Topografia suada de Londres: Jack Pound Financial Art Project

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criação e concepção artística / creation and artistic conception Lourival curadoria / curator  Moacir

Cuquinha

dos Anjos

coordenação e produção executiva / executive production and coordination Clarice produção de montagem / montage production Ticiano

Hoffmann

Arraes

montagem de o trabalho gira em torno (rickshaw) / montage of o trabalho gira em torno (rickshaw) Maurício Castro, Romero Paes de Melo

e Friedel Schroder fotos da exposição / exhibition images Gilvan Barreto (exceto pp. 30, 31 e 41, Aurélio Velho) fotos do processo Jack Pound / Jack Pound process images Isidro Martins textos / texts Moacir dos Anjos, Gabriel Bogossian e Lourival Cuquinha revisão de textos / texts revision Gabriel Bogossian, Tatiana Diniz e Maurício Santos tradução de textos / texts translation Gabriel Bogossian, Tatiana Diniz e Maurício Santos design gráfico / graphic design Zoludesign desenvolvimento da fonte cuquinha / cuquinha font development Carlois Amorim assessoria de imprensa / public relations Tatiana Diniz edição de vídeos / video editing Daniel Barros e Lourival Cuquinha site / site Fabiano Merli asfalto / asphalt Lidermac (Severino Ramos da Silva Bibiu, Eliseu Gonçalves e Flavio José) costura / sewing Rosiani Muniz e Alana Tertuliano adequação do espaço / space fitting Luizinho Molduras e equipe eletricista / electricist Rinaldo José transporte / transport José Farias de Lima Filho e Damião Nascimento coordenação do educativo / educational programme coordination Lucia Padilha Cardoso e Niedja Santos mediadores / mediators Ana Célia Andrade, Fernanda Lins, Roberta Rodrigues e Ronaldo Almeida coquetel / catering Gentileza Bar impressão / print Facform signs / signs Ultrasign

Este catálogo foi produzido entre julho e outubro de 2012. As fontes utilizadas foram: Helvetica Neue, redesign de David Stempel — a partir da Helvetica desenhada por Max

Agradecimentos Ronald Duarte e Sueli Cabral, Fernando Peres, Yoann e Tatiana Bond, Priscila Melo, Lirinha, Michael Asbury, Juliana Rondon, Rosa Melo e Paulo Paes, Marcos Wagner, Cristiana Tejo, Cauê Alves, Lia Letícia e Guto, Edna Queiroz, Analú, Aslan Cabral, Clara e Maynard Moutinho, Hugh Edmeades, Fabiano Marques, Fabiano Merli e Larissa Correa, Abel Alencar, Cobourg Primary School, Simon Fox and family, Ernesto Neto, Andreza Portella, Lucia e Zé Paulo, Helena Uchoa, Caroline Menezes, Roberta Mahfuz, Suzana Vaz, Zé Luiz e a Coleção Jones Bergamim. A Tatiana Diniz por criar o sistema de ações do Jack Pound. A Márcio Botner e Peninha (Jones Bergamim) por circular o Jack Pound. A todos os acionistas do Jack Pound Financial Art Project. Por toda ajuda na criação e transporte do asfalto Gil Buonora, Felipe Cintra, Sadraque, Ailton Balbino da Silva, Wellington Antonio Braz, José Carlos de Oliveira, Márcio Alvez Moreira, Douglas Inácio Balbino da Silva, Jerônimo da Silva Almeida, Genival Silvestre Ribeiro, Jacelúcio Ferreira da Silva. A minha família Tatiana Diniz, Janine Moreira, Raimundo Antônio, Tomás Patriota, Ingá Maria, João Diniz, Vinho e Maria Sávia. Ao Sex Pistols, Joey Ramone, Caetano Veloso por London, London e a Bebeth II.

Miedinger em 1957 —, publicada pela Linotype em 1983, e Cuquinha, desenvolvida por Carlois Amorim — a partir página 52

National Heritage ou Patrimônio Nacional

da caligrafia de Lourival Cuquinha. Foram impressos 1.000 exemplares em papel couché fosco 150 g/m2 (miolo) e alta alvura 300 g/m2 (capa).

Agradecimentos Especiais British Council and Arts Council England, Lidermac, Pousada Alto Astral e ao Lesbian bar.


criação e concepção artística / creation and artistic conception Lourival curadoria / curator  Moacir

Cuquinha

dos Anjos

coordenação e produção executiva / executive production and coordination Clarice produção de montagem / montage production Ticiano

Hoffmann

Arraes

montagem de o trabalho gira em torno (rickshaw) / montage of o trabalho gira em torno (rickshaw) Maurício Castro, Romero Paes de Melo

e Friedel Schroder fotos da exposição / exhibition images Gilvan Barreto (exceto pp. 30, 31 e 41, Aurélio Velho) fotos do processo Jack Pound / Jack Pound process images Isidro Martins textos / texts Moacir dos Anjos, Gabriel Bogossian e Lourival Cuquinha revisão de textos / texts revision Gabriel Bogossian, Tatiana Diniz e Maurício Santos tradução de textos / texts translation Gabriel Bogossian, Tatiana Diniz e Maurício Santos design gráfico / graphic design Zoludesign desenvolvimento da fonte cuquinha / cuquinha font development Carlois Amorim assessoria de imprensa / public relations Tatiana Diniz edição de vídeos / video editing Daniel Barros e Lourival Cuquinha site / site Fabiano Merli asfalto / asphalt Lidermac (Severino Ramos da Silva Bibiu, Eliseu Gonçalves e Flavio José) costura / sewing Rosiani Muniz e Alana Tertuliano adequação do espaço / space fitting Luizinho Molduras e equipe eletricista / electricist Rinaldo José transporte / transport José Farias de Lima Filho e Damião Nascimento coordenação do educativo / educational programme coordination Lucia Padilha Cardoso e Niedja Santos mediadores / mediators Ana Célia Andrade, Fernanda Lins, Roberta Rodrigues e Ronaldo Almeida coquetel / catering Gentileza Bar impressão / print Facform signs / signs Ultrasign

Este catálogo foi produzido entre julho e outubro de 2012. As fontes utilizadas foram: Helvetica Neue, redesign de David Stempel — a partir da Helvetica desenhada por Max

Agradecimentos Ronald Duarte e Sueli Cabral, Fernando Peres, Yoann e Tatiana Bond, Priscila Melo, Lirinha, Michael Asbury, Juliana Rondon, Rosa Melo e Paulo Paes, Marcos Wagner, Cristiana Tejo, Cauê Alves, Lia Letícia e Guto, Edna Queiroz, Analú, Aslan Cabral, Clara e Maynard Moutinho, Hugh Edmeades, Fabiano Marques, Fabiano Merli e Larissa Correa, Abel Alencar, Cobourg Primary School, Simon Fox and family, Ernesto Neto, Andreza Portella, Lucia e Zé Paulo, Helena Uchoa, Caroline Menezes, Roberta Mahfuz, Suzana Vaz, Zé Luiz e a Coleção Jones Bergamim. A Tatiana Diniz por criar o sistema de ações do Jack Pound. A Márcio Botner e Peninha (Jones Bergamim) por circular o Jack Pound. A todos os acionistas do Jack Pound Financial Art Project. Por toda ajuda na criação e transporte do asfalto Gil Buonora, Felipe Cintra, Sadraque, Ailton Balbino da Silva, Wellington Antonio Braz, José Carlos de Oliveira, Márcio Alvez Moreira, Douglas Inácio Balbino da Silva, Jerônimo da Silva Almeida, Genival Silvestre Ribeiro, Jacelúcio Ferreira da Silva. A minha família Tatiana Diniz, Janine Moreira, Raimundo Antônio, Tomás Patriota, Ingá Maria, João Diniz, Vinho e Maria Sávia. Ao Sex Pistols, Joey Ramone, Caetano Veloso por London, London e a Bebeth II.

Miedinger em 1957 —, publicada pela Linotype em 1983, e Cuquinha, desenvolvida por Carlois Amorim — a partir página 52

National Heritage ou Patrimônio Nacional

da caligrafia de Lourival Cuquinha. Foram impressos 1.000 exemplares em papel couché fosco 150 g/m2 (miolo) e alta alvura 300 g/m2 (capa).

Agradecimentos Especiais British Council and Arts Council England, Lidermac, Pousada Alto Astral e ao Lesbian bar.




Os Correios, reconhecidos em prestar serviços postais com qualidade e excelência aos brasileiros, também investem em ações que tenham a cultura como instrumento de inclusão social, por meio da concessão de patrocínios. A atuação da empresa, cada vez mais destacada, visa não só fortalecer sua imagem institucional, mas, sobretudo, contribuir para a valorização da memória cultural brasileira, democratização do acesso à cultura e o fortalecimento da cidadania. É nesse sentido que os Correios, presentes em todo o território nacional, apóiam, com grande satisfação, projetos desta natureza e ratificam seu compromisso em aproximar os brasileiros às diversas linguagens artísticas e experiências culturais que nascem nas mais diferentes regiões do país. A empresa também se orgulha de disponibilizar à sociedade seus Centros e Espaços Culturais, onde ocorrem manifestações artísticas variadas, ocasião em que se consolidam como ambientes propícios ao fomento e à preservação da identidade cultural do país. Centro Cultural Correios



Apontamentos sobre uma topografia suada de Londres moacir dos anjos1

Para começar a falar disso tudo

Explorando a especificidade do olhar moderno sobre o objeto artístico, o sociólogo alemão Georg Simmel identificava, já há mais de um século, a ocorrência de um progressivo mas radical descolamento entre o valor atribuído a uma obra de arte e os bem definidos critérios que costumavam presidir, até meados do século XIX, sua apreciação e julgamento. O olho moderno não mais conseguiria ver, em uma determinada obra, qualidades que antes se evidenciavam de modo desproblematizado, tais como a capacidade de narração

maior autonomia, perdem sua capacidade de reagir às gradações, nuances e peculiaridades dos objetos; uma perda que contribui para a construção de uma sensibilidade através da qual satisfações definitivas são cada vez mais difíceis de alcançar e mesmo até de serem idealmente formuladas. Esta sensibilidade se expressa, de acordo com Simmel, na atitude blasé assumida por homens e mulheres modernos, que, diante do enorme fluxo de impressões e imagens emanados dos objetos que os cercam – seja no cotidiano da vida na metrópole ou na sequência arbitrária de pinturas numa exposição –, se descobrem crescentemente incapazes de apreendê-los em sua singularidade e incomparabilidade; de reconhecerem, naqueles objetos, valores irredutíveis a outras formas de pertencimento ao mundo.3

e de representação realista do mundo. Na modernidade, o reconhecimento das

Através da progressiva interiorização dos procedimentos valorativos inerentes

qualidades estéticas de um artefato artístico passava a ser mediado e informado

ao funcionamento das economias monetárias maduras, os indivíduos modernos

por critérios outros e diversos, expressivos das particularidades da nova

se incapacitam, portanto, para manifestar preferências entre as coisas em função

sensibilidade então emergente.

do que lhes seja específico e próprio. Resultado desse embotamento do poder

Alguns dos traços definidores desse novo universo sensível se deixam entrever, na obra de Simmel, através de suas reflexões sobre a relação entre moeda e cultura no mundo moderno. Para Simmel, é o desenvolvimento da moeda como instituição central ao processo de geração de riqueza que torna possível a emergência e a consolidação de valores culturais inequivocamente associados à modernidade, tais como a indiferença à individualidade alheia e a autonomia do sujeito. Seu argumento ancora-se na constatação de que é apenas em economias monetárias que as relações interpessoais estabelecidas na esfera produtiva adquirem a garantia do anonimato, mediadas que são pelo uso generalizado da moeda.2

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Como resultado dessas mudanças, os indivíduos, ainda que dotados de

discriminatório dos sentidos, o artefato artístico quase não se diferencia de outros objetos quaisquer, sujeito que está, no espaço reificado e fugaz das trocas mercantis, à diluição crescente dos critérios que organizavam e limitavam sua inserção no universo material. Café, dinheiro e mapa

No final de 2007, Lourival Cuquinha trabalhava, em Londres, como barista de uma das muitas unidades do Costa Coffee, cadeia italiana de cafeterias que, junto a mais outras similares, têm homogeneizado (e, portanto, empobrecido) o ato de tomar café no mundo. O artista vivia na cidade como acompanhante de sua esposa –

Não são apenas as relações de produção modernas, contudo, que passam a ter,

também brasileira e então estudante de pós-graduação no Reino Unido –, tendo

na moeda, seu elemento socializador; em verdade, diz Simmel, qualquer produto

assim o direito de trabalhar legalmente. Tal emprego, por ser mal remunerado,

acompanhou, em encontros

de trabalho humano só adquire inteligibilidade social se expresso em termos

desinteressante, e exigir longas horas de atividade ininterrupta, é exemplar das várias

diversos com Lourival Cuquinha,

da avaliação convencional de valor contida em sua forma monetária. Nesse

ocupações que não são demandados por cidadãos ingleses, especialmente em

sentido, como instituição constituinte e constitutiva do mundo moderno, a moeda

épocas de crescimento econômico, sendo comumente ocupados por trabalhadores

realizado em Londres, entre 2007

estabelece limites aos modos como os indivíduos apreendem e expressam os

imigrantes, aos quais poucas opções de emprego legal são disponíveis.

e 2010, com apoio do Artist Links,

estímulos a que são submetidos diante das formas particulares assumidas por

1  Pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco. O autor

a conceituação e realização do projeto a que este texto se refere,

programa do British Council e do Arts Council England. 2  Simmel, Georg. “Money in Modern Culture”. Theory, Culture and Society, vol. 8, 1991, pp. 7-31.

aquele produto, seja ele um objeto puramente utilitário ou um artefato artístico. A imperiosidade de fazer-se reconhecer pelo meio de troca universal torna qualquer valoração qualitativa do produto do trabalho humano subsidiária àquele reconhecimento e sempre por ele escamoteada ou transformada.

