Boletim Varejo

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VAREJO

Dezembro - 2012

O vertiginoso crescimento dos shoppings no Brasil Shopping Centers existem há muitas décadas e a cada ano surgem mais e mais centros comerciais no Brasil. A questão é que nos últimos anos o crescimento do número de empreendimentos foi vertiginoso.

¹ Fonte imagem: Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/-Wwo49kj9_gw/T0YZTH_

uQdI/AAAAAAAAETY/R34y0SrCqJI/s1600/shopping.jpg>. Acesso em 10/12/2012 às 12:44.


Os números do setor de shopping centers Segundo a Associação Brasileira de Shopping Centers (ABRASCE), em breve ultrapassaremos os 500 centros de compras. Atualmente existem 445 shoppings no país e somente neste ano serão 43 e nos próximos 3 anos aproximadamente mais 100. A maioria dos centros comerciais está concentrada em 70 cidades com mais de 300 mil habitantes, mas já chegam em cidades com apenas 75 mil habitantes. Além disso, multiplicam-se os diferentes tipos de público para os quais são destinados os shoppings, do popular ao luxo. Boa parte destes novos shopping centers em construção são para atender as classes C e D, que passaram a consumir mais e que têm buscado conforto e segurança nas compras. Apesar do crescimento da participação das classes C e D, as classes sociais predominantes nos centros comerciais continuam sendo as A e B, que representam 56% do total de visitantes. De acordo com o diretor de geonegócios da IBOPE Inteligência, Antônio Carlos Ruótolo, a classe C será importante consumidora quando seu padrão for elevado para C1 e B2, já que o foco do consumo será na qualidade de vida e não apenas em produtos básicos. O tráfego mensal de pessoas atingiu a marca de 376 milhões em 2012. O mercado de shopping centers é responsável por 18,3% do varejo nacional e por 2,7% do PIB. As vendas em shopping centers no Brasil devem atingir R$ 119 bilhões até o fim de 2012, segundo estimativa do Ibope Inteligência. O valor representaria um crescimento de 19,4%, comparado ao ano anterior. O setor emprega 775 mil pessoas e comporta 80.192 lojas. A ABRASCE considera que o interesse dos lojistas na expansão de seus negócios é um importante termômetro da indústria do shopping center, cuja taxa de vacância está em torno de 1,5%, a chamada vacância técnica, já que muitas vezes há shoppings com 100% de ocupação. Ao observarmos essa mudança de cenário no setor, algumas questões começam a surgir. • Porque vem ocorrendo este repentino e acentuado crescimento nos últimos anos? • Haverá mercado para tantos empreendimentos? • Haverá lojistas suficientes para tantos shoppings? • As lojas âncoras, essenciais ao sucesso, estarão dispostas a abrir em todos os shoppings?

Razões para o crescimento Seria um erro creditar o crescimento do número de shoppings somente ao aumento do poder aquisitivo da população ou mesmo ao crescimento das vendas no comércio, até porque nos últimos dois anos as vendas cresceram timidamente. Esses resultados são reflexos também de ações como os investimentos de grupos internacionais no mercado nacional, abertura de capital na bolsa de valores e excelente gestão de seus administradores. Sob a ótica do consumidor é clara a sua preferência por ambientes onde ele encontra segurança, conforto e uma múltipla variedade de lojas do varejo, sem falar nos serviços que começam a ser agregados ao novo modelo de negócio dos shoppings, tais como clínicas, day-hospital, entre muitos outros serviços.


