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Índice 07:

A ‗máfia‘ do papel higiênico no Chile

10:

Lei de terrorismo, aprovada no Senado,

15:

O deserto de Atacama floresce no Chile

18:

Apenas um terço dos chineses planeja ter segundo

21:

27:

As Tatuagens

39:

Turismo

47:

Caetano Veloso diz que não voltará a Israel

49:

A colina das viúvas de Cabul

52:

Portugal

53:

57:

Líderes árabes e sul-americanos negociam

59:

69:

Esportes

Rompimento de barragens em Mariana

72:

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O mundo

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Equipe Fundado em 12/09/2012. Fundador Diretor Editor Responsável: José Heitor da Costa Presidente: Jaldete Vieira Garcia. Vice-presidente: José Heitor da Costa. Consultor jurídico: Robson Costa Diretor Executivo: Valberto Garcia Diretor Administrativo: Guilherme Arruda Diretor Comercial: João Carlos Junior Diretor de Contatos Publicitários: Teixeira Campos Diretora de Publicidade: Carmem Lúcia Diretora de Assuntos Culturais: Ana Cristina Garcia Diretora de Projetos Gráficos e Web Designers: Bianca Rojas Diretor e Editor de Esportes: João Costa Diretor de Assuntos Internacionais: Gilmar Freitas Correspondentes internacionais: Beto Ribeiro. Rotieh Atsoc. Afonso Arruda. Penélope Mirta. Cecília Freitas. Laura Ortega. Sergio Saad. Jean Marie Repórteres: Afonso Aquino. Pinheiro Junior. Rodrigues Taú. Wanda Lacerda. Klaus Veber Colunista colaborador: Chakra Amor. Consultores: Moda / Beleza: Regina Flores. Gastronomia nacional e internacional: Sochiro Ochida Conselho Administrativo Presidente: Jaldete Vieira Garcia. Vice-Presidente: José Heitor da Costa. Diretor Executivo Valberto Garcia Diretor Administrativo: Guilherme Arruda

Email: jhcmidiadigital@gmail.com Cel: 55/011. 98178.5433 <A revista não se responsabiliza por conceitos e opiniões emitidas por entrevistados e colaboradores, assim como pelo conteúdo de informes e anúncios publicitários.>

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Editorial Apesar do ato insano, estúpido, cruel, covarde praticado pelas bestas do apocalipse, contra inocentes que atordoou parte do planeta onde vivem aqueles que repudiam e abominam esse tipo de ideologia e idolatram esse falso profeta, conseguimos concluir a Edição de número 55 da nossa Revista. Houve um momento, crucial, pensamos em algo impossível de acontecer; subestimar o fato reduzi-lo a uma nota de rodapé. Atacar profundamente os propósitos, o ego, desses assassinos ideologicamente equivocados, assim sendo haveria uma enorme frustação e não loas clamar. Porém impossível agir desta forma. O ato, a ação Terrorista, necessita além da dor causado uma repercussão com enorme destaque nas Mídias. Também a incompetência, o descaso, a falta de caráter, provocaram o maior desastre ambiental ecológico em Mariana, em Minas Gerais Brasil. Nesse caso, parte da ‗mídia‘ corrompida e comprometida minimiza o fato. Exercer a profissão, ser jornalista na América do Sul, onde o melhor só pode ser atingido por duas vias, calar, ou ser corrupto, se não participar é muito difícil sobreviver. E agora o que irá acontecer? Na tragédia ocorrida no Brasil, o caso será abafado. Cairá no esquecimento. E no resto do Planeta? Prevalecerá o engodo, o bla bá. Reuniões, reuniões, Franco Maçonaria, NOW, Instituição religiosa, ONU... ... ... Uma boa leitura.

José Heitor Da Costa

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A ‗máfia‘ do papel higiênico no Chile Os maiores fabricantes do produto mantiveram por mais de uma década um sistema de divisão do mercado e controle do preço. 

ROCÍO MONTES Santiago do Chile + jhcMídiaDigital1

Mulher escolhe papel higiênico em um supermercado de Santiago. / AFP

A Promotoria Nacional Econômica do Chile acusou as maiores fabricantes de papel do país de terem mantido de 2000 a 2011 um sistema de divisão de cotas do mercado e controle do preço do papel higiênico e outros artigos de primeira necessidade. O caso gerou indignação na população, pois não se trata do primeiro escândalo do tipo a vir à tona nos últimos anos no Chile, onde se descobriram a existência de aumentos combinados de preços de medicamentos e carne de frango. Em um país com alto índice de desigualdade, onde o 1% mais rico da população concentra 33% da riqueza, práticas como essas se tornam particularmente repugnantes. ―É um fato da maior gravidade‖, afirmou nesta quinta-feira a presidenta Michelle Bachelet. ―Esse tipo de conluio é um abuso que prejudica as pessoas, a economia, a confiança e a imagem de nosso país‖.

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8 O caso envolve duas empresas importantes e dirigentes empresariais de grande visibilidade pública. A primeira é a CMPC, conhecida como La papelera [A papeleira], uma empresa controlada pelo Grupo Matte, pertencente às famílias mais ricas e poderosas do país. A segunda companhia envolvida é a SCA Chile, que em 2000 se chamava Pisa e pertencia a Gabriel RuizTagle, ministro dos esportes do Governo de Sebastián Piñera (2010-2014). Juntas, essas empresas faturam cerca de 400 milhões de dólares por ano e controlam 90% do mercado de papel higiênico, lenços de papel, papel-toalha e guardanapos, entre outros produtos. De acordo com a investigação realizada pela Promotoria Nacional Econômica, que denunciou as empresas perante o Tribunal de Defesa da Livre Concorrência, os contatos entre elas começaram em 2000. Ruiz-Tagle e Jorge Morel, diretor-geral da CMPC, tiveram uma primeira reunião em um clube de golfe próximo da capital. O caso envolve duas empresas importantes e dirigentes empresariais e grande visibilidade pública Os empresários passaram, então, a se encontrar em um quartel de bombeiros da zona leste de Santiago, juntamente com outros altos executivos das duas empresas. Para facilitar a comunicação e não serem descobertos, criaram novos endereços de e-mails e compraram telefones celulares pré-pagos. Quando veio à tona, em 2008, o caso do aumento articulado dos preços dos medicamentos, decidiram adotar novos expedientes preventivos, trocando informação em papel impresso. As cartas chegavam às residências particulares dos diretores das empresas sob a forma de convites de casamento. O mecanismo que lhes permitiu manter as suas elevadas participações no mercado e controlar os preços de seus produtos funcionou durante mais de uma década. De acordo jhcMídiaDigital

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com a Promotoria Nacional Econômica, ―os executores desse comportamento estavam conscientes de sua irregularidade‖. Em dezembro de 2001, por exemplo, executivos da CMPC se desfizeram de alguns computadores jogando-os no canal San Carlos, um riacho bastante conhecido que atravessa uma parte de Santiago e que carrega principalmente dejetos. O sistema utilizado pelos empresários causou forte impacto entre os chilenos, que até poucos anos atrás tinham em alta conta o mundo empresarial de seu país. Casos de abusos cometidos reiteradamente contra os consumidores, porém, provocaram uma mudança nessa percepção e explicam, em parte, a explosão dos movimentos sociais em 2011. No Chile, o uso de cartel no mercado não está previsto em lei como algo de ordem penal, e não é punido com detenção: em 2003, ele deixou de ser um crime e passou a punido com multas mais altas. Embora haja pelo menos três projetos de lei no Congresso que visam a instituição de punições mais rígidas para esse tipo de prática, um deles apresentado pelo próprio Governo, não se prevê que sejam aprovados a curto prazo. Enquanto isso, a legislação em vigor permite que a ocorrência de casos como o de 2014, quando 10 executivos envolvidos no aumento de preços dos medicamentos foram absolvidos pela Justiça. No caso do papel higiênico, deverá acontecer algo semelhante: como a CMPC admitiu o uso de práticas que atentam contra a concorrência, não receberá nenhuma punição, apesar de ter recebido 76% dos lucros obtidos com o acordo ao longo de uma década inteira.

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Lei de terrorismo, aprovada no Senado, fragiliza protestos no Brasil Projeto abre brechas para criminalizar manifestações, segundo grupos de direitos humanos GIL ALESSI + JHCMÍDIADIGITAL

Cerco de policiais a manifestantes. / BOSCO MARTÍN

Moradores da periferia queimam um ônibus para protestar contra a morte de um jovem nas mãos da polícia. Durante uma manifestação de estudantes contra o fechamento de escolas estaduais, uma estação do metrô é apedrejada. Em passeata pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff, um rapaz que vestia camiseta vermelha é agredido com tapas e pontapés. De acordo com uma lei aprovada na noite desta quarta no Senado, todos os exemplos podem ser enquadrados como atos de terrorismo, e aqueles que os praticaram estão sujeitos a penas de 16 a 24 anos. Curiosamente, o relator da matéria na Casa é Aloysio Nunes (PSDB-SP), ele mesmo tachado de terrorista quando pegou em armas na luta contra a ditadura militar no país. A matéria agora volta para a Câmara, e caso seja aprovada, segue para sanção presidencial.

