HealthCare Management - Edição 38

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EDITORIAL

Edmilson Jr. Caparelli Publisher

Balcão de negócios

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á estamos na metade do segundo semestre de 2015 e muitos ainda se perguntam qual o rumo que o país irá tomar. E como se não bastasse, ainda teremos mais dificuldades em 2016, conforme afirmam especialistas. O que predomina são incerteza e insegurança de todos os setores da economia, inclusive na Saúde que, afora suas dificuldades econômicas, vem sendo tratada como barganha política pela presidente Dilma Rousseff. Em seu discurso de posse, o novo ministro Marcelo Castro (PMDB) assumiu diversos compromissos com a Saúde. Entre eles estão questões como financiamento, a gestão do SUS e a necessidade de modernizar a administração pública, a melhoria da atenção primária, discutir com maior profundidade a judicialização da saúde, o aperfeiçoamento da relação público e privado, e o investimento na formação do profissional. As palavras prometem mudanças, mas quais serão elas de fato? Esta troca de ministros da pasta espelha

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o balcão de negócios que a Saúde brasileira se tornou. Hoje, mais do que nunca, prestadores de serviços e indústrias do setor não podem esperar do governo a resposta por suas necessidades. Estes deverão buscar suas próprias soluções e se reinventarem neste turbulento momento que estamos vivendo. Tentando ver o lado cheio do copo, esta fase que estamos enfrentando pode ser o começo para colocarmos a inovação, de fato, em prática. Agora, mais do que nunca, temos que deixar de lado a nossa cultura paternalista e buscar nossas próprias soluções, novos caminhos e oportunidades de negócio. Há potencial para esta transformação e isso começa a partir de uma visão mais estratégica ao invés da operacional. É preciso assumir um papel ativo e deixar as lamentações de lado. Assumir o risco, fazer parcerias e intensificar o diálogo entre as diversas partes, inclusive com o paciente, podem ser poderosas ferramentas para enfrentar este horizonte ainda incerto.

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NESTA EDIÇÃO

setembro - outubro Código de Cores A HealthCare Management organiza suas editorias pelo código de cores abaixo:

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Uma grande aliada Solução tecnológica de gestão integrada permite o aumento de controle e conformidade

Líderes e Práticas Sustentabilidade Health-IT Mercado Gente e Gestão Ideias e Tendências Estratégia Health Innovation

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O futuro da saúde Principais mudanças

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Fórum + Prêmio 2015 II Fórum HealthCare Business trouxe alternativas para driblar a atual crise

Articulistas:

20 Sandra Cristine da Silva 70 Franco Pallamolla

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Carlos Goulart

80 Evaristo Araújo

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58 Nubia Viana 90 Avi Zins


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Inovação na Saúde e no Comércio Exterior 4º CIMES discute caminhos para aumentar a competitividade da indústria nacional

Dossiê

Mudanças a caminho

45 O que esperar? 48 O calcanhar de Aquiles 52 Gargalos na Gestão 54 A busca de um equilíbrio 66

Tecnologia no combate ao câncer Este futuro está mais próximo do que você imagina

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Nova era do empreendedorismo Startups da saúde surgem no mundo dos negócios como alternativa para superar a atual crise

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saúde

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pontuando a gestão

Rodrigo Abreu e Lima, Diretor Executivo da Oncologia D´Or, fala sobre a evolução do tratamento de câncer

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Perfil

Mario Vrandecic, Fundador do Biocor Instituto, fala sobre sua paixão pela Saúde

96 PONTO FINAL Moeda de troca política Os desafios do novo chefe do MS


DIAS REPRESENTATIVIDADE

Fotos: Divulgação

Francisco Balestrin é o novo Presidente da IHF

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Presidente da Anahp, Francisco Balestrin, foi nomeado Presidente da IHF (International Hospital Federation) – entidade que possui mais de 50 mil hospitais e estabelecimentos de saúde em mais de 100 países e que atendem a aproximadamente três bilhões de pessoas. O mandato, de acordo com o modelo da entidade, entra em vigor a partir de 2017. Com sede na Suíça, a IHF conta ainda com uma diretoria liderada pelo CEO Eric De Roodenbeke, que estará, em novembro, no Brasil para participar do 3º Conahp. Em Maio deste ano, durante uma visita ao stand do Grupo Mídia na Feira + Fórum Hospitalar, Balestrin falou com exclusividade para o Saúde Online sobre sua nomeação. Confira esta entrevista exclusiva no portal.

Confira no Saúde Online http://goo.gl/6HHwgu

EMPREENDEDORISMO

Startup da Fanem investe em IoT

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specializada em soluções de conectividade e aplicações em nuvem, a Sensorweb (unidade de negócios da Fanem), vem avançando no mercado nacional de “Internet das Coisas” aplicada à saúde. A startup faz o monitoramento online de produtos críticos em diversas instituições de saúde brasileiras. A estimativa parcial realizada pela Sensorweb aponta que as perdas evitadas, no ano passado, ultrapassam a marca de R$ 1,5 milhão. “A Internet das Coisas não para de crescer e o futuro aponta para a conectividade total. Teremos quase todos os objetos de nosso cotidiano interligado à rede e na área da saúde o uso deste tipo de tecnologia vem crescendo de forma acelerada”, afirma Douglas Pesavento, CEO e co-fundador da startup.

AQUISIÇÃO

Konica Minolta adquire a Viztek

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Konica Minolta anunciou, em outubro, a aquisição completa da Viztek, da cidade de Garner, na Carolina do Norte (EUA). A empresa é focada em cuidados com a saúde. Com esta aquisição, a Konica Minolta aprimora seus recursos para oferecer soluções de ponta a ponta e abrangentes de TI para a saúde, da aquisição de imagem até o diagnóstico médico. Ela também adiciona à força já estabelecida em Imagem Primária e aprimora as suas soluções de software de TI de saúde para melhor atender às necessidades do mercado de hoje para compartilhar e visualizar imagens. “A aquisição da Viztek reforçará as nossas soluções de TI para saúde e ampliará nosso portfólio”, afirmou David Widmann, Presidente e CEO da Konica.


Brasil DEBATES

CISS 2016 debaterá o ajuste fiscal e desenvolvimento do Brasil

TECNOLOGIA

Ministério da Saúde anuncia novas PDP

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Ministério da Saúde anunciou, no final de setembro, nove novas Parcerias para Desenvolvimento Produtivo (PDP) destinadas à fabricação de oito medicamentos e um equipamento de saúde considerados prioritários para o SUS. Com os acordos, o Brasil passará a deter a tecnologia para a produção de medicamentos para o tratamento de artrite, doenças autoimunes, câncer e hormônio do crescimento, e do aparelho para amplificação sonora individual. A produção nacional desses produtos, que atualmente são importados, reduz o custo para a saúde pública. A transferência de tecnologia dentro das PDP pode durar até 10 anos. O anúncio foi feito durante a reunião do GECIS (Grupo Executivo do Complexo Industrial da Saúde).

INSATISFAÇÃO

Pesquisa diz que 54% dos brasileiros reprovam o SUS

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evantamento feito pelo Datafolha aponta que 93% dos entrevistados estão insatisfeitos com a saúde no Brasil. Ainda, a pesquisa mostra que 54% classificam como péssimo ou ruim o serviço prestado pelo SUS. Para 18%, o sistema público merece nota zero. Encomendado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), o levantamento indica que a Saúde deve ser a prioridade número 1 do governo, segundo 43% das pessoas ouvidas. Em segundo lugar, aparece a Educação, apontada por 27% dos entrevistados, seguida do combate à corrupção, na opinião de 10% dos participantes. A amostra é representativa da população, com 2.069 entrevistados em 135 municípios nas 27 unidades da Federação. Desse total, 83% são usuários do SUS.

Fotos: Divulgação

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epresentantes das entidades realizadoras do CISS (Congresso Internacional de Serviços de Saúde) reuniram-se, no final de setembro, para alinhar o tema central do evento de 2016. A sugestão apresentada foi “Economia da Saúde”, que visa analisar e discutir como se interconectam esses dois elementos fundamentais da sociedade moderna. Nos dois dias de evento serão apresentados os elementos macroeconômicos, os desdobramentos de questões microeconômicas e a busca da eficiência na gestão dos sistemas públicos e privados. “Fizemos o temário focando justamente no momento que nosso país está e estará vivendo”, disse o Presidente da comissão científica do CISS, Fábio Leite Gastal.


DIAS INOVAÇÃO

Philips e Universidade Radboud lançam o primeiro protótipo de aplicativo para diabetes

FALHAS

Agência da Carolina do Norte envia e-mail não criptografado com informações médicas

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ficiais do Departamento de Saúde e Serviços Humanos (DHH, sigla em inglês) da Carolina do Norte (EUA) enviaram, recentemente, um e-mail não criptografado que pode ter comprometido as informações confidenciais de saúde de mais de 1.600 pacientes da Medicaid. A porta-voz da agência, Kendra Gerlach, declarou que apesar da falha de segurança, os pacientes não foram afetados até o momento. Segundo Kendra, o DHHS “deve investigar exaustivamente e determinar os próximos passos.” A agência declarou que um empregado DHHA enviou um e-mail para o Departamento de Saúde Granville County sem criptografá-los. O e-mail incluía uma planilha contendo informações de saúde protegidas para os beneficiários do Medicaid. Não há indicações de que a planilha foi interceptada.

ATENDIMENTO INTEGRAL

InterSystems anuncia parceria com a Validic

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InterSystems anunciou recentemente uma parceria com a empresa Validic, fornecedora da plataforma tecnológica para acesso a dados digitais sobre a saúde de pacientes. Com isso, será possível integrar informações geradas pelo usuário para tratamentos em casa, dispositivos vestíveis e mobile, e aplicações dentro da linha de produtos InterSystems HealthShare®. A estratégia inclui o acesso e análise de informações de dispositivos e aplicações clínicas vestíveis a fim de gerir a saúde de grandes populações. “Esta ação expande nosso registro de atendimento integral, coordenando os atendimentos de hospitais, provedores de cuidados primários, contribuintes e cuidados em casa”, disse Joe DeSantis, VP da plataforma HealthShare da InterSystems.

Fotos: Divulgação

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Philips e o centro médico da Universidade de Radboud, localizada na Holanda, lançaram um aplicativo que possibilita às pessoas com diabetes tomarem decisões mais assertivas. O app coleta e conecta dados de registros médicos eletrônicos, de múltiplos dispositivos de saúde pessoal e dados reportados pelo próprio paciente. A ferramenta fornece ao paciente acesso contínuo a dados como níveis de glicemia, uso de insulina e nutrição, além de orientação de treinamento. Além disso, há também uma comunidade online onde os pacientes e profissionais de saúde inscritos interagem através de mensagens privadas ou postagens compartilhadas, seguindo as orientações clínicas de uma organização de cuidados com a saúde.


Mundo ESTRATÉGIA

Pfizer conclui aquisição de vacina contra meningite da GlaxoSmithKline

EXPANSÃO

DaVita anuncia início das operações no Brasil

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americana DaVita HealthCare Partners, provedora mundial de tratamento renal, anunciou planos para iniciar as operações no Brasil. A empresa, que atua em 11 países, pretende trazer ao país toda sua experiência global e liderança em tratamentos clínicos renais. A DaVita planeja auxiliar médicos brasileiros a ampliar suas práticas, oferecendo acesso a uma rede mundial de especialistas, aos melhores programas de treinamento da categoria, assim como aos mais avançados padrões de serviços clínicos e administrativos. “Estamos ansiosos em firmar parcerias com o governo brasileiro e seguradoras de saúde com a intenção de estabelecer e ampliar as opções de tratamento integrado”, afirma Dennis Kogod, CEO de operações internacionais da DaVita.

COMPRA

Qualcomm Life adquire Capsule Technologie

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Qualcomm, empresa de tecnologias móveis, através de sua subsidiária Life, adquiriu a Capsule Technologie, fornecedora de integração de dispositivos médicos e soluções clínicas de gerenciamento de dados. Com isso, a Qualcomm Life ampliará a sua atuação na saúde, visando conectar o cuidado no hospital até a casa do paciente. A fusão das duas empresas possibilitará a conexão de dispositivos médicos, eletrônicos e tecnológicos em todo o negócio do hospital. Com o ecossistema fornecido pela Qualcomm, será possível uma conexão desses dados. Juntos, Qualcomm Life e Capsule trabalharão para tornar os dados mais acessíveis e interoperáveis entre as equipes de atendimento.

Fotos: Divulgação

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Pfizer concluiu a aquisição da vacina Nimenrix, da GlaxoSmithkline. Trata-se de uma vacina conjugada meningocócica quadrivalente, de dose única, criada para prevenir a meningite provocada pelos sorotipos A, C, W-135 e Y da bactéria Neisseria meningitidis, que respondem pela maioria dos casos de meningite notificados. A vacina é indicada para pessoas de todas as faixas etárias acima de um ano de idade. Lançada há três anos, Nimenrix, atualmente, tem registro e aprovação para comercialização em 63 países, entre eles as nações do Espaço Econômico Europeu, além de Canadá, Austrália e Mercados Emergentes. Também existem registros em andamento em 17 países da África, Ásia, Leste Europeu e Oriente Médio.


Confira mais vídeos no Saúde Online TV http://goo.gl/j3zuWh

Prêmio Líderes da Saúde recebe cases e cadastros de participantes O Prêmio Líderes da Saúde 2015 será realizado no dia 10 de dezembro de 2015, no Espaço Apas, em São Paulo (SP). O evento organizado pelo Grupo Mídia e a Pro-Health pretende estimular a liderança corporativa no setor. Além disso, a premiação visa homenagear quem é exemplo inspirador em diversas categorias do segmento da saúde. Neste ano, o Portal Saúde Online abriu uma página exclusiva para as instituições/empresas que desejam cadastrar o seu case. O portal também traz um espaço de credenciamento para os interessados em participar da cerimônia de premiação. Para acessar a página especial do Líderes da Saúde basta acessar o saudeonline.net.br

Confira no Saúde Online http://goo.gl/8zd9vN

Grupo Mídia recebe a visita de José Miranda da Cruz Neto

Confira o vídeo no Saúde Online http://goo.gl/eZRlW7

Em outubro, o Diretor Superintendente das empresas assistenciais do Grupo São Francisco, José Miranda da Cruz Neto, visitou a nova sede do Grupo Mídia para um bate-papo com seus diretores e jornalistas. O executivo falou sobre os 70 anos da instituição, comemorados em setembro; como também as estratégias de crescimento do Grupo e o turbulento cenário político-econômico que o Brasil vive. Mesmo diante de tantas dificuldades que o setor privado vem enfrentando, Miranda disse que o Grupo está se sobressaindo a estes momentos críticos que o país atravessa. “Temos um custo-benefício atrativo e isso não apenas tem garantindo o equilíbrio, como também um significativo crescimento.” A entrevista na íntegra você confere no Saúde Online.

ABDEH realiza o primeiro evento de divulgação do VII CBDEH No dia 24 de setembro, a Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar (ABDEH) realizou, no Espaço Deca, em São Paulo (SP), o evento de lançamento do VII Congresso Brasileiro para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar, que será realizado em setembro de 2016 em Salvador (BA). O encontro contou com a presença de diversos parceiros e apoiadores da entidade, que tiveram a oportunidade de conhecer em primeira mão os detalhes sobre a organização e as oportunidades de participação no congresso. O saudeonline.net esteve presente no evento e mostra as novidades em um vídeo exclusivo no portal. Confira o vídeo no Saúde Online http://goo.gl/4QfvMt

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Palavra da editora

A política da Saúde

Carla de Paula Pinto, Editora da Revista Healthcare Management

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recente troca de ministro da Saúde foi um dos acontecimentos mais marcantes do setor. E foi justamente essa manobra política que nos levou a perguntar para diversos líderes quais são as expectativas do novo mandato de Marcelo Castro (PMDB). Além do peso político, trata-se de uma pasta com expressivos valores sociais e econômicos para o país. Junto a isso vem também a

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enorme reponsabilidade do novo ministro em mostrar soluções para diversos agentes do setor. São justamente essas reivindicações e opiniões que mostramos na matéria de capa desta 38ª Healthcare Management. Na contramão da crise, o leitor poderá conferir uma reportagem sobre startups na Saúde. Este ramo tem sido uma opção interessante para médicos, profissionais de saúde e também empresários que buscam a ampliação dos seus negócios ou ainda alianças estratégicas de mercado. E também sobre inovação, trazemos a cobertura completa do 4º CIMES – Congresso de Inovação em Materiais e Equipamentos para a Saúde, evento promovido pela ABIMO no mês de outubro. Durante dois dias, líderes da indústria debateram sobre a necessidade de aumentar a competitividade da indústria nacional, sobretudo com mais exportações e investimentos em inovação. Outro assunto muito abordado nesta edição é o futuro da Medicina Personalizada. Estivemos em Palo Alto, na Califórnia, conferir de perto como a tecnologia vem individualizando o tratamento do câncer. Nosso colunista Avi Zins e o entrevistado no Saúde 10, Rodrigo Abreu e Lima, Diretor Executivo da Oncologia D´Or, também falam sobre medicina personalizada e o que podemos esperar deste futuro.

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Na medida certa “Um País que não gera conhecimento é fadado ao fracasso”

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eja no mercado privado ou público, a criação de parcerias estratégicas com a cadeia de valor, a reavaliação nas formas de remuneração dos serviços, o investimento em pesquisa nacional, as melhorias na gestão e nos processos e, no caso do SUS, o aumento do financiamento por parte do Governo são essenciais para permitir a viabilidade do sistema. No campo da oncologia, uma tarefa complexa é a redução das despesas do tratamento de câncer. Isso porque o custo dos medicamentos aumentou mais de 10 vezes na última década. Na opinião do Diretor Executivo da Oncologia D´Or, Rodrigo Abreu e Lima, diante desse cenário desafiador, criar uma cultura de eliminar qualquer forma de desperdício, seja de tempo ou de recurso financeiro/humano é algo essencial. Em entrevista a HCM, Lima diz que a medicina personalizada é uma tendência mundial e também afirma que não devemos confundir conforto e acolhimento com luxo.

