Revista Grãos Brasil

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FICHA TÉCNICA

Editorial Ano XI • nº 53

Caros Amigos e Leitores

MARÇO / ABRIL 2012

www.graosbrasil.com.br Diretor Executivo Domingo Yanucci Gerente de Marketing Marcos Ricardo da Silva Colaborador Antonio Painé Barrientos

Matriz Brasil Av. Juscelino K. de Oliveira, 824 Zona 02 CEP 87010-440 Maringá - Paraná - Brasil Tel/Fax: (44) 3031-5467 E-mail: gerencia@graosbrasil.com.br Sucursal Argentina Rua América, 4656 - (1653) Villa Ballester - Buenos Aires República Argentina Tel/Fax: 54 (11) 4768-2263 E-mail: consulgran@gmail.com Revista bimestral apoiada pela: F.A.O - Rede Latinoamericana de Prevenção de Perdas de Alimentos ABRAPOS As opiniões contidas nas matérias assinadas, correspondem aos seus autores. Conselho Editorial Diretor Editor Flávio Lazzari Conselho Editor Adriano D. L. Alfonso Antônio Granado Martinez Carlos Caneppele Celso Finck Daniel Queiroz Jamilton P. dos Santos Maria A. Braga Caneppele Marcia Bittar Atui Maria Regina Sartori Sonia Maria Noemberg Lazzari Tetuo Hara Valdecir Dalpasquale Produção Arte-final, Diagramação e Capa Marcos Ricardo da Silva

Continuando com nosso permanente caminho de aprimoramento na pós-colheita de grãos e sementes no Brasil, apresentamos com grande alegria esta nova edição da Grãos Brasil, da Semente ao Consumo. Com atualizada informação e com notas de interesse prático que será de grande utilidade para o setor que tanto queremos. Desejamos refletir sobre a importância dos encontros pessoais, já que nada pode substituir a possibilidade de estreitar relacionamentos e se por de frente. A mais de 10 anos geramos este intercâmbio de experiências e tecnologia, com enfoques práticos. Hoje já temos suficiente tempo para dar-nos conta de como se a impactado na transferência de informação e como as unidades de armazenagem as colocaram em prática, adaptando e adotando a tecnologia da melhor eficiência. Em julho estamos convocando a todos os interessados em aportar um grão de areia a nossa especialidade para participar do Grãos 2012, Simpósio e Exposição, Pós-colheita de precisão. Na linda Maringá como de costume, nos dias 18 e 19 de Julho nas instalações do Hotel Bristol. Conferências, experiências de armazenistas, apresentação de novas tecnologias. Um evento para todos os que pensam, decidem e fazem. Capaz de gerar uma sinergia ou potenciação únicas nas mentes e nas empresas do setor. Profissionais da trajetória do Dr. Flavio Lazzari, Dr. Celso Fink, Dr. Adriano D. L. Afonso, Dr. Valdecir Dalpasquale, Dr. Ariel Bogliaccini (Uruguay), entre outros prestigiarão esta nova edição do Grãos. Tomara a maioria de vocês possa participar ativamente, aportando suas experiências e compartilhando duvidas e problemas, de maneira que posta em prática das conclusões do evento, impliquem um novo avanço na busca de menores custos, melhor qualidade e segurança nas atividades do setor. Fazemos um evento aberto a todos, por isto os interessados em expor ou palestrar, não deixem de contatar nossa organização, de forma a dar ao evento a máxima atualidade. Deixamos esta nova entrega em suas mãos, esperamos que goste e lembre-se de dar continuidade a suas assinaturas para as próximas edições, que é uma boa forma de colaborar com este apostolado da difusão de tecnologia para o setor armazenista. Que DEUS abençoe seu lar e seu trabalho.

Ligue e Assine:

(44) 3031-5467 02 | www.graosbrasil.com.br| Março / Abril 2012

Com afeto.

Domingo Yanucci Diretor Executivo Consulgran - Granos Revista Grãos Brasil



FICHA TÉCNICA

Indice 06

Segurança e Higiene Industrial

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Alimento e biocombustível: uma união perigosa?

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Cooperativismo moderniza-se no setor rural

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Pontos Críticos da Armazenagem de Grãos no Brasil

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Uso de compostos bioativos de plantas no manejo de pragas de grãos armazenados e áreas afins

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As Sementes no Contexto das Inovações Tecnológicas

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O Armazenamento em Silo Bolsa - Uma análise de seu custo/benefício Expansão Ferroviária brasileira não segue ritmo do aumento da colheita

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LAVOURA S/A - 76 Anos de História

Setores

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Editorial

06

Grãos Brasil Responde

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Não só de pão...

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Cool Seed News


GRテグS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 05


Grãos Brasil Responde

FICHA TÉCNICA

Qual a máxima temperatura admissível para secagem de milho, grão comercial?

Quais as recomendações para manutenção preventiva das fitas transportadoras?

Geralmente o operador se preocupa com a temperatura do ar de secagem enquanto que a sua preocupação deveria ser com a temperatura dos grãos. Isto porque, para a mesma temperatura do ar de secagem, dependendo do modelo do secador, os grãos podem atingir maior ou menor temperatura. Na maioria dos modelos de secadores, principalmente os modelos de torre, de fluxos mistos, mais utilizados no Brasil e demais países da América do Sul, a temperatura do ar de secagem deve ser mantida entre a faixa de 80 a 100 °C, o que leva a temperatura dos grãos entre 45 a 60 °C. Temperaturas maiores podem provocar danos irreversíveis ao produto.

Os principais aspectos a serem observados são: a) alinhamento e esticamento da correia transportadora; b) verificação do funcionamento dos carros de carga e descarga móvel (tripper); c) velocidade angular dos roletes de apoio dos tramos superiores e inferiores. Em caso de travamento, o rolete deve ser substituído a fim de evitar a possibilidade de aquecimento por atrito entre os mesmos e a fita, e a conseqüente possibilidade de incêndios ou de explosões; d) estado de limpeza e lubrificação dos mancais das polias motoras; f) nível e o período de troca de óleo da caixa de redução de força e velocidade; g) limpeza de impurezas a superfície do motor elétrico a fim de garantir a boa dissipação de calor do mesmo. No caso da fita estar instalada em galerias fechadas, a sua limpeza deverá ser semanal.

É possível resfriar um silo de 16.000 t, em quanto tempo, qual o consumo de energia e quanto tempo o produto pode ficar frio? O resfriamento de grãos a granel pode ser realizado em silos metálicos, de concreto, alvenaria ou de qualquer outro material de construção, assim como em armazém graneleiro. Existem no mercado equipamentos resfriadores de pequeno, médio e grande porte, que permite atender qualquer tamanho de unidade armazenadora. O sistema de aeração deve ser bem dimensionado a fim de garantir a distribuição uniforme do ar através da massa de grãos. Um silo de 16.000 t, por exemplo, pode ser resfriado em 420 horas, a uma temperatura entre 15 a 18 oC dentro da massa de grãos e permanecer por vários meses sem necessidade de uma nova aplicação de frio. Todo grão apresenta baixa condutividade térmica o que favorece a sua estabilidade térmica por longo período. O consumo de energia pode variar entre 2 a 4 kWh por tonelada de grãos, dependendo da espécie vegetal, teor de água, temperaturas inicial e final do produto, índice de impurezas, sistema de distribuição de ar e temperatura média ambiente.

Está seção conta com o apoio do prof. Adilio Lacerda Filho da Universidade Federal de Viçosa – UFV

Venho observando que os insetos apresentam resistências a determinados inseticidas. Por que isso acontece? Quais as recomendações? Estudos científicos tornaram evidentes os mecanismos de resistência que os insetos-praga desenvolvem para se defenderem dos princípios ativos de alguns inseticidas comerciais, o que constitui um grande problema para o seu controle por meio da utilização de produtos químicos. Segundo alguns pesquisadores, os principais mecanismos de resistência são a redução da penetração do inseticida pela cutícula do inseto, a metabolização do inseticida por enzimas e a redução da sensibilidade ao inseticida pelo sistema nervoso. A má aplicação ou concentração inadequada de inseticidas (baixa dosagem) têm contribuído, também, para o aumento das resistências destas pragas. Portanto, para contornar estes problemas recomendam-se a adoção das boas práticas de armazenagem, o manejo integrado de pragas, utilização adequada dos inseticidas combinado com tecnologias alternativas como o de resfriamento artificial e terras diatomáceas.

TIRE VOCÊ TAMBÉM SUA DÚVIDA! gerencia@graosbrasil.com.br

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GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 07


Segurança e Higiene

FICHA TÉCNICA

Segurança e Higiene Industrial Eng. Domingo Yanucci Consulgran - Revista Grãos Brasil graosbr@gmail.com

Na atualidade, onde certificações de Sistemas e Garantia da Qualidade e Ambientais ganham tanta importância, as medidas relativas à Higiene e Segurança no Trabalho tardam em ser implementados pelo que o despertar de consciências é fundamental

Para alcançar uma adequada segurança nos armazéns de grãos devemos vencer duas dificuldades: - Por parte da EMPRESA: A não valorização das consequências dos acidentes. - Por parte dos FUNCIONARIOS: O desprezo das normas preventivas devido a um excesso de confiança e familiaridade com a tarefa realizada. A SEGURANÇA não deve ser compreendida como um conceito abstrato, já que a aplicação ou não de suas normas se desprendem consequências sociais e econômicas, que no caso de um acidente podem levar a perda de vidas. Quanto dinheiro se perde por acidentes que podem ser evitados? Quantos problemas socioeconômicos se geram pelos trabalhos insalubres? Quantas dores de cabeça e dinheiro

custam? Um conceito que acompanha o de segurança é que pode ser tomado como sinônimo de sua aplicação prática é o de AÇÃO PREVENTIVA, onde o HOMEM segue uma lista fundamental como destinatário do esforço geral. A ação preventiva implica que se deve recorrer a todos os meios para evitar o acidente, tanto nos meios de proteção, como nas práticas de rotina. As práticas rotineiras implicam em uma aprendizagem prévia, ou seja, uma AÇÃO EDUCATIVA, onde o funcionário já incorporou a ideia que O QUÃO RACIONAL É PREVENIR UM ACIDENTE. Uma vez alcançado isto devemos criar as condições que façam possível ao funcionário defender-se de um acidente, EVITANDO-LO.

Causas dos acidentes Dos numerosos fatores que determinam os acidentes, três deles se encontram SEMPRE presentes na maioria deles: 1. A CONDIÇÃO MECÂNICA OU FÍSICA INSEGURA. 2. O ATO INSEGURO. 3. O FATOR PESSOAL INSEGURO. Estes fatores se apresentam em uma ordem determinada, dando como resultado final a LESÃO, quer dizer que antes da lesão ocorre algo. A ideia fundamental da prevenção de acidentes e descobrir se alguma coisa é um fator de risco e elimina-lo, eliminando assim a sequencia que desemboca em uma lesão. Na análise dos acidentes a conduta errônea sempre é muito visível, devido às lesões que provoca, mas o defeito mecânico raramente é posto em evidencia. A menos que se faça um cuidadoso estudo referente aos elementos de segurança que intervém, o risco CORREGÍVEL passará geralmente inadvertido.