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11 O projeto de lei chega num momento em que o Brasil é sacudido por protestos de toda natureza, diante do aprofundamento da crise políticae econômica: de professores que se queixam do fechamento de escolas, a movimentos sociais que protestam contra o ajuste fiscal, passando pelos movimento pró e contra impeachment da presidenta Dilma. O avanço da lei no Senado é visto por entidades de defesa dos direitos humanos como extremamente nocivo, uma vez que tipifica o crime de terrorismo de forma a possivelmente enquadrar participantes de atos de rua que depredem patrimônio público ou privado. Diversas entidadesassinaram um manifesto contra a lei.De acordo com o texto divulgado, "as condutas tipificadas são todas já previstas e, por isso, puníveis, na legislação penal em vigor no Brasil". O projeto é apontado como "desnecessário, redundante e desproporcional", além de ter "o potencial de agravar de modo dramático o quadro de restrição a direitos fundamentais e de censura à expressão ideológica e política em que o Brasil já vem incorrendo". Enquanto os parlamentares se esforçam para criminalizar protestos, o relatório As Ruas Sob Ataque, da ONG Artigo 19, aponta que quem viola direitos em manifestações não costumam ser seus participantes. O documento analisou 740 manifestações de janeiro de 2014 a julho de 2015 - contra a Copa do Mundo, por moradia, de professores entre outros -, e contabilizou 849 detenções arbitrárias e diversas violações dos direitos humanos cometidas pelo Estado. No total, sete pessoas morreram em atos realizados no período. A falta de identificação da tropa - que contraria o próprio Regulamento de Uniformes da Polícia -, a detenção preventiva, que é ilegal, e o

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12 uso indiscriminado de balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo são apenas algumas violações cometidas pela PM. A Polícia Militar de São Paulo afirmou em nota que ―não existe, no ordenamento jurídico brasileiro, a prisão para averiguação‖, e que atos ilegais ou ―fundada suspeita‖ levaram a tropa a conduzir suspeitos para delegacias. Mas o documento pinta um retrato diferente. Não são apenas com balas de borracha e bombas de gás que o Estado age de forma antidemocrática contra protestos de rua. O texto fala também sobre a ofensiva do Legislativo para restringir a ação dos manifestantes - e cita o projeto de Nunes como sendo o mais nocivo para a liberdade de expressão. Os juízes também têm sua parcela de culpa, segundo o relatório. ―O poder Judiciário chancelou a postura criminalizadora dos poderes Executivo e Legislativo em relação ao direito de protesto, optando pela via da condenação criminal de manifestantes‖, diz o texto. Camila Marques, coordenadora do centro de referência legal da Artigo 19, afirma que o estudo buscou analisar ―não somente as violações que aconteciam na rua‖, mas também a maneira ―como o Estado como um todo agiu no sentido de criminalizar os manifestantes‖. ―A lógica de segurança dos protestos não se voltou para a proteção e bem estar dos manifestantes e comunicadores presentes nas ruas‖, diz o texto. Muito pelo contrário, ―as forças de segurança se comportaram de maneira agressiva frente aos protestos, demonstrando despreparo do Estado em lidar com essa legítima forma de expressão dos sistemas democráticos‖. Se por um lado nenhuma destas denúncias contra as polícias é nova, o relatório aponta que, se as forças públicas haviam sido pegas de surpresa durante os protestos de 2013, a partir de 2014 já poderiam ter se preparado de forma adequada para lidar com as manifestações. ―Houve o tempo necessário para entender o fenômeno (…) e agir no sentido de garantir os direitos de liberdade de expressão e manifestação‖, afirma o relatório. Mas a resposta foi uma modernização do aparato repressivo, com o uso de armadura (apelidada de Robocop), veículos blindados municiados com canhões de água e jhcMídiaDigital

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13 o kettling (envelopamento) de manifestantes e jornalistas pela tropa. No envelopamento os policiais cercam toda a manifestação - especialistas afirmam que o método coloca as pessoas em risco ao confiná-las. Protestos contra Dilma Rousseff realizados este ano são um ponto fora da curva no comportamento das Polícias Militares Em nota, a PM afirmou que é ―instituição garantidora da democracia e dos direitos fundamentais‖, e que sempre atua ―para garantir a segurança dos próprios manifestantes‖. Segundo a corporação, a técnica de envelopamento ―é utilizada internacionalmente‖, e foi responsável pela redução no uso de outras técnicas ―potencialmente mais violentas, embora legais, como o uso de munição química e de elastômeros [bala de borracha]‖. O Ministério Público também é acusado no documento por ter encaminhado ―diversos inquéritos repletos de inconsistências e ilegalidades, sem provas efetivas‖. Um exemplo claro desta prática foi o caso do estudante Fábio Hideki Hirano, detido em junho de 2014 durante ato na avenida Paulista, em São Paulo, e acusado de incitação ao crime, associação criminosa, resistência, desobediência e porte de coquetel molotov. Ele ficou 45 dias preso até que um laudo pericial comprovou que ele não tinha explosivo algum: teria sido detido apenas por estar de capacete no meio do protesto. Ponto fora da curva Para Camila Marques, da Artigo 19, os protestos contra o Governo da presidenta Dilma Rousseff realizados este ano são jhcMídiaDigital

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14 um ponto fora da curva no comportamento das Polícias Militares do país. Os atos, que reuniram mais de um milhão de pessoas em dezenas de cidades, terminaram sem repressão policial. ―São um tipo de manifestação distinta, que provoca reações distintas do Estado‖, diz ela. A advogada afirma que estes atos tiveram um apoio institucional da Segurança Pública, ―algo que não vimos, por exemplo, nos atos doMovimento Passe Livre‖. De acordo com Marques, ―em um caso o Estado garante a segurança dos manifestantes, no outro ele provoca as violações‖. Em São Paulo, onde houve o maior público nos atos contra a mandatária, o governador tucano Geraldo Alckmin foi acusado de incentivar os protestos e garantir sua realização. Segundo a coordenadora da ONG, as polícias militares devem sempre agir no sentido de garantir a segurança do protesto ―para que ele tenha começo, meio e fim, e alcance seu objetivo político e social‖. A atuação nos atos contra Dilma mostram que a tropa ―tem algum conhecimento no sentido de garantir estes direitos‖, mas ressalta que ―a proteção dos atos não pode ser decisão política, mas sim institucional e constitucional‖. Antes e depois de junho de 2013 As chamadas 'jornadas de junho', ocorridas em 2013 e convocadas pelo Movimento Passe Livre, fizeram com que o brasileiro voltasse a conhecer o significado de manifestações de massa. Se inicialmente os protestos contra o aumento da passagem dos transportes reuniam poucos milhares de pessoas, após uma violenta repressão da Polícia Militar em 13 de junho os atos ganharam outra dimensão. Após décadas de ditadura militar - durante as quais não havia direito a protesto -, o país voltava a ter grandes atos. O que se seguiu em 2014 e 2015 foram centenas de protestos - anti-Copa, antiDilma, anti-chacinas na periferia -, convocados tanto pela esquerda quanto pela direita. Depois dos anos de chumbo, a população retomou a ação política nas ruas. A dúvida é como o Estado democrático de direito irá lidar com esse novo mo

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O deserto de Atacama floresce no Chile MARIO RUIZ (EFE) + jhcMídiaDigital

As abundantes chuvas dos últimos meses no deserto de Atacama, no Chile, propiciaram o florescimento mais espetacular em 18 anos.

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Apenas um terço dos chineses planeja ter segundo filho. 

China abole política do filho único, mas restringe a duas crianças por casal. MACARENA VIDAL Pequim + jhcMídiaDigital

Avós passeiam com a neta em Pequim (China), em 30 de outubro . / ROLEX DELA PENA (EFE)

O Mickey, cuja proprietária Disney planeja inaugurar um parque temático em Xangai no ano que vem, está batendo palmas com suas grandes orelhas. Outras empresas de produtos infantis na China, que viram suas ações subirem como espuma na Bolsa, também. O Governo chinês considera a abolição da política do filho único como uma iniciativa que irá beneficiar a economia do país, e que poderá ser aproveitada por 90 milhões de casais, após quatro décadas de fortes críticas contra sua estratégia de controle da taxa de natalidade. Mas os cidadãos comuns, que seriam os responsáveis por gerar esses quatro milhões de crianças por ano segundo cálculos das autoridades, se mostram bastante céticos. Uma pesquisa on-line realizada nesta sexta-feira pelo site Sina, da qual participaram mais de 160.000 pessoas, revelou que apenas 29% estão dispostos a tirar proveito do fim da política.

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19 Cerca de 43% afirmaram categoricamente que não terão outro filho. "Ter um segundo filho é muito caro", diz Wang Weiyi, de 32 anos, que trabalha no departamento de recursos humanos de uma multinacional. "Teria de procurar um apartamento maior, pagar duas mensalidades escolares... Nem penso nisso." Em geral, especialistas concordam que a mudança da política chegou tarde demais. Segundo Jeremy Lee Wallace, da Universidade Cornell, "é pouco provável que a taxa de fertilidade aumente drasticamente de tal forma que reduza o rápido envelhecimento da China. A taxa de natalidade já estava caindo antes dessa política ser colocada em prática, e pesquisas mostram que poucos pais acreditam que atualmente possam arcar com mais um filho nas caras áreas urbanas". A flexibilização das regras em 2013 teve resultados decepcionantes e foi utilizada por menos de 1,5 milhão de um total de 11 milhões de potenciais casais até junho passado. No total, em 2014 foram registrados 16,78 milhões de nascimentos, um número não muito acima dos 15,92 milhões em 2010. O demógrafo He Yafu acredita que será mais fácil convencer os casais a terem um segundo filho se forem adotadas medidas adicionais, que poderiam facilitar a vida das famílias urbanas. ―Os impostos para as famílias com mais de dois filhos deveriam ser reduzidos, bem como aumentar as licenças-maternidade", diz. Mas a Comissão Nacional de Saúde e Planejamento Familiar preferiu trabalhar com cálculos otimistas. Segundo suas estimativas, a medida poderia incorporar mais 30 milhões de pessoas ao mercado de trabalho até 2050, o que ajudaria a compensar os cerca de 400 milhões de aposentados estimados pela ONU no país nesse período.