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Nos últimos anos, surgiram novas terapêuticas para o tratamento de câncer em todo o mundo. Contudo, isso causa um grande impacto nos custos. Qual a sua visão a respeito desse alto custo quando falamos em Oncologia? O elevado custo dos novos medicamentos para tratamento de câncer é um problema de ordem global. O preço médio de algumas drogas novas ultrapassa o custo de 120.000 dólares por ano. Na minha opinião, o uso irracional, sem critério, destas novas drogas pode inviabilizar o sistema de saúde. É necessário bom senso na prescrição médica. Prescrever a droga certa, na dose certa e no paciente certo, utilizando a medicina baseada em evidência aliada à experiência da equipe médica é fundamental.

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Como levar os novos tratamentos desenvolvidos para pacientes com câncer à sociedade? Um dos grandes desafios do cenário mundial é permitir o acesso dos novos medicamentos aos pacientes. No caso do Sistema de Saúde Brasileiro, que é Universal, este desafio é ainda maior. A política de incorporação de novas tecnologias tem que aliar duas características principais: avaliação técnica criteriosa e agilidade. No processo de incorporação de tecnologia, existe um abismo importante entre a Saúde Suplementar e o SUS. Uma vez incorporada, o uso racional destas drogas é fundamental.

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E quais as consequências quando esse tratamento não chega ao paciente? Muitas vezes a falta de acesso dos pacientes aos novos tratamentos por vias normais vem levando ao aumento do processo de judicialização, o que onera ainda mais o sistema. A judicialização não é a causa do problema, mas sim uma das consequências.

Neste contexto, qual a importância do médico ter uma visão de gestão? Nossos profissionais são conscientes desta responsabilidade? A metodologia Lean ensina que tudo o que não agrega valor ao paciente é desperdício. O uso irracional de medicamentos é um dos maiores desperdícios na área de Saúde. Na formação do médico atual é fundamental aprendermos conceitos como custo-efetividade e medicina baseado em evidências desde a graduação até a especialização. O uso racional de recursos, seja financeiro ou humano, é essencial para a sustentabilidade do sistema de saúde, seja público ou privado. Esta consciência vem aumentando ao longo do tempo.

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Quais as principais vertentes da oncologia que carecem de investimentos no Brasil? Na Oncologia existe um tripé muito importante: Pesquisa, Assistência e Educação. Os investimentos devem respeitar esta tríade, logo, investir na educação continuada de médicos, profissionais de saúde e de todos os colaboradores devem ser uma obsessão do gestor. A Oncologia D´Or investe na educação continuada da equipe multidisciplinar, desde ações cotidianas até a realização de Congresso Internacional anual. Na assistência, é relevante investir em toda linha de cuidado do paciente, que vai da informação, prevenção, diagnóstico precoce, estadiamento, tratamento e geração de conhecimento. Neste contexto, o investimento na agilidade e na qualidade do diagnóstico é um grande diferencial.

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Muitos gestores também debatem sobre o desafio do fluxo regulatório de procedimentos, que é altamente burocrático. Como você analisa esta situação no Brasil e como vencer os obstáculos? A burocracia, é uma das principais responsáveis pelo atraso do país em pesquisa, seja básica ou clínica. Um país que não gera conhecimento é fadado ao fracasso. A participação ativa das sociedades médicas, bem como da população, são decisivas para vencer estes obstáculos. É muito importante que os pacientes adquiram esta consciência social.

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Falando em conhecimento, qual a sua avaliação sobre as políticas de prevenção de câncer no Brasil? Até 40% das mortes por câncer podem ser evitadas por hábitos saudáveis no cotidiano. O investimento em informação confiável sobre câncer, prevenção e, em alguns casos, a detecção precoce são as armas mais relevantes no combate ao câncer. Investir em veículos que permitam informação adequada a população é primordial. Em alguns casos, como a política de combate ao tabagismo, o Brasil vem ganhando destaque no cenário mundial. Já em relação a outros programas de prevenção, o Brasil tem muito a evoluir, principalmente, em relação ao acesso à mamografia nos casos de detecção precoce do câncer de mama.

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A Oncologia D´Or foi eleita Excelência na Saúde na categoria hotelaria hospitalar. Como você analisa esta atenção especial ao paciente e a influência que isso exerce durante o tratamento? O cuidado com o paciente oncológico necessita de dois grandes pilares: resolutividade e humanização. A arquitetura dos centros oncológicos deve permitir um fluxo adequado para o paciente dentro da instituição, respeitando as normas internacionais de qualidade, e possibilitando o melhor acolhimento dos pacientes, familiares e dos nossos colaboradores. Não devemos confundir conforto e acolhimento com luxo.

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E como estamos quando o assunto é medicina personalizada? Os pesquisadores estão tentando encontrar soluções “personalizadas”. Por um lado, isso significa o desenvolvimento de medicamentos que objetivem tipos específicos de tumores. Quanto mais

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um medicamento for específico para as células cancerosas, mais poderoso será seu efeito na doença e menores serão os riscos de efeitos colaterais. Por outro lado, os cientistas almejam desenvolver testes específicos que permitirão avaliar, mesmo antes de iniciar o tratamento, se um medicamento apresenta boa probabilidade de sucesso contra a forma individual do câncer do paciente. A medicina personalizada é uma tendência mundial.

Diante de um ano turbulento como este, como a Oncologia D´Or vem traçando suas estratégias a fim de manter a excelência em seus procedimentos? Apesar deste ano turbulento, seguimos a nossa missão em continuar nossos investimentos em melhoria da infraestrutura das nossas unidades, processos e nos nossos colaboradores e no corpo médico. Além disso, o investimento na integração de nossas clínicas e a criação de uma equipe nacional fazem parte desta estratégia vencedora. H

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Artigo Sandra

Cristine da Silva

Sandra Cristine da Silva

Gerente de Qualidade do Hospital SírioLibanês

Na Busca da Melhoria Contínua

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os serviços de saúde, a busca pela qualidade constitui uma preocupação incessante dos profissionais que neles atuam. Diante da necessidade contínua de mudanças nos padrões de assistência, decorrentes dos avanços no conhecimento técnico-científico impulsionado pelas novas tecnologias, faz-se necessária a implantação de processos com foco na qualidade e segurança. Assim, prestar uma assistência à saúde que garanta um máximo de qualidade e um mínimo de riscos para o paciente e equipe, sob um baixo custo, tem sido o desafio das últimas décadas. Nesse contexto, a ausência de falhas, no decorrer da assistência, que possam comprometer a qualidade é uma meta a ser cumprida pelos serviços de saúde. A qualidade é, reconhecidamente, um termo ao qual se atribui um valor subjetivo, de conotação positiva (ou excelência). É considerada atributo de um produto ou serviço que atende ou supera as expectativas do cliente. No âmbito da saúde, a qualidade também se refere à obtenção de maiores benefícios, em detrimento de menores riscos para o paciente; benefícios que, por sua vez, se definem em função do alcançável, de acordo com os recursos disponíveis e os valores sociais existentes(1). De acordo com a Organização Mundial da

Saúde (OMS)(2), a qualidade é definida como um conjunto de atributos que incluem: alto nível de excelência profissional, uso eficiente de recursos, um mínimo de riscos ao paciente e um alto grau de satisfação por parte dos usuários. Ao se abordar a qualidade nos serviços de saúde, um dos paradigmas mundialmente aceitos é o proposto por Donabedian(3), para quem a qualidade é uma propriedade da assistência que pode ser obtida em diversos graus e níveis. Demonstra um caminho em direção a um melhor cuidado com a saúde, no qual serviços e profissionais têm atribuições e responsabilidades específicas e compartilhadas. O autor também afirma que essa propriedade pode ser definida como a obtenção de maiores benefícios, com pequenos riscos ao paciente, de acordo com os recursos disponíveis e os valores sociais existentes. A Joint Commission on Accreditation of Healthcare Organizations (JCAHO)(4) define “qualidade” como o grau em que os serviços de saúde para os indivíduos e a população aumentam a possibilidade de alcance dos resultados esperados, de forma consistente com os conhecimentos profissionais atuais. Além dos atributos de eficácia, eficiência e efetividade, apontados por Donabedian(3), a JCAHO preconiza valores como a adequação

Malik AM, Schiesari LMC. Qualidade na gestão local de serviços e ações de saúde. São Paulo: Fundação Petrópolis; 1998. Gilmore CM, Novaes HM. Manual de gerência de qualidade. HSP/Manuais operacionais Paltex. OPAS. 1997;3(9). (3) Donabedian A. Evaluación de la calidad de la atención médica. In: White KL, Frank J, editors. Investigaciones sobre servicios de salud: una antología. Washington, DC: OPAS; 1992. p.382-404. (1)

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da assistência e do tempo de atendimento às necessidades do paciente, planejamento organizacional, continuidade da assistência e respeito aos valores individuais e sociais, assim como a segurança dos pacientes, familiares e profissionais da organização. Em busca da qualidade dos serviços de saúde, a Melhoria Contínua tem sido empregada nas últimas décadas por todos que visam à

satisfação dos clientes/pacientes, para melhorar, inclusive, a imagem da Instituição e da equipe multiprofissional que nela atua. O desafio que se coloca na perspectiva atual da Gestão da Qualidade é o Triplo Aim, que aborda as seguintes metas: redução dos custos na assistência, melhorar a saúde da população e melhorar a experiência do paciente (Figura 1) (5)

Figura 1: Triplo Aim

1. Implantação da Gestão da Qualidade Um dos princípios para a implantação de um sistema de gestão da qualidade é a chamada “abordagem de processo”. Portanto, é fundamental que todos os processos sejam mapeados quanto a identificação dos perigos/riscos e barreiras sejam estabelecidas para minimização dos eventos adversos. Faz-se necessário examinar cada etapa do processo, a fim de evitá-los antes que eles ocorram, em vez de corrigi-los depois que tiverem ocorrido. Nessas circunstâncias, a melhoria contínua da qualidade busca incessantemente a perspectiva do defeito zero ou atitudes

livres de erro, mesmo que nunca atingíveis, como forma de qualificar os resultados de maneira adequada(1). A Instituição deve mobilizar recursos próprios para a construção de um paradigma que inclua normas, rotinas, procedimentos, metodologias e processos fundamentados na melhor evidência científica possível e nas boas práticas assistenciais, no sentido de satisfazer o principal cliente, o paciente. A mudança de atitude é proveniente de um processo de construção fundamentado no compartilhamento de informações e na definição clara de

(4) Joint Commission on Accreditation of Healthcare Organization (JCAHO). Examples of monitoring and evaluation in special care unit. In: Special care unit monitoring and evaluating in perspective. Chicago: JCAHO; 1988. p.18-22. (5) Committee on Quality of Health Care in America, Institute of Medicine 2012.

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Artigo Sandra

Cristine da Silva

objetivos e metas. Os indivíduos constituem o elemento essencial para a implantação de uma cultura voltada à qualidade, à prevenção de falhas e ao melhoramento contínuo. Dessa forma, as organizações de saúde que buscam a qualidade mostram a seriedade de seu trabalho e defendem sua legitimidade social(6,7). Independentemente do enfoque de qualidade adotado pelos serviços de saúde, para que suas metas sejam alcançadas é essencial o estabelecimento de um processo de avaliação, a fim de se mensurar o impacto das ações implementadas. O Institute of Medicine (lOM)(8), organização não governamental reconhecida como autoridade em políticas de saúde e qualidade da assistência, enuncia seis princípios práticos que fortalecem os serviços na busca e implantação da qualidade: • Assistência com foco no paciente: oferecer assistência que atenda e respeite as preferências, necessidades e valores dos pacientes e familiares. • Assistência no tempo adequado: reduzir esperas e atrasos, por vezes prejudiciais aos indivíduos que recebem e prestam o atendimento. • Equidade: respeitar a igualdade de direitos de todos os indivíduos e prestar assistência, independentemente de características pessoais, tais como gênero, etnia, condições socioeconômicas e localização geográfica. • Eficiência: evitar desperdícios e mau uso de materiais, equipamentos, ideias e energia. • Efetividade: prestar serviços adequados àqueles que deles se beneficiarão e utilizar os recursos de forma responsável, ou seja, evitar o uso excessivo ou insuficiente.

• Segurança do paciente: evitar que a assistência prestada resulte em danos ao paciente. No que se refere aos aspectos práticos da incorporação dos diferentes padrões voltados à qualidade dos serviços de saúde(8), alguns itens devem ser assumidos e compreendidos para que os resultados desejados sejam alcançados com eficácia: • Obter qualidade implica apoio irrestrito da alta administração do hospital e esforço conjunto, cooperação mútua e envolvimento de toda a equipe multidisciplinar. • Integrar-se a um sistema estruturado de certificação permite estabelecer padrões bem definidos de desempenho, propicia a detenção do conhecimento dos serviços prestados e a compreensão da natureza dos erros humanos e sua prevenção. • Reconhecer que o serviço prestado pode ser continuamente aperfeiçoado é essencial, mesmo quando uma Instituição ocupa posição de reconhecimento no mercado. • Assumir que o fundamental e principal diferencial de qualidade de um serviço se assenta na capacidade técnica, científica e humanística da equipe interdisciplinar que nele atua. A transposição desses aspectos para a realidade de atendimento ao paciente faz sentido na medida em que os serviços se voltam para uma assistência diferenciada cujo desempenho depende, em muitos casos, da sobrevida dos pacientes. Nessas situações, a atuação dos profissionais da área de saúde envolve inúmeras ações, de sua responsabilidade e dever, que contribuem para a maior qualificação dos cuidados. A implantação de um processo de qualidade demanda, antes de tudo, a definição de uma

(6) Seabra SAK. Acreditação em Organizações Hospitalares [dissertação]. Porto Alegre: Faculdade de Administração, Contabilidade e Economia - PUCRS; 2007. (7) Figueiredo AMA, Tanaka O. Avaliação do SUS como estratégia de reordenação da saúde. Cad FUNDAP. 1996;(19):98-105. (8) Institute of Medicine. [Acesso em 11/02/2007.] Disponível em: http://www.iom.com.

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política institucional, assim como a definição de sua missão e objetivos. A partir daí, são estabelecidas as diretrizes e metas que se pretende atingir em um dado período, e são definidas, na gestão de processos, as tarefas, os limites de responsabilidade e autoridade das pessoas, as prioridades e os custos(8). Embora a implantação de um programa de qualidade possa parecer simples do ponto de vista teórico, a compreensão da cultura de qualidade requer mais do que a mera compreensão teórica. Demanda o entendimento de que a qualidade é um conjunto de ações desenvolvidas para atender e/ou superar as expectativas dos clientes. Isso significa o envolvimento de todos os indivíduos, desde a mais alta administração até o responsável pelas tarefas mais elementares. Em síntese, exige uma mudança de cultura institucional, que se estende a todos que nela atuam e que dela participam, mesmo indiretamente. 2. Modelo de Gestão da Qualidade O Modelo de Gestão da Qualidade do Hospital Sírio-Libanês é um elemento diferenciador no processo de atendimento às expectativas dos clientes, visando à interação harmônica de todos os processos assistenciais para o cumprimento da missão e sustentação dos valores e crenças da Instituição. A gestão da Qualidade desenvolve, implementa e monitora as práticas assistenciais e administrativas (Figura 2), de forma a garantir a melhoria contínua dos processos, atender as expectativas dos clientes (internos e externos), garantir a satisfação e segurança dos serviços prestados, apresentando por

meta o cuidado centrado no paciente. Ainda sustenta as demais políticas estabelecidas e garante o compromisso contínuo da Direção e de suas lideranças com o atendimento aos pacientes, fundamentado na defesa do valor da vida humana, perseguindo sempre o que for de melhor para cada cliente sem distinção de preferências, raça ou credo. Estabelece como princípios direcionadores as seguintes Dimensões da Qualidade (9): • Foco Epidemiológico • Acessibilidade • Segurança • Segurança Ocupacional • Cuidado Centrado no Paciente • Continuidade do Cuidado • Efetividade • Eficiência As diversas dimensões da Qualidade têm sido apoiadas por uma abordagem estruturada na: • Decisão e interesse do nível mais estratégico • Responsabilidade da supervisão • Priorização das ações • Definição de Metas e mensuração dos resultados • Análise de Eventos notificados e recomendações retro-alimentadas • Comunicação aberta e frequente • Verificação da adesão de boas práticas por meio das auditorias • Comemoração, incentivo e premiação dos bons resultados • Transparência • Qualificação profissional • Educação Permanente

(9) Travassos C, Caldas B. A Qualidade do cuidado e a segurança do paciente: histórico e conceitos.In: Assistência Segura: Uma Reflexão Teórica Aplicada à Prática.

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Artigo Sandra

Cristine da Silva

Figura 2 – Modelo da Gestão da Qualidade Hospital Sírio-Libanês

4. Sustentação do Programa de Qualidade O processo de identificação de ações para a busca da melhoria continua, origina-se a partir das seguintes atividades: Modelagem de Processos, Auditorias Internas e Exter-

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nas, Monitoramento dos Indicadores, Ouvidoria, Análise das Notificações de Ocorrências, Protocolos, Áreas/Unidades, Comitê de Segurança Institucional e Preparo das certificações (Figura 3).

