Brasil em Código - 10ª edição

Page 1



[

ao leitor

Competitividade em questão As pequenas e médias empresas movem as economias de vários países. No Brasil não é diferente, pois elas representam 20% do Produto Interno Bruto (PIB) e são responsáveis por boa parte da geração de empregos. O poder desses negócios é proporcional à criatividade e ao empreendedorismo do empresário brasileiro. No contexto das empresas de menor porte, inovar é implementar novas ideias, soluções ou processos – mesmo que não sejam complexos – para aumentar o faturamento e reduzir custos. Nesse sentido, criar uma nova embalagem ou mudar um procedimento na gestão pode transformar um empreendimento. Quando o assunto é tecnologia, as empresas pequenas podem lançar mão de ferramentas que já são amplamente utilizadas no mercado, mas que em seu contexto são inéditas, e assim dar um salto de crescimento. Pensando nisso, neste momento em que a GS1 Brasil está prestes a inaugurar o seu Centro de Inovação e Tecnologia (CIT), que ajudará a divulgar soluções de automação para o mercado, a matéria de capa desta edição mostra, por meio de exemplos reais, como é possível inovar adotando uma ferramenta simples de automação: o código de barras. Ele possibilita que pequenas empresas adotem conceitos inovadores e processos mais inteligentes, tornando a inovação algo bastante acessível. Também preparamos esta edição com uma série de informações para que os leitores possam aliar inovação e tecnologia no intuito de atender aos objetivos do negócio. Duas reportagens vão nessa direção. Uma delas aborda a importância do planejamento do departamento de tecnologia da informação (TI) nas pequenas e médias empresas e a outra, o conceito de business intelligence (BI), que pode transformar dados em informações úteis para entender o mercado e, assim, tomar decisões mais assertivas. Com certeza, esses temas servirão de base para as empresas começarem 2014 mais preparadas para enfrentar a concorrência, aumentar a produtividade e conseguir traçar seu crescimento a longo prazo. Pensando nos desafios que o novo ano pode trazer, nas próximas páginas apresentamos um especial, com matérias identificadas com um selo, com tendências para ajudar quem pensa em investir em franquias, precisa melhorar a gestão tributária ou organizar as finanças. Apostar na inovação e em tecnologia deve ser uma prioridade estratégica para as pequenas e médias empresas à medida que elas se ajustam às necessidades do mercado e, dessa forma, consigam conduzir seus negócios com mais competitividade.

Foto: Arquivo/Douglas Luccena

Um forte abraço,

João Carlos de Oliveira presidente


[expediente

[

A revista Brasil em Código é uma publicação trimestral da GS1 Brasil dirigida e distribuída gratuitamente aos seus associados, aos parceiros e à comunidade de negócios. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores e não representam a opinião da entidade e da editora.

João Carlos de Oliveira P residente

Antônio Carlos Leão José Humberto Pires de Araújo Maria Eugenia Proença Saldanha Paulo Hermínio Pennacchi Pedro Zidoi Sdoia Wanderlei Saraiva Costa V ice - presidentes

Marketing e Relações Institucionais Virginia Villaescusa Vaamonde D iretora

coordenação da revista Andréa Palmer Kleber Alves Pinto colaboração Área de Marketing e Relações Institucionais GS1 BRASIL Rua Dr. Renato Paes de Barros, 1.017 – 14º andar Itaim Bibi – 04530-001 – São Paulo Telefone: (11) 3068-6229 www.gs1br.org Redes sociais facebook.com/gs1brasil www.linkedin.com/company/gs1-brasil www.youtube.com/gs1brasil www.flickr.com/gs1brasil FALE COM A REDAÇÃO revista@gs1br.org PRODUÇÃO EDITORIAL E GRÁFICA G&T Comunicação Ltda. Telefone: (11) 2503-4618 comunicação redacao@gtcomunica.com.br Editora Denise Turco – MTB 43.537 Editora-assistente Giseli Cabrini Revisão Helder Profeta Fotografia Paulo Pepe CAPA Marcelo Gorzoni Arte Adriano Cristian Fernandes Colaboração Camila Mendonça, Juliana de Mello, Kathlen Ramos, Mariana Izidoro, Patricia Lucena, Francine Mendonça, Roberto Seraphim (texto); Eliane Cunha (foto) e Edson Perin (artigo) Impressão Elyon Tiragem 3 mil exemplares

Inovação ao alcance dos pequenos e médios negócios

20


[

[

sumário

14

32

20

6 12 18 28 36 38 46 48 50 56 58 60 66

CURTAS GESTÃO Pesquisa FINANÇAS TECNOLOGIA Planejamento Perfil RECURSOS HUMANOS Gestão Contábil LOGÍSTICA GESTÃO Franquias JOGO RÁPIDO RADAR DESCONEXÃO TECNOLOGIA & NEGÓCIOS

precisam realizar investimentos altos, mas podem apostar em soluções simples para criar novos produtos, processos e adotar ferramentas tecnológicas.Veja como essas empresas inovam na prática usando o código de barras

14

ENTREVISTA Martha Gabriel, especialista em marketing na era digital, fala sobre a revolução que a tecnologia está promovendo na educação

32

TECNOLOGIA A aplicação do conceito de business intelligence permite identificar novas oportunidades e demandas de mercado

42

SUSTENTABILIDADE As construções

54

AUTOMAÇÃO Carrefour investe em

62

42

CAPA Para inovar, pequenos negócios não

verdes ganham força no Brasil. Conheça as vantagens da adoção desse conceito solução para automatizar o cadastro de produtos e compartilhar dados com fornecedores

MARKETING Usar fragrâncias customizadas para aromatizar ambientes é uma estratégia que vem ganhado fôlego para atrair clientes. Confira matéria com cheirinho de vendas

Planejamento

especial Confira reportagens nas áreas de tecnologia, franquias, finanças e tributos para ajudar no planejamento de sua empresa para 2014


Empreendedorismo

Fotos/Imagens: Divulgação/Thinkstock

Duas edições da Feira do Empreendedor 2013, evento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), realizadas entre 9 e 12 de outubro, em Maceió (AL), e de 24 a 26 do mesmo mês, em Salvador (BA), contaram com o apoio da GS1 Brasil. A participação da entidade se baseia em demonstrar a importância da adoção de padrões globais de automação para os negócios, como a implantação do código de barras e os benefícios que ele traz aos consumidores e à gestão das empresas. A Feira do Empreendedor tem como público-alvo micro e pequenas empresas e potenciais empresários.

Mercado em expansão

O Brasil tem mais de 100 milhões de pets, entre cães, gatos, peixes, aves e outros, e hoje divide com o Japão a posição de segundo maior mercado do mundo em produtos e serviços nessa área, atrás somente dos Estados Unidos. Os dados são da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Animais de Estimação (ABINPET). A GS1 Brasil acaba de fechar parceria com o Instituto Pet Brasil, apoiado pela ABINPET. Juntas, as entidades planejam criar ferramentas para promover a automação entre redes varejistas de pets, especialmente as de menor porte, entre outros projetos que estão em estudo.

Capacitação

Em setembro, foi realizado o Programa de Capacitação GS1 com o objetivo de apresentar aos associados da GS1 Brasil um panorama das soluções que possibilitam melhorar os processos logísticos e aumentar a visibilidade dos produtos. Em dois dias de treinamento, foram apresentadas informações básicas sobre o código de barras para gerenciar a identificação de um produto e também os dados variáveis e logísticos envolvidos nesse tipo de codificação. A RFID com base no padrão EPC Global e a implementação da rastreabilidade também foram temas abordados. O próximo programa será promovido em 2014.

Encontro com o associado

Em outubro, empreendedores de capitais de diferentes regiões do País tiveram a oportunidade de participar do GS1 Vai Até Você, evento criado pela GS1 Brasil voltado a difundir os benefícios da padronização de processos de automação e logística e fomentar o networking e o compartilhamento de informações entre os participantes. Nos dias 8 e 9, os eventos foram realizados em Cuiabá (MT) e Campo Grande (MS). Já no dia 21 de outubro, o encontro aconteceu em Belo Horizonte (MG). 6 out/nov/dez 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Divulgação SEBRAE/Agência Luz

curtas

[

[


Cidades digitais O investimento em 262 municípios, com menos de 50 mil habitantes, selecionados para o Programa Cidades Digitais totalizará R$ 201,7 milhões, informa o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. O projeto prevê a construção de redes de fibras ópticas para ampliar o acesso à internet nos municípios brasileiros com recursos da segunda etapa do Programa de Aceleração Crescimento (PAC 2). O governo estima que 6,2 milhões de pessoas sejam beneficiadas.

Concorrência

Estudo realizado pela Kantar Worldpanel mostra que, atualmente, existem 28 marcas no mercado que se mantêm líderes em seu segmento há dez anos ou mais. Em 2003, esse grupo era composto por 69 marcas. Isso mostra que o embate entre marcas tradicionais e novas está cada vez mais acirrado. A média de lançamentos de novos produtos no Brasil superou a média global no que diz respeito a xampu, pós-xampu, cremes e loções, biscoitos e sorvetes. A concorrência dentro de uma categoria é tão grande que apenas 9% de todos os itens lançados alcançam 1% de penetração em um ano.

Foto: Divulgação ABRAS/Luiz Machado

A GS1 Brasil também marcou presença como patrocinadora e expositora na 47ª Convenção Nacional e Feira de Tecnologia da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS). O evento, realizado em setembro, em Atibaia (SP), é um dos mais importantes do segmento supermercadista brasileiro e latinoamericano. No estande da entidade, os presentes conheceram o código GS1 DataBar, uma das soluções possíveis para o controle da validade dos produtos. A GS1 Brasil também participou do painel “Tecnologia para o Varejo”, no workshop da Associação Latino-americana de Supermercados (ALAS), evento que aconteceu um dia antes ao da ABRAS. O diretor de inovação e alianças estratégicas da GS1 Brasil, Roberto Matsubayashi, foi o responsável pela apresentação “O Futuro dos Padrões no Setor Varejista e de Bens de Consumo”.

[ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2013 7

Divulgação ABRAS/Nicola Labate

Parceira do varejo


curtas

[

[

Fotos/Imagens: Divulgação/Thinkstock

Viagem internacional

A diretoria da GS1 Brasil visitou as instalações da GS1 Portugal (http://gs1pt.org/), em Lisboa, e da GS1 Itália (http://indicod-ecr.it/), em Milão, no mês de setembro. A viagem teve como principal intuito a troca de experiências e o fortalecimento de relações entre as organizações. O presidente da GS1 Brasil, João Carlos de Oliveira, a diretora da área de marketing e relações institucionais, Virgínia Vaamonde, e o diretor da área de processos e atendimento ao associado, Silveraldo Mendes, tiveram a oportunidade de conhecer em Portugal dois estabelecimentos que proporcionam uma experiência de compra diferenciada ao consumidor: Loja Continente (Hipermercado do Futuro) e Jumbo de Almada. Na Itália, os executivos conferiram de perto o Esselunga, um dos pioneiros a introduzir compras on-line e produtos orgânicos de produção própria, e o Finiper, considerado um dos poderosos do varejo global, segundo relatório da Deloitte de 2011.

Sustentabilidade

Pouco mais da metade (55%) das 51 empresas brasileiras que responderam a um questionário sobre mudanças climáticas têm metas de redução de emissão de carbono. O número, embora ainda seja baixo se comparado ao de outros países, representa um avanço para o Brasil considerando o ano de 2012, quando o índice foi de 40%. O dado está no relatório CDP Brasil 100, do Programa Mudanças Climáticas 2013, divulgado pelo Carbon Disclosure Project (CDP), organização internacional sem fins lucrativos que mede e incentiva empresas e cidades a tornarem públicas as informações sobre os impactos que elas causam ao meio ambiente. Um relatório mais abrangente está disponível em www.cdp.net.

Em busca de tendências

A GS1 Brasil também esteve presente na Fresh Summit 2013 – Convenção & Exposição Internacional, realizada de 18 a 20 de outubro, em New Orleans, nos Estados Unidos. O evento reuniu profissionais de mais de 65 países para apresentação das tendências de consumo e soluções inovadoras de negócios. O encontro foi promovido pela Produce Marketing Association (PMA), associação que representa cerca de 3 mil empresas de todos os segmentos da cadeia da produção global de frutas, vegetais e flores, e é parceira da GS1 Brasil na busca de soluções que aproximem produtores, fornecedores e consumidor final com foco em rastreabilidade. A participação da GS1 Brasil foi fundamental para trocar experiências, identificar tendências e novas oportunidades. Considerada a maior feira de frutas, vegetais e flores do hemisfério ocidental, a Fresh Summit reuniu mais de 20 mil visitantes. 8 out/nov/dez 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]


Nova sede

No próximo ano, a GS1 Brasil estará em novo endereço na capital paulista. A nova sede, que está em fase de construção, terá espaço mais amplo para encontros e cursos de capacitação dos associados, como anfiteatro e salas de treinamento. O grande diferencial será o Centro de Inovação e Tecnologia (CIT), que propiciará conhecimentos práticos sobre as soluções de automação e as tendências tecnológicas da cadeia de suprimentos. Com inauguração prevista para o primeiro trimestre de 2014, a nova sede ficará no bairro de Pinheiros, próxima a uma estação de metrô, facilitando assim o acesso dos associados.

Debate produtivo

Pelo segundo ano consecutivo, a GS1 Brasil participou como apoiadora do Simpósio Brasileiro de Políticas Públicas para Comércio e Serviços (SIMBRACS), que aconteceu em novembro, em Brasília (DF). Coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), o evento chegou à sua segunda edição em 2013 promovendo o debate sobre o desenvolvimento dos setores de comércio, serviços e logística. Além da participação na abertura do encontro e em painéis sobre inovação e combate à pirataria, a GS1 foi responsável por oferecer soluções de identificação dos participantes e salas, a partir de tecnologias de radiofrequência (EPC/RFID) e código de barras. E atuou ainda como provedora de solução automatizada para sorteio de brindes, além de reforçar sua presença em um estande institucional.

% 1 2 1

foi o imento cresc endas nas v lulares de ce imeiro no pr stre de a seme segundo , 2013 en-MMA Niels

Rastreabilidade

Dois distribuidores que atuam na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP) – a Batista Legumes e a Agro Gato Preto – passaram por um processo de diagnóstico de rastreabilidade realizado pela GS1 Brasil com o apoio do Centro de Qualidade em Horticultura, em julho. Foram realizadas visitas ao campo, acompanhando desde o recebimento de insumos para a plantação até a expedição para a CEAGESP. Os processos de recebimento e distribuição no entreposto da capital paulista também foram analisados. A partir do diagnóstico, as empresas foram orientadas em relação à implantação do processo de rastreabilidade automatizado iniciando com a correta identificação dos produtos. [ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2013 9


curtas

[

[

Inovação

O governo federal disponibilizou R$ 19 bilhões, dos R$ 32,9 bilhões anunciados em março deste ano, para o Plano Inova Empresa, segundo dados do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. O objetivo é tornar as empresas brasileiras mais competitivas por meio da inovação tecnológica e aumento da produtividade. A previsão é que R$ 20,9 bilhões sejam ofertados por meio de crédito para empresas, com taxas de juros subsidiadas de 2,5% a 5% ao ano, quatro anos de carência e 12 anos para pagamento. O governo também vai aplicar R$ 2,2 bilhões em participação acionária em empresas de base tecnológica.

500 m i l

pessoas aderiram ao Cadastro Positivo entre agosto e outubro deste ano, segundo informações da Serasa Experian

Consumidor em foco

Fotos/Imagens: Divulgação/Thinkstock

As principais causas da instalação dos processos administrativos contra empresas por determinação dos Procons em todo o País estão relacionadas a cobranças indevidas (28%); falta de garantia (21%) e má qualidade de produtos ou serviços (16%). Os dados constam do Cadastro Nacional de Reclamações Fundamentadas, divulgado pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), do Ministério da Justiça. Dos 2,031 milhões de atendimentos feitos pelos Procons, mais de 211 mil foram considerados procedentes. Muitas queixas resultaram na abertura de processos administrativos.

MEMÓRIA GS1 Galeria de campões

Desde 1998, a GS1 Brasil – Associação Brasileira de Automação presta uma homenagem àqueles que difundem com excelência as tecnologias e os padrões globais por meio do Prêmio Automação. Empresas e entidades que buscam o aprimoramento de seus processos de automação, contribuindo para o desenvolvimento de cada etapa da cadeia de suprimentos, são premiadas em uma grande festa. Ao longo do tempo, muitas inovações e novas categorias foram incorporadas à premiação, inclusive o próprio troféu ganhou novos contornos nessas 16 edições. Confira a sua evolução.

*A Brasil em Código relembra neste espaço os momentos marcantes da história da GS1 Brasil, que comemora 30 anos em 2013.

10 out/nov/dez 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]



Imagens: Thinkstock

[

GESTÃO

[PESQUISA

Processos mais transparentes Aumentar a visibilidade é essencial na redução de custos e na melhoria do desempenho operacional Por Kathlen Ramos Sessenta e três por cento das empresas com cadeias de suprimentos globais classificam a visibilidade com alta prioridade para melhoria do desempenho operacional e redução de custos. Esse é um dos resultados da pesquisa “Visibilidade na Cadeia de Suprimentos: Uma Estratégia Decisiva para Otimizar Custos e Serviços”, realizada pelo instituto de pesquisas Abberden Group e que ouviu 149 companhias. Para o diretor de inovação e alianças estratégicas da GS1 Brasil, Roberto Matsubayashi, a visibilidade da cadeia de

O que a GS1 faz para melhorar a eficiência nas cadeias de valor? * Identifica bens, insumos, empresas e seus locais por meio de padrões como GTIN, GLN, entre outros * Captura automaticamente os dados por intermédio de código de barras ou da tecnologia de identificação por radiofrequência (RFID/EPC) * Sincroniza dados cadastrais (GDSN) * Registra e troca informações sobre as transações (EPC-IS)

suprimento, desde a obtenção das matérias-primas básicas até a entrega do produto final ao consumidor, é, de fato, vital para as empresas. “É ela que possibilita oferecer produtos com custos menores, controlando desde o fornecimento de insumos para fabricação até a comercialização e, ainda, garante a qualidade e segurança – rastreando os insumos e os produtos finais”, constata. Com a globalização, diz o executivo, a complexidade da gestão da cadeia de suprimentos é cada vez maior e o uso de padrões é a melhor solução para otimizar os processos. “Os padrões envolvem a identificação dos insumos e produtos, a comunicação das informações cadastrais e o registro das transações. Isso garante que todos os atores estejam falando sobre o mesmo produto e possam recuperar informações sobre os locais e as transações que o afetaram”, justifica. Por isso, é essencial que transportadores e prestadores de serviços logísticos estejam fortemente interligados e “falem a mesma língua” para permitir a visibilidade de ponta a ponta. O estudo revela ainda que as empresas que aderem aos padrões GS1 têm duas vezes mais probabilidade de monitorar as atividades de transporte e logística no nível da unidade e da embalagem. 7 898357 410015

Fatores-chave para aprimorar a visibilidade na cadeia de suprimentos 45%

• Complexidade e crescimento das operações globais (ex.: lead time mais longo)

43%

• Necessidade de melhorar a velocidade e/ou a precisão operacional

30%

• Aumento da demanda, tanto de stakeholders quanto de clientes, para melhorar a precisão e a pontualidade na entrada e saída de mercadorias

26%

• Exigência das empresas pela redução de custos de execução

15%

• Necessidade de reduzir ou gerenciar inventários em várias fases da cadeia de suprimentos • Necessidade de otimizar o número de parceiros comerciais, fornecedores, transportadoras e serviços de logística

13% 12 out/nov/dez 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Fonte: Aberdeen Group / Total de respondentes: 149



[

entrevista

[MARTHA GABRIEL

Educação na era digital O desenvolvimento da internet dita novos rumos para o modelo de ensino e de aprendizagem no século 21, iniciando uma verdadeira revolução nessa área

Imagem: Thinkstock

Por Denise Turco Martha Gabriel sempre gostou de estudar. A especialista em marketing na era digital, apaixonada por tecnologia, coleciona histórias do tempo de estudante e dos professores que marcaram sua vida acadêmica. Engenheira de formação, pós-graduada em marketing e em design, mestre e PhD em artes, passou para o outro lado do balcão ministrando aulas em universidades, cursos na área corporativa e muitas palestras mundo afora. Aliás, ela está na lista Best Online Universities 2012 entre os cem professores mais experts em tecnologia no mundo. A partir dessa experiência, a autora do best-seller Marketing na Era Digital decidiu se dedicar à reflexão sobre um tema fundamental para a sociedade – a educação – tendo como ponto de partida a tecnologia. A velocidade que a internet impõe ao nosso dia a dia reflete os anseios da humanidade, que deixou para trás a Era da Informação, modelo de sociedade com base em máquinas, e dá seus primeiros passos na Era da Inovação – fundamentada em bits, redes sociais on-line, tecnologia mobile, etc., que configuram um universo cada vez mais fragmentado e ampliam as possibilidades de comunicação e de aprendizagem. Nesse contexto, o modelo de ensino com base no tripé professor-giz-quadro negro está com os dias contados. A escola precisa de mudanças profundas, mas nada simples, pois envolvem a necessidade de dominar as ferramentas do mundo digital. Em seu quinto e mais recente livro, Educ@r – A (r)evolução digital na educação, Martha discute essas questões e ainda explica de maneira didática as ferramentas tecnológicas que podem ser usadas a serviço do ensino em vários níveis. Um aspecto interessante é que o livro desfaz as barreiras entre on e o off. Ela utiliza o QR Code – tecnologia pela qual se diz apaixonada – para criar 14 out/nov/dez 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

uma ponte entre impresso e digital com links para um vasto conteúdo extra como vídeos e sites. É com esse tipo de atitude criativa e enquanto prepara a segunda parte do livro, com lançamento previsto para 2014 e que apresentará um guia para professores sobre as tecnologias que podem ser usadas na educação, que Martha Gabriel concedeu a entrevista a seguir. Brasil em Código O modelo de escola, com base no livro impresso e no professor como detentor do saber, é muito antigo e hoje se mostra esgotado. Você defende que a internet lançou as bases para uma revolução na educação que iniciará uma era sem precedentes na história da humanidade. Que revolução é essa? MARTHA GABRIEL Essa revolução inicia quando o aluno começa a ter acesso à internet banda larga de maneira mais intensa a partir do ano 2000 – exatamente quando a geração Z começa a entrar em cena – fazendo com que todos possam publicar conteúdo. Então, hoje temos um tsunami de conteúdo no mundo. A cada dois dias, é criada uma quantidade de informação equivalente ao período que vai do início da história da humanidade até 2003. Quem disse isso foi o CEO do Google, Erick Schmidt, há alguns anos, agora esse ritmo já acelerou, pois estamos vivendo em uma era de crescimento tecnológico exponencial. Nosso cérebro evolui linearmente, mas a curva de conhecimento tecnológico e de informação cresce de forma exponencial. Então temos um gap que cresce cada vez mais nessa relação. A partir desse cenário, todo mundo tem acesso à informação, que não é escassa nem restrita como era no passado. Por isso, não é mais necessário alguém para mediar a informação e fornecer conteúdo. Assim, a função do professor muda completamente.