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20 "Espera-se que, depois do ajuste, o número de nascimentos aumente, com mais de 20 milhões de nascimentos esperados em um dos anos de maior concentração", disse o subdiretor da Comissão, Wang Pei‘ an. A agência calcula que, até 2030, a população chinesa, de 1,36 bilhão de pessoas em 2014, alcance 1,45 bilhão no período, em vez dos 1,39 bilhão apontados pelas estimativas da ONU. Em parte, os cálculos baseiam-se no fato de que a maioria dos quase 90 milhões de casais ainda limitados pela proibição mora no campo, onde culturalmente sempre houve maior interesse em ter mais filhos. Em entrevista ao jornal do Governo Securities Times, Liang Jianzhang, professor da Universidade de Pequim, calcula um aumento anual de 2,5 milhões de nascimentos nos próximos anos, o que significaria uma injeção econômica — considerando uma despesa média por filho de 19.000 reais por ano — de 47 bilhões de reais, em meio a um cenário em que o crescimento do PIB chinês perde força. Mesmo admitindo que as estimativas do professor sejam otimistas, a possibilidade de um aumento, ainda que relativo, da taxa de natalidade fez disparar a cotação das ações de fabricantes de produtos infantis. As ações da empresa de alimentos e produtos lácteos Bright subiam 5,23%, enquanto a fabricante de leite infantil Beingmate mostrava alta de 10%. E ninguém poderia estar mais feliz do que a Disney, que em 2016 vai inaugurar nos arredores de Xangai seu primeiro parque temático no território da China continental. O diretor-presidente da empresa, Robert Iger, disse em tom de brincadeira e ao mesmo tempo um pouco sério, que o anúncio veio "em boa hora. As crianças são boas para a Disney"..0

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Regina Flores consultora da jhcMídiaDigital

Desfile de moda dos anjos. O anual Victoria's Secret desfile de moda foi realizado em Nova York. As mais belas modelos de diferentes países subiram ao pódio para mostrar a mais nova coleção de lingeries e biquínis. Sputnik Brasil + jhcMídiaDigital

Modelo brasileira Adriana Lima no desfile apresenta as asas de anjo. © AP PHOTO/ INVISION/EVAN AGOSTINI

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Modelo Martha Hunt com as asas do anjo no desfile de moda Victoria Secret. © AFP 2015/ JEWEL SAMAD

Modelo norte-americana Gigi Hadid pela primeira vez participando do desfile de moda Victoria Secret. © AP PHOTO/ EVAN AGOSTINI

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Modelo namibiana Behati Prinsloo é um anjo de Victoria Secret desde 2009. AP PHOTO/ EVAN AGOSTINI

Modelo namibiana Behati Prinsloo mostrando a lingerie de Victoria Secret. © AFP 2015/ JEWEL SAMAD

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Modelo sueca da Victoria Secret Elsa Hosk no desfile de moda. © AFP 2015/ JEWEL SAMAD

Modelo angolana Maria Borges no desfile de moda Victoria Secret. © AFP 2015/ JEWEL SAMAD

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Modelo Devon Windsor mostra as suas asas do anjo durante o desfile de moda Victoria Secret. © AFP 2015/ JEWEL SAMAD

Este ano o show contou com a participação de cantoras Selena Gomez, Ellie Goulding e The Weeknd. AP PHOTO/ INVISION/EVAN AGOSTINI

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Dicas de como combinar cores dos sapatos com ternos

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As Tatuagens Seja pelo exoterismo ou pelo diferencial das estampas e cultura, as tatuagens orientais chamam a atenção dos brasileiros. Somos na verdade grandes consumidores da cultura oriental nos mais diversos seguimentos, desde a moda até a alimentação e o diferencial de pensamentos do oriente com o ocidente é um grande atrativo para as tatuagens orientais. Elas são realmente chamativas quando se procura saber o significado e interessante porque são desenhos bem fortes culturalmente. Nos bastidores daYAKUZA.

Durante dois anos o fotógrafo Anton Kusters acompanhou os passos de uma das mais poderosas famílias da máfia japonesa. Seu livro, recém-lançado, revela o poder e a tradição de uma organização criminosa que atualmente enfrenta grandes desafios para se manter influente e respeitada Um encontro fortuito em um bar no bairro de Kabukicho, em Tóquio, foi a oportunidade que o fotógrafo belga Anton Kusters não desperdiçou. Era madrugada, começo de 2008 e, em companhia de seu irmão Malik, Kusters bebia uma cerveja descompromissadamente na mais boêmia região da capital japonesa. Os irmãos repararam na chegada de um sujeito vestido de terno, o qual o barman cumprimentou com especial deferência. ―Até este momento‖, eu imaginava os membros da Yakuza como todo mundo: um bando de loucos tatuados armados com facas e pistolas se matando a torto e a direito‖. O estereótipo começava a mudar quando o tal sujeito, que logo Kusters descobriria chamar-se Souichirou, deixou o estabelecimento. O fotógrafo perguntou sobre ele para Taka-san, o barman, e soube então se tratar de um integrante da família Shinseikai, clã da jhcMídiaDigital

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28 máfia Yakuza que controla boates, bares e restaurantes de Kabukicho. Com a intermediação de Taka-san, os irmãos Kusters propuseram a Souichirou acompanhar o cotidiano da família para registrar em livro a tradição, os valores e a cultura da Yakuza. A negociação levou cerca de dez meses até Anton Kusters receber o sinal positivo e poder mergulhar com sua objetiva por dois anos na vida pública e privada de uma família mafiosa japonesa. Ele pôde presenciar jantares entre chefões, rondas de capangas pelas ruas de Tóquio, noitadas de gângsteres tatuados em casas de strip-tease, treinamentos de recrutas em localidades remotas, momentos de lazer e até a raríssima oportunidade de fotografar o funeral de um dos chefões do grupo. A tradição de cortar a falange do próprio dedo

como pedido de desculpas segue sendo respeitada pelos mais velhos. Os mafiosos mais jovens, porém, preferem pagar em dinheiro pelo perdão da família.

O resultado é o livro Odo Yakuza Tokyo, -lançado na Europa. A obra pode ser encomendada na página do fotógrafo www.antonkusters.com talvez a mais bela e consistente documentação visual feita por um estrangeiro sobre a lendária

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Uma das ruas de Kabukicho, bairro boêmio controlado pela família Shinseikai e que concentra muitas das boates e casas de prostituição de Tóquio Homens de negócio Calcula-se que a máfia japonesa conta atualmente com mais de 100 mil integrantes distribuídos em cerca de três mil famílias. Além de atuar em ramos clássicos da ilegalidade, como prostituição, tráfico de drogas, jogo, agiotagem e extorsão, a Yakuza também marca presença no show biz, mercado financeiro e política japonesa. Seus tentáculos se estendem inclusive para outros países, como China, Coreia do Sul, Estados Unidos e Brasil. De acordo com a polícia japonesa, que chama oficialmente a máfia de Booryokudan (ou grupos violentos, em tradução livre), a Yakuza lucra algo como US$ 50 bilhões por ano apenas explorando pornografia infantil, prostituição e comércio de entorpecentes. ―Eles têm bastante interesse em drogas sintéticas‖, afirma Kusters. O fotógrafo, que ficou íntimo dos mafiosos, conta que não chegou a presenciar episódios de violência explícita, mas que pôde questionar diretamente os integrantes dos grupos sobre suas atividades e valores. ―Eles sabem claramente o que é bom ou é errado. Diria que são homens de negócio muito pragmáticos. Se o caminho para chegar aonde querem é bom, então muito bem. Mas, se é ruim, que seja ruim.‖ A dubiedade de valores se aplica aos sentimentos que a população japonesa nutre pela máfia. A própria história da organização, que remonta ao período do Japão feudal, em meados do século XVII, quando grupos de samurais defendiam povoados de mercenários delinquentes que vagavam pelo território para saquear camponeses – na versão oficial disseminada pela própria organização, pois existe outra que diz que os primeiros Yakuza não passaram de samurais excêntricos que semeavam o pânico pelo Japão –, explica os laços profundos dos criminosos com a população japonesa e a

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30 autoimagem de Robin Hoods modernos que eles próprios fazem de si mesmos.

Líderes de diferentes famílias pagam seus tributos durante funeral de um dos chefes da Shinseikai Se no começo do século passado a organização foi responsável pelo assassinato de ministros e participou de golpes de Estado, depois da Segunda Guerra Mundial o governo japonês usou os mafiosos para proteger o povo subjugado e lutar contra quadrilhas de chineses, coreanos e americanos que tentavam se apoderar do que restara do Japão. A cultura de pagar ―proteção‖ começava aí. Os Yakuza asseguravam a proteção das vilas em troca de dinheiro, uma prática não muito diferente daquela nascida à época do Japão feudal e que, bem ou mal, apertava ainda mais o laço entre a Yakuza e a sociedade nipônica. Mais recentemente, os clãs do crime chegaram a se mobilizar e enviar toneladas de suprimentos às comunidades atingidas por grandes terremotos, como o de Kobe, em 1995, e o que destruiu o norte do país no começo deste ano. É esse código de honra definido por uma rígida hierarquia, parte de uma cultura que preza pela disciplina total e respeito aos mais velhos, que Anton Kusters testemunhou em detalhes. ―A linguagem corporal é muito específica, eles mal expressam suas emoções‖, descreve Kusters, que diz ter levado meses até entender as regras de conduta dos Shinseikai, desde saber para qual pessoa dirigir a palavra, em qual momento fazê-lo e, principalmente, de que modo fazê-lo. ―Se eu quisesse fotografar um carro de luxo de um dos chefões, por exemplo, não poderia simplesmente pedir ao dono para fotografar. Tinha que dizer ‗oh, jhcMídiaDigital

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31 mas que carro mais bonito‘. Então eles entenderiam o que eu queria e só aí me permitiam fazê-lo. Se isso valia para fotografar um carro, imagine para documentar um funeral.‖ O funeral de Miyamoto-san, um dos líderes da família Shinseikai, um evento totalmente privado, foi o momento mais simbólico da conquista de confiança entre o fotógrafo belga e a Yakuza. Kusters conta que, quando soube que o chefe entrara em coma, viajou imediatamente da Europa para o Japão para visitá-lo. ―O ato de deferência fez com que a família entendesse que eu os respeitava e eles começaram a confiar mais em mim‖.

