ter sido o mais energético de todos os tempos. Não tem jeito, tem que ser conferido ao vivo e a cores, com os próprios ouvidos e retinas. O que esse cara canta, é brincadeira! Hoje, Matthew bota no bolso Rob Halford, Ripper Owens, Bruce Dickinson, Ralph Scheepers e não estou exagerando! A voz que esse cara tem ao vivo, somado aos gritos, berros e demais vocalizações agudas, sem a voz esmorecer durante a apresentação. Sua presença de palco é brutal, ele mais velho, quase careca, ruivo, alto e musculoso (e feio!) agitando nos solos e riffs ou qualquer parte que não canta, a frente do palco, bangueando e com os braços abertos parecia um superherói ou personagem do Street Fighter ou ainda A Coisa mesmo! Jon Schaffer, o dono do negócio, no canto esquerdo (para o público), também mais velho, mais gordo, mais barbudo e grisalho, dava pinta de um motociclista de algum moto-clube. Não por isso, haviam vários motociclistas no público! O público cantou em uníssono todas as músicas, sim, todas! Ok, que hoje a galerinha estuda o set list e baixa e decora só as músicas que serão tocadas. Mas fazia tempo que não via tal êxtase coletivo assim. Como é a primeira vez, procuraram atender todos os discos, procuraram, mas claro que a fase com Tim Ripper Owens (ex-Iced Earth, Judas Priest e Winters Bane) dos dois últimos discos, “The Glorious Burden” e “Framing Armageddon (Something Wicked Part II)”, foi apenas tolerada e abordada discretamente, com ênfase em material antigo da fase de Barlow mesmo (normalmente, os últimos discos são os mais tocados). Um show em que é desnecessário citar pontos altos, pois foi o show inteiro, num dos raros momentos de shows em Sampa realizados sob intenso calor e sem chuva (era tradição shows em SP fazer frio e tempo chuvoso). Um show pra lavar a alma (desta vez sem água). Júlio César Bocáter Foto: Marcio Rodrigo


p.o.d.

Via Funchal 25/03/10 São Paulo/SP (Bra) Em sua segunda passagem pelo país, o P.O.D. faz agora a divulgação do seu último trabalho “When Angels and Serpents Dance”, a banda contou com os paulistas do Skin Culture como banda suporte de abertura que fez um show poderoso e potente, para um Via Funchal que ainda recebia ao público, que aliás foi bem menor do que o esperado para uma banda do porte do P.O.D, talvez a avalanche de shows que ocorreram nesse mês seja uma boa justificativa para o pouco, mas fervoroso, público que foi prestigiar ao show. Após o término da apresentação dos paulistas e com uma rápida troca de palco o grupo surge por volta das 23:15 hs, com a poderosa “Boom” do álbum “Satellite” que alanvancou a carreira da banda ao status de mainstream. A banda nesta turnê, ao contrário dos realizados pela primeira vez no país, teve um enfoque mais dedicado as músicas de seu último trabalho como Addictec”, “Kaliforn” - “Eye-A”, “I’ll be Ready” e a bela “Shine With Me” e, claro que sucessos que fizeram parte da história da banda não ficaram de fora como “Southtown”, Youth Of The Nation” e “Without Jah Nothin”, um dos melhores momentos do show, formando uma grande roda na Via Funchal. Com o público ganho, o vocalista Sonny Sandoval era só elogios aos brasileiros e na grande maioria do show cantou com uma bandeira do Brasil, ora sobre suas costas, ora em suas maõs, e ainda teve tempo de comemorar o aniversário de sua filha, fazendo com que todo o público cantasse “ Parabéns a Você”. Com um show potente e passeando por todas as vertentes da banda ainda pudemos ouvir o hit máximo da banda. “Alive”, que foi cantado a plenos pulmões pelo público. O show contou tambem com o momento covers, uma delas a música “Bullet in the Blue Sky” (U2) e “Freedom” (Rage Against the Machine),que inclusive encerrou ao show. Enfim, um show competente e que mostra uma banda que hoje em dia não esta na grande mídia, mas que ainda é capaz de proporcionar grandes espetáculos. Texto e Foto: Flávio Santiago P.O.D.

