tcc elisa gijsen

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EDITORIAL INTERATIVO SOBRE TENDĂŠ NCIAS aluna: elisa gijsen orientador : fabio parode escola de design unisinos porto ale gre, 201 0

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índice. resumo / 4 introdução / 5 objetivos / 7 justificativa /8 delimitação da pesquisa /9

problema de projeto /9

problema de pesquisa /9

Comportamento Sociológico da Pós-Modernidade e a Difusão de Tendências / 10 Significado do termo Tendência e sua empregabilidade em diferentes contextos / 13 Globalização e Mundialização da cultura / 14 Consumo autoral e novos modelos de pensamento / 16 Mídia / 17

mídia como meio revelador / 17

a mídia como extensão do homem / 18

meios quentes e meios frios / 19

mídias interativas / 20

internet / 20

ludismo / 21 design de interação /22 design dos sentidos / 23 design emocional / 25 design editorial / 27

o design do livro / 27

formato / 28

grid / 28

fundamentos do grid / 29

margens / 29

tipografia / 30

classificação das famílias tipográficas / 36

papel / 39

tipos de encadernação / 39

estojo / 40

acabamentos / 40

contexto de consumo da pesquisa de tendências na atualidade / 42 metodologia / 43

design estratégico / 43

o sistema / 44

design estratégico e pesquisa de tendências / 45

metaprojeto/ 46

pesquisa qualitativa / 47

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projeto / 48 metodologia para o projeto proposto / 49 metodologia de projeto / 50 desenvolvimento da pesquisa / 51

benchmark /51

zandl group / 51

mandalah / 52

box1824 / 52

wgsn / 53

trendwatching / 53

the cool hunter / 54

trend hunter / 54

desk research + moodboard /54 cluster + vision + persona / 86 concepts / 89 pesquisa qualitativa / 89

resultados / 91

revisão / 91

clusters / 92

microtendências + macrotendências = cluster / 94

void | vazio / 97

handmade | artesanal / 99

fullness | caos hedonista / 101

old is cool | releituras modernas / 103

outsider | ruído / 105

easy going | unidade plural / 107

target / 108 conceito / 109 sistema-produto / 110 estilo / 111 blue sky /111 produto / 112

formato / 112

especificações / 112

referências projetuais / 114 protótipo / 120 nome + slogan / 122 mídia impressa / 124 considerações finais / 125 referências / 126 3


GOSTAR DE GORDURA Do it,do it,do it/ all the way,all the way/ you will ride life straight to perfect laughter, its the only good fightNãothere is. quero alguém

bucowski

watson

Uma ideia é um para me salvar, basque somente não ponto de partida e taapresse meu desesnada mais. Logo pero. que se começa it’s better to a elaborá-la, é burn out than transformada fade away. o pelo pensamen- Conhecer homem - esta é inspiração to. a base de todo paixão

carpinejar

nirvana

4

picasso

o sucesso.

chaplin

though this be madness yet there is method in it’

drummond

Sentiu um peso, mas não era o peso do fardo e sim da insustentável leveza do ser kundera

shakespeare

Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo.

PLURALIDADE


que seja doce

caio f.

A imaginação é parente do in-guém, Eu nãoexceto tenho nada para oferecer a ninminha própria confusão. finito. as vezes tenho a baudelaire

a arte existe para que a verdade não nos destrua. Je suis excessive, nietszche

kerouac

sensação que escrevo apenas por curiosidade intensa. e que ao escrever eu me dou as mais inesperadas surpresas. lispector

we can also SEE how

J’aime quand ça désaxe, Quand tout accélère, Moi je reste relaxe só confio nas pessoas loucas. Je suis excessive, eu aquelas que são loucas pra viver, loucas para loucas para serem salvas, desejosas de Quand tout explose, falar, tudo ao mesmo tempo, que nunca bocejam ou uma coisa corriqueira,mas queimam, queQuand la vie s’exhibe, dizem imam, queimam, como fabulosas velas amarelas explodindo como aranhas através das C’est une transe exquise romanas estrelas. A imaginação é mais importante que o conhecimento. Yes and how many times must a man look up, Before he can see the sky? Yes and how many take a ears must one man have, Before he can hear walk on people cry? Yes and how many deaths will it the wild take till he knows.That too many people have side. died?The answer, my friend, is blowin’ in the wind.The answer is blowin’ in the wind.

a vida só depende de como iremos distorcêla. woody allen

carlabruni

kerouac

lou reed

bob dylan

criar não é tarefa do artista. sua tarefa é mudar o valor das coisas. 5

oiticica


RESUMO

O projeto estabelece novas formas de comunicar tendências. Partindo de pressupostos teóricos e metodológicos do Design Estratégico e das metodologias de pesquisa de tendência atuais como desk research, netnografia e pesquisa blue sky. A tangibilização da pesquisa ocorre através da criação de um editorial, um livro, que possui dois conceitos fundadores: a interatividade e a sensorialidade. O design estratégico e a pesquisa de tendências, tecem a estrutura do tecido conceitual e prático, projetando-se a viabilização, comunicação e estratégia do produto. Palavras-chave: Design Editorial, Tendências, Mídia Interativa

*

ABSTRACT The project establishes new ways of communicating trends. Starting from theoretical and methodological assumptions of the Strategic Design and research methodologies current trend as desk research, netnography and blue sky research. The tangibilization research occurs through the creation of a book, that has two fundamental concepts: interactivity and sensuousness. The strategic design and trend research, weave the fabric structure of conceptual and practical, projecting the feasibility, communication and product strategy. Keywords: Editorial Design, Trends, Interactive Media

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2. INTRODUÇÃO Segundo Gilles Lipovestky (2004) a sociedade atual comporta tempos hipermodernos. Esta situação suporta valores que Bauman (2004), apontou como um ‘derretimento dos sólidos’ onde as estruturas relacionais de consumo vividas anteriormente foram ultrapassadas pela liquidez da sociedade atual, onde os conceitos de globalismo, consumo, hedonismo e fragmentação do tempo / espaço ocorrem em meio a um caos estabelecido nas metrópoles mundiais. Neste contexto, os indivíduos passam por adaptar-se a novas formas de relações, seja com outros indivíduos, com os produtos e a forma como consomem, definidas por Morace (2009), como consumo autoral. Desta forma, abriu-se espaço para um solo fértil de novas ideias, pois indivíduos passaram a construir uma identidade individual, pois se escolhe livre e criativamente seus produtos. Criando uma imagem própria dissonante da antes construída por meio da mídia influenciadora e esteriotipada. Bergson em Matière et Mémoire (1896) explanou que ‘uma imagem pode ser sem ser percebida; pode estar presente sem estar representada’ (p.22). É sobre essas sequências de representações que atuam de forma silenciosa que se baseia a pesquisa de tendências que aqui propomos, através da metodologia do design estratégico aliada a outras ferramentas de pesquisa atuais, pretende-se construir um artefato pautado na interpretação do ‘sentimento do tempo’; Trazendo imagens e observando comportamentos traduzidos na linguagem dos artefatos e da cultura visual, compondo assim, uma relação interdependente entre a coisa que é a imagem, e a matéria, que é o conjunto das imagens. Já dizia Flusser, “a imagem é entre outras coisas, uma mensagem.” ( 2007. p.152) Nesse sentido, o artefato que aqui propomos é uma mídia, isto é, um objeto que permite uma dada forma de mediação entre os homens. O filósofo Vilém Flusser (2007) em O Mundo Codificado, também trata os artefatos como mídias, isto é, os objetos como uma forma de mediações entre os homens e entre outros objetos, explorando a complexidade envolvida por estas constantes mudanças que o design passa em conjunto com a sociedade contemporânea. Diderot (1869) abordou que ‘todos os seres circulam uns nos outros. Tudo é um fluxo perpétuo. O que é um ser? A soma de um certo número de tendências. E a vida? A vida é uma sucessão de ações e reações. Nascer, viver e passar é mudar de formas’. É no ambiente sócio-relacional, que estímulos visuais ou comportamentais são captados pelas empresas de pesquisas de tendências, através de profissionais multidisciplinares como cool hunters, antropólogos, artistas, designers, sociólogos e fotógrafos, estão nas ruas das grandes metrópoles mundiais em busca do cool através de diversas metodologias para a leitura de informações que estão no ar em meio a esta realidade, e que ainda não foram explicitadas. Colhidas tais informações, acabam por prestar consultoria a grandes empresas e marcas, estas ansiosas por saber o que este