Fotos: Eliane Cunha

[

[

BC Qual é o novo papel do professor e da escola a partir dessa nova realidade? MG Antes era o professor quem determinava os conteúdos e somente através dele tínhamos acesso ao conhecimento. Agora, ele precisa ser um tutor que ajuda o aluno a pensar, a inovar e a aprender a aprender. Antigamente, já era importante inovar e aprender a aprender, mas você sobrevivia sem isso, pois as mudanças que aconteciam na sociedade eram muito lentas, demoravam décadas. Então, fazia sentido aprender algumas fórmulas e conteúdos na escola que seriam válidas durante 30 anos, ou seja, o tempo da sua carreira profissional. Hoje, por causa dessa curva exponencial de mudança tecnológica e de informação, tudo muda muito rápido. Tablet, mobile, redes sociais. Temos um cenário que nem existia há quatro anos e isso ainda vai acelerar. Sem contar que está aumentando a população, a urbanização, enfim, são várias coisas que estão acontecendo e que nunca tinham acontecido antes na história. Se a escola ensinar fórmulas e conteúdos, nada terá mais validade quando o aluno sair de lá. Na Era da Inovação não dá para usar fórmula antiga para resolver problema novo. É preciso ter criatividade, experimentação e pensamento crítico. É isso que a escola tem de ensinar, mas ela continua fazendo o que fazia no século passado. O professor, por sua vez, precisa se habilitar para ajudar o outro a refletir, o que é muito mais difícil do que simplesmente passar o mesmo conteúdo todo semestre. Essa é a transformação que muitas escolas estão interessadas.

“Com a internet, o aluno assume papel ativo na sua própria educação”

[ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2013 15


[

[

ENTREvista

BC Qual é a principal mudança positiva que a internet está promovendo na área da educação? MG São várias, mas a principal é que o aluno assume papel ativo na sua própria educação, e isso acontece de maneira natural e orgânica. Com essa revolução que está acontecendo agora, qualquer um, até mesmo uma criança, consegue acessar qualquer tipo de conteúdo em que esteja interessado. A personalização e o poder de educar passaram para o lado do aluno. Outra grande mudança é cognitiva. Antes nosso cérebro era predominantemente submetido a informações de maneira linear e sequencial para ler um livro impresso. A partir da internet, quando você está navegando na página, os links levam você para outros lugares. Então o cérebro começa a traçar “n” possibilidades de navegação, você vai e volta, às vezes não volta. Nosso consumo de informação passa a ser predominantemente hipertextual. Na realidade, o pensamento sempre foi hipertextual, mas o modo como a gente acessava a informação era linear. Agora as ferramentas também são hipertextuais, permitindo que nosso pensamento complexo se desenvolva. Além disso, a gente tem transferido cada vez mais as nossas funções cerebrais para o computador. Por exemplo, hoje você não faz a busca no seu cérebro, mas usa o Google. O lado positivo disso é encontrar mais resultados para a sua busca do que você obtinha quando pesquisava em uma biblioteca. BC Quais são os aspectos negativos gerados pela internet? MG São vários: o bullying, o plágio, os vícios em jogos eletrônicos. Mas o pior problema, que é causa de vários outros, é o multitasking, ou seja, fazer várias coisas ao mesmo tempo. Hoje, a gente troca de telas no computador 37 vezes por hora, de acordo com alguns estudos. Ao fazer isso, você perde um segundo de racio-

16 out/nov/dez 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

cínio e nem lembra mais o que estava fazendo. Com isso, o pensamento fica mais lento, você tem maior dificuldade para resolver problemas e diminui a produtividade e a criatividade porque não consegue fazer associações. Mas esse processo também gera adrenalina – você faz isso várias vezes e entra num ciclo que não para, e que pode viciar. Tem outro ponto: se fico com muitas janelas abertas, três browsers, telefone celular, etc., tudo isso está na iminência de trazer alguma informação nova – isso não é multitasking, mas nos coloca num estado de alerta constante que desgasta nosso cérebro. BC Considerando as dificuldades na área de educação no Brasil como falta de estrutura, salários baixos e dificuldade de formação, existe uma resistência por parte dos professores às mudanças que o mundo digital impõe?

MG Ainda temos problemas muito graves na educação no Brasil e o digital traz outros, porque para usar o ambiente digital é preciso ser mais sofisticado e apaixonado. Um bom professor que conecta o mundo, que consegue fazer a diferença para milhares de alunos tem que ganhar muito bem, e não os baixos salários que temos na educação pública aqui. Além disso, se a capacitação de professores já era um problema antigo, fica mais grave agora. Quem sempre deu aula no quadro negro, de repente, precisou entender e aprender várias ferramentas e plataformas digitais, digitalizar textos e tarefas, mandar e-mail para os alunos, etc. Ele gasta algumas horas adicionais para fazer isso e não ganha um centavo a mais. Mas a resistência por parte dos professores era mais forte há alguns anos. Hoje aumentou o número


BC Temos aí uma situação assimétrica, porque o aluno domina muito o digital e o professor não. É possível ter um ponto em que os dois se encontrem? MG O aluno sempre vai ter mais facilidade de dominar as novas tecnologias do que o professor. O estudante tem mais fluência digital, mas ainda não sabe conectar informações. O que o professor tem para oferecer? Uma experiência gigante de como navegar em um mundo complexo. E o jovem está desesperado para aprender isso. O professor não precisa ser um poço de sabedoria em tecnologia e dominar todas as ferramentas, aplicativos e redes sociais. Ele precisa de capacitação – de autocapacitação – para ter familiaridade e fluência mínima para usar essas plataformas para conectar informações a favor da sua disciplina. Eu observo um comodismo por parte dos professores que esperam que as instituições ou governos deem tablets ou computadores para trabalhar. No entanto, o problema não é o equipamento. O professor tem que tomar as rédeas nesse caso. Se um aluno de classe média compra um smartphone, porque ele também não pode comprar? Ele adquire o smartphone e se habilita o mínimo que puder. A partir desse conhecimento mínimo, a capacitação funciona. Acredito que escolas e universidades precisam investir não em tablets – pois, em breve, todo mundo terá o seu –, mas em laboratórios especializados com equipamentos e tecnologias sofisticadas que não podemos ter em casa.

“Nosso cérebro evolui linearmente, mas a curva de conhecimento tecnológico e de informação cresce de forma exponencial” BC No Brasil, em que estágio de desenvolvimento estamos em relação ao uso das mídias digitais e das tecnologias aplicadas à educação? Qual é o país ou região mais avançado nesse sentido? MG Os EUA estão um pouco à frente, até porque lá há uma penetração tecnológica maior. A Europa está muito parecida com o Brasil nesse aspecto. Tem uma frase do William Gibson que é a seguinte: “O futuro já chegou, só não está distribuído igual”. Aqui no Brasil temos situações pré-históricas com lugares que não têm nenhum acesso à internet, porém, em outros locais, temos índios com acesso à banda larga. Temos centros de excelência acadêmica, como um colégio particular em São Paulo que desenvolve projeto com a Nasa, e, ao mesmo tempo, há lugares com escolas que não têm giz. Há vários núcleos tentando fazer trabalhos bacanas, mas para a população em geral ainda está muito aquém. O Brasil deveria começar uma reforma educacional, pois acredito que não podemos esperar para ver o que o mundo está fazendo sob o risco de ficarmos para trás. Precisamos criar nossas próprias soluções, logicamente, caminhamos junto com o mundo.

Educ@ar – A (r)evolução digital na educação Editora Saraiva, 256 páginas - Preço: R$ 49,00

BC A educação digital é algo que precisa ser desenvolvida em paralelo à educação formal. Quais são as principais lições a serem seguidas em relação a isso? MG O conceito de educação digital é entender toda essa mudança que está acontecendo e conhecer as ferramentas digitais, seus mecanismos de funcionamento e como extrair o melhor delas. Assim, a educação formal hoje, para acontecer, necessita cada vez mais da educação digital, pois o mundo está se digitalizando rápido. Aliás, estamos virando um híbrido de corpo biológico com corpo digital, que é o que chamamos de cibridismo. Por exemplo: se eu perder o meu computador, perco minhas pesquisas, meus arquivos e não consigo refazê-los – perco parte do meu “cérebro” que está estendido no dispositivo digital. Tudo o que eu tenho on-line no Facebook, no Twitter, aquilo lá também sou eu. Então uma parte muito importante nossa é digital, e não apenas a biológica. Portanto, hoje você precisa ter o letramento digital para viver de maneira interessante. É a mesma coisa de quando você foi educado para aprender a se vestir para não passar frio ou a escovar o dente para evitar a cárie. Isso faz com que você se proteja e tenha uma performance melhor do seu corpo biológico. A mesma coisa é necessária no digital. Educação digital não significa ficar só no digital, mas fazer a integração entre on e o off. 7 898357 410015

Foto: Divulgação

de educadores interessados em aprender as novas tecnologias porque não estão conseguindo mais dominar a aula sem elas e, por causa disso, o nível de engajamento dos alunos e as avaliações estão diminuindo.

[ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2013 17


Um nome, um patrimônio

Imagens: Thinkstock

Planejamento

[

FINANÇAS

[CRÉDITO

Empresas devem implantar métodos de gestão para não serem incluídas como “ficha-suja” em nova ferramenta do SPC Brasil Por Patricia Lucena “O meu nome é a minha garantia.” A frase é dita por muitos na hora de fechar um negócio, sejam eles consumidores, sejam eles grandes empresários. Isso porque o nome de uma pessoa é o seu maior patrimônio. Porém, nem todos tomam os devidos cuidados para se preservar e, assim, acabam sendo considerados maus pagadores. Para se proteger, a maioria das empresas consulta as informações de seus clientes em um banco de dados de abrangência nacional, o SPC, antes de vender um produto ou conceder crédito. Assim, caso o consumidor tenha alguma restrição, a chance de conseguir fechar determinada compra é praticamente nula. Mas as empresas também devem oferecer credibilidade e preservar seu nome, já que o cliente pode ter problemas com as prestadoras de serviço, caso elas estejam com alguma dificuldade financeira. Para auxiliar o consumidor, o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) criou, recentemente,

uma ferramenta que faz o caminho inverso do serviço voltado à checagem da capacidade de os compradores honrarem seus compromissos financeiros: o SPC das empresas. O sistema permite que o consumidor verifique, além das informações cadastrais, se a empresa possui algum protesto, uma dívida em banco ou com outro fornecedor, uma ação de execução, de falência ou concordata. “É uma maneira de o comprador também se proteger das empresas que não cumprem com seus compromissos financeiros”, destaca o superintendente do SPC Brasil, Nival Martins. “É comum a pessoa contratar determinados serviços com antecedência. Às vezes, ela até antecipa o dinheiro. E não é tão raro que a empresa tenha problemas financeiros e o consumidor fique com o prejuízo”, comenta o executivo. Assim, pelo site, o SPC disponibiliza consultas às informações cadastrais e ao histórico de desempenho da companhia. A pessoa se cadastra e realiza a consulta sobre a instituição que tem interesse.


A ferramenta permite que o consumidor verifique a situação financeira de qualquer companhia, garantindo sua proteção contra eventuais prejuízos O acesso ao serviço é pago, e o usuário pode adquirir créditos que variam de R$ 9,90 a R$ 199,90. Os pacotes têm duração de 30 a 90 dias e os valores das consultas variam entre R$ 5,59 e R$ 7,51. O pagamento pode ser realizado por meio de cartão de crédito, débito ou boleto bancário. Por se tratar de um banco de dados, a nova ferramenta também auxilia as próprias empresas a se prevenirem de possíveis “calotes” de outros fornecedores, afinal, elas podem checar o histórico antes de fechar um negócio. Apesar de as empresas, em geral, serem mais preparadas do que a maioria dos consumidores em relação às finanças, é fundamental que elas adotem métodos de gestão para controlar as contas a pagar, a receber e o fluxo de caixa. “Toda pessoa deve proteger o seu nome. As empresas não ficam de fora disso. Para atuar, ela precisa ter um desempenho razoável e métodos de gestão para manter sua credibilidade no mercado”, ressalta Martins. Fonte: SPC Brasil

7 898357 410015

[ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2013 19


[

CAPA

[INOVAÇÃO

Renove Fotos: Thinkstok

as ideias

Inovar vai além de criar algo novo. O conceito contempla a oferta de um diferencial a partir da melhoria de algo que já existe. Nesse sentido, pequenas empresas podem entrar na ciranda criativa através do uso de ferramentas simples de automação Por Giseli Cabrini


O surgimento da roda mudou o mundo. A revolução que ela provocou não foi fruto apenas de uma invenção isolada, mas do uso dessa ferramenta de diferentes formas, materiais e aplicações. Foi a partir de uma única roda que surgiram carros, bicicletas, motos, aviões e um número infinito de engrenagens, equipamentos e máquinas. Isso mostra que o conceito de inovação pode ir além da invenção. É isso que defendem entidades e especialistas em empreendedorismo no País, com base no Manual de Oslo, principal documento de referência internacional para a coleta e a análise de dados relativos às atividades de inovação. Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), inovar é criar um produto (bem ou serviço), processo, método de marketing ou organizacional novo ou significativamente melhorado nas práticas de negócios. O lema da entidade resume o conceito: “inovar é fazer diferente para fazer melhor”. “Em geral, a inovação para as empresas de menor porte são novas ideias implementadas que agregam algo ao faturamento, colaboram para redução de custo nas operações ou para os processos em geral”, diz o professor de empreendedorismo do Insper, Marcelo Nakagawa. Nesse sentido, inovar não demanda, necessariamente, gastos elevados. “A inovação não precisa, obrigatoriamente, ser fruto de implementação de patentes de alta tecnologia, com longo tempo de desenvolvimento e custo elevado. Ela pode se originar de investimentos em design ou em novos modelos de negócio. Há casos de empresas que, com uma reformulação no design de suas embalagens, aumentaram tanto o faturamento que deixaram a categoria de pequena empresa em pouco mais de um ano”, afirma o coordenador de inovação e de tecnologia da informação e comunicação da Unidade de Acesso à Inovação e Tecnologia (UAIT) do SEBRAE Nacional, Agnaldo Dantas.

Segundo Nakagawa, todas as inovações são possíveis para os pequenos negócios. “Talvez, as inovações tecnológicas que exigem investimentos em ciência, pesquisa e desenvolvimento sejam mais difíceis para as empresas de menor porte, porém elas podem solicitar recursos de agências de apoio à inovação, como as fundações de amparo à pesquisa. No entanto, as inovações mais acessíveis para as pequenas são as de produto, de serviço e de marketing”, afirma. A principal preocupação da empresa que deseja oferecer um produto ou serviço inédito ou diferenciado é entender a missão e a visão do negócio e alinhar isso à inovação. O próximo passo é escolher as plataformas tecnológicas que serão utilizadas para colocar a inovação em prática. Automação De acordo com Nakagawa, pelo Manual de Oslo, a adoção de um novo processo como a automação pode ser considerado uma inovação, mesmo que a solução escolhida já tenha sido utilizada em outras companhias. Assim, de acordo com o documento, um empreendimento que, por exemplo, não usa código de barras e passa a utilizar, estaria inovando, pois seria algo inédito em seu contexto específico. No caso das empresas de menor porte, informações do SEBRAE mostram que a automação tem impacto nas atividades do dia a dia, evitando, por exemplo, erros de digitação de preço e peso de produtos, quantidade de itens ou o preenchimento de um cheque. Tarefas cuja execuções impactam diretamente a experiência do consumidor. “A automação comercial implica mudanças nos processos que aumentam significativamente a eficiência na gestão de produtos, de estoque, de compras e vendas e ainda aprimoram a relação com fornecedores e clientes”, completa Dantas. Dessa forma, o avanço da automação tem sido expressivo no Brasil recentemente. “Dados das

[ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2013 53


80% das pequenas empresas investem em inovação para garantir sucesso no mercado, segundo pesquisa do SEBRAE e da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ)

Fotos: Thinkstok

instituições empresariais informam que o número de empreendimentos automatizados praticamente dobra a cada ano. Trata-se de um investimento ainda considerado alto, porém o retorno na melhoria da gestão compensa, já que esse processo contribui para o aumento do faturamento”, diz o analista de comércio do SEBRAE, Alberto Vallim. O código de barras é uma das ferramentas de automação mais utilizadas pelos pequenos empreendimentos – com base nos atendimentos que o SEBRAE realiza. Em primeiro lugar, o código de barras contribui para a agilidade no atendimento ao cliente e o aprimoramento da gestão. E ainda permite uma rápida captação de dados e precisão nas informações, ou seja, maior controle, diminuição de erros, gerenciamento remoto, velocidade no atendimento de pedidos e clientes, redução de custos, entre outras vantagens. No entanto, o grande benefício da ferramenta está no fato de facilitar o acesso dos pequenos negócios a novos mercados. “A partir do momento que o empresário coloca o código de barras, fica muito fácil comercializar os produtos não só no entorno do estabelecimento mas também em mercados mais distantes. Isso amplia as vendas e fortalece a imagem da empresa”, destaca a assessora de soluções de negócios da GS1 Brasil, Flavia Ponte Costa. A adoção do código de barras é um fator importante no esforço de melhoria

22 out/nov/dez 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

tecnológica a ser feito pelos pequenos negócios. Um exemplo é utilizá-lo ao criar o design de embalagens, pois o código de barras gera um diferencial nos pontos de venda e na visão do cliente a respeito da seriedade da marca. Esse é um dos aspectos contemplados pelo Programa de Apoio à Consultoria Tecnológica (SEBRAETEC), voltado a ampliar a competividade das pequenas e médias empresas (PMEs), a partir do conceito de inovação. “O código de barras de padronização mundial fornecido e gerido no País pela GS1 Brasil – Associação Brasileira de Automação é fundamental para o alcance desses resultados”, afirma Dantas. O SEBRAE e a GS1 Brasil possuem convênio que busca difundir essa ferramenta como instrumento de inovação junto aos pequenos negócios no País, em especial indústrias e lojas de varejo. Essa atuação conjunta das entidades é importante para intensificar a disseminação da ferramenta entre as PMEs, que representam 99% do total de empresas no País, respondem por 52% da massa salarial e por 40% dos postos de trabalho, de acordo com o SEBRAE. Dessa forma, seja por meio de parcerias, seja por meio de iniciativas próprias, as empresas podem adotar soluções simples para fazer a ciranda da inovação girar, ampliando, assim, a sua competividade. E, principalmente, valorizando o sonho de empreender, independentemente de sotaques ou distâncias. Confira a seguir como o código de barras tem colaborado para a inovação das PMEs em todo o Brasil.