Definição de acidente Entendemos por acidente "qualquer acontecimento inesperado ou imprevisto que interrompe ou interfere no processo ordenado da atividade de que se trata" em nosso caso particular O SERVIÇO DO ARMAZÉM. Do ponto de vista o acidente não necessariamente se traduz em lesões para o funcionário mais sempre implica um AUMENTO DE CUSTOS. Um programa de segurança eficiente deve basear-se em um registro de lesões e dos acidentes que os causarão.

Custos dos acidentes Os acidentes ocasionam dois tipos de custos: diretos e indiretos. Os CUSTOS DIRETOS incluem as cotas de seguros contra acidentes ou em seu defeito os gastos médicos, compensações econômicos e em alguns casos próteses, traslados e reabilitação para os trabalhadores lesionados no curso de seu emprego e pode medir-se com relativa facilidade. Os CUSTOS INDIRETOS representam em media uma proporção igual ou maior do custo total dos acidentes que os custos diretos. GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 07


FICHA TÉCNICA

Segurança e Higiene

ATO PESSOAL INSEGURO + PERIGO MECÃNICO E FÍSICO

Programas de segurança. O sucesso de um programa de segurança baseado em um registro de lesões depende do método de tratamento e ordem que se dá a informação obtida dos informes. Estes incluem entre outros: - INFORMES DE ACIDENTES. - INFORMES DAS PEQUISAS DE ACIDENTES. - INFORMES DE INSPEÇÃO. - INFORMES DE CUSTOS DE ACIDENTES. - INFORMES DO GRUPO ENCARREGADO DA SEGURANÇA. Os registros proporcionam a informação necessária para transformar um controle de acidentes inefetivo, custoso e ao acaso, em um programa de segurança útil.

A série dos diferentes fatores que produzem um acidente, podem ordenarse cronologicamente como segue: 1- Meio social. 2- Defeitos pessoais. 3- Ato pessoal inseguro e perigo mecânico e físico. 4- Acidente. 5- Lesão. A lesão só pode produzir-se pelas causas que a precedem, onde o ATO INSEGURO e o PERIGO MECÂNICO constituem o FATOR CENTRAL na sequencia do acidente. Ao eliminar o FATOR CENTRAL a ação dos fatores precedentes se faz ineficaz, já que ao interromper a série de fatores não é possível que ocorra a lesão. Explicação dos fatores. 1- Meio social: O meio social pode originar características indesejáveis ou interferir com a educação. 2- Defeitos pessoais: Os defeitos pessoais herdados ou adquiridos, por ex. descuido, caráter violento, nervosida-

Registro de lesões. Um registro de lesões deve dar resposta a uma serie de perguntas como por exemplo: - Quem foi lesionado? - Onde ocorreu o acidente? - Quando ocorreu o acidente? - Como ocorreu o acidente? - Quais foram as causas imediatas do acidente? - Por que se permitiu a condição ou ação insegura? - De que modo pode-se evitar um acidente similar? Princípios básicos da prevenção de acidentes. Um acidente é evitável, se eliminarmos um dos cinco fatores que formam a sequencia que produz uma lesão. A lesão invariavelmente é causada por um acidente e o acidente por sua vez é o resultado do fator imediato que o precede. O fator que se encontra na metade da sequencia e que é objeto de atenção na prevenção de acidentes é o: 08 | www.graosbrasil.com.br | Março / Abril 2012

de, excitabilidade, etc. constituem as causas próximas para que os indivíduos executem atos inseguros. 3- Atitude insegura e perigos mecânicos ou físicos: Atitude insegura das pessoas, por ex. parar debaixo de cargas em suspensão, ligar as máquinas sem observar as proteções; perigos mecânicos ou físicos como engrenagens descobertos; falta de grades, alumbrado insuficiente, são causas DIRETAS de acidentes. 4- Acidente: são acidentes típicos que produzem lesões, as quedas das pessoas, serem atingidas por objetos que caem. 5- Lesões: As fraturas ou torceduras são lesões que resultam diretamente dos acidentes. A ocorrência de uma lesão evitável é a culminação natural de uma série de atos ou circunstancias que, invariavelmente, ocorrem seguindo uma ORDEM FIXA E LÓGICA. Um depende de outro, constituindo assim uma cadeia que pode ser comparada a uma fileira de fichas de dominó, paradas de modo que a queda da primeira precipita a caída das restantes. Um acidente não e nem mais nem menos que um elo da corrente.


Biocombustível

FICHA TÉCNICA

Alimento e biocombustível: uma união perigosa?

Fabrício Rios Nascimento Santos

Sobre o biocombustível ainda planam algumas desarmonias em virtude daqueles que advogam que seus riscos são superiores aos seus benefícios.

Com a elevação dos preços das culturas agrícolas que são demandadas para a produção de biocombustíveis, emergiu na pauta das políticas públicas um debate sobre o potencial conflito entre alimentos e combustíveis. Portanto, para discorrer sobre a seguinte temática é necessário responder algumas perguntas: o que é biocombustível? Quais são os seus benefícios e riscos? Seus benefícios suplantam os riscos? Antes de tentar responder a estes questionamentos, vale ressaltar que o Brasil é um dos principais defensores da produção dos biocombustíveis, defesa essa que vê no produto uma alternativa ao petróleo, defrontando-se com alguns organismos internacionais como FMI e ONU, que alertam para o aumento da fome em decorrência da inflação dos alimentos causada pelo aumento dos grãos destinados a produção do etanol e biodiesel. O intento aqui é apresentar de maneira sucinta os benefícios e os riscos que a produção de biocombustível pode acarretar à sociedade, principalmente às que apresentam elevado índice de pobreza. Respondendo ao primeiro questionamento, trata-se do combustível produzido a partir de material agrícola

ou material orgânico não fóssil, também conhecido como agrocombustível, sendo os principais o bioetanol e o biodiesel. É disseminado por meio da mídia que os biocombustíveis são potenciais fontes de energia renovável, que cooperam para a redução da emissão de gases do efeito estufa ajudando a mitigar a mudança climática e também a reduzir a dependência que o setor de transporte tem do petróleo, além de ser um forte nicho de mercado para os produtores agrícolas. Isso pode resultar em maior rendimento para agricultores, dependendo, no entanto do apoio do governo no caso particular do biodiesel; ao menos, nesse primeiro momento. Em função de suas qualidades ambientais e por ser uma fonte renovável, além de virtudes prováveis para agricultura familiar (caso do biodiesel), o governo vem fornecendo um apoio substancial para os biocombustíveis de modo que possam competir com a gasolina e o diesel convencional, que são derivados de materiais fósseis, ou seja, não renováveis. Estes apoios inclui incentivos ao consumo e produção por diversas formas, até por garantia de compra. Como já exposto, os biocombustíveis

Economista e mestrando em Economia Aplicada da Feac/Ufal.

André Maia Gomes Lages Economista e professor Feac/Ufal

podem beneficiar os agricultores através da geração de emprego e aumento da renda rural, mas para os pequenos produtores o alcance desses impactos são limitados no caso do etanol, pois sua produção com as tecnologias atuais demanda elevado investimento e por conseguinte exige economia de escala e maior integração vertical, o que torna inviável a sua inserção na pequena produção, a não ser via formação de cooperativas. Logo é um mercado excludente, onde há espaço somente para os médios e grandes produtores. Contudo, é fácil perceber a omissão dos meios de comunicação em divulgar os impactos sociais e ambientais que os biocombustíveis trazem consigo, que são: a pressão ascendente sobre os preços dos alimentos, a intensificação da concorrência por terra e água e o desmatamento, embora isso seja motivo também de ampla discussão em revistas e jornais nos países ricos, na Europa, principalmente. Essa pressão ocorre quando parte mais significativa da produção agrícola é direcionada para a produção dos biocombustíveis, reduzindo a oferta de outros produtos relevantes para a cesta básica e portanto para o poder de compra para a população. Como exemplo, tem-se o preço do milho, que teve um aumento exorbitante nos anos de 2006 e 2007 principalmente por causa do programa de etanol dos Estados Unidos, que desviou grande parte da produção do grão para a produção do biocombustível já que as usinas pagavam mais do que as indústrias de alimentos o que veio encarecer os produtos derivado do mesmo. Agora, o mercado norte-americano está mais convidativo ao mais competitivo etanol brasileiro derivado da cana, diminuindo os empecilhos a sua comercialização em solo norte-americano para abrandar as insuficiências do suprimento do daquele mercado, GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 09


Biocombustível

dado os problemas existentes do etanol via milho. Enquanto a intensificação da concorrência por terra e água e o desmatamento carregam em seu bojo a concentração da terra nas mãos dos grandes produtores agrícolas, além da destruição das matas para as plantações agrícolas que são os insumos para a produção dos biocombustíveis. Há quem levante a bandeira para dizer que o Brasil não sofrerá pressão nos preços alimentares, já que a produção de etanol tem como insumo a canade-açúcar e não o milho. Já a produção do biodiesel tem por base o óleo extraído da mamona. Mas esse é o caso particular do Nordeste do Brasil. E deve ser considerado, porque a soja aparece de forma relevante no Sul do país, principalmente também para produção de biodiesel. Apesar disso, não deve haver dúvidas de que a mamona e outras culturas com função "energética" irão ocupar terras que certamente poderiam produzir alimentos. É certo porém que se porventura os preços relativos e o apoio do governo favorecerem o biodiesel via mamona; isso irá beneficiar muitos produtores pobres. Por outro lado, estudos evidenciam ainda que a quantidade de pessoas pobres que ofertam alimentos básicos é inferior aos que demandam, o que significa que o aumento dos preços pode causar perdas significativas para o bem-estar dos pobres, os quais são compradores líquidos. Deste modo, deve-se antes de incentivar a produção dos biocombustíveis realizar uma análise criteriosa quanto

as vantagens e desvantagens, pois algumas mesorregiões brasileiras são alta vulnerabilidade social. Diante das possíveis análises acerca do tema, pode-se concluir que o primeiro passo a ser dado é definir uma agenda de políticas públicas para os biocombustíveis e alimentos para que no médio ou longo prazo a proposta tida como uma alternativa eficaz não venha ser um fator intensificador da pobreza. Política esta que seja compatível com o incentivo não só a produção, mas também a comercialização de alimentos,

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evitando que haja uma descompensação por uma produção agrícola exagerada voltada para o biocombustíveis. Nesse sentido, precisa se ficar atento ao comportamento dos preços relativos. E na verdade, já existem políticas a nível nacional que procuram beneficiar os agricultores, tal qual a Política de Preços Mínimos, assim como a Política de Aquisição de Alimentos voltada para agricultura familiar, a qual estabelecem uma remuneração mínima para determinado produto, garantindo uma renda justa ao produtor rural. O governo, dentro de regras específicas para cada política, garante a compra da produção. Logo essas políticas poderiam ser expandidas, e condicionadas sempre a beneficiar os produtores que vendessem seus produtos diretamente e/ou as indústrias de alimentos e/ou ao governo evitando a elevação dos preços dos alimentos básicos. Claro que tais atitudes precisam ser coligadas a ações que garantam uma adequada oferta de combustíveis e/ou biocombustíveis; mas dentro dos esforços voltados para busca por um desenvolvimento harmonioso e sustentável. Em outras palavras que seja uma política integrada não gere insegurança alimentar, nem acelere os efeitos nefastos da pressão antrópica. Tarefa extremamente difícil, mas não impossível.