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consumidor mutante deseja. É neste ambiente interativo onde gradientes de informação são captados, que propomos uma metodologia adaptada ao mundo real (como a etnografia) ou virtual (netnografia, blue sky e desk research), explorando a linguagem da mídia livro, porém expandindo-a através da arte e da tecnologia. Desta forma, a matéria, extrato de fragmentos do cotidiano, que se torna informação; forma conforme Celaschi e Deserti Buscando a inovação no projeto proposto, se construiu um benchmark sobre as em(2007) a etapa de cross-fertilization, presas de pesquisa de tendências atuais, com o foco na observação de como acontece à etapa anterior ao desenvolvimento dinâmica de entrega de resultados aos clientes, para que com esta observação, se posde cenários na metodologia do sam buscar formas de explicitação de conteúdo ainda não projetadas anteriormente. design estratégico. Considera-se que Desta forma, no livro proposto, serão projetados dispositivos de interação entre o pesquisa de tendências, associada a editorial e o leitor, através das formas, cores, texturas, materiais diversos, cheiros e outros métodos, deve compor uma outros artifícios. Já o conteúdo é pautado nas tendências em design atuais, sejam ela pesquisa em aberto que deve ser feita da esfera macro ou micro. transversalmente nas fronteiras entre O livro pretende contribuir com uma nova forma de comunicar tendências, aliada design, arte e antropologia. a ludicidade e bom humor, conceitos que estão ligados também a projetação de um Estas formas de pesquisa são objeto relacionado a atributos emocionas citados por Donald Norman (2005) e de materializadas neste trabalho através interação citados por Ockerse (2009). de um livro, um editorial que busca traduzir algumas tendências em design expressadas através da cultura visual da sociedade. Esta forma de pesquisa é materializada neste trabalho através de um livro, um editorial que busca traduzir algumas tendências em design expressadas através da cultura visual contemporânea. Aqui, a pesquisa de tendências e o design estratégico servem como mote para a concepção de um livro, onde há cruzamento de metodologias do design e da arte, para que se possam emergir informações advindas de outros campos do conhecimento e enriquecer o objeto proposto. A inovação é a busca por ir além dos atributos convencionais de um livro, transgredindo a leitura convencional para uma passível de interação com outros sentidos além da visão. Ele busca ser uma mídia fria, de acordo com os conceitos de McLuhan (1964). Onde, mídias frias são aquelas que necessitam de uma carga de interpretação do receptor, pois carrega com si, a interação com o mesmo, envolve um diálogo entre a mídia e o receptor, diferente da mídia quente, que o autor descreve como uma mídia que possui ‘alta definição’.


. OBJETIVOS

3 3.1 Objetivo Geral Desenvolver um livro que retrate as tendências atuais em design, tangibilizados através cultura visual. Tendo uma aproximação da antropologia e da arte, o livro proposto abordara questões sobre o consumo e o ambiente sócio-relacional, tendo como auxílio, artefatos que exprima tendências. Logo, o livro buscará traduzir o ‘zeitgeist’ do nosso tempo em uma mídia convencional e tradicional, mas com atributos contemporâneos que visam a sensorialidade e a experiência junto ao produto. Tais estímulos serão representados através de dispositivos de interação projetados e traduzidos através de imagens, texturas, cores, aromas e demais ferramentas a serem projetadas na execução do projeto. Buscar-se-á a transmissão de tendências de forma interativa e sensorial, para que o livro se torne uma ferramenta e auxilie durante o metaprojeto.

3.2 Objetivos Específicos -Deseja-se extrapolar o sentido da visão na leitura do livro, fazer com que o leitor passe de um receptor passivo, a um receptor ativo na leitura do mesmo. -Compreender sobre o ciclo de tendências e o contexto no qual elas acontecem e como elas são exteriorizadas aos consumidores. -Esclarecer alguns conceitos de mídia, para melhor conceituar a mídia que está sendo proposta. -Desenvolver uma pesquisa metaprojetual sobre os movimentos da sociedade, em esferas macro e micro, através de metodologias utilizadas no campo da pesquisa de tendências e do design estratégico. - Buscar representar as tendências, de uma forma lúdica, para que os dispositivos projetados estimulem de forma sensível imaginação dos leitores. - Explorar materiais e ferramentas diversas, a fim de projetar a sensação conectada a emoção, para que os leitores se sintam instigados por esferas além da visão. 7


4. JUSTIFICATIVA

O estudo de tendências vem sendo buscado de uma forma constante dentro do design (CALDAS, 2009). Neste projeto, propõe-se a criação de um livro de cunho interativo, a fim de propor um dispositivo que permita ampliar as possibilidades de comunicação deste conteúdo. Tangibilizando um sistema de informações, que, atualmente consumimos de forma diluída em outras mídias como revistas e sites. O conteúdo do livro, é fruto do cruzamento de metodologias, que acabam por enriquecer a que guiará este projeto, o método do design estratégico. Desta forma, o projeto busca trazer para a plataforma (editorial), - considerada por alguns autores obsoleta, como Versignassi (2010)- atributos interativos que explorem a esfera corpórea desta mídia. Segundo Castells (1996), esta mídia não será substituída devido a seus valores: sensorialidade, eternidade, corporialidade, entre outros. Então, o que se busca neste projeto é fazer uma readaptação desta mídia, agregar valores contemporâneos como a interatividade, a sinestesia e a experiência. A noção de espaço-tempo foi mimetizada, a partir do processo de maquinização, diluindo o significado das relações físicas, e a informação superficializada acelerada devido aos novos padrões de consumo. Sendo assim, o presente projeto, pretende recuperar as informações que detemos sobre a pesquisa de tendência para a matéria, já que atualmente se encontra apenas virtualmente, muitas vezes de forma privatizada (por ser relevante para o contexto atual de consumo, a maioria do conteúdo produzido, é apenas acessado conforme assinatura). Este livro busca retomar uma qualidade esquecida da mídia impressa: a sua corporalidade, seu posicionamento no espaço físico– tangível e a preservação de conteúdo no mundo real. Assim, como se escrevem diários, ou se criam álbuns (scrapbooks) para guardar aquilo que faz parte do nosso imaginário, e que são da ordem da experiência. Portanto, as intenções quanto a concepção do livro, são de construção de valor e sentido simbólico na ordem do lúdico, porém de forma interativa, com novos materiais para uma maior significação do conteúdo. Alguns questionamentos de fundo nos mobilizam: será que a hipersaturação da tecnologia nos fará voltar ao analógico? Será que o universo paralelo criado na internet fará por desgastar nossa identidade no ambiente real?

Portanto, este livro busca provocar questionamentos e também

propor soluções, no caso, este editorial que esta sendo proposto.

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5. DELIMITAÇÃO DA PESQUISA O objetivo desta pesquisa é obter um cruzamento de metodologias pré-existentes para o enriquecimento da etapa metaprojetual. Sendo esta fase, servindo basicamente como plataforma para a consistência do conhecimento que busca ser levantado e posteriormente utilizado como base para o conteúdo do livro que é concebido durante a etapa projetual. Tal conteúdo busca apenas gerar referências que se traduzem na atmosfera da arte, do design e da antropologia visual.

Portanto, a pesquisa de tendências aqui é

concebida como uma ferramenta projetual e também será tangibilizada e exteriorizada ludicamenteno produto final.

Porém, este livro não tem o objetivo de

traduzir cientificamente a sociedade, mas sim, partindo do ponto de vista da análise da autora, fundamentada pelo histórico teórico levantado

interativos em um livro.

6. Problema de Pesquisa

Como tangibilizar um livro que aborda a cultura con-

neste, identificar algumas tendências de esfera macro e micro e traduzi-las através de dispositivos Desta forma, a delimitação da pesquisa

é conectar o conteúdo da etapa metaprojetual a

temporânea em uma mídia tradicional?

concepção de um livro na etapa projetual. Porém, haverá uma seleção prévia do conteúdo para compor o produto final deste projeto.

Logo, apesar da etapa metaprojetual pos-

suir grande relevância, ela serve apenas como construção de conteúdo e levantamento de um panorama geral da sociedade atual. O foco do projeto,

7. Problema de Projeto

não se encontra nesta fase, mas sim, na seleção

Como traduzir informações sobre as tendências da

destes dados, que serão reinterpretados e traduzi-

cultura visual através de dispositivos interativos em um

dos em um livro com cunho interativo e sensorial.

livro? 9


8 Comportamento Sociológico da PósModernidade e a Difusão de Tendências Pierre Lévy em Árvores do Conhecimento (1995), afirma que ‘abordamos novos tempos’, onde ainda não há conceitos, ferramentas ou instrumentos, que nos ajudem a organizar este mundo cambiante, surpreendente e inquietante.

Segundo Bauman (2001), o ‘derretimento

dos sólidos’, se tornou um vetor permanente da modernidade, o momento da modernidade fluida, onde elos tecem as escolhas individuais e projetos e ações coletivas. Gilles Lipovetsky (2004), afirma que os tempos atuais são hipermodernos, pois características como

globalismo,

consumismo,

hedonismo

e

fragmentação do tempo e do espaço são explicitadas nas características da sociedades vigente.

A modernidade vive uma redistribuição

e realocação dos ‘poderes de derretimento’. As instituições e os indivíduos foram afetados pela queda das molduras que circunscreviam o domínio

(...)na modernidade líquida, tudo

das ações-escolhas possíveis. Tais configurações e

é volátil, as relações humanas não

padrões de dependência e estamentos hereditários

são mais tangíveis e a vida em con-

se tornaram obsoletos para depois serem novamente moldados e refeitos sobre novos paradigmas,

junto, familiar, de casais, de grupos

impostos principalmente pelas mídias, pelas novas

de amigos, de afinidades políticas e

formas de consumo e relação do indivíduo com a

assim por diante, perde consistência e

cultura. (BAUMAN, 2000)

Considera-se que a liberdade apontada aos

indivíduos é direcionada a percorrer novos caminhos,

de Bauman já está de algum modo

e então se readaptar. O trabalho de autoconstrução

presente em Marx quando, segundo

individual

está

endêmica

e

incuravalemente

subdeterminada a relação aos chamados ‘grupos de

M. Berman (1982), ele aponta para

referência’, estes inconstantes, colaboram para que a

a ação do éter das revoluções moder-

identidade do ser passe por numerosas e profundas

nas que desmancha tudo que é sólido.

reconfigurações antes que todas estas mudanças 10

estabilidade. Cremos que essa reflexão

cheguem a uma conclusão genuína: o fim da vida.