Vários sotaques, uma só linguagem

Fotos: Divulgção

Com o objetivo de maximizar resultados, pequenas empresas de norte a sul do País usam o código de barras como ferramenta de inovação.

Édson Ortiz, diretor Empresa planeja fazer a rastreabilidade a partir do código de barras

Negócios sustentáveis Para ter sabor, os ganhos precisam ser sustentáveis. Essa é a premissa da Divinut Indústria de Nozes, de Cachoeira do Sul (RS), que trabalha com um modelo de negócios que prevê a integração com fornecedores de nozes pecã, matéria-prima usada para abastecer sua linha de produção. Uma vez beneficiada, a mercadoria é usada por fábricas alimentícias em todo o Brasil que atuam no segmento de doces, chocolates, sorvetes, bolos, biscoitos e confeitarias, assim como grandes redes varejistas que a utilizam na área de panificação e também revendem para o consumidor final. O volume mensal de processamento é da ordem de 15 a 20 toneladas. A Divinut fornece aos produtores mudas especiais, desenvolvidas pela própria empresa, e assessoria técnica, além da oportunidade de compra parcial ou total da safra. Em todos os processos aplicam-se conceitos de ecoeficiência, desde o manejo da água captada das chuvas até o uso dos próprios resíduos, como substrato para as mudas, cuja produção não utiliza pesticidas. Apesar de ter um grande viveiro de mudas, a empresa ainda está formando um grupo de produtores que trabalhe apenas com suas matrizes, que atualmente alcançam 1,2 mil árvores. “Hoje, nossa produção também é abastecida por outros produtores que não utilizam nossa base genética, que

é identificada por meio de código de barras. Desde que surgiu em 2000, a empresa usa essa ferramenta. Ela agiliza nossa gestão e a logística, pois permite identificar cada produtor, monitorar a movimentação da matéria-prima e o beneficiamento e checar para qual cliente o produto foi entregue”, diz o diretor da Divinut, Édson Roberto Neto Ortiz. Atualmente, a empresa está em fase inicial de um projeto de automação com foco na rastreabilidade, em parceria com a GS1 Brasil. A ideia é utilizar o código de barras e as informações sobre o lote e a validade já aplicados às embalagens. Hoje, a gestão de todo o processo é feita apenas parcialmente, por meio dos lotes. O objetivo da mudança é fazer a rastreabilidade ao longo de toda a cadeia – passo fundamental para os planos de inserção no mercado internacional no sentido de que o código de barras facilita a venda das mercadorias em escala mundial.

Inovações em produtos, serviços e marketing são as mais acessíveis para os pequenos negócios [ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2013 23


Apetite por ganhos O porte é de pequena empresa. Mas o apetite da Qualité para expandir os negócios é grande. Por isso, a direção da empresa, localizada em Manaus (AM) e criada em 2010, está sempre em busca de oportunidades. “É preciso trabalhar com uma visão de médio e longo prazo, nunca imediatista. Foi com esse espírito que resolvemos buscar o código de barras.

Essência preservada Profissionalização, mas sem perder a essência do negócio. Essa foi a estratégia escolhida pela Açaí da Hora, que começou em 2005 com um carrinho de sorvete que percorria as areias da Praia do Francês, próxima a Maceió (AL) e, atualmente, é uma microempresa que já começa a ganhar o asfalto de outras praças nordestinas, entre elas Aracaju (SE). “Há quatro anos, adotamos o código de barras. Sem ele, ficaríamos apenas no mercado informal. Ele é 24 out/nov/dez 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Ele agrega valor à mercadoria e o retorno tem sido maior do imaginávamos”, diz a fundadora Marina Camargo. A ferramenta foi uma das soluções que ajudou a empresa a aumentar a produção de 1,5 mil sanduíches naturais por mês para 20 mil unidades. Além do maior acesso a novos clientes, o código de barras se transformou no ingrediente fundamental para a expansão da Qualité. Recentemente, o portfólio de sanduíches ganhou as versões baguete e light. As embalagens também foram reformuladas e a empresa se prepara para lançar, em janeiro de 2014, uma linha direcionada às crianças. A ideia ocorreu em virtude da aprovação de um projeto de lei pelo Senado, em agosto, que proíbe as cantinas instaladas nas escolas de ensino básico de vender alimentos essencial para a emissão da Nota Fiscal Eletrônica (NF-e)”, relata a proprietária Viviane Pessanha Santos. Segundo ela, mesmo com a formalização, a ideia é que o negócio continue a ser familiar e regional. “Queremos ampliar nossas vendas no Nordeste, mas sem perder a proximidade com os clientes que conquistamos em Alagoas. Esse contato direto é fundamental”, diz a empreendedora, que gosta de se manter à frente das entregas. Outra preocupação é manter a produção artesanal, que é o diferencial da empresa, uma vez que os produtos rivais são industrializados, segundo Viviane. “Não usamos conservantes ou emulsificantes. Trabalhamos apenas com frutas frescas, açaí e banana, além de xarope de guaraná. Por esse motivo, produzimos duas toneladas por mês e a validade é de apenas três meses”, explica. Dessa forma, os sonhos de expansão são avaliados com cuidado. Atualmente, a carteira de clientes inclui redes de supermercados locais, mercearias, lanchonetes, lojas de conveniência, padarias, quiosques, restaurantes e barracas de praia.

Marina Camargo, fundadora Visão de longo prazo motivou o uso da ferramenta com quantidades elevadas de açúcar, gorduras ou sódio. Embora a decisão para entrar em vigor ainda dependa da aprovação da Câmara dos Deputados e do Palácio do Planalto, ela já alimenta os planos da Qualité. Atualmente, a empresa atende a uma carteira de cerca de cem clientes, entre supermercados, franquias de alimentos, companhias aéreas e salões de beleza.

Viviane Santos, fundadora, e a irmã e sócia Vanessa Meta é ampliar as vendas sem perder a proximidade com os clientes


Cardápio sob medida A obtenção do código de barras era o ingrediente que faltava para o projeto de expansão do Natural Club, microempresa de Cuiabá (MT) que tem como missão oferecer alimentação equilibrada e saborosa, rica em fibras e com baixo teor de gordura e sódio. Em atuação há nove anos, o empreendimento, que conta com restaurante e serviço de delivery, resolveu apostar em

duas novas linhas de produtos: uma de congelados e outra de itens livres de glúten. Como a comercialização envolve a venda no varejo, a obtenção do código de barras é essencial para a concretização do projeto. “Sem isso, é impossível vender os produtos nos pontos de venda. Já temos duas propostas de fornecimento – para uma rede de supermercados local e uma loja de produtos naturais”, conta Fernando Marchionatti de Azevedo, proprietário da empresa ao lado da esposa, Marlete Giroldo. A expectativa é de que a aceitação da nova linha seja grande, a exemplo do que acontece com o restaurante e o serviço de entregas de refeições balanceadas em domicílio. “Quando começamos, atendíamos um cliente por dia via delivery. Hoje, são 150 pessoas. No restaurante, servimos 120 clientes por dia”, revela. Na avaliação de Azevedo, além da busca crescente por uma alimentação

Fernando Azevedo e Marlete Giroldo, da Natural Club Código de barras é essencial para ampliar a linha de produtos saudáveis saudável, a proposta da Natural Club tem obtido adesão de clientes que seguem uma dieta específica, como, por exemplo, controle do diabetes, do colesterol, do ácido úrico, entre outros. “A saúde das pessoas é a nossa inspiração”, resume.

O código de barras facilita o acesso a novos mercados e fortalece a imagem da empresa Segundo ela, as matérias-primas usadas para a confecção dos panos são adquiridas tanto no mercado interno quanto no exterior. A linha de produtos, que inclui tecidos e não tecidos utilizados na limpeza de ambientes, está presente desde os lares brasileiros até hospitais e shopping centers. A empresa não faz venda direta ao consumidor, mas para distribuidoras de produtos de limpeza e grandes redes varejistas de vários Estados brasileiros. Agilidade Código de barras facilita controle dos processos da empresa do interior paulista

Fotos: Divulgação

Na saúde e no lazer Para a Limpinho Comércio de Panos, empresa de pequeno porte de Campinas (SP) que está em atuação desde 2007, o código de barras é uma peça fundamental para o negócio. “Embora o nosso foco esteja no fornecimento de produtos para hospitais, que não usam código de barras, a empresa já surgiu utilizando essa ferramenta. Ela é essencial para todos os processos: controle de produção, embalagem, manuseio, logística, entre outros. O código de barras é costurado junto às peças, o que permite identificar cada item, fazer a separação e fracionar a mercadoria de acordo com os pedidos”, explica a proprietária, Mara Serradilha.

[ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2013 25


Mais inovação

no rastro da nuvem

Além da adoção de códigos e padrões de automação como ferramentas de inovação, o uso de novas tecnologias é uma prioridade estratégica para as PMEs à medida que elas remodelam seus negócios para o mercado global. Pesquisa da Oxford Economics, encomendada pela SAP AG, mostra que quase dois terços dos entrevistados acreditam que a tecnologia ajuda a conquistar longevidade e crescimento sustentável. Do total de entrevistados, 55% dos que estão em mercados emergentes (Brasil, Chile, China, Colômbia, República Checa, Hungria, Índia, México, Rússia e África do Sul) dão ênfase para a inovação. O estudo foi realizado com 2,1 mil executivos de PMEs em 21 países. As opções nesse sentido são amplas: softwares de gestão empresarial e de análise de dados, mobilidade, mídias sociais e computação em nuvem. Essa última opção é a mais promissora. A computação em nuvem promete crescimento de 22% na América Latina, com aceitação mais acelerada no mercado de serviços profissionais, segundo a pesquisa. O conceito vem promovendo uma espécie de revolução no acesso e disseminação de soluções de tecnologia da informação (TI) entre os empreendimentos de pequeno porte. Isso porque, na prática, a computação em nuvem dispensa altos investimentos em infraestrutura (redes, servidores, cabos e outros equipamentos) ou softwares (licenças). A gestão passa a ser feita por provedores de soluções de TI, que oferecem diferentes pacotes de serviços. As opções vão desde a locação mensal de softwares voltados a controles de processos até a gestão total dos ativos de TI da empresa.

Na avaliação do presidente da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação do Estado de São Paulo (ASSESPRO-SP), Marcos Sakamoto, a computação em nuvem ajuda a democratizar o acesso das PMEs a outras tecnologias. “Quando o foco está voltado à redução de custos, o mais indicado é apostar no conceito de ERP (Enterprise Resourse Planning), sistema integrado de módulos voltado a aprimorar os processos, automatizando toda a base de informação com segurança e clareza nos dados. Quando o objetivo é melhorar o relacionamento com clientes, funcionários e colaboradores, a opção mais atraente está nas ferramentas de CRM (Customer Relationship Management). Esse tipo de solução permite entender e antecipar as necessidades de clientes atuais e potenciais.” O diretor de expansão regional da IBM Brasil, Guto Azevedo, destaca

Imagens: Thinkstock

Paralelamente às ferramentas de automação, PMEs estão abertas a outras tecnologias

que tempos atrás, o foco da TI estava na produtividade e no custo. “Hoje, as empresas já têm a visão voltada para como a TI pode gerar novos negócios.” Por isso, a tecnologia está cada vez mais associada ao plano estratégico das companhias, que passaram a, primeiro, avaliar seus processos, traçar a estratégia e, a partir daí, escolher a solução mais adequada (leia mais sobre planejamento de TI nesta edição). A aposta em tecnologia também é essencial para a formalização desses negócios e para o cumprimento de normas fiscais e tributárias. “No passado, as empresas conseguiam sobreviver sem utilizar sequer um software. Hoje, isso é impossível. Um exemplo está na emissão da Nota Fiscal Eletrônica (NF-e)”, diz o vice-presidente de atendimento e relacionamento da TOTVS, Rodrigo Caserta. 7 898357 410015

26 out/nov/dez 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]



[

TECNOLOGIA

[PLANEJAMENTO

Planejamento

Plataforma para

Foto: Thinkstock

a competitividade

A área de TI tornou-se um importante centro de inteligência e de informações para os negócios. Confira como pequenas e médias empresas podem desfrutar de todos os seus benefícios Por Kathlen Ramos A tecnologia da informação (TI) é, hoje, parte integrante do dia a dia da maioria das pessoas e essencial no mundo dos negócios. Sincronizar as informações de diversos departamentos, viabilizar estratégias empresariais, colher resultados do banco de dados e mensurar deficiências ou novas demandas são alguns benefícios que a TI pode trazer para qualquer companhia, inclusive para pequenas e médias empresas (PMEs). Dessa maneira, contar com um departamento de TI eficaz torna-se uma vantagem competitiva. Aliás, as PMEs já são destaque quando se fala no assunto. Segundo dados da 3ª Pesquisa Setorial e Salarial dos Distribuidores de TI e do 2º Censo de Revendas, da Associação Brasileira dos Distribuidores

28 out/nov/dez 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

de Tecnologia da Informação (ABRADISTI), as PMEs representaram 40% dos investimentos realizados em TI feitos pelo segmento corporativo em 2012. No entanto, 94% não possuem capital ou planejamento exclusivo para a área. “Boa parte dos investimentos não têm orçamentos definidos. São necessidades que aparecem ao longo do ano”, conta o presidente da ABRADISTI, Mariano Gordinho. Portanto, um dos grandes desafios está na elaboração de um planejamento de TI adequado para atender os objetivos de negócios e o entendimento sobre as reais contribuições que essa área pode trazer. “O uso estratégico das informações dessa área torna-se crucial para que as PMEs possam competir de forma mais equilibrada, promovendo um crescimento sustentável, uma vez que a TI reduziu, de forma brutal, as barreiras comerciais, levando esses empreendimentos a


Foto: Divulgação

obterem oportunidades para conduzir negócios de alto valor agregado e com muita competitividade”, considera o gerente de TI do Grupo Educacional Impacta, Nilson Acácio Ramalho. Para o coordenador de pós-graduação da Faculdade de Informática e Administração Paulista (FIAP), Celso Poderoso, qualquer iniciativa necessita, no mínimo, de um sistema que armazene dados oriundos das diversas áreas de negócio. “Com essas informações, é possível prever comportamentos, corrigir erros e montar uma estratégia para alcançar o sucesso. A era dos executivos que tomam decisões baseadas em feeling está acabando. O volume de dados disponível cresce a cada dia e faz com que os profissionais que saibam analisar essas informações tomem decisões mais assertivas.” Dessa forma, os benefícios com investimentos em TI vão desde a economia de mão de obra e agilidade nos processos até a possibilidade de previsão de cenários para o futuro. “Há, ainda, uma melhora significativa no controle interno das operações e no atendimento ao cliente, o que resultará no aumento da produtividade e da competitividade”, resume Ramalho.

Em média, o investimento em TI das pequenas e médias empresas é de 3% a 6% do faturamento, percentuais que podem variar de acordo com o tamanho da companhia e o ramo de atividade

possui particularidades e maturidade da gestão. Portanto, para elaborar um planejamento da TI é fundamental realizar uma análise do ambiente interno e externo, para que se tenha uma visão global dos objetivos estratégicos. Todos os elementos do plano estratégico de uma empresa demandam algum tipo de recurso ou infraestrutura tecnológica. “Imaginemos que a companhia planeje alcançar clientes por meio das redes sociais e, a partir daí, seja capaz de vender produtos e serviços. Sem o suporte adequado de TI, esse componente do plano simplesmente continuará na lista dos desejos”, exemplifica o presidente da ABRADISTI. Depois dessa análise, vale lembrar que todo planejamento precisa seguir alguns requisitos básicos para o funcionamento da área: PARA COMEÇAR Não há um molde único para capacidade (recursos de hardware, o desenvolvimento de um pla- infraestrutura e software), segurança nejamento dessa área. Cada empresa (física, referente aos equipamentos, e lógica, relativa aos dados), continuidade/contingências (de que maneira as instalações da empresa estão preparadas para desastres ou imprevistos) e estratégia de sistemas (quais as principais necessidades de cada departamento e a estratégia para atendê-las). “Em muitos casos, os recursos financeiros para a área de TI são limitados. Porém, um planejamento bem elaborado pode garantir uma área bastante produtiva, sem muito investimento”, afirma o presidente da MR Consultoria, especializada em gestão estratégica Mariano Gordinho, da ABRADISTI de TI, Miguel Ruiz. Todos os elementos do plano estratégico demandam algum recurso tecnológico

O montante de capital aplicado na área por PMEs varia de acordo com o tamanho da companhia e seu ramo de atividade. “A média de investimento é de 3% a 6% do faturamento. Naturalmente, empresas que utilizam mais equipamentos e máquinas, eventualmente, terão de investir além desse percentual”, prevê Celso Poderoso, da FIAP. Segundo ele, algumas ferramentas não podem faltar nas empresas. São elas: ERP (sistema de gestão integrada do negócio), CRM (plataforma de atendimento ao cliente), Supply Chain Management (mais usado no varejo, permite à empresa gerenciar a cadeia de suprimentos, com maior eficácia) e Data Warehousing (possibilita a análise de grandes volumes de dados). TERCEIRIZAR OU NÃO? O segmento de TI foi um dos que mais cresceu nos últimos anos, mas, de acordo com especialistas da área, a notícia não é muito boa quando se trata da preparação de profissionais para apoiar esses avanços. Segundo levantamento do Observatório Softex (Sociedade Brasileira para Promoção da Exportação de Software), a indústria brasileira de TI emprega, atualmente, mais de 600 mil pessoas. Porém, o deficit de mão de obra aumenta a cada ano. “Em 2010, havia uma carência de 75 mil profissionais, e a previsão de entidades do segmento é de que esse número subiria para 92 mil pessoas, em 2011, e alcançasse 200 mil talentos no País até 2015”, lamenta Ramalho, do grupo Impacta.

[ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2013 29


Fotos: Divulgação

BONS RESULTADOS A ACE Schmersal, empresa de médio porte localizada em Boituva (SP), é um exemplo de como se pode usar a TI em prol do crescimento dos negócios. Há 45 anos no ramo de sistemas de segurança para máquinas e equipamentos, desde 2002, ela investe fortemente em tecnologia. “Em 2005,

Nilson Ramalho, da Impacta TI derrubou barreiras comerciais, possibilitando novas oportunidades para pequenas e médias empresas 30 out/nov/dez 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

os sistemas implantados começaram a operar plenamente e, desde então, multiplicamos o nosso faturamento por cinco”, comemora o diretor comercial, Nilson Lara. A companhia investiu em um sistema, desenvolvido pela equipe interna de TI, que integra todos os departamentos e dispensa o uso de papel. “Nossos colaboradores, enviam as ordens de produção por meio de um tablet. Depois, os trâmites para que o pedido seja realizado são acompanhados por todas as áreas da empresa, em tempo real, via monitores de LCD”, descreve o diretor, salientando que os benefícios vão muito além da economia em papel. “Ganhamos agilidade. Assim que se cadastra o pedido, o sistema já identifica as prioridades, os componentes em falta no estoque, etc. E cada área fica sabendo, automaticamente, suas pendências. Quando o aviso está verde, significa que está tudo certo com aquele pedido. Mas, se está vermelho, indica que está atrasado ou com algum problema”, explica. A JExperts, pequena empresa com sede em Florianópolis (SC), também acredita no poder da TI. Aliás, esse é o alvo dos seus negócios: desenvolver soluções de software e serviços destinados à melhoria das práticas de gestão nas empresas. E tudo o que ela oferece ao mercado não é deixado de lado em seus processos internos. “Investimos em infraestrutura e soluções que dão suporte às estratégias traçadas para o curto e médio prazo”, descreve o diretor comercial e de marketing da companhia, Denis Tassitano. Atualmente, todos os elementos do plano estratégico são controlados

Foto: Divulgação

De acordo com Celso Poderoso, hoje é impossível ter um profissional que domine as três grandes áreas da TI: infraestrutura, banco de dados e sistemas. Porém, o mais importante é elaborar um plano que permita que o conhecimento e a inteligência do negócio permaneçam dentro de casa. “Tarefas rotineiras, como desenvolvimento de sistemas, administração da infraestrutura e banco de dados, podem ser terceirizados. Por sua vez, analistas funcionais e de negócio devem trabalhar internamente, pois eles garantirão que a inteligência seja mantida dentro da empresa.” Assegurar a reciclagem da equipe interna também é fundamental. Isso se dá pela participação em cursos, congressos e eventos de tecnologia.

