MOLUSCOS E SAÚDE PÚBLICA EM SANTA CATARINA

Page 106

NEUHAUSS et al., 2007), atualmente, faz-se forte combate ao caracol, considerado uma malacopraga exótica, visando o seu controle e erradicação (AGUDO 2004: 4; AGUDO & BLEICKER 2006 b). Comparativamente, um secundário e pouco significativo destaque é alcançado na imprensa Estadual pela lesma-lixa Sarasinula linguaeformis (Semper, 1885), espécie nativa do Brasil, mas considerada exótica no Oeste Catarinense (CHIARADIA et al., 2004: 71; AGUDO 2007 b). Reconhecida como transmissora da Angiostrongilose abdominal, traz consigo notável e nociva ocorrência populacional em lavouras da região Oeste, especificamente na localidade de Linha Cambucica, no Município de Nova Itaberaba (DEBONA 2000, 2001). Conforme WESTPHAL (2004: 41), são quatro as condições favoráveis para a formação natural de um criadouro de caramujos aquáticos vetores dos gêneros Biomphalaria spp (vetores da Esquistossomose) ou Limnaea spp (vetores da Fasciolose): - Velocidade de correnteza reduzida (ambientes lênticos); - Lugar protegido contra ação de ondas fortes; - Água pouco profunda e arejada; - Presença de detritos animais ou vegetais. No caso dos caramujos vetores Biomphalaria spp (família Planorbidae) e Lymnaea spp (família Lymnaeidae), a sua maior incidência populacional se verifica no período sazonal da seca, ou melhor “menos chuvoso” (AGUDO-PADRÓN 2006: 11), por agregação (D’ÁVILA et al., 2006: 357-358), entre os meses de Março (início do Outono) e Setembro (início da Primavera), com particular ênfase regional entre os meses de Abril e Setembro. No período de chuvas intensas (verão), as populações apresentam em geral uma drástica redução nas suas densidades, consequência da dispersão espacial dos indivíduos (GIOVANELLI et al., 2005: 173-174). Contrariamente, no caso da malacofauna vetora edáfica (lesmas e caracóis em geral), a sua maior incidência populacional é verificada justo no período chuvoso intenso do verão (AGUDO-PADRÓN 2006: 11), também por agregação/ concentração de indivíduos (D’ÁVILA et al., 2006: 357-358) – entre os meses de Setembro (início da Primavera) e Março (início do Outono). Nos meses de setembro e outubro ocorre a maior incidência (com referências de “ataques devastadores a lavouras”). Nos meses de Dezembro e Março ocorre o período com verificação de atividades reprodutivas – acasalamento e posturas. Os aspectos geográfico-ambientais aqui tratados em destaque (clima, relevo, formações vegetais), enfocados numa tentativa preliminar de espacializar a presença de vetores intermediários no território do Estado, assim como suas relações – tanto geográficas como fisiológicas – com o próprio ambiente, são tema que ainda precisa de urgente aprofundamento. A geografia tem apresentado pouca preocupação com os aspectos médicos da transmissão de doenças. É preciso que, tanto a geografia, quanto a biologia e a ecologia unam seus conceitos e propósitos para desenvolver estudos mais completos e práticos e não se limitando mais, no caso da geografia, na simples localização das doenças e seus vetores. Os esforços da geografia médica atual têm sido na direção de conhecer e compreender as formas de relação dos vetores com o ambiente de modo a poder criar métodos de combate a eles sem a necessidade tão comum do uso de

108


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.