(STIGAR, 2008)


Porém, todas estas características da modernidade,

do consumo, pois não são poucas as empresas

não devem soar pejorativas, são apenas novas carac-

que utilizam pessoas que são reconhecidas em

terísticas da sociedade que nunca viveu tão em con-

determinado ambiente sócio-relacional, como

junto, com o advento da internet, o mundo se tornou

blogueiros, por exemplo, para vender produtos

novamente uma pangéia, que compartilha as mesmas

e promover sua marca. Pois traçando tal estra-

referências, informações, sentimentos, modismos e

tégia, chegam a intimidade dos consumidores

sonhos.

com mais facilidade, pois estas pessoas que são

Portanto, a antropologia do nosso tempo nunca foi

escolhidas pela indústria, produzem conteúdo e

tão plural e desterritorializada, pois costumes de jo-

são admirados pelos seus leitores, logo se tor-

vens no sul do Brasil, podem também ser atitudes de

nam pessoas confiáveis, o que para a venda de

um grupo de jovens do leste europeu, devido ao con-

produtos, é essencial.

sumo globalizado que possibilita tais conexões com-

A demasiada relevância depositada nesta geração

portamentais e estéticas.

acaba por gerar consequências patológicas, que

E é a geração jovem que move estes novos conceitos

já são consideradas crônicas para determinados

de mundo, pois é a faixa etária (18-28) que esta fa-

autores: a ansiedade, medo, culto ao corpo, con-

zendo a transição do mundo analógico para o digital,

sumismo exacerbado, workaholics, internet ohol-

e fazendo com que todos estes paradigmas descritos

ics, solidão, confusão mental, bullying e crises de

por Bauman sejam pesquisados e observados.

identidade são alguns dos resultados de tais com-

Afinal, é evidente a ebulição de um novo modelo de

portamentos frutos de tal volatilidade e excessos

pensamento, de consumo e de comunicação, é um

cometidos em nosso tempo.

novo espírito do tempo que está surgindo com esta ger-

Por fim, o equilíbrio está no princípio interno de

ação, que é inspiracional os mais novos, e aspiracio-

unidade que esta geração possui e constrói seus

nais para os mais velhos, logo, são a fonte de curi-

desejos, são pragmáticos, hedonistas, realistas,

osidade e observação de todos, estando no topo da

ambiciosos, visionários, conectados, inquietos,

pirâmide de influência. (BOX 1824, 2010)

divertidos, atrativos, criativos, espontâneos, origi-

Tal influenciabilidade é legitimada pela indústria

nais, e principalmente de comportamento livre, plural e líquido.

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vá em frente pois há muitos que precisam que chegues para poderem lispector seguir-te. Chaplin Por isso, não me venha com Let it all hang meios-termos, com mais ou out. But you menos ou qualquer coisa. won’t fool the Venha a mim com corpo, Children of the Revolution. alma, vísceras e falta de ar.”

darling, I’m down and lonely when with the fortunate only I’ve been looking for something else

phoenix - liztomania

Then you better start swimmin’ Or you’ll sink like a stone For the times they are achangin’. bob dylan

A juven- Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que tude é você não conhece como a em-eu mergulhei. Não se prebriaguez ocupe em entender, viver sem vinho. ultrapassa qualquer engoethe

12

Don’t make me a target When tendimento. lispector you reach back in his mind feels like he’s breaking the law. There’s something back there he got that nobody knows. two door cinema club


9.

momento que o conceito de tendência se alinha com o que conhecemos atualmente: a sua finitude, a ideia de

Significado do termo Tendência e sua empregabilidade em diferentes contextos

movimento que se esgota em si mesmo. Pois não se conclui em um lugar certo e está intrinsecamente ligada a inseguranças. (CALDAS, 2007) Neste contexto, é que Caldas sugere que a palavra tendência vire um paralelo ao conceito do ciclo de nossas vidas. O que Diderot (1769) afirma que ‘o ser humano é a soma de certo número de tendências’, uma vez que todos nós nos dirigimos ao termo fim.

A palavra tendência deriva do verbo tender.

No entanto, no século XIX, ela passa a representar o

A sociedade contemporânea adota este termo

sentido de propensão, algo que leva agir de uma maneira

conceitualizando a ideia de futuro, evolução,

específica, explorada no universo da psicologia. A palavra,

movimento

critérios

então, tende a relacionar-se com o comportamento

quantitativos. Contudo, devido ao constante

humano, usada no plural, significava ‘modalidades do

uso do termo “tendência” em diversas áreas do

desejo’, ou ainda, vários objetos que possam ir a nutrir

conhecimento humano, desde a moda ao preço

necessidades individuais.

do petróleo, faz com que a palavra se esvazie

Ainda no ramo psicológico, é importante a colocação

de sentido devido a sua banalização. (CALDAS,

imposta que a ‘tendência aponta a uma direção, sem,

2007)

no entanto, atingi-la’ (CALDAS, 2007 p.25). Logo esta

Portanto, ainda segundo o autor, é necessário

definição se une ao seu uso na contemporaneidade, onde

construir uma genealogia da própria palavra

a tendência é uma incerteza, percebe-se o caráter de

para compreender a natureza do seu sentido.

imprevisibilidade que a palavra carrega consigo.

O termo originado do latim migrou para as

línguas neolatinas, como o francês. Neste caso,

como:

e

mudança

sobre

Caldas resume o processo de evolução da palavra

o vocábulo transmitia o sentido de “inclinação”,

O fenômeno define-se sempre em função

mas num sentido divergente ao qual empregamos

de um objetivo, ou de uma finalidade, que

atualmente, na França do século XIII, a palavra

exerce força de atração sobre aquele que

tratava da inclinação amorosa por alguém. No

sofre a tendência; ela expressa movimento e

entanto, esta natureza etimológica vem confirmar

abrangência; é algo finito (no sentido que se

a relação de um objeto exterior na substância da

dirige para um fim) e, ao mesmo tempo, não

tendência, o “outro” como um pólo mais forte,

é 100% certo que atinja seu objetivo; é uma

quase que irresistível, como a força que o amor e

pulsão que procura satisfazer necessidades

o desejo exercem sobre nós.

(originadas por desejos) e, finalmente, trata-

Entretanto, no século XVIII, a linguagem

se de algo que pode assumir ares parciais e

científica retomou o termo, porém, o empregou

pejorativos. (CALDAS, 2007 p. 26)

sugerindo como “uma força dirigindo-se para um sentido determinado, tendendo para um

Desta maneira, de fato a palavra tendência deriva da

fim”, além de estar associada a conceitos como

ideia de progresso e evolução que Charles Darwin (1838)

dinamismo, força e impulso. Desse modo, é neste

desenvolveu, Karl Marx (1867) aplicou na história e 13


10. a teoria social, no princípio da sociologia.

GLOBALIZAÇÃO E MUNDIALIZAÇÃO DA CULTURA

A noção de movimento contínuo, de um

‘devir inexorável’, onde a linha evolutiva se

constrói através de ciclos, motivadas por um

ligado a ideia de ‘planetarização’, onde, etimologicamente advinda

motor social, acelerado pela sequência de

do termo grego plaks, que significa nivelamento ou afastamento

eventos que fornecem uma dimensão moral,

das diferenças (SODRÉ, 2002). Atualmente, a interconexão das

onde as tendências contam histórias que nos

economias possui um novo modus operandi e com o auxílio de

encantam, por meio de um artifício básico

novíssimas tecnologias integradoras. Desta forma, a globalização

de conferir direção ao tempo.

é muitas vezes, atravessada pela ideologia do pensamento único,

Pois, segundo Caldas (2007), é imperativo que

contrariando o velho liberalismo de Adam Smith, o atual modelo

o homem especule sobre o futuro, pois tais

confere poderes universais de uniformização em determinadas

previsões são uma forma de controlar a vida,

esferas. Já Touraine (2006), acredita que a modernização nos leva

atribuir segurança aos atos e de confrontar

para o heterogêneo, no pensamento e no culto, na vida familiar e

a experiência da morte que trazemos no

sexual, na alimentação ou no vestir-se.

inconsciente.