Sinal verde Na ACE Schmersal, os detalhes de cada pedido são acompanhados em tempo real pela tecnologia e dependem dela: faturamento, controle da estratégia, projetos, mobilidade e armazenamento de dados na nuvem. Segundo Tassitano, a TI constitui a fundação que apoiará o crescimento da empresa no futuro. 7 898357 410015

Foto: Divulgação FIAP

TeCNOLOGIA

[

[

Celso Poderoso, da FIAP É essencial ter um sistema para prever comportamentos, corrigir erros e elaborar uma estratégia


Imagens: Thinkstock

Como elaborar um planejamento estratĂŠgico em TI

Fonte: Miguel Ruiz/MR Consultoria

[ BRASIL EM CĂ“DIGO ] out/nov/dez 2013 31


[

TECNOLOGIA

[BI

Imagens: Thinkstock

Planejamento

A aplicação do conceito de business intelligence é capaz de mostrar novas oportunidades e demandas de mercado, além de indicar falhas ou riscos, inclusive para pequenas e médias empresas Por Kathlen Ramos O business intelligence (BI) ou inteligência de mercado é um assunto que já faz parte da realidade de grande parte das maiores corporações mundiais e que tem ganhado a atenção também das pequenas e médias empresas. Em um mercado com muitos

32 out/nov/dez 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

concorrentes e clientes cada vez mais exigentes, as companhias precisam otimizar o ambiente interno para ter respostas rápidas e efetivas. Nesse sentido, as tomadas de decisões e a aplicação da metodologia de BI tornam-se inseparáveis.


“A inteligência de mercado é a transformação de dados em informações úteis para o entendimento do mercado e do papel da empresa nesse cenário. Essa inteligência ajuda as instituições a identificar oportunidades de melhorias ou inovação, contribuindo, assim, para a tomada de decisão e controle dos resultados obtidos”, explica a gerente da área de inteligência de negócios do Insper, Juliana Maria Vanin. Portanto, ao adotar o conceito de BI, empresas de quaisquer portes conseguem ter uma visão mais clara do mercado em que atuam. No caso das pequenas e médias, é possível entender melhor seus clientes e fornecedores, otimizar processos internos e direcionar quais as ações de marketing. “É possível visualizar o cliente sob vários ângulos, identificando seus padrões e hábitos de consumo. Com isso, a empresa consegue oferecer produtos que atendam o seu público, bem como promoções pertinentes e previsão mais clara de estoque”, mostra o diretor de computação na nuvem e análise inteligente de dados da IBM Brasil, José Luis Spagnuolo. O analista da IDC Brasil, Samuel Carvalho, fornece um exemplo prático. Ao final do dia, o dono de uma rede de três pequenas lojas precisa ter uma ideia de quanto cada estabelecimento vendeu, detalhando o tipo de produto mais comercializado e as vendas por vendedor. Cruzando os dados por meio das soluções de BI, é possível identificar esses resultados. “Dessa maneira, pode-se identificar erros e aproveitar oportunidades”, afirma. Os benefícios da inteligência de mercado são tamanhos que, segundo o Gartner, uma das principais consultorias em tecnologia da informação do mundo, o faturamento global de softwares de BI deve alcançar US$ 13,8 bilhões até o final de 2013, um aumento de 7% em relação ao ano passado. Em 2016, o mercado deve chegar aos US$ 17,1 bilhões. Capital humano e tecnológico Caso a empresa não consiga ter uma área dedicada a BI, é importante identificar pessoas e departamentos-chave que possam executar esse papel. Esses profissionais precisam de isenção na geração de informações, amplo conhecimento da companhia e do mercado em que atuam. “Também precisam ser curiosos, críticos, ter bom raciocínio lógico, saber lidar com conflitos, gerir processos e projetos, ter foco em resolução de problemas, além da habilidade de comunicação de acordo com o público-alvo”, ensina Juliana, do Insper.

Além do investimento em pessoal, é preciso destinar recursos em bons equipamentos, capazes de suportar a ferramenta de BI escolhida – que pode ser simples ou mais sofisticada. Existem soluções que transformam planilhas comuns em plataformas para análise dos negócios em tempo real. Outras podem analisar informações cruzando dados como clientes, produtos e geografia com segurança e rapidez. O ideal é identificar qual a ferramenta que melhor cabe no orçamento e atende aos objetivos da companhia. Soluções de BI de empresas renomadas do mercado, destinadas a médias empresas, podem ser encontradas a preço aproximado de R$ 30 mil. Na prática O conceito de BI pode ser usado por organizações de diferentes portes e ramos de atuação. Mesmo que a empresa não tenha uma ferramenta específica de BI, é primordial para o sucesso de seus negócios, conhecer os resultados, organizar sua estratégia com base em análises quantitativas e qualitativas e conhecer o mercado em que está inserida. Prova disso é que a GS1 Brasil – Associação Brasileira de Automação, que possui 57 mil associados, utiliza a metodologia de BI, desde 2011, na coleta de dados, na análise e no detalhamento de informações a seu respeito. De acordo com a coordenadora de inteligência de mercado da GS1 Brasil, Marina Pereira, os maiores desafios da implementação foram higienizar, atualizar e filtrar as informações relevantes e confiáveis da base de dados. “A base de dados é fonte de informação fundamental para a área de inteligência de mercado, ela é viva e precisa ser constantemente revisada e trabalhada. Para isso, foi feito um trabalho que envolveu pontos-chave da organização, como atendimento, processos, tecnologia da informação e marketing, com o objetivo de ter uma base única e confiável de dados. Hoje temos informações ricas que são subsídios fundamentais para tomada de decisões”, conta. Desde maio de 2013, a GS1 Brasil possui uma unidade voltada à inteligência de mercado – que está alocada no departamento de marketing e relações institucionais da associação – dedicada ao levantamento de estudos, cruzamento e análise de todos os dados que dizem respeito à entidade ou que podem impactá-la de alguma forma. “Este departamento tem um importante papel de democratizar as informações com toda a organização, buscando informações estratégicas para auxiliar na tomada de decisão”, completa Marina.


TECNOLOGIA

[

[

5 passos para aplicação prática de BI 1) Conheça sua empresa: o conhecimento obtido por meio de pesquisas junto a clientes e analistas revela que há várias etapas recomendadas que antecedem a estratégia e aos padrões efetivos de BI em sua empresa.

2) Analise o ambiente atual: converse com pessoas do ramo para entender quais informações e sistemas estão sendo usados no momento e porque são importantes para atingir as metas da empresa. É quase certo que você encontrará exemplos de áreas que poderão se beneficiar de uma abordagem mais estratégica de BI. Depois, prepare um documento por escrito da estratégia contemplando custos e benefícios.

4) Desenvolva uma estratégia de longo prazo: para garantir o aproveitamento de todos os benefícios, é essencial ter uma estratégia de longo prazo e um centro de competência de BI. Esse centro será responsável por otimizar o valor de seus ativos de informação – desenvolvendo e compartilhando as melhores práticas de BI com toda a empresa; mostrar como o BI deve mapear as necessidades técnicas, funcionais, organizacionais e de negócios; implementar uma metodologia formal de business intelligence para assegurar que os projetos gerem os resultados esperados; e criar processos de aquisição e desenvolvimento de novos projetos.

5) Gerencie as mudanças: o maior problema dos planos estratégicos de BI é a dificuldade em gerenciar e assumir a responsabilidade pelas mudanças decorrentes da implantação. Alguns problemas podem ser evitados monitorando o plano estratégico e implementando a governança em BI. Convide os principais executivos e envolvidos para reuniões regulares. Use essas reuniões para alinhar o trabalho do centro de competência de BI com a estratégia geral da companhia e derrube todas as barreiras às mudanças.

3) Racionalize as implantações de BI: os critérios adotados devem ser explícitos e determinados em função das necessidades da companhia e de comum acordo entre os principais usuários do BI.

Fonte: SAP Brasil

34 out/nov/dez 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]


A inteligência de mercado é a transformação de dados em informações úteis para entender cenários, identificar oportunidades de melhorias e de inovação

A TeleCheque, companhia especializada em análise de crédito em compras com cheques, também aderiu ao BI e é beneficiada com o conceito desde 2003. Mas para alcançar os resultados esperados, a empresa teve de vencer alguns desafios. “Nossa maior dificuldade foi validar e garantir a qualidade e a integridade das informações que vinham dos sistemas corporativos. Houve, também, resistências pontuais em algumas áreas. Mas com treinamento e participação dos usuários na definição dos projetos, estes focos de resistência foram gradativamente eliminados”, conta o diretor de crédito e risco da empresa, Walter Alfieri. Ele acrescenta que, para a implementação do sistema, a empresa fez investimentos em hardwares e software, consultoria para transferência de know-how no desenvolvimento dos aplicativos durante um mês e em treinamento da equipe. Segundo o executivo, dentre os principais resultados alcançados, ganham destaque o aumento significativo do conhecimento do negócio da empresa, identificando forças e fraquezas; disponibilização do acesso às informações de forma padronizada e confiável; e eliminação de uma série de planilhas

A evolução do BI Considera-se o big data – conjunto de soluções tecnológicas capazes de lidar com dados digitais em volume, variedade e grande velocidade e em tempo real – uma evolução das soluções de BI. Isso porque ele é capaz

de considerar dados chamados de não estruturados, como mensagens de mídias sociais e vídeos, que podem ser interpretados automaticamente. Para o diretor nacional adjunto de comunicação da Federação das Associações das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação (Assespro Nacional), Hugo Dittrich, integrar análises avançadas de big data com sistemas de BI é um passo importante para obter o retorno sobre o investimento. “Enquanto o data analytics oferece a perspectiva mais profunda e exploratória sobre os dados, os sistemas de BI fornecem uma experiência de usuário mais estruturada e são ricos no que diz respeito a relatórios, métricas de gerenciamento e de desempenho, o que pode ser vital para fazer análises avançadas”, considera Dittrich. 7 898357 410015

Fotos: Divulgação

José Luis Spagnuolo, da IBM Brasil Com a ferramenta, é possível identificar hábitos de consumo dos clientes

Excel, que muitas vezes apresentavam dados conflitantes. Com o maior conhecimento da operação proporcionado pela tecnologia, a TeleCheque conseguiu, por exemplo, gerar novas regras que foram incorporadas ao software de autorização de crédito. “Além disso, identificamos os clientes não rentáveis, os principais motivos de cancelamento de clientes e as contas mais dispendiosas, permitindo gerar projetos pontuais de redução de custos administrativos e operacionais”, conta Alfieri. Ele salienta ainda que, a partir da ferramenta de BI, foi possível transformar dados em conhecimento para tomada de decisões. Recentemente, outra empresa que resolveu investir em BI foi a Copagril, tradicional cooperativa de grãos do oeste do Paraná. Paralelo a isso, a empresa decidiu implementar um software de gestão empresarial (ERP). O funcionamento dos sistemas na empresa está previsto para 2014. “Buscamos mais eficiência e competitividade. Para conseguir isso, precisamos de indicadores em tempo real que nos permitam tomar decisões rapidamente. Confiamos que tanto o ERP quanto o BI vão contribuir para que nossa gestão torne-se ainda mais estratégica”, projeta o presidente da Copagril, Ricardo Silvio Chapla.

Walter Alfieri, da TeleCheque BI ajudou a conhecer as forças e as fraquezas da empresa [ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2013 35


[

PERFIL

[EMPREENDEDORISMO

Foto: Thinkstock

Uma das maiores camisarias do Brasil costura seu sucesso apostando na qualidade dos produtos e na valorização dos funcionários

Por Francine Mendonça Em 1957, seu Duda Hess, dono de um armazém de secos e molhados na cidade de Luiz Alves (SC), veio a São Paulo fazer compras para sua loja, como era de costume. Naquela ocasião, ele decidiu aproveitar um desconto oferecido pelo vendedor e adquiriu uma quantidade de seda bem maior do que a habitual. Sua esposa, dona Adelina, que cuidava da parte de tecidos e armarinhos da loja,

Alcance A empresa possui mais de 80 lojas e também vende seus produtos no varejo multimarcas 36 out/nov/dez 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

ficou surpresa com o exagero do marido. Preocupada em ficar com produto encalhado, ela teve a ideia de transformar toda aquela seda em camisas masculinas para vender. Para realizar o serviço, Adelina chamou duas costureiras, que trabalhavam em um dos quartos da casa. À noite, as máquinas tinham de ser retiradas para colocar as camas da família, que contava com 16 filhos. Nascia naquele momento uma das camisarias de maior destaque do País, a Dudalina – batizada com a junção do nome do casal. Em 1965, os Hess compraram duas lojas em Balneário Camboriú (SC) e resolveram se dividir – em um estabelecimento trabalhavam o pai e os filhos e, no outro, a mãe e as meninas. Era uma espécie de competição para ver quem vendia mais. A sexta filha, Sônia Hess de Souza, almoçava rapidamente nos provadores para ganhar tempo e, assim, vender bastante. Sua trajetória sempre foi de trabalho árduo. Depois de atuar durante seis anos em outras empresas, em 1984,

ela voltou para a Dudalina e assumiu a área comercial, abrindo novas frentes de negócios em São Paulo. Em 2003, foi eleita para a presidência, anteriormente ocupada pelos irmãos Armando Hess de Souza e Anselmo José. Hoje ela é uma executiva de destaque no meio empresarial, reconhecida com vários prêmios e considerada a sexta mulher mais poderosa do Brasil, segundo a revista Forbes. Atualmente, Sônia comanda os negócios ao lado de um irmão, que ocupa uma diretoria, e três executivos do mercado. Revisitando a história da Dudalina, é possível verificar que ela não se tornou uma das principais companhias em seu segmento por acaso. A empresa investe em design original e tecnologia têxtil com tecidos de alta qualidade e desempenho (como algodão puro e egípcio), padronagens diferenciadas e acabamento caprichado. A companhia, que começou com camisas masculinas, com o passar do tempo criou quatro marcas com diferentes estilos de produtos. A Base, por exemplo, é voltada para o público jovem, com


Sônia Hess, presidente da Dudalina Sexta mulher mais poderosa do Brasil promove gestão com foco em pessoas

Fotos: Divulgação

peças despojadas e contemporâneas, como bermudas, calças e camisas. Já a Individual, lançada em 1987, tem como foco camisas para homens, produzidas com tecidos cuja tecnologia minimiza o amarrotamento da peça, além de jeans e produtos de malharia. Lançada há 14 anos, a marca Dudalina oferece camisas masculinas para um público com perfil clássico e, atualmente, também comercializa calças, paletós e gravatas. A mais recente aposta é a Dudalina Feminina, dedicada à produção de camisa social para mulheres – e que já representa 30% da produção. A qualidade dos tecidos utilizados e o acabamento dispensam o ferro de passar, tornando as peças ideais para uso prolongado ou viagens. O principal canal de vendas é o varejo de moda multimarca. Mas, em 2010, ano de criação da marca feminina, a empresa

Expansão Companhia com sede em Blumenau deve faturar R$ 502 milhões em 2013

inaugurou sua primeira loja-conceito em São Paulo (SP) com o objetivo de destacar suas quatro marcas e estar mais perto do consumidor final. A partir dessa experiência, em 2011, abriu as primeiras unidades da Dudalina Feminina. Atualmente já são mais de 50 lojas, entre próprias e franquias. A companhia se mantém fiel às raízes e tem várias unidades no Estado de Santa Catarina. Em Blumenau funciona o escritório administrativo. As fábricas estão nas cidades de Luis Alves, Presidente Getúlio e Benedito Novo – nesta última está instalada a mais nova indústria, adquirida no ano passado, para produzir camisas femininas. Em Terra Boa (PR) ainda há mais uma unidade fabril. Costurando o sucesso Nesses 56 anos de atuação, o balanço é positivo. Já foram produzidas mais de 55 milhões de peças nas cinco fábricas da companhia. O faturamento deve subir de R$ 416 milhões, no ano passado, para R$ 502 milhões, em 2013, de acordo com as projeções da empresa. A expectativa é que a produção aumente de 4 milhões peças para 4,5 milhões no período. Até o final deste ano, os produtos da Dudalina serão vendidos em 86 lojas – entre próprias e franquias, segundo informações fornecidas pela empresa. A expansão vai além das fronteiras nacionais. Em 2012, a empresa abriu loja e showroom em Milão, na Itália. Franquias em Verona, no mesmo país, Frankfurt, na Alemanha, e Viena, na Áustria, estão em negociação. Com tantas iniciativas, a expectativa é faturar R$ 1 bilhão até 2016. Atualmente a empresa possui 2,8 mil colaboradores, sendo 75% desse total formado por mulheres. Aliás, uma característica da Dudalina, e marca da liderança de Sônia, é a gestão focada em pessoas, promovendo a geração de empregos e o compartilhamento dos resultados. Várias iniciativas são realizadas para promover o desenvolvimento e o bem-estar dos

funcionários, como, por exemplo, apoio financeiro para os estudos, programa de orientação para as gestantes, treinamentos, ginástica laboral, comemorações diversas, programa de desenvolvimento de lideranças, etc. A empresa também não deixa de lado a responsabilidade social corporativa. O Projeto Geração de Renda, por exemplo, foi inspirado na fundadora, Dona Adelina, que aproveitava as sobras de tecidos. Em conjunto com o Instituto Sócio Ambiental Adelina Clara Hess de Souza, a empresa doa kits de retalhos para confecção de peças de patchwork e ainda promove a capacitação técnica de pessoas, com o objetivo final de gerar renda para elas. O projeto propicia a criação da chamada sacola social, para substituir sacolas plásticas, que a Dudalina compra e usa em ações promocionais. De 2007 a 2012, foram doadas 53 toneladas de retalhos que seriam jogadas no lixo. A iniciativa foi reconhecida até pela Organização das Nações Unidas (ONU). A companhia também é signatária do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo e do Pacto Global da ONU, que mobiliza as empresas na busca de valores nas áreas de direitos humanos, relações de trabalho, meio ambiente e combate à corrupção. A empresa ainda apoia outras iniciativas na área social e ambiental. Compartilhar os valores e os resultados junto à equipe é a maior realização de Sônia, que entra antes das 7h e sai depois das 20h na empresa. A rotina é corrida, já que ela participa de muitos eventos e exerce funções em várias entidades. Ela parece multiplicar seu tempo, participando do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social do governo federal, do Conselho Curador da Fundação Dom Cabral, do conselho da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT), da presidência do Grupo de Mulheres Líderes Empresariais (Lidem), entre outros. Se depender de sua capacidade multitarefas, a Dudalina irá ainda mais longe. 7 8 9 835 7 4 10015


[

RECURSOS HUMANOS

[MOTIVAÇÃO

Adeus ano velho, feliz ano novo

Fotos/Imagens:Thinkstock//Divulgação

Especialistas dão dicas de como se planejar para comemorar o fechamento de mais um período e empresas mostram o que fazem na prática para recompensar seus funcionários

Por Patricia Lucena Com a chegada do final de ano, o clima de festas está em toda a parte, inclusive no ambiente corporativo. Normalmente, as empresas têm muito a comemorar – o aumento das vendas, as estratégias que deram certo ou, simplesmente, o fato de continuarem no mercado, já que atualmente muitas são as razões pelas quais as organizações fecham suas portas. Esse é o momento que as companhias começam a fazer um balanço do seu desempenho, dos resultados atingidos e a dimensionar as metas para o próximo ano. Segundo o diretor de educação da Associação Brasileira de Recursos 38 out/nov/dez 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Humanos (ABRH), Luiz Edmundo Rosa, é fundamental que toda empresa entenda que, atualmente, as pessoas têm muito mais empregabilidade do que no passado. Isso faz toda a diferença na hora de elencar as razões para ficar ou não em um emprego. Portanto, é essencial agradecer aos colaboradores pelo esforço durante o ano, mesmo que os resultados não tenham sido positivos. Mas, na hora de reconhecer os funcionários, a maioria das empresas enfrenta certa dificuldade para escolher uma atividade ou prêmio que agrade a todos. Festas, almoços, sorteios de brindes, cestas de alimentação,


bônus, premiações... as opções para comemorar o fechamento do ano são as mais diversas e dependem da criatividade e do orçamento. Algumas companhias optam por festas grandiosas em casas de espetáculos e com grupos musicais famosos para animar os funcionários, familiares e até clientes. No entanto, é importante destacar que não adianta promover eventos desse porte se a comunicação interna e os relacionamentos interpessoais não vão bem. “Geralmente, os funcionários colocam a remuneração em terceiro ou quarto lugar como motivação para permanecerem em determinada empresa. O que vem em primeiro lugar é o reconhecimento”, afirma Rosa. Na Credilink, empresa de proteção ao crédito, por exemplo, após alguns anos promovendo almoços, churrascos e jantares de confraternização, a diretoria chegou à conclusão de que esse tipo de evento não agradava a todos. “Como funcionamos 24 horas, sempre acontecia de alguns funcionários do call center não participarem, porque os horários eram diferentes. Passamos, então, a fazer comemorações internas, mas muitos colaboradores iam embora”, conta o CEO da Credilink, Mauro Melo. A partir dessa situação, a empresa decidiu reunir um grupo de funcionários e perguntar o que queriam. “Eles

sugeriram que a empresa dobrasse o valor do vale-alimentação para comprar a ceia de Natal. Adotamos essa ideia há dois anos”, afirma o executivo. “Foi uma ótima opção, pois os funcionários ficaram satisfeitos. Nós ouvimos o que eles queriam.”