Overkill

Clash Club 19/03/10 São Paulo/SP (Bra) Uma volta a década de 80, assim era o cenário avistado na sexta feira 19 de Março na porta da Clash Club em São Paulo, uma legião de bangers de várias idades que empunhavam jaquetas lotadas de patches de bandas de todos os estilos possíveis, o clássico tênis cano alto e braceletes, tudo isso para conferir a volta ao país da banda Overkill que completou 9 longos anos de ausência em solo brasileiro. Com um som absurdamente alto e estrobos que cegavam ao público a banda liderada por Bobby Blitz mostra que apesar do tempo de carreira, o vigor da banda continua cada vez mais intenso e com “Green Black” abrem ao show. A Clash Club então foi tomada por uma imensa roda de bangers alucinados. O show teve um motivo especial, afinal era a tour dos 25 anos de carreira da banda e com isso, a apresentação teve uma conotação especial. A banda tentou colocar as músicas mais significativas em um único show, tarefa nada fácil para um grupo que possui nada mais, nada menos que 22 álbuns lançados entre coletanêas e trabalhos ao vivo. O resultado do set pareceu ter agradado aos fãs com músicas como “Feel the Fire”, “In Union We Stand”, essa cantada por todos como um hino, além de “Overkill” e “Elimination”, que foi um dos pontos fortes da apresentação. Após o massacre sonoro promovido, a banda volta para o bis e logo se ouve a introdução de “Necroshine”, foi o suficiente para que o público voltasse a ficar em estado de êxtase e logo novas rodas se abriram no local. A banda ainda tocou Old school oferecida a todos os fãs de longa data da banda e a clássica “Fuck You” celebrada pelos fãs pelo gesto mundialmente conhecido. Com isso é dada por encerrada mais uma bombástica apresentação desta banda que apesar dos anos de estrada, não sentem o peso da idade e mostram que ainda tem muito o que tocar. Até a próxima, Overkill. Texto e Foto: Flávio Santiago

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ao vivo

Questions

Questions

CB Bar 20/02/2010 São Paulo/SP (Bra) O Fazer aniversario é sempre bom mas o melhor da festa, além do bolo e brigadeiro, é mesmo ganhar o presente. A comemoração dos dez anos do Questions, uma das mais queridas e competentes bandas do hardcore brasileiro, foi exatamente a comemoração em que o presente significou um pouco mais do que o fato em si. Mas, não sao flores. Tudo tem sua dose de dificuldade e haja história e roubada pra contar nesse tempo todo. São inúmeros lançamentos, várias tours pela Europa, perrengues, glórias, tudo isso fruto de muita dedicação e trabalho. Piegas? Em se tratando deles, não. Todo mundo que sabe um pouca da história do Questions e ou acompanha parte ou todo esse tempo tem certeza que é uma das bandas que mais representou o verdadeiro sentido de união, respeito e amizade do Hardcore. E por ser tão especial os

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convidados nao poderiam ser outros. Para a abertura Chorume e StillxStrong e como participação especialissima, Iggor Cavalera, eterno clássico batera do Sepultura. A primeira da noite foi a StillxStrong. Uma das figurinhas fáceis na escalação de qualquer show straigh edge, ou das Verduradas, estão de vocalista novo, Thiago Jesus, desde o final do ano passado. E é nítida a mudança. Não que o Gabriel não fosse bom e tivesse levado com méritos, mas a banda ganhou muito com a mudança. Mais nitidez e desenvoltura nas músicas, ficou um show mais solto e mais legal de curtir. Na sequencia, o Chorume, outra banda de São Paulo e que, para quem estava vendo pela primeira vez (meu caso, inclusive) pode se surpreender com a brutalidade, peso e pegada do show. Puta presença. Show com set baseada no CD homônimo lançado ano passado. Sem muita conversa, som atrás de som, peso e fúria. Apesar de uns problemas de equalizãçao quando o bumbo ficava mais alto do que todo o resto, foi fodasso! O show principal já começou com a expectativa de saber em quais dos sons o Iggor iria tocar e de que obviamente , o

set seria muito especial. Sons que são mais difíceis de ouvir, arranjos diferentes talvez. Mas pra que inventar moda né? Bora fazer o que exatamente os consagrou e tem sido base dessa década de comemoração: som nervoso com mensagem de quem tem base e tem o que dizer, para as mentes deixarem de ser menos vazias.Entre os sons “Feed the Machine” que abriu os trabalhos, seguida de “Union/Respect” e “Left Behind”. “Born and raised”, “Rise up” e “Strength” foram outras que rolaram. Incontestavel a felicidade da banda e do público com o show claro mas pela honra de ver o Iggor em ação, fato que nem todos presentes tiveram oportunidade, nos tempos áureos do Sepultura. Com ele, a banda tocou “Troops of Doom” (Sepultura), “Wasting Away” (nailbomb) e encerrou com “Show you no mercy” (Cro-Mags). Incrivel foi pouco. O melhor da história é que a banda anda registrando todos os shows dessa tour comemorativa , então certamente teremos em breve alguma surpresa para contar. Parabéns Questions! Que venham mais 10, 20, 30 anos pela frente. Andréa Ariani Foto: Felipe Ramalho


