Revista Livro Zero numero 3 - Forum do Campo Lacaniano SP

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Lembremos, ainda, que o sintoma nessa época se define como aquilo que, na sua função, é índice do saber: ele é questão de saber (LACAN, 5.5.1965, inédito). Todavia: o sintoma é aquilo que vai no sentido do reconhecimento do desejo inconsciente. Entendemos que todas essas afirmações podem convir ao lugar do AME com relação ao sintoma, mas também à função. Segundo Maria Anita Carneiro Ribeiro: A garantia funciona para o gradus, que depende de uma nomeação. Os Analistas Membros da Escola (AME) são chistosamente chamados por Lacan de âme, as almas da Escola. Na sua primeira versão da “Proposição de 9 de outubro” ele os coloca no lugar do sintoma no grafo do desejo. Os AME são o sintoma de uma Escola porque são a resposta que a Escola dá ao Outro social que interroga: “Afinal, quem são os analistas desta Escola?” A resposta vem na nomeação dos AME: “Estes são os analistas garantidos por esta Escola”. Já a garantia do Analista da Escola (AE) corresponde, segundo Lacan, ao significante da falta no Outro S ­ ( ). Sua nomeação não provém de uma questão que chega do socius: ela responde à questão interna da Escola no que diz respeito à pulsão (RIBEIRO, 2000, p. 85).

De fato, Lacan avança sustentando esse chiste. Porém, os AMEs estão em relação ao saber e à verdade. Indiquemos que, nesse lugar ocupado pelo sentido do sintoma há o que faz furo, e que se coloca em relação com o S( ). A relação do AME com o AE é o compromisso que eles têm no momento da indicação do passador. Isso ainda está em causa em nossa Escola. Isso foi motivo dos debates do III Encontro de Escola. É fato que Lacan dirá na "Nota italiana": “O analista só se autoriza de si mesmo, isso é óbvio. Pouco lhe importa uma garantia que minha Escola lhe dê, provavelmene sobre a irônica sigla AME. Não é com isso que ele opera” (LACAN, 1973/2003, p. 311). Entretanto, entendemos que essa advertência é oriunda dos impasses, mas que não nega o lugar e a função. O analista não opera com nenhuma garantia. O sintoma tem uma função, não se trata de extirpá-lo, mas de fazê-lo operar aí onde é o seu lugar. Qualquer um está em perigo de se autorritualizar. Não há garantia: vale para o AME, vale para o AE, vale também para todos os lugares da hierarquia quando se trata de uma Escola. Entendemos que estamos atravessando um franco debate sobre os impasses na Escola, ou dito de outro modo, sobre os impasses no Passe. Citemos Dominique Fingermann:

Algumas reflexões sobre o AME, em nossa Escola, segundo a proposta de Lacan em 1967-1968

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