Nessa mesma época, em meio ao preparo acelerado de expressos e cappuccinos, Lourival Cuquinha leu no jornal The Sun, publicação londrina afeita a notícias

3  Simmel, Georg. “A Metrópole

hiperbólicas, o surpreendente resultado de uma inusitada pesquisa: 80% dos

e a Vida Mental”. In Otávio G.

ingleses não perceberiam se 1000 Libras esterlinas fossem subtraídas de suas

Velho, O Fenômeno Urbano. Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1967.

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contas bancárias. Considerando o valor que recebia por hora trabalhada em seu

Comunidade de números

emprego (5,5 Libras) e o fato de 1000 Libras ser quase o custo do aluguel que

O trabalho foi batizado de Jack Pound, referência ao fato de a bandeira do Reino

ele e sua esposa pagavam mensalmente, o artista pode logo perceber o quão

Unido – combinação gráfica das bandeiras da Inglaterra, Escócia e Irlanda – se

estratificada e desigual é a sociedade inglesa contemporânea. Seria bastante

chamar Union Jack. Havia, porém, um problema para executá-lo: conseguir as

improvável, afinal, que ele ou seus colegas de trabalho, também imigrantes, não

1000 Libras necessárias para a construção da bandeira, posto que a atividade

notassem, de imediato, desaparecimento de quantia até bem menor do que essa

mal-remunerada exercida por Lourival Cuquinha na ocasião, e que em parte

de suas contas ou orçamentos domésticos.

motivou seu projeto, seria incapaz de gerá-las. Um primeiro passo foi justamente

Por submeter-se a um trabalho abertamente rejeitado pelo inglês médio, Lourival Cuquinha sabia já habitar, materialmente, um mundo que não era o mesmo em que aquele usualmente vive. E por ter certeza plena que responderia à enquete do jornal de modo distinto da maior parte dos ingleses, tinha agora convicção de que também não compartilhava valores simbólicos com os habitantes naturais do lugar onde morava. Foi esse sentimento de não pertencimento a um grupo nacional que se reconhece, por hábitos e ideias, como comunidade coesa e una, que lhe fez querer criar um objeto com aquilo que melhor articula e promove, como matéria e símbolo, essa irredutível diferença: a moeda legal da Inglaterra. Não foi objeto qualquer, contudo, que decidiu construir com a Libra (Pound, em inglês), mas justamente um outro símbolo nacional do país onde vivia sem compartilhar, de fato, uma vida comum com os que nasceram ali: propôs-se a fazer, de Libras, uma bandeira inglesa. Com 122 cédulas de 5 Libras costuradas umas nas outras teceu o fundo ‘branco’ da flâmula da Inglaterra; e com 39 cédulas de 10 Libras costuradadas sobre as primeiras fez a cruz ‘vermelha’ que completa a Cruz de São Jorge, totalizando 1.000 Libras. Ao confundir, fisicamente, cédulas de Libra e bandeira inglesa, Lourival Cuquinha propõe metáfora sobre o entrelaçamento entre a crença na

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comunhão simbólica da nação e o poder universal de compra de sua moeda. Resume a nação a dinheiro ou, ao contrário, dilui valor fiduciário pronto a se materializar em bens ou serviços quaisquer em símbolo abstrato de nacionalidade. Construir uma versão da bandeira da Inglaterra com a mesma quantia de Libras que ingleses afirmam não notar se sumissem de suas

a mudança de emprego de barista para motorista de rickshaw (táxi-bicicleta), outro emprego típico de imigrantes que, embora também mal-remunerado e estafante (e, consequentemente, desprezado por cidadãos ingleses), permitia ao artista arrecadar, mesmo que lentamente e com muito esforço físico, os recursos necessários à realização de seu projeto. O fundamental aporte de recursos à realização do trabalho ocorreu, entretanto, quando o artista adicionou à bandeira uma terceira camada de significados: além de coisa física e símbolo de nacionalidade, ela seria transformada ainda em ativo financeiro. Para tanto, associou, a cada instrumento monetário necessário para a confecção da bandeira (122 cédulas de 5 Libras e 39 cédulas de 10 Libras), um certificado de compra que ele próprio emitiu com a promessa de reembolso a todos que investissem seu dinheiro no trabalho, acrescido de qualquer lucro auferido com sua venda futura. Ao contribuir com uma nota de 5 Libras, portanto, um investidor receberia uma ‘ação’ do que Lourival Cuquinha passou a chamar de Jack Pound Financial Art Project, que lhe daria direito a receber esse exato valor mais o percentual de valorização que a bandeira viesse a ter quando fosse comercializada no mercado de arte, em momento não determinado no início do processo. Tendo ele próprio adquirido 505 Libras do valor total das ações emitidas pelo projeto, garantindo sua situação de proprietário majoritário do trabalho, ao final de 2008 todas as demais parcelas do investimento coletivo já haviam sido comercializadas junto a 42 outros artistas, críticos de arte, colecionadores e amigos de dez países diferentes, formando uma rede societária unida pelo interesse no valor futuro do trabalho.

reservas bancárias chama a atenção, todavia, para aqueles que, inversamente,

Foram dois, assim, os mecanismos de financiamento do trabalho: a renda

perceberiam de pronto tal sumiço: os trabalhadores imigrantes que em regra

gerada com trabalho típico de imigrante (condutor de rickshaw) e os recursos

não reconhecem, em moeda e bandeira da Inglaterra, elementos de partilha de

alavancados pela antecipação de lucros que sequer existiam àquele momento,

identidade. Há, aqui, jogo ambíguo de tornar visível, no espaço da arte, o que

operação típica de um sistema financeiro que teve na Inglaterra, e em particular

não o é na vida ordinária, e de tornar opaco, em forma de objeto construído,

em Londres, lugar fundamental à sua consolidação. De fato, desde seu passado

aquilo que é central à vida em sociedade.

remoto até o presente, Londres foi uma das principais protagonistas no processo

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de mercantilização e financeirização do mundo ocidental. Foi desde Londres

A associação direta entre o esforço físico despendido com as pedaladas e

que se criaram vários dos atos e normas necessárias para a transformação do

o dinheiro ganho com as corridas proporciona aos motoristas, ademais, um

fruto do trabalho humano em mercadoria e para o reconhecimento da moeda

conhecimento sensorial e imediato da equivalência entre trabalho e dinheiro que

emitida pelo Estado como instrumento de troca universal. Esse protagonismo

é distinto do conhecimento gerado por formas racionalizadas e mediadas de

se confirma no fato de o mercado financeiro de Londres ser ainda um dos

estabelecer tal paridade. Essa equivalência, contudo, é somente determinada

principais do mundo, capaz de instantaneamente afetar, por meios eletrônicos,

por meio de uma avaliação pactuada, entre condutor e passageiro, do valor

mesmo os mercados os mais distantes, e de ser por eles igualmente afetado,

monetário de um determinado número de pedaladas. Avaliação em que são

como demonstrado na crise do mercado de crédito eclodida, coincidentemente,

incluídas variáveis tão diversas como a distância entre origem e destino da

também em 2008. A Libra esterlina carrega e expressa, portanto, para além de

corrida, o número de pessoas transportadas, o horário da prestação do serviço,

qualquer outro significado, a história de Londres como lugar de afirmação de

a temperatura ambiente, a segurança do percurso, entre outras mais. Aqui, como

um modo de vida fundado no poder da moeda, no qual a habilidade para realizar

em outros elementos de seu projeto, Lourival Cuquinha estabelece relações de

transações é requisito indispensável e quase atributo natural.

paridade entre dinheiro e trabalho apenas para tornar evidente o que nelas há de arbitrário ou de meramente convencional, destituindo-as de qualquer naturalidade.

Quanto cada coisa vale

Entre os vários trabalhos produzidos como motorista de rickshaw incluem-se

O trabalho como motorista de rickshaw permitiu, além da geração de parte dos

fotografias dos clientes ao final das corridas e das notas com as quais pagaram

recursos para construir Jack Pound, a criação de outros trabalhos correlatos

o serviço prestado. Destacam-se também filmes feitos com microcâmeras

e associados, os quais articulavam o que é, talvez, o principal tema de

instaladas nas rodas do veículo, que gravavam imagens onde chão e céu se

investigação de Lourival Cuquinha em seu projeto: a crítica ao estabelecimento

sucedem e se confundem, registrando fragmentos visuais e sonoros da vida

de equivalências monetárias entre as coisas do mundo. Com o rickshaw, veículo

híbrida, vibrante, erotizada e desigual de Londres, quase como a estabelecer um

que transporta até três passageiros de uma só vez, o artista levava pessoas

outro tipo de equivalência desregulada e crítica de toda norma paritária instituída,

entre o centro de Londres e localidades próximas, principalmente à noite, quando

tendo agora como polos da relação os frames dos filmes e as próprias pedaladas.

mais pessoas saem à rua para se divertir e estão mais dispostas a experimentar

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formas de locomoção diversas das usadas na vida ordinária.

Tudo no mesmo canto

A presença ostensiva de rickshaws no centro de Londres e o fato de a maioria de

A vontade de articular os diferentes componentes do trabalho deu origem a uma

seus condutores ser de imigrantes e de seus passageiros ser de ingleses (ou de

instalação que Lourival Cuquinha apropriadamente denominou de Topografia

turistas europeus) evidenciam características centrais das formas de organização

Suada de Londres, usualmente composta de três ambientes articulados. No

social da Inglaterra no mundo contemporâneo. Originários de antigas colônias

primeiro deles, o artista expõe somente a bandeira, Jack Pound, presa a um

inglesas na Ásia, onde eram (e em alguns lugares ainda o são) utilizados como

mastro que, por sua vez, está fixado à parede. No piso da sala, o mesmo asfalto

táxis comuns, os rickshaws assumem, na antiga capital do império, o papel de

pintado de vermelho que, em Londres, indica rota que une importantes marcos

transporte de exceção, somente acessível a quem possui recursos excedentes para

nacionais, tais como a Trafalgar Square e o Palácio de Buckingham, via The Mall,

gastar, e que assim gera renda para aqueles a quem somente subempregos são

palco de tantas cerimônias ligadas à realeza. Esse é um dos poucos caminhos

ofertados, como é o caso de grande parte dos imigrantes que vivem na cidade.

na cidade em que é proibida a circulação de rickshaws com passageiros,

O fato de ser parcialmente construída com cédulas de Libra ganhas com esse

embora seja aberto ao tráfego dos tradicionais táxis pretos de Londres. O fato de

trabalho faz de Jack Pound símbolo não somente de um país, como toda e qualquer

rickshaws serem majoritariamente dirigidos por imigrantes e táxis pretos quase

bandeira inglesa, mas também de uma relação desigual e excludente, mesmo que,

todos conduzidos por ingleses faz dessa proximidade física e distanciamento

em termos emergenciais, conveniente para ambas as partes que a compõem.

simbólico entre bandeira e piso mais outra metáfora das partições, inclusões e exclusões de que a comunidade inglesa é constituída.

banana é bom para rickshaw rider

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O segundo ambiente, por sua vez, é composto de: (i) fotografias dos acionistas

para investimentos no setor produtivo da economia, embora não incomum para

do Jack Pound Financial Art Project no momento de aquisição das ações, além

situações em que mercado de arte e mercado financeiro se cruzam. Lucro

dos próprios papeis negociados; (ii) desenho e texto que localizam qual cédula, na

que é fruto não da potencialização da função do dinheiro enquanto valor geral

bandeira, foi fruto da participação de qual investidor; (iii) conjunto de fotografias, já

de troca, mas justamente da anulação dessa função que lhe é constitutiva e,

mencionadas acima, dos passageiros que utilizaram os serviços do artista como

paradoxalmente, de sua metamorfose em valor simbólico.

condutor de rickshaw e que também contribuíram, dessa maneira, para a realização de Jack Pound; (iv) mapas, desenhos e anotações de natureza variada relacionados aos trajetos feitos e às transações monetárias realizadas ao longo do trabalho. Juntos, esses elementos esboçam uma geografia, humana e física, de todo o projeto.