A combinação certeira para celebrar o final de ano junto aos funcionários é promover um evento de confraternização e oferecer uma cesta de alimentos ou um brinde

Uniforme Laboratório Sabin promove festas temáticas e distribui camisetas para todos usarem, inclusive as fundadoras Janete Vaz e Sandra Costa

Já no Laboratório Sabin são realizadas diversas comemorações para agradecer os funcionários pelo desempenho durante o ano. A empresa promove uma festa, na qual todos ganham uma camiseta. “Dessa forma, evitamos aquele problema de os funcionários não terem uma roupa adequada para ir ao evento”, conta a superintendente de recursos humanos do laboratório, Marly Vidal. Com isso, a companhia consegue também quebrar as barreiras que existem entre as hierarquias, já que, desde os executivos até o pessoal operacional, todos estão vestidos da mesma maneira. Além disso, o laboratório faz algumas premiações: elege os dez melhores profissionais do ano de toda a empresa, as unidades e os colaboradores que se destacaram em cada área. “Fazemos uma eleição em novembro, na qual colocamos alguns requisitos e competências que são importantes para classificar os profissionais. Os próprios funcionários votam”, afirma Marly. Outra ação promovida é oferecer um vale-alimentação para as compras da ceia natalina. A Ticket realiza um conjunto de ações para engajar e reconhecer seus funcionários: vale-alimentação de Natal, bazar solidário, coral formado pelos colaboradores, doação de presentes a instituições de crianças e idosos carentes, almoço especial natalino no restaurante da empresa, mensagem do diretorgeral agradecendo a todos, expediente reduzido

[ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2013 39


[

[

RECURSOS hUMANOS

nos dias 24 e 31 de dezembro, e a tão esperada festa de final de ano. “Temos uma gestão focada em pessoas. Por isso, essas ações têm o objetivo de fazer com que o colaborador se sinta reconhecido, envolvido e perceba que a empresa contribui para que ele se sinta mais feliz”, destaca a diretora de recursos humanos, Edna Bedani. Planejamento Contudo, se não forem bem planejadas, as comemorações de final de ano podem se tornar um desastre tanto para o caixa da companhia quanto para a satisfação dos funcionários. Segundo a gerente de recursos humanos da consultoria Hays, Juliana Alves, o orçamento destinado a esses eventos deve ser previsto com antecedência pela área de recursos humanos.

Isso é importante, porque, se a empresa realiza uma grande comemoração em um ano e no seguinte não faz nada por falta de dinheiro, os funcionários sentem um impacto negativo que influencia diretamente o ambiente da companhia. “Vivemos em um cenário econômico que oscila muito, e, por isso, o planejamento orçamentário deve prever as várias situações que podem acontecer. Mesmo se os resultados não forem bons, é importante não deixar o fechamento do ano passar em branco”, diz Juliana. A Ticket, por exemplo, se organiza para essas comemorações com um ano de antecedência. “Em setembro já fechamos o orçamento de 2014. Claro que podemos mudar algumas ações ao longo do ano, mas elas não podem extrapolar o valor que já está orçado”, conta Edna.

Juliana Alves, da Hays As opções de celebrações devem estar vinculadas ao orçamento disponível

Dicas de etiqueta na festa de final de ano

Empresa - O mais aconselhável é que a festa seja realizada em um dia útil, evitando que os funcionários se excedam

Funcionários

- Se for durante a semana, a presença de

- Relaxar não significa exagerar. Lembre que

familiares é dispensável. Caso a festa aconteça

aquele ambiente ainda é empresarial

no final de semana, é importante incluir um

- As relações devem ser respeitadas apesar do

acompanhante para não tornar o evento uma

clima informal

obrigação

- Evite o excesso de intimidade com os colegas

- O evento deve ter hora para começar e acabar

- Tenha moderação no que diz respeito à bebida,

- Não ofereça bebida alcoólica antes de as

à dança, ao comportamento, às roupas e à maneira

pessoas comerem

de falar

40 out/nov/dez 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]


Fotos: Divulgação

Escolha dos funcionários Colaboradores da Credilink sugeriram que os eventos de final de ano fossem substituídos por vale-alimentação com valor dobrado O diretor da ABRH destaca que uma boa alternativa é montar uma pequena comissão interna, formada por funcionários, e deixá-los pensar em ações que possam ser feitas dentro do que a organização pode gastar. No Laboratório Sabin, quem cuida disso é o setor de recursos humanos, cuidando para não extrapolar o orçamento da área. “Em parceria com o departamento de marketing, criamos um tema para a festa que esteja vinculado à estratégia da empresa naquele ano”, afirma Marly. Ela conta que, em 2010, por exemplo, o laboratório promoveu a chamada Festa da Expansão. Para isso, criou uma camiseta na qual estava

escrito “Feliz Natal” e, embaixo, o nome dos Estados brasileiros onde estava presente na cor vermelha e os demais, em cinza. Alguns dias antes da festa, ao distribuir as camisetas, a empresa solicitou que os funcionários indicassem quais os lugares que tinham interesse de trabalhar. A partir disso, criou um banco de dados que é consultado quando a organização abre uma nova unidade, a fim de oferecer novas oportunidades de trabalho aos colaboradores. Combinação certa No momento de pensar no tipo de celebração de fim de ano, uma ação

nunca exclui a outra – festas, sorteios de brindes, vale-alimentação, premiações, etc. “Se a empresa decidir dar uma bonificação, o colaborador vai continuar esperando a festa, e vice-versa”, afirma Juliana Alves, da Hays. Por isso, o ideal é pensar em um “pacote” composto por um evento de confraternização, uma cesta de alimentos ou um brinde. “Essa pode ser uma combinação certeira. E, se o orçamento naquele ano for limitado, a empresa pode pensar em alternativas, como uma cesta ou um presente menor. Assim, ela consegue garantir a satisfação do colaborador sem excluir nada.” O sorteio de brindes também é muito bem visto pelos funcionários. “Mas é importante destacar que não adianta sortear cem bobagens. É melhor oferecer dez itens com mais qualidade, como viagens, televisões e jantares”, orienta Luiz Rosa, da ABRH. Se a empresa decidir por oferecer bonificação aos funcionários, é fundamental que fique claro que o valor está relacionado ao resultado positivo da companhia naquele período e não “vender” isso como um benefício certo. 7 898357 410015

Escolha a comemoração mais adequada para a sua empresa - Cestas de alimentos ou vale-alimentação com valor maior do que já é oferecido regularmente - Premiação para os funcionários que se destacaram ao longo do ano - Brinde simbólico para todos os colaboradores - Bônus, desde que fique claro que o valor está vinculado ao resultado positivo da empresa e individual - Almoço especial - Sorteios de viagens, aparelhos eletrônicos ou jantares - Festa

[ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2013 41


[

SUSTENTABILIDADE

[ARQUITETURA

Foto/Imagens:Nelson Kon /Thinkstock

Obra sustentável

Confira as vantagens e os principais passos para adoção do conceito de construção verde, que pode ser aplicado em empresas de todos os portes Por Kathlen Ramos Desenvolvidas com materiais ecológicos, reciclados ou regionais, com geração de energia solar e recursos para economia e reúso de água. Tudo isso sem renunciar às demandas da empresa e de seus colaboradores. É nesse contexto que surgem as construções sustentáveis ou edificações verdes (green building), que crescem em todo mundo e ganham bastante força no Brasil. De acordo com a pesquisa divulgada neste ano pela McGraw Hill no País, em 2009, 37% das 42 out/nov/dez 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

empresas não tinham nenhum envolvimento com construções sustentáveis. Em 2012, esse número caiu para 10%, e, em 2015, estima-se que todas já possuam algum tipo de projeto de edificação verde. Em 2009, também constatou-se que apenas 10% das companhias tinham mais da metade de suas construções com apelo sustentável, percentual que subiu para 24%, em 2012, e deve atingir 50%, em 2015. Os dados citados pelo gerente de investimentos da empresa que comercializa imóveis comerciais

BR Properties, Rogério Cardoso, mostram o maior grau de adesão das empresas às construções sustentáveis. A força desse conceito também se comprova pelo boom do mercado de materiais de construção ecológicos. Segundo estudo da consultoria Navigant Research, divulgada pela revista Exame, o mercado mundial desse tipo de produto deve crescer dos atuais US$ 116 bilhões para mais de US$ 254 bilhões em 2020, o que representaria uma alta de 120%. “Acreditamos que os


empreendimentos sustentáveis garantem custos operacionais menores, maior durabilidade e mínimo impacto gerado no meio ambiente”, afirma Cardoso, reforçando que a estratégia da BR Properties é cada vez mais trabalhar com edifícios que seguem o conceito sustentável. Os benefícios das construções verdes para empresas, de quaisquer portes, são relevantes. Além de reduzirem significativamente os impactos ambientais – o que é extremamente favorável para a imagem da companhia – elas também são capazes de trazer ganhos operacionais importantes. “Em média, se reduz 30% de energia, 65% da geração de resíduos e 40% do consumo de água. Além disso, há ganhos na qualidade do ar interno, conforto térmico e acústico”, afirma Felipe Farias, diretor internacional do Green Building Council (GBC), organização não governamental que visa fomentar a indústria de construção sustentável por meio de sua atuação junto ao governo e à sociedade civil. Outra vantagem é a valorização desses imóveis no mercado. “Em 2012, uma pesquisa do World Green Building Council, órgão que une as GBCs nacionais ao redor do mundo, apontou para benefícios como a valorização por metro quadrado, o aumento da velocidade de ocupação e da retenção, resultando em grande diminuição do risco do investimento nessas edificações”, acrescenta Farias. Embora alguns empresários tenham receio dos

UMA CONSTRUÇÃO VERDE REDUZ...

65% da geração de resíduos 40% do consumo de água 30% de energia

custos elevados de um prédio verde, especialistas apontam que os gastos não são muito diferentes de um empreendimento comum. “Hoje, o custo de uma edificação sustentável varia de 1% a 7% a mais que uma construção convencional”, constata o coordenador executivo do Processo AQUA (Alta Qualidade Ambiental), Manuel Carlos Reis Martins. CERTIFICAÇÕES Hoje, o mercado fornece alguns selos que servem como parâmetro para atestar se uma construção, de fato, possui características sustentáveis e colaborativas com o meio ambiente. Dentre as principais certificações está o Leadership in Energy and Environmental Design (LEED), criado pelo GBC. Trata-se de um sistema internacional de certificação e orientação ambiental para edificações, utilizado em 143 países, cujo intuito é incentivar a transformação do projeto e da obra com benefícios baseados no tripé da sustentabilidade (ambiental, econômico e social). Segundo Farias, atualmente o Brasil é o quarto país no mundo com o maior número dessa certificação. O LEED determina, por exemplo, o uso racional dos recursos naturais, a utilização de materiais e tecnologias de baixo impacto ambiental, a redução do consumo de água e energia, o reúso de resíduos da construção, entre outros. A certificação possui sete dimensões a serem avaliadas – todas elas com pré-requisitos (práticas obrigatórias) e recomendações que garantem pontos à edificação. São quatro níveis de certificação (Certificado, Prata, Ouro e Platina), definidos conforme a pontuação. Outra certificação, desenvolvida pela Fundação Vanzolini, no Brasil, é o Processo AQUA, que já foi obtida por 149 edificações no País. “Ela se baseia em 14 objetivos de desempenho que devem ser atingidos nos níveis bom, superior ou excelente, ultrapassando as exigências que correspondem à regulamentação vigente ou prática corrente”, descreve Martins. A ideia é que as soluções arquitetônicas e técnicas para atender aos critérios do AQUA – como, por exemplo, menor consumo de água e energia, redução da emissão dos gases estufa, diminuição da produção de resíduos, gestão de riscos naturais, etc. – gerem melhores resultados ambientais e economia. Essa certificação é concedida por meio de rigoroso processo

[ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2013 43


[

[

SUSTENTABILIDADE

de auditorias presenciais em três fases estratégicas do empreendimento:planejamento, projeto e construção.

compensadas com créditos de carbono –, torneiras com fechamento automático e dispositivos que controlam a vazão de água e equipamentos certificados pelo selo Energy Star (que indica que o produto consome menos energia do que outros da mesma categoria). O Rochaverá também possui certificação LEED, pois atende a rígidos critérios como consumo reduzido de energia e diminuição do uso de recursos ambientais não renováveis. No complexo empresarial, formado por quatro prédios, as companhias podem contar, dentre outros benefícios, com vagas para bicicletas e vestiários, vagas preferenciais para veículos com baixa emissão de poluentes, 100% de redução do efeito de ilha de calor por meio da implantação de estacionamentos no subsolo, além de cobertura vegetal e uso de tinta com altos índices de refletância. Outra empresa que se tornou exemplo em sustentabilidade é a C&A, que reinaugurou sua Loja Eco, em Porto Alegre (RS). A unidade, a primeira do varejo de moda do Brasil a

Fotos: Divulgação

SAINDO DO PAPEL Pelo Brasil, já vemos diversos exemplos de empresas que aderiram, com sucesso, ao conceito das construções sustentáveis. É o caso da Boehringer Ingelheim, uma das 20 principais empresas farmacêuticas do mundo. Coerente com esse conceito, o escritório do grupo em São Paulo (SP) está instalado no edifício Rochaverá, complexo empresarial que hoje é considerado referência em construção sustentável. As mesmas diretrizes do edifício foram seguidas no escritório, que se tornou o primeiro da indústria farmacêutica a receber a classificação LEED Ouro no País. O piso, que simula madeira, é feito a partir de PET reciclado. As divisórias de vidro economizam energia de refrigeração. Já os jardins internos são decorados com lírios que “sequestram” CO2 e resfriam o ambiente, muito importante para a redução do uso do ar-condicionado – que representa de 60% a 70% do consumo de energia de um escritório. A empresa também adotou carpete importado feito a partir de materiais reciclados – que chegou ao Brasil de navio e teve as emissões do transporte

Investimento Na construção de sua sede, a Reis Office utilizou materiais ecologicamente corretos 44 out/nov/dez 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Engajamento Loja ecológica da C&A, em Porto Alegre, tem telhado verde receber o selo LEED, possui telhado verde que ocupa cerca de 50% da cobertura da unidade e passou por uma revitalização que durou cerca de seis meses. Árvores frutíferas, nativas da região Sul, e trepadeiras integram a paisagem. Ao mesmo tempo em que a vegetação do telhado reduz o efeito de ilha de calor e promove a biodiversidade, ela colabora na absorção da água da chuva, melhora o isolamento térmico do edifício e, consequentemente, diminui o uso do ar-condicionado. De acordo com o diretor de operações da C&A, Élio França, a visão dos clientes em relação a esse tipo de investimento é positiva. “O consumidor enxerga uma Loja Eco como prova do engajamento real da empresa”, afirma. Companhias de médio porte também já começaram a desenvolver projetos capazes de reduzir impactos no meio ambiente. É o caso da Reis Office, desenvolvedora de soluções para impressão, digitalização, transmissão e armazenamento de documentos. Em sua sede, localizada em Guarulhos (SP), foram empregados materiais ecologicamente corretos, como revestimentos cerâmicos de cores claras, drywall e lâmpadas econômicas. Além disso, telhas brancas com isolamento térmico fazem a cobertura do edifício, refletem os raios solares e diminuem a temperatura interna, gerando economia de energia com o menor uso do ar-condicionado.


O prédio possui, ainda, sistemas de captação de energia solar para aquecimento de água que é usada na copa, cozinha e vestiários. A irrigação de plantas e a lavagem do edifício são feitas com sistema de reúso da água de chuva. Os sanitários, por sua vez, contam com válvulas de descarga com duplo acionamento. Esse dispositivo gera até 60% de economia em água e, consequentemente, em tra-

Escolha certa Complexo empresarial Rochaverá possui vagas preferenciais para veículos com baixa emissão de poluentes e bicicletas

tamento de esgoto. As torneiras com fechamento automático também evitam até 70% do desperdício. “Tomamos a iniciativa de construir o prédio dentro do conceito de preservação de recursos naturais e também como forma de divulgar este tipo de construção. O investimento é um pouco mais alto, porém, a longo prazo, há compensações financeiras e pessoais”, afirma o

fundador e presidente da Reis Office, José Martinho Reis. O retorno do investimento deve ser recuperado num prazo de oito anos, e a empresa atingiu 25% de economia total com as ações implementadas. “Apostar em uma construção sustentável é uma maneira de mostrar aos funcionários, fornecedores e clientes que a empresa colabora com a natureza e ainda criar ambientes agradáveis”, afirma Reis. 7 898357 410015

MÃOS À OBRA

SAIBA COMO DEIXAR AS EDIFICAÇÕES DA SUA EMPRESA EM SINTONIA COM O MEIO AMBIENTE

1) Maximize a iluminação e ventilação natural 2) Valorize espaços abertos 3) Evite o efeito de ilha de calor com a aplicação de telhado verde ou frio 4) Se a fachada for de vidro, priorize aqueles que permitem a entrada da iluminação e barram o calor, ou utilize películas especiais 5) Internamente, invista em luminárias e sistema de ar-condicionado de alta eficiência, sensores de presença, monitoramento de sistemas, elevadores inteligentes, captação de água de chuva para reúso, sistemas de tratamento e reúso de águas, painéis solares para aquecimento de água de chuveiro e produção de energia renovável 6) Com foco em saúde, use tintas, vernizes e selantes com baixo teor de compostos orgânicos voláteis 7) Em relação a materiais, priorize fornecedores locais, materiais reciclados e biodegradáveis, além de madeira certificada. E não se esqueça de colocar em prática um planejamento eficiente de separação, reciclagem, reúso e correta destinação dos resíduos da construção e operação

Fonte: Felipe Farias/Green Building Council

[ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2013 45

Foto: Paulo Pepe

Foto: Divulgação

Sustentável Escritório da Boehringer, em São Paulo, foi construído com materiais reciclados


[

GESTÃO

[CONTÁBIL

Fotos/Imagens: Thinkstock

Planejamento

impostos Conheça quais os e d a sua empresa terá are-se rep pagar em 2014 e p ara eles financeiramente p

Por Juliana de Mello Para abrir uma empresa ou geri-la de maneira sustentável, é preciso pensar nas despesas e no retorno sobre o investimento provenientes dessa empreitada. A conta não é simples e vai muito além de subtrair o pagamento dos funcionários e fornecedores, o custo da manutenção de equipamentos e a compra de novos materiais do lucro mensal. É preciso pensar também no fisco para não ser pego de surpresa pela fera dos tributos. Pensando nisso, a reportagem da Brasil em Código reuniu os principais impostos que as companhias terão de pagar em 2014 (ver quadro) e perguntou para especialistas de que maneira os empresários devem se organizar para arcar com essas despesas. “As empresas, em geral, estão submetidas a um grande número de impostos, taxas e contribuições que podem inibir o investimento e a expansão. Como agravante, ainda existe grande burocracia para o pagamento”, ressalta o economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Marcel Solimeo. Para reduzir o custo da burocracia e das contribuições, existem legislações especiais simplificadas para organizações de menor porte. A Lei Geral da Micro e da Pequena Empresa que implementou o Simples, modelo de tributação de fácil aplicação e carga de impostos reduzida – define como microempresa 46 out/nov/dez 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

aquela com faturamento de até R$ 360 mil por ano e, como pequena, aquela com receita bruta a partir desse valor até R$ 3,6 milhões. É considerado como microempreendedor individual o profissional autônomo que fatura até R$ 60 mil por ano. “Mesmo com uma tributação menor, as micro e pequenas empresas precisam administrar corretamente as finanças para quitar os tributos em dia, pois poderão ter dificuldades se deixarem acumular os encargos”, diz Solimeo. Prepare o bolso Companhias de todos os tamanhos e setores precisam ter controle para demonstrar ao fisco o faturamento, mas, principalmente, para gerir com eficiência o negócio. Administrar o capital de giro, atender aos compromissos com fornecedores e funcionários e pagar os impostos são quesitos fundamentais para sua sobrevivência no mercado. “As empresas podem preparar as finanças identificando a carga média de impostos pagos, bem como relacioná-los com a receita. É importante prever recursos para o pagamento dos impostos e projetá-los nas necessidades de capital de giro”, explica Nelson Beltrame, sócio-diretor da consultoria