Hierarquia em cheque As últimas homenagens ao capo da Shinseikai reuniram dezenas de chefes dos principais clãs da máfia de todo o Japão. O momento raríssimo rendeu cenas preciosas para o projeto de Kusters. As fotos, assim como muitas outras do livro, não deixam de ser ostensivas manifestações de status e poder por parte dos mafiosos. Ao mesmo tempo, as imagens de elegantes senhores de idade reunidos em pesar, ou de mal-encarados ostentando suas tatuagens pelas ruas de Tóquio, não revelam por completo a atual realidade da Yakuza. A organização luta contra a decadência e enfrenta inúmeros desafios para manterse influente e respeitada. O maior deles talvez seja a dificuldade dos mais velhos em transmitir seus valores para os mais jovens. Se antes o dinheiro, as mulheres e os carros importados magnetizavam parte da juventude, hoje não parecem exercer tanto fascínio. ―Os novatos não respeitam mais as regras nem seguem as tradições‖, diz o brasileiro radicado em Tóquio Eduardo Soares, 51 anos, conhecido como

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32 Edo, um dos poucos tatuadores estrangeiros a dominar as técnicas tradicionais da tatuagem artesanal que caracteriza os corpos dos Yakuza. ―Quando cometem algum erro, ao invés de cortar o dedo, os jovens fogem. E, quando são pegos e apanham, correm para a polícia‖, exemplifica Edo. Em 20 anos de profissão, Edo já perdeu a conta de quantos mafiosos tatuou.

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Diz que teve o privilégio de poder participar de festas da Yakuza, ―um outro mundo, onde a hierarquia é bem mais forte do que na sociedade japonesa‖, descreve. ―Quando você vai ao banheiro, por exemplo, dois jovens lhe seguem com toalhas para enxugar as mãos, sempre com a cabeça baixa. Quando você pega um cigarro, aparecem vários isqueiros acesos na sua frente.‖ O tatuador conta que, apesar de todo o poder que os mafiosos ainda ostentam, aos poucos as tradições estão definhando. ―Já não se corta mais o dedo para pedir desculpas por um erro, por exemplo. Ainda acontece entre os mais velhos, mas hoje se pede também dinheiro para compensar as falhas.‖

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34 Essas mudanças se agravam com a crise econômica pela qual atravessa o Japão, mas também porque simplesmente a Yakuza já não é o que foi um dia. ―Eles estão se adaptando às novas situações, lucrando com lavagem de dinheiro, tráfico de influência e corrupção‖, exemplifica Kusters. De modo que grande parte do dinheiro dos mafiosos se encontra legalizada em investimentos de empresas respeitáveis. Isso não significa que os chefões tenham deixado para trás o tráfico de drogas ou a prostituição: simplesmente delegam essas atividades aos novatos, para que sujem as mãos enquanto eles administram o caixa. ―Com as novas leis e o endurecimento da polícia, de fato, não há muita vantagem para um jovem entrar na Yakuza‖, constata o tatuador Edo. O cerco à Yakuza a que se refere Edo vem crescendo nos últimos anos. Inclui desde a proibição de homens tatuados em campos de golfe ou casas tradicionais de banho – duas atividades caras aos mafiosos – até a aprovação de leis que endurecem as punições e ampliam as penas às atividades dominadas pela organização. Em outubro, Tóquio e Okinawa foram as últimas das 47 províncias do país a colocar em prática uma nova lei que pune até quem é vítima de extorsão por parte da Yakuza, principalmente empresários da indústria do sexo, jogos de azar, tatuadores, revendedores de carros usados, etc. Agora, quem paga por ―proteção‖ pode perder o crédito na praça, as licenças de funcionamento e ter contas bancárias fechadas. A gangue circula pelas ruas de seu território na

capital japonesa. A ligação com a máfia tem causado problemas inclusive a personalidades do país, como Shinsuke Shimada, um famoso apresentador da tevê japonesa. Em agosto, Shimada foi obrigado a pedir demissão da emissora onde trabalhava quando a imprensa divulgou e-mails trocados entre ele e um famoso chefão da Yakuza, aposentado em 2008. jhcMídiaDigital

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35 Espécie de Silvio Santos japonês, o apresentador admitiu o elo de amizade com o mafioso e em coletiva de imprensa disse: ―Não estava fazendo nada de errado, mas parece que esse tipo de amizade é inaceitável para a sociedade japonesa.‖ No final de outubro, mais um episódio emblemático dos duros tempos pelo qual passa a máfia no Japão: a polícia fez uma batida numa sauna no centro de Tóquio de propriedade de um mafioso. Os os clientes que estavam no local foram presos, acusados de contribuir com a Yakuza. No dia seguinte, todas as saunas e casas de massagem fecharam suas portas, causando prejuízo de milhões de dólares à indústria do sexo, que até então convivia pacificamente com as autoridades. O cerco da polícia, o endurecimento das leis e a insolência dos mais jovens mostram que o futuro da Yakuza como organização poderosa é incerto. ―A Yakuza nunca vai morrer porque faz parte da cultura do Japão‖, aposta o jovem mafioso ouvido por Status (leia a entrevista na página ao lado). Anton Kusters não duvida disso. Ao terminar sua entrevista com Status pediu o favor de conhecer o teor do texto antes de sua publicação, de modo a certificar-se de que nada que fosse veiculado pudesse ofender a família Shinseikai. ―Eles são criminosos, e não quero que meus amigos em Tóquio sofram nenhum risco por algo que eu faça‖, diz ele, antes de finalizar: ―Quando um estranho observa as imagens do meu livro, pode ver que ali existe o mal e cantos obscuros. Mas os homens que me deixaram conviver por perto ao largo de dois anos só enxergam uma coisa: sua própria família‖. Recrutas da Yakuza descansam após dia de treinamento Um membro da Yakuza conversou com Status em uma quarta-feira do começo de novembro. O encontro se deu em um estúdio de tatuagem em Tóquio. O mafioso impôs duas condições: não ser fotografado nem revelar seu nome. ―A polícia está atenta a tudo. Não podemos vacilar‖, justificou ao jhcMídiaDigital

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36 chegar imponente em uma Mercedes CLS 500 acompanhado da esposa e de um segurança. O jovem de 32 anos, que vestia roupas de grife e muitos acessórios em platina, logo avisou: ―Há muita coisa que não poderei dizer.‖ A seguir, os melhores momentos da conversa.

Dançarina erótica pega notas falsas de US$ 2 de um mafioso em um bar em Kabukicho Como você entrou para a máfia? Eu era pobre e desde criança gostava de brigar e sonhava em ganhar muito dinheiro. Não terminei os estudos e, na adolescência, liderei uma gangue. Aos 18 anos, finalmente consegui entrar para a Yakuza. Mas no começo achei tudo muito difícil, diferente do que eu imaginava. Por exemplo? Achava que sem esforço nenhum a gente ganharia dinheiro e mulher. Queria ter uma boa vida sem fazer nada. Mas, quando a gente entra para a organização, começa com serviços pesados. Eu dormia umas duas horas por dia apenas. Era como um escravo. Achava que ia brigar, participar de ações. Mas o chefe do grupo disse que eu teria de começar de baixo, como todo mundo. Mas não desisti e, aos 24 anos, criei meu próprio grupo.

Um dos chefes da família suporta a dor de mais uma sessão de tatuagem tradicional para cobrir todo o seu corpo. A pintura completa leva cerca de 100 horas para ser finalizada

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37 A Yakuza vai sobreviver aos novos cercos do governo? A Yakuza nunca vai morrer porque faz parte da cultura do Japão. Mas teremos de mudar o pensamento e a forma de agir. A imagem que as pessoas têm da máfia é ligada a crimes, golpes e violência. Mas nós temos um código de honra, e dentro dele temos uma diretriz que nos obriga a ajudar os pobres e necessitados. Um membro da Yakuza não vai nunca aprontar com um fraco, só com os ricos.

Qual a principal consequência do endurecimento policial? Muitos membros estão pedindo para sair. Mas na verdade eles continuam a pertencer à Yakuza. Então isso pode fazer com que surjam grupos paralelos, com uma cara mais criminosa. As ilegalidades, como jogos de azar e prostituição, vão continuar, mas os crimes podem aumentar, pois a polícia não terá mais o controle de quem faz parte da Yakuza. Para continuar nossos negócios, começamos a investir em outros países. Só não posso falar que tipos de negócio. Isso é segredo.

Jovens recrutas recebem aulas práticas de artes marciais e para lutar com facas em campos de treinamento da Yakuza

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Está mais difícil recrutar novatos? Sim, não há mais muitos jovens querendo ganhar dinheiro fácil como na minha época. Hoje os jovens japoneses não têm muita ambição. Eu achava o máximo dar um cartão de visitas folheado a ouro ou usar um broche de um grupo mafioso. Era meu sonho. Agora isso mudou muito. Os jovens não respeitam mais a tradição e a cultura da hierarquia.