É por meio de tal cruzamento que a venda de um objeto feito com dinheiro circulante no mercado de arte subtrai, das cédulas utilizadas para sua construção, a capacidade por elas detida, antes de costuradas como bandeira e vendidas no leilão, de serem permutáveis, sem perdas ou ganhos, por outras de valor

O terceiro ambiente de Topografia Suada de Londres, por fim, abriga uma

idêntico. Em qualquer outra situação, afinal, notas de 5 ou 10 Libras só poderiam

peça escultórica formada por três rickshaws interligados e fixados no chão da

ser trocadas por outros instrumentos monetários se estes tivessem igual valor. A

sala expositiva, nos quais os visitantes são convidados a sentar e a pedalar,

operação empreendida por Lourival Cuquinha anula, com a aprovação de agentes

reproduzindo o papel de seus condutores. Um sistema elétrico incorporado aos

diversos do campo artístico, as convenções de equivalência mercantil que faziam,

veículos faz com que tão logo as rodas do primeiro rickshaw sejam acionadas

daquelas cédulas, valor geral de troca. Adiciona, contudo, às notas costuradas

pelo esforço de um visitante, projetem-se sobre a parede alguns dos filmes feitos

em forma de bandeira, valor simbólico antes ausente. Legitimando-as, assim

com as câmeras presas às rodas do veículo em Londres. No momento em que

agrupadas, como um objeto de arte, o artista, mais os acionistas, a galeria, a feira

algum outro visitante pedala o segundo rickshaw, espelhos são movimentados de

de arte, o leiloeiro e o comprador subvertem e transformam, no espaço social em

modo a fazer a projeção girar ao redor da sala, adicionando movimento horizontal

que o trabalho é construído e é posto a circular, o seu emprego original: antes

a imagens que, pela natureza de sua captação, possuem dinâmica vertical,

usadas para atribuir valor monetário a mercadorias e serem por elas trocadas em

tornando-as ainda mais fragmentadas e abstratas. Finalmente, ao pedalar-se o

termos paritários, àquelas cédulas é imputado, pelo mundo da arte, um ampliado

terceiro rickshaw que compõe a escultura interativa, passa-se a escutar sons

poder de permuta no mundo mercantil. Transportando as cédulas do campo

gravados nas ruas de Londres. A esse componente da instalação foi dado o título

monetário ao campo artístico, Lourival Cuquinha aparta e distingue, com precisão,

o trabalho gira em torno, o qual pode ser lido tanto literalmente quanto como

os valores que, como dinheiro e como arte, aquelas notas reclamam possuir.

reconhecimento do quão difícil é apreender, na materialidade objetiva do projeto, os muitos elementos que dele fazem parte.

Algo sempre escapa

Embora a exposição Topografia Suada de Londres articule todo o projeto

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Igual e diferente

de Lourival Cuquinha, a própria natureza do trabalho implica que, uma vez

Em outubro de 2010, durante a feira de arte Frieze, realizada anualmente em

vendida a bandeira, essa integração física é rompida. De fato, a venda

Londres, o trabalho Jack Pound foi leiloado, tal como pretendido por Lourival

de Jack Pound no leilão significa não somente a conclusão conceitual do

Cuquinha desde o início do projeto. O leilão, organizado pela galeria A Gentil

projeto, mas a retirada da própria bandeira inglesa dele, ausência que não é

Carioca, sediada no Rio de Janeiro, foi parte de sua participação na feira e

reparada, qualitativamente, com a inclusão posterior de mais documentos,

anunciado por ela como “um fragmento do futuro do mercado de arte” que

objetos e mesmo de novas bandeiras. É evidente que Jack Pound pode ser (e

resumiria a “engenhoca da especulação artística”. A bandeira, financiada por

efetivamente é) emprestado por seu comprador para integrar exposições em

1000 Libras, foi ali vendida por 17000 Libras. A cada investidor do projeto coube

que Topografia Suada de Londres é apresentada, mantendo sua inteligibilidade.

receber, portanto, o valor inicialmente disponibilizado para o artista (5 ou 10

Mas ela estará lá, em todo caso, também como índice de que nesse projeto

Libras) multiplicado por oito vezes e meia (pois custos como a percentagem da

algo sempre escapa, e de que nele toda unidade é provisória

galeria foram deduzidos). Lucro poucas vezes contabilizado, em tão curto período,

e pode ser rompida. E que somente assim ele se completa.

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Acionistas do Jack Pound financial Art Project em ordem de compra Jack Pound financial

Gloria Ferreira (Brasil) £10

Néle Azevedo (Brasil) £5

Paul Miard (France) £5

Botond LaczkoFriedel Schroder Szekrewy Tibor Szentmiklosi (Hungria/Romênia) £5 (Hungria/Romênia) £5 (Germany/UK) £20

Margareth Pereira (Brasil) £10

Fernando Lopes Silva (Brasil) £5

venda sem registro fotográfico

Art Project investor’s in acquisition order

Tatiana Parra (Venezuela/UK) £10

Raissa Ralola (Brasil) £5

Mariana Moura (Brasil) £5

Janine Nascimento (Brasil) £20

Helmut Batista (Brasil) £5

Ernesto Neto (Brasil) £40

Cabelo (Brasil) £5

Volker Schnuttgen Ronald Duarte (Germany/Portugal) £5 (Brasil) £5

Carlos Feferman (Brasil) £5

Cildo Meireles (Brasil) £30

La Prissa (Brasil) £5

Caroline Menezes (Brasil/UK) £20

Tião (Brasil) £5

Tika Stefano (Argentina) £5

Tatiana Araújo Eunice Silva de Diniz, minha gatinha Araujo (Brasil) £5 (Brasil/UK) £105

Lia Letícia (Brasil) £5

Thomas Motkowski (Poland) £5

Bruno Rocha (Xico Bento) (Brasil) £15

Marco Bahe (Brasil) £10

Marcio Botner (Brasil) £10

Daniel Ckuccera (Brasil/UK) £5

Eduardo Machado (Brasil) £10

venda sem registro fotográfico Mariana Teixeira (Brasil) £15

Antônio Branco e família (France/ Portugal) £30

Marianne Baillot (France) £5

venda sem registro fotográfico Marian Slastan (Portugal/Tcheck Republic) £5

Sueli Cabral Duarte (Brasil) £5

Juliana Rondon João Diniz Paes de Lira (Brasil) £5 (Brasil/UK) £10

venda sem registro fotográfico

Jarbas Lopes (Brasil) £5

Graziela Kunsch (Brasil) £5

Leandra Leal (Brasil) £5


A arte do jogo gabriel bogossian1

partes da cultura que o cerca (da qual – confortável e ameaçador – é estrangeiro) e decide construir um monumento à eficiência capitalista inglesa. Para fazê-lo, era alfa [cultura, norma e imagem]

A relevância de um trabalho de arte, se um trabalho de arte ainda tem relevância,

preciso estabelecer regras; era preciso conhecê-las bem e decidir quais burlar, pois o monumento é um teatro, um jogo, e, como qualquer monumento e qualquer homenagem, seria impossível levá-lo a sério.

é dada pela qualidade da sua contribuição reflexiva à cultura em que se insere. A relação entre obra de arte e cultura, no entanto, oscila: a cultura é norma e

Mas era preciso executá-lo engenhosamente; o resultado da enquete, e o próprio

padrão, praticada em um certo território, cuja unidade é em parte dada também

The Sun, tão ingleses quanto os tijolos de Londres, mereciam um monumento à

pela força pedagógica e aglutinadora que cada dispositivo cultural carrega (a língua

altura – da Inglaterra e do seu espírito empreendedor. A engenharia financeira,

mãe, a pátria e seus heróis, o orgulho das conquistas nacionais). Já o trabalho de

mais que a reprodução da Cruz de São Jorge, é a homenagem prestada, e sua

arte nem sempre é tão normativo, graças também à liberdade que as culturas em

escala – uma miniatura, se comparada aos reais especuladores – traz uma

maior ou menor grau concedem. A despeito dessa oscilação e desta liberdade, os

inevitável ironia à própria posição de artista-imigrante em relação ao mercado

dispositivos organizam padrões, admitindo ou reiterando certos comportamentos,

(especulativo) inglês de arte. Assim, regras postas, é preciso trabalhar; a

produzindo, distribuindo e trocando certas imagens de sucesso e de justiça.

necessidade de intervenção expressiva no material é mínima, mas a lista de técnicas utilizadas no JPFAP não estaria completa se não incluísse pedalar,

Como se sabe, contudo, gosto não se discute. A constatação da relativa pobreza

técnicas de memorização de ruas e o tipo de lábia específica que garante a

do padrão e a promessa discutível de eficiência do respeito à norma, somadas a

venda das ações. Existe trabalho, portanto, não só o artístico, nessa obra, e pelas

um apreço quase juvenil pelo desafio (da autoridade, sobretudo, mas também da

inúmeras conversões de valor (o trabalho em dinheiro, as ações em dinheiro,

viabilidade de algumas ideias) levaram Cuquinha desde sempre a discutir o gosto

o dinheiro em arte e por fim de volta em dinheiro), fica evidente que seu cerne

da época, os ícones e hábitos da cultura e, eventualmente, suas normas legais,

são as trocas e arranjos comerciais que permite – seus aspectos simbólicos e

ao mesmo tempo legitimando a dissonância com a liberdade ampla e difusa

econômicos. Existe aí uma indicação da inflação do valor da arte, superior à do

concedida à arte e expondo o ridículo da norma, essa senhora vetusta, de salto

preço, e um comentário irônico sobre como o mundo da arte funciona como

e laquê nos cabelos.

um híbrido de feira e cassino, onde a perspicácia comercial convive com o jogo

beta [o trabalho e os dias]

16

1  Amigo e curador independente.

de azar. Neste cenário, Cuquinha efetivamente propõe um arranjo associativo economicamente atraente a todos os participantes, mas também, ao manipular

O Jack Pound Financial Art Project (doravante JPFAP) não foge a esse exercício

abstrações e projeções de venda, amortiza os custos de produção e maximiza os

afronta. Organizado como um antidispositivo que opera na produção, na

lucros; criando uma relação ótima entre partners investidores e mercado, pode

manufatura e na comercialização da obra, o JPFAP traz, simultâneas, implicações

aumentar o preço e a escala (física – a bandeira do Brasil – e monetária – a

jurídicas, econômicas e simbólicas ao pensamento da arte. É produzido (aqui o

da Suíça2) das suas obras seguintes; amplia também seu mercado, produzindo

dado biográfico é necessário) por um artista familiarizado com a ironia dos códigos

trabalhos para feiras específicas, nas quais participar conta pontos na gincana do

– atento aos hábitos, às pequenas negociações da cultura; vivendo em Londres,

mercado internacional de arte. Utilizando a voracidade e as regras do mercado para

estrangeiro e portanto duplamente atento. E, um dia, no país onde the common

viabilizar seus trabalhos e, em última instância, sua obra futura, Cuquinha manipula

bandeiras do Brasil, com cédulas

law is the common sense, o common sense tornara-se mais uma vez nonsense:

sua posição de commodity da grande feira da arte, assim como a de objeto-

de real; de Cuba e a dos EUA,

uma pesquisa realizada pelo tabloide The Sun concluíra que aproximadamente

mercadoria do seu trabalho, maximizando os benefícios que aufere dela. Com isso

80% dos ingleses não perceberia se mil libras desaparecessem da sua conta

então, aqui como alhures, trata-se de organizar uma forma especulativa perfeita,

da Alemanha com euros e duas

bancária. A manchete, imagem da bonança europeia e do orgulho insular inglês

que remunere a cada um segundo suas ações, e à banca mais do que todos. A

da Grécia, uma com euros e

pré-crise, é o ponto inicial do projeto; o artista imigrante, motorista de rickshaw,

liberdade de abordar a moeda como brinquedo pode ter suas raízes nos períodos

do lado de fora do contrato onde tal conclusão é possível, observa essa e outras

de hiperinflação nacionais, mas, como se vê aqui, floresce melhor na fartura.