Data Custos e professor do MBA da Fundação Instituto de Administração (FIA) e da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi). Segundo ele, é fácil saber quanto a companhia irá gastar com impostos. Basta, para isso, comparar o montante que paga mensalmente com o respectivo faturamento. Por exemplo: se hoje a empresa fatura R$ 100 mil por mês e 10% dessa quantia vai para o pagamento de impostos, significa que ela destina R$ 10 mil para os cofres públicos. Se, no ano que vem, a companhia tem a expectativa de alcançar uma receita bruta de R$ 150 mil

mensalmente, ela deve desembolsar R$ 15 mil com os impostos. Dessa maneira, o empresário pode ter uma projeção do que efetivamente pagará de tributos em 2014. De acordo com os especialistas consultados, a expectativa é de que não haja aumento na carga tributária no próximo ano. Pelo contrário, a incidência de encargos tende a ser relativamente menor do que a de 2013 devido à desoneração concedida pelo governo em várias áreas da economia. Todavia, alerta Solimeo, é preciso ficar atento, pois o governo continua a aumentar seus gastos e sobra para empresas e cidadãos pagarem por

isso. E o que o fisco recebe não é pouco. De janeiro a julho deste ano, o brasileiro pagou R$ 900 bilhões em tributos. O dado é do Impostômetro, ferramenta da ACSP gerenciada pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), que aponta o valor total de impostos pagos a União, Estados e municípios. De acordo com o economista e professor do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), Eduardo Giannetti da Fonseca, cerca de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) no Brasil vai para os cofres públicos. Em 2014, a calculadora será a principal aliada do pagamento dos tributos. Faça as contas e programe-se. 7 898357 410015

Principais encargos Confira as tarifas que sua empresa terá de pagar mensalmente ao fisco em 2014 Micro e pequenas empresas Enquadradas na Lei Geral da Micro e da Pequena Empresa, pagam de forma simplificada em uma única guia o Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), o Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins). No caso da indústria, acrescenta-se o Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) e o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) – que representa um total de 4,5% a 12,11%, porcentagem que varia em função do faturamento. Além dos primeiros impostos citados, o comércio também precisa arcar com o ICMS, variando entre 4% e 11,61%. No caso de prestação de serviços, as companhias pagam ainda o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS), sendo que a tributação total varia de 6% a 17,42%. Todos esses empreendimentos estão sujeitos ao Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), ao recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) de seus funcionários e ao Imposto de Importação (II), no caso de compras do exterior. As empresas, em geral, devem pagar ainda o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), que, apesar de ser um encargo anual, pode ser parcelado em 12 vezes e pago todo mês. Companhias médias Elas não têm tratamento diferenciado e se sujeitam à mesma burocracia e tributação que as grandes, embora não tenham, em geral, a estrutura necessária para atender a todas as exigências burocráticas e a elevada carga tributária, segundo Marcelo Solimeo, da ACSP. Essas empresas pagam a contribuição patronal para o INSS; a CSLL, o IRPJ; o PIS, a Cofins; o IPI, no caso da indústria, o ICMS, no comércio, e o ISS, no segmento de serviços. Todas estão sujeitas ainda ao IOF, ao FGTS e ao Imposto de Importação quando operam com produtos importados. Dependendo do setor, o total desses tributos pode representar de 30% a 40% do faturamento ou até mais, no caso de itens considerados supérfluos. [ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2013 47


[

LOGÍSTICA

[E-COMMERCE

Do outro lado da tela

Por Patricia Lucena As lojas virtuais vivem uma situação desafiadora quando o assunto é logística. Para ter uma operação eficiente, o ideal seria implementar mecanismos que garantissem a entrega dos produtos ao destino final em um curto espaço de tempo e com custos reduzidos. “Porém, nos últimos anos, a rentabilidade do e-commerce está cada vez mais espremida por duas pontas: os custos de mídia, que têm subido mês a mês, e a operação, na qual o valor do frete acompanha a alta do dólar e do preço dos combustíveis”, afirma o presidente da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABCOMM), Mauricio Salvador. Pelo fato de a logística ter alta relevância para a competitividade das lojas virtuais, a entidade, em parceria com a Brazil Panels e a E-commerce School, realizou a “Pesquisa sobre Logística no E-commerce Brasileiro 2013”, considerando três pontos principais: armazenagem, transporte e manuseio. O levantamento coletou 585 questionários on-line entre 10 e 20 de junho de 2013. Deste total, 225 foram considerados válidos (lojas virtuais 48 out/nov/dez 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

que comercializam bens de consumo, Em relação ao transporte, os fabricantes, lojas de bens digitais e de Correios possuem papel fundamental serviços foram desprezados do escopo na entrega de encomendas do codo estudo). Levando em conta um mércio eletrônico nacional – 93% das universo de 11 mil lojas virtuais no Brasil, companhias consultadas utilizam a margem de erro da pesquisa é de 6%. a empresa pública para entregar Segundo o estudo, 82% das lojas suas mercadorias, enquanto apenas on-line têm armazenagem própria e 13% usam frota própria. “O Brasil apenas 7% usam serviços terceirizados não oferece muitas alternativas de nessa área. Entre as vantagens da transporte além dos Correios, que armazenagem própria estão o baixo atendam a todos os municípios custo e o maior controle sobre a brasileiros. As transportadoras têm um operação. Já aquelas que possuem alcance geográfico limitado. Porém, armazenagem terceirizada conseguem as frequentes greves dos funcionários operar a partir de Estados que concedem benefícios fiscais. “Conforme as Participação das empresas crescem e atingem determinado volutransportadoras me de pedidos por dia, no negócio das elas começam a pensar na possibilidade de mudar sua lojas virtuais armazenagem para Estados onde consigam incentivos 15% Transportadora privada fiscais. Porém, muitas vezes, 81% Correios a redução do imposto não 4% Frota própria compensa a dificuldade em contratar pessoas qualificadas para realizar as atividades”, explica Salvador.

Foto/Imagens: Thinkstock

Pesquisa mostra que a falta de infraestrutura logística do País afeta a rentabilidade de lojas virtuais


Modalidades de transporte utilizadas

Distribuição dos custos logísticos

19% 10% courier

manuseio 26% aéreo

64% rodoviário

dos Correios e os aumentos anuais nas tabelas de preços tornam o serviço fragilizado”, opina Salvador. Algumas lojas virtuais, diz, já começaram a buscar alternativas, investindo em frota própria ou realizando estudos de tabela dos fretes junto às transportadoras privadas, considerando, inclusive, contratar fornecedores por região.

Uma mostra significativa das companhias entrevistadas (69%) oferece frete grátis. Tal oferta, segundo a ABCOMM, quando bem administrada, pode motivar as compras, sendo até mesmo um fator decisório para o cliente. Porém, quando feita sem planejamento, pode causar sérios estragos na rentabilidade da operação. “Hoje o frete representa de 5% a 7% do faturamento. Ou seja, a partir momento que a loja opta por pagar Principais problemas do isso, ela perde esse percentual em sua rentabilidade”, pondera Salvador. enfrentados nas Por isso, muitas lojas virtuais têm entregas desistido do frete grátis. Mas, por outro lado, a medida faz com que o número de pedidos diminua, já que o consumidor 61% atraso 27% extravio ainda tem diversas lojas que oferecem o desconto. De acordo com 66% dos 12% furtos e roubos entrevistados, oferecer frete grátis aumenta as vendas. Já 34% disseram que proporcionam esse benefício ao cliente porque a concorrência também faz. “Quando o frete representa menos de 3% do valor do pedido, a empresa pode De acordo com a pesquisa, o frete até usá-lo como estratégia de marketing. representa a maior parte dos custos na Mas se o valor for acima disso pode gerar operação logística (58%). Porém, nem prejuízo”, destaca Salvador. sempre são os lojistas que arcam com Outro fator apontado na pesquisa o valor – 55% das empresas repassam como gatilho para o aumento dos custos o preço do frete para os consumidores. são os problemas enfrentados durante

23%

armazenagem

58% frete a entrega. Extravios, atrasos e furtos são as principais queixas. “A malha do e-commerce é rodoviária. Por isso, estradas ruins fazem o custo aumentar, assim como a falta de segurança impacta no valor do frete e do seguro”, ressalta o executivo da ABCOMM. “A falta de investimentos em infraestrutura representa um aumento de custo de cerca de 30% no preço final da operação do e-commerce”, diz. O preço pago pela falta de infraestrutura afeta todos os setores da economia brasileira. Nesse sentido, segundo Salvador, é preciso que o governo olhe para esses problemas de forma responsável, quebrando os monopólios existentes, realizando leilões e privatizando portos e estradas. “Os empresários tentam amenizar a situação conforme o possível. Mas muitas coisas eles não podem fazer sozinhos. O governo precisa ser mais atuante nesse sentido.” 7 898357 410015

O frete grátis é oferecido para compras acima de qual valor? qualquer valor de R$ 40 a R$ 100 de R$ 101 a R$ 200 de R$ 201 a R$ 300 de R$ 301 a R$ 400 de R$ 401 a R$ 500 acima de R$ 400 Fontes: ABCOMM, Brazil Panels e E-commerce School

19% 27% 30% 10% 4% 5% 5% [ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2013 49


Imagens: Thinkstock

[

GESTÃO

[FRANQUIAS

Planejamento

segredos de sucesso A construção de uma marca bem-sucedida passa pela criação de um projeto inovador e pelo cuidado na relação entre franqueador e franqueado Por Camila Mendonça A história já é conhecida. Em 1977, nascia, em uma farmácia de manipulação de Curitiba (PR), o negócio de maior sucesso da indústria de beleza do Brasil – O Boticário. Os motivos não são difíceis de enxergar. Trata-se da maior franquia do País, com 3.520 unidades, e uma das mais respeitadas do mundo. Ao longo dos anos, foi protagonista em sua área de atuação, lançou tendências e continua inovando. Mas seguir seus passos não é tão simples. Ganhar destaque em uma área que cresce dois dígitos todos os anos e já fatura mais de R$ 103 bilhões, segundo dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF), requer alguns requisitos. No momento em que está, o segmento de franquias exige perfis de

investidores cada vez mais maduros. “Hoje, tanto franqueadores quanto franqueados estão mais preparados do que há cinco anos. O que não falta é informação”, diz o diretor da divisão de consultoria e expansão da Global Franchise, Wagner Almeida. O que atrai cada vez mais investidores é o fato de uma franquia oferecer riscos menores de negócios, afinal, ela já tem um modelo bem-sucedido, uma marca conhecida, um processo já estruturado e, por fim, uma cadeia de valor estabelecida, explica a sócia da Aurélio Luz Franchising & Varejo, Lênia Luz. As vantagens do sistema de franchising são atrativas, porém não dão a certeza de que uma marca

repetirá o sucesso de redes como O Boticário. Para chegar lá, é preciso lidar com pontos críticos inerentes ao negócio: a escolha do ponto comercial, o potencial de mercado, o perfil do franqueado, o acesso ao capital de giro, a assinatura do contrato e a escolha dos sócios. Segundo o diretor-geral da NetplaN Consultoria, Daniel Bernard, 99% das dificuldades se concentram nesses aspectos. Não existe receita de bolo para criar um negócio de sucesso – cada um tem a sua própria fórmula com base no DNA da marca. Apesar disso, há alguns fatores comuns à trajetória de todas as franquias de sucesso. A Brasil em Código ouviu consultores e reuniu os principais deles. Confira.


1.Paixão no DNA

2.Construção da marca

Quando Steve Beggs e mais alguns professores saíram de uma escola de idiomas na década de 1980, o Brasil passava por um dos piores momentos econômicos de sua história. Sucessivos planos econômicos, inflação incontrolável, chances zero de fazer planejamento a longo prazo. Mas, apesar do cenário desfavorável e sem capital suficiente, eles insistiram na ideia de abrir uma escola para ensinar diferentes línguas. Nascia naquele momento a Seven Idiomas. No primeiro ano, a escola recebeu apenas 30 alunos. No segundo, com o boca a boca, o número saltou para 150. Foi a partir daí que a empresa percebeu que tinha o domínio da região e decidiu abrir uma filial. A franquia veio mais tarde, nos anos 1990, de uma maneira inesperada. “Uma moça nos procurou dizendo que já tinha pintado um espaço com as cores da Seven e queria ser nossa franqueada”, relata Beggs. Com o auxílio de um advogado, eles fizeram o primeiro contrato de franquia e os outros surgiram naturalmente. Essa experiência ajudou os professores a lidar com questões inerentes a qualquer negócio, mas foi a paixão pelo ensino da língua que os fez persistir e a realizar uma expansão cautelosa. O medo, segundo Beggs, era de a qualidade do ensino cair e como controlar isso. Isso mostra que o cuidado e o amor pelo negócio são os primeiros ingredientes de uma marca de sucesso. “É preciso ser apaixonado pelo negócio, pelo dia a dia dele, e não apenas pelo produto”, afirma o presidente da consultoria da ba}Stockler, Luis Stockler.

Pense em perfumes e maquiagens: qual empresa vem à sua mente? Pense em hambúrguer. Não demora muito para algumas marcas pipocarem na nossa cabeça. Franquias de sucesso sabem que o branding é importante para conquistar mercado. Durante um ano, a MyGloss, que atua na área de bijuterias e acessórios, fez estudos para entender o que os consumidores queriam em relação a esses produtos. A empresa percebeu que o mercado estava carente de itens que seguissem tendências de moda a um custo razoável. “Isso definiu o posicionamento da nossa marca, que é traduzir as principais tendências internacionais de moda, fugindo da imitação de joias e criando acessórios diferenciados”, resume o franqueador da MyGloss, Rodrigo Stocco. A partir daí, o trabalho de construção da identidade da franquia começou. Como a marca nasceu na internet, o trabalho de branding envolveu as redes sociais, antes mesmo da abertura das lojas físicas. Hoje, a MyGloss possui 1,5 milhão de fãs no Facebook, onde divulga conteúdo que alcança cerca de 5 milhões de pessoas por semana. Isso ajudou a criar proximidade com as consumidoras, gerando fidelidade. A lição desse exemplo é que o franqueador deve ser capaz de lançar e posicionar adequadamente a marca em cada novo mercado que pretende atuar. “Além disso, ele tem de saber se tem capacidade de aplicar o DNA da franquia em cada unidade”, afirma Stockler. O franqueado, por sua vez, tem participação ativa no fortalecimento de uma marca, afinal o branding se estabelece na boa entrega do produto e do serviço ao consumidor final.

3. Estudo de mercado Antes de investir, é essencial entender como o sistema de franchising funciona: cria-se um modelo de negócio que pode ser replicável em qualquer lugar. Parece simples, mas não é. “Só é possível crescer se você oferecer produtos e serviços exclusivos”, afirma Marcos Hirai, diretor da Real Estate BG&H, consultoria do Grupo Gouvêa de Souza, especializada em varejo. Esse diferencial fará com que o franqueado tenha uma dependência estratégica do franqueador. Mas ter a clareza sobre o que fazer requer estudos de mercado e de demanda. O franqueador deve ser responsável por esse tipo de levantamento, além de entender todos os aspectos do negócio – administração, comercial, operacional e desenvolvimento de novas frentes. O franqueado não tem, e não precisa possuir, todas essas habilidades, porque ele recebe apoio do franqueador. Além disso, é preciso considerar que franquias de destaque foram negócios independentes de sucesso. Antes de entrar no sistema de franchising, a MegaMatte, por exemplo, já tinha 14 filiais. Segundo Almeida, o projeto de franqueamento levou dois anos, período em que foram feitos ajustes e investimentos com muito cuidado. Assim, em três anos, a marca montou cem unidades. [ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2013 51


as primeiras para amigos e familiares, pois eles já conhecem o dono e o perfil do negócio. Para os investidores que chegam à frente, o consultor recomenda oferecer condições especiais, como descontos no investimento inicial, nos royalties e no pagamento. “O sucesso das primeiras unidades tem reflexos diretos na expansão da rede”, ele diz.

4.Finanças sob controle

7.Sistema de suporte

Por mais simples que seja o serviço ou a fabricação de um produto, transformálo em um sistema de franquia requer dinheiro em caixa. É fundamental ter acesso ao crédito e capital de giro, além de acompanhar a gestão do caixa, de modo a estimar os custos e as margens de lucro. Segundo Hirai, é preciso paciência, porque os resultados financeiros aparecem para o franqueador apenas depois das 30 primeiras unidades. No começo, o desembolso é alto e os royalties, muitas 6.Relação vezes, não cobrem todas as despesas. franqueador-franqueado Além disso, o faturamento deve ser reinvestido na marca, pois, à medida que O diálogo constante entre franqueador mais franqueados entram, a estrutura de e franqueado é um ponto em comum das suporte fica mais complexa. franquias bem-sucedidas. É importante entender que essa relação muda com o tempo e passa, basicamente, por três fases. No início, o franqueado é mais dependente do franqueador. Ele ainda está inseguro e pode ter dúvidas se fez o investimento certo. Nessa fase, a presença constante do franqueador é fundamental, porque a inexperiência e a insegurança podem prejudicar os resultados. Na segunda etapa, que ocorre depois de dois anos, o franqueado já conhece o negócio e passa a questionar a figura do franqueador. Acomodação e maturidade marcam a terceira fase. “É quando o franqueado entende, de fato, o sistema 5.Pontapé inicial e toma consciência de que ele tem mais força e benefícios trabalhando em rede”, O desafio número um de toda nova afirma Almeida. franquia é comercializar a primeira Por conta desses fatores, o franqueador unidade. Almeida, da Global Franchise, precisa ter ou desenvolver habilidades diz que as dez primeiras são as mais de liderança. Ele não pode deixar o difíceis de serem vendidas. franqueado fazer o que quiser, tampouco Existem quase 2,5 mil marcas de tratá-lo como funcionário. O ideal é franquias à disposição no mercado. compartilhar decisões e estar aberto a Segundo Hirai, uma boa opção é vender receber críticas.

A essência da franquia é trabalhar em rede – isso significa que o franqueado não se preocupa com todos os aspectos do negócio sozinho. Cabe ao franqueador dar suporte ao investidor, ajudando-o na escolha do ponto comercial, auxiliando na montagem da operação, nas ações de marketing, na escolha de softwares para otimizar a gestão e no treinamento dos funcionários. Ou seja, dar suporte não significa entregar manuais, mas sim oferecer ferramentas para a gestão efetiva da operação do franqueado. O Grupo Ornatus, detentor das franquias de bijuterias Baloné e Morana, por exemplo, chegou a montar um centro de treinamento para os colaboradores dos franqueados, segundo Stockler.

52 out/nov/dez 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

8.Inovação Todos os itens citados anteriormente podem levar uma franquia ao êxito. Mas o que faz ela se manter um passo à frente no mercado é a sua capacidade de inovar. Esse processo pode começar internamente. Ouvir o franqueado é


Imagens: Thinkstock

um bom começo para buscar novas ideias. “Muitas marcas formam um banco de iniciativas que deram certo entre os franqueados e que podem ser disseminados na rede”, conta Almeida. Para manter o interesse dos investidores e aumentar o valor da marca, as franquias já consolidadas apostam em novos modelos de negócios e produtos, a exemplo de O Boticário. Nos últimos três anos, a companhia lançou as marcas – quem disse, Berenice?, Eudora e The Beauty Box –, sem contar os lançamentos de produtos. As redes Puket, Imaginarium e Balonè, mesmo não pertencendo ao mesmo grupo, também inovaram ao reunirem-se para criar a Love Brands, loja multimarca que reúne as três empresas em uma única operação.