Já no campo mercadológico, as chamadas

‘tele distribuição’ mundial de um determinado padrão de pessoas,

“pesquisas de mercado de tendências

coisas e, principalmente informações. Ao lado das concretizações

culturais” – cujas origens remontam aos

materiais, ligadas a economia, tecnologia e política, a globalização é

anos 1970, ganharam um novo formato e um

responsável também, por uma forte operação ideológica, que trabalha

novo status a partir dos anos 90 – passando

discursivamente para diminuir o relativismo das significações que

a se tornar ferramenta essencial para novas

correspondem a ela, além de reforçar o sentido universalista. O

formas de estratégias comunicacionais.

princípio de ‘universalidade abstrata’, presumidamente válida para

(FONTENELLE, 2004)

todas as sociedades organizadas pelo capital. (SODRÉ, 2002. p.25)

Augusto Comte (1851) reinterpretou para

O significado da palavra ‘globalização’ está primeiramente

Sodré afirma que a globalização é, portanto, um derivado da

É necessário então, estabelecer as lógicas unificantes da

globalização econômica da mundialização da cultura. O processo de mundialização é ligado aos fenômenos sociais que para existir, precisam de um território, e o homem através das práticas cotidianas. (ORTIZ, 1995)

A hibridação das culturas e o desenraizamento são frutos

da nossa perspectiva de tempo-espaço, novos modelos de inserção e na percepção do mesmo. A tecnologia da informação e os meios de comunicação se transformam em produtos e veículos da mundialização de imaginários ligados a imagens que representam

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estilos e valores desterritorializados, aos quais, correspondem atualmente a novas figuras da memória. (BARBERO, 2003)

Já no aspecto globalizacional, há uma

vontade de domínio, não de liberdade, o desejo de competitividade, não de cooperazzção. Por outro aspecto, a ‘opacidade remete à densidade e compreensão informativa que introduzem a virtualidade e a velocidade em um espaço-mundo feito de redes e fluxos e não de elementos materiais’ (BARBERO, 2003. p.58)

suscitando também uma cultura própria. Morin, em Uma Mundialização Plu-

ral (2003), observa que quando se trata de arte, música, literatura, pensamento, a mundialização da cultura não é homogeneizante. Segundo o autor, constituem-se grandes ondas transculturais que favorecem a expressão das originalidades nacionais em seu seio. Mestiçagens, hibridações, personalidades cosmopolitas ou biculturais enriquecem sem cessar essa via transcultural. Assim, muitas vezes para pior, mas também com freqüência para melhor – e isso sem se perderas culturas do mundo inteiro entrefecundam-se, sem saber ainda, no entanto, que fazem filhotes planetários.

Concebendo assim, o que ele propõe

como sociedade-mundo, onde o território tece um sistema de comunicações de diversas texturas, onde se cria uma civilização mundial, baseada nos valores ocidentais do capitalismo, gera uma sociedade que em seu seio contempla múltiplas culturas, suscitando também uma cultura própria.

15


11.

É dentre a arte, o design e a tecnologia que se formam atualmente novas reflexões sobre os modelos de consumo. Morace (2009) propõe que a nova economia, e o novo padrão de organização mundial, tenham revolucionado valores essênciais da existência, como os seres se tornando terminais isolados de informação, a relação temporal, onde se aceita a instantaneidade do viver, e a relação espacial, onde o ser é encorajado a desterritorializar-se e possuir indiferença a respeito do lugar. Ainda observa que em meados dos anos noventa, se observou contratendências que redescobriram e reavaliaram de modo decisivo a memória, as origens, as raízes, o tempo denso e lento, o território, as narrações, o étnico, além do compartilhamento e experimentação expressiva. Todas estas mutações ocorreram em todas as esferas do cotidiano dos seres, seja no âmbito familiar ou profissional. Por fim, observa que atualmente ‘começam emergir dúvidas e perplexidades a respeito do modelo performativo e acelerado imposto nos anos noventa como um novo standard profissional’. (MORACE, 2009. p. 15) Em contrapartida, as tecnologias motivam a modificação do comportamento ‘mental’ que cada um possui de pensar, decidir e avaliar. Morace identifica que a capacidade e a paixão combinatória típica do ‘corta e cola criativo’, a velocidade relacional do SMS, o compartilhamento de projetos do file-sharing, (...), a exploração personalizada típica do território do GPS, 16

CONSUMO AUTORAL E NOVOS MODELOS DE PENSAMENTOS a memória seletiva do Ipod, as formas do do-it-yourself de convívio típicas da videofotografia digital ou a experimentação expressiva dos DJs têm indicado o caminho, partindo da concretude das práticas da vida e da força propositiva dos novos esquemas mentais. Esses esquemas que vão em direção ao universo do consumo autoral. (MORACE, 2009. p.15) Tal comportamento se explicita com maior clareza nas novas gerações, que amadurecem alimentadas cotidianamente através de tais conexões. Além dos efeitos que a crise de 2008 produziu na sociedade, Morace (2009) observa que à medida que a crise avançou o perfil do consumidor também mudou, onde este passou a ser autor e ator de suas próprias escolhas de consumo, já que deixou de ser influenciado pelo charme das grandes marcas e persuasão oculta na publicidade. Na atual crise de paradigmas, o mesmo autor ainda sugere que as opções de consumo se tornem uma commodity e não mais uma prioridade de uma identidade individual. Aprendendo através da necessidade, de escolher livre e criativamente. Neste sentido, a inovação e experiência do consumidor são repensadas através do design thinking, que está mais próximo da experiência da Renascença, iniciada no século XIV, onde houve um encontro entre o artístico, o espiritual e o tecnológico, em que as invenções de Leonardo da Vinci são os principais exemplos. No contexto atual, a implantação deste pensamento faz com que a inovação não se dê somente na tecnologia, mas gerenciada pelo papel do designer, que


12. atua criativamente em soluções centrais de desenvolvimento, fazendo com que todo mercado seja repensado, recriado e redesenhado. Um mercado em permanente mutação, cujo sentido é múltiplo: arquitetura, moda, design, artes gráficas e visuais. Conforme Morace (2009), é sobre esta dimensão que é repensado o sentido da inovação e a experiência do consumidor junto ao produto, cria-se um sistema geracional de conteúdo que fazem com que os bens acabem por ter maior significado aos consumidores. Ao abordar a felicidade, Tibor Scitovsky em seu ensaio The Joyless Economy (1976), sugere a distinção de bens de conforto e bens de criatividade. Os bens de conforto são os que sugerem estímulos imediatos, uma sensação de prazer a curto prazo, relacionadas ao imediatismo. Já os bens de criatividade, ao contrário, são ligados a longevidade, a cultura e exigem um nível maior de energia para ser apreciado. O projeto vigente, busca a concepção de um livro que se posiciona como um bem de criatividade. Ainda assim, juntará a criatividade ao conforto, e que já são as atuais tendências de consumo, que se manifestará em poucos anos, definindo valores integrais, que Morace (2009) chama de ‘Terceiro Renascimento’. Segundo Morace, o Terceiro Renascimento caracteriza-se por um novo percurso que aliará o tecnológico ao cultural, em busca e um novo sentido da inovação, onde se buscam conceitos relacionados a percepção, memória, criatividade, sustentabilidade e estética.

MÍDIA Mídia como meio revelador

O cinema, segundo McLuhan (1964), acelerando

mecanicamente as ações, fez com que o ‘mundo das sequencias e dos encadeamentos’ se tornasse um universo estruturado e configurado de forma criativa, passando da sucessão linear, para a configuração. Pois assim como a energia elétrica, estas causaram revoluções ao liquidar a sequencia e tornarem as coisas simultâneas.

Foi nesta fase do cinema que o cubismo emergiu e

Gombrich, em seu livro Arte e Ilusão (1960) definiu como ‘a mais radical tentativa de extinguir a ambigüidade e acentuar a leitura integral o quadro- que se torna uma construção feita pelo ponto homem, uma tela colorida’. A partir desta atitude, o cubismo transformou o ponto de vista, ou ‘faceta da ilusão perspectivista’ em um objeto multifacetado apresentado simultaneamente. Aplicando planos contraditórios, ou um dramático conflito de estruturas, luzes, texturas que forçam e transmitem a mensagem por envolvência.

McLuhan (1964) observa que o cubismo apresentava

as informações de acima para baixo, frente e seu verso, interno e o externo em duas dimensões, desfazendo a ilusão de perspectiva em favor da ‘apreensão sensória instantânea do todo’.

Após tais observações, se conclui que as atuais mí-

dias, compostas pela multifuncionalidade e pela convergência de serviços, deriva desta quebra da linearidade de exposição dos conteúdos, há um desprendimento do cartesianismo para uma abordagem das linhas de força do campo, onde há uma hipermidiação presente no cotidiano dos seres, onde utilizam 17


integradamente conteúdos de fontes diversas. A tecnologia, gradualmente, acaba por criar um ambiente humano completamente novo. Os ambientes, entretanto, não são envoltórios passivos, mas processos ativos na constituição destes novos meios de convivência. (MCLUHAN, 1964). Conforme o autor, ‘o meio é a mensagem’, pois é este que conforma e impõe a proporção e a forma das ações e associações humanas ligadas a este, ou seja, o conteúdo de quaisquer meio é capaz de cegar para a natureza do meio. Portanto, o conteúdo ou a apropriação desses meios são tão plurais quanto ineficazes na estruturação das relações com o homem.

A mídia como extensão do homem (MCLUHAN, 1964)

Com a aceleração do ritmo do cotidiano, se reacendeu a causa das coisas, devido tomada

de consciência deste ambiente que atribui

ercício mecânico, os corpos eram projetados ao espaço. At-

muitas informações a todo instante. Passan-

ualmente, com o avanço da tecnologia elétrica, projeta-se o

do de uma linha de raciocínio linear, a uma

sistema nervoso central, abolindo características de tempo e

que opera com diversas variáveis de sequên-

espaço.

cias e pontos de vista relativos.