2  Outras bandeiras – foram produzidas até hoje, além da bandeira da Inglaterra, as

ambas com cédulas de dólares; da Suíça, com francos suíços;

outra com as antigas dracmas e a da União Soviética com pesos cubanos e reais.

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Para além do comentário econômico, contudo, toda bandeira nacional representa,

É nesse cruzamento entre pensamento lúdico e reflexão política que se baseia

pela sua força simbólica, os valores e princípios de um Estado, e por conseguinte

a força do trabalho. Aqui, o prazer de elaborar um método necessário para

do seu povo, suas convicções e sua soberania. Nisso se inclui também sua lei,

produção, que fundamenta e informa o trabalho, vira o exercício de um legislador

e os termos do seu texto jurídico. Sobre esse aspecto, em um nível imediato, o

carrolliano. Mas porque todo jogo pressupõe um controle, uma fiscalização

JPFAP traz a questão do papel da ilegalidade. O uso de cédulas para além das

(em última instância, um juiz), inventar regras próprias, absurdas ou de difícil

suas funções monetárias é vedado em todos os textos jurídicos, e essa mistura

execução e sempre necessárias é uma das atividades em que Cuquinha se

entre lei e economia – que ocorre também no Colar de Moçambique3 – situa

empenha; a crescente inflexão política da sua obra não estaria completa se não

de novo a contravenção como significante político. Cuquinha relê e expande o

incluísse um aspecto jurídico; é a partir da conquista desse espectro de ação que

elogio à marginalidade oiticiquiano (imagem e atualização de uma certa postura

o pensamento (a discussão) sobre os hábitos que se metamorfoseiam em regra,

artística em uso desde, digamos, Villon), e age no espaço de liberdade reservado

lei e ordem fica mais evidente.

à arte para testar a servidão voluntária à lei (e ao gosto, e à norma da cultura), o limite do hábito de obedecer. E não surpreende que esta profanação da lei não altere a dança das esferas: toda desobediência age sozinha, pois não há grupo que a comporte – ainda que se dê a partir de pressupostos linguísticos típicos da arte (de interesses artísticos) e que introduza um campo de pesquisa que em obras futuras vai chegar à discussão direta de mecanismos de vigilância e controle, portanto com algum valor de jurisprudência. Dessa maneira, nossa cultura de transgressão macunaímica, onde as leis são ajustadas silenciosamente (ou recusadas por inteiro) nos acertos do dia a dia, sob os escombros das instituições, é reativada positivamente (porque fora da transgressão inerte que não escolhe seus objetos, não pondera sobre eles).

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3  Colar de Moçambique – colar feito com linha de costura e uma agulha, na ponta da qual era presa uma pequena pedra de haxixe.

Embora a espinha dorsal do JPFAP esteja baseada na legalidade e no uso dos valores (sua circulação), que de resto é o chão comum da linha que vai da experiência do Molusco Lama à produção de ON/OFF4, o caráter paródico deste trabalho o aproxima de uma não desprezível tradição do humor na cultura brasileira. O uso do leilão ilustra bem: o artista vai à caráter (de terno de gravata, como um executivo) e o martelo do leiloeiro (há martelo, porque o protocolo é seguido) se mistura ao martelo do juiz, e o seu púlpito ao do padre, em uma séria paródia de solenidade. É com esses recursos que a exploração do lado de fora do hábito, desde seu aspecto jurídico até o cotidiano, faz com que, subitamente, dentro de uma sequência supostamente lógica (da linguagem artística, teórica e historicamente), mais ou menos sisuda e dada a liturgias, ressurja o desvio, o

O ataque simbólico, para isso, é fundamental. A relação estabelecida entre

torto, o movimento molecular excêntrico, que não instaura uma revolução mas

imagens da Inglaterra, seus dois emblemas mais conhecidos (a imagem que é

abre uma janela lúdica de frente para o monumento da verdade e os laços que o

sua bandeira, a imagem que é seu dinheiro), embaralha a ideia de valor (nacional)

sustentam (suas pompas, seus hábitos). A norma, nua, não se torna mais risível

e bandeira (pela qual lutar): sua luta é econômica, seu símbolo é comercial,

nem especialmente frágil (não é um trabalho fundamentalmente de humor, nem

marca ou emblema de uma empresa. Em outras bandeiras essa relação é

de ataque), mas surge menos senhora de si, menos honrada (a obra de Cuquinha

explicitada, ao se explorar o significado da soma do valor das cédulas (caso das

é como a exposição provocativa do passado discutível da Norma, essa vizinha),

bandeiras de Cuba e dos EUA, ambas feitas com dólares). A bandeira inglesa,

acompanhada por uma criança petulante que a questiona. É Hermes contra Hera,

exibida em dinheiro trocado, é dessacralizada também simbolicamente; sua

Macunaíma contra o Santo Guerreiro (Macunaíma: não há guerra possível em

soberania é a força das cédulas que emite, e a Cruz de S. Jorge – que está

seu nome, não há profanação que ele não alcance), e ao comentar os caprichos

presente também na bandeira de Londres – em libras é um poderoso comentário

da cultura inglesa, Cuquinha evidencia a reversibilidade da verdade que o hábito

4  Molusco Lama e ON/OFF –

político e cultural, tanto paródia da opulência imperial (de que o rickshaw é

sustenta (a lei não é mais a última ou única palavra); torna-se um especialista em

O Molusco Lama foi um coletivo de

também indício) quanto observação sobre a força formadora da economia (e da

causar interferências sobre os hábitos das imagens, esses daîmons do controle,

armada) inglesa na organização do trabalho no mundo. A submissão física é o

a provocar instabilidade; sua obra não é rompedora de limites – não é o lado

de 1996 a 2001, de que Lourival

dado último comum a todas as indicações históricas e políticas presentes na

de fora que a interessa, mas discutir as regras do lado de dentro, que é onde,

Cuquinha fez parte. ON/OFF,

obra, e torna-se contraponto material ao engenhoso arranjo especulativo das

depois das revoluções, sempre permanecemos.

regras estipuladas para esse jogo.

artistas que viveu em comunidade na praia dos Milagres, em Olinda,

curta-metragem de ficção, aborda a sociedade de controle de uma perspectiva cronenberguiana.

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Money, arte e uma topografia suada de Londres Lourival Cuquinha

Londres, 19 de julho de 2009 São cinco da manhã e acabei de chegar em casa do trabalho, do Rickshaw. Abri uma cerveja e estou fazendo uma massa. O assunto desta minha residência aqui no Reino Unido é dinheiro, money of the Queen as well. Nos anos de 2007 e 2008 morei neste país com minha mulher e nossos dois respectivos, filha e filho. Não foi muito fácil tendo em vista que a libra era quase quatro reais e eu não tinha muitas oportunidades para mostrar as idéias que saem da minha cabeça e fico chamando de arte. Trabalhei no Costa Coffee, uma multinacional italiana como um Starbucks da vida. Aprendi a fazer capuccino e um monte de cafés e ganhava o salário mínimo que aqui é por hora (£5,52/hour). Um trabalho bastante monótono como vocês podem ver no vídeo que fiz em: my proletary life: mind the gap

part 1

part 2

enquanto trabalhava, pensava naquela situação

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É um vídeo chatão e demorado como meu emprego era, mas se a pessoa tiver paciência, às vezes ele é engraçado. But go ahead. Neste emprego, eu li num jornal bem safado e conhecido daqui, o The Sun, que 80% dos ingleses não notariam se sumissem mil libras de suas contas bancárias. Andréas, meu colega de trabalho me disse que notaria. Então, lembrei a ele que ele era italiano e que eu, sendo brasileiro, notaria mais ainda. Aliás, não trabalhavam ingleses naquele café. Talvez hoje os ingleses já notem depois da “crise global”, the credit crunch. Bem, fiquei com isto na cabeça. Passei um tempo neste trabalho, mas acabei me demitindo, pois achava que deveria ter tempo para criar e investir no meu trabalho artístico. Bullshit, autodesculpa pra sair de um lugar que já não agüentava mais. Passei então quase seis meses mandando projetos não aceitos em lugar algum das terras da rainha. Me endividei. Devia a minha mulher e a minha mãe muito dinheiro. Dinheiro era no que pensava o tempo inteiro, filhos, aluguel de 975 libras etc... No meio das idéias destes projetos recusados pensei na notícia do jornal sobre as mil libras sumidas e não notadas e quis fazer uma bandeira da Inglaterra com exatamente mil libras. Seria perfeito, trabalharia com dinheiro e minha dedução lógica era esta: quando fiz o “Varal” trabalhei com roupas e ganhei muitas roupas (até hoje uso algumas delas), agora trabalharei com dinheiro e ganharei muito dinheiro. Raciocínio símio, mas que era a única intuição à qual eu podia me apegar naquele momento de fiasco financeiro. E de certa forma não deixou de ser verdade.

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chuva de prata or rain of values (performance que pensei em fazer também com 1000 libras. Trocaria este valor em 100.000 moedas de 1 cent e tomaria um banho delas)


De todo jeito achava a idéia plasticamente instigante. Eu teria que calcular geometricamente com notas existentes em mil libras o desenho da bandeira da Inglaterra. Não a do Reino Unido que é mais conhecida, mas a da Inglaterra, pois escoceses, irlandeses e galeses notam a inexistência de £1000 nas suas contas. Pra saber a relação destes países com a bandeira veja esta imagem: Este “desenho” foi feito e me senti feliz quando consegui ajustar as variáveis: vermelho, branco, cruz, proporção, notas de £10 e de £5. Mas “O” problema principal continuava: the money. Mil libras livres eram muito pra mim. Teria que conseguir 39 notas de £10 e 122 notas de £5. Até vi um edital daqui cujo valor era exatamente este, mas eles não viram qualidade artística na idéia e não me selecionaram (eheheh). O tempo passou, eu fiz uns bicos de entregar panfletos, fiz um curso de customer service para desempregados e as dívidas se acumulando. É verdade que durante 2008 fui ao Brasil três vezes para participar de cinco projetos de arte e fiz alguns trabalhos aqui para serem vistos lá. O problema é que a libra não deixava meus cachês em Real valerem nada. Um dia Tatiana, minha linda mulher, lembrou de um trabalho que eu sempre achei que seria massa, mas não tinha corrido atrás: Rickshaw.

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Minha filha no meu Rickshaw

Nos organizamos, fiz dois dias de treinamento e comecei. O Rickshaw é uma bicicleta táxi que rola aqui e foi inventado na China ou no Japão. Sem fitness foi danado, mas lá ia eu para as ruas de Londres, sem conhecer os lugares e falando um inglês ruim e tímido. Aliás, ainda falo um inglês ruim, mas não sou mais tímido linguisticamente, a não ser quando estou na presença de Guy Brett, pois fico um pouco nervoso e nada sai fluente. Primeiro foi difícil, mas chegou o dia em que peguei a manha e comecei a ganhar dinheiro, bem mais que no Costa Coffee ou nos panfletos. Trabalhei então pra pagar as dívidas antigas e não contrair novas. A bandeira rondava a mente, mas mil libras livres ainda eram um sonho para quem devia mais de quatro mil.

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Um dia peguei todo o nosso dinheiro do aluguel e colei na parede com blutack para poder ver a bandeira. Vi. Não era costurada como queria, para se poder ver a frente e o verso, mas já dava pra sentir. Que bom e que ruim ter que desfazê-la pra pagar o aluguel. Relutei até o último dia, mas descolei tudo e paguei.


Foi aí que minha mulher teve uma brilhante idéia: vender ações da bandeira! Os acionistas seriam pessoas que investissem acreditando no projeto e no meu futuro artístico/comercial/financeiro. Metade da bandeira seria confeccionada com dinheiro do meu trabalho no Rickshaw e a outra metade com dinheiro das pessoas que se interessassem em investir. Quem quisesse investir poderia doar uma nota de cinco ou dez libras para ser costurada na bandeira. Além de escolher o lugar no qual sua nota ficaria, o investidor, evidentemente, receberia uma ação certificando a compra.

ação

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Um grande negócio! Pois, quando eu vender a bandeira em leilão por no mínimo 5 mil libras, o investidor poderá trocar a ação comigo por 5 vezes o valor gasto. E caso ela seja vendida por mais dinheiro, o investidor ganhará proporcionalmente, ou seja, se eu vender a bandeira por 10 mil e ele investiu 10 libras então sua ação valerá 100 libras.