9.Expansão geográfica Assim como é essencial um estudo inicial do negócio, também é mandatório planejar o crescimento geográfico de uma franquia. Afinal, não é porque a empresa deu certo em determinadas regiões que ela terá sucesso em todo o País. É preciso entender o mercado regional, sua vocação e como se relacionar com a população e comércio locais. A identidade da marca tem de combinar com o perfil do lugar escolhido, o que significa, muitas vezes, fazer adaptações. Mas desde que elas não comprometam o DNA da franquia. Todo esse processo, segundo os consultores, tem de ser feito com calma. Mesmo com 26 anos de mercado, a Seven Idiomas tem 18 unidades e só começou seu projeto de expansão há três anos. Segundo um dos

Tendências Microfranquias e setor de serviços seguem como apostas para 2014 No segmento de franchising, a categoria de serviços movimentou R$ 24 bilhões em 2012 – o maior faturamento dentre todas as áreas analisadas pela ABF no ano passado. De acordo com os especialistas, as franquias de serviços continuarão sendo destaque em 2013 e 2014, porque registram as maiores margens e têm maior flexibilidade na instalação de ponto comercial. Embora cresça a taxas menores, o segmento de alimentação (que tem forte representatividade no franchising) vem apresentando novidades. “Há movimentos marcantes de segmentação com lojas para venda de brigadeiros e cupcakes, por exemplo, além da expansão dos restaurantes da linha casual dining”, afirma a consultora Lênia Luz. A segmentação também é tendência na área de beleza, especialmente com os tratamentos estéticos. As microfranquias, cujo investimento inicial é de até R$ 80 mil, devem ganhar mais espaço. Em 2012, esse mercado contou com 368 marcas, que faturaram R$ 4,5 bilhões, um aumento de 22% em relação a 2011, segundo a ABF. Outras tendências que devem tornar o setor cada vez mais profissionalizado são a entrada de fundos de investimentos e o fortalecimento da capacitação a distância.

fundadores da rede, Steven Beggs, a ideia é acelerar, mas nem tanto. “Nossa meta é chegar a 70 unidades até 2018”, conta.

10.Crescimento orgânico Um dos ingredientes essenciais do sucesso é a atenção dada àqueles que ajudaram a empresa crescer. Manter o franqueado dentro da rede, fazendo com que ele continue investindo,

ou seja, abrindo mais unidades da mesma marca, é o que os consultores chamam de crescimento orgânico. São poucas as franquias que já chegaram nessa fase e investem na expansão dentro da própria rede. Esse crescimento interno está ligado ao bom relacionamento com o franqueado e à inovação. “Franquias de sucesso e maduras criam segundas e terceiras marcas permitindo com que os franqueados consigam expandir dentro da própria rede, mas com marcas diferentes. Isso facilita a gestão”, afirma Hirai. Os herdeiros dos franqueados podem ser estratégicos para a expansão. Marcas consolidadas têm programas para os filhos dos franqueados mais antigos. Ações simples, como condições especiais para a aquisição de uma segunda unidade, podem ser um chamariz para as novas gerações. 7 898357 410015

[ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2013 53


[

AUTOMAÇÃO

[Case

Operações sincronizadas Carrefour investe em ferramenta que permite alinhamento total dos sistemas de cadastro de produtos com seus fornecedores

Imagem: Thinkstock

Por Denise Turco Ter um cadastro de produtos com informações completas, corretas e sincronizadas entre varejo e fornecedor. O que parece ser algo complicado quando se trata de uma grande rede varejista como o Carrefour – que trabalha com muitos fornecedores e ampla variedade de produtos – não é mais um problema. A empresa investiu em uma solução para automatizar o cadastro de produtos e compartilhar os dados com os fornecedores, facilitando o dia a dia da equipe comercial e de logística, além de beneficiar a indústria e o consumidor final. A motivação para o Carrefour mudar esse processo foi observar a baixa qualidade do seu cadastro – ou seja, a inclusão de novos itens ou a manutenção das informações dentro do sistema –, que gerava ineficiências na operação. Ocorriam, por exemplo, erros no faturamento por codificação incorreta, demora nos processos de cadastramento e de compras e repetidas digitações do mesmo dado nos vários sistemas da empresa. E mais: as falhas geravam

muitas devoluções, aumentando os custos logísticos, e a ruptura na gôndola, ocasionando perda de vendas. Para atingir maior qualidade e rigor no cadastro, permitindo que os fornecedores e a rede varejista tivessem dados iguais, precisos e a todo momento – o Carrefour apostou na GDSN (Rede Global de Sincronização de Dados). A ferramenta, que segue o padrão global GS1, otimiza o cadastro de SKUs e possibilita que os dados referentes a produtos e operação logística (composição de carga, dimensões, etc.) do varejista e de seus fornecedores fiquem sincronizados. A GDSN é uma rede que permite que as empresas se conectem, troquem e sincronizem informações. Para que isso aconteça, é preciso dispor da seguinte infraestrutura: um banco de dados, um provedor de serviços (datapool) – que disponibiliza os dados na rede e faz a troca de informações entre as empresas parceiras – e um registro global. Os padrões de e-commerce da GS1 estão nos processo de comunicação e troca de arquivos eletrônicos. As informações

que estão nesses arquivos, como, por exemplo, catálogo de produtos, pedidos de compra e informações logísticas, trafegam na rede de acordo com as regras globais da GS1. Se a informação é referente ao produto, por exemplo, a identificação é por meio do GTIN (Número Global de Item Comercial), se for relativa à localização física de empresas, o GLN (Número Global de Localização), explica o assessor de negócios da GS1 Brasil, Marcelo Sá. “Os padrões facilitam a operabilidade do sistema, afinal não adiantaria adotar uma forma de alinhamento e sincronização de dados se cada empresa tivesse uma informação diferente e exclusiva”, afirma Sá. Outro padrão que faz parte da GDSN é o GPC (Classificação Global de Dados), que assegura que os produtos serão classificados correta e uniformemente. Para se ter uma ideia da rapidez dessa solução, a informação que o fornecedor cadastra na plataforma GDSN pela web leva 30 minutos para chegar ao Carrefour. Ao receber os dados, o sistema da rede varejista faz a validação


nossa discussão com os fornecedores deixou de ser em nível operacional, sobre os problemas do dia a dia, e passou para o nível estratégico”, afirma Marchi. Foto: Arquivo/Divulgação

do cadastro automaticamente. Se tudo estiver tecnicamente correto, o sistema envia uma mensagem de aceito para o fornecedor. Caso contrário, aponta se tem algum erro ou se falta preencher um determinado campo, por exemplo. A grande diferença de processo que ocorre com a GDSN é que o Carrefour apenas valida as informações. Antes era o varejista que cadastrava os dados dos produtos. “Isso mostra uma das principais vantagens da plataforma GDSN: o fornecedor é o dono da informação, pois apenas ele insere os dados e tem permissão para fazer alterações”, destaca o gerente de projetos do Carrefour Brasil, Filipe de Marchi. “Assim, a indústria consegue sincronizar e equalizar a sua base de dados de SKUs com a nossa e ainda controlar a qualidade do que insere no sistema”, diz. Para o fornecedor, o processo automatizado e sincronizado de cadastro reduz o trabalho manual e ajuda a dimensionar melhor os pedidos, uma vez que está tudo mais organizado. Segundo Marchi, o Carrefour obtém resultados práticos com a ferramenta, como, por exemplo, maior disponibilidade de produtos, redução de divergências entre pedidos e notas fiscais, eliminação de erros no recebimento de mercadorias, redução de retrabalho e de correções e automatização de procedimentos que antes eram manuais. Outro ganho foi possibilitar um único processo de entrada e gerência de dados. A diminuição das devoluções de mercadorias nos centros de distribuição do Carrefour também foi significativa, pois, geralmente, elas ocorrem por conta de erros de cadastro. Para o varejista, os benefícios em termos qualitativos são expressivos, como, por exemplo, ganhar velocidade na introdução de novos produtos e promoções e oferecer maior nível de serviço para o consumidor final, uma vez que há maior disponibilidade de produtos e não faltam mercadorias nas prateleiras. O ganho de tempo é outro aspecto positivo. Antes a área comercial do Carrefour precisava ler e-mails, validar fichas, etc. Hoje não há nem troca de e-mails sobre o cadastro. “Com isso,

Evolução

O projeto para implementação da GDSN no Carrefour começou em 2011 e hoje já faz parte da rotina da empresa, a única do ramo varejista a utilizar a ferramenta no Brasil. Atualmente, cerca de 200 fornecedores estão conectados com a companhia via GDSN. A meta é que todos (1,8 mil) façam a adesão à ferramenta. Enquanto isso não acontece, o Carrefour trabalha em paralelo com o processo manual de cadastro com base em planilhas de Excel. O gerente de projetos conta que o processo manual demora um mês, enquanto com a GDSN leva de três a cinco dias. A GDSN pode ser aplicada por empresas de qualquer porte e ramo de atuação. Usar a ferramenta requer investimento em tecnologia – como, por exemplo, em um provedor de solução datapool – e alterações nos processos e na gestão. Essas mudanças fazem toda a diferença para a melhoria dos negócios. “O cadastro e a sincronização de informações despertam cada vez mais interesse nas indústrias e varejistas, que têm procurado a GS1 para buscar mais informações”, afirma Marcelo Sá. Depois da primeira fase de implantação do sistema, o Carrefour desenvolve atualmente estudos para a próxima etapa. Em virtude do complexo sistema tributário brasileiro, que possui grande variação de impostos por Estados – a exemplo do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) – a intenção

Benefícios Com a ferramenta, Carrefour diminuiu devoluções de mercadorias e melhorou a gestão de dados

é agregar informações sobre os tributos às regras da GDSN, conta Sá. Essa será uma característica bem brasileira do programa, que acontece em âmbito mundial em virtude de uma parceria da GS1 e a gigante francesa. A ferramenta também é utilizada pela rede varejista na Itália, Espanha, França, Taiwan, Portugal e Bélgica. E a ideia é usá-la em todos os países onde o Carrefour atua. A interligação dos dados é tão interessante que o fornecedor pode estar em qualquer lugar do mundo para cadastrar e sincronizar informações. “A GDSN permite ‘falar a mesma língua’ dos fornecedores e, assim, ajuda a crescer os negócios do Carrefour”, conclui Marchi. 7 898357 410015

Varejo e indústria podem dispor de dados iguais, precisos e a todo momento por meio da GDSN [ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2013 55


[

jogo rápido

[RECALL

Consumo seguro Criada para zelar pela saúde da população, a área de alimentos da ANVISA está à frente de ações para aprimorar a segurança dos itens consumidos pelos brasileiros Da Redação

Imagem: Thinkstock

Dentre as agências reguladoras existentes no País, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) exerce um papel vital. Cabe a ela atuar em todos os setores da economia relacionados a produtos e serviços que possam afetar a saúde da população brasileira. Sua competência abrange a regulação sanitária e econômica do mercado e a coordenação do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS).

Na área de alimentos, a ANVISA coordena, supervisiona e controla as atividades de registro, informações, inspeção, controle de riscos e estabelecimento de normas e padrões. Essa atuação é compartilhada com outros ministérios, como o da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e com os Estados e municípios que integram o SNVS. Dentre muitas iniciativas, a agência está envolvida em um projeto-piloto que prevê a classificação dos serviços de alimentação com base em um instrumento de avaliação elaborado a partir da Resolução RDC 216/2004, que trata das Boas Práticas para os Serviços de Alimentação. A proposta será implantada em 11 das 12 cidades-sede da Copa do Mundo FIFA 2014: Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Manaus (AM), Natal (RN), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP). A iniciativa também será realizada nos aeroportos internacionais que atendem às cidades-sede do mundial. Os municípios que não sediarão o campeonato também poderão participar, ficando a cargo do Estado fazer a indicação oficial. A agência também está à frente da criação de novas regras para recall de alimentos. Estão previstas muitas mudanças, entre elas a introdução do conceito de que a


ação de recolher um produto do mercado é uma responsabilidade de todos os estabelecimentos da cadeia. Dessa forma, as empresas precisarão dispor, prontamente, dos registros de distribuição dos alimentos para assegurar a rastreabilidade deles. O objetivo é que o processo de recolhimento de mercadorias seja transparente, rápido e efetivo. A gerente-geral de alimentos da ANVISA, Denise de Oliveira Resende, comenta sobre esses assuntos na entrevista a seguir.

A expectativa é que a norma traga benefícios tanto para os consumidores quanto para o próprio setor produtivo e para as Vigilâncias Sanitárias. O objetivo da proposta é permitir à ANVISA e ao SNVS adotar ferramentas eficientes de gestão e de comunicação de riscos, conferindo maior responsabilização ao setor produtivo pela oferta de alimentos impróprios ao consumo humano. Para isso, os estabelecimentos precisarão organizar seus sistemas de rastreabilidade e a sociedade terá acesso a informações mais claras e transparentes.

Na prática, como o projeto-piloto de categorização dos serviços de alimentação funcionará? O que prevê a Resolução RDC 216? A base para a categorização dos serviços de alimentação está nas Boas Práticas para os Serviços de Alimentação, um conjunto de procedimentos cujo objetivo é garantir um alimento de qualidade ao consumidor e minimizar eventuais danos à saúde, especialmente as doenças transmitidas por alimentos. Nesse projeto-piloto, dos 177 critérios previstos na RDC 216, criada em 2004 pela ANVISA, foram considerados os 51 mais críticos e de maior impacto à saúde. Os principais itens são: controle de tempo e temperatura, higiene do manipulador, controle de água e matérias-primas, prevenção de contaminação cruzada e procedimentos de higienização. Esses itens foram distribuídos em três tipos: eliminatórios, pontuados e classificatórios. O não cumprimento de qualquer item eliminatório exclui o estabelecimento da categorização, devendo ser adotadas as medidas cabíveis pela Vigilância Sanitária local. Já os itens classificatórios podem melhorar o desempenho dos estabelecimentos. Os itens pontuados, por sua vez, são utilizados no cálculo da categorização do estabelecimento. Eles só pontuam quando o estabelecimento não cumpre o requisito. Assim, quanto maior a pontuação, mais elevado é o número de falhas e pior é o desempenho do estabelecimento.

O que a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) preveem para o recall de produtos? Nesta nova norma foi incorporada alguma prática já utilizada em outros países? Essas organizações reconhecem o recolhimento de alimentos como uma ferramenta fundamental para o gerenciamento de riscos e apontam para a necessidade de os países estabelecerem procedimentos por meio da regulamentação. Além disso, a gerência-geral de alimentos da ANVISA procurou estudar e conhecer as diversas regulamentações internacionais que disciplinam o recall de alimentos. Para isso, foram pesquisadas as normativas da Argentina, Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia, Irlanda e Comunidade Europeia. Buscamos harmonia também com o Código de Defesa do Consumidor e demais normas nacionais. Todas as experiências foram tomadas como referência e auxiliaram na elaboração da norma, com as adaptações necessárias ao cenário brasileiro da produção, comercialização e consumo de alimentos.

Quais são as mudanças em relação às novas regras para recall de alimentos? Quais os benefícios para a sociedade como um todo? Trata-se de uma iniciativa inovadora, uma vez que, até o momento, o recall de alimentos não possuía regras claras para sua realização e comunicação às autoridades sanitárias.

Em sua opinião, de que forma as ferramentas de rastreabilidade contribuem para as ações voltadas à segurança alimentar? A rastreabilidade permite, no caso da ocorrência de uma emergência de saúde pública, identificar todo o lote inadequado de determinado produto e, se necessário, retirálo do mercado, bem como definir a responsabilidade de cada um dos agentes da cadeia de produção de alimentos. Ou seja, uma intervenção rápida por parte das autoridades sanitárias na proteção da saúde da população. 7 898357 410015

Foto: Divulgação

“Com as novas regras de recall de alimentos, os estabelecimentos precisarão organizar seus sistemas de rastreabilidade e a sociedade terá acesso a informações mais claras e transparentes” Denise de Oliveira Resende, gerente-geral de alimentos da ANVISA

[ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2013 57


[

Fotos: Divulgação Secretaria de Turismo de Bonito

radar

[turismo

Beleza de tirar e renovar o fôlego Localizado na Serra da Bodoquena, região formada por rochas calcárias, florestas e nascentes de águas cristalinas, Bonito é um destino que encanta desde os praticantes de ecoturismo até aqueles que desejam apenas recarregar as energias Por Giseli Cabrini

A seção Radar

é voltada a temas relacionados a turismo e cultura. Participe! Mande sua sugestão para revista@gs1br.org

Imagine um lugar onde seja possível flutuar em águas cristalinas, explorar cavernas e grutas que guardam imagens surpreendentes, descarregar a adrenalina em corredeiras ou, simplesmente, acompanhar o curso do rio, cercado por cardumes, em uma confortável boia gigante. Sim, ele existe e se chama Bonito, cidade localizada a 280 quilômetros de Campo Grande (MS) e a 130 quilômetros de Miranda, município que serve de entrada para o Pantanal sulmatogrossense. O nome escolhido para batizar a cidade faz justiça aos atrativos naturais. Localizado na Serra da Bodoquena, o município possui mais de 30 sítios turísticos, que oferecem cerca de 40 atrativos, como exploração de cavernas e grutas, trilhas e mergulhos em piscinas naturais, balneários e cachoeiras.

58 out/nov/dez 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Também há opções de esportes radicais, como rapel, boia cross, arvorismo, rafting e mergulho com cilindro. A região abriga espécies riquíssimas da fauna e flora do cerrado brasileiro – no caso de peixes são mais de 40. A gastronomia, marcada por pratos típicos regionais, como o caldo de piranha e a carne de jacaré, também costuma encantar os visitantes. Toda essa beleza natural é amparada por uma ampla infraestrutura hoteleira, que inclui resorts, pousadas, albergues e áreas para camping. O projeto turístico também é bem estruturado. “Até a década de 1970, os recursos hídricos da região serviam quase que exclusivamente ao lazer dos moradores locais. As visitas de turistas começaram na Gruta do Lago Azul e na Ilha do Padre, primeiras atrações turísticas que receberam


infraestrutura e ainda estão em operação”, conta o diretor de Turismo de Bonito, Clayton Castilho Gomes. Segundo ele, as primeiras medidas tomadas pelo poder público ocorreram no final dos anos 1970, com a aprovação do processo de tombamento da Gruta do Lago Azul pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Na década de 1980, foram iniciadas ações voltadas à exploração e estudos das cavernas locais. Em 1983, a prefeitura editou o primeiro folheto identificando Bonito como município com vocação turística. Os órgãos de turismo também investem na diversificação de atividades que possam atrair mais visitantes. Prova disso, foi a criação do Festival de Inverno, que, neste ano, chegou a 14ª edição, reunindo artistas e bandas de diversos estilos, entre eles Caetano Veloso, Vanessa da Mata, Luan Santana, Michel Teló, Nando Reis, Jota Quest e O Rapa. E todo esse esforço traz resultados. Bonito já serviu de cenário para novelas e programas de televisão. A cidade, que recebeu cerca de 242 mil turistas em 2012, já é reconhecida dentro e fora do País por publicações especializadas como um dos melhores destinos de ecoturismo do Brasil. O perfil dos visitantes é composto por famílias, uma vez que grande parte dos passeios pode ser feita por crianças a partir de 5 anos. No entanto, o governo local não se preocupa apenas em incentivar o turismo, mas, principalmente, que ele seja feito de forma sustentável e responsável. Conforme lei municipal, para visitação dos atrativos, com exceção do Balneário Municipal e da Ilha do Padre, é obrigatório o acompanhamento de guia de turismo credenciado pela Empresa Brasileira de Turismo (EMBRATUR) e cadastrado na prefeitura.