Cooperativismo Prevenção de Acidentes

Cooperativismo moderniza-se no setor rural Safra ganha novo suporte e a indústria apoio logístico, diz OCB

As empresas cooperativistas passam por um processo de aglutinação, por meio de fusões e aquisições, no Brasil. O movimento é capitaneado pelo setor agropecuário, de acordo com a Organização Brasileira das Cooperativas (OCB). Outra tendência do modelo, no campo, é a industrialização: cooperados paranaenses devem investir R$ 1,1 bilhão em projetos de agroindústria e armazenagem ao longo deste ano. De um total de R$ 1,3 bilhão, em investimentos previstos para 2012, 85% estão empenhados para a construção de silos, moinhos e frigoríficos, além da execução de compras e ampliações da área industrial, segundo a Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), que reuniu sua assembleia na semana passada e elaborou a estimativa. "A armazenagem é o grande demandador de investimentos das cooperativas", afirma o gerente do campo técnico-econômico da Ocepar, Flávio Turra. São R$ 486 milhões em aportes que, basicamente, vão para a construção de silos graneleiros, ampliando a capacidade dos armazéns gerais do Paraná para 28,5 milhões de toneladas estáticas - hoje, o estado é capaz de armazenar 27 milhões, a granel. Com isso, as safras ganham um novo suporte - insuficiente, até então -,

a indústria recebe apoio logístico e a segregação de grãos avança, o que importa particularmente para a cultura do trigo, que está chamando a atenção dos cooperados paranaenses. "Até nos surpreendeu quando fizemos o levantamento, pois o trigo passou a liderar os investimentos", afirma Turra, explicando que os triticultores buscam liquidez financeira por meio do processo de industrialização, ou seja, com a construção de moinhos para transformar o próprio grão em farinha.

Bruno Cirillo Fonte: DCI

Em se tratando de pecuária, os investimentos empenhados somam R$ 275 milhões e envolvem a aquisição de um abatedouro de aves no Município de Ubiratan, a construção de dois frigoríficos em São João e Mandaguari, ampliações de plantas industriais e compra de maquinário. Dados fornecidos pela Ocepar mostram que, no ano passado, a movimentação do sistema cooperativista paranaense (estimado em R$ 32 bilhões) teve alta de 21%, em comparação ao faturamento obtido em 2010. As 240 cooperativas que integram a organização congregam 745 mil cooperados e geram 65 mil empregos diretos (dos quais 36,2% são mulheres). O impulso no processo de industrialização irá gerar pelo menos cinco mil empregos diretos, garante a Ocepar. "A evolução do modelo cooperativista no setor rural é bem marcada pelo processo de agroindustrialização, com o qual a cooperativa agrega mais valor a seu produto e atrai mais funcionários", analisa o superintendente da OCB, Renato Nóbile.

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Cooperativismo Aglutinar-se Mas este não é, segundo o representante, o único processo pelo qual passam as cooperativas do setor agropecuário, que lideram, com 1.523 empresas, o modelo cooperativista no Brasil. Uma tendência (já em curso) do mercado da cooperação é o que Nóbile prefere chamar de "aglutinação": a quantidade de cooperativas decresce em todos os setores desde 2008 - quando eram 7.682 -, chegando a 6.586 empresas no ano passado, de acordo com panorama divulgado pela OCB na última semana. O movimento é explicado por fusões e aquisições. "Nesse processo, o que mais salta aos olhos são as cooperativas agropecuárias, no campo, e as do ramo de crédito, na cidade", analisa Nóbile. "Essa tendência [da aglutinação] provoca queda do número de cooperativas, mas crescimento do número de cooperados e de empregados", observa. Em 2008, as cooperativas empregavam 239 mil pessoas no Brasil. Já no ano passado, eram 296 mil trabalhadores. O número de cooperados também cresceu, no mesmo período, de 7,8 mil

para mais de dez mil. Entre todos os setores dentro do modelo cooperativista, o agropecuário é o que mais mobiliza mão de obra: 943 mil cooperados e 155,8 mil empregados em atividade em 2011, de acordo com a OCB. Eficiência, gestão Para Nóbile, a aglutinação do modelo, por meio de fusões e aquisições, impulsiona a eficiência de gestão, o profissionalismo e a governança das cooperativas. "Ganha-se em escala e redução de custos", diz ele. "A aglutinação sempre foi um tabu, mas tem evoluído muito bem e favorecido as cooperativas", observa, ao pontuar que, no caso dessas empresas, a concentração não deve ter os efeitos negativos do mercado, por assim dizer, concorrencial. "O modelo cooperativista é bem pulverizado. Por conta disso, a concentração é muito menos prejudicial. O impacto não é o mesmo que causam os grandes conglomerados", garante Nóbile. O representante pontua que "esse processo é ímpar" e lembra que "a ONU [Organização das Nações Unidas] reconheceu 2012 como o ano internacional do cooperativismo".

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Armazenagem

Pontos Críticos da Armazenagem de Grãos no Brasil Embora crescentes, nos últimos anos os investimentos em infraestrutura de armazenagem no Brasil não tem acompanhado o dinamismo da agricultura, afetando o sistema logístico para a movimentação das safras de grãos, provocando congestionamento nas estradas, nos portos e, sobretudo, nos pátios das instalações para recepção das mercadorias a serem guardadas. Como e onde guardar as safras? Esta tem sido uma das questões importantes do agronegócio brasileiro nos últimos anos e que deve merecer a atenção dos agentes públicos e privados para permitir maior eficiência na comercialização das safras tanto para garantia do abastecimento interno como assegurar a competitividade no mercado externo. Nas duas mais recentes safras, por sinal recordes, observa-se defasagem acentuada entre produção de grãos e capacidade estática de armazenamento (Figura 1). Muitas são as ameaças encontradas na estrutura de armazenagem a meio ambiente natural e que têm se tornado crônicas pelo ritmo de crescimento das safras no Brasil: - Descompasso entre oferta e demanda de grãos em anos de grandes safras, como as de 2002/03, 2003/2004, 2007/ 08, 2009/10 e 2010/2011. Em determinados anos há agravamento da situação acarretando problemas na logística de movimentação das safras de grãos e mesmo congestionamento nos portos em face do grande afluxo de mercadorias. - Efeito direto e danoso das mazelas crônicas da inadequação do sistema de escoamento das safras (transporte e armazenagem): queda dos preços dos produtos em face da necessidade de pronta comercialização após a colheita. Por conta da grande oferta no mercado, os preços dos grãos caem e os produtores

não aproveitam o melhor período para a realização de lucros. - Crescimento da produção de mercadorias diferenciadas (transgênicos, orgânicos, novos grãos, como canola, milheto e triticale) que requer separação por células específicas. A cada safra há aumento na oferta de produtos não tradicionais e as sementes transgênicas, de modo geral, têm sido disseminadas em ritmo acentuado por todo o país. Cabe lembrar que o Brasil já ocupa o segundo lugar em área cultivada (25,4 milhões de hectares) com organismos geneticamente modificados, atrás apenas dos Estados Unidos da América (com 66,8 milhões

Sebastião Nogueira Junior Pesquisador do IEA senior@iea.sp.gov.br

Alfredo Tsunechiro Pesquisador do IEA alftsu@iea.sp.gov.br

de hectares), segundo o Serviço Internacional para Aquisição de Aplicações Agrobiotecnológicas (ISAAA, na sigla em Inglês). - Falta e inadequação de unidades armazenadoras, tanto nos aspectos de qualidade como de localização geográfica, configurando neste caso o vazio logístico. Devido à migração de lavouras, muitas regiões carecem de uma rede de armazenagem, enquanto outras até apresentam superávits. Isto pode ser observado no Estado de São Paulo, onde em razão do declínio da cafeicultura muitos armazéns e silos estão localizados em zonas que não produzem mais café. Os armazéns foram adaptados para a guarda de grãos, mas nem sempre apresentam condições adequadas. Além disso, o avanço da cana-de-açúcar também se deu em áreas tradicionais de grãos. Dada "migração" de lavouras de grãos para a região Centro-Oeste do país, importantes áreas grandes produtoras de grãos não dispõem ainda de uma estrutura de armazenagem satisfatória, configurando o chamado vazio logístico.

Figura 1 – Evolução da Produção de Grãos e da Capacidade Estática de Armazenamento, Brasil, 2000-2011 | 2011: previsão. Fonte: Elaborada pelos autores a partir de dados da CONAB. GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 13


Armazenagem

- Cadastro elaborado pela CONAB aponta grande número de unidades armazenadoras com impedimento. Embora aparentemente não haja veto, a situação de funcionamento destas unidades não se apresenta em plena conformidade para a prestação de serviços e diminuição das perdas pós-colheita. - Certificação de unidades armazenadoras: no curto prazo, algumas unidades serão vetadas para a prestação de serviços a terceiros. O Sistema Nacional de Certificação de Unidades Armazenadoras tem por objetivo estabelecer um padrão de qualidade na prestação se serviços de armazenagem em cumprimento das exigências cada vez mais rigorosas por parte dos consumidores. Mostra de que grande parte das unidades ora existentes não apresentam condições adequadas foi a determinação por parte da CONAB de rever os critérios, considerados muito rigorosos e

de difícil atendimento por parte dos agentes envolvidos. Além disso, houve ainda a ampliação do prazo limite para vigorar a nova determinação, diante das dificuldades encontradas. - Parte representativa dos agricultores continua com dívidas pendentes e a elevada soma de recursos exigida para a construção de silos dificulta a ampliação e a modernização do setor. Para os pequenos produtores a contratação dos financiamentos é difícil por exigir um volume de produção compensatório. - Baixa capacidade de armazenamento nas propriedades rurais: não chega a 20%. Esta é uma situação desfavorável do Brasil frente aos grandes produtores mundiais de grãos, que tem no campo a maior parcela das unidades para guardar seus produtos. Esta condição força o produtor a comercializar prontamente suas safras, na época de preços baixos, além de causar proble-

