Hell Divine Outubro 2012 Edição Nº11

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A.M. F – Capítulo 3: Os “Zumbis” Do Metal. Não é de agora que sabemos que as pessoas que estão voltadas para a esfera do rock/metal são mais inteligentes, e isso, inclusive, é supostamente provado por um estudo feito na Inglaterra. Eu nunca duvidei disso, mas tem muita gente dentro dessa mesma esfera que não faz por merecer esse “estereótipo”. Alguns rockers/ bangers se julgam muito inteligentes, abominando a futilidade e a alienação do ser humano comum aprisionado na sociedade das massas manipuladas, escravas da mídia, do governo, do sistema etc. Até ai tudo bem, mas o problema é que muitos rockers/bangers sofrem dessa mesma futilidade que eles tanto repudiam, apenas a aplicam de uma forma diferente (ou seja, aplicam no Rock/Metal). Exemplos não faltam e a meta desse texto é ressaltar alguns dos diversos para que essa molecada que pratica essas atitudes cretinas abra os olhos. Para começar, as malditas listas dos cem melhores guitarristas de todos os tempos. Se vocês analisarem com um pouco de bom senso, verão que essa lista formada por “cultos” amantes da boa música é tão absurda quanto a lista dos melhores brasileiros de todos os tempos. E isso ocorre por um fator em comum: Eleita pelo povão (sim, no Rock/Metal também temos os “plebeus” por assim dizer, e são eles que estragam tudo). A lista, para começar, não é medida pela habilidade (que seria o certo), e sim pelo número de fãs e pelo fanatismo (muito similar ao fanatismo religioso irracional de gente que não quer pensar). E então surgem os absurdos, como Kurt Cobain na frente do Zakk Wylde (isso quando o Zakk aparece na lista), e por aí vai. E outro fator irritante: Jimmy Hendrix SEMPRE em primeiro lugar. Certo, ele era canhoto, tocava com uma fender invertida e foi muito inovador. Mas o cara morreu há mais de quarenta anos! Mais de quarenta anos! Então quer dizer que NUNCA vai aparecer alguém que o supere? Sendo que provavelmente já superaram? Tenha dó! Se fosse a lista dos cem guitarristas mais revolucionários (ou estrelinhas) de todos os tempos, eu até ficava quieto, mas melhores?! Outro fator que me irrita profundamente são aquelas figuras que ficam medindo habilidade pela velocidade do músico, e só falam que uma música é boa se ela for tocada durante pelo menos sete minutos a 6000 bpm. Então quer dizer que uma música não pode ser bonita ou marcante se ela tiver um arranjo simples? Para

começar, não são só pegada e velocidade que fazem alguém bom músico ou não. Criatividade, inspiração, feeling e, principalmente, inteligência contam muito, sabiam? E outra coisa: Honestamente, não vejo graça alguma naqueles solos frita-dedo que alguns fazem para se mostrar. Isso não passa de notas rápidas, irritantes e incapazes de serem captadas corretamente pelo ouvido. Ou seja, essa “música”, em vez de me acalmar, alegrar ou me deixar eufórico, acaba me incomodando, porque, para mim, essa atitude de encher o ego brincando de Sonic com a escala da guitarra e as cordas primas não é música, e sim um cover estridente do Klunk (aquele inventor genial de aviões e que fala de forma incompreensível. Para quem não se lembra da infância, ele pertence à esquadrilha do Dick Vigarista que deseja capturar o pombo correio). Portanto, uma boa música não precisa ser lotada de harmônicos, bends e alavancadas, tocadas o mais rápido possível com técnica two-handed até a exaustão. Pegue pela música clássica, obras como “O Outono de Vivaldi”, “O Primeiro Movimento do Adágio A Sonata Ao Luar” (Moonlight Sonata) de Beethoven. E para finalizar, eu não poderia deixar de citar a mais odiosa de todas. Fãs com mania de “só o que vem de fora e/ou que lota estádio com pelo menos setenta mil pessoas é que presta”. É o típico roqueirinho de “Yahoo! Respostas” que fica dando pontos para quem fazer a melhor lista de cinco músicas do Metallica, do Iron Maiden, do AC/DC, dos Rolling Stones, do Ozzy etc. E então, por exemplo, aparece um e coloca assim “Enter Sandman, Fade To Black, Master Of Puppets, Sad But True e Some Kind Of A Monster”. E o cara fala “Ah, eu não gostei. Essa lista ai está muito clichê!”. E eu pergunto: Ah e você não é clichê com as bandas que gosta, não é? Filhinhos, olhem aqui: Uma pesquisa no site Metal Archives sem nenhum parâmetro mostra quase oitenta e seis MIL bandas. Algumas delas já encerram suas atividades oficialmente, mas leve em consideração que há milhares de bandas excelentes que sequer possuem registro nesse site. Vocês reclamam tanto que a cena está uma droga, mas são vocês mesmos que fazem a cena ficar uma droga. Por quê? Por não valorizarem as bandas do seu próprio país, por não verem que existem muitas outras bandas além daquela mesma meia dúzia que todo mundo ouve e, principalmente, por acharem um absurdo gastar R$ 15 em um CD; mas, em compensação, gastam R$ 60 na Galeria do Rock comprando camisetas de estampas vagabundas (também das mesmas bandas de sempre...). Portanto, não exijam progresso em nosso mundinho enquanto vocês só estiverem interessados nas fofocas da família Osbourne ou nas porcarias que o Hetfield fala, lotando o HD de arquivos mp3, preocupados como vai ser o próximo “Eddie” e idolatrando cegamente o Big Four.

momento wtf

Antes de começarmos, a inevitável advertência: Esse texto vai te ofender se você for um babaca, portanto não o leia. Se você continua lendo, é porque ou você não é um babaca, ou é um babaca e decidiu ler mesmo assim por ser muito curioso. De qualquer forma, se a carapuça servir, não diga que eu não avisei.

Por Yuri Azaghal. 45 67


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