Estadão - O Estado de São Paulo

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SEXTA-FEIRA, 6 DE MARÇO DE 2009 O ESTADO DE S.PAULO

Entrevista Tasso Jereissati: senador (PSDB-CE)

‘Políticanão temfila. Éacordo ou voto’ SERGIO DUTTI/AE–27/10/2005

Senador tucano elogia Serra e Aécio mas diz que, se não houver consenso, o partido terá de promover prévias Julia Duailibi

O senador tucano Tasso Jereissati (CE) avalia que seu partido não terá saída e deverá realizar prévias para a escolha do candidato do PSDB que concorrerá à Presidência em 2010. Isso ser for mantida a atual conjuntura, com dois précandidatos da legenda postulantes à disputa: os governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas, Aécio Neves. “Se não tiver acordo, não temos saída, a não ser promover as prévias. Elas são absolutamente necessárias e fundamentais. Eu digo com a experiência de quem já participou de outros processos de escolha para a Presidência da República, sem que fossem mais abertos e participativos. E digo: não dá certo”, declarou o senador ao Estado. Em 2002, Tasso era pré-candidato à disputa pelo Planalto, mas foi Serra quem ficou com a indicação. Ele se manteve distante da campanha e foi acusado por tucanos de atuar em favor de Ciro Gomes, adversário de Serra. Para Tasso, o caminho de escolha não é pela cúpula partidária. “Não dá certo, não fica uma coisa legítima”, disse o senador, que teceu elogios aos dois governadores, mas tergiversou quando questionado sobre sua preferência. Indagado a respeito da tese de que política tem vez, e que esse seria o momento de Serra, declarou: “Política não tem fila. Tem acordo ou voto.” Citou Barack Obama, presidente dos EUA, que ganhou a eleição após vencer de virada as primárias democratas. Abaixo, a entrevista.

do para ter, através da maioria parlamentar, cargos estratégicos do ponto de vista político e financeiro.

ra para realizar prévias. Temos total condições de realizálas. Mas é claro que tem gente que não quer a prévia.

Só o PMDB age assim?

Não é tradição do partido.

Não, é importante dizer que não é só o PMDB. O PMDB só faz isso porque tem a aquiescência do Executivo. Essa rede se espalhou por todo o sistema de poder do País, principalmente pelas prefeituras. E o governo Lula é conivente. Ele montou um sistema de poder, em que a sua sustentação parlamentar é feita com base nisso aí, nesse tipo de permuta. É baseado puramente no toma-lá-dá-cá. Dentro da organização que eles fizeram, que me parece única no mundo, deixaram de se interessar em ter a Presidência, mas querem o poder do presidente, seja qual for o eleito.

Não é tradição do partido mesmo. A tradição do partido é o que chamávamos de reunião de cardeais. Reuniam 10 ou 12 e chegavam a conclusões, mas isso era quando o PSDB era pequeno. Agora não. Somos grande, com gente nova, que não tem aquela cultura dos cardeais. E a maioria dos cardeais desapareceu, infelizmente. A quantidade de gente nova que não conviveu com essa cultura, que não aceita esse tipo de solução, é muito maior. Então não dá mais para o partido, em situação de disputa, resolver por acordos de cúpulas. Mas não é perigoso rachar?

Por isso que é a discussão é saudável até certo ponto. Até o ponto de não levar a divergências mais profundas. Nós temos aí o exemplo recente dos Estados Unidos, da Hillary (Clinton) com o Obama, que foi muito saudável para o partido.

Mas ainda assim todos querem se aliar ao PMDB, inclusive o partido do senhor.

Aí você entra na reforma política. O PMDB é fundamental por causa do tempo de TV, porque monta um esquema de prefeitos realmente muito capilarizado pelo País e também porque vira a maioria congressual por causa desse ciclo vicioso. Aí é fundamental para governar.

Muitos tucanos defendem a tese de que política tem vez e que agora seria a vez de Serra.

Política não tem fila. Tem acordo ou voto. Aí vou voltar ao Obama.

O sr. acha que o PSDB será capaz de atrair o PMDB em 2010?

O PMDB vai com quem estiver na frente. Hoje está com poder, instalado até o último dia. Aí vai ver o que está com mais chance. Apesar de que isso não é importante para eles, porque terminada a eleição eles passam a ser fundamentais. Já deixou de ser importante estar junto. Na primeira eleição do Lula, não o apoiaram, nem na primeira do FHC. Apostaram errado. Apostaram em quem estava no poder. Depois migraram para o poder no primeiro dia.