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Figura 3. Atividades que determinam a identificação das Ações para Melhoria Continua

A Sustentação das Melhorias é assegurada através de iniciativas que promovam um ambiente de aprendizagem continuo, e a colaboração de todas as áreas da instituição. O processo de implantação e sustentação das Melhorias é orientado pelos Padrões Internacionais de Qualidade, sendo discutidos nas reuniões de análises críticas, no monitoramento mensal dos resultados (Indicadores de qualidade) apresentados nas unidades/ áreas (Gestão à Vista), e outras ações realizadas na Instituição. 5. Considerações Finais O processo de padronização impulsiona o desenvolvimento da equipe, uma vez que a necessidade de evidenciar e manter a qualidade da assistência torna-se fundamental, no dia

a dia, para a pesquisa e aprimoramento. É fundamental que a Instituição de saúde busque a acreditação e desenvolva programas que propiciem o alinhamento de todas as suas áreas e níveis hierárquicos, por meio da cultura de qualidade. O objetivo da gestão da Qualidade é manter toda a Instituição envolvida no cumprimento dos padrões de forma a alcançar os objetivos sem perder o foco no ser humano, em sua totalidade e diversidade(10). Por fim, são muitos os caminhos que levam à qualidade dos serviços de atendimento ao paciente. No entanto, todos têm como base a superação das inúmeras dificuldades metodológicas, estruturais, financeiras e, principalmente, resistências pessoais e institucionais, para que a implementação de um programa de qualidade obtenha êxito. H

Aquino CR, Giaponesi ALL, Santos IN. Enfermagem e acreditação hospitalar. In: Leão ER, Silva CPR, Alvarenga DC, Mendonça SHF. Qualidade em Saúde e indicadores como ferramenta de gestão. São Paulo: Yendis; 2008. p.15-25. (10)

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Health Innovation

O futuro da saúde Principais mudanças Por Carolina Matos

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mundo nunca mudou tanto em tão pouco tempo. A velocidade das mudanças é exponencial e todos os setores estão sendo impactados por transformações e descontinuidades em seus modelos de negócios, produtos e serviços. Alguns estão sendo mais afetados do que outros, e a saúde é uma das áreas que irá mudar intensamente nas próximas décadas. Uma das principais causas de tantas mudanças é o rápido crescimento demográfico mundial. Demorou 250.000 anos para a população atingir 1 bilhão de pessoas, em 1800; apenas 12 anos para ganhar mais 1 bilhão de pessoas, em 2011; e a expectativa é que o mundo tenha 9 bilhões de pessoas em 2050, o que gera muita pressão por soluções voltadas para a oferta de qualidade de vida. Outro contexto, muito mais recente e impactante, e também uma das principais causas de mudanças na saúde, é a revolução digital. A internet surgiu há pouco tempo e já provocou muitas transformações. Hoje compramos quase tudo online, nos relacionamos virtualmente, temos acesso a uma “biblioteca” infinita, a cursos gratuitos, a mestrados à distância, ou seja, a vida real e a digital estão cada vez mais mescladas. Portanto, centenas de mudanças estão ocorrendo, inclusive na saúde. Aqui estão compiladas 22 das principais mudanças que já acontecem e continuarão acontecendo, com grande probabilidade de se tornarem as correntes principais, e de elevado impacto, para os setores e empresas relacionados a esta área: desde empresas de tecnologias de diagnóstico, hospitais, home care, operadoras de saúde, farmacêuticas, até mesmo a indústria alimentícia, academias de ginástica, empresas de TI, dentre outras. Essas mudanças são fontes de informações para a identificação de grandes oportunidades para a captura de novas fontes de faturamento, para a elaboração de estratégias de longo prazo, para estratégias de inovação e para a construção de portfólios de ofertas futuras, oferecidas pelas empresas aos seus clientes. HEALTHCARE Management 38

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22 mudanças na saúde

Aumento da longevidade Vivemos cada vez mais, porém com redução progressiva da qualidade de vida, ou seja, estamos cada vez mais doentes. Segundo o Banco Mundial, as pessoas com idade acima de 60 anos representam 13% da população brasileira e a tendência é que esse percentual chegue a 22,5% em 2050, o que abre inúmeras oportunidades de cuidados aos idosos como, por exemplo, condomínios voltados para esta faixa etária, que desenvolvem a autonomia e a condição física e social dos moradores. Um exemplo de sucesso é a Holanda, que criou uma vila adaptada para pacientes de Alzheimer, possibilitando que estes tenham qualidade de vida e facilidade para realizar suas atividades corriqueiras.

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Aumento da obesidade e do sedentarismo Metade da população brasileira está acima do peso, e metade é sedentária. Esses números continuam aumentando, segundo a BBC o Brasil poderá se tornar o país mais obeso do mundo em 15 anos. Isso cria uma condição insustentável financeiramente para a saúde pública e para as operadoras. O governo pode reverter esse quadro com a promoção do cuidado da saúde de maneira pró ativa, como já começa a ser feito em alguns países desenvolvidos.

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Doenças crônicas de estilo de vida Existe no Brasil quase 57 milhões de pessoas com pelo menos uma doença crônica (Pesquisa Nacional da Saúde). Elas aumentarão em 50% até 2030 e serão as principais causas de

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Health Innovation

mortalidade, o que poderá ser revertido com a promoção do cuidado da saúde.

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Doenças e transtornos mentais Segundo a OMS, a depressão será a doença mais comum em 2030. A demência, mundialmente, irá triplicar até 2050. Porém está comprovado que a atividade física, ou seja, a vida saudável, reduz a demência. Custos crescentes com doenças Custos pressionarão cada vez mais as pessoas, as operadoras de saúde, os hospitais, a indústria e os países. Segundo o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar, os custos das operadoras no Brasil triplicarão em 15 anos, e isso está diretamente associado às mudanças de longevidade, estilo de vida não saudável, e aumento de doenças, descritas anteriormente.

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Do tratamento da doença ao cuidado da saúde Saúde e bem estar será uma indústria trilionária em 2017. Empresas tradicionais e novos players oferecerão vários níveis de serviços e produtos. Todos ganham com o cuidado da saúde: população, empresas e governo.

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As pessoas querem uma vida melhor e mais saudável A maioria das pessoas acima do peso já tentou ou faz dieta, querem ser e se sentir saudáveis. Mas, é di-

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fícil mudar o estilo de vida transmitido pelos pais e reforçado pelas famílias e amigos. Elas precisam de apoio para conseguir fazer a mudança, já que a adesão a programas de perda de peso, como a posterior manutenção, é muito baixa. No futuro, novas tecnologias, soluções sistêmicas e de monitoramento das pessoas, assim como novas drogas, aumentarão a adesão a uma vida mais saudável.

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Novos players na saúde Novos players, principalmente em big data, tecnologias e serviços de monitoramento e saúde e bem-estar irão gerar novas oportunidades no tradicional mercado global de saúde, capturando bilhões dos sistemas de países desenvolvidos e emergentes.

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Verticalização da saúde Algumas operadoras possuem hospitais próprios, como a Amil e a Unimed. Nos EUA, mais de 100 sistemas de saúde oferecem planos próprios, mas esta realidade, aqui no Brasil, ainda é uma incerteza que poderá ser impulsionada por margens decrescentes.

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Varejo da saúde Um novo tipo de varejo começa a surgir na saúde, com lojas que disponibilizam o diagnóstico e o tratamento com conveniência de atendimento e menor custo. Nos EUA, a Walmart oferece o cuidado primário em mais de 100 clínicas distribuídas por seus supermercados. Aqui no Brasil já começam a aparecer iniciativas, como o Dr.Consulta, que realiza consultas

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e exames a preços acessíveis para a população. Clínicas populares tendem a crescer, suprindo uma lacuna de atuação entre a rede privada tradicional e a saúde pública.

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Novas tecnologias de captação, monitoramento e transmissão de dados Biosensores, aplicativos, vestíveis e dispositivos médicos possibilitam novos serviços de monitoramento remoto de pessoas e o ganho de escala na saúde. Biosensores são uma combinação de avanços tecnológicos em dois campos de microeletrônica e de biotecnologia, como o glicosímetro, por exemplo, que compõe um mercado mundial que poderá atingir 21 bilhões de dólares em 2020 (Grand View Research). Existem milhares de aplicativos que prometem ajudar a saúde, e abrangem desde fitness, até o monitoramento e controle de diversas patologias. O mercado de vestíveis, por exemplo, poderá atingir 19 bilhões de dólares em 2018 (Statista), voltados para o monitoramento de atividades físicas e podendo avançar muito no monitoramento de doenças crônicas.

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Monitoramento remoto e contínuo Novos serviços levarão maior qualidade de vida aos pacientes crônicos, e apoiarão o cuidado preventivo. Atualmente, um paciente crônico realiza uma consulta com seu médico e, caso não retorne à consulta, o profissional nada saberá sobre sua condição de saúde. O moniHEALTHCARE Management 38

toramento contínuo de pacientes no futuro, o qual já começa a ser realizado contínua e remotamente, contribuirá para a estabilidade de sua condição, com menos picos de agudização de seus quadros.

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Desospitalização Uma combinação de procedimentos menos invasivos com tecnologias de monitoramento remoto do paciente leva o cuidado para qualquer lugar. Os hospitais tenderão a focar no cuidado intensivo, e a quantidade de leitos oferecidos será reduzida por falta de necessidade. Isso já ocorre em várias partes do mundo, com casos extremos como na Dinamarca, onde 70% dos hospitais fecharam em função da mudança de abordagem de sua saúde pública de reativa para o cuidado proativo e preventivo.

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Telemedicina Junção do serviço médico com tecnologia para o atendimento à distância. Segundo a Mordor Intelligence, o mercado global superará 30 bilhões de dólares em 2020. A telemedicina nos EUA é amplamente utilizada entre hospitais e por pacientes que de suas casas podem consultar médicos pela Internet. No Brasil, a telemedicina ainda é pouco realizada em função das restrições regulatórias e de modelo de negócios: os conselhos não permitem que o médico atenda um paciente à distância e, por outro lado, as operadoras de saúde não remuneram essa forma de atendimento.

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Robótica Utilizada cada vez mais no cuidado dos pacientes em funções operacionais nos hospitais, para devolver funções corporais das pessoas, e em cirurgias. A cirurgia está cada vez mais precisa e menos invasiva com a utilização de robôs cirúrgicos, mercado com potencial de 20 bilhões de dólares em 2020 (Acute Market Research). Exoesqueletos atingirão 2 bilhões de dólares em 2020 (RNR Market Research) e devolverão a mobilidade para as pessoas que possuem restrições.

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Radiologia intervencionista, a nova cirurgia Permite a realização de procedimentos intervencionistas minimamente invasivos. O médico cirurgião operará cada vez mais com a máquina e menos com o bisturi. O paciente, por outro lado, receberá cada vez mais o tratamento na fase do diagnóstico.

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Diagnósticos acessíveis e precoces A Theranos, empresa americana, oferece exames laboratoriais abrangentes a partir de algumas gotas de sangue a preços baixos nos EUA. O diagnóstico de doenças tende a ser cada vez mais precoce, barato e preciso.

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Big Data O processamento global de informações na saúde permitirá diagnósticos e tratamentos mais precisos, e os pacientes terão acesso a essas

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informações. A genômica associada à medicina preventiva possibilitará que a propensão genética de doenças seja em parte evitada com a utilização das informações fornecidas pelo big data.

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Responsabilização da saúde pelas pessoas Teremos cada vez mais conhecimento sobre sua saúde e cada vez mais o médico será um validador sobre as informações pesquisadas na Internet. As pessoas serão “donas” de suas informações médicas arquivadas em local único: exames, tratamentos, alergias, cirurgias realizadas, etc.. Além disso, cada vez mais mensalidades pagas às operadoras estarão associadas ao cuidado preventivo de sua saúde, oferecendo descontos para quem tem um estilo de vida saudável.

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Genômica como diagnóstico Muitas doenças possuem componentes genéticos. Hoje, nos EUA já é possível encontrar a oferta do teste por 100 dólares, embora já tenha custado 10 milhões de dólares em 2007. Com o custo despencando, será possível realizar o diagnóstico de populações e bancos de dados mundiais possuirão o retrato da genômica do planeta. As indústrias farmacêuticas e empresas voltadas para a saúde criarão novos tratamentos específicos com base nessas informações.

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Tratamento genômico, ou medicina de precisão A medicina de precisão com base na genômica do paciente já começa a ser utilizada no tratamento do câncer. Futuramente, o potencial do tratamento de precisão será do tamanho das doenças genéticas do mundo e incluirá o cuidado preventivo.

Brasil, a partir das mudanças. Dentre elas, vale destacar algumas: a criação de plataformas de acompanhamento de pacientes crônicos à distância; novos modelos para o cuidado do paciente em qualquer lugar; plataformas de cuidados preventivos/promoção da saúde para todas as idades. A mudança está no começo, daqui a talvez 10, mas com certeza 20 anos, o sistema da saúde será bem diferente do que é hoje.

A convergência de algumas mudanças poderá levar à 22ª mudança.

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Foto: Milena Salmi

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Democratização da saúde viabilizada pelas novas tecnologias Mais pessoas terão acesso à saúde com as novas tecnologias, com menores custos e maior conveniência no diagnóstico, tratamento e prevenção. Há várias tecnologias de elevado custo que oferecem maior eficácia de tratamento, como a cirurgia robótica e os exoesqueletos, entretanto muitas outras são acessíveis, como vestíveis, aplicativos, biosensores, dispositivos, exames como os oferecidos pela Theranos, laboratório clínico popular americano, dentre outras. As tecnologias móveis e acessíveis possuem o potencial de levar a saúde para todos os lugares e para todas as pessoas. São inúmeras mudanças, várias não foram descritas aqui, como as de longo prazo, por exemplo: a medicina regenerativa com a utilização de células tronco, a psiquiatria de precisão, e a nanotecnologia, ainda em fase de P&D (pesquisa e desenvolvimento). Há centenas de oportunidades de novos modelos de negócios, produtos e serviços que podem ser desenvolvidos, aqui no

Carolina Matos Consultora de inovação, estratégia e foresight Carolina possui mais de 15 anos de experiência em inovação, estratégia, strategic foresight (estudos sobre futuros), inteligência de mercado, gestão do conhecimento e da mudança, em diversos setores. Atuou em grandes empresas tais como: Syngenta, Telefônica, Votorantim, Vale, Gerdau, Coca Cola, Fiat, dentre outras. Como gerente na área de inovação do Hospital Albert Einstein, liderou um projeto sobre o futuro da medicina no Brasil e no mundo. Além disso, realizou o desenvolvimento de produto de mhealth (saúde digital) e vida saudável e implementou a área de novos negócios na diretoria. É graduada em Propaganda e Marketing pela ESPMSP, MBA pela FIA em Conhecimento, Tecnologia e Inovação e mestranda em Strategic Foresight pela Houston University.

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Artigo Carlos

Goulart

A Inovação como ferramenta do futuro e da sustentabilidade

É

sempre oportuno revisitar o tema da importância da inovação como fundamento para a moldagem do futuro e garantia de sustentabilidade do sistema de saúde, tendo como pano de fundo um cenário no qual é crescente a demanda por qualidade de vida e cura de enfermidades e que se caracteriza também pelo aumento das doenças crônico-degenerativas decorrentes do envelhecimento da população. O desenvolvimento da genômica, os avanços no uso médico das tecnologias da informação e sem fio, bem como o desenvolvimento de um número cada vez maior de aplicativos, mudará o conceito da medicina em um futuro próximo, alterando a relação entre médico e paciente e a atuação de toda a cadeia de saúde. É esperado que os pacientes tenham uma participação mais ativa, modificando também o papel dos prestadores de serviços, uma vez que deixarão de ir aos hospitais para realizar diagnósticos e recorrerão a essas instituições apenas para intervenções cirúrgicas. A estrutura de remuneração dos prestadores de serviço também se alterará, assim como os próprios cursos de medicina. Mas não precisamos esperar este futuro próximo para usufruir do que as tecnologias já oferecem hoje. As cirurgias minimamente invasivas, videolaparoscopias, artroscopias, para citar alguns exemplos, já são realidade e devem ser estendidas à maioria da população (interiorização), por promoverem enormes benefícios econômicos, redução de eventos adversos e de estada hospitalar.

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Carlos Goulart Presidente Executivo da ABIMED – Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para Saúde.

A conectividade e a telemedicina também devem ser ampliadas, pois proporcionarão grandes avanços em termos de precisão diagnóstica, redução de custos e eficácia no tratamento de doenças. Muito se tem falado sobre a importância da sustentabilidade no setor da saúde, cujos custos serão o de maior peso no PIB da maioria dos países. Apenas a inovação poderá contribuir para que possamos enfrentar os desafios gerados pelas alterações demográficas e epidemiológicas e, ao mesmo tempo, garantir a sustentabilidade do sistema. No entanto, para que isso de fato ocorra, devemos nos ater ao uso racional da tecnologia, evitando a utilização excessiva de exames e analisando a possibilidade e viabilidade de desincorporar tecnologias que podem ter se tornado obsoletas. Outro aspecto fundamental é compartilhar com o poder judiciário informações sobre o estágio de desenvolvimento das tecnologias na área da Saúde, bem como incrementar seu conhecimento sobre políticas públicas de saúde e a disponibilidade de recursos, para que a judicialização seja usada corretamente em defesa do cidadão. A tecnologia e a inovação devem ser estimuladas, as políticas industriais devem fomentar sua promoção e, sobretudo, deve-se buscar uma maior aproximação entre universidades, institutos de fomento e de financiamento e indústria. Esse é o caminho para podermos, em conjunto, beneficiar toda a população. H

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Líderes e Práticas

Fórum + Prêmio 2015 II Fórum HealthCare Business trouxe alternativas para driblar a atual crise 34

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Os desafios das instituições de alta performance em manter a excelência em tempos de crise. Este foi o tema do II Fórum HealthCare Business, organizado pelo Grupo Mídia. O evento aconteceu no Espaço Apas, em São Paulo, e contou com a presença de gestores e especialistas do setor. O professor do Departamento de Administração da Faculdade de Economia da USP, Marcelo Pedroso, falou sobre as estratégias na saúde em tempos de crise. “As melhores organizações sobrevivem e crescem durante e após a crise. As instituições ficam melhores e mais resilientes após um momento turbulento como o que estamos vivendo hoje.” Mara Machado, da IQG Health Services, realizou uma palestra sobre como manter a excelência em tempos de crise, a importância da governança clínica e a redução dos custos nos processos. “Um poderoso motor de valor na área da saúde é que melhores resultados muitas vezes andam de mãos dadas com menores custos totais do ciclo de atendimento.” O debate do período da manhã trouxe o tema “Expectativa X realidade: o que pode ser aplicado na prática e como a gestão deve se preparar”. Participaram desta mesa José Carlos Rizoli, Presidente do INDSH – Instituto Nacional de Desenvolvimento Humano e Social; Airton Viriato, gestor do Instituto de Infectologia Emílio Ribas; e os palestrantes Marcelo Pedro e Mara Machado.