Cada passeio tem um número máximo de visitantes por dia e, em alguns deles, é vetado o uso de protetor solar e repelente a fim de conservar águas e peixes. A alta concentração de calcário, agente purificador, por exemplo, garante a visibilidade nas águas que são praticamente transparentes. Para fazer mergulhos autônomos, é obrigatório ter curso específico. Entre os rios que permitem a atividade de flutuação estão Prata, Sucuri e Formoso.

avião, por meio de voos que saem de Campo Grande, às quintas-feiras, e de Campinas (SP), aos domingos. E na hora de fazer as malas, não se esqueça: além de um bom par de tênis, roupa de banho, boné ou chapéu, é preciso fôlego. Mas o esforço promete recompensa. Dificilmente você partirá de Bonito sem recarregar as energias. 7 898357 410015

DICAS Em qualquer época do ano pode-se visitar Bonito, mas o ideal é entre dezembro e março – período das chuvas quando a vegetação está verde e os animais aparecem porque têm alimento de sobra. O nível dos rios está alto e as cachoeiras ficam caudalosas. Outro fator a ser observado recai sobre os preços cobrados por hotéis, pousadas e agências de viagem que apresentam diferenças consideráveis entre a baixa e a alta temporada (feriados nacionais e férias – de dezembro a fevereiro e no mês de julho). Uma vez que muitos passeios têm limites de visitas diárias e a rede hoteleira costuma ficar lotada na alta temporada, é fundamental fazer as reservas com antecedência. A permanência mínima ideal em Bonito é de quatro dias. Dificilmente é possível fazer mais de um passeio por período do dia, porque as distâncias entre os pontos turísticos são grandes e as estradas, de terra. O acesso à cidade pode ser feito por rodovia a partir Serviço de Campo Grande. Há ainda ônibus e vans com Para saber mais sobre saídas diárias que partem da www.bonito.ms.gov.br capital sul-matogrossense. Outra opção pode ser o

a cidade, acesse:

[ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2013 59


[

desconexão

[qualidade de vida

Mais que um hobby, um compromisso

Imagem: Thinkstock

Alain Benvenuti, vice-presidente comercial do Walmart Brasil, tornou-se adepto da corrida há 10 anos e, passo a passo, percorreu mais de 350 km em provas

Por Mariana Izidoro Se pudesse dar uma dica para quem tem vontade de incluir o esporte na rotina (e não largar mais), o vice-presidente comercial do Walmart Brasil, Alain Benvenuti, diria: aposte no poder do vício em endorfina. O hormônio é produzido durante a atividade física e dá a sensação de bem-estar e melhora o bom humor. Quanto mais o corpo produz endorfina, mais ele pede. “Tenha, primeiramente, a meta de praticar seu esporte por 90 dias sem interrupção, pelo menos três vezes por semana. Depois disso, você não vai parar mais, porque a endorfina é uma droga natural”, diz por experiência própria. O executivo de 40 anos começou a correr há uma década e, logo que iniciou a atividade, perdeu 15 quilos. Nesses dez anos, acumulou 350 quilômetros corridos em provas oficiais pelo Brasil. Maratonas, meias-maratonas e provas de dez quilômetros estão em seu currículo de atleta. Já no profissional, graduação em direito, pós-graduação em 60 out/nov/dez 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

marketing e MBA em gestão empresarial e vasta experiência na área comercial. A busca pela recompensa ao esforço físico faz Benvenuti, que mora na cidade de São Paulo, acordar todos os dias às 5h15 para correr um percurso de dez quilômetros durante uma hora. Às 7h30 ele já está pronto para começar o expediente no Walmart, que vai até por volta de 20h. A jornada é atribulada, típica de quem trabalha no ramo do varejo. Mas o executivo garante que acordar cedo para correr vale a pena. “Minha capacidade de concentração no trabalho fica melhor e consigo aguentar o ritmo estressante”, afirma. O esporte também o ajuda a manter o peso, a saúde, além de aumentar a resistência do corpo à longa jornada diária. Uma equipe de 180 pessoas está sob o comando de Benvenuti. São reuniões, horas dedicadas a planejamento e outras a resolver imprevistos. Viajar a trabalho é comum, já que o Walmart está praticamente no Brasil todo, com 200


Aventura Com boa resistência física, executivo já escalou o monte Aconcágua, na Argentina lojas em 18 Estados e no Distrito Federal. São pelo menos duas viagens por mês. Às vezes, ele fica a semana toda fora de São Paulo. “Com um par de tênis, roupas adequadas e fones de ouvido eu posso correr em qualquer cidade ou na academia de qualquer hotel”, afirma o executivo, ressaltando uma das vantagens da corrida: a possibilidade de praticar sozinho. O vice-presidente comercial do Walmart Brasil já jogou vôlei e futebol, mas em função das viagens, não conseguia manter um ritmo regular de treinos.

Fotos: Divulgação

Inspiração “Antes da corrida eu só trabalhava. Era sedentário, comia mal. Escolhia alimentos com poucos nutrientes”, lembra Benvenuti. A inspiração para mudar de vez apareceu depois da leitura do livro Caminhos e Escolhas, de Abilio Diniz, empresário que no início de setembro deste ano renunciou à presidência do conselho de administração do Grupo Pão de Açúcar, empresa fundada por seu pai em 1945 e hoje uma das maiores varejistas do País. Quando tinha 30 anos, Benvenuti leu o livro no qual Abilio Diniz expõe experiências e escolhas que o levaram a viver com mais qualidade de vida. “Ele fala no livro sobre como usou o esporte para ter equilíbrio emocional”, conta.

A partir daí, Benvenuti procurou ajuda profissional para começar a correr e assim montou um plano de treinamentos compatível com sua condição física na época. Pouco a pouco, a corrida ganhou espaço em sua vida na busca pelo bem-estar de corpo e da mente. Foram dois anos de treinos até participar da primeira competição em Porto Alegre (RS), sua cidade natal. Mas ele não conseguiu completar a prova. A segunda tentativa foi em São Paulo. No entanto, em função de uma lesão no joelho, Benvenuti também não completou o circuito e, pior, ficou um ano parado até voltar a correr. Ele passou por algumas cirurgias e dedicou-se ao tratamento. Apesar disso, os médicos acreditavam que ele não poderia mais correr, pois o impacto no joelho tinha sido muito grande. Contrariando as expectativas médicas, ele voltou a correr e tentou participar, pela terceira vez, de uma maratona. A meta era vencer os 42 quilômetros e 195 metros de percurso. O executivo lembra que seu instrutor e um amigo o apoiaram para realizar a prova, que ele cumpriu com a alegria de quem entende o que é superação. “Foi uma vitória”, conta. Muitas provas depois, hoje Benvenuti recomenda o esporte a colegas de trabalho e amigos. Ele participa de um grupo de corrida e, com a disposição que ainda sobra, também pedala pelo menos uma vez na semana e outra no sábado ou no domingo. A resistência física também deu a base para que fosse duas vezes a expedições para escalar o monte Aconcágua, a montanha que abriga o pico mais alto das Américas, na Argentina. Se depender da endorfina, fôlego não vai faltar para novas empreitadas. 7 898357 410015

No pé do povo

Alain Benvenuti, do Walmart Corrida diária aumenta a concentração no trabalho e ajuda a diminuir o estresse

O Brasil já pode ser considerado um País de apaixonados por corrida. A realização de provas de rua (geralmente com percursos mais curtos, de cinco quilômetros, por exemplo), meias-maratonas e maratonas têm crescido num ritmo alto. A Confederação Brasileira de Atletismo (CBAT) tem 45 provas nacionais e 307 estaduais registradas no calendário 2013. Saiba mais no site www.cbat.org.br/corrida/.

[ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2013 61


[

MARKETINg

[Estratégia

Perfume de

Fotos: Thinkstock

vendas no ar

Por Roberto Seraphim

Empresas investem na aromatização dos ambientes com fragrâncias customizadas para traduzir a identidade da marca e atrair clientes


ampliado a permanência de seus clientes nas lojas após a aplicação de fragrâncias. No Brasil, as empresas começaram a usar a técnica por volta dos anos 2000. Porém, só recentemente a prática tem se difundido com o barateamento Bruna Sá, perfumista da tecnologia e o mercado mais Para criar um aroma é preciso retratar consciente para esse tipo de a experiência de compra ou de recurso. Vanice Zanoni, dona serviço esperada da Croma Microencapsulados, empresa que fabrica produtos de publicidade. É preciso fazer aromáticos e elabora marcas olfativas um estudo da marca, investigar para empresas, conta que seu os objetivos e as características da primeiro trabalho foi feito para a empresa e traçar o perfil do públicoexposição de flores Exploflora, em -alvo. Ainda é necessário considerar 1998. “Naquela época, os difusores a intenção da companhia com o eram como uma turbina”, diz. uso do olfato justamente para saber Ela conta que os aparelhos foram retratar a experiência de compra ou colocados em outdoors espalhados de serviço esperada: se ela quer que pela capital paulista. “Era algo muito o consumidor fique mais tranquilo complicado de usar. Uma pessoa tinha ou permaneça mais tempo na loja, por que ficar junto do aparelho o dia todo.” exemplo, completa a perfumista que Hoje os aromatizadores são mais entrou há cerca de um ano no mercado baratos, menores e funcionam por mais de marketing olfativo, Bruna Sá. tempo sem necessidade de recargas ou Com base nessas informações, a manutenção. Em ambientes menores, equipe de marketing se reúne com dispensam até tomada. os perfumistas para discutir qual Além da questão tecnológica, o é a combinação de aromas que irá amadurecimento do conceito e do compor a fragrância da marca. Por mercado de marketing olfativo, com sua vez, os aromistas compõem a maior concorrência e especialização, chamada pirâmide olfativa. “Em contribuiu para que as empresas cima, vêm as notas mais voláteis, aprimorassem seus procedimentos. que são as primeiras que você sente. O gerente comercial da Biomist, com É o caso das cítricas, por exemplo”, atuação voltada para o marketing explica Vanice. Em seguida, no meio olfativo, Alexandre Gossain, explica da pirâmide, aparecem as notas que que o trâmite para a criação de serão identificadas em seguida, como um aroma exclusivo é parecido as florais e outras ervas. Por último, com o processo de uma agência na base, estão as notas fixadoras, com os aromas amadeirados. “Estas duram mais tempo que as outras, mas não se destacam tanto”, afirma. Um exemplo da aplicação desses conceitos pode ser observado em um projeto desenvolvido por Gossain, numa ação social, para a brinquedoteca de um hospital. Nesse caso, foi [ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2013 63

Foto: Divulgação

Na busca de meios para atrair os clientes, uma estratégia de marketing tem ganhado fôlego em vários segmentos de negócio: o uso do olfato. O sentido é relativamente inexplorado para fins de promoção de marca se comparado aos apelos visuais ou auditivos, mas, com os avanços tecnológicos, o uso desse tipo de recurso tem se tornado mais comum. No varejo, um dos exemplos mais óbvios é o da padaria, que instiga os consumidores com o cheiro de pão fresco. Porém, mesmo empresas com atividades que não possuem uma identidade olfativa tão evidente, como concessionárias, livrarias e lojas de vestuário, têm adotado a técnica. Há casos ainda mais inusitados. Um exemplo é de uma multinacional de consultoria – cujo produto não é palpável, mas apenas intelectual – que está investindo para desenvolver uma fragrância que traduza sua identidade e agregue valor à marca. No início dos anos 1990 já se estudava nos Estados Unidos os efeitos do uso de aromas nas vendas do varejo. A pesquisadora da West Virginia University, Paula Fitzgerald Bone, cita no Journal of Retailing que, em 1991, havia relatos de que a Nike registrou aumento de vendas de tênis após o uso de aromas – atualmente, as lojas brasileiras da marca são aromatizadas. Em outro relato do período, uma joalheria teria


[

[

adotado o aroma de pitanga, porque está relacionado à esperança e alegria. “A criança fica estimulada e eufórica com o cheiro agradável.” Já para uma rede de postos de gasolina, o aroma escolhido lembra o cheiro de torta de limão, conta Janice Zanatta, diretora-executiva e aromista da Goodsmell, consultoria de Curitiba (PR) especializada em marketing olfativo. “A ideia era incentivar o consumo de café e bolo nas lojas. O resultado foi fantástico, com aumento de 12% nas vendas”, afirma. Entretanto, para se obter sucesso com a técnica, diz Janice, é preciso diferenciar uma consultoria de marketing olfativo, que desenvolve um cheiro exclusivo para uma marca, de produtos aromáticos

vendidos prontos em lojas. Um dos problemas de escolher um aroma de prateleira é que a fragrância não cria uma relação tão forte com a marca. Pelo fato de ser padronizado, o cheiro pode ser usado por outra empresa ou para outros fins, confundindo a memória olfativa dos clientes. Para que haja aumento de vendas e valorização da marca, é preciso que se faça um estudo detalhado da fragrância. Além disso, o serviço especializado evita erros básicos. “Não se pode aplicar um aroma doce em um banheiro nem um adocicado em um hospital”, ela diz. Segundo o gerente da Biomist, em alguns casos, o desenvolvimento de uma fragrância pode demorar até seis meses. Com algumas combinações de aromas

Curiosidades

- Entre todos os sentidos, o olfato é o único conectado diretamente ao cérebro. No ouvido, os neurônios são conectados ao tímpano, enquanto nos olhos, existe a córnea. - De acordo com estudo realizado pela Universidade de Rockefeller, de Nova York, no curto prazo, lembramos de 1% do que tocamos, 2% do que ouvimos, 5% do que vemos, 15% do experimentamos e 35% do que cheiramos. - Mesmo que a expressão “marketing olfativo” possa ser novidade, a ideia já é usada há muito tempo. Em supermercados, por exemplo, a aromatização começou para disfarçar cheiros desagradáveis, como o das peixarias. - A percepção do cheiro é influenciada por aspectos culturais. Então, uma fragrância pode ser bem aceita em certo país, enquanto em outro não. Da mesma forma, pode haver aceitação diferente entre faixas etárias. Fonte: Laura Melo Miranda e Davi Arruda Araújo, doutoranda e mestrando em administração pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, na Revista Eletrônica de Negócios Internacionais da ESPM jul/dez 2011.

64 out/nov/dez 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Foto: Paulo Pepe

MARKETING

Vanice Zanoni, da Croma Difusores evoluíram, estão mais baratos, menores e funcionam por mais tempo sem necessidade de recargas em mãos, ainda é necessário testar a aceitação de cada uma. Vanice conta que chega a apresentar para o cliente até dez opções na tentativa de encontrar o certo. Faro apurado Um dos motivos para o processo tão meticuloso na hora de produzir uma fragrância exclusiva é que o olfato é muito ligado à memória. Assim como na formulação de uma marca, arrependimentos e mudanças não passam despercebidos pelos clientes. O especialista em neuromarketing Alex Born conta que não é raro encontrar ambientes de primeira linha aromatizados com fragrâncias elaboradas, mas que se tornam muito agressivas. “Em determinado caso, o aroma era fantástico, trazia impacto inicial, mas era muito forte. É como um bom perfume, se a pessoa passa demais, incomoda quem fica perto.” Num primeiro impacto, a fragrância pode até funcionar. Mas depois acaba prevalecendo sobre a marca. “Quando é demais, o cérebro se irrita e a marca pode ser relacionada com algo negativo. O aroma pode, inclusive, fazer com que a pessoa queira sair do ambiente, mesmo que inconscientemente.”


Quanto custa?

O custo de um projeto de marketing olfativo depende de vários fatores, como o número e o tamanho de ambientes que serão aromatizados e as fragrâncias escolhidas. A primeira pergunta é provavelmente a mais importante: há disposição para desenvolver uma fragrância própria? Os consultores da área são unânimes ao recomendar que a opção por uma fragrância exclusiva, desenvolvida de acordo com as necessidades da marca, é mais adequada do que usar um aroma já pronto. O desenvolvimento de um aroma próprio é acessível até mesmo para pequenas empresas, que possuem apenas um ambiente para aromatizar. O investimento parte de R$ 700 e chega a R$ 5 mil. Normalmente, este custo inclui um estoque de refis para seis meses. Como a matéria-prima é importada, as empresas produzem em quantidades maiores para conseguir oferecer um preço mais acessível. Fora o gasto inicial, o cliente também deve considerar uma pequena mensalidade que corresponde ao aluguel do aparelho difusor de aroma e dos refis. Em alguns casos, a máquina pode ser adquirida, em vez de alugada.

está mais diretamente relacionado à memória. Segundo ele, os aromas evocam lembranças com muito mais intensidade do que qualquer outro sentido. “Um cheiro é capaz de trazer imediatamente uma enxurrada de emoções passadas.” Um dos efeitos que podem ser obtidos com o marketing olfativo é a lembrança da marca ao sentir determinado aroma. Alex Born cita o caso de um shopping center da zona oeste da cidade de São Paulo, cuja essência de capim-cidreira e capim-limão acabou se tornando característica do ambiente. Outra forma de utilizar o marketing olfativo é nos produtos que a empresa comercializa. Segundo Alexandre Gossain, da Biomist, quando uma cam-

panha é bem-sucedida, os próprios clientes podem começar a se interessar em adquirir a fragrância. Segundo ele, foi o que aconteceu na rede de moda masculina Vila Romana. “O aroma da loja foi tão bem aceito que se produziu uma colônia. Então, além de proporcionar uma experiência sensorial no ponto de venda, a empresa fez com que o cliente tivesse uma experiência com a marca na casa dele.” Outra linha de produtos que vai nesta direção é a dos homesprays – aerossol com o aroma da loja que o cliente pode usar em casa. O mesmo pode ser feito em material impresso, sachet ou papel de gaveta perfumado, completa Vanice Zanoni. 7 898357 410015

Fotots: Thinkstock

Ele também menciona outros erros. Quando se usa aromas adocicados, pode-se despertar o apetite, por exemplo. E em vez de o cliente permanecer mais tempo na loja, pode ficar ansioso e querer sair do local. Em outros casos, as empresas acabam mudando o aroma e enfraquecem a marca. “Há ambientes que tinham aroma de baunilha, depois de capim-cidreira e, então, de hortelã. O cliente que participou dessa transição não criou âncoras”, diz Born. O professor de psicologia do consumo e de neurociências aplicadas da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Pedro Calabrez Furtado, afirma que, em termos neurológicos, o olfato é o sentido que

Estas páginas foram aromatizadas pela Croma Microencapsulados. [ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2013 65


[tecnologia & negócios

[

Saiba escolher um fornecedor de RFID Como editor do RFID Journal Brasil, uma das minhas obrigações é mergulhar nos meandros da tecnologia de identificação por radiofrequência (RFID). Minha intenção, com isso, é prestar o melhor serviço de informação aos leitores do site brasileiro, aos que assistem às minhas palestras e, igualmente, aos que leem as minhas colunas em veículos como a Brasil em Código. Assim, dedico dezenas de horas semanais à leitura de materiais, análises, estudos e cases que abordam a tecnologia sob diversos ângulos – grande parte desse material vem de fora do País, em inglês. Recentemente, fui brindado com um e-book de alta excelência, esmiuçando um dos assuntos que mais dificultam a vida de quem quer resolver problemas de negócios e sabe que a RFID é a tecnologia ideal para muitos desses desafios: como escolher um bom fornecedor de hardware e serviços? O livro eletrônico chama-se, em tradução livre para o português, “Como escolher um fornecedor de RFID”, um guia para usuários escrito por Ken Nichel, que, além de especialista no assunto, é executivo da Impinj na América do Norte, a maior empresa de tecnologia RFID no mundo – resultado de um spin-off da Intel. Mesmo sendo esse e-book também uma ferramenta de marketing da Impinj, vale a pena comentar seu conteúdo editorial, devido à sua utilidade prática. O guia eletrônico aponta oito passos fundamentais para a adoção da tecnologia RFID UHF, no padrão EPC Global, da GS1. O primeiro é “escolher um fornecedor que trabalhe com padrões da indústria”. Essa é a lição número um para diversas tecnologias, não apenas a RFID. Para se ter uma dimensão da importância dos padrões, imagine se um produto pode ser identificado em São Paulo, por uma rede X de supermercados, mas não por empresas do Rio de Janeiro. Seguir padrões significa benefícios maiores e custos menores. “Escolha um fornecedor que esteja envolvido com o desenvolvimento de padrões” foi o segundo passo identificado pelo guia. A questão reforça o ponto anterior, mas de zero a dez, daria um peso quatro. O terceiro aspecto tem grande relevância, a meu ver: “escolher um fornecedor com uma rede de parceiros”. Faz toda a diferença poder encontrar soluções para diversos problemas, mesmo os imprevisíveis. Em quarto lugar, vem a “escolha de um fornecedor que realmente esteja engajado no seu projeto”. Assim como em um casamento, faz toda a diferença ter um parceiro de tecnologia pronto para, como se diz na gíria, segurar as barras mais pesadas. O quinto ponto é, para mim, um dos mais relevantes: “escolha um fornecedor com experiência no seu ramo de atividade”. Não há nada pior do que ter de explicar para um leigo o que a sua empresa faz. Perda de tempo representa aumento de custos. Em sexto, “escolha um fornecedor que ofereça custos mais baixos de manutenção”. Em sétimo, “escolha um fornecedor com uma plataforma de produtos”, o que dará maior capacidade de retorno sobre o investimento (ROI). E, em oitavo, “escolha um fornecedor com ferramentas de software”. Meu espaço acabou. Então, se você quer se aprofundar, aconselho que baixe o e-book: http://hubs.impinj.com/how-to-choose-an-rfid-hardware-vendor? . Boa leitura!

A lição número um é escolher um fornecedor que trabalhe com padrões da indústria

66 out/nov/dez 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Foto: Paulo Pepe

Editor do RFID Journal Brasil; fundador e editor da Netpress Editora

As opiniões deste artigo não expressam o pensamento da GS1 Brasil ou da editora

‘ Edson Perin

Muitas empresas têm interesse em solucionar problemas de negócios com a tecnologia, mas não sabem por onde começar. Eis, então, um roteiro




Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.