O PMDB é corrupto?

Como o sr. vê a discussão no PSDB para a escolha do candidato em 2010?

Acho que a grande maioria do PMDB, que tem homens ilustres, claro, é hoje formada por organizações que se especializaram não mais em atingir a Presidência, mas em conseguir cargos que deem poder e recursos. É um partido volta-

Essa discussão interna é saudável até certo ponto. Tenho a convicção de que não ocorrerá, em função dessa disputa interna, nenhum tipo de defecção futura, e nós temos a felicidade de ter dois grandes candidatos. Se não tiver acordo, não te-

Quem o sr. acha que seria o melhor candidato?

VANTAGEM – ‘Nós temos muita sorte de ter dois candidatos muito bem preparados para ser presidente’

FRASES “Essa discussão interna é saudável até certo ponto. Tenho a convicção de que não ocorrerá, em função dessa disputa interna, nenhum tipo de defecção futura” “Não é tradição (prévias). A tradição é o que chamávamos de reunião de cardeais. Reuniam 10 ou 12 e chegavam a conclusões, mas isso era quando o PSDB era pequeno. Agora somos grande, com gente nova, que não tem aquela cultura dos cardeais”

Em evento com prefeitos, Aécio faz críticas a Lula Governador aponta ‘absoluto descaso’ da gestão federal em relação à malha rodoviária de Minas WELLINGTON PEDRO/IMPRENSA MG

Eduardo Kattah BELO HORIZONTE

O governador de Minas Gerais, AécioNeves(PSDB),cobrouontem do governo federal investimentos em rodovias federais queligamseismunicípiosnoVale do Jequitinhonha e região norte do Estado. Em solenidade com prefeitos, Aécio disse que a marca que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderá deixar nessa área é a de “absoluto descaso” com as regiões mais pobres. Omineiroassinouaautorização para o início de obras de asfaltamentoemestradasdeacesso a 12 municípios mineiros, localizadosnasregiõesnorte evales do Rio Doce, Jequitinhonha eMucuri– umtotal de327quilômetros de extensão e investimentos de R$ 230 milhões. As ações fazem parte do Programa Estadual de Pavimentação de Acessos Rodoviários (Proacesso), lançado em 2004 e que até o ano passado consumiu, segundo o governo, R$ 1,4 bilhão. Do total de 225 municípios deMinasque,naépoca,nãopossuíam ligação por asfalto, seis são ligados por trechos sob a responsabilidadedogoverno federal. Eles somam 175,1 quilômetros e a previsão é que a obra custe R$ 300 milhões. O governador disse que, nos

mos saída, a não ser promover as prévias. Senão elas são absolutamente necessárias e fundamentais. Eu digo com a experiência de quem já participou de outros processos de escolha para a Presidência sem que fossem mais abertos e participativos. E digo: não dá certo.

sentem participantes da escolha. Não é bom. Se tiver um acordo e se chegar a um consenso em que o partido se sinta confortável, tudo bem. Mas não havendo, havendo realmente disputa, a prévia é a única maneira de solucionar isso. Não é pela cúpula.

O sr. se refere às escolhas de 2002 (Serra) e 2006 (Geraldo Alckmin)?

Tucanos riem quando se fala em prévias, alegando que o PSDB nem estrutura tem.

Sim. Não dá certo, é complicado, não fica uma coisa legítima. As pessoas não se sentem envolvidas no processo, não se

Não vejo por que dar risada. Quando fui presidente do PSDB (em 2006), fiz um trabalho grande e montei uma estrutu-

próximos meses, todas as 219 cidades, cujas estradas são de responsabilidade do Estado, estarão com as obras em andamento. “Não é possível que a marca que o governo federal queira deixar na área viária em Minas Gerais seja essa de absoluto descaso para com as nossas regiões mais pobres.” Ele afirmou que conversou com o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, e propôs que o governo transfira os trechos e os recursos necessários para o Estado. “Não é justo penalizarmos seis municípios.” Foiasegundaveznestasemana que o governador reuniuprefeitos noPaláciodaLiberdade. Na terça-feira, chefes de 35 municípios confirmaram adesão a um programa de ações de desenvolvimento econômico e social