Minha esposa Tatiana é muito inteligente. Com isto este trabalho toca nos dois pilares da economia inglesa: trabalho imigrante e especulação financeira. Pois indústria eles não têm aqui. Claro que é muito mais barato montar uma indústria na China, na Índia ou no Brasil e pagar o salário mínimo e os encargos sociais destes países do que os daqui. Então, a prestação de serviços aqui, feita por imigrantes, e a venda de dinheiro, no que, diga-se de passagem, eles são competentíssimos, são o que mais movimenta a economia da ilha da rainha. E que posição estratégica esta ilha tem, a meio caminho entre Tókio e New York, como diz Tati, “é a botija do mundo”.

Agora tudo ficara mais fácil. Eu só teria que ter 505 libras para minha parte da bandeira, que é um pouco mais da metade, posto que eu deveria ser o acionista majoritário, e, assim, poderia vender os outros lotes dela até completar as £495.

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Dito e feito. A bandeira foi feita desta maneira. Antes do fim do ano passado consegui todo o dinheiro. O nome do trabalho é “Jack Pound Financial Art Project” e conta com 43 investidores de 10 países diferentes. Eles têm perfis variados, do estudante de dança


Fernando Lopes Silva ao artista plástico Cildo Meireles, da crítica de arte Glória Ferreira ao Rickshaw Rider Botond Laczko-Szentmiklosi da Transilvânia. Passando pela alfabetizadora de adultos Eunice Silva de Araújo e pelo colecionador português Antônio Branco, todos têm sua cota. Tirei fotos com os investidores no momento da compra e cada um de nós tem uma cópia da ação certificando-a. Já Terminei de costurá-la. Claro que durante o processo tive outras idéias relativas ao dinheiro do Reino Unido, a Libra, a moeda mais forte do mundo, e a minha condição naquele país. Estas idéias fazem parte da residência que faço agora na Inglaterra, pelo British Council e Arts Council England dentro do programa Artist Links. São projetos que trabalham com a concepção do que é aquele país na ótica de quem não nasceu lá e que também levam em conta uma das coisas que mais influência este olhar: money como matéria.

Trabalhos relacionados à geografia da cidade como Rickshaw, courrier e distribuição de panfletos e o dinheiro que se ganha neles como substrato para materializar as idéias. Uma “Topografia Suada de Londres” feita por um estrangeiro/migrante financiado pela rainha em época de crise financeira. God save the Queen! PS: já são 7 e meia e hoje foi meu primeiro dia de Rickshaw neste ano depois de seis meses trabalhando com arte no Brasil. Foi um péssimo dia em termos de grana. Só fiz £35 libras num sábado ensolarado. Em sábados como este já cheguei a fazer £250, será que a bolsa que me “melhora” como artista, me “piora” como Rickshaw?...

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preço e título: R$ 102,00

dinheiro com a cara do dono

price and title: U$ 101

Das Kapital: destruction and construction

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o trabalho gira em torno or the work spins around


lourival cuquinha olbius@gmail.com Formação

Mestre em cinema pela University of Wales, Newport, Reino Unido Bacharelados em história, direito, filosofia e engenharia química [inacabados] Universidade Federal de Pernambuco, 1993–2002 Exposições Individuais

Mit Krimineller Energie, HALLE 14
e ACC Galerie Leipzig e Weimar, Alemanha, 2012 Caos e Efeito/Contra-pensamento Selvagem, Itaú Cultural, São Paulo, Brasil, 2011 Panorama da Arte Brasileira, MAM, São Paulo, Brasil, 2011 Jogos de Guerra, Centro Caixa Cultural, Rio de Janeiro, Brasil, 2011 Festival Performance Arte Brasil, Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro, Brasil, 2011

Capital: construction-destruction Multiplespacings/PROGR – Zentrum für Kulturproduktion, Bern, Suíça, 2012

Voces Diferenciales, Centro Provincial de Artes Plásticas y Diseño, Havana, Cuba, 2011

Topografia Suada de Londres: Jack Pound Financial Art Project Centro Cultural Correios, Recife, Brasil, 2012

Night of Festivals, Nottingham, Inglaterra, 2010

Costumes – minha mãe sustenta minha filha Instituto Cultural Banco Real – Galeria Marcantônio Vilaça, Recife, Brasil, 2007 Residência – Ècole Supérieure d’Art de Aix-en-Provence, França, 2005 Prêmios

Prêmio Brasil Contemporâneo Mostra de Artistas Brasileiros no Exterior, da Fundação Bienal de São Paulo, 2010 Prêmio Registros do Canal Contemporâneo pelo trabalho Parangolé, 2010 Prêmio Interações Estéticas da Funarte Ministério da Cultura para realizar uma residência no ponto de cultura Negras Raízes no Morro da Conceição, Recife, Brasil, 2010–2011 Bolsa residência em Londres do programa Artist Links do British Council, com o trabalho Topografia Suada de Londres, 2009

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Premiado no 7º Salão do Mar, pela obra Varal, Vitória, 2006 Bolsa para projeto de pesquisa plástica pelo projeto Mapa do Ácaro, pelo Governo do Estado de Pernambuco, 2003–2004

748.600, Paço das Artes, São Paulo, Brasil, 2011

Vivo Arte.MOV 2010, Belém do Pará, Brasil, 2010 Macunaíma Colorau, 47º Salão de Artes Plásticas de Pernambuco, Museu de Arte Contemporânea, Olinda, Brasil, 2009 Brazilian Summer, Art & the City, Het Domein Museum, Sitard, Holanda, 2009 O Lugar Dissonante, 47º Salão de Artes Plásticas de Pernambuco, Torre Malakoff, Recife, Brasil, 2009 Novo Rosto, na Casa da Cultura da América Latina, Brasília-DF, Brasil, 2009 Brazilian Video Art and Short film, University of Essex Collection of Latin American Art, Colchester, Inglaterra, 2008 Projeto Arte e Crime: Insubordinações pelo Conexão Contemporânea / Funarte, Recife, Brasil, 2008 Die Kunst erlöst uns von gar nichts, Künstlerpositionen aus Südamerika, ACC Galerie, Weimar, Alemanha, 2006 Rumos Artes Visuais, Itaú Cultural, São Paulo, Brasil, 2006 Territoires Transitoire, Palais de Port Doré, Paris, França, 2005 46º Salão de Artes Plásticas de Pernambuco, Recife, Brasil, 2004

Premiado na exposição Olinda Arte em Toda Parte, pela obra Varal, 2003

45º Salão de Artes Plásticas de Pernambuco, Recife, Brasil, 2003

Premiado na 1ª Mostra Rio de Arte Contemporânea pela obra 1º Concurso Mundial do Mickey Feio, Rio de Janeiro, 2002

1ª Mostra Rio de Arte Contemporânea, MAM / Rio de Janeiro, Brasil, 2002

Exposições Coletivas

Transa-Atlântica, Fábrica ASA, Guimarães 2012 – Capital Européia da Cultura, Portugal, 2012

Salão Pernambucano de Artes Visuais 2000, Torre Mallakof, Recife, Brasil, 2000 Salão dos Novos, Museu de Arte Contemporânea, Olinda, Brasil, 1999


notes on a sweaty topography of london MOACIR DOS ANJOS1

Correios, acknowledged for offering mail services with quality and excellence to all Brazilians, also invest in actions that place culture as a tool towards social inclusion, offering sponsorships. The company’s increased contribution aims higher than strengthening its institutional image, but above all, aims for supporting and valuing the Brazilian cultural memory, democratizing the access to culture and strengthening citizenship. Is within this context that Correios, present all over the Brazilian territory, support with satisfaction, projects of this nature and highlight the commitment of getting Brazilin people close to the diverse artistic languages and cultural experiences that spring up in every different region of this country. The company is also proud of offering to the society its Centres and Cultural Spaces, where varied artistic manifestations take place, occasion in which they are consolidated as proper environments to the support and the preservation of Brazilian cultural identity. Centro Cultural Correios

1  Researcher at Fundação Joa­quim Nabuco. The author accompanied in meetings

To start talking about this

Exploring the particularity of the modern view on the artistic object, the German sociologist Georg Simmel identified more than a century ago the occurrence of a progressive but radical displacement between the value attributed to a work of art and the well definite criteria that used to rule, until the mid 19th century, its appreciation and judgment. The modern eye could not see anymore, in a certain work, qualities before evident in a simple way, such as the narrative capacity or the realist representation of the world. In modern times, the recognition of aesthetic qualities of an artistic artifact became mediated and informed by other and diverse criteria, expressing particularities of the new sensibility then arising. Some of the defining traces of this new sensible universe can be glimpsed in Simmel’s oeuvre through his thoughts on the relationship between currency and culture in modern world. According to Simmel, it is the development of currency as main institution to the process of generating wealth that makes possible the emergence and consolidation of cultural values unequivocally associated to modernity such as indifference to others individuality and the autonomy of individuals. His argument is anchored in the finding that only in monetary economies the relationships established in productive spheres have the guarantee of anonymity, for being mediated by the generalized use of currency.2

with Lourival Cuquinha the conceptualization and execution of

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the project referred here, made in London between 2007 and 2010, supported by the Artist Links, program of the British Council and of the Arts Council England. 2  Simmel, Georg. “Money in Modern Culture.” Theory, Culture and Society, vol. 8, 1991, pages 7-31. 3  Simmel, Georg. “A Metrópole e a Vida Mental.” In Otávio G. Velho, O Fenômeno Urbano. Rio de Janeiro, Zahar Ed., 1967.

Not only the modern relationships of production, however, have started to have on currency their element of socialization; actually, Simmel says, any product of human labor only gets social intelligibility if expressed in terms of the standard evaluation of value contained in its monetary form. Accordingly, as a constitutive and constituent of the modern world, the currency establishes limits to the ways individuals apprehend and express the stimuli of which they are objects in face of the particular forms of a product, a purely utilitarian one or an artistic artifact. The imperiousness of being recognized through the universal medium of exchange makes of any qualitative evaluation of the product of human work subsidiary to that recognition and always hidden or transformed by it.

As a result of these changes, individuals, despite being more autonomous, lose their capacity of reacting to the gradations, shades and peculiarities of objects; a lost which contributes to the construction of a sensibility whereby definitive satisfactions are harder to reach and even of being idealistic formulated. This sensibility is expressed, according to Simmel, with the blasé attitude adopted by modern men and women who, facing the enormous fluxes of impressions and images emanated from the objects surrounding them – during daily life in a metropolis or in the arbitrary sequence of pictures in an exhibition –, find themselves increasingly incapable of apprehend their singularity and incomparability; of recognizing in those objects values irreducible to other forms of belonging to the world.3 Whereby the progressive interiorization of evaluative procedures inherent in the operation of mature monetary economies, modern individuals get incapacitated of manifestation of preferences between things according to their specificity and singularity. As a result of this blunting of the discriminatory power of senses, the artistic artifact gets almost indiscernible from any other objects, in the reified and fugacious space of mercantile exchange, being subject of the crescent dilution of the criteria that organized and limited their insertion in the material universe. Coffee, money and map

In the end of 2007, Cuquinha worked in London as a barista at one of many Costa Coffe unities, an Italian chain of cafeterias that, with many similar ones, have been homogenizing (thus turning poorer) the act of having a coffee in the world. The artist moved accompanying his wife – also Brazilian and then a post-graduate student in the United Kingdom –, thus having the right of working legally. This ill-paid, uninteresting, and demanding many hours of uninterrupted activity job is an example of many occupations not wanted by English citizens, especially during economical growth, being usually made by immigrant workers to which few options of legal work are available. In this very same period, during the accelerated making of espressos and cappuccinos, Lourival Cuquinha read on The Sun, Londoner publication wont to hyperbolic news, the amazing result of an unusual poll: 80% of the English people would not notice if £ 1,000 disappeared from their bank accounts. Considering the payment received for an hour of work (£ 5.5) and the fact that £ 1,000 was almost the cost of their mensal rent, the artist quickly realized how stratified and unequal the contemporary English society is. It was very unlikely that his or his colleagues

at work, also immigrants, did not notice immediately the disappearance of even a smaller amount from their accounts or domestic budgets. By being submitted to a job openly rejected by the middle English citizen, Lourival Cuquinha knew he lived in a world that was not, materially, the one he usually lives. And by being completely sure he would answer the poll in a different way, he was also convicted he did not shared symbolical values with the natural citizens of where he lived. This feeling of not belonging to a national group that recognizes itself within habits and ideas as a cohesive community made Cuquinha create an object with what articulates and promotes, as matter and symbol, this irreducible difference: the country’s currency. Cuquinha did not decide to make an ordinary object using pounds thou, but another symbol of the country where he lived without really sharing a life in common: he decided to make the English flag. Using 122 sewed £ 5 banknotes available for the sew of the flag, he made the “white” background of the English streamer; and using 39 £ 10 banknotes sewed over the firsts he made the “red” cross representing the Saint George’s Cross, totaling £ 1,000. By confusing physically the banknotes and the English flag, Cuquinha proposes a metaphor about the interlacement between the belief in the symbolic communion of the nation and the universal power of purchase of its currency. Reduces the nation to money or – the opposite – dilutes the fiduciary value ready to be materialized in goods and services in an abstract symbol of nationality. Making a version of the English flag with the same amount of pounds the English people would not miss from their bank accounts calls the attention to those who would immediately notice such disappearance: the immigrant workers who do not recognize in the English flag and currency elements of identity. There is here an ambiguous game of turning visible, in the art space, what is not in ordinary life, and of turning opaque, in the form of a constructed object, what is central in social life. Community of numbers

