Revista de Sistematização – 2012
Embora não se possa afirmar que todo o processo tenha acontecido de maneira previamente planejada, em grandes linhas, verificou-se que os trabalhos de assessoria técnica tinham etapas pré determinadas. A assessoria chamou a si a responsabilidade de estabelecer um diálogo com os jovens, durante as visitas, sobre como avançar na transição agroecológica. A partir das conversas, os educadores e os agricultores foram descobrindo as melhores alternativas técnicas para diminuir os impactos da produção sobre os recursos naturais em cada propriedade, e no seu entorno. Esforços iniciais foram consagrados ao processo de diagnóstico das propriedades familiares onde residem os 100 jovens, para identificar potencialidades e ameaças à sua condição de agricultores familiares. Este diagnóstico foi se aprofundando com o acúmulo gerado pela continuidade das visitas de assessoria, e pela realização dos eventos de formação. Assim se construíram conhecimentos que possibilitaram a definição, por parte de cada jovem, da modalidade de seu Núcleo Produtivo. A partir deste ponto, a assessoria técnica concentrou-se no planejamento de todas as etapas relacionadas à implantação dos diferentes tipos de Núcleos Produtivos. Insumos e equipamentos foram selecionados e adquiridos com participação direta da assessoria técnica que também acompanhou sua instalação ou aplicação nas áreas trabalhadas pelos jovens. Cada modalidade de Núcleo Produtivo recebeu atenção compatível com sua especificidade. A assessoria também acompanhou jovens e organizações comunitárias em suas tentativas de acesso a políticas públicas e programas governamentais, especialmente PNAE; PAA; e Pronaf.
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Marco Inicial O Marco Inicial foi uma ferramenta importante que complementou esforços feitos pela FASE, quando da definição de critérios de participação, identificação e seleção dos 100 jovens e 23 comunidades que seriam integradas ao projeto. Sua utilização permitiu coletar e sistematizar informações essenciais ao cumprimento da meta de gerar renda através de atividades produtivas, feitas pelos jovens, em suas áreas. A assessoria técnica tinha de identificar potencialidades e eventuais limitações dos jovens e de suas propriedades familiares. Estas potencialidades se referem tanto às condições da propriedade familiar desses jovens (tamanho da área, relevo, fertilidade dos solos, disponibilidade de recursos hídricos, cobertura vegetal, culturas e criações já existentes); como do contexto em que estas propriedades se inserem (vias de acesso, distâncias de mercados consumidores, disponibilidade de bens e serviços provisionados pelo poder público, energia). Sistematizaram-se ainda, aspectos relevantes da atuação comunitária ou sindical desses jovens, identificando quais são as organizações em que participavam.
Técnica Veronice Souza aplica Marco Inicial com jovem de Laje, em 2011