Presidente ataca FHC e defende o ProUni

“TORCIDA” CÂMARA – Aécio e Aníbal: descontentes devem acatar decisão, diz

Com Aníbal, prega união ●● ● O governador Aécio Neves recebeu para um almoço ontem o líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP), e defendeu que a bancada do partido se una e estabeleça uma “estratégia de enfrentamento no Congresso”. Aécio disse que os descontentes com a recondução de Aníbal à liderança devem acatar a decisão da maioria. A bancada mineira apoiou a reeleição do deputado. “Acho que o PSDB é um partido que, por mais que deva respeitar as postulações individuais, e elas são legítimas, no momento em

que se toma uma decisão, devese acatá-la”, disse. “Agora é a hora de nós termos uma estratégia de enfrentamento no Congresso. Qual é a agenda que o PSDB deve apresentar na Câmara? Isso é que é importante. O resto, nesse momento, é irrelevante.” Aníbal repetiu a avaliação de que a escolha do candidato tucano à Presidência poderá ser feita por meio de uma prévia, se “for necessária”. “O importante é que a gente caminhe de forma convergente, espírito aberto, ampliando o diálogo com a sociedade.” ● E.K.

Os dois são. Nós temos muita sorte de ter dois candidatos muito bem preparados para ser presidente, para ser uma liderança. Os dois têm a experiência de comandar Estados grandes. Isso é um problema, mas é uma sorte também.

Como ocorreu na solenidade anterior, ontem o porta-voz dos prefeitos deu tom político ao evento. José João Oliveira (PDT), prefeito de Francisco Badaró, disse que ele e os colegas estavam “na torcida” pela “caminhada” de Aécio. “Para que muito em breve possamos fazer ecoar por todo País que temos um governador capaz defazerpelosirmãosdo Nordestedo Brasil, da Amazônia e demais regiões pobres o que tem sido feito pelo Jequitinhonha, Mucuri, norte de Minas e demais municípios desteEstado”, discursouOliveira. Na disputa pela vaga de presidenciável tucano em 2010, Aécio anunciou que fará viagens pelo Brasil. ●

E uma chapa puro-sangue?

Acho que a gente tem condições até de pensar nisso. O sr. citou o processo de 2002, quando perdeu a indicação para Serra. Ficou alguma rusga?

Comigo? Zero. Nenhuma. As pessoas acham que eu não me dou bem com Serra, mas eu me dou muito bem. O problema é que temos até uma relação muito franca. Às vezes, ele diz coisas que eu não gosto, e eu também, o que é bom. ●

Em discurso, Lula acusa antecessor de ter inviabilizado escolas técnicas Wilson Tosta ENVIADO ESPECIAL CABO FRIO

Em mais um discurso de ataque a seus opositores, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acusou ontem as elites brasileiras de se incomodarem mais com a melhoria das condições de vida dos pobres do que com a miséria. Ao discursar na inauguração simultânea de três campi de instituições federais de ensino técnico em Cabo Frio, Volta Redonda e Duque de Caxias, no EstadodoRio,Lulatambémdisparou contra os tucanos e parte da esquerda. Opresidente acusouogoverno Fernando Henrique Cardoso de ter inviabilizado a criação de novas escolas técnicas federais. “Em 1998, o ministro da Educação mandou o Congresso fazer uma lei tirando do governo federal a responsabilidade de fazer escolas técnicas”, disse, referindo-se a Paulo Renato Souza, que comandou a pasta no governo tucano. Segundo ele, foi necessário que a União firmasse convênios com prefeituras e ONGs para dar andamento ao projeto. “Na teoria, é tudo muito bonito. Mas acontece que a maioria das prefeituras, sobretudo as menores, não tinha recursos para fazer escolas técnicas.”

FRASE

Luiz Inácio Lula da Silva Presidente “É exatamente o presidente que não teve oportunidade de estudar que está fazendo as escolas que os que estudaram não fizeram”

Lula criticou parte do movimento estudantil que se opôs ao ProUni – programa federal de bolsaspara carentesemuniversidadesprivadas.“QuandocriamosoProUni,umgrupodeestudantes do Brasil, normalmente ligados à elite brasileira, começou a fazer discurso de que a gente ia privatizar a educação no Brasil”, afirmou. “Sabe por quê? No Brasil tem um tipo de genteque,seestá comendo, não fica com bronca se o outropedir comida para ele. Eles ficam com bronca se o outro estiver na outra mesa, comendo a mesma comida deles, porque eles acham que só eles têm direito.” Em seguida, fez um autoelogio: “É exatamente o presidente que não teve oportunidade de estudar que está fazendo as escolas que aqueles que estudaram não fizeram.” No evento, o governador Sérgio Cabral (PMDB) foi vaiado e atribuiu o protesto a adeptos do prefeito de Nova Iguaçu, o petista Lindbergh Farias. ●


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