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mas de logística, com congestionamentos nas redes de armazenagem intermediária e terminal. - Grandes volumes de açúcar e de fertilizantes concorrem com o espaço armazenador de grãos. Por exemplo, no Estado de São Paulo o açúcar é a principal mercadoria guardada na CEAGESP, e há um volume considerável de fertilizantes utilizada nas lavouras brasileiras e que temporariamente é armazenada. Estes produtos não têm sido normalmente considerados nas estatísticas de demanda de estocagem, o que mascara as análises econômicas. - Matriz de transporte centrada em caminhões provoca congestionamentos e demora na descarga nos armazéns/silos e nos portos, além de elevar os custos de movimentação. Dado o seu extenso território, o ideal para o Brasil seria a utilização dos modais ferroviário e hidroviário para a movimentação das safras, o que aumentaria em parte a competitividade dos produtos pós-colheita. Em contrapartida, o setor apresenta oportunidades que devem merecer a atenção dos agentes envolvidos no agronegócio: - O Sistema de Certificação visa adequar as instalações e melhorar a gestão das unidades, com benefícios na melhoria da qualidade e na redução das perdas dos produtos armazenados. Deverá ocorrer benefícios para as cadeias de produção de grãos nos curto e médio prazos. - Existem pelo menos dez linhas de crédito oficial para financiamento da armazenagem, das quais seis são destinadas a produtores rurais. O Governo Federal disponibilizou R$1 bilhão para a construção, adequação e manutenção de armazéns e silos. O propósito é ampliar a capacidade de armazenagem nas propriedades de 15% para 30% em cinco anos. - O fato de o milho ser colhido em


Armazenagem Fungos - Seu controle duas épocas diferentes e o aumento da exportação em parte atenua a amplitude de sazonalidade da demanda de armazenagem. - O rápido embarque de soja com encurtamento do canal de comercialização reduz a pressão sobre a capacidade estática de armazenagem. Esta condição também vale para o açúcar, já que grande parte da produção é destinada ao mercado exterior. - Uma solução alternativa para suprir a escassez de unidades armazenadoras pode ser o silo bolsa, equipamento de amplo uso na Argentina e de custo relativamente menor frente às construções fixas. No Brasil seu uso é limitado pelas exigências de termometria e aeração para a guarda de produtos agrícolas in natura. - A tecnologia para diminuição de perdas, conservação e redução de custos de secagem e aeração dos grãos tem mostrado avanços significativos que podem ser prontamente adotados, oferecendo à sociedade produtos preservados saudá-

veis e seguros. - Considerando o expressivo potencial de crescimento da produção de grãos com base nas condições ecológicas e tecnologia à disposição dos agriculto-

res, e para a manutenção da competitividade no cenário internacional há necessidade da melhoria da logística, com contínuos investimentos em transportes, portos e armazenagem.

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Controle de Pragas

Uso de compostos bioativos de plantas no manejo de pragas de grãos armazenados e áreas afins

Airton Rodrigues Pinto Junior

Professor do Curso de Agronomia e Engenharia Florestal Escola de Ciências Agrárias e Medicina Veterinária Curso de Agronomia - Pontifícia Universidade Católica do Paraná Campus São José dos Pinhais E-mail: airton.junior@pucpr.br

As pragas primárias, que ocasionam severos danos dentro do contexto do armazenamento de grãos são de grande importância quando relacionamos e quantificamos os danos ocasionados por elas. Dados da FAO (Food and Agriculture Organization) estimam a grande importância dos grãos e seus derivados na cadeia alimentar humana, frente ao grande aumento populacional. Os métodos alternativos (sem emprego dos inseticidas) aos convencionalmente empregados para controle destas pragas estão se tornando mais relevantes, recebendo atenção por parte dos pesquisadores, indústria e consumidores. Os resultados das práticas alternativas de controle empregadas nas unidades armazenadoras têm contribuído para a redução dos inseticidas químicos. O objetivo principal do ecossistema de armazenamento é preservar os grãos com o mínimo de perda em quantidade e qualidade. No Brasil, as perdas por ataques de pragas chegam a 10% da produção ar-

mazenada anualmente (MOREIRA, et al., 2005). Uma das principais pragas do milho que causa desvalorização comercial, perdas no peso, diminuição do poder germinativo e do valor nutritivo é o Sitophilus zeamais Mots. Dentre as formas de controle mais utilizadas, o uso de fumigantes e protetores químicos é a mais difundida em manejo de pós-colheita do milho, mas estes manejos podem causar problemas de insetos resistentes e resíduos tóxicos nos grãos consumidos (LORINI, 2008). Desde a década de 60, os inseticidas têm sido utilizados como uma ferramenta no controle de insetos de grãos arma-

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zenados visando a manutenção da qualidade de sementes, grãos e seus subprodutos. Os desafios encontrados pelos pesquisadores em relação ao manejo e controle de pragas de produtos armazenados têm aumentado nos últimos anos, especialmente no Brasil, que é um País de muitos contrastes. Existem dois extremos, onde se observa de um lado a tecnologia de ponta identificando e solucionando parte dos problemas, e do outro, a desinformação que resulta na utilização de práticas de manejo e controle inadequadas, como por exemplo, o uso de inseticidas sem critérios ou os cuidados necessários para evitar contaminação e resíduos de ingredientes ativos nos produtos e seus derivados (PINTO JR. 1999). Entre as técnicas de manejo que vem sendo aperfeiçoadas os resultados de FERRARI FILHO, et al., ele pode concluir que o uso de baixas temperaturas tem boas mortalidades de Sitophilus zeamais, como também a existência de híbridos com diferentes atratividades aos Sitophilus ssp, segundo JOSELITO (2009).


Controle de Pragas

Imagem 1. Sitophilus zeamais Motschulsky Podem ser utilizados extratos aquosos ou orgânicos, óleos essenciais e óleos emulsionáveis, apresentando toxicidade por contato, ingestão e fumigação (LEE et al., 2001). Estes compostos podem provocar a mortalidade, repelência na alimentação e oviposição e afetarem o crescimento dos insetos (MARTINEZ & VAN EMDEN, 2001). Compostos oriundos do metabolismo primário e secundário de plantas têm desempenhado um papel fundamental nos métodos tradicionais de controle de pragas, como exemplo o piretro. Entretanto os inseticidas sintéticos são mais frequentemente empregados para esta atividade. Componentes de óleos essenciais de Eucaliptus ssp, possuem grande ação inseticida em relação a importantes pragas de grão armazenados, essas substâncias podem ser tóxicas através da penetração no corpo do inseto pelas vias respiratórias (efeito fumigante), através da cutícula (efeito de contato) e pelo aparelho digestivo (efeito de ingestão) (PRATES; SANTOS) PINTO JUNIOR et al. (2006) observaram que óleos extraídos de citronela (Cymbopogon winterianus) e sassafrás (Ocotea odorifera) mostraram excelentes potenciais de repelência e como inseticidas naturais no controle de Sitophilus zeamais. Compostos bioativos produzidos por vegetais, segundo CAVALCANTE et al. (2006) possuem ação repelente, inibição de crescimento e efeito tóxico, que, em conjunto, representam novas possibilidades para o manejo e controle de inse-

tos de importância econômica. Os óleos essenciais de plantas têm apresentado efeitos na repelência e no controle de diferentes pragas. PINTO JR et al. (2006) observaram que óleos extraídos de citronela (Cymbopogon winterianus) e sassafrás (Ocotea odorifera (Vell.) Rower) mostraram excelentes potenciais como agentes de repelência e como inseticidas no controle de Sitophilus zeamais Mots., 1855 . No mesmo trabalho os autores observaram que o óleo de Nim demonstrou bom potencial como agente repelente, porém não teve eficácia no controle. Já o óleo de eucalipto apresentou baixa repelência, porém com efeito inseticida em altas concentrações. CERUTI et al. (2006) demonstraram que esses compostos voláteis emitidos por plantas afetam o comportamento dos insetos em produtos armazenados. Os insetos foram submetidos a diferentes extratos voláteis de trigo, em que diferenças significativas foram observadas entre as suas variedades. ESTRELA et al. (2006), pesquisando o efeito de óleos essenciais de Piperaceae (Piper aduncum e Piper hispidinervum), identificaram que ocorreu um controle efetivo de Sitophilus zeamais, em que as respostas dependeram da concentração e do método de exposição a que o inseto foi submetido. Resultados similares na eficácia da ação tóxica de óleos essenciais também foram observados por TRIPATHI et al. (2002) no controle de pragas de armazenamento. Os autores observaram efeito inseticida na oviposição, na eclosão de ovos e na ação anti-alimentar dos insetos testados. Estes

trabalhos reforçam o potencial efeito do emprego de óleos essenciais como uma alternativa de manejo de pragas de importância econômica. BRITO et al. (2006), observaram que os tempos letais e as doses letais diminuíram respectivamente com o aumento das doses utilizadas de óleos essenciais de eucalipto, bem como, com o tempo de exposição de coleópteros da espécie Callosobruchus maculatus. Foram empregados 3 óleos no trabalho que resultaram na mortalidade dos adultos. De acordo com KETOH et al. (2005) adultos de Callosobruchus maculatus morreram 24h após a exposição à dosagens de óleo essencial de Cymbopogum schoenanthus. O efeito destes compostos aleloquímicos foi observado em larvas neonatas e em ovos. Os autores discutem o emprego destes compostos como uma estratégia de controle da praga testada (Bruchidae). Neste trabalho, o uso de compostos bioativos (semioquímicos) extraídos das plantas de eucalipto e sassafrás também demonstraram efeitos em adultos e larvas na espécie estudada, o que confirma a eficiência destes compostos no controle de insetos nas diferentes fases de desenvolvimento. Estes compostos podem ser utilizados de forma promissora para o controle de A. diaperinus em aviários, uma vez que tanto adultos como as larvas apresentaramse suscetíveis aos óleos testados. NAZZI et al. (2008) estudaram o efeito de semioquímicos no comportamento do coleóptero Acanthoscelides obtectus (Say). Alguns insetos (coleópteros) liberam sinais químicos informando às fêmeas a possível presença de ovos ou larvas em determinados grãos ou sementes, promovendo maior distribuição dos ovos e minimizando a competição entre larvas e o substrato. Os autores comprovaram a influência de compostos semioquímicos na taxa de oviposição da fêmea. Alguns hidrocarbonetos são repelentes às fêmeas da espécie estudada. Na PUCPR, o Curso de Agronomia tem desenvolvido estudos na área de ecologia química, os quais focam principalmente na ação inseticida de diferentes compostos vegetais isolados ou em misturas em diferentes pragas de grãos armazenado. Atualmente as pesquisas objetivam a avaliação da bioatividade de inseticida natural composto da mistura de diferentes óleos essenciais em pragas de armazenamento, comparandose seu potencial inseticida. Os insetos empregados nos diferenGRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 17