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The work was baptized Jack Pound, reference to the fact that the United Kingdom flag – a graphic combination of England’s, Scotland’s and Ireland’s flags – is called Union Jack. There was, however, a problem to execute it: obtain £ 1,000 available for the construction of the flag, since Cuquinha’s ill-paid job, which partially motivated the project, would be unable to generate them. The first step was leaving the job and starting to work as a rickshaw rider,


another typical immigrant job that, although also ill-paid and exhausting (thus despised by English citizens) allowed him to collect, slowly and with physical effort, the necessary resources to his project. The fundamental contribution happened when the artist added a third layer of meaning: besides the physical thing and national symbol, it would be transformed also in a financial active. To this, Cuquinha associated to each monetary instrument necessary to the confection (122 £ 5.00 banknotes and 39 £ 10.00 banknotes) a certificate of purchase himself produced guarantying repayment to everyone who invested on the work with the addition of any profit obtained with the sale. Contributing with a £ 5.00 banknote the investor would get a stock of what Lourival Cuquinha started to call the Jack Pound Financial Art Project, which would guarantee the repayment of this very same value plus the percentage of valorization the flag happened to have when commercialized in the art market, in an unknown moment in the beginning of the process. After buying himself £ 505.00 of the total value, a way to guarantee his status as the main owner of the work, at the end of 2008 he had sold all the other stocks among 42 artists, art critics, collectors and friends in ten different countries, creating a society web united by the interest on the future value of the work. There were then two mechanisms for funding the work: the profit generated with a typical immigrant work (rickshaw rider) and the resources obtained with the anticipation of profit that did not even existed in that moment, typical operation of a financial system that had in England, and in London in particular, a fundamental place for its consolidation. In fact, since the remote past till nowadays, London was one of the protagonists in the process of commodification and financialisation of the western world. At London many acts and norms necessary to the transformation of human labor into merchandise and for the recognition of the currency issued by the State as an instrument for universal exchanges were created. This protagonism is confirmed by the fact the London Stock Exchange is one of the most important in the world, capable of affecting instantly, by electronic ways, even the most distant markets, and being for them affected, as the crises hatched coincidently in 2008 demonstrates. The Sterling Pound carries and expresses, beyond any other meaning, the history of London as a place of affirmation of the way of life based on the power of currency, where the ability of making exchanges is an indispensible requirement and almost a natural attribute.

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What is the value of each thing

The job as a rickshaw rider turned possible, beside the generation of part of the resources to make the Jack Pound, the creation of other related works, which articulates what possibly is the main theme of Lourival Cuquinha’s investigation in his project: the critic of the establishment of monetary equivalences between things in the world. With the rickshaw, vehicle capable of transportation up to 3 people at once, the artist took people from the London center and surroundings, mostly at night, when more people go out to have fun and are more predisposed to try forms of locomotion different from those used daily. The ostensive presence of rickshaws at the city center and the fact most drivers are immigrants and most passengers are English (or European tourists) make evident some central characters of England in the contemporary world. Arriving from former British colonies in Asia, where were (and still are in some places) used as regular taxis, the rickshaws assume, in the former capital of the empire, the role of exceptional way of transportation only available to those with extra resources to spend and thus generates incomes to those who only get ill-paid jobs offers, as it is the case with most immigrants who live there. The fact it is partially made with Sterling banknotes earned with this job makes of Jack Pound symbol not only of a country, as any English flag, but also of an unequal and exclusionary relationship, even thou in emergency terms convenient to both parts. The straight association between the physical work made while riding and the money earned with the rides provides the riders a sensorial and immediate knowledge of the equivalence between work and money that is distinct from the knowledge generated by rationalized and mediated ways of establishing such parity. This equivalence, however, is only determined through an agreed evaluation between rider and client of the monetary value of a certain amount of pedaling. In this evaluation are included diverse variables such as the distance between points of origin and destine, number of people, time of the day, temperature, and security in the route, among others. Here as in other elements of his project, Lourival Cuquinha establishes parity relationships between money and work only to make evident what they have of arbitrary and merely conventional, stripping them of any naturalism. Among many other works produced as a rickshaw rider there are photographs of the clients at the end of the ride and the banknotes used to pay for the service. Stand out also films made with micro cameras put on the wheels

recording images where ground and sky succeed and mix, capturing fragments of the hybrid, vibrant, erotized and unequal life in London, almost establishing another type of unregulated and critical of any norm of established equality equivalence, having now as poles of this relationship the frames and the riding.

to the vertical nature of their caption. Finally, when someone rides the third rickshaw of this interactive sculpture it is possible to hear sounds recorded on the streets of London. This component of the installation was named the work spins around, which can be read literally but also as recognition of how hard is to apprehend, on the project’s objective materiality, its many forming elements.

Everything is in the same place

The will of articulating different components of work gave birth to an installation appropriately called Sweaty Topography of London, usually composed by three connected rooms. In the first there is only the flag, the Jack Pound, attached to a pole hanging from the wall. On the floor, the same red asphalt that in London indicates the route connecting important national buildings, such as the Trafalgar Square and the Buckingham Palace, via The Mall, scenario of many ceremonies related to the royalty. This is one of the few streets in town where the circulation of rickshaws with passengers is forbidden, although it is open to the traditional London black cabs. The fact rickshaws are mostly guided by immigrants and almost all black cabs have English drives makes of this physical proximity and symbolical distance between flag and floor another metaphor for partitions, inclusions and exclusions that constitute English society. The second room of Sweaty Topography of London articulates the other two and it is composed by: (i) photographs of the investors at the moment they are buying the stocks, with the papers negotiated; (ii) drawings and text associating each banknote in the flag to its investor; (iii) the group of photographs mentioned above showing the artist’s clients while a rickshaw driver, who had indirectly also contributed with the execution of the Jack Pound; (iv) maps, drawings and notes of different nature related to the routes and the monetary transactions made throughout the work. All these elements together draft a geography both social and physical of the whole project. The third room by its turn hosts a sculptural piece formed by three rickshaws connected and fixed to the floor by a metallic structure where the public is invited to sit and ride, playing the role of conductors. As soon as the wheels of the first rickshaw are activated an electric device connected to the vehicles projects on the wall some of the films made with the cameras attached to the wheels in London. At the moment the second rickshaw is activated mirrors move to make the projection run across the room, adding horizontal movement to the images, which become more abstract due

Alike and different

In October 2010 during the annual Frieze Art Fair in London the Jack Pound was auctioned, as wanted by Lourival Cuquinha since the beginning of the project. The auction, organized by the gallery based on Rio de Janeiro A Gentil Carioca, was part of his participation at the Fair and was announced by him as “a fragment of the future of the art market” that synthesizes the “gadget of artistic speculation”. The flag, financed with £ 1,000, was sold at the fair for £ 17,000. Each investor got the initial amount invested (£ 5.00 or £ 10.00) multiplied by 8.5 times (because costs as the gallery’s percentage were deducted). A profit little times obtained in such a small period with investments on productive sectors of economy, although not so uncommon when art and financial markets meet. Profit also that comes from not the potentiation of money as a general exchange value, but precisely from the annulment of this constituted function and paradoxically of its metamorphosis in symbolic value. It is with this crossroad that the sale in the art market of an object made with regular money subtracts from the banknotes used the capacity they hold before sewed as a flag – or even after, but before the auction – of being exchangeable without lost or profit for others of identical value (in any other situation £ 5.00 or £ 10.00 can only be exchanged for monetary instruments of the same value, after all). The operation undertaken by Lourival Cuquinha cancels, with the agreement of different agents from the artistic field the conventions of mercantile equivalences that made of those banknotes a general exchange value. Adds, however, to the sewed banknotes in the flag a symbolic value absent before. Making them legit grouped this way, as an art object, the artist – and the investors, the gallery, the art fair, the auctioneer and the buyer – subvert and transform, in the social space where the work is constituted and presented, its original function: used before to attribute monetary value to merchandise and being for them exchanged in parity terms, to those banknotes imputed by the art world an amplified power of exchange in the mercantile world. Transporting the banknotes from

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the monetary to the artistic world Lourival Cuquinha separates and distinguishes with precision the values those banknotes, as money and as art, claim to possess.

dissonance with the wide freedom conceded to works of art and exploring the ridiculous aspect of the norm, this respectful old lady, with heels and lacquer.

There is always something else

beta [the work and the days]

If the installation conceived in three parts called Sweaty Topography of London articulated the whole project, the very nature of the work implied this physical integration would be broke one day. Indeed, selling the Jack Pound at the auction means not only the conceptual conclusion of the project but the removal of the English flag from it, absence that is not repaired qualitatively by the posterior inclusion of more documents, objects and even new flags. It is evident the Jack Pound can always be borrowed (and actually is) from its buyer to take part at exhibitions where Sweaty Topography of London is presented, maintaining its intelligibility. But the flag will be there in any case also as a proof of the fact in this project there is always something missing, and every unit is temporary and can be broken. And this is how the project is complete.

The Jack Pound Financial Art Project (from now on JPFAP) sustains this exercise of affront. Organized as a counterdispositive operating on the production, manufacture and commercialization of the work, the JPFAP brings, at the same time, juridical, economic and symbolical implications to his work. Which was produced (and here some biographical information is needed) by an artist used to the irony of codes – alert with habits and the small negotiations of culture; living in London, foreigner and therefore twice alert. And, one day, in the country where the common law is the common sense, the common sense becomes nonsense once again: a poll made by the tabloid The Sun concludes that almost 80% of the British would not notice if £ 1,000 had disappeared from their bank accounts. This headline, image of the European abundance and the insular British pride pre-crisis, is the starting point of the project; the immigrant artist, rickshaw rider, outside of the contract where this conclusion is possible, observes this and other parts of the surrounding culture (of which he is – comfortable and scaring – an outsider) and decides to build a monument to the Great Britain’s capitalist efficiency. To make it, some rules were needed; it was necessary to know them well and decide which respect and which not, because the monument is a theatre, is a play, and, just like any monument, it would be impossible to take it seriously.

The art of the game GABRIEL bogossian1

alpha [culture, norm and image] 1  Friend and independent curator.

The relevance of a work of art, if a work of art still has any relevance, is given by the quality of its reflexive contribution to the culture where it is established. The relationship between work of art and culture oscillates, though: culture means norms and standards, practiced in a given territory; its unity is also given by the pedagogical force that every cultural dispositive carries (the language, the nation and its heroes, the glory of the national conquers). The work of art, by its side, usually is not so normative, due also to the freedom cultures in some degree concede to it. Despite this oscillation and this freedom, the dispositive organize standards, accepting or confirming certain behaviors, producing, distributing and exchanging certain images of success and justice.