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Líderes e Práticas

O professor Wilson Rezende, coordenador acadêmico de cursos do FGV in company, palestrou, no período da tarde, sobre “Governança Corporativa em Saúde: Melhores práticas e processos para gestão responsável e eficaz”. Em seguida, Sandra Franco, Presidente da Academia Brasileira de Direito Médico e da Saúde, falou sobre a Governança Ético-legal. A rodada de palestras se encerrou com Mario Vrandecic, Fundador do Biocor Instituto, que explicou como são as práticas de governança em sua instituição. Logo em seguida, aconteceu a mesa redonda sobre “o impacto da governança corporativa e a clareza de suas responsabilidades” que contou com a participação do Superintendente Corporativo do Hospital Sírio-Libanês, Gonzalo Vecina Neto; do CEO do Grupo São Cristóvão Saúde, Valdir Ventura; do Diretor Superintendente do Hospital Amaral Carvalho de Jaú, Antônio Luis Cesarino de Morais Navarro; e também dos palestrantes Wilson Rezende, Sandra Franco e Mario Vrandecic. O II Fórum Healthcare Business encerrou com um debate sobre “Os resultados e os desafios das parcerias público-privadas na gestão da saúde pública”. Este espaço contou com a participação de Marcus Henrique Wächter, Membro do Conselho Consultivo da Pró-Saúde; Didier Roberto Torres Ribas, Superintendente Hospitalar do Hospital Geral de Itapecerica da Serra e do Hospital Regional de Cotia; Waldomiro Monforte Pazin, Diretor Técnico do HC-USP; e José Carlos Rizoli, do INDSH. 36

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Wilson Rezende

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Sandra Franco

Mario Vrandecic e Gonzalo Vecina Neto


Momentos F贸rum Healthcare Business

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Líderes e Práticas

Premiação Excelência da Saúde reúne as instituições vencedoras da edição de 2015

No mesmo dia do II Fórum Healthcare Business foi realizado, no período da noite, a premiação Excelência da Saúde 2015. No total, foram 39 instituições premiadas em diversas categorias como Governança Corporativa, Empreendedorismo, Hotelaria hospitalar, Arquitetura e Engenharia, entre outras. Os eleitos foram escolhidos pelo Conselho Editorial da vertical de Saúde do Grupo Mídia, composta pelas revistas Healthcare Management, HealthARQ e Health-IT. O Presidente Executivo da ABIMED, Carlos Goulart, participou da premiação. Em seu discurso, Goulart falou da importância da inovação para o setor da saúde e da iniciativa da associação com o Prêmio ABIMED de Inovação Transformacional, que acontecerá em dezembro, durante o evento Líderes da Saúde, também promovido pelo Grupo Mídia. O grande homenageado da noite foi Biocor Instituto. Mario Vrandecic, Fundador e Presidente da instituição, recebeu o troféu de Edmilson Jr. Caparelli, Presidente do Grupo Mídia. “Esta homenagem reflete toda a nossa missão, que é levar o melhor atendimento ao paciente. Com amor e dedicação é possível transformar a saúde brasileira e levar qualidade a todos aqueles que tanto precisam”, disse Vrandecic em seu discurso. 38

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Mario Vrandecic, Presidente e Fundador do Biocor Instituto

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Confira os vídeos do evento no Saúde Online TV http://goo.gl/fudfNI

Ganhadores do Prêmio Excelência da Saúde 2015

Categoria Gestão Laboratorial – Cryopraxis, HCor e HC de São Paulo

Categoria Responsabilidade Socioambiental INDSH, Instituto Emílio Ribas e Grupo São Francisco

Categoria Ensino, Pesquisa e Inovação – GRAACC e Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer

Categoria Melhores Práticas de Incorporação Tecnológica – Hospital Alemão Oswaldo Cruz e Oncoclínicas do Brasil

Categoria Empreendedorismo – Rede Dr. Consulta, Hapvida Sistema de Saúde e Unimed Missões

Categoria Qualidade e Segurança – ICESP, Hospital 9 de Julho e Sepaco

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AACD foi eleita na categoria Gestão Financeira e de Custos

Categoria Gestão de TICs – Hospital Nipo-Brasileiro e Hospital Edmundo Vasconcelos

Categoria Governança Corporativa e Gestão em Saúde – Beneficência Portuguesa de São Paulo e Grupo São Cristóvão

Hospital Américo Brasiliense eleito na categoria Hotelaria Hospitalar

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Health-IT

Uma grande aliada

Solução tecnológica de gestão integrada permite o aumento de controle e conformidade 40

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Um desafio e tanto para as instituições do setor de saúde é ganhar produtividade e assertividade através da automatização da gestão de processos, projetos e normativas da ANS. Esse modelo de trabalho integrado já é uma realidade na capital do Rio Grande do Sul, na Unimed Porto Alegre, que adotou o SoftExpert GRC, sistema para excelência na gestão da governança, riscos e regulamentos. Antes de utilizar essa plataforma, a instituição, que possui mais de 720 mil clientes e mais de 400 pontos de atendimento, enfrentava dificuldades devido à falta de automação e integração da sua gestão. A administração de indicadores era feita a partir de dois sistemas diferentes, o que acarretava em maior trabalho e gasto de tempo na elaboração de planos de ação. Havia dificuldade no controle das atividades definidas nos planos de ação, pois os sistemas não geravam alertas e pendências. A gestão de projetos não ocorria de forma automatizada, à exceção da área de TI, que fazia o controle de seus projetos em sistema específico. Anteriormente, a gestão de processos era feita de forma individualizada dentro das áreas de negócio, sem apoio do sistema para modelagem e publicação dos processos. Ao adotar o SoftExpert GRC, a Unimed Porto Alegre conseguiu integrar todos os processos, indicadores, tratamento de ocorrências, projetos e documentos acessados por mais de 1,5 mil colaboradores da cooperativa. Na avaliação do Superintendente de TI da cooperativa, Antônio Pires, a solução é flexível, gerando autonomia nas parametrizações do sistema e gestão de desempenho, do nível estratégico ao operacional. “A implantação foi rápida e atendeu a todos os quesitos de compatibilidade, preservando os dados migrados dos sistemas utilizados anteriormente”, avaliou Pires. Dessa forma, o sistema possibilitou a cooperativa médica a evoluir nos controles, ganhando maior confiabilidade nos processos. Após sua implantação tornou-se possível a busca de dados em tempo real, o que era impossível realizar de forma manual. Com o SoftExpert GRC foi possível apresentar indicadores categorizados dentro da área de negócio, além de elaborar planos de ação padronizados, acompanhar a implementação destes planos e avaliar a sua eficácia. Desde a implementação do sistema, o acompanhamento dos

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Driblando a instabilidade econômica Mesmo diante da atual retração econômica nacional, a SoftExpert espera fechar 2015 com um crescimento de 20% no mercado nacional e 50% no mercado internacional. Atualmente, com mais de 2 mil clientes e 300 mil usuários ao redor do mundo, a SoftExpert, fundada há 20 anos, lidera o mercado em soluções para a excelência na gestão de saúde. De acordo com o CEO da SoftExpert, Ricardo Lepper, a empresa investe continuamente para oferecer a mais completa e avançada solução para a gestão da excelência, conformidade e qualidade do mercado de saúde. A SoftExpert fornece soluções para todo o setor, incluindo: hospitais, laboratórios, operadoras de planos de saúde, centros ambulatoriais, clínicas, fabricantes de equipamentos médicos, indústria farmacêutica e biotecnologia, etc. “Para ter sucesso neste segmento, essas organizações devem ter sistemas capazes de mantê-las ágeis, produtivas e atualizadas com as constantes mudanças de cenários deste segmento”, destaca.

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Health-IT

indicadores do setor financeiro ficou mais organizado e eficiente, podendo acompanhar as metas com a equipe. A instituição garante ter todos os indicadores desdobrados a partir do mapa estratégico, podendo identificar onde cada indicador contribui para atingir os resultados da cooperativa. Com a solução da SoftExpert, a instituição realiza a gestão dos documentos da área, como POPs (Procedimentos Operacionais Padrão) e confere as atualizações realizadas pelas equipes de trabalho. Atuando de maneira integrada, as ferramentas do software padronizam processos e melhoram a gestão da organização, facilitando a tomada de decisões e a adoção de estratégias mais adequadas às rotinas. O SoftExpert GRC agregou diversos benefícios à Unimed Porto Alegre, principalmente, para as lideranças, que atualmente conseguem monitorar a performance dos seus times e processos da área, em um único local. Com esses bons resultados alcançados na gestão da governança, a cooperativa continuará aprimorando os seus processos, e para isso pretende implementar o uso do SoftExpert GRC também na gestão e identificação de riscos. H

Ricardo Lepper, CEO da SoftExpert 42

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SOLUÇÕES VANTAJOSAS Com as soluções SoftExpert é possível: · Gerenciar o desempenho corporativo do nível estratégico ao nível operacional · Aumentar a conformidade normativa · Reduzir os custos operacionais · Melhorar a eficiência operacional · Compartilhar instantaneamente as informações de desempenho e qualidade em toda a empresa · Padronizar e simplificar processos · Garantir a conformidade com padrões e regulamentos · Garantir a comunicação corporativa através de portais, alertas e notificações · Identificar, analisar, avaliar, monitorar e gerenciar riscos automatizando processos de monitoramento de segurança e identificação de níveis de alerta · Monitorar relatórios de não conformidades no processo de gestão da qualidade para as investigações e ações corretivas O SoftExpert GRC é composto por: SE Action Plan (gestão de planos de ação), SE Audit (gestão de auditorias), SE BI (Business Inteligence), SE Document (gerenciamento de documentos corporativos), SE Forms (gestão de formulários), SE Incident (gestão de incidentes), SE Performance (gerenciamento de desempenho), SE Problem Manager (gestão de problemas), SE Process (modelagem de análise e processode negócios), SE Project (gestão de processos e serviços), SE Risk (gestão de riscos e controles), SE Time Control (controle de atividades), SE Workflow (automação de processos e gestão).

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Líderes e Práticas | Dossiê

Mudanças a caminho

“Peço o apoio de todos os que militam na saúde. Convido a se sentarem comigo à mesa da saúde todos os que durante esses 27 anos de SUS contribuíram na construção da maior política pública brasileira. A todos o meu respeito e o meu compromisso de que a saúde pública se faz com diálogo, compartilhamento, diretrizes claras e determinação.” Essas foram algumas palavras do novo Ministro da Saúde, Marcelo Castro, em seu discurso de posse. O novo chefe da pasta realmente precisará de muito diálogo com toda a comunidade, pois este setor tem muito a falar. Indústria, setor privado e público, e, principalmente, os cidadãos esperam por urgentes soluções diante do caos que se encontra o setor. No Dossiê desta edição, ouvimos especialistas, professores, gestores e outros líderes sobre o que eles esperam do novo ministro e como a Saúde deve resgatar seu importante valor social e econômico, ao invés de interesses políticos.

O que esperar?............................................................45 O calcanhar de Aquiles..............................................48 Gargalos na Gestão....................................................52 44

A busca de um equilíbrio..........................................54

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O que esperar? As incertezas e as inseguranças com a troca de chefes do Ministério da Saúde

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Em outubro, o Ministro da Saúde, Marcelo Castro, do PMDB-PI, assumiu a pasta substituindo Arthur Chioro, ligado ao PT e que esteve à frente do Ministério desde março de 2014. Essa troca fez parte de um ajuste político, cujo objetivo era garantir as forças que sustentam a coalizão de partidos que governam o país. Conforme líderes do setor, não há elementos ou informações que permitam prever como será a atuação do novo ministro, uma vez que não há registros de experiências anteriores dele em gestão no setor. A troca de líderes foi alvo de muitas críticas, afinal a Saúde é uma das vertentes mais importantes do governo que se tornou alvo de barganha política, em detrimento ao seu valor social. A professora em Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz, Ligia Bahia, é uma das vozes que não concordam com essa troca de chefes. “Na maioria das vezes, o critério usado não é o de designação de quem vai resolver os problemas e sim daquele que pode segurar a coalizão governamental, como foi neste caso”, afirma.

Para Fábio Gondim, Secretário da Saúde do Distrito Federal, toda troca de comando termina por provocar certa desaceleração no andamento de processos e projetos. “Isso prejudica todo o planejamento. Por outro lado, quem chega apresenta uma nova visão e muda prioridades, traz uma oxigenação, o que é sempre bom.”

Essa postura do Governo deixa o setor extremamente preocupado, uma vez que a escolha do ministro é baseada em razões políticas, ao invés de eleger uma pessoa que poderia ter um trabalho mais efetivo”, Paulo Henrique Fraccaro, Superintendente da ABIMO

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O Superintendente da Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos e Odontológicos (ABIMO), Paulo Henrique Fraccaro, também discorda da manobra de Dilma Rousseff. “Essa postura do Governo deixa o setor extremamente preocupado, uma vez que a escolha do ministro é baseada em razões políticas, ao invés de eleger uma pessoa que poderia ter um trabalho mais efetivo”, salienta. Fracaro salienta que o setor cobra por mudanças surpreendentemente positivas que venham a ocorrer com essa nova escolha. “Um lado posi-

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tivo que estamos percebendo é que em algumas secretarias estão sendo indicadas pessoas com sólidos conhecimentos. Isso demonstra que o ministro planeja dar mais efetividade às suas ações, mas é muito difícil acertar o que irá acontecer.” Embora a escolha por Castro tenha tido um caráter meramente político, o Presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para Saúde (ABIMED), Carlos Goulart, diz que a entidade tem a expectativa de que o novo Ministro olhe para os problemas da Saúde, ouça os clamores da sociedade e coloque as necessidades da área em primeiro plano. “Um dos principais problemas que precisará ser endereçado é o financiamento da Saúde”, analisa. Nessa mesma linha de pensamento, o Presidente da Associação Nacional de Hospitais Privados (ANAHP), Francisco Balestrin, diz que a crise político-econômica vivida pelo país é uma realidade que tem impactado em todos os setores da economia de maneira bastante negativa. “O próprio Governo não se entende e esta mudança no ministério foi mais uma manobra para acalmar os ânimos na esfera política.” 46

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Assumo o desafio de, junto com todos, melhorar o nível de saúde da população brasileira. Vim para me unir a vocês nessa missão! Marcelo Castro, novo Ministro da Saúde

Balestrin acredita que o sistema brasileiro de saúde é fragmentado, falta gestão e governança e os recursos são escassos. “Para este momento crítico em que o país passa nos deparamos ainda com a redução de recursos por conta do reajuste fiscal”, afirma ao dizer que essa será uma das pedras no caminho de Castro.

Histórico profissional

Marcelo Castro é doutor em Psiquiatria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e formado em Medicina pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), em 1974. Na política, Castro foi três vezes deputado estadual e como deputado federal está em seu quinto mandato.

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O calcanhar de Aquiles

A solução para o subfinanciamento pede urgência

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No começo do ano, a saúde sofreu drásticos cortes em seu orçamento. O Ex-ministro Artur Chioro chegou a afirmar que a saúde está perto de um colapso. Por causa dos cortes no orçamento da União, o setor público foi um dos grandes prejudicados em 2016. Com um novo cálculo orçamentário aprovado na Câmara dos Deputados, o sistema perderá mais de R$ 2 bilhões no próximo ano, conforme estimativa do Ministério Público de Contas do Estado de São Paulo. A redução do budget do Ministério da Saúde refletirá diretamente nos recursos destinados a Estados e municípios. “Existe um cenário econômico não muito positivo, o que acaba gerando um orçamento menor. Quando ocorre a distribuição destes recursos pelas pastas, inevitavelmente a Saúde acaba recebendo menos dinheiro. Temos que conviver com essa realidade”, analisa o Professor Marcelo Pedroso, Coordenador do Núcleo de Estudos Estratégicos no Setor de Saúde (FEA-USP). Diante deste complexo cenário, o atual Ministro da Saúde tem sido alvo de diversas críticas por defender a volta da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). A proposta de Castro é que os recursos arrecadados, seja por meio da antiga CPMF ou através de um novo tributo, sejam direcionados ao que ele chamou de seguridade social, com uma parcela destinada para saúde, ao contrário do governo, que defende a aplicação do dinheiro apenas para a Previdência Social. No que tange a previsão de recursos para a pasta neste ano, o ministro disse que, apesar das grandes dificuldades enfrentadas pelo país, tudo será equa-

Com os cortes no setor, frustram-se as expectativas futuras de incorporação de novos medicamentos e tecnologias. O aumento nos valores repassados a Estados, municípios e hospitais filantrópicos também são prejudicados. Dirceu Barbano, Ex-presidente da Anvisa

cionado. “O momento que estamos vivendo não é apropriado para uma luta exitosa no sentido de conseguir mais recursos, por causa das dificuldades e dos cortes que estão acontecendo em todas as áreas. Se conseguíssemos manter o Ministério da Saúde sem cortes, já seria uma grande vitória”, afirmou o Ministro. “Temos um investimento na ordem de 9 a 10% do PIB. Esses dados são muito próximos aos de países

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com bons sistemas de saúde, como Espanha, Japão e Canadá. No entanto, no Brasil a saúde pública fica com a menor parcela dos recursos”, ressalta Pedroso. Para o professor, o montante destinado à Saúde é próximo da média de países com bom sistema. Contudo, no Brasil, cerca de 55% do volume financeiro destinado ao setor são alocados para a saúde privada, e menos da metade é para o setor público.