Durante a fase pelo qual o homem primou pelo ex-

Com esta ideia, o autor propõe a fase final das ex-

tensões do homem: ‘a simulação tecnológica da consciência, pela qual o processo criativo do conhecimento se estenderá coletiva e corporativamente a toda sociedade humana’. Contudo, as possibilidades de chegar a conclusões quanto às extensões do homem, fazem com que desviamos as extensões como um conjunto que afeta todo complexo psíquico e social. Segundo McLuhan (1964), A mensagem oriunda de qualquer meio ou tecnologia possui mutações na escala ou padrão que opera quando entra em contato quando se introduz no cotidiano humano. ‘A estrada de ferro não introduziu movimento, mas acelerou e ampliou a escala de funções humanas anteriores, criando tipos de cidades novos’ (1964. p.22) 18


meios quentes e meios frios Conforme McLuhan (1994), um meio quente é aquele que ‘prolonga um único de nossos sentidos’ e possui uma alta definição. Esta última se refere a um estado de alta saturação de dados. Por exemplo, uma fotografia, pela multiplicidade de elementos se relaciona a alta definição, já os quadrinhos, são de baixa definição, pois não são munidos de tanta informação visual. Portanto, os meios quentes são aqueles que entregam

o maior número de informações aos receptores,

produz uma fragmentação ou especialização, sendo as-

fazendo com que ele não explore sua ‘imagi-

sim, toda experiência intensa deve ser reduzida a um es-

nação’ para compreendê-lo, deixando pouca in-

tado frio antes que seja assimilada.

terpretação a ser preenchida e completada pela

sua audiência.

mento redunda num perpétuo estado de rigor mortis

Já os meios frios como os escritos em hieróglifos,

psíquico, ou de sonambulismo, particularmente notável

que necessitam de uma carga de interpretação

em períodos de novas tecnologias.

referente a ele, diferente da clareza do atual alfa-

beto fonético. O aquecimento da escrita se deve

era uma ‘dança quente, rápida e mecânica’, conceitos que

pela intensificação da imprensa que conduziu ao

se relacionam com os preceitos industriais, devido a sua

nacionalismo e às guerras ligadas a religião no

‘pompa e cerimônia’. Já a manobra da dança chamada

século XVI.

twisté uma forma fria, um gesto improvisado e envol-

A pedra, de acordo com McLuhan

vente. Quando o cinema e o rádio surgiram, eram meios

(1964), é um agente interligador do tempo,

quentes. O jazz em si mesmo, tende a ser uma forma

pesado e maciço, serviu para unificar as eras e as

‘dançável e diálogo informal’, considerando sua elastici-

idades. Já o papel, é um meio quente, pois serve

dade quanto à repetitiva valsa. Portanto, após o primeiro

para unificar os espaços horizontalmente, seja no

impacto, o hot jazz se tornou o cool jazz pelo seu maior

campo político ou do entretenimento.

nível de envolvimento, acabou por quebrar paradigmas

da sociedade que cultuava o mecânico e a linearidade.

Conclui-se então, que um meio frio per-

A intensidade dos fatos no cotidiano ou no lazer

Para McLuhan (1964), este sistema de esfria-

Para exemplificar, o autor argumenta que a valsa,

mite mais participação que um meio quente, um

Portanto, a vanguarda está no frio e no primitivo,

seminário envolve mais que uma conferência, um

pois estes atribuem maior envolvimento e profundidade,

diálogo envolve mais que um livro.

expressando de forma integral seu anseio.

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Mídias Interativas

A liberdade de expressão é revista através da expansão da nova esfera pública que convive em

comunidades virtuais desterritorializadas e atreladas a mídias interativas (LÉVY, 2002).

Assim como a internet, pretende-se um meio e comunicação de interação e organização social.

Entretanto, diferente da internet, que como sugere Castells (1996), cria laços fracos, a tangibilização do livro proposto, pretende a criação de laços fortes, que ainda segundo o autor, se criam a partir das relações físicas e frias, segundo o conceito de McLuhan (1964).

Internet O papel da Internet na atual conjuntura, tornou-se o coração articulador dos distintos meios, da multimídia. Portanto, transforma-se em um sistema operativo que permite interconectar e canalizar a informação sobre o que acontece, onde acontece, o que podemos ver, o que não podemos ver e torna-se, o sistema conector interativo do conjunto do sistema multimídia. (CASTELLS, 1996) Além de se caracterizar por um sistema horizontal, o que significa que cada cidadão pode criar seu próprio sistema de comunicação e comunicá-lo. Sendo assim, cria-se pela primeira vez, a capacidade de comunicação maciça, não midiatizada pelos meios de comunicação em massa (CASTELLS, 1996. p. 286). O autor problematiza então esta situação com a questão de credibilidade. Ele cita, que em determinado congresso de editores nos Estados Unidos, os empresários o Vale do Silício

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diziam que os jornais, e as mídias impressas iriam terminar

credibilidade de um meio e comuni-

que daqui para frente, tudo seria on line.

cação converte-se em sua única for-

Porém, Castells (1996), defende a permanência destas mídias

ma de sobrevivência em um mundo

pelos seus diversos contextos de utilização e seus distintos

em interação e de informação gener-

contextos de uso. Além da defesa dos meios de comunicação

alizada. (CASTELLS, 1996. p. 286).

que desempenham papel essencial quanto à fidedignidade da

Castells conclui que, ‘o que a Inter-

informação, observando que as pessoas tendem a dar maior

net faz, portanto, é processar a vir-

credibilidade a jornais como o New York Times, do que algo

tualidade e transformá-la em nossa

que ele mesmo poste na internet.

realidade, constituindo a sociedade

Desta forma, a ‘etiqueta de veracidade’, continua sendo im-

em rede, que é a sociedade em que

portante, sob a condição que seja respeitada. E com isso, a

vivemos’. (1996. p.286)


13. Ludismo O ludismo, segundo Johan Huizinga (2008), é sinônimo de divertimento. Além disto, envolve noções de prazer, agrado e alegria. O jogo e o ludismo, são presenças fundamentais na constituição da linguagem humana, sendo características que compõem um caráter dialógico, que segundo Huizinga estimula a criatividade para o aprendizado. Huizinga em Homo Ludens, fala que o jogo, é mais do que um fenômeno fisiológico ou um reflexo psicológico, o jogo ultrapassa os limites da atividade puramente física ou biológica (p.04); se tornando uma função significante, isto é, encerra um determinado sentido. Desta forma, o simples fato de o jogo encerrar um sentido, implica a presença de um elemento não material em sua própria essência. Ao relacionar linguagem e ludismo, estes possibilitam a criação de um universo poético, ‘por detrás de toda expressão abstrata se oculta uma metáfora, e toda metáfora é um jogo de palavras. Assim, ao dar expressão à vida, o homem cria um outro mundo, um mundo poético, ao lado do da natureza’ (p. 07).

Portanto, no presente projeto, a linguagem metafórica é traduzida através dos dispositivos, que através das sensações, criam um universo lúdico e imaginário. Assim sendo, o elemento lúdico possui um laço indissolúvel com a poesia, em ambos, há um sentido de personificação de concepções que são fruto da imaginação. O ser humano possui uma certa tendência a criar mundos imaginários (ou talvez um mundo de idéias animadas). Sendo que o transbordamento destes imaginários nascem da necessidade de se comunicar aos outros suas percepções. O jogo e a poesia, possuem determinados valores que transcendem as idéias lógicas, que transcendem o visível e o tangível, há termos específicos como ritmo e harmonia, que se aplicam em ambos, e o constituem nessa analogia que traduz e faz compreender a essência e o instinto de todos. Dentre tantas características e analogias, o ludismo em sua essência, se relaciona com a espontaneidade e a despreocupação (p.221), e é neste sentido, que o conceito conversa com este projeto. Pois o jogo aqui citado, não se relaciona com a interpretação contemporânea de jogo, que evoca competição, ganância, profissionalismo. Neste projeto, o ludismo busca traduzir o tom de bom humor, de fantasia e poesia em que o livro foi projetado. 21


14. DESIGN DE INTERAÇÃO Segundo Ockerse (2009), usualmente, os conteúdos de um livro têm a interface projetada de forma didática e linear, de acordo com sua função, pois seu objetivo é entregar a informação para ao leitor de forma conveniente. Entretanto, quando o conteúdo é de natureza social, ou de experiência, este tipo de metodologia não é o mais indicado, pois atualmente há maneiras novas de projetar a interface como uma experiência. O autor acredita, que se o conteúdo possui natureza dinâmica e poética, necessita de engajamento perceptivo com palavras e imagens na concepção da interface, para que se gere comovimentos no tempo e espaço para estimular um senso profundo na consciência, imaginação e perspectiva; atribuindo maior valor ao significado. Grace desdobra a ideia, abordando que interfaces interativas elevam a receptividade e inspiração. Os doutores referidos acima, possuem uma concepção holística, portanto, quanto ao design de interfaces. Comparam o projeto repleto de células que se organizam entre um microcosmo e um macrocosmo, onde se projeta a maior estrutura, para o menor componente, com objetos em constante mutação, para que o espectador possua relacionamentos, e este dinamismo habilite o participante com possibilidades de cocriação. Desta forma, há a possibilidade de surpreender o usuário, estimulado através da espontaneidade da interação. Cada experiência permite novos insights, de acordo com o contexto e observação do usuário, e sua intenção ao interagir com tal interface. Os autores concordam que a atitude contemplativa do leitor favorece as experiências, e a pro atividade quanto à interatividade, tornando o leitor ativo e co-criador, e não na esfera da expectativa e do consumo passivo. 22


15. DESIGN DOS SENTIDOS O designer italiano Bruno Munari é precursor na difusão de tal conceito. Em seu livro Das Coisas Nascem Coisas, faz com que se reflita sobre o sentido do tato e do impacto de desviar o foco visual e reorientar os sentidos a partir de uma conexão sinestésica com o ambiente e produtos. Chegou a produzir um livro focado no público Infantil, onde o tipo de papel se relaciona subjetivamente ao que a história desenvolve. Munari acredita que há de haver uma expansão na imaginação quando se conscientizam os outros sentidos na ação, para que isto aconteça, deve-se primeiramente, entrar em contato físico com o objeto sem o uso da visão, logo, se explorará outros conteúdos, que não a estética visual, mas sim, abordando-o como uma experiência.