Hoje em dia, para manter a Yakuza afastada, cada vez mais casas de banho e campos de golfe proíbem que homens tatuados, como este sujeito, frequentem suas dependências. Você ganha quanto dinheiro? E gasta com o quê? Com carro, golfe e mulheres (ri, olhando provocador para a esposa)… Gosto de comprar roupas e viajar para o exterior. Gasto de US$ 300 a US$ 400 por almoço, todo dia e, nos fins de semana, chego a desembolsar US$ 10 mil numa rodada de bebidas para os amigos. E olha que eu mesmo não bebo. Faz parte. Temos de manter os contatos e as amizades para continuar sobrevivendo. Por Bruno Weis, com reportagem de Ewerthon Tobace, de Tóquio + jhcMídiaDigital

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Turismo

Dubai

Penélope Mirta / jhcMídiaDigital

Com os brilhantes arranha-céus, seu amor pela modernidade e a aparente falta de qualquer coisa que tenha mais de dez anos, você será perdoado se pensar que Dubai é uma cidade jovem, apesar de ela estar passando por um incrível esforço de crescimento. Embora seja verdade que a cidade só tenha realmente tomado forma na última década, construções datadas do início dos séculos 5 e 6 a.C. foram encontradas onde agora fica o moderno bairro de Jumeirah. Essas relíquias indicam que, com o advento do

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40 Islamismo e das dinastias islâmicas Umayyad e Abbasid, Dubai já estava estabelecida como entreposto comercial para as caravanas que serviam ao Iraque – o centro do mundo islâmico daquela época. Até recentemente, os Emirados Árabes não fizeram um trabalho muito bom em preservar seus sítios históricos. O boom da construção, amplamente espalhado e quase histérico, começou nos anos 1990 e se tornou excessivo em 2003, transformando

Dubai numa metrópole efervescente, onde as culturas árabe e ocidental se unem, às vezes com sucesso e, em outras, de forma desajeitada – mas quase sempre às custas da arquitetura tradicional e de prédios antigos.

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Foi a sedução do comércio de pérolas que colocou Dubai no mapa internacional; o joalheiro veneziano Gasparo Balbi fez a primeira referência escrita a ‗Dibei‘, em 1580, durante uma pesquisa pelo Oriente para descobrir uma fonte lucrativa de pedras preciosas.

Dubai hoje A polarização da riqueza em Dubai torna a vida menos comum. Em meio a todos os superprojetos, hotéis de

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42 luxo e shopping centers, é fácil esquecer que, para 1,4 milhão de pessoas, Dubai é simplesmente seu lar. O incrível fluxo de estrangeiros de todas as partes do mundo criou um verdadeiro caldeirão cultural. Ainda dividida por classes e credos, a cidade é interpretada de acordo com a origem e ocupação de quem a vê. Arquitetura. Um horizonte sempre em movimento Com fome por novos marcos na paisagem e com inigualável aptidão para fazer propaganda deles, Dubai acumula múltiplas proezas para demonstrar ambição e riqueza aos vigilantes de todas as partes do mundo. Quando uma matéria da revista Vanity Fair chamou atenção para ‗o céu em estouro‘ de Dubai, eles não estavam exagerando: parece que todos os novos

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43 shopping centers, prédios de escritórios ou residências devem quebrar recordes de altura, oferecer novas dimensões em luxo ou ser arquitetonicamente inovadores. Dubai, pode-se dizer com segurança, não é mais a pacata cidade de pescadores que era há meio século. Onde antes havia pouco mais do que areia e correntes de vento, outdoors anunciam a iminente construção da próxima criação original com grandes dizeres: o Burj Dubai é o ‗mais prestigiado quilômetro quadrado do planeta‘, Falconcity of Wonders vai ‗além da história‘, e Dubai Waterfront, a fonte de água, é ‗o último espetacular objeto de consumo líquido‘. Ainda assim, olhe por trás das propagandas e discursos pomposos, e você irá descobrir que algo extraordinário está acontecendo na cidade. É fácil rir dos projetos mais estranhos, mas é impossível não ficar impressionado com o pensamento inovador, os riscos assumidos, e, até agora, as consideráveis recompensas que estão aparecendo. Esse crescimento na construção é um fenômeno relativamente novo. Diferentemente de grandes cidades, como Londres ou Nova York, a história arquitetônica de Dubai foi surpreendentemente reduzida: moinhos de ventos substituíram os abrigos feitos de folha de palmeira do começo do século 20; depois do boom do petróleo, estes foram destruídos para dar espaço aos apartamentos de blocos de concretos que, por sua vez, deram lugar aos arranha-céus pósmodernos. Entretando, a tendência do design da cidade parece dar voltas completas. Com uma inclinação para o estilo árabe-chique, arquitetos reincorporaram as torres de vento no desenho de

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44 hotéis cinco estrelas. Com as primeiras exportações de petróleo, nos anos 1960, Dubai partiu para o século 20 com quase um ardor religioso. O mantra do ‗fora o velho, viva o novo‘, e a urgente necessidade de casas para a população, resultou na destruição da maior parte da antiga cidade e na rápida ascensão de torres e prédios de apartamentos baratos. Até os anos 1990, o governo não se importou em restaurar e preservar o que sobrou da velha cidade – e foi um desperdício. Os críticos dizem que apenas Omã oferece verdadeiros exemplos da arquitetura tradicional do Golfo Pérsico. Mas ainda há pequenas mostras de autenticidade na Dubai do século 21, mais especificamente na região de Bastakia. Nos termos da arquitetura contemporânea, o audacioso hotel Burj Al Arab se tornou um ícone instantâneo quando ficou pronto, em 2000. A partir daí, começou a obsessão de Dubai por quebrar recordes de altura. As graciosas linhas do Jumeirah Emirates Towers deram seqüência, e o Banco Nacional Carlos Ott de Dubai e o Hilton Dubai Creek são, hoje, bastante admirados. Enquanto isso, as pranchas de desenho dos arquitetos internacionais estão cheias de planos para as ‗cidades dentro da cidade‘ da futura Dubai. A torre mais alta do mundo (Burj Dubai) e o primeiro hotel sob a água (Hydropolis) estão previstos para ficarem prontos em breve. Sem dúvida, o debate continua intenso em relação a como desenvolver uma linguagem arquitetônica local que faça referência ao passado de Dubai, assim como ao seu brilhante futuro.

É provável que você escute pessoas chamando para orações. Uma vez dentro da cidade, você nunca estará a mais de 500 metros de distância de uma mesquita, e entonações melodiosas irão lembrá-lo de que você está na Arábia. A maioria das mesquitas fica lotada às sextas-feiras, sendo as orações transmitidas para a praça por meio de alto-falantes. Mas os mulçumanos podem realizar as cincos preces diárias em

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45 qualquer lugar, seja na beira da estrada ou no escritório, desde que estejam voltados para Meca, a oeste. Evite passar na frente de alguém que esteja rezando, e não olhe fixamente; orações privadas, mas ainda assim em público, devem ser vistas como algo perfeitamente normal. Em comparação com alguns Estados do Golfo, os Emirados Árabes são tolerantes e respeitam a maioria das outras religiões – e abrigam grande número de templos e igrejas –, mas a divulgação delas não é bem-vista. Como no consumo de álcool: embora visitantes e residentes não-muçulmanos possam comprar produtos no free shop dos aeroportos ou fazer noitadas em discotecas e bares de hotel, diversões mais pesadas são apenas toleradas.

Em noites que antecedem festivais religiosos, geralmente, a venda de álcool é proibida; não há tolerância alguma para quem for pego dirigindo bêbado; e oficiais da polícia de Dubai, a CID, se disfarçam para vigiar as festas mais barulhentas. As duas importadoras locais – MMI e a+e – fornecem aos hotéis, locais com alvará para bebibas alcoólicas e eventos esportivos e de entretenimento ao ar livre, mas suas lojas têm fachadas discretas. Você pode ver árabes do Golfo, tanto locais como da Árabia Saudita e outros países, em bares mais calmos, mas, geralmente, beber é reservado aos estrangeiros. Outra atividade jhcMídiaDigital

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46 considerada haram (religiosamente proibida) inclui o consumo de produtos de carne não-halal (preparada segundo a doutrina islâmica) e carne de porco, que são vendidas para estrangeiros num ‗mercado do porco‘ separado nos supermercados. Visitantes também devem evitar manifestações de afeto entre homem e mulher em público – e prestar atenção a sinais ofensivos (como apontar diretamente com o dedo, assim como os gestos reconhecidos como grosseiros em todo o mundo). Mostrar as solas dos pés na direção de alguém também pode ser considerado um insulto. Não se iluda em achar que a imagem comum de homens de mãos dadas é uma evidência gay – entre indianos, paquistaneses e árabes, isso é apenas um sinal de amizade. Os emirates estão sempre perdoando erros e concedem a ocidentais e árabes estrangeiros um conjunto de regras diferentes, mas deve-se evitar a informalidade. Por exemplo, espere uma pessoa do sexo oposto esticar a mão antes de cumprimentar. Melhor ainda, coloque a mão sobre seu coração como um sinal de gratidão e afeto. Pergunte antes de fotografar uma mulher local e nunca tire fotos de locais militares. Provavelmente, mesmo que você cometa um erro, seu anfitrião vai compreender – suas maneiras cordiais e senso de humor vão deixar você sem saber. - por Time Out Viagem editors-

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Caetano Veloso diz que não voltará a Israel pela ―opressão‖ aos palestinos. El País + jhcMídiaDigital

O músico brasileiro, que diz que ―sente falta‖ de visitar o país, publica uma carta aberta.

O cantor e compositor brasileiro Caetano Veloso anunciou que não voltará a se apresentar em Israel devido à ―opressão‖ deste

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48 país em relação aos palestinos, o que lhe rendeu críticas dos judeus de seu país. O artigo intitulado Visitar Israel para não voltar mais a Israel, repassa a viagem a esse país feita por Veloso em companhia de Gilberto Gil em julho passado para uma turnê de shows. Veloso afirma que visitou Israel várias vezes desde a década de 1980, disse que gosta do país ―fisicamente‖ e que Tel Aviv é um lugar dele, que inclusive ―sente falta‖ quando está longe, mas afirmou que acredita que ―nunca mais‖ voltará ao país. ―Agora que uma terceira intifada se esboça (...) constato, de longe, que a paz que eu julgava ver dentro de Tel Aviv —e que começava a pensar ser a paz que eu não quero— era, como já se sabia o tempo todo, frágil, superficial e ilusória‖, argumentou. O músico de 73 anos cita vários testemunhos de pessoas encontradas em sua viagem através de quem relata situações de ―segregação‖, ―opressão‖ e ―violência‖ do povo palestino. A Confederação Israelita de Brasil (Conib) lamentou ―profundamente‖ o pronunciamento de Veloso e considerou que o compositor toma partido e ignora as ―incitações ao terrorismo‖ contra os judeus que são proferidas, segundo eles, por parte dos palestinos. ―Caetano Veloso, infelizmente, sucumbiu a esta onda antissemita e se fez cego diante da incitação ao terrorismo e ao ódio contra os judeus nos lugares que visitou e nos movimentos com os quais agora simpatiza‖, afirmou o presidente da Conib, Fernando Lottenberg, em um comunicado. A organização judaica sugeriu a Veloso que, em vez de afirmar que não voltará a Israel, regresse ao país ―para entender melhor o que acontece‖ ali.