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Existe um cenário econômico não muito positivo, o que acaba gerando um orçamento menor. Quando ocorre a distribuição destes recursos pelas pastas, inevitavelmente a Saúde acaba recebendo menos dinheiro. Temos que conviver com essa realidade. Marcelo Pedroso, Coordenador do Núcleo de Estudos Estratégicos no Setor de Saúde (FEA-USP)

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“Não acredito que o caminho adequado seja o sistema de impostos que inclui a CPMF. Não concordo com essa contribuição porque a nossa carga tributária total do país já é elevada”, opina. Quem também compartilha essa mesma opinião é o Ex-presidente da Anvisa, Dirceu Barbano, ao acreditar que o financiamento do sistema deverá ser o foco central nos próximos meses da gestão de Marcelo Castro. “A defesa da recriação da CPMF é insuficiente, o que levará o novo ministro a ter de enfrentar a discussão sobre a renúncia fiscal gerada com o abatimento dos gastos com saúde no imposto de renda e o efetivo ressarcimento ao SUS dos atendimentos prestados aos portadores de planos de saúde”, afirma Barbano. Michele Caputo, Secretário de Saúde do Estado do Paraná, considera inadmissível que uma área prioritária como a saúde tenha cortes em um orçamento que já não é suficiente para a demanda do país. “Sou contra novos impostos e acredito que o Governo Federal deva dar à saúde a verdadeira prioridade que a área me-

rece, com um orçamento digno, que possa cumprir o estabelecido em portarias ministeriais.” Já Pedro Elias de Souza, Secretário da Saúde do Estado do Amazonas, pede mais atenção na distribuição dos recursos. “Na região Norte, o que esperamos do novo ministro é que tenha sensibilidade para priorizar e resolver a questão da desigualdade na distribuição de verbas para alta e média complexidade. Nossa região recebe muito abaixo da média nacional e é preciso corrigir essa distorção.” O Secretário de Saúde do Estado do Pernambuco, José Iran Júnior, considera que a discussão sobre o grave quadro de falta de recursos é fundamental e latente para que se possa garantir a sobrevivência do próprio SUS. “Que o novo ministro consiga garantir a ampliação dos serviços de saúde para a nossa população. Nosso desejo é que as mudanças no Ministério não afetem a atuação do órgão, que deve estar acima dos interesses dos partidos políticos, sempre pensando no SUS como uma política do Estado brasileiro”, afirma.

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Gargalos na Gestão

Modernizar a administração pública é o primeiro passo

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Mesmo diante dos inúmeros impasses do setor, muitos esperam que Castro tenha sensibilidade e sabedoria para a escolha da sua equipe e, assim, possa continuar o avanço da consolidação do SUS e o aprimoramento do Sistema Nacional de Saúde por completo. A recente pesquisa do Conselho Federal de Medicina (CMF) aponta que 54% dos brasileiros consideram ruim ou péssimo os serviços do SUS. Esse índice reflete o quanto a Saúde ainda precisa de melhorias para a população. Segundo especialistas do setor, a questão da infraestrutura na saúde é ainda mais preocupante quando se considera a elevada expectativa de vida do brasileiro, o que acarreta em uma maior demanda pelos serviços nos próximos anos. Na análise da professora em Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz, Ligia Bahia, o principal problema que o novo ministro deverá solucionar será as doenças crônicas. “Um Ministro da Saúde no Brasil tem o dever de reduzir doenças e mortes evitáveis por meio da organização do conhecimento e tecnologias preventivas e terapêuticas existentes. É obrigação de qualquer chefe desta pasta reduzir o fos-

A principal dificuldade é a não priorização da saúde. Só se fala em saúde em época de eleição e depois a agenda é tomada quase que exclusivamente por temas econômicos. O Brasil não tem um planejamento voltado à saúde para o presente e futuro. Ligia Bahia, Professora Fundação Oswaldo Cruz

so entre os indicadores econômicos e os de saúde, buscar solucionar os problemas deste setor do país que, mesmo em plena crise, ainda é uma das maiores economias mundiais”, sugere. Segundo Ligia, mesmo em período turbulento da economia é possível modernizar a

Nenhuma política pública será realizada de forma estruturada se não houver planejamento competente. Proponho um esforço entre o Poder Executivo e Legislativo para unidos oferecerem um planejamento fundado em estudos, realidades e evidências sociais.” Marcelo Castro, Ministro da Saúde

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gestão de saúde. “Temos que dar um ‘choque de saúde pública’ no SUS, definir responsabilidades, adotar formas modernas e criativas de comunicação com a população e sobretudo reverter radicalmente o mal atendimento e má qualidade dos cuidados à saúde.” Pedroso também concorda que a busca de maior eficiência na gestão é o caminho a ser percorrido. “No Brasil, os desperdícios variam de 30 a 40%. Neste caso, qualquer melhoria por eficiência administrativa traria mais resultados do que propriamente um aumento direto de impostos, por exemplo.”

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A busca de um equilíbrio Público e privado de mãos juntas

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No discurso de posse, o Ministro Marcelo Castro disse que tem como propósito o aperfeiçoamento das relações público-privada, exercendo o Poder Público o seu papel de regulador, fiscalizador e controlador do setor privado, não devendo ser permitido que o Governo atue como complementar do privado em uma inversão de papéis. Mesmo sabendo que este será um dos desafios de Marcelo Castro, a Confederação Nacional de Saúde (CNS) cobra que o novo gestor faça um trabalho melhor do que seus anteriores. “Esperamos isso não apenas pelo valor político que a pasta da Saúde carrega, mas, principalmente, pelos valores sociais e econômicos. As pesquisas mostram que a população não está satisfeita com o serviço público. É importante que a pasta busque o diálogo, procurando unir o setor, mas sempre tendo ao interesse público como prioridade”, afirma o Presidente CNS, Renato Merolli. Na análise de Merolli, será preciso também que o novo ministro esteja atento às reivindicações do setor privado. Isso porque os elevados custos da saúde impactam em toda cadeia, o que acaba colocando em risco a sustentabilidade de todas as instituições, além de impedir preços mais acessíveis à população. “Nm momento em que o Governo fala sobre a necessidade de se elevar a carga tributária, parece difícil imaginar que o ministro da Saúde vá abraçar as reinvindicações do setor privado, porém esta é uma necessidade. Os custos limitam os investimentos, impedem a criação de mais leitos, a renovação do parque tecnológico, a ampliação da capacidade e atendimento, entre outras

questões”, declara o líder da confederação. Merolli ainda diz que a ANS precisa atuar de forma mais firme para que haja equilíbrio nesse relacionamento entre operadoras e clientes. “Há casos de planos de saúde que descumprem as resoluções normativas da agência e o que está determinado nos contratos com os prestadores. Ao que tudo indica, isso só vai mudar se o Ministério cobrar uma postura mais rigorosa da ANS.” Na opinião do Diretor Presidente do Hospital Mater Dei, Henrique Salvador, os problemas no Ministério da Saúde são mais estruturais e menos conjunturais. “Existe uma questão clara de subfinanciamento, principalmente, no setor público. Há ainda uma grande defasagem em relação à remuneração dos servidores, sem contar a grande dificuldade de acesso das pessoas aos hospitais. De primeiro momento, o novo ministro precisa organizar todo o sistema”, acrescenta. Salvador enfatiza que quando o setor público funciona bem, o privado é beneficiado. “Na verdade, o sistema é um só, ou seja, são complementares”, conclui.

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Um ponto que agradou muito no discurso de posse do ministro foi ele ter feito referência ao papel de parcerias público-privadas. Essa é uma questão que o país ainda pode e precisa avançar, principalmente na saúde. Renato Merolli, Presidente CNS

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Líderes e Práticas | Dossiê Propostas do novo ministro Durante o seu discurso de posse, o novo ministro Marcelo Castro citou os temas que julga relevantes para a consolidação do SUS a serem implantados sob a sua direção. “O que proponho abaixo somente poderá ser realidade se todos nós nos unirmos no sonhar, pensar e agir”, afirmou. Confira as promessas feitas para o setor.

• FINANCIAMENTO DA SAÚDE “Encontrar solução para o subfinanciamento da saúde, uma vez que o SUS é a maior politica pública de inclusão social. Ao lado de Estado e sociedade, discutir abertamente os custos da saúde e as formas de sua melhoria, tanto no combate aos desperdícios, como no aumento de suas receitas. Instituir a contribuição permanente para a Seguridade Social, a CPMF, de forma a tornar a saúde segura em seu financiamento e a garantir aos municípios e Estados metade do que a União arrecadar na partilha desses recursos.”

• GESTÃO DO SUS “Implantar em todas as regiões o COAP (Contrato Organizativo da Ação Pública da Saúde) um instrumento para compartilhar as responsabilidades públicas.”

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• PÚBLICO E PRIVADO NA SAÚDE “Aperfeiçoar as relações público-privada, exercendo o Poder Público o seu papel de regulador, fiscalizador e controlador do setor privado, não permitindo que o Poder Público atue como complementar do privado em uma inversão de papéis. Além disso, o Ministério visa aumentar a clareza nas relações, na segurança jurídica e nos contratos.”

• GESTÃO PARTICIPATIVA “Estabelecer um trabalho conjunto dos servidores do Ministério da Saúde com os secretários estaduais, municipais e os conselhos de saúde, em um verdadeira gestão democrática e participativa. Ouvir todos: conselhos de saúde, movimentos sociais, especialistas, entidades, academia, gestores públicos; e de maneira responsável e racional tomar as decisões que cabem exclusivamente ao gestor público responsável perante a sociedade e Governo pelos atos que praticar.” H

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Artigo | Nubia

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Privacidade das informações na área de Saúde – como lidar no mundo digital?

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ão se pode negar os inúmeros benefícios que a incorporação de novas tecnologias de informação traz àqueles que delas são usuários. Rapidez e facilidade na comunicação, acesso e “democratização” da informação. Não há dúvida que a forma como as pessoas se inter-relacionam está mudando. Se fala na “internet das coisas”. Vejamos alguns números de como podemos interpretar este conceito: • Segundo dados do IBGE, o país atingiu a marca de 86,7 milhões de habitantes conectados, ou seja, mais de 50% da população brasileira; • Segundo a empresa de marketing pessoal “We are Social”1, no Brasil: Usuários ativos de internet somam o número de 110 milhões de habitantes, ou 54% de uma população projetada de 204 milhões; Este mesmo estudo mostra que 276 milhões de habitantes possuem conexão através de dispositivos móveis – 1,35 aparelhos por habitante; O tempo gasto com alguma mídia social, através de qualquer dispositivo (seja PC, taO percentual da população que comprou algum produto online, usando PC ou tablet foi de 36% e usando smartphone foi de 15%; • Segundo o The Guardian2 (bem como outros sites em janeiro de 2015), o aplicativo

• Segundo pesquisa da PwC, pesquisa realizada com médicos americanos mostra que aplicativos para dispositivos móveis para o segmento de Saúde irão se tornar parte da rotina de cuidados nos próximos 5 anos3; Este mesmo estudo explora a visão do ponto de vista do consumidor final (no caso o pacien-

http://www.vrsys.com.br/blog/15-tecnologia/75-relatorio-digital-social-e-mobile-2015 http://www.theguardian.com/technology/2015/jan/07/whatsapp-growth-700m-users-facebook 3 HRI Consumer Survey, PwC - 2014 2

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Especialista de TI para Saúde

WhatsApp atingiu a incrível marca de 700 milhões de usuários enviando 30 bilhões de mensagens por dia. Isto significa uma média de 347.000 mensagens sendo enviadas por segundo, diariamente; • Segundo a União Internacional de Telecomunicações (UIT), o uso da internet passou de 6,5% para 43% na população global, de 2000 para 2015; • Segundo a mesma organização, o acesso de internet nos domicílios saiu de 10%, em 2005, para 46% em 2015. Dentro do contexto de Saúde, alguns números mostram como esta realidade está mudando: • Segundo estudo da Information Week, algumas razões do porquê profissionais médicos utilizariam dispositivos móveis: Acesso aos dados paciente; Comunicação com outros prestadores de saúde; Acesso a ferramentas de suporte a decisão e/ou BI; Comunicação com os pacientes.

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Nubia Viana

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te), questionando-os o que é mais importante – segurança dos dados ou conveniência, de acordo com o tipo de dado de saúde: • Mais de 65%, em média, responderam que a preocupação com segurança dos dados é mais importante do que conveniência de acesso e compartilhamento nos contextos de resultados de exames e de imagens médicas, diagnóstico e dados clínicos e Informações sobre a prescrição; • Por outro lado, dados como hábitos de dieta e resultado de exercícios mostra que somente 32% estão mais preocupados com a segurança dos dados; • Nos últimos 5 anos, houve um aumento no desejo dos usuários acessarem seus dados através de dispositivos móveis; Com o crescimento da internet e melhorias de acesso no setor de telecomunicações, soluções baseadas em tecnologias que promovam fácil acesso e compartilhamento das informações abrem um novo caminho e uma nova forma de prestar cuidados: • Mas de 100.000 aplicativos para Saúde estão disponíveis nas lojas do iTunes e Google Play, segundo estudo do Research2guidance4; • Órgãos como HealthIT, ligado ao governo americano, disponibilizam um “FAQ (Frequently Asked Questions) voltado para a utilização de soluções de Saúde para dispositivos móveis5; • Soluções baseadas em dispositivos móveis trarão maior acesso, com redução de custos, por um lado e, por outro lado, a visão inovadora na prestação de cuidados irá direcionar reformas regulatórias; • Bases tecnológicas e conceitos “maduros”: o prontuário eletrônico do paciente já é não mais visto como tendência, mas sim necessidade; • Personalização: volume de dados con4 5

solidados podem oferecer conhecimento importante para o avanço de modelos preditivos, participativos e preventivos dos cuidados, trazendo para o paciente uma visão “mais personalizada” do seu tratamento; Então, por que não falarmos “A internet dos cuidados em qualquer lugar”? Para algumas pessoas, essa visão não traz nenhum desconforto. Liberar acesso as suas informações (sejam elas de Saúde ou não) traz a promessa de serviços e atenção individualizados e a mesma não se sente violada, seja do ponto de vista da privacidade dos seus dados, seja do ponto de vista de confidencialidade. Porém, a inquietude sempre existirá para uma parcela da população. Como equilibrar o trinômio: privacidade, benefícios e riscos? A privacidade das informações dos pacientes está garantida, seja do ponto de vista moral (Juramento de Hipócrates, Declaração Universal dos Direitos do Homem ou Declaração de Genebra), seja do ponto de vista legal (Constituição Federal, Código Penal, Códigos de Ética Profissional, Resolução CFM 1.359/92). Talvez a maior preocupação não seja exatamente na garantia da privacidade, mas sim da confidencialidade da mesma. Vale a pena refletir: Quantos profissionais possuem acesso ao histórico clínico do paciente em um hospital? Considerando uma média de permanência de 4 dias pelo menos o médico, enfermagem (técnico e enfermeiro em 3 turnos), nutricionista, farmacêutico, assistente administrativo, faturamento, auditor: 9 diferentes profissionais em 4 dias = 36 diferentes profissionais. Este número deve ser maior em hospitais de médio e grande porte. Quando falamos na mídia papel, estes controles são quase impossíveis de se realizar através de uma auditoria de acesso. Ferramen-

hhttp://research2guidance.com/ https://www.healthit.gov/providers-professionals/frequently-asked-questions/537#id214

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Artigo | Nubia

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tas de qualidade, tais como os processos de acreditação e certificação possuem capítulos específicos para segurança da informação. Obviamente, em organizações não digitais, estes controles serão muito mais onerosos para atingir o grau de excelência esperado por essas ferramentas. Benefício do mundo digital. Os processos de certificação de soluções de tecnologia da informação (TI) para atender os diferentes segmentos do mercado trazem estes pré-requisitos mínimos necessários para garantia tanto da privacidade como de confidencialidade das informações nelas armazenadas. A iniciativa nacional é gerenciada pela Sociedade Brasileira de Informática em Saúde – SBIS6. Existem iniciativas internacionais com o mesmo propósito7. Falando da “internet dos cuidados em qualquer lugar”, não podemos deixar de falar em Big Data. Não resta dúvidas dos inúmeros benefícios que volumes de dados da magnitude que se fala no conceito de Big Data, combinado com conceitos dos modelos preditivos para área de Saúde, podem trazer seja para a esfera pública como privada. Seja do ponto de vista epidemiológico (tendências de comportamentos populacionais frente a determinadas doenças e melhor adequação de serviços de saúde e tratamento bem como programas de prevenção e promoção), seja do ponto de vista econômico (melhor dimensionamento da rede de assistência, com visão de longo prazo, suportando melhor processos orçamentários, evitando alocação indevida de investimentos a médio e longo prazo), seja do ponto de vista de qualidade (melhorar acessibilidade, busca de serviços com melhor resolutividade, adoção e monitoramento de protocolos e diretrizes de tratamento, monitoramento e adequação das incorporações de novas tecnologias). O mais importante da lista de benefícios é que a grande maioria deles podem ser tangí6 7