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It is known, you can’t argue with taste. After realizing the standard is relatively poor and the promises of efficiency of the norm are discussible, the almost juvenile pleasure of challenging (authority, mainly, but also the viability of some ideas) made Cuquinha question since his first works the taste of our time, its icons and cultural habits and, eventually, its legal norms, at the same time legitimizing

But it was necessary to make it ingeniously; the result of this poll, and The Sun itself, British as the London bricks, deserved a compatible monument – to England and its entrepreneur spirit. The financial engineering, more than reproduced Saint George’s Cross, is the tribute offered, and its scale – a miniature, compared to the real speculators – brings a inevitable irony to Cuquinha’s position as immigrant-artist in relation to the British (speculative) art market. Rules decided, work was necessary; the need of expressive intervention on the material is minimal, but the list of techniques used would not be complete if did not include riding a rickshaw, memorization of streets and a kind of specific persuasion that guarantees the sales of the stocks. Therefore, there is labor, not only artistic, in this work, and because of innumerous conversions of value (the work into money, the stocks into money, money into art, and again into money), it is evident its core are the exchanges and commercial

arrangements it allows – it is the economy, stupid (and, essentially, the manipulations of value). There is a comment on the inflation of the value of art, more than its price, and an ironic comment on how the art world functions as a mix of casino and marketplace, where the commercial sagacity lives with gambling. In this scenario, Cuquinha really proposes an association economically attractive to all players, but also, by manipulating abstractions and sales projections, amortizes the costs of production and maximizes profit; by creating an optimal relationship between partners investors and market he becomes able to rise the price and the scale (physical – the Brazilian flag – and monetary – the Swiss2 flag) of his next works; he also expands his market, producing works to specific art fairs, in which participation means score in the gymkhana of the international art market. Using the voracity and the rules of the art market to enable his works and, ultimately, his future oeuvre, Cuquinha manipulates his position of commodity in the great art marketplace, and also the status as object-merchandise of his work, maximizing the benefits derived. The point is, here as elsewhere, to create a perfect speculative form, rewarding each one according to his or her stocks, and the bank more than everyone. The freedom of approaching the currency as a toy may come from the hyperinflationary periods of the Brazilian economy, but, as it is clear here, flourish better under abundance. Besides the economic comment, however, every national flag represents by its symbolic power the values and principles of a State, and thus of its people, beliefs and sovereignty included. And also its law, and the terms if its constitutional text. About this, in a first level, the JPFAP brings the question of the role of illegality. The use of bills beyond its monetary functions is forbidden in every legal text, and this mixture between law and economy puts again the contravention as a political significant. Cuquinha re-reads and expands the praise of marginality by Oiticica (image and actualization of a certain artistic behavior in use since, let’s say, Villon), and acts in the free space reserved for art to test the voluntary servitude to the law (and to the taste, and to the norm of culture), the limit of the habit of obedience. And it is not surprising this profanation does not change the world: all disobedience acts alone because there are no groups that support or admit it – even if it is done after linguistic presuppositions typical of art (of artistic interests) and introducing a research field which, in future works, will arrive to the discussion of mechanisms of vigilance and control, thus with a juridical value. By doing this, Cuquinha reactivates in a positive way our macunaimical culture of transgression, where the laws are

adjusted silently (or completely refused) in everyday life, under the wreckages of institutions.

2  Besides the English flag that is part of the Jack Pound Financial

The symbolical attack, for this, is fundamental. The relationship established between images of England, its two major emblems (the image that is its flag, the image that is its money), shuffles the idea of (national) value and flag (for which they fight): their fight is economical; their symbol is commercial, logo or emblem of a company. In other flags this relationship is underlined by exploring the meaning of the total sum of the bills (as it happens with the Cuban and the American flag, both made with American dollars). The English flag, exhibited in small change, is desacralized symbolically too; its sovereignty is the power of the bank notes printed, and the Saint George’s Cross – present also in the London flag – made with pounds is a powerful political and cultural comment, at the same time parody of the imperial opulence (of which the rickshaw is also a trace) and an observation about the pedagogical power of the English economy (and navy) in the organization of the world’s labor. The physical submission is the last common datum of all political and historical reflections present in the JPFAP, and it is the material counterpoint for the ingenious speculative arrangement of the rules determined for this game. Is in this crossroad of playful thinking and political reflection that the strength of this work is based. Here, the pleasure of creating a necessary method for production, informing and enriching the work, becomes the exercise of a carrollian legislator. But because every game needs some control, and ultimately a judge, to create personal, absurd or complex but always necessary rules is one of the activities Cuquinha strives; the crescent political inflection of his oeuvre would not be complete without a juridical aspect; and it is after the conquer of this spectrum of action that the reflection (the discussion) of habits metamorphosed in rules, law and order becomes more evident.

Art Project, other flags were produced for different fairs and exhibitions: the Brazilian – using Real banknotes –, the Cuban and the American – both using US Dollars –, the Swiss – using Swiss Francs –, the German – using Euro –, one of the former Soviet Union, using Cuban Pesos and Brazilian Reais, and two Greek flags, one using euro and other the old drachmas. 3  Molusco Lama was an artistic collective of which Lourival Cuquinha was part that lived in a community at a house in Olinda, Pernambuco, from 1996 to 2001. ON/OFF, short movie, approaches the society of control in a cronenberguian perspective.

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Although the JPFAP’s spinal column is based on the legality and the use of values (its circulation), which is in the end the common ground of the line that goes from the Molusco Lama experience to the production of ON/ OFF3, the parodic character of this work puts it close of a non negligible humorous tradition in Brazilian culture. The use of the auction illustrates well: the artist goes dressed up as a businessman, and the auctioneer’s hammer (there is a hammer, after all there is a protocol) evokes the judge’s hammer, and his pulpit echoes the priest’s, in a serious parody of solemnity. Using these resources


Cuquinha explores the outside of habit, from its juridical aspect to the daily life, producing, out of the blue, in a supposed logic sequence (of artistic language, theoretical and historical), more or less stern and given to liturgies, deviation, diversion, the eccentric molecular movement, which does not establish a revolution but opens a playful window to the monument of truth and the wires sustaining it (its pomp and habits). The norm, naked, does not become more laughable nor specially fragile (it is not a work of humor or attack), but is shown less secure, less honorable (Cuquinha’s oeuvre is something like the exhibition of Norm’s – this neighbor of ours – dark past), joined by a petulant and questioner child. It is Hermes against Hera, Macunaíma against the Holy Warrior (Macunaíma: no war is possible on your behalf, there is no impossible profanation), and by commenting the caprices of English culture Cuquinha points how reversible is the truth sustained by habits (the law is not the last or only word); he becomes an expert in causing interferences over the habit of images, this daimons of control, provoking instability; his oeuvre does not breaks limits – the discussion is not outside, but inside the rules – where, after all revolutions, we always stay.

Money, art and a sweaty London topography LOURIVAL CUQUINHA

It’s five o’clock in the morning and I’ve just arrived home from work, from the Rickshaw. I opened a beer and I’m cooking some pasta. The subject of my residency here at the United Kingdom is money, money of the Queen as well. Last year, I lived in this country with my wife and our respective daughter and son. It wasn’t very easy considering the pound was almost four reais and I didn’t have many opportunities to show the ideas that come out of my head and that I keep on calling art. I worked in the Costa Coffee, an Italian multinational like Starbucks. I learned how to make a cappuccino and lot’s of coffees and earned the minimum salary, calculated by the hour (£5,52/hour). The worst job I’ve ever done in my life, as you may see in this video I did custom for 2pontos at the time:

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part 1

part 2

It’s a very boring and long video, just like my job was, but if one has patience, sometimes it is funny. But go ahead. In this job, I read in a very tawdry and famous newspaper, “The Sun”, that 80% of the English wouldn’t notice if one thousand pounds disappeared from their bank accounts. My friend from work told me he would notice. I reminded him he was Italian, and that I, being Brazilian, would notice even more. By the way, no English worked in that coffee shop. This was a little over a year ago. Maybe today the English may notice, after this “global crisis”, the credit crunch. Well, I had that thought in mind. I spent some time in this job, but I ended up quitting it, because I thought I ought to have some time to create and invest in my artistic work. Bullshit, self-excuse to leave a place I couldn’t stand anymore. So I spent almost six months sending projects that weren’t accepted anywhere in these lands of the Queen. I became indebted. I owed my wife and my mom a lot of money. Money was what I thought about all the time, my children, a 975 pounds rent, etc. In the midst of these ideas for the turned down projects I thought about the news in the paper and wanted to make a flag of England using one thousand pounds. It would be perfect, I would work with money and my logical deduction was this: when I did O Varal [The clothesline] I worked with clothes and people gave me lots of clothes (I wear some of them until today), now I will work with money and earn a lot of money. Simian reasoning, but it was the only intuition I could cling to in that moment of financial fiasco. And in a sense it ended up being true. Anyway, I thought the idea was visually instigating. I would have to calculate geometrically with existing bills totalizing one thousand pounds the design of the English flag. Not the United Kingdom flag which is more famous, but the flag of England, because Scottish, Irish and Welsh notice the inexistence of a thousand pounds in their bank accounts. To know the relationship between these countries and the flag see this image. This design was done and I felt happy when I managed to adjust the variables: red, white, cross, proportion, 10 and 5 pound bills. But “the” biggest problem remained: the money. Extra one thousand pounds was a lot for me. I would have to obtain 39 £10 bills and 122 £5 bills. I even saw an arts announcement, which the prize was exactly this, but they didn’t see artistic quality in my idea and didn’t select me (hahaha). Time went by, I did some gigs as a pamphleteer, a course in customer service for unemployed but the debts continued to accumulate. It’s true I went to Brazil three times to participate in five art projects and worked on

some projects here to be exhibited there. The problem was the pound wouldn’t allow my payments in real be worth anything. One day Tatiana, my beautiful wife, reminded me of a project that I always thought would be awesome, but that I hadn’t pursued: Rickshaw. We organized ourselves, trained for two days and got started. The Rickshaw is a taxi bicycle that exists here and that was invented in China or Japan. With no fitness it was hard, but there I went through the streets of London, without knowing places and speaking a bad and shy English. By the way, I still speak bad English, but I’m not as shy linguistically, unless when I am in the presence of Guy Brett. I get a little nervous and nothing comes out fluent.

an industry in China, in India or in Brazil and pay minimum wage and the social obligations of these countries than those here. So, the service rendering here, carried out by the immigrants, and the selling of money – which, by the way, the English are very competent at – are what mainly move the economy of the Queen’s island. And what a strategic location this island has, half way between Tokyo and New York, according to Tati: “it’s the jug of the world”.

At first it was hard, but there came the day that I got the hang of it and started to earn money, a lot more than in the Costa Coffee or pamphleteering. So I worked to pay out the old debts and not run into new ones. The flag roamed my mind, but an extra one thousand pounds was still a dream for one that owed more than four thousand pounds.

Said and done. The flag was done this way. Before the end of last year I made all the money. The name of the work is Jack Pound Financial Art Project and has 43 investors from ten different countries. They have varied profiles, which go from the dance student Fernando Lopes Silva to the visual artist Cildo Meireles, from the art critic Glória Ferreira to the Rickshaw Rider Botond Laczko-Szentmiklosi from Transylvania. From adult literacy teacher Eunice Silva de Araújo to the Portuguese collector Antônio Branco, all have their share. I took pictures with the investors at the buying moment and each one of us has a copy of the stock certificate to validate the buy. I finished sewing the flag two weeks ago.

One day I got all of our rent money and 25 pounds more and stuck the bills on the wall with blu-tack to be able to see the flag. I saw. It wasn’t sewed together like I had wished, as so to see front and back, but I could feel it already. How wonderful, and how terrible it was to have to un-do it to pay the rent. I resisted until the last day, but I unglued everything and paid the rent. It was then that my wife had a brilliant idea: to sell shares of the flag! The shareholders would be people that believe in the project and in my artistic/commercial/financial future. Half of the flag would be made with money from my work in the Rickshaw and the other half with money from the people interested in investing. Whomever desired to invest could donate a 5 or 10 pound bill to be sewed onto the flag. As well as choosing the place in which their bill would stay, the investor, evidently, would receive a stock certificate of the buy. A great deal! Because when I sell the flag in auction for at least 5 thousand pounds, the investor may trade the share with me for five times the value spent. And in case it is sold for more money, the investor will gain proportionally, that is, if I sell the flag for 10 thousand pounds and he invested £10 then his share will be worth £100. My wife Tatiana is very intelligent. Therefore this work touches on the two pillars of the English economy: immigrant labor and financial speculation. As they don’t have industries here. Of course it is a lot cheaper to set up

Now everything became easier. I would only need 505 pounds for my share of the flag, which is a little more than half, as I should be the major shareholder and, this way, could sell the other shares until I complete 495 pounds.

Of course, during the process I had other ideas relating to the United Kingdom money, the pound, the strongest money in the world, and my condition in this country. I will talk about them later, in other texts. These ideas are part of the residency I am doing at this moment in England, now sponsored by the British Council and Arts Council England as part of the Artist Links program. These are projects that work with the conception of what this country is in the perspective of those who were not born here, and also take into account one of the things that influence the most this point of view: money as matter. Works related to the City’s geography – like Rickshaw, courier and pamphleteering – and the money earned in them as substance to materialize ideas. A Topografia Suada de Londres [A Sweaty Topography of London] made by a foreigner/immigrant sponsored by the Queen in times of financial crisis. God save the Queen!

