Galiza vencerá!

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Maurício Castro

Galiza vencerá!

e as galegas se finalmente aderirmos à sua proposta de suicídio colectivo. É, também e sobretodo, o sintoma, a mostra e a prova de umha tendência social, historicamente palpável e explicável, de como a nossa classe dirigente se vendeu, e continua vendida, ao capital espanhol, que por sua vez joga o ser ou nom ser do seu projecto expansionário no submetimento final de povos como o galego. Eis o transe que vivemos e Francisco Vasques nos mostra. Contra o que pudéssemos julgar, Vasques nom é umha simples excrescência da decomposiçom identitária galega. De facto, dos povos dependentes e periféricos sempre surgírom personagens a exagerar o seu afastamento da identidade de que partiam, na procura de achar no exagero o reconhecimento e um lugar ao sol nas fileiras do agente predador dessa identidade. Casos paradigmáticos som o francês Napoleom, nascido na dependente Córsega, o russo Staline, da periférica Geórgia, e o espanhol Franco, do extremo ocidental galego. Num patamar inferior da transcendência histórica, o nosso contemporáneo e espanholíssimo Mayor Oreja é oriundo do País Basco, e Francisco Vasques, coitado, é ainda delatado polo seu mal dissimulado sotaque galaico. Ambos adiantam o negro futuro que a espanholizaçom reserva aos nossos povos na nova Europa constitucional. Se a “Via Vasques” continuar a abrir caminho, o nosso final como povo será certo. Se conseguirmos enterrar o que ele significa num dos seus jardins, coberto de eles, demonstraremos que, apesar dos seus sonhos de limpeza etnolingüística, ainda existimos. Somos e seremos.

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