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O design naturalmente envolve-se com os sentidos humanos como um meio para agregar valor à mensagem, produto ou experiência, entretanto, atualmente, há uma efervescência na aplicação destes conceitos, na medida em que as tecnologias evoluem e projetar as sensações se torna fator intrínseco da metodologia de projeto. A sinestesia é um termo oriundo do grego, onde syn ‘juntos’ e austhesis ‘sensação’, representa uma condição neurológica baseada na estimulação dos sentidos, ou via cognitiva que experiências involuntárias sensoriais ligadas a memória, pois algo que interagimos que envolva os demais sentidos, são fixados na memória mais intensamente. A sinestesia foi estuda por Baudelaire através da Teoria das Correspondências, onde este aliava a existência entre ‘domínios sensórios’ , onde sons, cores e cheiros estão co-relacionados, e que esta conexão é intrínseca à natureza das coisas, anunciando desta forma uma expansão no âmbito da sensibilidade, pois pode-se sentir um cheiro ao lembrar de uma música, ou ainda perceber uma cor em alguma palavra. (TORNITORE, 1999) Desta forma, o ser humano, com sua estrutura complexa não pode ser considerado sensorialmente através de partes soladas e dissociadas, a capacidade sinestésica, segundo Baudelaire encontra-se envolta no processo de inter-relacões. Devido a sua função primordial que os sentidos executam na vida humana, Tornitore observa que além da arte, todas as ciências são concebidas através de processos sinestésicos, desta forma, o autor concecta estas percepções ao conceito de Morin, no que se refere às relações entre o todo e as partes constituintes. A complexidade começa logo que há sistema, isto é, inter-relações de elementos diversos numa unidade que se torna complexa (una e múltipla). A complexidade sistêmica manifesta-se, sobretudo, no fato de que o todo possui qualidades e propriedades que desaparecem sob o efeito das coações organizacionais o sistema (MORIN, 2000. p.291)

Por fim, Faraco & Moura, incorporam o conceito de sinestesia a literatura, onde uma rede semântica de figuras e linguagem (característica do simbolismo, enquanto discurso), gera uma associação entre uma sensação e outra sensação, impressão ou situação.

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16.

Donald Norman, em sua obra Emotional Design, caracteriza o design além das formas físicas e das funções mecânicas, para ele, os objetos possuem uma forma social e funções simbólicas. Os designers, portanto, passam a ter o foco centrado no modo como às pessoas interpretam e interagem com o meio físico e social relacionado aos produtos, sendo assim, o foco projetual envolve a emoção e a intenção de proporcionar experiências agradáveis. O comportamento humano, de natureza social, é biologicamente preparado para interagir com as demais, e a natureza de tal interação, está diretamente ligada a nossa capacidade compreender o estado de espírito dos outros. Para o autor ‘a emoção torna você inteligente’, devido à capacidade de conexões neurocerebrais atingidas por objetos que modificam a percepção, o comportamento e os parâmetros de pensamento dos usuários. Para ele, cientista cognitivo, as emoções são inseparáveis da cognição, estes, guias constantes das vidas dos seres, pois afeta a maneira pela qual se portam, pensam, tomam decisões e interagem com a sociedade. Sendo assim, a emoção é um elemento necessário na vida, pois afeta a maneira que as pessoas se sentem, comportam e pensam. Para um produtor obter sucesso, Norman acredita que o objeto deve ter como elemento a interação social. O telefone celular é o exemplo que o autor utiliza, dizendo que um aparelho celular é muito além de um instrumento de comunicação, o celular, é fundamentalmente uma ferramenta emocional e um facilitador social’. Pois quando algum produto nos gera prazer, este se torna um componente da nossa vida, desta forma, a maneira com qual se interage com

DESIGN EMOCIONAL este, define uma posição na sociedade. Um objeto favorito é um símbolo, que induz uma postura mental positiva, um lembrete que nos traz boas recordações, ou por vezes uma expressão de nós mesmos. E esse objeto sempre tem uma história, uma lembrança de algo que nos liga pessoalmente aquele objeto em particular, aquela coisa em particular. (NORMAN, 2008. p. 26)

Norman propõe três conceitos que se relacionam aos níveis de percepção que possuímos. Elencando estes três níveis, se constrói um método de análise do impacto dos produtos em nossas emoções: 1 nível visceral corresponde ao impacto inicial que temos com algum produto, diz respeito às emoções e desejos mais primitivos, pois se relaciona com o desejo, que é anterior ao pensamento, e diz respeito às aparências; 2 nível comportamental:relaciona-se com o uso, a experiência com o produto, sua interação primária, o prazer e efetividade no uso; 3 nível reflexivo, relativo à consciência quanto ao produto, atinge alto nível de sentimento e emoção, interpretação do seu uso, considera a racionalização e a intelectualização e um produto. O ato de possuir, exibir e possuir algum tipo de identidade e história junto a ele, o alto nível de interação e profundidade, pois relaciona aspectos que possuem um passado e um futuro. Além de ser o aspecto mais complexo de atingir em tempos de consumo efêmero e obsolescência programada dos produtos. 25


Estas três dimensões diferentes entre si estão sempre entrelaçadas em qualquer design. Estes atributos combinam ao mesmo tempo emoção e cognição. Há uma tendência comum em colocar em oposição cognição à emoção. Alguns dizem que a emoção é quente e irracional, a cognição é fria humana e lógica. Entretanto, Norman diz que as emoções são inseparáveis da cognição constituindo parte necessária dela (2008 p.24). O afeto e a cognição são ‘sistemas de processamento de informações, mas possuem funções diferentes’. O sistema afetivo julga as situações de forma instantânea, tendo conclusões rasas como coisas perigosas ou seguras, boas ou más, sendo ligada a julgamentos conscientes ou inconscientes, refletindo diretamente no âmbito emocional, sua conseqüência é a causa e identificação com determinados objetos ou situações, deste modo, o afeto, que inclui a emoção, nos proporciona juízos de valor que nos permitem sobreviver melhor. Já o lado cognitivo interpreta as situações e as explicam, fazendo com que possuam maior sentido lógico no mundo, tendo o papel de interpretar o mundo, aumentando o grau de conhecimento e compreensão do território. Quanto à dinâmica dos objetos, aqueles que possuem maior atratividade, fazem as pessoas se sentirem bem, por conseguinte, fazem com que pensem de maneira mais criativa. Norman também ressalta os atributos do design emocional relacionados às sensações que possuímos junto aos objetos. Observando que o toque e a sensação são itens que compõem criticamente a análise comportamental de um produto. Os objetos físicos possuem atributos que podem vir a valorizar nossa relação com este, como peso, textura, superfície. Portanto, Norman acredita que a ‘tangibilização’ de objetos devem incorporar características sensoriais, pensando na sensação física do usuário, pois este possui parte do cérebro ocupada pelos sistemas sensoriais, que continuamente investiga e interagem com o ambiente julgando toques, vibrações, sensações, cheiros, aparência visual. E Norman conclui, que o melhor método para se descobrir tais peculiaridades é a observação, pois desta forma, analisa a prática do usuário, que opera com o subconsciente, ou seja, naturalmente, diferente de pesquisas ou questionários, onde as pessoas pensam que fazem determinada atitude. O fato de que tanto as reações viscerais quanto comportamentais sejam subconscientes faz com que sejamos inconscientes de nossas verdadeiras reações e suas causas. É por isso que profissionais treinados que observam o uso real, em situações reais, podem dizer mais a respeito do que as pessoas gostam e não gostam –e os motivos para isto- do que as próprias pessoas. (NORMAN, 2008. p.105)

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17. DESIGN EDITORIAL O DESIGN DO LIVRO A evolução do design do livro se diz respeito à ascendência da educação visual dos leitores, e o crescente número de editoras. Fawcett-Tang (2007), em O livro e o designer, observa que ao leitor deparar-se com dois títulos de conteúdos semelhantes, e com o mesmo preço, o público irá escolher certamente aquele que for mais atraente visualmente e que ofereça melhor leitura. O design gráfico atual inspirou-se primordialmente no design do livro, pois foi neste campo, que se possuiu um estudo aprofundado sobre os aspectos visuais da página. O designer Jan Tschichold, dedicou anos a examinar manuscritos e livros medievais e renascentistas com o intuito de observar quais características estes possuíam, e quais as similaridades que possuíam para identificar critérios de construção do mesmo. Conclui uma relação de 2:3:4:6 para o tamanho das margens interna, do topo, externa e inferior, respectivamente, além da proporção exata da altura do boxe de texto a largura da página. Logo, tais proporções indicam a utilização da razão áurea na projetação dos livros, incluindo Gutenberg, pois este concebia a proporção mais legível dos elementos, pois esta proporção seria a forma mais acessível de compreendermos alguma informação devido ao seu equilíbrio. Foi então que Tschichold publicou The Form of the Book: Essay on the Marality of Good Design, em 1955, ajudando a estabelecer as características básicas do layout do livro moderno, além da exploração feita por Josef Müller-Brockmann, este se dedicou amplamente ao sistema de grades. Entretanto Fawcett-Tang (2007), acredita que atualmente as sugestões impostas por estes autores já tenham sido ultrapassadas, existindo designers que ainda utilizam a golden ratio, e outros que projetam de forma mais intuitiva. É difícil generalizar sobre as tendências atuais do design do livro. O design editorial (como em qualquer espécie de design, como o de embalagem, relatórios anuais etc.) está sempre sujeito a mudanças de rumo e de abordagem estilística que influenciam o design gráfico como um todo. Embora seja possível notar a preferência pelo tipo sem serifa ou perceber o aumento do uso de certos estilos fotográficos, a tendência significativa do design, no momento, é o “vale tudo”. Os designers irão até onde for necessário para criar o design mais apropriado ao conteúdo e ao público-alvo do livro. (FAWCETT-TANG, 2007. p. 7)