Confronto

Inferno Club 14/03/2010 São Paulo/SP (Bra) O título “Dez anos de guerra” não é mesmo a toa. Bem disse o comunicado do acidente do vocal alguns dias antes no fotolog da banda e essa falta do vocalista seria apenas mais uma adversidade a superar. Não é fácil administrar tão facilmente na cabeça mas planejar um momento com bastante antecedência, pensar em todos os detalhes, torcer e trabalhar para que tudo saia perfeito, preparar toda a festa e não participar dela? Um pouco frustrante não é? Pareceria até brincadeira, mas 10 dias antes do grande dia, um acidente aparantemente bobo, deixou de fora da festa o vocalista Felipe Chehuan. Até a previsão do tempo resolveu ficar louca e aquele calor infernal do sábado, virou um domingo de tempestade em vários pontos da cidade. Em um dado momento no show, o Tiago do Live by the Fist (um dos convidados que substitui o Felipe nos vocais) disse que há bandas, artistas que ultrapassam o limite do ídolo, da admiração e passa a ser uma entidade. Se o sentimento comum não fosse exatamente esse, nem em sonho esse show de lançamento seria como foi. Vai parecer uma sucessão de clichês dizer que tudo isso tem a ver com sentimento de amizade, companherismo e acima de tudo, respeito

explicito. Casa vazia? Que nada! O público também fez sua parte e mais do que agitar gigantestos circle pits, transformou o show principal num verdadeiro karaokê hardcore. E foi divertido. A abertura ficou a cargo das bandas xDeal Cardsx, Violator e Questions. A primeira fez um set longo, não interagiu com o público mas agitou. O som é bom mas a performance um tanto sombria. Já o Violator se sentiu em casa. Banda brasiliense de thrash metal tradicional, aparentemente parecia a intrusa do line up mas foi responsavel por agitar um dos melhores circle pits da noite. Além de dois sons do “Chemical Assault” (disco de 2006) entre elas “Atomic Nightmare”, que abriu o show, rolaram outros sons do mais recente EP e outras como “United for thrash” e “Apocalyse ending”. A galera curtiu os cabeludos. Na sequência, outra banda que recentemente também fez um show especial de comemoração de 10 anos e segue 2010 em comemoração: Questions. O que dizer do shows deles? Cada vez os caras se superam e apesar do set curto, foi fodido de bom. Entre os sons “Union/Respect” e “ SPHC” que em breve vai virar videoclipe. Nos últimos shows na Bulgaria, Praga. Londrina (no sábado passado) e este do Inferno fizeram captação de imagens para fazer este especial que deve sair em breve. E enfim,o grande momento. Antes o Franco, dono da Seven Eight Life subiu no palco para fazer os agradecimentos e apresentar um video com uma mensagem do Felipe para o público. Super aplaudido, a

banda já no palco e ficou a cargo do Thiago do DER ser o primeiro dos convidados. O som de abertura não podia ser outro além de “Santuário das Almas”, seguida por “Abolição” e “Infanticidio”. O Thiago tentou cantar mas a galera literalmente invadiu o palco, tomavam o microfone das mãos deles por várias vezes e isso rolou em outros inúmeros momentos durante o show. Depois foi a vez do Crisplaterhead do Bandanos cantar “Vale da morte” e “Confronto” e para o Tiago do Life by the Fist coube a missão de cantar o clássico “Causa Mortis”. O Tata, dono da Sobcontrole e uma lenda no hardcore nacional como disse alguém, loiro e sem os longos cabelos escuros, quase inrreconhecivel, atacou de Bono Vox (vocal do U2) na tour do “Zooropa” e sacou o celular do bolso e ligou pro Felipe ganhar um salve ao vivo. Entre as tentativas de ele cantar “sobrou” até para a Deise, assessora da banda, atacar de “Ocupação”. Camaradagem pura e não foi somente mais um show. Marcante por ter sido como disse o Eduardo, baixista do Confronto, o primeiro show nesses 10 anos em que a banda toca sem um dos integrantes originais presente. Mas certamente o grande lançamento ainda está por vir e virá, assim que tudo voltar ao normal. Nunca é demais dizer: faça a sua parte nessa história e compre o DVD original, prestigie a banda e a produção. É esse circuito que faz momentos como esse acontecerem. Andréa Ariani Foto: Mauricio Santana