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PS: it’s already 7:30 pm and today was my first Rickshaw day this year after six months working with art in Brazil. It was a terrible day money wise. I made only 35 pounds in a sunny Saturday. In Saturdays like this, I’ve gotten to 250 pounds. Does the scholarship that “betters” me as an artist “worsen” me as Rickshaw?...


lourival cuquinha olbius@gmail.com Masters degree in Cinema – University of Wales, Newport, UK

Chaos and Effect/Savage Counter-mind, Itaú Cultural, São Paulo, Brazil, 2011 Brazilian Art Panorama, Museum of Modern Art, São Paulo, Brazil, 2011

Attended History, Law, Philosophy and Chemical Engineering courses [unfinished] – Federal University of Pernambuco, 1993–2002

War Games, Centro Caixa Cultural, Rio de Janeiro, Brazil, 2011

Solo exhibitions

Voces Diferenciales, Centro Provincial de Artes Plásticas y Diseño, Havana, Cuba, 2011

Capital: construction-destruction, PROGR – Zentrum für Kulturproduktion, Bern, Switzerland, 2012

Performance Festival Art Brazil, Museum of Modern Art, Rio de Janeiro, Brazil, 2011

748.600, Paço das Artes, São Paulo, Brazil, 2011

Sweaty Topography of London: Jack Pound Financial Art Project, Centro Cultural Correios, Recife, Brazil, 2012

Night of Festivals, Nottingham, England, 2010

Costumes – my mother supports my daughter, Instituto Cultural Banco Real – Marcantônio Vilaça Gallery, Recife, Brazil, 2007

Macunaíma Colorau, 47th Pernambuco Salon of Arts, Olinda, Brazil, 2009

Residency – Ècole Supérieure d’Art de Aix-en-Provence, France, 2005 Prizes

Contemporary Brazil – Brazilian Artists Abroad Exhibition, offered by the São Paulo Biennial Foundation, São Paulo, Brazil, 2010 Registers, offered by the Canal Contemporâneo for Parangolé, 2010 Aesthetic interactions, offered by Funarte/ Ministério da Cultura for an artistic residency at the cultural point Negras Raízes at Morro da Conceição, Recife, Brazil, 2010–2011 Residency sponsorship in London inside the program Artist Links, offered by the British Council for the work Sweaty Topography of London, London, UK, 2009 1st Prize at the 7º Salão do Mar, for the work Clothesline, Vitória, Brazil, 2006

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Sponsorship for artistic research for the project Mite’s Map offered by the Pernambuco State Government, 2003–2004 1st Prize at the exhibition Olinda Arte em Toda Parte, for the work Clothesline, Olinda, 2003 1st Prize at the 1ª Mostra Rio de Arte Contemporânea for the work 1st International Ugly Mickey Contest, Rio de Janeiro, Brazil, 2002 Collective exhibitions

Transa-Atlântica, Fábrica ASA, Guimarães 2012 – European Capital of Culture, 2012 Mit Krimineller Energie, HALLE 14 and ACC Galerie Leipzig and Weimar, Germany, 2012

Vivo Arte.MOV 2010, Belém do Pará, Brazil, 2010

Brazilian Summer, Art & the City, Het Domein Museum, Sitard, Holanda, 2009 The Dissonant Place, 47th Pernambuco Salon of Arts, Torre Malakoff, Brazil, 2009 New Face, Casa da Cultura da América Latina, Brasília, DF, Brazil, 2009 Brazilian Video Art and Short film, University of Essex – Collection of Latin American Art, Colchester, England, 2008 Project Arte e Crime: Insubordinations at the program Contemporary Connection/Funarte, Recife, Brazil, 2008 Die Kunst erlöst uns von gar nichts, Künstlerpositionen aus Südamerika, ACC Galerie, Weimar, Germany, 2006 Rumos Artes Visuais, Itaú Cultural, São Paulo, Brazil, 2006 Territoires Transitoire, Palais de Port Doré, Paris, France, 2005 46th Pernambuco Salon of Arts, Recife, Brazil, 2004 45th Pernambuco Salon of Arts, Recife, Brazil, 2003 1st Rio Contemporary Art Show, Museum of Modern Art, Rio de Janeiro, Brazil, 2002 Pernambuco Salon of Visual Arts 2000, Torre Mallakof, Recife, Brazil, 2000 Salon of the Young, Museum of Contemporary Art, Olinda, Brazil,1999




criação e concepção artística / creation and artistic conception Lourival curadoria / curator  Moacir

Cuquinha

dos Anjos

coordenação e produção executiva / executive production and coordination Clarice produção de montagem / montage production Ticiano

Hoffmann

Arraes

montagem de o trabalho gira em torno (rickshaw) / montage of o trabalho gira em torno (rickshaw) Maurício Castro, Romero Paes de Melo

e Friedel Schroder fotos da exposição / exhibition images Gilvan Barreto (exceto pp. 30, 31 e 41, Aurélio Velho) fotos do processo Jack Pound / Jack Pound process images Isidro Martins textos / texts Moacir dos Anjos, Gabriel Bogossian e Lourival Cuquinha revisão de textos / texts revision Gabriel Bogossian, Tatiana Diniz e Maurício Santos tradução de textos / texts translation Gabriel Bogossian, Tatiana Diniz e Maurício Santos design gráfico / graphic design Zoludesign desenvolvimento da fonte cuquinha / cuquinha font development Carlois Amorim assessoria de imprensa / public relations Tatiana Diniz edição de vídeos / video editing Daniel Barros e Lourival Cuquinha site / site Fabiano Merli asfalto / asphalt Lidermac (Severino Ramos da Silva Bibiu, Eliseu Gonçalves e Flavio José) costura / sewing Rosiani Muniz e Alana Tertuliano adequação do espaço / space fitting Luizinho Molduras e equipe eletricista / electricist Rinaldo José transporte / transport José Farias de Lima Filho e Damião Nascimento coordenação do educativo / educational programme coordination Lucia Padilha Cardoso e Niedja Santos mediadores / mediators Ana Célia Andrade, Fernanda Lins, Roberta Rodrigues e Ronaldo Almeida coquetel / catering Gentileza Bar impressão / print Facform signs / signs Ultrasign

Este catálogo foi produzido entre julho e outubro de 2012. As fontes utilizadas foram: Helvetica Neue, redesign de David Stempel — a partir da Helvetica desenhada por Max

Agradecimentos Ronald Duarte e Sueli Cabral, Fernando Peres, Yoann e Tatiana Bond, Priscila Melo, Lirinha, Michael Asbury, Juliana Rondon, Rosa Melo e Paulo Paes, Marcos Wagner, Cristiana Tejo, Cauê Alves, Lia Letícia e Guto, Edna Queiroz, Analú, Aslan Cabral, Clara e Maynard Moutinho, Hugh Edmeades, Fabiano Marques, Fabiano Merli e Larissa Correa, Abel Alencar, Cobourg Primary School, Simon Fox and family, Ernesto Neto, Andreza Portella, Lucia e Zé Paulo, Helena Uchoa, Caroline Menezes, Roberta Mahfuz, Suzana Vaz, Zé Luiz e a Coleção Jones Bergamim. A Tatiana Diniz por criar o sistema de ações do Jack Pound. A Márcio Botner e Peninha (Jones Bergamim) por circular o Jack Pound. A todos os acionistas do Jack Pound Financial Art Project. Por toda ajuda na criação e transporte do asfalto Gil Buonora, Felipe Cintra, Sadraque, Ailton Balbino da Silva, Wellington Antonio Braz, José Carlos de Oliveira, Márcio Alvez Moreira, Douglas Inácio Balbino da Silva, Jerônimo da Silva Almeida, Genival Silvestre Ribeiro, Jacelúcio Ferreira da Silva. A minha família Tatiana Diniz, Janine Moreira, Raimundo Antônio, Tomás Patriota, Ingá Maria, João Diniz, Vinho e Maria Sávia. Ao Sex Pistols, Joey Ramone, Caetano Veloso por London, London e a Bebeth II.

Miedinger em 1957 —, publicada pela Linotype em 1983, e Cuquinha, desenvolvida por Carlois Amorim — a partir página 52

National Heritage ou Patrimônio Nacional

da caligrafia de Lourival Cuquinha. Foram impressos 1.000 exemplares em papel couché fosco 150 g/m2 (miolo) e alta alvura 300 g/m2 (capa).

Agradecimentos Especiais British Council and Arts Council England, Lidermac, Pousada Alto Astral e ao Lesbian bar.


criação e concepção artística / creation and artistic conception Lourival curadoria / curator  Moacir

Cuquinha

dos Anjos

coordenação e produção executiva / executive production and coordination Clarice produção de montagem / montage production Ticiano

Hoffmann

Arraes

montagem de o trabalho gira em torno (rickshaw) / montage of o trabalho gira em torno (rickshaw) Maurício Castro, Romero Paes de Melo

e Friedel Schroder fotos da exposição / exhibition images Gilvan Barreto (exceto pp. 30, 31 e 41, Aurélio Velho) fotos do processo Jack Pound / Jack Pound process images Isidro Martins textos / texts Moacir dos Anjos, Gabriel Bogossian e Lourival Cuquinha revisão de textos / texts revision Gabriel Bogossian, Tatiana Diniz e Maurício Santos tradução de textos / texts translation Gabriel Bogossian, Tatiana Diniz e Maurício Santos design gráfico / graphic design Zoludesign desenvolvimento da fonte cuquinha / cuquinha font development Carlois Amorim assessoria de imprensa / public relations Tatiana Diniz edição de vídeos / video editing Daniel Barros e Lourival Cuquinha site / site Fabiano Merli asfalto / asphalt Lidermac (Severino Ramos da Silva Bibiu, Eliseu Gonçalves e Flavio José) costura / sewing Rosiani Muniz e Alana Tertuliano adequação do espaço / space fitting Luizinho Molduras e equipe eletricista / electricist Rinaldo José transporte / transport José Farias de Lima Filho e Damião Nascimento coordenação do educativo / educational programme coordination Lucia Padilha Cardoso e Niedja Santos mediadores / mediators Ana Célia Andrade, Fernanda Lins, Roberta Rodrigues e Ronaldo Almeida coquetel / catering Gentileza Bar impressão / print Facform signs / signs Ultrasign

Este catálogo foi produzido entre julho e outubro de 2012. As fontes utilizadas foram: Helvetica Neue, redesign de David Stempel — a partir da Helvetica desenhada por Max

Agradecimentos Ronald Duarte e Sueli Cabral, Fernando Peres, Yoann e Tatiana Bond, Priscila Melo, Lirinha, Michael Asbury, Juliana Rondon, Rosa Melo e Paulo Paes, Marcos Wagner, Cristiana Tejo, Cauê Alves, Lia Letícia e Guto, Edna Queiroz, Analú, Aslan Cabral, Clara e Maynard Moutinho, Hugh Edmeades, Fabiano Marques, Fabiano Merli e Larissa Correa, Abel Alencar, Cobourg Primary School, Simon Fox and family, Ernesto Neto, Andreza Portella, Lucia e Zé Paulo, Helena Uchoa, Caroline Menezes, Roberta Mahfuz, Suzana Vaz, Zé Luiz e a Coleção Jones Bergamim. A Tatiana Diniz por criar o sistema de ações do Jack Pound. A Márcio Botner e Peninha (Jones Bergamim) por circular o Jack Pound. A todos os acionistas do Jack Pound Financial Art Project. Por toda ajuda na criação e transporte do asfalto Gil Buonora, Felipe Cintra, Sadraque, Ailton Balbino da Silva, Wellington Antonio Braz, José Carlos de Oliveira, Márcio Alvez Moreira, Douglas Inácio Balbino da Silva, Jerônimo da Silva Almeida, Genival Silvestre Ribeiro, Jacelúcio Ferreira da Silva. A minha família Tatiana Diniz, Janine Moreira, Raimundo Antônio, Tomás Patriota, Ingá Maria, João Diniz, Vinho e Maria Sávia. Ao Sex Pistols, Joey Ramone, Caetano Veloso por London, London e a Bebeth II.

Miedinger em 1957 —, publicada pela Linotype em 1983, e Cuquinha, desenvolvida por Carlois Amorim — a partir página 52

National Heritage ou Patrimônio Nacional

da caligrafia de Lourival Cuquinha. Foram impressos 1.000 exemplares em papel couché fosco 150 g/m2 (miolo) e alta alvura 300 g/m2 (capa).

Agradecimentos Especiais British Council and Arts Council England, Lidermac, Pousada Alto Astral e ao Lesbian bar.


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