Shoppings representam um bom negócio para a indústria da construção civil A primeira questão que devemos compreender é que, apesar de shopping centers representarem um negócio voltado para o comércio varejista, sob o ponto de visto empresarial, na maioria dos casos, o negócio é um investimento imobiliário, que vive de aluguéis e luvas, entre outras rendas (ex.: cobrança de estacionamento). Sob essa ótica o que o empreendedor tem que garantir é que haja lojista e que o negócio faça sucesso para que o lojista permaneça no empreendimento. Por outro lado, o objetivo meramente imobiliário surge a partir da necessidade de grandes áreas urbanas para a instalação das lojas e do potencial valorização dos imóveis ou terrenos e há um grande interesse da indústria da construção civil neste crescimento. De acordo com estimativa preliminar da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (ABCIC) as obras dos novos 42 shopping centers previstos para 2012 devem movimentar um volume de concreto pré-moldado na ordem de 500 mil m³. “Diria que os shopping centers representam sempre um grande potencial para a construção civil, a arquitetura e o planejamento. São empreendimentos de alto investimento e curto prazo de execução (em média, dois anos) que trazem resultados rápidos para as empresas, ao contrário das grandes obras públicas que levam anos para dar retorno”, avalia Rubens Kochen, especialista em consultoria e planejamento de shopping centers. O consultor estima que a indústria de shopping center no Brasil poderia estar até mais aquecida se houvesse mais oferta de terrenos. Nos grandes centros urbanos, o cenário já é de saturação. 2

“Diria que os shopping centers representam sempre um grande potencial para a construção civil”, avalia Rubens Kochen, especialista em consultoria e planejamento de shopping centers. 2

Fonte imagem: Disponível em: <http://acritica.uol.com.br/noticias/shopping-construcao-Shopping-Ponta-Negra_ ACRIMA20121113_0004_15.jpg>. Acesso em 10/12/2012 às 13:35.


Tendência de migração dos shoppings dos grandes centros para o interior Esta é uma das razões para uma maior migração dos centros comerciais para o interior do país. Dos 42 shoppings em obras em 2012, 29 localizam-se em municípios com população até 500 mil habitantes. O segundo motivo para esse movimento é a própria oportunidade de negócio para o setor varejista, pois a chegada de um grande empreendimento, como um shopping, gera grandes benefícios para a população, como a geração de empregos, desenvolvimento do comércio, valorização imobiliária, além de atrair novos investimentos. Outro ponto importante são as novas opções de lazer e gastronomia. Na maioria das vezes, essas médias cidades não possuem diversificadas opções de lazer, como boliche, brinquedos e cinema ou ainda redes de fast food e restaurantes. Ao mesmo tempo que esse movimento traz uma nova perspectiva social e econômica positiva para o interior, surgem problemas decorrentes da concorrência com a entrada de mais de um empreendimento em centros que não comportam demanda suficiente para isso. Dois atores têm participação decisiva na definição desse jogo - as prefeituras e as âncoras. Os municípios adotam o discurso de “quanto mais melhor”. De olho na geração de empregos e nos investimentos que o empreendimento levará para a cidade, oferecem benefícios fiscais e até terrenos. As redes varejistas, responsáveis muitas vezes por desempatar a disputa, olham para esse cenário com preocupação. “É o mercado que dita a demanda”, diz Boris Timoner, diretor de expansão da rede varejista Avenida, âncora que tem concentrado seu crescimento no interior de São Paulo. “Daqui a pouco, começaremos a ter shoppings fantasmas em algumas cidades”. Duas coisas podem acontecer: as grandes lojas de departamento vão re-

jeitar alguns empreendimentos e não haverá lojistas regionais suficientes para compor o mix dos centros comerciais. Isso pode gerar um efeito contrário na economia local, causando prejuízo para pequenos empresários locais.

O casamento de shoppings e franquias Um fator que vem impulsionando o crescimento dos shoppings é a grande procura das lojas franqueadas. A relação é positiva para ambas as partes pois se as franquias contam com toda uma estrutura para mostrarem seus produtos e suas marcas com intuito de expandirem sua rede, do outro lado os shoppings têm a oportunidade de incrementar o seu mix de comercialização, com lojas de marcas expressivas. Estudos indicam que nos próximos cinco anos, as franquias representarão cerca de 72% das lojas dos shoppings, principalmente fora do eixo Rio e São Paulo. “Os franqueadores sabem que para o sucesso de uma rede de franquias, diversos fatores devem ser levados em consideração. Entre eles, o conforto, segurança, ambiente em que ela está sendo instalada. Diante disso, os shoppings apresentam o local mais desejado por eles para implantarem sua franquia, já que são locais seguros, acessíveis, diversificados, bem estruturados, de grande fluxo de pessoas e que concentram um mix comercial variado e constrói a força do grupo”, explica o Roger Tonidandel, diretor comercial da Tenco Shopping Centers.