Um fator que determina a concepção dos livros atuais vem de acordo com seu preço e variedade de gêneros. Usualmente, os livros mais caros são aqueles que retratam a cultura visual, sendo relacionados à arte e design; estes, utilizam formatos não convencionais, técnicas e materiais incomuns, de forma que tangibilizados, venham a atrair o público que conhece sobre. Desta forma, os projetos de tais livros necessitam maior refinamento na sua concepção, e todos elementos do design: layout, tipografia, grid, formato, imagens, papel, acabamentos e encadernação devem possuir um projeto consistente e atraente, a fim de satisfazer, e surpreender, esse público crítico e 27


especializado.

FORMATO O design do livro está aliado a noção de como lemos e qual a aparência que o livro deve ter, visto que, segundo Ambrose e Harris, o formato inclui diversos fatores como a natureza do conteúdo, a quantidade de informações, o tempo de vida esperado, o público-alvo e por fim, o custo. Quanto ao seu design, Richard Hendel defende que o design começa com a forma física do livro –o ‘formato’. Além do que, diz que um livro pode ter qualquer forma, mas o retângulo vertical é considerado o padrão, devido ao costume, a sua praticidade e a fundamentação teórica desenvolvida na época de Gutenberg, onde costumava-se fazer livros na forma de retângulos verticais respeitando a proporção áurea (1:1,618), conceito renascentista da proporção ideal. Além do mais, alguns formatos acabaram por se tornar padrão, devido a medidas tomadas por fabricantes de papel e impressores. Logo, padronizar formatos se tornou algo caro, pois ao padronizar, fazem com que tais limites diminuam o desperdício a fim de permitir ao editor um preço razoável, conferindo lucros maiores. Existem, portanto, três classificações primárias para os tamanhos finais de formato, onde o tamanho da folha original é dobrada antes de ser refilada: -Edição in-folio: livros compostos de cadernos dobrados apenas uma vez. -Edições in-quarto: formatados a partir de cadernos dobrados duas vezes. -Edições in-octavo: cadernos dobrados por três vezes criando oito folhas ou dezesseis páginas.

GRID O grid tipográfico é um princípio organizador. Tem o intuito de criar uma ordem compreensível e homogênea para a estrutura de projetos. Tal pensamento estrutural, mesmo antes de sua compilação no modernismo europeu e americano é um traço característicos das culturas que buscam a 28

civilidade. Culturas como a dos chineses, japoneses, gregos, romanos e incas adotaram ideias estruturais para erguer cidades, fazer guerras e organizar imagens. Repentinamente, tal estrutura baseava-se no ‘cruzamento de eixos que correspondiam à intersecção do céu e da terra’. (SAMARA, 2007) O grid fruto do modernismo reafirmou tal sentimento de ordem, formalizando-o e integrando a princípios básicos do design. O grid tipográfico - estabelecido no chamado ‘Estilo Internacional’ – é um sistema de planejamento ortogonal que divide a informação em partes manuseáveis. O pressuposto desse sistema é que as relações de escala e distribuição entre os elementos informativos – imagens ou palavras – ajudam o observador a entender seu significado. (SAMARA, 2007) O grid gera estabilidade para a informação gerada, facilitando o leitor à compreensão integral do conteúdo, já que por sua vez, facilita o encontro de informações, distribui elementos de maneira parecida para que suas semelhanças ganhem destaque e sejam reconhecidas, além de atribuir regularidade e controle a atmosfera visual das informações. Em tempos de desordem, como no pós-guerra, designers gráficos sentiram a latente necessidade de recompor a ordem e a clareza, com o objetivo de organizar a imagem, a cultura empresarial e ter benefícios monetários por fim. Foi quando o público se condicionou a receber informações de tal forma, que virou questão de costume. Foi quando a face cinética e dinâmica da multimídia trouxe o caráter tridimensional para a superfície, gerando movimentos, giros, saltos e sons. Portanto, ‘a construção e a organização da forma estão dissociavelmente ligados à disseminação visual da informação’. Samara observa a sociedade atual como uma confusão cultural generalizada, semelhante a revolução industrial anterior, faz com que haja inúmeras abordagens conflitantes na pintura, arquitetura, cinema e design. Onde se observa uma necessidade de discutir o lugar das coisas, os valores e princípios unificadores. Onde avaliando o curso da profissão do designer em particular, e da cultura em geral, o princípio unificador do grid, e o valor de outros tipos de ideias organizadores, merecem


ser trazidos como valores, pois organizam sem tirar a liberdade de expressão e articulação da informação. Quanto a arquitetura do espaço, Philip Webb expressou quanto a obra de Frank Lloyd Wright expressava a ideia de que a essência do design está no espaço e ‘a parte está para o todo assim como o todo está para a parte, e tudo se destina a uma finalidade’. Logo relações de proporção, zonas retangulares e organizações assimétricas se tornaram diretrizes do modernismo.

FUNDAMENTOS DO GRID

A estruturação da informação de um livro se faz necessária devido à quantidade relevante de conteúdo, portanto, a implantação do grid introduz ordem na navegação do leitor, além de facilitar sua criação, visto que, diversas questões já são respondidas ao concebê-lo. Logo, o grid resolve problemas de comunicação de alta complexidade, como num livro, onde há figuras, símbolos, campos de texto e títulos, envolvendo em sua natureza os aspectos visuais e organizativos . Segundo Timothy Samara em Grid: Construção e Desconstrução, devido à quantidade relevante de especificidades em cada projeto, ao projetar o grid, o designer deve observar seu conteúdo específico, ordenando as semânticas do espaço tipográfico, qualidades visuais a ser atribuída, a hierarquia da informação, o espaço em branco, as pausas, o formato da página, além de prever possíveis problemas como títulos extensos demais, cortes de imagens ou espaços vazios por falta de material, fazendo assim com que as questões informativas e as exigências de produção do material estimulem e envolvam seu observador. A fase após a criação do grid consiste em dispor o conteúdo no mesmo, de acordo com as diretrizes anteriormente projetadas. Samara observa que um grid realmente bom cria infinitas possibilidades de exploração, visto que, sua tarefa é prover uma unidade geral, sem retirar a liberdade de composição e diagramação do conteúdo.

MARGENS Ao conceber o tamanho e a proporção das margens, os designers de livros se apropriam da saberia convencional, principalmente em livros que possuam texto de leitura contínua. A folha aberta deve ser vista como um espelho para o leitor, onde as margens laterais sejam maiores que as internas, fazendo com que os dois blocos de texto se tornem próximos, e sua ‘moldura’ seja maior, a margem inferior é maior que a inferior, e também a maior de todas, pois leva-se em conta que os leitores podem vir segurá-los com os polegares, além do que respeita-se a proporção ideal herdada do Renascimento (HENDEL,1999). Tais convenções podem ser atribuídas ao nosso racionalismo para aquilo que nos acostumados a observar, tornando convencional e também algo que não devemos ignorar. v 29


TIPOGRAFIA A comunicação verbal humana expressada através da escrita data milhares de anos antes de Cristo, aparições vistas dentro os povos como os egípcios, com os hieróglifos, e os sumérios –considerado o povo mais antigo da humanidade- com as escritas cuneiformes. Já a escrita latina, possui influência da escrita romana dos séculos 50 a 120 depois de Cristo, onde descobriu-se registros de escrita sobre pedras. Entretanto, em meados de 789, Carlos Magno passou a estabelecer normatizações, nomeadas de Carolíngea. Algumas destas normas são utilizadas até hoje, tal como a diferença dentre a representação de letras maiúsculas e das minúsculas, além do espaço usado entre as palavras. (NIEMEYER, 2003)

Escrita Cuneiforme Fonte: Paulo Hentlinger http://tipografos.net/escrita/arabe.html, 2009

Escrita Árabe Fonte: Paulo Hentlinger, 2009

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Na história dos livros, a Europa se destacava na atividade dos escribas – seres que passavam suas vidas com a trabalhosa e lenta tarefa de reproduzir livros escritos a mão-. Algo que elevava os livros a artigo de luxo, pois na Idade Média, uma minoria da população era alfabetizada e possuia recursos financeiros para adquirir livros. Até que Johannes Gutenberg se dedicou a aperfeiçoar esta nobre atividade, projetando móveis para que o desempenho dos escribas melhorasse e tornasse a concepção de livros uma atividade industrial pelo aumento de reprodutibilidade. O primeiro livro impresso com tal tecnologia foi a Bíblia, em 1454, impresso na Alemanha. Logo a metodologia se espalhou pela Europa. E ao final de cinqüenta anos, mais de mil impressores foram distribuídos por mais de duzentas cidades. Este modo de confeccionar livros permaneceu até o final do século XIX. (NIEMEYER,2003)