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A colina das viúvas de Cabul Um grupo de mulheres cujos maridos faleceram desafia a tradição cultural ao criar seu próprio bairro a capital afegã SILVIA AYUSO (ENVIADA ESPECIAL) Kabul + jhcMídiaDigital

A viúva afegã Bibikoh na janela de sua casa. / FARZANA WAHIDY

Bibikoh chega quase sem fôlego a sua casa, em um dos pontos mais altos de uma colina no leste de Cabul conhecida como Zanabad, que em dari (variedade afegã do persa) significa ―construído por mulheres‖. Outro dos apelidos que tem este bairro de casas de barro e ruelas íngremes sem asfalto é o de ―colina das viúvas‖, em função da comunidade de mulheres instalada há 30 anos nesta região empobrecida da capital afegã para morar sozinhas e por conta própria, desafiando todas as tradições e costumes do país, que condena as viúvas a uma vida de submissão a seus familiares ou de marginalização social. Depois de quase quatro décadas de conflitos bélicos seguidos, o Afeganistão tem um dos índices de viuvez mais altos do mundo. Entre 1,5 e 2 milhões de mulheres perderam seus maridos em um país com 30 milhões de habitantes. A maior parte enviuvou jovem, entre os 25 e os 35 anos, uma idade na qual a maioria delas já tinha vários filhos. Em um país onde a mulher pertence ao cabeça da família —seja ele o pai ou o marido—, uma viúva se torna deg-e be-sarposh, ou uma ―panela sem tampa‖, explica Naheed Esar, antropóloga cultural que há

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50 anos estuda situação delas no Afeganistão. Isso as torna um dos grupos ―econômica e socialmente mais vulneráveis‖ da população. Bibikoh, considerada a líder da comunidade de Zanabad, não sabe se tem 60 ou 70 anos. Às vezes é como se tivesse 100, suspira. Enviuvou no início dos anos 1990, na guerra dos mujahidins, quando uma bomba atingiu sua casa na província de Parwan e matou seu marido, um de seus sete filhos e seus pais, dois primos e um irmão. Bibikoh sobreviveu, mas perdeu um olho e seu rosto ficou marcado por fragmentos do projétil, ainda que as rugas profundas que agora sulcam seu rosto quase ocultem as cicatrizes. Como costuma ser tradição no país, casou-se então com seu cunhado. Quando ele morreu também, sua família política a acusou de ser a causadora das desgraças familiares e acabou fugindo com seus filhos arrastando-se até Cabul, onde deparou com a colina na qual construiria uma vida junto a outras mulheres em situação similar. Não foi fácil. As mulheres —hoje já são cerca de 1.000 viúvas— tinham de construir suas casas à noite, já que durante o dia a polícia batia nelas e as impedia de continuar as obras, erguidas em terrenos militares ocupados ilegalmente. Hoje continuam sem escritura. Há apenas cinco anos que as modestas casas de adobe nas quais se apertam famílias numerosas têm água encanada; a eletricidade chegou há um ano. Nos anos que se passaram, as viúvas se organizaram para aprender a ler e escrever, já que muitas delas são analfabetas e trabalham, quando encontram emprego, em tarefas como lavanderia e limpeza de casas que mal dão para sobreviver. jhcMídiaDigital

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51 Durante um tempo receberam rações de comida de uma ONG, mas isso acabou há mais de um ano. Nunca tiveram ajuda do Governo, garante Bibikoh.

A vida não foi amável com esta mulher, que há alguns anos perdeu outro de seus filhos em um acidente. Diz que foi como enviuvar pela terceira vez. Quando sua nora —para a qual não economiza impropérios— casou-se novamente, deixou seus sete filhos com Bibikoh, já que o novo marido não queria se responsabilizar por eles. Este é um dos motivos pelos quais muitas viúvas se negam a se casar de novo e acabam em lugares como Zanabad. O que mais dói a Bibikoh é que sua neta mais velha, Maria, de 13 anos, teve de sair da escola para se encarregar da casa e de seus irmãos mais novos enquanto a avó sai em busca de trabalho todos os dias. O ciclo de pobreza e marginalização social ameaça então se repetir na nova geração de Zanabad. Mesmo assim, Bibikoh afirma que não lamenta ter apostado em conviver com mulheres na mesma situação que ela: ―Estou feliz aqui porque estou rodeada de viúvas, podemos compartilhar experiências e a mesma dor. Isso nos alivia, e não nos sentimos sozinhas‖.

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Portugal

Venda da TAP vai ser adiada Companhia pode ficar sem dinheiro em poucas semanas.

Por Miguel Alexandre Ganhão CM / + jhcMídoiaDigital

A Parpública já não vai assinar o acordo final de venda da TAP. Fonte da empresa pública que conduz o processo de venda da TAP disse "que será dada uma resposta à carta enviada pelo Grupo Parlamentar do Partido Socialista", onde se diz que "não estão reunidas as condições legais nem políticas para que se mantenha este processo de reprivatização da TAP". Também a associação Peço a Palavra ameaçou processar a Parpública se decidir fechar o negócio de venda da companhia aérea ao consórcio Gateway durante esta semana. Humberto Pedrosa, o acionista maioritário do consórcio que venceu o concurso para a compra da transportadora aérea, disse ào TSF que o acordo final deveria ser assinado. Entretanto, a companhia continua com graves problemas de financiamento e algumas fontes dizem mesmo que o dinheiro de caixa pode esgotar-se em poucas semanas.

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Consultor Nacional e internacional: Sochiro Ochida

Panela da Cecília Restaurante. No almoço, buffet variado de saladas e pratos quentes, e à noite a pedida é o festival de sopas e as pizzas. Endereço: Rua Dona Veridiana, 14 - Santa Cecília, São Paulo - SP, 01225-000 Telefone:(11) 2614-7510

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Dica da Semana. Peixe assado recheado

INGREDIENTES Tempo de preparo 1h Rendimento / 8 porções 500g de peixe inteiro Suco de 1 limão 1 colher (chá) de sal 2 fatias de pão torradas e picadas 2 colheres (sopa) de azeite 1/2 colher (sopa) de coentro picado / Azeite para regar

MODO DE PREPARO Temperar o peixe com o suco de limão e o sal e deixar por 10 minutos para tomar gosto Retirar do tempero e secar Misturar o pão, o azeite e o coentro e rechear o peixe Fechar a cavidade e colocar em uma assadeira untada Levar ao forno médio para assar .Testar o ponto de cozimento. O tempo varia de acordo com cada forno. Se precisar, envolver em papel alumínio

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Risoto de frutos do mar tem camarão, lula, polvo e vieiras

tempo de preparo20 Min 4 Porções dificuldade MÉDIA Chef Nelo Garaventa - Restaurante Brigites

Ingredientes Caldo de camarão: Água / Cebola ] Aipo / /Louro / / Cascas de camarão (reservadas dos camarões) Risoto: 150g de lulas (cortadas em anéis) 150g de polvo 200g de camarão médio já limpo (reserve as cascas) 100g de vieiras 200ml de vinho branco seco 360g de cebola picada 100g de aipo 2 folhas de louro 140ml de azeite extravirgem

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56 80g de manteiga 30g de salsinha picada 1,5L de caldo de camarão 100g de tomate pelado Pimenta-do-reino branca (a gosto) Sal (a gosto)

Modo de preparo Caldo de camarão: Coloque em uma panela a metade da cebola, o aipo, o louro e as cascas do camarão. Cubra com água e deixe ferver em fogo brando por 40 minutos. Coe e reserve. Risoto: Pré-cozinhe o polvo em uma panela de pressão por 40 minutos. Corte em rodelas e reserve. Refogue a lula, o camarão e as vieiras com a metade do azeite em uma frigideira bem quente. Acrescente a metade do vinho branco e reserve. Refogue a cebola com a metade da manteiga, acrescente o arroz e refogue por alguns minutos. Adicione o restante do vinho branco e deixe evaporar em fogo alto. Junte aos poucos o caldo de camarão quase em ponto de fervura, mexendo de vez em quando. À medida que o arroz for secando, adicione mais caldo. Depois de 12 minutos, junte os frutos do mar. Cozinhe por mais quatro a cinco minutos e retire do fogo. Acrescente salsinha picada, o restante da manteiga e do azeite extravirgem. Corrija o tempero com sal e pimenta-do-reino branca e sirva imediatamente. jhcMídiaDigital

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Líderes árabes e sul-americanos negociam aproximação econômica. Esforço principal dessa reunião é aumentar a presença dos 22 países da Liga dos Estados Árabes na América do Sul.

José Roberto Burnier /JORNAL DA GLOBO / Riade, Arábia Saudita + jhcMídiaDigital

Na Arábia Saudita, chefes de Estado árabes e sul-americanos negociam uma aproximação econômica, mas o principal tema até agora tem sido o preço do petróleo. O motivo é diplomático, a pompa é saudita e o esforço é para aumentar a presença dos 22 países da Liga dos Estados Árabes na América do Sul. O rei Salman Bin Abdul Aziz al Saud abriu o encontro ressaltando o interesse do mundo árabe de se abrir para novos mercados. A presidente Dilma Rousseff não veio e está sendo representada por Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores.