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veis. E os riscos? Como vencer os desafios de que a informação está “segura”? Como garantir que os dados estão aderentes à alguma política de segurança? Como definir padrões de conformidade que não sejam engessados e suportam acesso as informações de saúde da população? Como acompanhar a inovação tecnológica? Como adequar reformas regulatórias a um avanço tão rápido e continuo? O fato é: os dados já estão sendo armazenados de forma eletrônica (ainda não 100%, mas a adoção acelerada de ferramentas de prontuário eletrônico mostra esta evolução bem como o número de aplicações hoje disponíveis para este mercado) e, em teoria, estas perguntas já deviam ter respostas. Então por que ainda estamos nos questionando? Pelo simples fato que a preocupação é extramuros das organizações de Saúde (sejam hospitais, serviços de pronto atendimento, Homecare, consultórios médicos, entre outras). Se fala do paciente passar a ser o gestor da sua informação e consolidar seu histórico, independente da sua origem. Se fala de novos “fiéis depositários” da sua informação – armazenamento em nuvem (ou o que vier no futuro). Fica para reflexão: os mecanismos hoje existentes relacionados com as questões de privacidade e confidencialidade da informação (seja sob a ótica legal, ética e de processos de qualidade) não são por si só suficientes? Será que o que falta não é uma maior transparência por parte dos diversos atores do segmento de Saúde em mostrar e disponibilizar para aquele que é o elo catalizador de todo processo acesso as estas informações para sua tomada de decisão com relação a consentir acesso? Será que não há necessidade de uma política clara, objetiva e factível (com definição de padrões) de tornar as informações disponíveis, considerando os mecanismos já hoje existentes como critérios de qualificação? H

http://www.theguardian.com/technology/2015/jan/07/whatsapp-growth-700m-users-facebook https://www.healthit.gov/policy-researchers-implementers/authorized-testing-and-certifications-bodies

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Mercado

Fotos: ABIMO

Inovação na Saúde e no Comércio Exterior

4º CIMES discute caminhos para aumentar a competitividade da indústria nacional

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O 4º CIMES (Congresso de Inovação em Materiais e Equipamentos para a Saúde), evento promovido pela ABIMO, reuniu indústria, academia e governo para debater sobre a inovação e a tecnologia no setor. Na abertura do evento, Franco Pallamolla, Presidente da ABIMO, ressaltou a necessidade de aumentar a competitividade da indústria nacional, sobretudo com mais exportações e investimentos em inovação. A conjuntura econômica atual também foi discutida entre empresários e representantes do setor. “Sabemos as agruras que estamos passando em nosso país, com preços em queda, margens reduzidas e custos elevando-se diariamente, além HEALTHCARE Management 38

de inadimplência. E, sobretudo, estamos perdendo as importantes conquistas obtidas nos últimos anos, como a desoneração sobre a folha de pagamentos e o uso do benefício da Lei do Bem. É um ano triste para um setor que vem investindo, acreditando e fazendo a sua parte, inclusive na balança comercial”,disse em seu discurso.

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Fotos: ABIMO

Mercado Representando a Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), o Diretor de negócios, André Fávero, disse que a agência é uma importante aliada dos empresários no sentido de ampliar as exportações de produtos brasileiros: “No Brasil, é natural que as empresas exportadoras sejam as que mais inovam. Precisamos estimulá-las a exportar continuamente, não somente quando o dólar está em alta, ou quando o mercado interno está desaquecido.” Representando a ABDI (Associação Brasileira de Desenvolvimento da Indústria), Valdênio Araújo lembrou que o foco da entidade é fomentar a inovação e a tecnologia nas empresas brasileiras, sobretudo para fazê-las competir com mais força internacionalmente. “Precisamos ter em mente que, embora tenhamos questões de infraestrutura, energia e telecomunicação para melhorar, se quisermos equiparar nosso nível de competitividade com empresas do exterior, o que fará a diferença será o conhecimento da área, e vamos necessitar desse conhecimento para fazer a inovação e a diferença. Inovação e tecnologia são onde aplicaremos esforços, pois existe limitação financeira, e temos que escolher quais produtos vamos aproveitar. Comércio exterior é o foco, mas o mercado interno e a evolução incremental de tecnologia existem para manter esse modelo competitivo”, afirmou. Também esteve presente Pedro Ivo Ramalho, adjunto de diretor da Anvisa (Agência Nacional de Vigilân-


Foto: ABIMO

cia Sanitária). Ele lembrou a necessidade de fortalecer o setor como um todo, propiciando maior agilidade na regulação. “A Anvisa tem a perspectiva do ponto de vista do setor de produtos de saúde de fortalecer as relações com entidades da área. Além disso, há iniciativa de fortalecer o setor como um todo, participando fortemente das atividades que envolvem o complexo industrial da saúde. Nosso processo de gestão interno para equipamentos de saúde hoje tem cumprido seus prazos de análises de processos e registros, apontando para o próximo período um esforço em boas práticas para que possamos ter um ambiente regulatório mais previsível, estável e produtivo por parte das empresas.” Eduardo Jorge, representante do Ministério da Saúde, ressaltou que o assunto inovação é recente e recorrente no país, mas que a cultura de inovar ainda não está intrínseca na cabeça do brasileiro. “Inovar, debater como inovar e como melhorar a cadeia produtiva pode novamente promover o desenvolvimento desse setor que é tão importante, que movimenta 10% do PIB. Fóruns como este são muito importantes para que o governo identifique onde deve melhorar.”

Ruy Baumer, Presidente do Sinaemo Por fim, o presidente do Sinaemo (Sindicato da Indústria de Artigos e Equipamentos Odontológicos, Médicos e Hospitalares do Estado de São Paulo) e coordenador titular do BioBrasil/Fiesp (Comitê da Cadeia Produtiva da Bioindústria/Saúde e Biotecnologia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Ruy Baumer, fez coro à necessidade de maior participação das empresas brasileiras fora do país, tendo a premissa da inovação como fundamento para fomentar as exportações. “Temos que ser inovadores para competir não somente no Brasil, mas também no exterior. Devemos levar em consideração que o setor de produtos médicos, ao contrário do farmacêutico, por exemplo, é muito pequeno, com a exceção da odontologia e, portanto, nosso foco deve ser o mercado internacional, como vários países menores já fazem: criam os seus produtos e os desenvolvem buscando o mercado internacional.” Baumer também criticou a queda das medidas de fomento à indústria da saúde e a falta de diálogo com o setor. “Além de todas as medidas anunciadas anteriormente terem sido canceladas, as taxas regulatórias diretamente ligadas à inovação aumentaram 200%, sem qualquer estudo de impacto, tanto em grandes como em pequenos negócios.” H

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Health-IT

Tecnologia no combate ao câncer

Este futuro está mais próximo do que você imagina

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“Se Google e Facebook são capazes de oferecer informações exatas do que queremos ver, se a Amazon recomenda o livro certo para você, por que não podemos ter essa mesma filtragem de dados na Saúde? ” Assim começou a entrevista com Carlos Bustamante, Professor da Escola de Medicina da Universidade de Stanford e co-fundador e diretor do Center for Computational, Evolutionary and Human Genomics (CEHG) de Stanford, à Healthcare Management. Em seu time também está Euan A. Ashley, professor da Universidade de Stanford. “Estamos vivendo um momento muito especial. Hoje, podemos identificar genes relacionados ao câncer por um preço acessível e ter mais de seis bilhões de dados genéticos de uma determinada pessoa. Além disso, há informações oriundas de smartphones e wearables do paciente que também são muito importantes.” É neste contexto que se destaca a importância da tecnologia do Big Data na medicina personalizada, que se torna indispensável no avanço de soluções para a cura não apenas do câncer, mas de outras doenças.

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A HCM e o Saúde Online foram a Palo Alto (EUA) participar do SAP Personalized Medicine Symposium. Confira entrevistas exclusivas com os speakers no Saúde Online TV http://goo.gl/c6iAr0

“Não basta ter os dados, mas sim saber usá-los e como armazená-los. Temos diversos caminhos para caracterizar pacientes conforme sexo, idade, peso, país de origem. Usar adequadamente esse grande número de informações é o caminho para oferecer uma maior qualidade na saúde”, ressalta Bustamante. Trata-se de uma customização no tratamento ao paciente que, através da descrição de uma informação genética, torna-se possível diagnosticar e tratar o paciente conforme suas necessidades. No caso do câncer, por exemplo, cada tumor tem suas próprias alterações genéticas e compreender tais mudanças permite novas estratégias de tratamento adequadas a cada paciente. Apostando neste futuro, a alemã SAP, empresa de software empresarial e serviços relacionados, vem investindo fortemente no campo da medicina personalizada. Em parceria com a ASCO (American Society of Clinical Oncology), a empresa vem desenvolvendo a plataforma CancerLinq. O objetivo é criar relatórios inteligentes para determinados nichos, colhendo informações como idade, tipos genômicos específicos, problemas de saúde, entre outros. “Há inúmeros debates sobre Big Data e como isso está tomando conta dos negócios. Claro que a Saúde também caminha por esta tendência. Há muita informação sobre pacientes oriundas desde laboratórios a diagnósticos por imagem, patologia, e tudo isso são dados que precisamos pensar e analisar de que forma eles podem melhorar a saúde e os estudos na medicina”, salienta Peter Paul Yu, oncologista e presidente da ASCO. Questionado sobre esses avanços no Brasil, Peter afirma que o país possui um grande potencial para caminhar por este campo da tecnologia. “Visitei grandes hospitais como o Sírio-Libanês e percebi que essas instituições

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Se Google e Facebook são capazes de oferecer informações exatas do que queremos ver, se a Amazon recomenda o livro certo para você, por que não podemos ter essa mesma filtragem de dados na Saúde? Carlos Bustamante, Professor da Escola de Medicina da Universidade de Stanford

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Health-IT

estão liderando o uso da tecnologia em sistemas de informação na Saúde. Há uma tendência global a fim de descobrir como é possível usar dados em massa e aprender com eles, obter uma melhoria na Saúde e, paralelamente, reduzir os custos.” Isso possibilitará ao médico uma tomada de decisão mais assertiva, uma vez que o paciente é analisado conforme suas necessidades. Ao contrário do exercício tradicional da medicina, haverá a busca por uma reposta para cada paciente, e não para a doença que é tratada de forma igual para todos. “Estamos vivendo em uma era de convergências. Temos smartphones, wearables, sensores muitos sofisticados que podem praticamente coletar dados de todo o seu corpo. É como se fosse um check-in por completo. Se tivermos em mãos todos esses dados que estão sendo coletados eles poderão personalizar as decisões médicas. A SAP pode analisar todos esses dados de forma integrada, sejam eles clínicos, de wearables, genômico”, explica Dinesh Vandayar, VP de Medicina Personalizada da SAP. Vandayar ressalta ainda a ausência de compartilhamento de informações entre universidades, hospitais, governo e outros agentes da cadeia. “São atores extremamente importantes para a qualidade da Saúde e que precisam de dados para melhorar o tratamento ao paciente.” A medicina personalizada também colocará o paciente no controle. “Não teremos mais pacientes e sim consumidores. O valor fala mais alto que o volume. Isso significa que teremos que ter mais agilidade e precisão para obter tais dados”, explica David Delaney, CMO da SAP. “Neste contexto temos que preparar a próxima geração de profissionais. Compartilhar dados médicos será a peça-chave para grandes inovações”, ressalta Bill McDermott, CEO da SAP. H 68

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Não teremos mais pacientes e sim consumidores. O valor fala mais alto que o volume. Isso significa que teremos que ter mais agilidade e precisão para obter tais dados, David Delaney, CMO da SAP

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Artigo | Franco

Pallamolla

Franco Pallamolla

Encontro pela Inovação

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ó temos a agradecer às quase 200 pessoas que durante dois dias conviveram conosco no 4º CIMES (Congresso em Inovação de Materiais e Equipamentos para a Saúde), discutindo assuntos importantes relativos ao nosso setor que nos permitiram definir uma pré-agenda sobre esse importante tema que é a inovação. Ao longo desse período, debatemos sobre vários assuntos. Começamos pela demonstração inequívoca da capacidade que a indústria nacional tem de inovar. Trouxemos os últimos vencedores do Prêmio Inova Saúde, promovido pela ABIMO. Mostramos, não apenas com palavras, mas com produtos já em comercialização, que a nossa indústria é capaz. Tivemos também a manifestação clara de que o Brasil possui e reúne competência científica. As nossas academias são um manancial de competências. Nelas ocorre uma grande geração de conhecimento. Há ainda, porém, divergências que separam esses dois elos da corrente da inovação e que precisam ser dissolvidas. Isso é possível! Diversas experiências de encontros em todo o Brasil entre universidades e institutos de ciência e tecnologia já apresentam resultados positivos. Então, o que nós precisamos é encontrar, cada vez mais, mecanismos para essas junções. Todavia, não há fórmula única. Não há uma única regra a ser seguida pela academia, ou pelo ICT, tampouco pelas empresas. Mas há

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um elemento comum, e falo aqui também como empresário, que há mais de dez anos vem construindo essas relações. Esse elemento comum é o ser humano. Não há interação que não passe pelo ser humano. Por isso, é fundamental encontrar pessoas vocacionadas para a inovação tanto nas empresas quanto nas universidades. Se você perguntar para qualquer uma das empresas inovadoras desse país qual é o segredo do sucesso nas áreas de desenvolvimento de novos produtos, tenho absoluta convicção de que elas responderão ser a persistência dos atores envolvidos no processo, embora as lógicas possam até ser distintas. A empresa

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Presidente da Abimo - Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios

precisa de resposta imediata e a deseja, diferentemente do tempo acadêmico. E por isso é necessária a convivência harmoniosa entre esses dois atores. É o resultado dessa convivência que gera a inovação. Uma realidade absolutamente viável e factível. Nos dois dias de CIMES, demonstramos também que o Brasil tem demanda. Seja ela pública – com seu viés explorado em bastante profundidade na questão da atenção básica –, seja ela privada – identificando claramente que tecnologias de média densidade já têm espaço e capacidade de desenvolvimento local. Há ainda o gargalo relativo à necessidade de aproximação entre o usuário [mé-


dico e outros profissionais de hospitais e clínicas] e a empresa, bem como com o centro de desenvolvimento. Essa é uma lacuna importante que pudemos perceber em nossas discussões e que, ao alcançarmos esse patamar de interação, daremos mais celeridade aos processos de inovação. Trouxemos também à discussão o guarda-chuva da política industrial, que está sendo repensada no Brasil. Ela trará o eixo da competitividade e da produtividade como diretriz básica nessa transversalidade de todos os setores. Essa política também aborda a exportação. Assim sendo, não posso deixar de citar aqui a excelente parceria que a ABIMO tem com a Apex-Brasil há 14 anos no seu projeto de fomento à internacionalização de nossas empresas, o Brazilian Health Devices. Quando nos reunimos com órgãos públicos e privados para tocar nesse tema, sinto-me orgulhoso pela capacidade que nossa indústria tem. Recordo-me de que, no ano passado, em um evento que contava com a presença do empresário Jorge Gerdau, apresentamos a modelagem que havíamos imaginado para o setor privado dessa construção de política industrial. Isso mostra que nós não esperamos que algo nascesse do governo. Não ficamos parados aguardando que o governo nos desse respostas. Nós preferimos colocar os problemas na mesa, levar propostas. Juntos buscarmos soluções. E, apesar de ainda termos uma grande agenda e um grande desafio pela frente, já fomos exitosos em algumas delas. Por fim, não posso deixar de abordar

a demanda da regulação e do financiamento. Assim como “financiamento”, esse tema era a atração principal de toda e qualquer reunião. Hoje, os órgãos reguladores passam como convidados, contribuindo com suas apresentações. Há alguns anos, esses eram um dos mais preocupantes itens de qualquer congresso ou evento na área da saúde. Hoje, podemos dizer que, apesar de pequena, essa política de fomento é ousada e dá a cada dia novos passos em direção às melhorias. Colocamos frente

Diversas experiências de encontros em todo o Brasil entre universidades e institutos de ciência e tecnologia já apresentam resultados positivos. Então, o que nós precisamos é encontrar, cada vez mais, mecanismos para essas junções.”

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a frente BNDES, Finep, Embrapii, DesenvolveSP e Anvisa. É absolutamente normal, em qualquer país com uma agência reguladora forte e atuante, certo tensionamento com o setor regulado, já que as lógicas do Estado e dos órgãos privados também são distintas. Isso faz parte do processo. Mas nós não podemos deixar de reconhecer o grande avanço em nossa relação com a Anvisa, essa agência que também nos agrega valor ao colocar em nossos produtos seu selo de garantia de qualidade, eficácia e segurança. Postos todos esses elementos, concluo que a inovação é uma pedra que precisa ser lapidada. Um trabalho que pode até levar muito tempo. E vai levar. Mas cabe a nós, durante esse processo, descobrimos se teremos um pedregulho ou um diamante no final. A indústria nacional, por sua vez, acredita que tem toda a capacidade de buscar esse diamante. H

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Especial São Cristóvão Saúde

Publieditorial

Atendimento humanizado para toda a família


Especial São Cristóvão Saúde

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Fachada do Centro Ambulatorial Américo Ventura 3 - Unidade Pré-natal

Crescendo por você e para você


Recepção - Unidade Pré-natal

U

m bom pré-natal é o segredo para uma gravidez mais tranquila e um parto sem maiores complicações. Por isso, foi desenvolvida, recentemente, uma nova unidade, a Unidade de Pré-natal, no Centro Ambulatorial Américo Ventura 3, localizado no Mooca Plaza Shopping. Um espaço moderno, em um local diferenciado, com um ambiente direcionado somente às gestantes, com consultórios médicos, sala de cardiotocografia, e equipe especialmente treinada. No Centro Ambulatorial Américo Ventura 2 foi desenvolvida a Clínica de Vacinação, que possui todo tipo de vacinação, especialmente para as mães,

recém-nascidos e crianças. Conta com vacinas do calendário vacinal básico, além daquelas diferenciadas, que permitem menos picadas por terem vacinas associadas, e vacinas com menos reações adversas. No Centro Ambulatorial Américo Ventura 2 ainda encontra-se o Ambulatório de Pediatria, com pediatras altamente capacitados para o acompanhamento do desenvolvimento do recém-nascido e criança, e/ou tratamento de doenças. Apresenta-se em um andar desenvolvido com temática e estrutura infantil, recepção com brinquedoteca e consultórios acolhedores.