Controle de Pragas tes experimentos são coletados em diferentes regiões do Estado do Paraná e mantidos em criação massal, em frascos plásticos separados para preservação de sua origem. Ficam mantidos em condições de temperatura e umidade (27± 2 0C e 65 a 80%) respectivamente sem separação por sexo ou idade. De cada origem são separados indivíduos adultos mantidos em 500g de grãos em jarra de vidro. Após 3 semanas de oviposição, os insetos são removidos dos grãos por peneiramento com uma peneira de 2,0 mm. A geração subseqüente emergida será utilizada nos diferentes bioensaios. Extração dos óleos essenciais Os óleos essenciais são obtidos por meio de extração por arraste a vapor de água em escala piloto, durante a realização do projeto "Sassafrás: Bioecologia e Uso Sustentável", dentro do Programa "Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira - PROBIO". Os materiais vegetais para a realização dos trabalhos apresentados são coletados na Floresta Ombrófila Mista (Sassafrás) e plantios florestais (Eucalipto) da Fazenda Experimental Gralha Azul da PUCPR. A operação do processo inicia-se pela introdução da matéria prima (galhos e folhas trituradas de sassafrás e eucalipto) na dorna da coluna extratora. O vapor proveniente da caldeira é, então, introduzido na base da coluna extratora através de um distribuidor líquido. O vapor passa pela dorna contendo a matéria-prima e arrastou o óleo essencial. O vapor contendo o óleo essencial condensa e resfria-se no trocador de calor, onde o fluído refrigerante é a água. O líquido condensado é resfriado e

encaminhado para um decantador onde o óleo essencial é separado da água por diferença de densidade. De cada volume extraído são coletados 500ml de óleo de cada espécie florestal utilizada para a realização dos bioensaios. Os óleos extraídos são utilizados logo após o momento da extração e o restante é armazenamento em freezer a -40C°. Diferentes óleos essenciais de plantas foram utilizados para testar sua eficácia no controle de diferentes pragas em condições de laboratório. Foram conduzidos testes de toxicidade dos vapores de óleos essenciais a diferentes grupos de pragas que atacam ambientes de armazenamento de

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grãos, estruturas e áreas afetas. Foram empregadas placas de petri como câmara de exposição, com papel de filtro impregnado com diferentes doses de óleos essenciais extraídos de diferentes plantas aplicados com pipetas graduadas. Durante a realização dos bioensaios procurou-se investigar qual foi a melhor dose resposta de cada formulação estudada. Bioensaio de atratividade ou repelência Para verificar a atratividade das pragas de armazenamento frente aos voláteis emitidos pelos híbridos de milho, Foram realizados bioensaios em olfatômetro em "Y". Este consiste de um tubo de vidro que opera horizontalmente e a corrente de ar é produzida por sucção à vácuo. Cada braço menor de teste do olfatômetro recebeu um papel filtro com 5 cm de diâmetro dobrado ao meio e impregnado com o volátil de cada híbrido de milho e o outro somente com o controle (solvente hexano). Vinte insetos foram liberados no braço maior do olfatômetro, observando nos 5, 10 e 15 minutos em 3 repetições a resposta dos insetos ao estímulo olfativo. As diferenças entre as atividades inseticidas e de repelência ou atratividade dos óleos às pragas testadas, foram determinadas de acordo com o teste de análise de variância e regressão, através de uso de software e testes de comparação entre médias quando apropriado.


Controle de Pragas Observou-se na análise de variância que os fatores óleo essencial e tempo de exposição apresentaram variações altamente significativas (F=6,0552 e F=7,0722 respectivamente) quando comparadas entre si pelo teste F. O fator meio (hexano+milho ou hexano+milho+óleo essencial) não apresentaram diferenças significativas. Os óleos essenciais testados apresentaram diferenças altamente significativas podendo observar-se que nos tratamentos hexano+milho+eucalipto foi encontrado o maior número de insetos (2,59). Os melhores resultados foram observados nos óleos de sassafrás e citronela (1,44 e 1,53 insetos respectivamente), os quais não diferiram estatisticamente entre si, porém diferiram do óleo de eucalipto. Podemos observar diferenças estatísticas também no tempo de exposição, onde observa-se o maior número médio de insetos após os 15 minutos. Bioensaio de eficácia inseticida O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos de óleos essenciais de diferentes plantas na resposta comportamental (atratividade/repelência) e na eficácia de controle de S. zeamais. Foram empregados vapores de óleos essenciais das plantas de eucalipto (Eucalyptus sp.), sassafrás (Ocotea odorifera), nim (Azadirachta indica) e citronela (Cymbopogon nardus) para testar a eficácia de controle em cinco concentrações (16,62; 33,25; 66,5 e 133 mL de óleo/litro de hexano) e um controle onde foi utilizado apenas o solvente. Para o teste de resposta comportamental foi empregada a concentração de 133 mL.L-1. Verificou-se a atratividade ou repelência frente aos óleos essenciais com bioensaios em olfatômetro em "Y", que consiste de um tubo de vidro que opera horizontalmente e a corrente de ar é produzida por sucção

Tabela 1. Eficácia de diferentes concentrações de óleos essencias de nim, eucalipto, sassafrás e citronela no controle Sitophilus zeamais após 72 h de exposição. à vácuo. Cada braço menor de teste do olfatômetro recebeu um papel filtro impregnado com o volátil do híbrido de milho (Premium) previamente testado e o outro com volátil de milho adicionado de óleo essencial. Observou-se diferença significativa na eficácia entre os óleos e entre as concentrações empregadas. Os óleos de sassafrás e de citronela não apresentaram diferenças significativas entre si e apresentaram maior eficácia de controle na concentração de 133 ml.L-1 (97,5 e 96,25 % de controle) seguidos do óleo de eucalipto e nim que apresentou a menor taxa de mortalidade. Observou-se uma interação entre concentração e tempo de exposição na mortalidade observada. Em relação ao efeito comportamental, observou-se que os óleos essenciais de sassafrás e citronela foram os óleos que apresentaram o menor índice de insetos atraídos pelos voláteis do híbrido (17,22 e 21,67 % respectivamente) em comparação ao controle que foi de 40,0 %. Os tratamentos do extrato de milho com óleo de eucalipto e de nim não influenciaram significativamente a atratividade do mesmo. (Tabela 1).

Bioensaio de eficácia inseticida (teste formulação) O presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito dos óleos essenciais de Eucaliptus viminalis e Ocotea odorífera (Sassafrás) no controle de adultos de Sitophilus zeamais (gorgulho). Os experimentos foram realizados utilizando adultos de S. zeamais, coletados no silo da Fazenda Experimental Gralha Azul da PUCPR na região de Fazenda Rio Grande-PR. Os insetos foram mantidos em condições de criação descritas anteriormente. Para determinação da dose letal foram realizados testes preliminares com diferentes concentrações do produto formulado para ocasionarem a mortalidade da população testada, variando de 0% a 100%. Segundo (PÉLLICO NETTO & BRENA, 1997) o número de dosagens para tal experimento deverá ser no mínimo de 10, para assegurar a variabilidade crescente das mortalidades, e então, estabelecer a ação gradual entre as dosagens. O procedimento teve inicio com faixas de concentração a partir de 2,5mL de óleo puro (princípio ativo) diluído em 7,5mL de água (25%) caracterizando a primeira ação efetiva letal, a solução mãe foi submetida a diluições sequenciais de 50% em água, completando 11 dosagens consideradas como faixas apropriadas para avaliação da mortalidade dos óleos testados. Foram utilizadas placas de Petri de 9,0 x 1,5 cm e papel de filtro impregnado com 2,5mL de cada das concentrações testadas, mantidas em condição climatizada a uma temperatura de 24±2°C e umidade relativa do ar em 75±3%. Os insetos foram expostos às diferentes concentrações durante um período de 48 horas, sendo considerada a mortalidade neste período. Foram GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 19


Controle de Pragas considerados insetos mortos os indivíduos que não apresentaram nenhuma reação ao toque com pinça metálica. No bioensaio definitivo foi avaliado a DL50 (concentração necessária para matar 50% dos insetos) dos dois óleos testados, conforme metodologia proposta por FINNEY (1971). Os bioensaios para teste dos dois óleos essenciais foram realizados com adultos de S. zeamais, não sexados, utilizando-se papel filtro com as seguintes concentrações: 0,2; 0,9; 1,9; 3,8; 7,5; 15; 31; 62; 125 e 250 mL L-1 do óleo essencial de eucalipto e sassafrás. Após distribuir nas placas as concentrações, foram confinados 15 insetos por placa para avaliação da mortalidade. De acordo com a metodologia proposta, apenas as concentrações que não atingiram 100% de mortalidade foram avaliadas pelo PROBIT. Foi utilizado o delineamento experimental em blocos casualizados com quatro repetições. Os dados de mortalidade foram utilizados na estimativa da DL50 como concentração discriminatória, visando determinar a toxicidade dos óleos em S. zeamais. Os dados de mortalidade foram corrigidos pela fórmula de ABBOTT (1925) adaptada, transformados em porcentagem de indivíduos mortos e submetidos à análise de regressão em função das concentrações de cada um dos óleos avaliados. A análise estatística foi efetuada com a aplicação da análise de PROBIT, que se fundamenta na transformação linearizada dos valores da curva cumulativa de GAUS padrão [N(0,1)], em que as probabilidades são tomadas à partir da integração da função de -? até um ponto considerado, razão pela qual se deve converter os valores sempre positivos do PROBIT em valores negativos com a subtração de valor 5 e tomados com os dados convertidos em transformação logarítmica. A ação de diferentes concentrações dos óleos essenciais aplicados no gorgulho do milho seguiu a tendência esperada, ou seja, maiores doses resultaram em maiores números de indivíduos mortos. A correlação entre concentração do principio ativo e a letalidade dos insetos é 0,99, ou seja, o formulado de óleo do Eucaliptus viminalis e Ocotea odorífera mostraram alta eficácia no controle dos indivíduos confinados. O formulado apresentou uma dose

Figura 1. Curva de mortalidade (dose x resposta) de insetos da espécie Sitophilus submetidos a diferentes concentrações de uma formulação de óleos essenciais de sassafrás e eucalipto

Tabela 2. Suscetibilidade de larvas de terceiro instar e adultos de Alphitobius diaperinus, expostas a diferentes concentrações de diferentes óleos essenciais de Ocotea odorifera e Eucaliptus viminalis