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58 Dos 12 presidentes sulamericanos, só o venezuelano Nicolás Maduro e o equatoriano Rafael Correa foram, para agradar e para reclamar. O preço baixo do barril de petróleo no mercado internacional é um dos principais temas das conversas em Riad. Dona da maior reserva de petróleo de alta qualidade do mundo, a Arábia Saudita está sendo pressionada por outros países produtores, como Venezuela e Equador, a diminuir a produção para fazer o preço voltar a subir.

Mas o que Nicolás Maduro e Rafael Correa vão ouvir é que, por enquanto, nada muda. A Arábia Saudita tem como grande parceiro os Estados Unidos, o maior consumidor de petróleo do mundo. Os americanos garantem a segurança no Golfo Pérsico com navios e porta-aviões e os árabes não interferem no preço do petróleo. Além disso, a produção aumentou no Iraque e o consumo na China, na Europa e no Japão parou de crescer. E os americanos ainda descobriram uma grande reserva de xisto, que pode substituir o petróleo. Com tudo isso, o barril não tem passado dos US$ 50. O preço baixo diminui os lucros da Rússia, outro grande produtor, com quem os americanos têm uma relação tensa. Outro efeito do petróleo barato é que as pesquisas em energias alternativas e mais limpas ficam caras demais. Ou seja, se depender dos árabes, que agora querem se abrir para o mundo, o ouro negro vai continuar mandando por um bom tempo.

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Esportes João Costa Editor de Esportes jhcMídiaDigital

Ayrton Senna ganha homenagem em mural de Eduardo Kobra O desenho está em esquina da Avenida Paulista | Goiânia – Com trabalhos estampados em prédios e muros do mundo inteiro, o mais recente mural do artista plástico Eduardo Kobra presta homenagem a Ayrton Senna e foi concluído em um edifício na esquina da Avenida Paulista com a Rua da Consolação, em São Paulo.

Em seu site, Kobra conta que Ayrton foi a personalidade que ele mais retratou durante sua carreira. O mural de São Paulo tem 41 metros de altura por 17,5 metros de largura e mostra o tricampeão da Fórmula 1 usando seu capacete.

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O painel foi Batizado de ‗A Lenda do Brasil‘. ―Tenho há muitos anos o sonho de fazer um grande mural sobre esse exemplo de talento, determinação e superação‖, declara Kobra. jhcMídiaDigital

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Rosberg vence GP do Brasil e assegura vicecampeonato.

De ponta a ponta. Foi assim que Nico Rosberg conseguiu no Grande Prêmio do Brasil a sua quinta vitória na temporada de 2015 da F1 e assegurou o vice-campeonato da temporada.

Constante durante toda a prova, o alemão não sofreu grandes ameaças do companheiro de Mercedes Lewis Hamilton ao longo das 71 voltas e obteve a sua segunda vitória consecutiva em Interlagos, deixando o britânico na segunda colocação. Desde Juan Pablo Montoya nos anos 2004 e 2005 um piloto não conseguia dois triunfos seguidos no Brasil. Sebastian Vettel finalizou a prova no terceiro lugar e não tem como alcançar Rosberg no Grande Prêmio de Abu Dhabi, o último da temporada, marcado para o dia 29 de deste mês. O piloto da Mercedes vai aos Emirados Árabes Unidos com 297 contra 266 do ferrarista.

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62 Os brasileiros tiveram uma corrida discreta e não conseguiram empolgar o público em Interlagos. Felipe Massa foi o oitavo e Felipe Nasr apenas o 14º. Massa ainda pose ser punido por irregularidades nos pneus em medição feita ainda antes da largada. Como foi a corrida: Rosberg pulou na ponta, não dando chances para Hamilton na primeira curva. Vettel segurou o terceiro posto e Bottas ganhou duas posições, pulando para quinto.Massa se manteve em oitavo e Nasr subiu de 13º para 12º. Lentamente, Rosberg foi conseguindo abrir mais de 1s para Hamilton, evitando que o companheiro utilizasse a asa traseira móvel para tentar ultrapassá-lo. Vettel, Raikkonen, Bottas, Kvyat, Hulkenberg, Massa, Perez e Verstappen fechavam o top 10. Na volta 9, Hulkenberg entrou para os boxes e trouxe Kvyat, Massa e Verstappen com ele. Porém, o alemão fez valer a vantagem de parar uma volta antes e superou o russo. Após a primeira rodada de pit stops, o restante das posições do top 10 se manteve, mas Felipe Nasr, um dos últimos a parar, perdeu terreno e voltou em 15º. Hamilton voltou melhor após as paradas e passou a pressionar Rosberg. Porém, não demorou para o inglês reconhecer a dificuldade em tentar uma manobra. "É impossível ultrapassar nessa pista", reclamou. Em uma prova monótona, coube a Verstappen arriscar e ultrapassar Perez por fora no S do Senna, pouco antes de Vettel inaugurar a segunda rodada de paradas, na volta 32. Rosberg parou na volta seguinte, e logo depois foi a vez de Hamilton. Na 48ª e 49ª volta, os pilotos da Mercedes entraram novamente nos boxes, para a terceira e última parada. Hamilton tentou dar a estilingada final para alcançar o companheiro, mas não teve sucesso. jhcMídiaDigital

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63 As disputas mais emocionantes ficaram no pelotão intermediário, com Felipe Nasr brigando pelos pontos, mas sem sucesso. Nas 20 voltas finais sua Sauber começou a perder rendimento. Confira a classificação final 1. Nico Rosberg (ALE/Mercedes) - 71 voltas 2. Lewis Hamilton (ING/Mercedes) - a 7s7 3. Sebastian Vettel (ALE/Ferrari) - a 14s2 4. Kimi Raikkonen (FIN/Ferrari) - a 47s5 5. Valtteri Bottas (FIN/Williams) - a 1 volta 6. Nico Hulkenberg (ALE/Force India) - a 1 volta 7. Daniil Kvyat (RUS/Red Bull) - a 1 volta 8. Felipe Massa (BRA/Williams) - a 1volta 9. Romain Grosjean (FRA/Lotus) - a 1 volta 10. Max Verstappen (HOL/Toro Rosso) - a 1 volta 11. Pastor Maldonado (VEN/Lotus) - a 1 volta 12. Sergio Perez (MEX/Force India) - a 1 volta 13. Daniel Ricciardo (AUS/Red Bull) - a 1 volta 14. Felipe Nasr (BRA/Sauber) - a 1 volta 15.Jenson Button (ING/McLaren) - a 1 volta 16.Fernando Alonso (ESP/McLaren) - a 1 volta 17.Marcus Ericsson (SUE/Sauber) - a 2 voltas 18.Will Stevens (ING/Manor) - a 4 voltas 19. Alexander Rossi (EUA/Manor) - a 4 voltas NÃO COMPLETOU / Carlos Sainz (ESP/Toro Rosso

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UFC 193

Ronda perdeu! Chute incrível fez Holly Holm ser a campeã.

Holly Holm acerta chute que nocauteou Ronda Rousey. Ronda fica no chão.

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65 PAUL CROCK/AFP + jhcMídiaDigital.

A derrota de Ronda Rousey foi um choque que vai demorar dias até ser digerida em sua totalidade. Mas, para Holly Holm e seus técnicos, há uma chave para esse resultado: a combinação da dedicação nos treinos com a obediência tática da ex-campeã de boxe e agora campeã do UFC, que seguiu à risca o que treinou e conseguiu derrotar a então dominante rainha do peso galo feminino. O segredo de Holm é ser uma cria da academia de Greg Jackson e Mike Winkeljohn. Eles são os mentores de ninguém menos que Jon Jones, e provaram que conseguiram um trabalho próximo da perfeição com a pupila. Holm treina com a dupla desde seus primórdios, tendo começado no kickboxing – arte que lhe ensinou o chute que nocauteou Ronda – ido ao boxe e bem mais tarde ao MMA. ―Tudo o que trabalhamos apareceu na luta. Toda tentativa de Ronda em me agarrar, de ir para o clinche, eu consegui me livrar de tudo. Nunca passei tanto tempo na academia como para essa luta. Algumas vezes eu pensava: 'caramba, é meu quinto treino do dia. Mas preciso focar agora, para estar preparada na luta'. Tudo deu certo hoje'', disse Holm. Após a vitória, Holm dedicou seu triunfo a quem a ajudou. Segundo ela, a confiança no resultado só foi garantida pelo apoio e a qualidade de quem a cercou. ―Eu a venci com toda a ajuda do mundo. Eu falei para todos, antes da luta, que não queria falar nada muito cedo, mas que, se perdesse, seria minha culpa. Eu tive a melhor preparação do mundo, os melhores técnicos, companheiros, ajuda da família, do meu marido… Quando se tem uma

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66 preparação assim, a agenda é um caos, então você precisa desse apoio. Não havia desculpa para eu não ser campeã‖, afirmou ela, à TV ESPN. Holm agradeceu também à própria Ronda, por ter lhe permitido viver este auge no MMA, já que foi a ex-campeã quem fez as mulheres terem espaço, e prometeu: ―Eu só estou pensando: 'nossa, ainda tenho muito a conquistar'. Não acabei, tem muito por vir. Eu tenho muito respeito por ela, não teria essa oportunidade se ela não tivesse feito o que fez pelo MMA. Eu tenho muito respeito por ela. Muitas lutadoras pavimentaram o caminho do esporte para chegar aqui. Ela foi uma das maiores, então eu agradeço a todas que vieram antes de mim.

PAUL CROCK/AFP

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Seleção Brasileira. Dunga X Seleção Argentina. Técnico continua invicto contra os Hermanos. Como técnico, o jogo desta sextafeira (13), no Monumental de Núñez, foi o quinto de Dunga contra a Argentina. No confronto, ele continua sem conhecer derrota: são três vitórias e dois empates. Este 1 a 1, pelas circunstâncias da partida, pode até ser considerado um bom resultado. Tudo devido à projeção de acúmulo de pontos nas Eliminatórias. Dunga acha tarefa obrigatória conquistar três pontos em casa e nos jogos fora trazer pelo menos um.