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ao vivo

No Fun At All

No fun at all

Hangar 110 31/01/10 São Paulo /SP (Bra) Primeiro show de grande porte para abrir a temporada 2010: das nossas coberturas em São Paulo e do Hangar. Enquanto uma boa parte se dirigia ao Morumbi para o primeiro dos dois shows do Metallica fez no mesmo fim de semana, nós resolvemos fazer o remember 90´s e curtir o No Fun at all. Para a abertura foi escalado o quinteto paulistano Take of the Halter. A banda é nova, formada ano passado e tem tido uma boa repercussão. A inspiração são as california’s bands, o skatepunk (tanto que a banda se autonomina como new skatepunk), mas é competente e tem ganho destaque.Alguns já conheciam as músicas do EP “We Took Off ”. E tocaram além da música titulo, outras como “Injection”, “Seconds”, “Gas Chamber” e a cover de “Linoleum” do NOFX. Antes do shows começarem os integrantes do No Fun circulavam pela galera, atendendo a alguns fãs que naturalmente pediam autógrafos e aproveitavam a oportunidade para tirar fotos e tietar. A troca de palco foi rápida e muita gente aguardava ansiosamente pelo início do show. Não é a primeira vez que eles tocam no Brasil, mas é uma das poucas vezes em

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que conseguiram fazer um tour mais extenso, desta vez passando por, além de São Paulo, Curitiba, Santos e Fortaleza. A banda é de uma importância inegável dentro do seu país de origem (Suécia), justamente por ter sido uma das primeiras a fazer os olhos do mundo se voltarem para um país tão, tão distante. Conterrâneos do In Flames que o digam. As bandas trocam elogios e figurinhas e esta última até fez uma versão metal para “Strong and smart”, uma das faixas do CD “No Straight Angles”, lançado em 2000, e tendo este cover somente na edição especial japonesa. Também dizer sobre a discografia de sucesso e sobre os inúmeros hits, é até ficar no lugar comum. O mais legal deste retorno é porque justamente depois uma breve parada em 2001, a banda voltou mesmo renascida em 2004 e o último lançamento de 2009, o “Low Rider”, disco no qual boa parte do set foi baseado, é uma prova que vem selar este retorno importante para a história do hardcore mundial. Muito se falou sobre a média de idade do público, que era mesmo mais de homens e em sua maioria na faixa dos 25, 30 anos, que provavelmente passou a adolescencia curtindo o NFAA, e agora tem a oportunidade de vê-los ao vivo. O quinteto finalmente no palco e essa alegria sim é que ficou latente nos rostos de muitos desses fãs. Como a maioria já tinha visto nas comunidades do Orkut, o set cuidadosamente montado e foi mesmo re-

cheado dos clássicos. Algumas diferenças de ordem e de músicas nos shows que rolaram anteriormente nessa tour brasileira. Mas foi fácil agradar os fãs. Abriram com “Mine My Mind”, seguida por “Believers” e “Suicide Machine”. A cada som, a alegria era maior, os gritos mais altos e o agito constante. Todos cantando junto com a banda, que também derretia e vibrava com a reação da galera. “Lose Another friend”, “In a moment” e a fodassa “Should have known”, foram algumas outras também inclusas no set. Como já dito, set extenso, mas que deixou para trás a cover de “Episode 666”, cover gravada no “Low Rider”, em resposta a gentileza do In Flames. Seria muito interessante vê-la ao vivo. Mas com todo mundo exausto, casa lotada ainda houve tempo para mais 4 sons no bis: “Invitation”, “Out Of Bounds”, “Beachparty” e não poderia encerrar melhor do que senão com “Master Celebrator”. Vocal com nome quase parecido com um outro clássico sueco, mas um dos maiores cineastas mundiais, um pouco mais velhos sim, com público mais maduro sim, mas fazendo hardcore de responsa que bota muito moleque no chinelo. Como disse um dos fãs na saída do show: “Tenho barriga de chopp mas não sou nem de longe um respeitavel pai de familia. E tome rock.” Haha, sem mais. Andréa Ariani Foto: Ricardo Seiji


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