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Controle de Pragas provaram a influência de compostos semioquímicos na taxa de oviposição da fêmea. Alguns hidrocarbonetos são repelentes às fêmeas da espécie estudada. No presente trabalho, os óleos de sassafrás e de eucalipto podem ser promissores no manejo de pragas e, tendo compostos similares, poderão ter influência na oviposição das fêmeas de A. diaperinus, o que poderá proporcionar expressiva redução dos problemas ocasionados por ele no setor produtivo aviário. Os óleos essenciais de sassafrás e de eucalipto mostraram eficácia no controle de cascudinho. O óleo essencial de sassafrás foi eficaz com menor concentração letal que o óleo de eucalipto para produzir a mesma mortalidade de larvas e adultos. O aumento da dosagem do óleo de sassafrás em adultos provoca mortalidades mais acentuadas do que com a aplicação de óleo de eucalipto. letal de 50% dos indivíduos (DL50) de 2,85%, comprovando o resultado de PINTO Junior (2010) com alta letalidade em larvas e adultos de A. diaperinus. O equilíbrio entre os vários organismos vivos em um ambiente é fundamental para o correto manejo dos insetos, o que pressupõe a utilização de técnicas de manejo não poluidoras e que permitam reduzir ações prejudiciais à condução de uma avicultura produtiva e saudável, ou seja, uma avicultura ecologicamente de menor impacto ambiental. Compostos bioativos produzidos por vegetais, segundo CAVALCANTE et al. (2006), possuem ação repelente, inibição de crescimento e efeito tóxico, representando, em conjunto, novas estratégias para o manejo e controle de insetos de importância econômica. Os óleos voláteis ainda apresentam várias outras ações nos organismos, como antimicótica, antimicrobiana, analgésica, anti-inflamatória, dentre outras, justificando estudos desses compostos como alternativas em programas de manejo de pragas. O efeito de semioquímicos no comportamento do coleóptero Acanthoscelides obtectus (Say) foi estudado por NAZZI et al. (2008). Alguns insetos (coleópteros) liberam sinais químicos, informando às fêmeas a possível presença de ovos ou larvas em determinados grãos ou sementes, promovendo maior distribuição dos ovos e minimizando a competição entre as larvas e o substrato. Os autores com-

Figura 2. PROBIT aplicado à mortalidade de larvas e adultos de Alphitobius diaperinus expostos a diferentes concentrações de óleo essencial de sassafrás e eucalipto. GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 21


Sementes

As Sementes no Contexto das Inovações Tecnológicas Os avanços em ciência e tecnologia na área agrícola têm sido grandes e de forma acelerada, levando a crer que esta tendência se mantenha, considerando a evolução do conhecimento.

Vamos concentrar nossa discussão nos avanços em sementes decorrentes da adoção das culturas biotecnológicas, como as sojas RR, RR2 Bt e a Cultivance, o milho Bt e piramidado, o algodão Bolgard e o Feijão GM no Brasil, e do tratamento industrial com produtos para melhorar o desempenho das sementes. Qualidade Fisiológica Até poucos anos, os melhoristas não se preocupavam com a qualidade fisiológica das sementes; inclusive, cultivares com características de sementes com baixo potencial de armazenamento ajudavam a combater a pirataria de sementes. Um bom exemplo de cultivar difícil de produzir sementes foi a CD 202, sendo que toda semente produzida desta cultivar era vendida, pois o agricultor tinha dificuldades de produzi-la. Atualmente, os programas de melhoramento possuem um profissional especializado para a identificação de genótipos com qualidade de sementes superiores que possa ser herdado. Esta tendência na busca de materiais com qualidade de sementes superiores se justifica pela profissionalização do setor, tanto do produtor de sementes como do agricultor. Ter um material que

seja fácil de produzir sementes de alta qualidade torna a tarefa de planejar a produção mais fácil, pois os descartes serão menores e a janela de produção maior, onde a semente terá alguma resistência contra as adversidades do processo de produção. Por outro lado, o agricultor está se conscientizando de que guardar sua própria semente acarreta vários inconvenientes, que vão des-

Silmar Teichert Peske peske@ufpel.edu.br

de a produção em si, os processos de pós-colheita, a avaliação da qualidade, a padronização e o tratamento das sementes. Algo que veio praticamente junto com as inovações tecnológicas foi a percepção do agricultor de que uma planta proveniente de semente de alto vigor produz mais do que uma planta proveniente de uma semente de baixo vigor. Neste sentido, já há empresas que oferecem lotes de sementes de soja com germinação mínima de 90%. Com este percentual de germinação há alta probabilidade de que o lote também tenha vigor alto. Ainda falando de vigor, salienta-se que não adianta compensar no peso lotes de baixa qualidade, pois 100 kg de um lote com 90% de germinação não é igual a 200 kg de um lote com 45% de germinação. Os lotes de sementes podem até apresentar o mesmo percentual de emergência no campo; entretanto, haverá problemas na distribuição das plantas na linha de semeadura. No lote com menor germinação, como também apresenta menor homogeneidade, terá uma distribuição de plantas no campo desuniforme, haverá espaços sem plantas, enquanto em

Avaliação de sementes adventícias é essencial com as inovações tecnológicas

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Sementes

Há produtos que aumentam o desempenho das sementes outros locais haverá uma aglomeração de plantas. As plantas na bordadura de uma falha produzem mais, entretanto será menor do que se tivesse uma distribuição normal. Isto é fácil de constatar. Os atributos fisiológicos das sementes, que se transmitem por herança, são vários, e muitos ainda estão por serem identificados. Para soja, os

mais comuns são a resistência à danificação mecânica e à deterioração de campo, que no ano passado (2011) teve sua importância evidenciada pela germinação na vagem de sementes de soja. A identificação de genótipos de soja com sementes duras (não embebem água), com certeza, ajudará a minimizar a deterioração de campo em sementes de soja.

A Produção de Sementes As inovações tecnológicas, advindas da biotecnologia, fizeram com que os processos de produção se tornassem mais criteriosos, tanto em termos qualitativos como quantitativos. Em termos qualitativos, pode-se exemplificar pela necessidade de manter isolados os materiais convencionais, biotecnológicos e os orgânicos, o que requer um adequado processo de controle de qualidade, para evitar misturas varietais e contaminações genéticas. O desempenho de uma cultivar e/ ou híbrido é função de sua carga genética e do ambiente. Assim, considerando que há vários ambientes, as empresas especializadas procuram ter sementes de cultivares que atendam às mais diversas situações, para melhor atender o agricultor. É comum uma empresa de sementes possuir em seu portfólio mais de 20 materiais, o que requer cuidados especiais de produção e de beneficiamento. No Brasil, como há regiões que per-

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Sementes

Os materiais são avaliados em vários locais antes de sua comercialização mitem dois ou mais cultivos por ano, as empresas de sementes, para atender este mercado, também possuem materiais de ciclo curto, médio e longo, o que aumenta a complexidade do processo de produção de sementes. Por outro lado, as mudanças quantitativas ocasionadas pelos materiais geneticamente modificados (GM), podem ser exemplificadas pela necessidade de se obter uma alta taxa de multiplicação de semente, ou seja de maximizar a produção de cada semente colocada no solo. Como os materiais GM em geral são patenteados, o produtor de sementes paga uma taxa tecnológica (TT) para poder produzir sua semente. Assim, quanto mais sementes se produzir por kg semeado, maior será seu benefício. Para isso, utilizam-se avançadas técnicas de produção e tecnologia de pós-colheita, como por exemplo, controle de insetos, época e método de colheita das sementes, limpeza e classificação das sementes, armazenamento a frio e minimização dos danos mecânicos. Os avanços tecnológicos são constantes, repercutindo na liberação comercial de materiais cada vez mais produtivos, e tornando a “vida” das cultivares também cada vez mais curta. Isso faz com que as empresas de sementes tenham que recuperar o investimento realizado na criação e desenvolvimento de uma nova cultivar em poucos anos. Assim, para que o preço das sementes não seja alto, as empresas procuram recuperar o investimento atra-

vés da quantidade de sementes. Esse processo requer o envolvimento de profissionais altamente qualificados, para produzir com eficiência e eficácia. Outro aspecto da produção de sementes de nossos dias é a necessidade de se obter grandes quantidades de sementes em curto espaço de tempo, o que requer que os cultivos sejam realizados duas a três vezes por ano. Felizmente, no Brasil, há regiões que permitem este processo; entretanto, logísticas e tecnologias especiais de produção e transporte devem ser providenciadas. Com o advento dos materiais GM e a necessidade de segregação dos ma-

teriais, houve necessidade de se estabelecer alguns parâmetros de qualidade. Entre eles estão as sementes adventícias, que constituem a presença de sementes de cultivares GM em lotes de sementes convencionais. No caso de contaminação de material GM não registrado no país, estas sementes recebem o nome de baixo nível de presença de material GM (isto já ocorreu no Brasil com sementes de algodão). O limite para sementes adventícias situa-se ao redor de 1%; entretanto, para algumas espécies e situações, os limites ainda estão por serem estabelecidos, como em materiais piramidados, em que a tendência é o limite ser por evento. Outra situação a ser resolvida relaciona-se aos híbridos, que em F2 segregam os eventos piramidados, que também pode ser equacionados, caso o limite de tolerância seja por evento. Tratamento Industrial O tratamento das sementes no Brasil é uma realidade e o agricultor reconhece os benefícios de uma semente tratada. O tratamento das sementes pode envolver fungicida, inseticida, nematicida, micronutrientes e macronutrientes, hormônios e film coating, entre outros materiais. Detalhando os produtos, foi constatado que o tratamento das sementes com fungicida no Brasil alcança mais de 90% para as culturas da soja, milho, algodão, sorgo e trigo, e mais de 50% para as sementes de arroz. Por outro lado, no tratamento com outros

Tratamento industrial para algumas espécies em 2011 - Brasil

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Sementes materiais, o percentual de utilização não é tão alto: com inseticida chega ao redor de 70% para milho e 60% para soja, atingindo um percentual mais baixo para as outras culturas. O tratamento das sementes pode ser realizado em vários locais, como na empresa de sementes, na revenda das sementes ou na fazenda do agricultor que irá utilizá-las. Considerando que o tratamento envolve dosagem de produto, mistura de produto, equipamento, revestimento da semente, segurança dos trabalhadores, entre outros aspectos, há possibilidade de que o processo de tratamento das sementes seja ineficiente. Neste sentido, muitas empresas buscaram a alternativa de fornecer ao agricultor uma semente já tratada, o que o tratamento industrial das sementes, realizado nas dependências da própria empresa. Para acelerar e capacitar o pessoal encarregado do processo de tratamento das sementes, foram criados no país dois moderníssimos centros de tratamento de sementes e um outro, em adiantado estado de planejamento. Estes centros servem para capacitação e demonstração sobre o que de mais moderno há em termos de equipamentos, produtos e avaliação da qualidade, como liberação de pó, uniformidade de semeadura e qualidade de revestimento. O tratamento industrial para sementes de milho já é prática comum há décadas; entretanto, para sementes de soja, é recente, sendo que no ano de 2011 somente ao redor de 20% das sementes foram tratadas na unidade de