- O importante é vencer em casa e pontuar fora. Claro que queremos vencer sempre, o que poderia ter acontecido aqui no Monumental se tivéssemos feito um primeiro tempo melhor. Só que não foi um ponto ganho diante de uma equipe qualquer. A Argentina jogava em casa, diante da sua torcida, e precisava como nunca da vitória, o que a fez naturalmente buscar mais o ataque, principalmente no primeiro tempo.

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68 - Eles estavam tão pressionados a vencer que até a torcida argentina, normalmente muito barulhenta e empolgada, estava contida no primeiro tempo. Não estava confiante. Acho que poderíamos aproveitar este fator para sair com um resultado melhor. A Seleção Brasileira, que fez um primeiro tempo abaixo do que pode, melhorou na segunda etapa. A entrada de Douglas Costa deu mais dinâmica e movimentação, o que fez a Seleção Brasileira incomodar mais e superar em alguns lances a marcação dos zagueiros argentinos. - Como o Ricardo Oliveira, além de estar muito bem marcado, não recebia a bola em boas condições, decidi pelo Douglas Costa, que é muito rápido, passando o Neymar para jogar mais livre, o que deu mais alternativas à equipe. A entrada de Renato Augusto também foi explicada pelo técnico. - Pelo entrosamento no Corinthians, foi possível até as jogadas de infiltração que o Elias está acostumado a fazer no clube. Dunga atribuiu ainda a atuação no primeiro tempo, abaixo do esperado, a uma certa ansiedade que constatou na equipe. - Corrigimos alguma coisa no intervalo, e o time voltou com muito mais disposição. Vamos esperar que no próximo jogo contra os peruanos, a nossa Seleção tenha uma melhor apresentação e consiga um resultado mais favorável.

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Rompimento de barragens em Mariana (MG) deixa mortos e desaparecidos - Escombros da vila de Bento Rodrigues, destruída por uma enxurrada de lama após rompimento de barragens nos município de Mariana (MG). A cena na região é digna da passagem de um furacão. Há casas sem telhado, preenchidas quase por completo de lama, e carros lançados metros adiante. Só as casas mais afastadas ainda têm telhado.

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Para o geógrafo do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Uerj, Hugo Portocarrero, será necessário pelo menos uma década jhcMídiaDigital

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71 para a natureza se regenerar parcialmente. A recuperação plena é difícil prever, uma vez que o desastre ambiental, nas regiões, mudou o curso de rios, destruiu plantações e provocou mortandade de espécies. ―Um desastre dessa proporção altera o relevo. Sozinha, a natureza levará muito tempo. Será preciso que o homem intervenha e faça o reflorestamento das áreas atingidas‖, afirma. O especialista espera que as tragédias sirvam de alerta. ―Obras gigantescas como as que vêm sendo feitas implicam riscos da mesma magnitude. Infelizmente, não havia nenhum plano de contingência‖, destaca o especialista, lembrando que, em Minas foi geotécnico. ―A cada 50 anos, ocorrem acidentes ambientais que levam ao surgimento de morros e encostas. Em Mariana, foi diferente. Houve ruptura de barragem por negligência governamental‖, diz Portocarrero. Ele explica que a tendência é que, com o tempo, o solo aproveite o material que veio com a lama, como o ferro. Para o biólogo Leonardo Freitas, da Mosaico Ambiental, especializado em gestão de desastres, a reocupação das áreas vai depender do poder público e da empresa Samarco, que teve R$ 300 milhões bloqueados pela Justiça para pagamento de indenizações às vítimas e foi multada em R$ 250 milhões por danos ambientais — punição esta divulgada pela própria presidenta Dilma Rousseff. ―Nunca mais vai voltar a ser o que era. A tragédia foi muito grande. Os rios foram assoreados. A natureza não vai se recuperar 100%. Com o tempo, a correnteza vai levando os sedimentos e o homem vai voltar a ocupar o espaço. Mas parte desses detritos nunca será retirada‖, avalia. Segundo o ecologista Sérgio Ricardo, em Minas Gerais existem atualmente cerca de 600 barragens de rejeitos e resíduos industriais e minerários classificadas como de alto risco ambiental. ―Esta grave situação de risco tem sido literalmente ‗empurrada com a barriga‘ há décadas‖, denuncia. MARIA LUISA BARROS / O Dia / + jhcMídiaDigital

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O mundo

Putin: Estado Islâmico é financiado por 40 países inclusive membros do G20. Na cúpula do G20 o presidente russo Vladimir Putin apresentou os exemplos de financiamento do terrorismo pelos empresários de 40 países, inclusive de países-membros do G20. Além disso, na cúpula a Rússia apresentou fotos de reconhecimento aéreo que mostram a escala de venda de petróleo pelo Estado Islâmico.

A inteligência iraquiana obteve informações que sugerem que grupos terroristas estão planejando ataques na França, os EUA e o Irã, de acordo com o ministro do Exterior do Iraque Ibrahim al-Jaafari. O ministro não comunicou os detalhes sobre a identidade dos potenciais atacantes ou quando os ataques podem ocorrer, mas disse que todos os países mencionados foram notificados da ameaça, segundo a Reuters.

Muçulmanos em todo o mundo postaram imagens com um novo hashtag «Não em meu nome» para denunciar os ataques terroristas de Paris levadas a cabo por terroristas do Estado Islâmico na sexta-feira (13). jhcMídiaDigital

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O hashtag está sendo usado para distanciar a fé islâmica das ações dos terroristas.

Polícia identifica mentor dos atentados em Paris. Segundo investigadores da França e da Bélgica, terrorista por trás dos ato tem origem Marroquina e nacionalidade belga. As polícias da Bélgica e da França identificaram nesta segunda-feira o suspeito de estar por trás dos ataques terroristas de Paris, que deixaram 129 mortos. Trata-se de Abdelhamid Abaaoud, de 27 anos, nascido em Molenbeek, subúrbio de Bruxelas, na Bélgica. Ele teria planejado e financiado os atos e estaria atualmente na Síria.

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Quais são os obstáculos legais para intensificação da campanha ocidental contra EI?

Neste sábado (14) o presidente francês François Hollande declarou que os ataques terroristas em Paris são um ―ato de guerra‖ com os quais se precisa lidar ―impiedosamente‖, gerando especulações sobre o aumento de luta contra o Estado Islâmico. Mas, apesar da indignação, ainda há muitas questões legais em torno da operação militar ocidental na Síria. Os ataques em Paris que mataram 132 pessoas levaram a uma discussão sobre a melhor maneira de atacar o Estado Islâmico, que supostamente preparou a tragédia. As tropas francesas e americanas já ampliaram a sua campanha de bombardeamento em reação aos acontecimentos realizando

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75 uma série de golpes aéreos contra o bastião do grupo terrorista em Raqqa, na Síria. Possível intervenção terrestre da OTAN. Os ataques em Paris e Beirute, assim como o ataque recente ao avião russo no Egito que segundo algumas evidências é trabalho de terroristas, também provocaram discussão se devem ou não ser considerados recursos militares adicionais, inclusive uma intervenção terrestre, na luta contra o Estado Islâmico na Síria. Todos os olhos neste momento estão focados na OTAN, com especulações de que os ataques na França podem resultar no uso da cláusula de defesa comum no tratado de fundação da Aliança, o que pode abrir caminho para uma intervenção comum dos membros da OTAN contra o Estado Islâmico. Enquanto a França ainda não evocou Artigo 5 do tratado de Washington, o secretário-geral da OTAN Jens Stoltenberg disse que a Aliança irá continuar apoiando as autoridades francesas na sua luta contra o grupo extremista. O Artigo 5 da OTAN sobre as medidas de defesa comum foi somente invocado uma vez na sequência dos ataques do 9/11 que permitiram aos estados membros da OTAN apoiar a intervenção estadunidense no Afeganistão após evidências de que os ataques foram direcionados a partir daquele país. Muitos comentaristas opinam que, se aparecerem mais evidências de que os recentes ataques em Paris foram preparados por membros do Estado Islâmico na Síria, podem haver mais apelos às autoridades francesas para usarem o mecanismo de defesa comum. O que é um Estado? Uma questão de legitimidade. Porém, mesmo se aparecerem mais provas de que os ataques contra França foram planejados e direcionados a partir das bases do EI na Síria, os países da OTAN irão enfrentar mais barreiras legais sobre a questão da maior intervenção militar, principalmente porque o Estado islâmico não é considerado um Estado jhcMídiaDigital

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76 legítimo. Em casos internacionais semelhantes contra Estado não legítimos, o direito de autodefesa foi identificado como ilegal. Isto foi demonstrado na decisão do Tribunal Internacional de Justiça de 2004 que julgou que a construção do Muro de Segurança por Israel nos territórios palestinos é ilegítimo porque as cláusulas de autodefesa só podem ser usadas contra Estados e Israel não reconheceu a Palestina como Estado independente. O precedente também abre muitas questões sobre a legitimidade da luta atual da coalizão liderada pelos EUA contra as posições do Estado Islâmico na Síria. Enquanto a França, os EUA e outros países justificaram a sua decisão de bombardear os alvos do EI na Síria por razões de ameaça à segurança nacional, o fato que muitos países não pediram a aprovação do governo sírio de Bashar Assad provoca mais questões legais.

O assunto de legitimidade também é central nos debates sobre o EI no Reino Unido onde os legisladores – supostamente ainda afetados pela invasão ilegítima ao Iraque em 2003 – não querem ratificar uma campanha militar na Síria sem aprovação da ONU. Enquanto o Ocidente critica a intervenção russa na Síria, as autoridades em Moscou sublinham que, ao contrário das incertezas legais em torno da campanha ocidental anti-EI, a Rússia segue rigorosamente a lei internacional e se envolveu na Síria somente depois do pedido de Damasco.

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