Um novo conceito de shopping Os shopping centers de hoje estão mais eficientes e preocupados com o bem-estar de seus usuários. A estratégia dos empreendimentos tem sido no sentido de ofertar novos


serviços e aumentar os espaços destinados à gastronomia e lazer. A ideia é estender o tempo de permanência do consumidor em um ambiente aprazível, com equipamentos de acessibilidade adequados, malls amplos e iluminados e acesso facilitado. A instalação de um shopping center determina uma nova ocupação urbana, ordenando usos que se complementam. Os projetos devem prever espaços multiusos, sejam eles plenamente integrados ou inseridos no entorno urbano. Hotéis, prédios para escritórios, clínicas e hospitais, habitação e áreas esportivas são complementos e definidores deste mix, que é uma realidade na concepção e viabilização de um projeto macro. A tendência de ampliar a função social e comunitária dos shoppings, vem mudando a motivação do consumidor para a sua visitação. Segundo uma pesquisa realizada pela ABRASCE em 2009, apenas 37% dos frequentadores iam aos empreendimentos com o objetivo de fazer compras. O gráfico abaixo demonstra os principais motivos:

Cabe ressaltar que atualmente os itens de praça de alimentação e de outros serviços estão com percentuais ainda maiores, principalmente em função da oferta de novos serviços, como clínicas, salões de beleza e estética e os locais de lazer. Outra inovação do setor diz respeito ao modelo de Open Malls, que vem ganhando força no mercado brasileiro, principalmente nas grandes capitais. A tendência mundial, que está recriando os shoppings centers e transformando-os em centros comerciais a céu aberto, além de ser uma solução arquitetônica que viabiliza a redução de custos de manutenção, é uma opção que resulta em um espaço mais agradável ao público, em uma interação com o meio ambiente.


Esse novo formato de centro comercial, com uma estrutura mais aberta e com mais áreas de convivência verdes, proporciona ao público uma sensação de estar passeando ao ar livre, porém com a mesma segurança e conforto que os shoppings centers oferecem.

O efeito positivo em um segmento causando um efeito negativo em outro Se o crescimento da indústria dos shopping centers é positivo para os empresários da construção civil, dos empreendimentos imobiliários e de alguns comerciantes, por outro lado o sucesso desse setor causa preocupação quanto à sustentabilidade do comércio varejista de rua. A preferência do consumidor por espaços

que lhe oferecem mais segurança, conforto e praticidade exige do comércio de rua mudanças que o tornem competitivo frente à concorrência dos shopping centers. É pensando nisso que dedicaremos, em nosso próximo boletim, um olhar para alternativas que contribuam com o desenvolvimento e a sustentabilidade desses mercados.

BOLETIM DE OPORTUNIDADES DE NEGÓCIOS é uma publicação da Unidade de Acesso a Mercados e Serviços Financeiros SEBRAE –Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas Presidente do Conselho Deliberativo Nacional: Roberto Simões Diretor-Presidente: Luiz Barretto Diretor-Técnico: Carlos Alberto dos Santos Diretor de Administração e Finanças: José Claudio dos Santos UAMSF -NIM -Núcleo de Inteligência de Mercados UACC-Unidade de Atendimento Coletivo Comércio - Carteira de Comércio Varejista Consultor Conteudista: Marcos Rabstein Diagramação: Renan Carvalho Endereço: SGAS 604/605, módulos 30 e 31, Asa Sul, Brasília/DF, CEP: 70.200-645


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