Tratamento de sementes em algumas espécies no Brasil beneficiamento das sementes (UBS). Para o ano de 2012, estima-se que este percentual alcance mais de 30%, em função dos equipamentos que estão sendo adquiridos pelas empresas de sementes e o nível de capacitação dos trabalhadores. Para sementes de algodão, o percentual do tratamento industrial alcança mais de 50%. O tratamento industrial de sementes realmente alterou os processos de produção e controle de qualidade adotados pelas empresas, pois uma semente tratada que não for vendida deve ser descartada, inclusive, para grão. Felizmente, há tecnologia e profissionais capacitados para produzir, manter e avaliar a qualidade das sementes, minimizando os inconvenientes. O Manuseio das Sementes Inegavelmente, os materiais GM e o

Os big bags são uma ferramenta de multiplo uso com as inovações tecnológicas

tratamento de sementes alteraram os processos de manuseio das sementes. A seguir vamos comentar sobre alguns deles. Secagem – Como há necessidade de se obter grandes quantidades de sementes de alta qualidade, a colheita deve ser realizada assim que possível, para evitar a deterioração de campo. Isto faz com que as sementes sejam colhidas com alta umidade, requerendo a secagem. Atualmente, para sementes de soja, as UBS’s estão sendo planejadas para secar até 60-70% da produção. Para sementes de milho, praticamente 100% da produção é seca; inclusive, a colheita é realizada em espiga, para que as sementes possam ser retiradas do campo próximo ao seu ponto de maturidade fisiológica (máxima qualidade). Classificação – Sabe-se que, dentro de certos limites – no caso de soja é 0,8mm ao redor da média da largura da semente –, o tamanho não tem efeito na qualidade das sementes. Isso também é válido para outras espécies, porém com outros valores. Mesmo assim, a classificação das sementes é importante para os processos de semeadura e de tratamento. A semeadura é normalmente estabelecida por número de sementes por metro linear. Assim, quanto mais uniforme suas sementes estiverem, melhor será esse processo. Neste sentido, inclusive, no caso do milho e agora também da soja, no Brasil, a comercialização se dá por número de sementes por embalagem, além do peso. A superfície a ser revestida em uma semente grande é diferente do que numa semente pequena. Assim, a classificação das sementes para o trataGRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 25


Sementes

mento industrial é altamente recomendada. A classificação das sementes de milho e soja no Brasil é de praticamente 100%, requerendo das empresas de sementes o manuseio em separado de cada tamanho de sementes. Esfriamento dinâmico – A necessidade da manutenção da qualidade fisiológica das sementes é essencial e ainda mais para sementes tratadas, que, caso não sejam comercializadas, devem ser descartadas, inclusive para grãos. Neste sentido, o esfriamento dinâmico das sementes (a granel) é uma tecnologia que veio para ficar. O esfriamento das sementes para temperatura inferior a 15°C minimiza o processo de deterioração das sementes. Para cada 5,5°C que se reduz a temperatura das sementes, duplica-se o seu potencial de armazenamento. Após várias tentativas frustradas, identificou-se que o melhor momento para o esfriamento das sementes é logo antes do ensaque. Conforme as sementes passam pelo processo de esfriamento, vão sendo ensacadas. Logística do ensaque - O negócio de sementes envolve vários aspectos, podendo ocorrer mudanças rápidas na preferência dos agricultores por alguns cultivares e, considerando ainda que as sementes são organismos vivos, que podem perder sua qualidade durante o armazenamento, as empresas de sementes costumam tratar apenas parte da produção, deixando da outra parte para realizar o tratamento em período mais próximo da semeadura, momento que terá informações mais precisas da comercialização e da qualidade das sementes. Desta maneira, deve-se prever na UBS um espaço para as sementes limpas e classificadas que serão tratadas mais tarde. Em geral, estas sementes são armazenadas em embalagens especiais (sacolões e caixas plásticas). Pó – O manuseio faz com que o pó aderido às sementes se solte, formando muitas vezes uma nuvem na UBS. Neste sentido, considerando que este pó afeta a qualidade do tratamento de

sementes, é altamente recomendável a adoção de um mecanismo para sua remoção da UBS (sistema de exaustão). Vários são os locais que podem liberar o pó das sementes, como depósitos e cabeça de elevador. Misturas varietais – A UBS é um local onde podem ocorrer misturas varietais com certa facilidade, caso não se adote práticas para seu controle, como limpeza das máquinas e equipamentos. Há equipamentos que são mais fáceis de limpar que outros, e esses devem ser os preferidos. É má gestão perder lotes de sementes por mistura varietal em UBS, pois isso depende do homem. Elevadores e moegas de recepção

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são locais que requerem atenção especial para evitar misturas varietais. Com o advento dos materiais GM, os procedimentos para evitar as misturas varietais tornaram-se ainda mais importantes, principalmente sementes GM no meio de lotes de materiais convencionais ou orgânicos. Nos últimos anos, os avanços tecnológicos foram muitos e de forma acelerada, acarretando mudanças drásticas no papel das sementes. Os materiais GM e o tratamento industrial das sementes fizeram com que houvesse necessidade de se produzir rapidamente grandes quantidades de sementes de alta qualidade das variedades melhoradas, com adoção de práticas para assegurar a qualidade dos processos. Práticas de produção de campo e de tecnologia de pós-colheita foram criadas e desenvolvidas para atender as necessidades das sementes. Felizmente, o Brasil possui profissionais capacitados para atender este tipo de demanda qualificada.


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Logística

Expansão Ferroviária brasileira não segue ritmo do aumento da colheita O Brasil continua a passos lentos em aumentar a quantidade de carga movimentada por ferrovia no país, pois não foi suficiente para manter o ritmo com o aumento na produção de grãos nos últimos 14 anos. De acordo com a Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), entre 1997 e 2011 a quantidade de carga movimentada por ferrovias aumentou de 253 milhões de toneladas em 1997 para 475 milhões de toneladas em 2011, ou um aumento de 87%. Como comparação, a produção de soja no Brasil durante o mesmo período aumentou 230% ea produção de milho aumentou 200%. O estado de Mato Grosso é o estado líder em produção de grãos no Brasil e está localizado mais longe dos portos brasileiros do que qualquer outro grande estado produtor. Atualmente, as ferrovias no estado estão no canto sudeste do estado e tem só cerca de 150 quilômetros. Dois terminais de grãos ao longo da estrada de ferro já estão em operação em Alto Taquari e Alto Araguaia e um terceiro em Itiquira já está construído e aguarda o aprovação final para iniciar as operações. Um quarto terminal de grãos será construído em Rondonópolis, onde o trem deverá chegar em 2013. Depois de Rondonópolis, a ferrovia deverá fazer o seu caminho para a capital do estado, Cuiabá, localizado 210 quilômetros a noroeste de Rondonópolis. O secretário estadual de Logística anunciou que obteve financiamento para realizar os estudos de impacto ambiental necessários para estender a ferrovia até a capital. Americana Latina Logística é a única empresa autorizada a construir e operar a ferrovia, pelo menos, até atingir a capital do estado. Desse ponto em diante, o processo licitatório

será aberto para empresas concorrentes. O plano de longo alcance para a ferrovia é estendê-la a partir da capital do estado de Cuiabá em linha reta para o norte para o porto amazônico cidade de Santarém, a uma distância de 1.470 quilômetros. Esta ferrovia tem sido falado no Brasil há décadas e apenas 150 quilômetros de trilhos foram estabelecidas dentro do estado de Mato Grosso e há 1.745 km ainda a percorrer antes de atingir o rio Amazonas. Em outras palavras, são ape-

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nas 8% após décadas. Devido ao ritmo lento de progresso, de Cuiabá ao norte do rio Amazonas, a concessão de construção serão abertas para outros candidatos além da American Latina Logística. Uma empresa chinesa já fez trabalho preliminar sobre a rota proposta e manifestou o desejo de concorrer no projeto. A decisão final sobre quem será adjudicado o contrato para construir a ferrovia, ou se será construída totalmente, ainda está a anos de distância.


Entrevista

LAVOURA S/A 76 Anos de História De acordo com o Sr.Novello, a Lavoura S/A tem 76 anos de história, sendo grande parte desse período dedicado à armazenagem de produtos agrícolas. Atualmente trabalha nas áreas de prestação de serviço em armazenagem, construção civil, exportação via contêiner, comercialização de fertilizantes e insumos agrícolas, produção e venda de sementes de soja, trigo, feijão, triticale, industrialização de soja e comércio e exportação de cereais. O nosso complexo agroindustrial conta com 8 unidades de armazenagem totalizando uma capacidade estática de 115 mil toneladas, em silos e graneleiros e capacidade de processamento de soja de 250 mil t/ano. Até conhecermos a tecnologia de resfriamento artificial, vínhamos utilizando técnicas convencionais, com todos os problemas conhecidos: perdas de peso, problemas de qualidade, riscos de contaminação com produtos tóxicos e outros. Através de demonstrações dos consultores da Cool Seed tivemos o conhecimento da nova técnica de manejo de produtos armazenados o que despertou o interesse da nossa equipe técnica. Chamou-nos a atenção, principalmente, quando visitamos clientes que já usavam o equipamento e estavam satisfeitos quanto aos resultados, por isso resolvemos adquirir uma máquina que pudéssemos usar tanto para o grão comercial quanto para a semente, objetivando ter um melhor produto para o consumo humano se tratando de cereais e para a semente tendo melhores resultados em índices de germinação e de durabilidade desses índices. No que tange ao controle de pragas, a empresa por muitos anos usou o tratamento químico, agora ano após ano está diminuindo esse uso, pois com a alternativa de manejo artificial da temperatura de grãos armazenados, por meio da máquina de resfriamento fabricados pela Cool Seed e com a adição de mais equipamentos esperamos, a cada ano, diminuir o uso de produtos químicos. A temperatura média de armazenagem de grãos é na faixa de 13 a 18°C, na parte inferior e superior do silo, respectivamente, independentemente das condições ambientais. Pode estar 40°C o ar ambiente mas os nossos produtos estão protegidos em total segurança. A tecnologia é revolucionaria, promete realmente resultados satisfatórios para os empresários do setor e para a população preocupada com a sanidade e qualidade da comida que chega em sua mesa. O produto resfriado é enviado direto as indústrias e com isso podemos aumentar o tempo de armazenagem garantindo a qualidade do produto por mais tempo. O resultado mais evidente é a redução do uso de produtos químicos, evitando a proliferação de insetos, garantindo a qualidade do produto e um maior tempo para armazenagem. Possuímos silos de 75 mil sacas e temos um equipamento PCS 80, que são resfriados entre 250 a 300 horas de funcionamento. Este equipamento possui modo de operação automática que permite desligar durante as horas de ponta ou em modo econômico, nas horas mais frescas do dia e da noite,

A revista Grãos Brasil entrevistou o Sr. Alex O. Novello, diretor Administrativo/Financeiro da empresa Lavoura S.A., na cidade de Pato Branco - PR. facilitando a vida do operador. O produto resfriado fica armazenado por vários meses sem necessidade de novo ciclo de resfriamento e com a aeração totalmente desligada. A operação do equipamento é simples e pratica e tem um baixo consumo de energia. Se paga em uma safra e com os treinamentos oferecidos pela Cool Seed, com os melhores especialistas do país, há uma maior conscientização para qualidade do produto armazenado e preocupação com a saúde do consumidor final. Sem dúvidas, o resfriamento artificial tende a ser uma revolução para a qualidade dos produtos armazenados. A recomendação que posso dar para as empresas armazenadoras é que busquem visitar alguma empresa que já tenha o equipamento, converse com o operador e não tenha receio em questionar um dos consultores, pois tirando as duvidas e aprimorando os conhecimentos será mais fácil o convencimento pelo uso do equipamento. A equipe técnica destas empresas deve estar aberta para novas tecnologias, velhos hábitos e técnicas ultrapassadas devem ser superados, sendo que o setor de armazenagem precisa deste salto tecnológico tanto tempo esperado.

