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Moura - Amiloidose cardíaca velocidade no Doppler tecidual entre dois pontos, orientada no mesmo plano e uma distância conhecida à parte, um gradiente de velocidade miocárdica pode ser calculado, que não é influenciado pelo movimento global cardíaco. Esta medida é melhor no plano longitudinal, onde é referida como um gradiente de velocidade longitudinal do miocárdio. Recentes avanços em ecocardiografia bidimensional com Doppler colorido têm permitido a medição da tensão regional, “strain” (definido como a mudança de comprimento por unidade de comprimento) e taxa de deformação, “strainrate”, que é a derivação temporal do “strain” e é calculado a partir medidas simultâneas dos gradientes de velocidade através de uma distância fixa. As medições de “strain” e “strain-rate” são mais sensíveis e precisas do que as mediadas do TDI para a avaliação da função miocárdica regional longitudinal 7. O “strainrate” está mais associado a avaliação da contratilidade miocárdica, enquanto o “strain” está relacionado com o volume de ejeção global 3, 8. O movimento e deformação do miocárdio regional é composto por 3 componentes: longitudinal, radial e circunferencial 3. O uso do TDI e “strain-rate” é limitado devido a dependência de ângulo, substancial variabilidade intraobservador e interobservador, além de ruído de interferência 3, 9. O “speckle-tracking” é uma promissora técnica ecocardiográfica baseada na avaliação do miocárdio quadro a quadro e controle da imagem bidimensional em tons de cinza. A deformação e o movimento da contratilidade segmentar podem ser analisados quantitativamente usando o “speckle-tracking”, que é muito menos ângulo dependente do que técnicas convencionais de TDI 3, 10. Doppler Tecidual (TDI) A velocidade tissular em pacientes com amiloidose cardíaca apresenta gradientes semelhantes da base para o ápice em todas as paredes do ventrículo esquerdo, com maiores velocidades tissulares na base de cada parede, diminuindo progressivamente quando o volume da amostra é movido em direção ao ápice. Apesar deste gradiente, velocidades tissulares de pico sistólico na base e segmento médio ventricular, foram significativamente menores nos casos avançados de amiloidose cardíaca (pacientes que se apresentam com sinais clínicos de insuficiência cardíaca), em comparação com pacientes assintomáticos. Em contrapartida, a velocidade tissular de pico sistólico não diferiu entre os pacientes sem amiloidose e com os portadores de amiloidose Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives

sem insuficiência cardíaca nos estudos realizados 3, 5. Medidas regionais e globais do miocárdio ao Doppler tissular detectam a diminuição da velocidade de movimento da parede miocárdica antes do início da insuficiência cardíaca 1. A imagem do Doppler tissular é limitada para diferenciar uma contração miocárdica de um miocárdio atordoado (segmento de micárdico hipocinético “puxado” por uma contração de um segmento miocárdico proximal). A nova técnica de ecocardiografia “strain” é menos suscetível ao movimento de translação cardíaca, detectando precocemente a disfunção cardíaca regional 4, 11. “Strain”, “Strain-rate” e “Speckle-tracking” Em pacientes com amiloidose primária avançada, estudos de deformação miocárdica quantificada por “strain-rate”, mostraram que a taxa de tensão do segmento basal do septo diminui significativamente 3, 12 . Quando o foco é colocado em diferentes direções para avaliar a função cardíaca sistólica, observa-se que embora a função radial ainda se apresente dentro da faixa normal, a tensão longitudinal encontra-se reduzida 3, 13. Além disso, estudos seriais revelaram que a taxa de deformação sistólica (“strain-rate”) nos segmentos médio e basal do ventrículo também se encontra diminuída em pacientes assintomáticos com parede espessada 7. A deformação longitudinal global detectada pelo “speckle-tracking” foi significativamente menor em pacientes com amiloidose cardíaca em comparação com controles saudáveis, mas também em indivíduos com hipertrofia ventricular esquerda causada por miocardiopatia hipertrófica ou hipertensiva. Em pacientes com amiloidose cardíaca, alguns segmentos apresentam atraso na tensão de pico, sugerindo falha da contração sincronizada, padrão que é característico para a patologia destes pacientes 3, 14. Estudos avaliaram 10 pacientes com amiloidose cardíaca comprovados por biópsia. O pico sistólico circunferencial e radial avaliado por “strain” e starinrate” foi calculado na parede miocárdica interna, média e transmural através de imagens de eixo curto do ventrículo esquerdo, sendo todos (circuferencial e radial) mais baixos quando comparados com pacientes portadores de hipertensão arterial. Além disso, segmentos positivos para realce tardio na ressonância magnética cardíaca (sugerindo fibrose miocárdica) mostraram significativa redução no “strain” e “strain-rate” radial, especialmente na camada interna do miocárdio 15. Isso pode ser importante, porque esses dados sugerem que a EURP 2011; 3(4): 105-109


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