Publieditorial

Especial São Cristóvão Saúde Oferecemos ainda um diferencial no agendamento da primeira consulta pediátrica do recém-nascido, no tempo indicado, já realizado à alta do Hospital e Maternidade São Cristóvão após o parto nesse estabelecimento. O São Cristóvão Saúde desenvolveu toda uma linha de cuidado mamãe-bebê. Um atendimento integral e qualificado, com toda estrutura necessária. Iniciando na gravidez com a unidade Berçário de pré-natal, passando pela assistência materno-neonatal do parto, até o acompanhamento ambulatorial do desenvolvimento da criança, e todo apoio das unidades pediátricas quando necessário. Complementando com as vacinações das mães, recém-nascidos e crianças, prevenção extremamente importante. E o Curso Preparatório para Gestantes e Pais, visando um maior conhecimento para os novos pais, trazendo mais segurança e tranquilidade nessa fase. Apartamento-master A Maternidade no Hospital e Maternidade São Cristóvão possui toda estrutura para uma assistência de qualidade, e segurança no atendimento e na identificação da grávida e seu filho. Dispõe de leitos de enfermaria e apartamento, além de oferecer um tipo diferenciado de acomodação para quem desejar algo mais especial, a acomodação master. Estimulamos o Alojamento Conjunto, pelo seu enorme benefício para a mãe e, principalmente, para o recém-nascido. O Centro Obstétrico tem área específica na própria sala de parto para que a primeira assistência ao bebê seja realizada ao lado da sua mãe. Fachada Centro Ambulatorial Américo Ventura 2

Sala de Vacinação


O Berçário normal permite a visualização do bebê logo após o nascimento, sem que ele fique exposto a riscos. O Berçário Patológico e a UTI Neonatal são bem equipados com aparelhos modernos e toda uma equipe neonatal gabaritada. Esse conjunto de setores, a Unidade Materno-Neonatal, tem se destacado pelos seus bons resultados, confirmando nosso grau de excelência. Em casos de emergência/urgência, o Pronto Atendimento Obstétrico oferece o suporte necessário, com ambiente recentemente reformado, acolhimento pela enfermagem, atendimento médico pelo plantonista, exames complementares, sala ampla de medicação/observação/cardiotocografia. Sua entrada é diferenciada do Pronto Socorro geral, sempre visando a maior segurança da paciente.

Pronto Atendimento Centro Obstétrico

Sala de Medicação / Observação - Centro Obstétrico

Todo esse bloco materno-neonatal encontra-se em um mesmo andar do hospital, totalmente interligado, trazendo maior conforto e segurança aos usuários. Para as crianças que necessitem de um atendimento de urgência/emergência, o São Cristóvão Saúde oferece o Pronto Socorro Infantil no Hospital e Maternidade São Cristóvão. Apresenta entrada diferenciada, área de recreação na recepção, banheiros infantis com fraldário (além de ducha e banheiras), pré-atendimento pela enfermagem, atendimento médico com equipe multiprofissional, sala de inalação, sala de procedimentos, sala de emergência, observação/medicação/isolamento. Salas de Observação - Pronto-Socorro Infantil

Recepção / Brinquedoteca - Pronto-Socorro Infantil


Publieditorial

Especial São Cristóvão Saúde Uma ala totalmente nova foi desenvolvida no hospital, onde todo andar foi cuidadosamente planejado e criado para o atendimento pediátrico de internação. A Unidade de Internação Pediátrica possui leitos de enfermaria e apartamento, disponibilizando ainda a acomodação VIP para quem desejar um diferencial. Tem iluminação especial e luz vigia, cantos arredondados e muita cor, monitoramento de segurança e de assistência.

Apartamento 5º Andar

Corredor UTI Infantil

UTI Neonatal

Dispõe de espaço para recreação e atividades lúdicas. A UTI Pediátrica e UTI Neonatal dessa ala apresentam leitos bem equipados, painel de monitoramento central de todos os pacientes, sendo os leitos isolados entre si e com espaço para o acompanhante. Todo andar é temático e uma equipe multiprofissional de especialistas é totalmente voltada à ala pediátrica.

Serviço: Hospital e Maternidade São Cristóvão Rua Américo Ventura, 123 CEP 03128-020 Mooca São Paulo SP Tel.: [11] 2029-7222 / Site: www.saocristovao.com.br



Artigo Evaristo

Araújo Evaristo Araújo

O nefasto aumento das taxas da ANVISA

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uito já se falou da inconstitucionalidade e do abuso praticado pela Portaria Interministerial nº 701/15 dos Ministérios da Saúde e da Fazenda, aumentando em até 195% as taxas de vigilância sanitária. Para “legitimar” o aumento via norma infra legal, adotou-se o discurso que se trata de atualização. A nota técnica nº 85/2015, disponibilizada pela ANVISA, dispõe que a alteração das taxas é referente à correção pelo IPCA do período compreendido desde a edição da Lei nº 9.782/1999 até junho de 2015. O aumento nas taxas de fiscalização, válido desde o dia 9 de setembro, foi publicado uma semana antes, no dia 2 de setembro e, dentre alguns abusivos reajustes podem ser citados os ocorridos na categoria de medicamentos de referência, cujo tributo passou de R$ 80 mil para R$ 234 mil e o da inspeção internacional para CBPF de R$ 37 mil para R$ 108 mil, afetando a entrada de tratamentos inovadores no país. Pesa ainda contra a ANVISA o fato de que não há contrapartida entre a taxa cobrada e o serviço prestado pela agência, que mesmo tendo aperfeiçoado processos ainda padece de muitos problemas que impactam diretamente a atividade do setor, gerando defasagem entre o que se cobra e o que se oferece ao regulado. Não bastasse isso, com esse aumento o governo agrava ainda mais a crise na saúde, visto que o orçamento de 2015 já sofreu cortes de R$ 13,4 bilhões, ou 12%. A volúpia do governo em buscar recursos atropelou pilares constitucionais pátrios que são as garantias do Estado Democrático de

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Diretor-administrativo da Abec Saúde (Associação Brasileira das Empresas Certificadas em Saúde)

Direito como o Princípio da Legalidade, da Segurança Jurídica, da Anterioridade, da Moralidade, da Proporcionalidade e do Não Confisco. Em recente audiência pública da comissão mista da Câmara dos Deputados e do Senado Federal que discutiu a Medida Provisória (MP) 685/2015, a indústria farmacêutica expôs de maneira clara e objetiva o dano que tal aumento pode causar ao setor. A indústria trabalha essencialmente com orçamentos previamente definidos para pesquisa e desenvolvimento, testes, certificações, registros, etc. Um produto regulado, podendo ser medicamento, produto para a saúde, ou alimento, chega ao mercado após 3 a 5 anos. Uma mudança desta posta sem qualquer debate impacta diretamente na atividade industrial, sendo provável e iminente a interrupção de projetos de inovação, sendo lícito pensar em demissões e até desabastecimento. Não há como enquadrar no orçamento de qualquer empresa um aumento de 195% em sua atividade essencial, praticado na calada da noite. É necessário imediato pronunciamento do Poder Judiciário acerca das ações que já estão em trâmite contra o descalabro praticado pela Portaria nº 701/15, revendo a forma como se deu esse aumento, tanto do ponto de vista instrumental, feito de forma arbitrária violando a lei brasileira, bem como estabelecendo um padrão economicamente viável como, por exemplo, postergando a aplicação de reajuste para o próximo exercício fiscal, de modo a permitir que as empresas se planejem adequadamente. H

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Ideias e TendĂŞncias

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Nova era do empreendedorismo HEALTHCARE Management 38

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Startups da saúde surgem no mundo dos negócios como alternativa para superar a atual crise Eis o momento de intensa prosperidade para as tão faladas startups. Diante de uma economia em recessão, essas pequenas empresas são cada vez mais desejadas por quem um dia sonha empreender. De acordo com o relatório apresentado pela Fundacity Investments, 77% das aceleradoras têm interesse em investir em empresas em estágio inicial na cadeia da saúde. Neste setor, as startups se destacam por criarem plataformas de gestão de prontuários, programas digitais para o acompanhamento de pacientes com doenças crônicas e também soluções de monitoramento do bem-estar dos funcionários. Devido as dezenas de vantagens, investir em uma startup tem sido uma opção interessante para médicos, profissionais de saúde e também empresários, que buscam, em algumas situações, ampliação dos seus negócios ou ainda alianças estratégicas de mercado. As startups movimentam, no mundo, bilhões de dólares na comunidade da saúde. Importante parcela das inovações dos últimos anos originou-se de startups que, por sua vez, passaram a se constituir em importante foco das estratégias de fusão e aquisição das grandes empresas. O sucesso destas microempresas tem se relacionado com o direcionamento do conhecimento cientifico às soluções tecnológicas, neste caso, para os problemas de saúde. No exterior, é possível afirmar que a área de saúde digital está cada vez mais consolidada no radar dos investidores. Pesquisa da consultoria Accenture aponta que o financiamento em startups do setor deverá quase dobrar nos Estados Unidos, passando de US$ 3,5 bilhões em 2014 para US$ 6,5 bilhões em 2017. Com esses investimentos em tecnologia, o setor de saúde tende a ser inundado por uma nova onda de Apps, Wearables e informações através de BigData que irão trazer mais qualidade de vida a toda população e possibilitarão reduzir os custos para provedores de saúde como hospitais e planos. HEALTHCARE Management 38

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Ideias e Tendências

Laís Silveira Costa, Segunda Líder do Grupo de Pesquisa em Inovação em Saúde (GIS) da Fiocruz,, destaca que o setor possui alta complexidade tecnológica – que demanda elevados investimentos em atividades de P&P (pesquisa e desenvolvimento). “O modelo de empresas startup é uma alternativa que vem sendo utilizada com sucesso por empreendedores em países que estão na vanguarda do conhecimento e no topo da escala da competitividade global”, afirma. O Gestor do Instituto de Ensino e Pesquisa na Área da Saúde (Iepas), Marcelo Gratão, também compartilha a mesma ideia e afirma que as startups representam inovação e oxigênio para a indústria do setor. “Há muitas ideias excelentes que não eram colocadas em prática por falta de investimento, completa. Em relação as startups que oferecem estruturas de autoatendimento de baixo custo baseadas em web e mobile para atender grande parte da população, Gratão diz que este nicho está perfeitamente alinhado com as expectativas de um mercado cada vez mais exigente e conectado, que necessita de facilidade e agilidade para buscar um serviço ou comprar um produto. “As pessoas estão, a cada dia, com menos tempo para se deslocar, assim, as startups que estão em funcionamento com este perfil crescem muito. Temos alguns exemplos práticos no mercado brasileiro como aplicativos para gerenciamento da saúde e agendamento de consulta ou exames”, reforça Gratão após dizer que as estruturas desenvolvidas para smartphones tem tido sucesso ainda maior.

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O fortalecimento de um novo grupo de empresas cuja característica seja justamente o desenvolvimento das atividades de P&D em saúde teria impactos favoráveis para a política do setor.”

Laís Silveira Costa, Segunda Líder do Grupo de Pesquisa em Inovação em Saúde (GIS) da Fiocruz

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Upgrade nacional Levantamento da Associação Brasileira de Startups (ABStartups) mostra que o Estado de São Paulo concentra o maior número de startups do País, com 28% dos empreendimentos, percentual três vezes maior comparado a Minas Gerais, o segundo colocado. Os diferenciais de São Paulo estão nas universidades e nos polos científicos e tecnológicos. O Estado ultrapassou a marca de 1.000 startups cadastradas no banco de dados da ABStartups. Esse crescimento das startups no Brasil depende de alguns condicionantes para que sua estratégia possa contribuir de fato para a competitividade nacional da base produtiva da saúde e atender às demandas da população. Gratão avalia que as aceleradoras já contribuem significativamente com o avanço da saúde no país porque estão solucionando as deficiências dos sistemas informatizados, conectividade, armazenamento de informações e imagens médicas. “Alguns programas de gerenciamento de doenças crônicas e monitoramento de pacientes em sistema de homecare foram desenvolvidos por startups, demonstrando assim que são empresas portadoras de ideias inovadoras, muitas vezes anos à frente dos sistemas disponíveis no mercado.” Laís avalia a chegada das startups no Brasil como uma estratégia de fortalecimento das atividades de pesquisa e desenvolvimento no setor. “Elas podem ajudar a construir uma relação que, historicamente, esteve ausente ou fragilizada entre as instituições de ensino e pesquisa e as organizações produtivas. Facilitando essa aproximação, poderá propiciar o aumento da nossa capacidade de gerar, usar e difundir inovação em saúde.” A integrante do GIS da Fiocruz comenta que o apoio às startups deve ser fortalecido com o intuito de aumentar a capacidade de inovar, qualificando o Brasil a produzir os insumos de HEALTHCARE Management 38

Há muitas ideias excelentes que não eram colocadas em prática por falta de investimento. As startups representam inovação e oxigênio para a indústria do setor da saúde.”

Marcelo Gratão, Gestor do Instituto de Ensino e Pesquisa na Área da Saúde (Iepas)

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Ideias e Tendências saúde de forma autônoma, e visando desenvolver uma plataforma de pesquisa condizente com as características de saúde e doença da população. “Além disso, note-se que é uma estratégia com potencial de exercer relevante impacto sobre a saúde dado que, uma vez bem sucedida, pode aproximar o país do status de soberania, de viabilidade das políticas de saúde atualmente fragilizadas em função da dependência tecnológica”, acrescenta. Guilherme Junqueira, Gerente Executivo da ABStartups, afirma que a principal barreira para toda startup no Brasil é a cultura. “Ainda não possuímos uma cultura de empreendedorismo e inovação na prática. No caso da área da saúde não é diferente, o que dificulta o acesso à informação e entrada no mercado, tanto na área pública quanto privada.” Junqueira acredita que o principal apoio que as startups necessitam são governamentais. “Tendo em vista as deficiências da saúde pública e o volume de pessoas atendidas diariamente, as startups podem ser uma opção muito assertiva para a melhora do atendimento à população”, salienta.

Suporte O Diretor de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Finep, Elias Ramos de Souza, afirma que a financiadora vai lançar ainda neste semestre, um programa inovador de apoio as startups através de recursos financeiros que podem ser de até R$ 1 milhão. “Aquelas empresas que derem certo a Finep vai converter este apoio financeiro em participação acionária”, afirma. O Governo de São Paulo também iniciou um projeto junto a ABStartups, chamado Pitch Gov SP, para desenvolver um relacionamento junto das startups e uma das linhas do projeto é a área da saúde. A ideia é que o governo aposte em soluções de base tecnológica para a melhoria do atendimento.

“Tendo em vista as deficiências da saúde pública e o volume de pessoas atendidas diariamente, as startups podem ser uma opção muito assertiva para a melhora do atendimento à população” Guilherme Junqueira, Gerente Executivo da ABStartups

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Empreendedorismo em meio à crise O cenário econômico atual do país não é o mais favorável comparado ao que vivenciamos nos últimos anos, mas boas ideias sempre encontrarão investidor disposto a apostar no negócio. As startups aparecem neste turbulento momento econômico como uma solução para alavancar os negócios. Essas aceleradoras possuem business plan, pesquisa de mercado no segmento em que atuarão, assim, oferecendo uma ampla visão do negócio, bem como segurança para o investidor. “A cadeia da Saúde tem sido um excelente segmento para a atuação das startups. Este setor no Brasil oferece muitas oportunidades, diferentemente de outros segmentos já saturados” afirma Gratão. Laís, do GIS do Fiocruz, analisa que as startups podem impactar o desenvolvimento de nossa economia como um todo, dado que a saúde articula tecnologias portadoras de futuro, relaciona-

das à inserção competitiva internacional, motivo pelo qual o fortalecimento de sua base produtiva tem ganhado, nas últimas décadas, posição de destaque nas políticas de desenvolvimento, tanto nos países emergentes quanto dos mais desenvolvidos. Particularmente em período de crise, Laís aconselha aos gestores concentrar os esforços para que iniciativas como a adoção de parcerias com as startups sejam sinérgicas, dado que o setor é muito amplo e demanda tecnologias diversas. “No geral, avalio que houve significativos avanços nos últimos anos, quanto ao trabalho destas aceleradoras, e a institucionalização da importância deste segmento, inclusive a partir da criação de órgãos governamentais especializados em diversos ministérios, contribuirá para o sucesso desta nova vertente.”