Unidade de Pato Branco/PR

Unidade de Paranaguá/PR GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 35


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Cool Seed News Palestra Santa Cruz do Rio Pardo - SP

Palestra Copercampos - SC A Cool Seed, Cycloar e Keepdry acreditando no potencial da Copercampos - Cooperativa de Campos Novos /SC, promoveram palestra na sede da empresa no dia 02/03,onde reuniram-se todo o corpo técnico e engenheiros agrônomos para uma palestra com o Prof.Dr. Adriano Divino Lima Afonso (UNIOESTE-PR) ressaltando as novidades em tecnologias limpas para uma boa armazenagem livre de resíduos tóxicos , redução das perdas e segurança nos produtos armazenados . Após a palestra foi realizado um jantar de confraternização

No dia 20/03 na cidade de Santa Cruz do Rio Pardo, reuniram-se renomadas empresas do setor arrozeiro e alimentício de São Paulo para participarem de um evento da área de pós-colheita, onde assistiram a palestra "Manejo tecnológico da qualidade de arroz , da colheita á agroindústria", proferida pelo Prof. Dr. Moacir Cardoso Elias, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel, RS) na Associação Comercial e Empresarial de Santa Cruz do Rio Pardo -SP. Na oportunidade, foram abordados temas como propriedades dos grãos e suas correlações com os processos conservativos e tecnológicos, nova normatização para definição da qualidade de arroz e manejo operacional de controle de qualidade dos grãos durante o armazenamento. Pesquisas sobre secagem e uso de resfriamento artificial na armazenagem de grãos de arroz despertaram especial atenção. Os trabalhos, recentemente realizados no Laboratório de PósColheita, Industrialização e Qualidade de Grãos, fazem parte do Programa Pólo de Inovação Tecnológica em Alimentos da Região Sul e do Curso de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Agroindustrial da UFPel, em Dissertações de Mestrado e Tese de Doutorado. Os resultados apresentados demonstram os efeitos benéficos do resfriamento dos grãos em processos em que tanto a temperatura como a umidade do ar são controladas. Esses benefícios ocorrem tanto na conservação no armazenamento quanto na qualidade industrial dos grãos.

Prof. Dr. Adriano palestrando na sede da empresa COPERCAMPOS.

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Prof. Dr. Moacir Cardoso Elias na Palestra em Santa Cruz do Rio Pardo


Fungos - Seu controle Visita cliente Cotripal ( Panambi RS ) e Palestra na CAT em Palmeira das Missões -RS No dia 13/03 a Cool Seed e as empresas parceiras Cycloar e Keepdry promoveram palestra na CAT - Clube Amigos da Terra, onde reuniram-se aproximadamente 100 produtores da região, na qual foram abordados soluções de armazenagem com o palestrante Prof. Dr. Adriano Divino Lima Afonso (UNIOESTE - PR) quem prestou suporte e orientação aos participantes. A sociedade como um todo, vem buscando cada vez mais a qualidade nos produtos que consomem. Ressaltamos que o resfriamento de grãos e sementes é uma técnica eficaz para o armazenamento com qualidade e livre de agrotóxicos.

Da direita para esquerda: Prof.Dr. Adriano (UNIOESTEPR), representantes Lucas e Antonio Pomina, supervisor Piter, Engenheiros Ronaldo e Barzoto em visita a cooperativa Cotripal -Panambi .

Prof. Dr. Adriano Divino Lima Afonso na Palestra em Palmeira das Missões.

Cool Seed News Marasca: Parabéns pelos 20 anos Fruto de uma semente familiar, a Marasca Comércio de Cereais Ltda, foi fundada no dia 8 de Fevereiro de 1992, na cidade de Tapera – Estado do Rio Grande do Sul – Brasil (estado que produz mais de 28 milhões de toneladas anuais de grãos). A empresa nasceu com a missão de: “Oferecer soluções para a agricultura através de ações rápidas e diferenciadas”. Cultivada com o carinho e a dedicação de seus fundadores, Sr. Vitor Bento Marasca e sua esposa, Sra. Isolde Marasca, a empresa cresceu e semeou seus ramos nas principais regiões produtoras de grãos do Rio Grande do Sul. Projetada para atender o setor agrícola regional, a Marasca conquistou nesses 20 anos a confiabilidade na região sul, aglutinando e alavancando o trabalho de agricultores e clientes em função de uma confiança absoluta em seu povo formando uma sólida parceria nesse sentido, tendo a credibilidade acima de tudo. Atualmente, a Marasca produz sementes de soja para os mercados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso e semente de trigo para o Rio Grande do Sul e Paraná. Possui uma parceria com dezenas de empresas e comercializa um portfólio com variedades de milho e soja. A empresa recebe em seus graneleiros soja, trigo, milho, aveia, azevém e soja indústria, possuindo, ainda, fábrica própria de ração e uma Unidade de Recebimento de Leite, focadas no desenvolvimento do setor pecuário da região. A Cool Seed como empresa que preza a credibilidade de seus clientes vem agradecer e parabenizar a Marasca por depositar a confiança em nossos equipamentos, e levando através desta parceria a qualidade na armazenagem, parabéns Marasca pelos 20 anos!

Os diretores Vitor Bento Marasca, Isolde Marasca e Vitor Marasca Junior. GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 39


Curso Técnico Operacional Cool Seed Novembro - 2012

Curso de Classificação e Análise de Grãos Maio- 2012 14 à 18 de Maio de 2012 - Viçosa/MG

Descrição O Curso Técnico Operacional oferecido pela Cool Seed , tem por objetivo atualizar os clientes , operadores e técnicos sobre as tecnologias desenvolvidas pela empresa, como o resfriamento estático e dinâmico, assim como aproximar os clientes da equipe interna da empresa. Agenda: Dias 19, 20 e 21/11/2012. N°. de vagas: Limitadas (Maximo 02 pessoas por empresa ) Inscrições: gratuitas Contatos: comercial@coolseed.com.br, sandra.ascm@coolseed.com.br, patrícia.ascm@coolseed.com.br.

Atualização em Análise de Qualidade e Tipificação de Grãos de Arroz Descrição Promovido pelo Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Arroz (LABGRÃOS) em conjunto com o Pólo de Inovação Tecnológica em Alimentos da Região Sul, o Programa de Pós-Graduação e o Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial da UFPEL-FAEM, o curso é destinado a encarregados de qualidade, analistas e auxiliares de análises de laboratório de qualidade de grãos de arroz em agroindústrias, cerealistas e unidades de armazenamento de propriedades rurais, com experiência profissional ou com interesse direto em análise de qualidade e tipificação de grãos. É ministrado em 30 (trinta) horas-aulas, onde são abordados aspectos tecnológicos, analíticos e normativos em qualidade de grãos de arroz. A programação consta de: 1) Efeitos da secagem e do armazenamento sobre a qualidade dos grãos. 2) Aspectos técnicos relacionados à conservação e à qualidade dos grãos. 3) Beneficiamento industrial de arroz. 4) Pragas e microrganismos no armazenamento de grãos: ações, efeitos e cuidados nas principais medidas de controle. 5) Métodos e procedimentos nas análises de umidade, impurezas e matérias estranhas em grãos. 6) Principais análises de controle de qualidade de grãos. 7) Aspectos normativos da avaliação de qualidade de grãos, com ênfase na identificação de defeitos metabólicos e não metabólicos constantes da nacional legislação em vigor. Agenda: De 30/05 a 01/06/2012. N°. de vagas: 25 por turma Informações: Prof. Maurício de Oliveira, Eng. Agrônomo Dr. Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel Universidade Federal de Pelotas Fones: (53) 8131 8620 - (53) 3303 2607

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Descrição A grande questão na comercialização de grãos, tanto no ato da compra como na venda, é saber exatamente o que está sendo comprado ou vendido. O desconhecimento das características ou padrões de classificação de grãos tem trazido não só prejuízos para compradores e vendedores como também problemas de ordem litigiosas e judiciais. O Curso de Classificação e Análise de Grãos, oferecido pelo CENTREINAR, tem por objetivo dar ao participante a oportunidade de conhecer as técnicas corretas de coleta de amostras, de determinação de umidade utilizando-se equipamentos padrões e de identificação de defeitos"" e impurezas em amostras de grãos. Além disso, o curso fornece ao participante uma visão a respeito das condições e estruturas de armazenagem de grãos e das exigências de qualidade oficial e de mercado. Tudo é ensinado com base nas novas leis da armazenagem (Lei no. 9973 de 29 de maio de 2000) e da classificação de grãos (Lei no. 9972 de 25 de maio de 2000). Além da teoria, os participantes terão oportunidade de praticar os procedimentos de classificação de milho, soja, trigo, sorgo e feijão. Assim, ao término do curso, o participante estará apto para realizar a análise de grãos dentro da classificação e padrões exigidos tanto pelo mercado consumidor como pelos órgãos oficiais. Entretanto, esse curso não credencia o participante a atuar como classificador oficial uma vez que a carga - horária exigida pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) é de 216 horas. Para obter o credenciamento junto ao MAPA é necessário realizar o curso de Formação de Classificadores de Grãos. Conteúdo Programático - Introdução ao armazenamento - Amostragem, determinação de umidade e impurezas - Legislação - Padronização - Teoria de classificação - Práticas de classificação - produtos: Sorgo, Feijão, Milho, Soja e Trigo Requisitos: Esse curso não exige nenhum pré-requisito Público Alvo: Profissionais que atuam na área Vagas: 32 - Carga Horária: 40 horas Inscrição O valor total do curso é R$650,00 (seiscentos e cinquenta reais). Nesse valor está incluso todo o material didático, a emissão de certificados e o deslocamento interno (do hotel ao local do curso). A hospedagem e alimentação correm por conta do participante. Informações: (31) 3891-2270 - http://www.centreinar.org.br




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