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Ideias e Tendências

Em constante ascensão Uma das aceleradoras brasileiras que vem ganhando evidência neste pulsante mercado tecnológico é a startup Doctor Found. Com menos de um ano de criação, a empresa oferece uma solução para os profissionais da saúde que não querem investir tempo e dinheiro para ter um site próprio. A plataforma proporciona cadastros grátis e pagos, de acordo com a demanda de informação do profissional. A Doctor Found pode ser considerada como um Marketplace para profissionais do segmento (médicos, dentistas, nutricionistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e psicólogos). A plataforma visa alavancar os profissionais nos buscadores (Google, Yahoo, Ask e Bing) e oferecer ao público um canal de transparência e avaliação sobre os profissionais, julgando não apenas o indivíduo como o estabelecimento e tempo de espera. Atualmente, a startup conta com mais de 100 mil profissionais cadastrados. O que levou a empresa a enfrentar o seu primeiro desafio: desenvolver uma

plataforma mais robusta com capacidade para suportar ainda mais profissionais. “Nosso objetivo é dobrar esse número até o final de 2016”, afirma João Farret, CEO da empresa. Para as instituições do segmento (clínicas, hospitais e indústrias) a Doctor Found é um canal de baixo custo e alto impacto. Através da criação de conteúdo e geração de tráfego orgânico, a solução consegue expor os profissionais certos para as pessoas certas. “Dessa maneira os profissionais ganham mais com os novos clientes, e as empresas faturam mais com o aumento de consultas e procedimentos”, ressalta Farret. Entre os maiores desafios que

27,3%

É a média percentual das consultas que possuem alguma interação online, seja sobre o profissional ou clínica, antes do agendamento

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a Doctor Found enfrenta para desenvolver soluções para o setor da saúde é a falta de apoio do governo e bancos. A empresa só pretende abrir capital para investidores no final de 2016, quando fechar seu primeiro ano de faturamento. Mesmo com essa barreira governamental e das instituições financeiras, a startup conta com capital para fazer elevados investimentos em divulgação no ano que vem e firmar sua chegada aos brasileiros. De acordo com Farret, a startup inicialmente foi pensada para suprir a necessidade de profissionais que querem estar na web gastando pouco. “Claro que um site pessoal otimizado para a sua região é uma excelente ferramenta, porém não impede que o Doctor Found ajude a alavancar a sua página pessoal informando-a em seu perfil no site, assim gerando Page e Domain Authority ainda maior”, destaca. Farret diz que o site também oferece conteúdo sobre saúde, escrito por profissionais de maneira simples e com foco no público. Os títulos são escolhidos de acordo com estudos de SEO (técnica para indexar páginas em buscadores), onde são identificadas oportunidades com alto volume de pesquisas mensais e baixa concorrência pela primeira posição. Em outubro deste ano, a Doctor Found lançou a nova versão e iniciou o desenvolvimento do aplicativo móvel, que estará disponível em novembro no sistema iOS e Android. H

Na saúde existe muito espaço para novas empresas, tecnologias e inovações. Digo isso por estudar o mercado diariamente e o que mais percebo é a falta de qualidade e excelência na atuação das empresas. Falta uma visão empreendedora para os profissionais, saber gerir sua carreira e principalmente sua imagem profissional”.

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João Farret, CEO da Doctor Found

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Artigo | Avi

Zins

Avi Zins Head of Healthcare Segment da Neoris do Brasil.

Medicina Personalizada Avanços para o futuro da medicina

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ara onde vai a medicina no futuro? Quais serão as ferramentas de diagnóstico e terapia que irão revolucionar o mundo? As respostas para estas perguntas estão segundo muitos especialistas baseadas na medicina personalizada. Citando Hipócrates – “É mais importante saber que pessoa tem a doença, do que a doença exata da pessoa”. O conceito de medicina personalizada é a adaptação do tratamento médico às características, necessidades e preferências individuais dos pacientes. Outra definição que eu particularmente gosto muito é da American Medical Association que diz que a medicina personalizada são os cuidados de saúde baseados na informação genética, clínica e ambiental única de cada indivíduo. Outra definição interessante é a de prover o tratamento adequado ao paciente correto com a dosagem exata no tempo exigido pela União Europeia. A ideia de medicina personalizada não é nova. Há tempos se verifica que pessoas com sintomas semelhantes podem ter diferentes doenças e causas. Nesse mesmo contexto, alguns tratamentos podem ter resultado em um grupo de pacientes e não ter resultado em outros. Porém o sequenciamento do DNA descoberto na virada do século 21 vem trazer uma variável nova e extremamente importante

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que é o do genoma humano. Com isso, todo um conjunto de análises genéticas que servem tanto a pesquisa de novos medicamentos pela indústria farmacêutica e biogenética, quanto de medicina regenerativa e de próteses e órteses artificiais. Em muitos casos essas próteses são criadas em impressoras 3D baseadas exclusivamente na característica única do paciente, bem como de tratamentos específicos para pessoas com determinados tipos de genes (Ex.: câncer de colo de útero seroso). Esse conjunto de análises genéticas também serve como quimioterapias e radioterapias mais eficientes. Neste caso, há um volume de possíveis curas de enfermidades e de epidemias que podem ser conquistados no momento que a análise genética passa a fazer parte das informações que os médicos hoje possuem de dados clínicos e ambientais, conforme citado anteriormente. Fora isso, fica claro que algumas doenças, como o câncer, podem ter direta relação com a especificidade do paciente. Portanto a cura para o câncer pode, e se acredita estar intrinsecamente ligado ao tratamento personalizado do paciente. Várias drogas já foram aprovadas pela FDA para tratamento de câncer e outras doenças segundo grupos especificados de pacientes, e este é um movimento sem volta. A medicina personalizada também pode ser chamada de medicina de precisão, onde praticamente podemos transformar a medi-

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cina em uma “ciência exata”. Desta forma, o foco acaba sendo o de aliar as características fisiológicas e anatômicas de cada indivíduo às suas características genéticas. A partir disso e com a ajuda de poder computacional e de imagens médicas é possível conseguir ter um foco específico no tratamento do indivíduo. Entra também neste contexto, a medicina baseada em evidência, que traz dados e informações de situações equivalentes com pacientes de características iguais que permitem estratificar uma população, por exemplo, por possuir um gene específico. Doenças que tem foco em genes defeituosos, como a fibrose cística ou “doença do beijo salgado” que causa várias complicações nos pulmões e endocrinológicas no indivíduo, podem eventualmente receber um tratamento novo. Um novo produto chamado Kalydeco foi produzido e aprovado pela FDA, baseado na pesquisa genética para atender a este tipo de pacientes. O advento da possibilidade computacional de segmentação do genoma humano e a capacidade diagnóstica genética dão o caminho e a direção para isso. No entanto, sem integrar o prontuário médico eletrônico, imagens médicas e outras importantes

informações do indivíduo. O avanço dos hospitais na implementação de prontuários eletrônicos e na automação dos seus processos hospitalares é vital para que a aplicação desta nova tecnologia efetivamente gere resultados. A partir daí, são utilizadas ferramentas poderosas de computação que incluem banco de dados em memória e analíticas de Big Data. Enfim, devemos lembrar que um DNA completo tem 3.2 bilhões de pares e análises computacionais tradicionais com esta imensidão de dados exigiria dias de trabalho, enquanto com ferramentas de Big Data podem levar apenas alguns minutos e segundos até em tempo real. Já existem, hoje, ferramentas (Ex. SAP Genomic Analyzer e SAP Medical Research Insight usando o poder computacional do SAP Hana) que permitem a análise do genoma tanto para um conjunto de pacientes com um gene específico ou até que permitam individualizar a análise para a terapia e diagnóstico dos mesmos ou até ferramentas que permitem a pesquisa para o desenvolvimento de tratamentos ou de drogas específicas para grupos distintos de pacientes com as mesmas características genéticas. H


Sensibilidade e respeito ao paciente

Mario Vrandecic, Fundador do Biocor Instituto, fala sobre sua paixĂŁo pela SaĂşde 92

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Foto: Casagrande fotos e imagens

Perfil


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á 30 anos, o Biocor Instituto iniciou sua trajetória com um grupo de médicos experientes e especializados reunidos e liderados por Mario Vrandecic, gestor que está em Perfil nesta edição. A instituição foi a grande homenageada durante a premiação do Excelência da Saúde 2015, promovido pelo Grupo Mídia no mês de setembro. Em seu discurso, Vrandecic afirmou a importância do acolhimento ao paciente e como essa prática permeia toda a missão do Instituto. À Healthcare Management, Vrandecic fala sobre o que mais lhe inspira a atuar com carinho e paixão: “o olhar de cada paciente renova minhas energias”.

Ser médico é ...

Atuar pensando no próximo, sempre com ética e dedicação. É ser agente de melhorias e poder gerar confiança aos pacientes, familiares e a toda a comunidade científica. Foi assim que, no final da década de 1970, após a minha especialização nos Estados Unidos, voltei ao Brasil, com foco na inovação, pesquisa, desenvolvimento, produção e uso de produtos cardiovasculares, o que permitiu um salto na cirurgia cardíaca em Belo Horizonte. Com o fruto de minhas pesquisas foi possível a realização de um grande sonho: a construção e início das atividades do Hospital Biocor.

ca que me traz grande realização. Não há nenhuma recompensa melhor que um sorriso, um abraço de cada vez que tenho a grata oportunidade de contribuir para a assistência de um paciente. O dia a dia é o que marca e forma um bom médico.

Doze anos nos EUA, incluindo pós-graduação em diferentes ramos da cirurgia e passagens por Henry Ford Hospital, Cleveland Clinic e Boston Children’s Hospital me ajudou a...

Criar uma visão mais profunda e global da assistência, além da importância da pesquisa e do aprimoramento científico constante, isto é, educação continuada. Com os meus mestres aprendi, entre outras coisas, a ouvir melhor o paciente, a interagir com ele no momento do exame, a ler melhor os exames. A confiança e a adesão do paciente ao tratamento são alguns dos diferenciais que levam aos bons resultados.

Perseguir o desenvolvimento científico e estimular a conquista de patentes...

Fiel aos meus princípios e valores éticos e profissionais. O olhar de cada paciente renova minhas energias e reafirma a relação de confiança médico-paciente. Esse diálogo me possibilita colher a impressão do nosso paciente e seus familiares. Isso facilita a comunicação e minimiza os riscos, além de prezar pelo bem-estar das pessoas. É uma sensação fantásti-

Trouxe um legado extremamente positivo, além de projeção internacional junto aos Centros de Referência dos Estados Unidos e Europa. Tenho a satisfação de levar o nome do nosso país através do reconhecimento internacional das mais de 16 patentes minhas aprovadas pelo FDA norte americano, produtos produzidos aqui e em uso nos Estados Unidos, artigos científicos e modelos de sucesso em gestão hospitalar, entre outros. É sempre importante associar o nosso país a uma área tão especializada como a inovação científica e o desenvolvimento de produtos pioneiros como os substitutos valvares.

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Visitar, todos os dias, cada paciente do hospital me faz sentir...

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Perfil Trabalhar como médico em zonas de conflito, entre elas a Guerra do Vietnã, me ensinou...

A valorizar a paz. Foi uma grande experiência de vida em todos os sentidos, contribuindo para a formação de princípios e valores importantes, como o planejamento, o trabalho por metas, o foco em bem-estar social, apenas para citar alguns. Profissionalmente, destaco o aprendizado na medicina de urgências.

Além da estrutura moderna, da tecnologia de ponta, da gestão profissional e da equipe competente, o Biocor se diferencia pela...

Sensibilidade no acolhimento e respeito aos pacientes. Essa prática de acolhimento agrega bem-estar ao doente e aos seus familiares, além de realização profissional a toda a equipe assistencial. O nosso diferencial é a assistência avançada e completa, inseparável de uma atenção carinhosa e sempre presente, o que garante ao Biocor Instituto, em seus quase 30 anos de existência, um nível de aprovação raro de 99,7% dos pacientes e familiares satisfeitos com o atendimento da instituição.

Os grandes ídolos que me inspiram são... Meus filhos, netos, a minha esposa e os meus pais

Meus livros favoritos são...

A Bíblia, sempre na minha cabeceira, e A Vida e a Obra de Leonardo da Vinci, mestre que inspira muito o profissional médico. O Segredo também é muito interessante pelo aspecto positivo, abrindo a mente para a melhoria contínua. Além deste, outra obra complementar com foco em inovação é o “Gerenciamento Empresarial na Visão de Eliyahu M. Goldratt”. H

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Qualidade

O Biocor Instituto reúne 40 especialidades médicas e tem convênios com mais de 70 operadoras de planos de assistência à saúde, seguradoras e empresas de autogestão. A instituição possui certificação pela ISO 9002 e ONA Nível III de Excelência. Em 2008, integrou as certificações ISO 9001 e 14001, bem como OHSAS 18001, conquistando a certificação americana National Integrated Accreditation for Healthcare Organizations – NIAHO, em 2009. Desde 2010, o Biocor obtém a Certificação de Conformidade Legal, além da conquista da certificação da gestão de riscos (31000) e conformidade a ISO 27.001 (segurança da informação) e ISO 50001 (eficiência energética), entre outras acreditações e prêmios nacionais e internacionais.

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PONTO

FINAL

Moeda de troca política

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Detentor do maior orçamento federal e do maior sistema público de saúde do mundo, o Ministério da Saúde tornou-se a grande novidade da barganha política do Governo Dilma Rousseff (PT) nesta crise atual. A pasta, que nos últimos anos tem sido gerida pelo PT por ser considerada estratégica para as políticas sociais, foi parar nas mãos do aliado PMDB em troca de um apoio político que permita alguma governabilidade a presidente. A entrega do maior orçamento federal para os peemedebistas é visto por muitos como uma mera estratégia para acalmar os ânimos da oposição, favorável ao impeachment da chefe do executivo. Neste contexto, diversas entidades do setor consideram inaceitável que o SUS seja usado como objeto de barganha política, por ser a maior e mais importante política pública em curso no Brasil. Como diz o documento divulgado pela Mesa Diretora do Conselho Nacional de Saúde, em tese, trata-se de um patrimônio e uma conquista de décadas de luta do povo brasileiro. Algumas entidades chegaram a divulgar que repudiam veementemente que a gestão do Ministério seja exercida por grupos e gestores que nunca demonstraram compromisso efetivo com o SUS único, universal e que, ao contrário, compõe as forças cada vez mais hegemônicas da mercantilização do setor. Paralelo a isso, o que mais preocupa são as estimativas das próprias lideranças do setor. Muitos gestores acreditam que o atendimento público de saúde pode entrar em colapso no próximo ano, por falta de dinheiro. Isso porque o Projeto da Lei Orçamentária da forma como foi enviado ao Congresso, os recursos para pagar despesas hospitalares, ambulância e atendimentos médicos chegariam ao fim em setembro de 2016, deixando três meses descobertos. O orçamento de 2016 mostra a necessidade de se lastrear R$ 9 bilhões para média e alta complexidade, equivalente a 10% do orçamento reservado para a pasta. O desafio diante dessas incertezas é que as empresas estão sem apoio para poder acelerar. Elas estão caminhando sozinhas.

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O setor terá que aprender a sobreviver sem as poucas vantagens de antes. Existe um risco de que uma parte da conta que vai vir será paga por nós. Isso vai aumentar o nosso custo. Além da queda de mercado. Agora, mais do que nunca, é tempo de inovar. Temos que inovar o processo e não só o produto. H

Efeitos na saúde suplementar

A crise político-econômica fez muitos brasileiros a abrirem mão de muita coisa. O mercado de planos médico-hospitalares recuou 0,4% no primeiro semestre de 2015 em comparação com o mesmo período do ano passado. São quase 200 mil usuários a menos, conforme a Associação Brasileira de Medicina de Grupo (ABRAMBE), que representa empresas privadas de assistência à saúde.

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HCM

Eventos 2015 / 2016 Dezembro Evento: 18º Congresso UNIDAS - Cenários Atuais da Saúde e Novos Rumos para o Setor Local: Royal Palm Plaza Resort - Campinas (SP)

Data: 1 de dezembro Informações: www.unidas.org.br/18congresso/ Evento: 15ª Conselho Nacional de Saúde Local: Brasília - DF

Data: 1 a 4 de dezembro Informações: cebes.org.br/tag/15a-conferencia-nacional-de-saude/ Evento: Seminário Contratualização da Relação entre as Operadoras de Planos de Saúde e sua Rede Credenciada de Prestadores de Serviços de Saúde Local: A definir

Data: 11 de dezembro Informações: www.abramge.com.br Evento: Encontro Anual ABIMED 2015

Local: Espaço APESP - Rua Tuim, 932, Moema

Data: 16 de dezembro Informações: www.abimed.org.br

Janeiro Evento: Programa Internacional de Qualidade e Excelência na Saúde Local: AZUZA Pacific University

Data: 11 de janeiro 2016 EXPEDIENTE

Publisher: Edmilson Jr. Caparelli Diretora-administrativa: Lúcia Rodrigues Diretora-financeira: Janaiana Marques Diretora de Eventos e Criação: Erica Almeida Alves Diretor de Marketing: Jailson Rainer Diretor de Projetos Especiais e Customizados: Márcio Ribeiro Gestão e Coordenação de Conteúdo: Kelly de Souza Editora da Healthcare Management: Carla de Paula Pinto Redação: Patricia Bonelli e Thiago Cruz Produtora de Arte: Valéria Vilas Bôas Gerente Comercial: Gislaine Almeida Gerente de Clientes: Giovana Teixeira Gerente de Clientes: Marcelo Caparelli Gerente de TI e Digital: Wagner Pereira Coordenação de Pesquisa: Janaína Novaes Executiva de Contas: Rafaela Rizzuto Executiva de Contas: Juliana Novais Assinaturas e Circulação: assinatura@grupomidia.com Atendimento ao Leitor: atendimento@grupomidia.com Projetos Editoriais: projetoseditoriais@grupomidia.com Contatos: Matriz: (16) 3629-3010 | Sucursal: (11) 3014-2499 contato@grupomidia.com | redacao@grupomidia.com | comercial@grupomidia.com Matriz: Rua Aureliano Garcia de Oliveira, 256 - Ribeirão Preto - SP Sucursal: Av. Paulista, 1471 - 11º Andar - São Paulo - SP

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