Página da Bíblia de Gutenberg, com ilustrações feita a mão, como nos antigos manuscritos. Fonte: Paulo Hentlinger http://tipografos.net/escrita/arabe.html, 2009

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Porém, com a chegada da Revolução Industrial, tal processo passou a ser mecanizado com o auxílio de impressoras a vapor que otimizavam o trabalho em 16%. A gravação de chapas para impressão eram feitas através de sensibilização fotográfica. A indústria gráfica passou a ser modificada aos poucos com a introdução de máquinas componedoras, primeiramente

parte superior das gavetas (caixas) dos tipógrafos. Além de possuir tamanho maior, são consideradas agressivas. Maiúsculas Fonte: A própria autora

operando com a linotipo de Ottmar Mergenthaler em 1889, e posteriormente pela máquina de monotipo. No método de linotipo as fontes eram fundidas em chumbo na sequência correta a serem utilizadas nas linhas, após esta, o chumbo

MAIÚSCULAS

Minúsculas ou caixa baixa possui esta nomenclatura porque as fontes minúsculas ficavam armazenadas na parte inferior das gavetas (caixas) do tipógrafos.

era totalmente reutilizado em outra confecção. Este processo otimizou em média 85% a produção. Já em 1885, Linn Boyd Benton, nos Estados Unidos, criou um equipamento pantográfico, este poderia modificar o tamanho da tipografia mecanicamente, o que antes era feito artesanalmente por tipógrafos muito treinados. (NIEMEYER,2003) De acordo com Niemeyer, nosso alfabeto latino é composto por 26 letras, contudo, o alfabeto não se resume as letras, existem também sinais de pontuação, acentuação, números e outros caracteres. As fontes para serem utilizadas em escala mundial costumam possuir 254 caracteres. Os caracteres de um alfabeto latino são divididos em doze partes: Maiúsculas ou caixa alta, são chamadas de caixa alta devido à posição onde se encontravam essas fontes, que eram na 32

minúsculas

Minúsculas Fonte: A própria autora


Ligaturas. São conexões entre duas ou mais letras.

Ligaturas Fonte: A própria autora

Sinais de pontuação. Estes são caracteres essenciais para qualquer fonte, pois eles ditam o ritmo da fala para a leitura.

Ditongos. São caracteres que em determinadas línguas representam fonemas próprios. Utilizados em dicionários para exemplificar sonoridades.

Ditongos Fonte: A própria autora

Acentos gráficos.

Sinais de pontuações Fonte: A própria autora

Símbolos monetários. Caracteres que representam as moedas dos países, o padrão latino é o mesmo usado para o dólar (primeiro da figura).

Símbolos monetários Fonte: A própria autora

Símbolos de operações matemáticas. Acentos gráfico Fonte: A própria autora

Algarismos.

Algarismo Fonte: A própria autora

Símbolos de operações matemáticas Fonte: A própria autora

Símbolos comercias. Estes são os principais símbolos comercias, presentes nas principais fontes.

Frações. Símbolos comerciais. Frações

Fonte: A própria autora

Fonte: A própria autora

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Anatomia da tipografia, de acordo com Lupton:

Fonte: LUPTON, 2006 34


Anatomia da tipografia Fonte: LUPTON, 2006

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CLASSIFICAÇÕES DAS FAMÍLIAS TIPOGRÁFICAS As tipografias são classificadas em sete grupos, onde estes também possuem subdivisões. Tal classificação é chamada de ATypI, da empresa Association Typographique Internationale, conhecida com classificação tipográfica Vox/ ATypI, que por sua vez é baseado na classificação original de Maximilien Vox,

Transicionais – Alfabeto criado por determinação de Luis XIV, criada para a Imprensa Real, foi desenvolvido com rígida regras matemáticas. A que melhor representa esse grupo é a Baskerville, com hastes e serifas pontiagudas.

feita em 1954. Os grupos são: •

Romanos

Humanistas - conhecidas também como venezianos, por serem construídas a partir das fontes minúsculas do século XV.

Fonte: NIEMEYER, 2003

Fonte: NIEMEYER, 2003

Geraldos – Nome que vem da combinação do nome Garamond e Aldus Manutius, famílias tipográficas mais importante desse grupos.

Didones – Termo que vem da combinação de Didot e do Italiano Bodoni. Assim como as trancicionais são construídas com rígidas normas matemáticas, porém possui serifas mais lineares.

Fonte: NIEMEYER, 2003

Fonte: NIEMEYER, 2003 36


Mecanizados – Esta foi criada devido a necessidades do mercado publicitário, a partir da revolução industrial. Tais fontes eram desenvolvidas para que fossem legíveis a uma certa distância e que possuíssem características singulares que se destacassem em meio

Geométricos – Originadas a partir do movimento mod-

à concorrência. Se caracterizam por serem

ernista e minimalista em 1930, com referencia as formas

carregadas e possuírem as serifas grossas.

racionalistas e geometrizadas, não possuindo arabescos e características pesadas como a da família Grotescos, da qual é originária.

Fonte: NIEMEYER, 2003

Lineares Fonte: NIEMEYER, 2003

São as fontes sem serifa. Também originadas a partir da revolução industrial, porém para o mercado de impressoras. Grotescos – Originaria do século XIX. São extremamente pesadas, com curvas discretas

Neogrotescos – Se concretizou na década de 1950, desenhada com princípios que aperfeiçoassem a legibilidade.

Fonte: NIEMEYER, 2003 Fonte: NIEMEYER, 2003

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Humanistas – Embora pertencer a este grupo, são a menos ligadas com o grotesco, inspiradas na escrituras romanas e humanistas, dessa maneira são mais

delicadas que as outras três desse grupo. Brush – inspirada nas letras cursivas, por isso o eixo inclinado, com linhas leves e arredondadas. Fonte: NIEMEYER, 2003

• Incisos Fontes baseadas nas escritas romana gravadas nas pedras, são semi-serifadas. Fonte: NIEMEYER, 2003

• Manuscritos São fontes que lembram as cursivas comum ou formais (ligadas em si), são diferentes das manuais pois copiam visivelmente a escrita caligráfica. Fonte: NIEMEYER, 2003

• Manuais Decorativos – Fontes que possuem arabescos em sua confecção. São usadas para logotipos, displays, cartazes e anúncios Não servem para textos corridos.

Fonte: NIEMEYER, 2003

Fonte: NIEMEYER, 2003

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Góticos

Texturados – São pontiagudas, é

a fonte que Guntenberg utilizou em sua Bíblia.

Fonte: NIEMEYER, 2003

Rotundos – Exemplos: Schwaben Alt, Trump-Deutsch, Wallau e Wedding Text Bastardos – Exemplos: Ehmecke-Schwabacher, Old Schwabacher, Renata. Fraktur – Exemplos: BreitkopfFrsktur, Fette Goicth, Unger-Fraktur e Gilgengart Dürer Fraktur. Varianter de Franktur – Exemplos Claudius, Koch-Kurrent, Tanhaeuser, Kursiv e Heinrichsen.

Dobra sanfona: A borda externa dos cadernos não é refilada, fazendo que as folhas fiquem unidas nas suas pontas por uma serrilha, que o leitor pode vir a destacar tornando a publicação mais curiosa.

TIPOS DE ENCADERNAÇÃO De acordo com a definição de Gavin Ambrose e Paul Harris, encadernação é o processo de fixação de páginas ou cadernos de uma publicação. Utilizam-se diversos formatos e materiais, que variam de acordo com diversas variantes como papel, formato, quantidade de páginas, durabilidade, estética e custo. Encadernação sem costura: Neste processo, a margem externa é completamente refilada. Mais utilizado em brochuras e cadernos. Cadernos são fixados com uma cola flexível, onde esta também se fixa uma capa de papel à lombada. Encadernação em lombada canos (grampo à cavalo): Método de encadernação muito usado em livretos ou catálogos.

PAPEL

Sendo assim, os cadernos são intercalados e grampeados no

Gramatura é o peso do papel em gramas

Encadernação com wire-o, espiral metálica ou plástica: Neste

por metro quadrado (g/m²).

caso, as folhas são perfuradas para que um fio de arame, ou

Dobra janela: possui painéis extras que

plástico, espiralado perpasse pela superfície perfurada. Tal

se dobram em direção do centro da

método faz com que o livro possa ser aberto completamente.

publicação com dobras paralelas para

Utilizado frequentemente em relatórios, publicações, ou agen-

que se encontrem na borda da página.

das. Há versões, em que a capa dura se sobressai ao material

As páginas a serem estendidas são

espiralado o deixando oculto, mas sem comprometer suas

dobradas e cortadas em um tamanho

funções.

menor que a matriz da publicação para

Encadernação Japonesa: Este tipo de encadernação é consid-

que o encaixe ocorra corretamente. Mé-

erado mais luxuoso, com o caráter mais decorativo e menos

todo amplamente utilizado em revistas

usual. As páginas são costuradas com uma linha contínua e o

para pôsteres descartáveis ou livros de

livro acaba por abrir apenas parcialmente.

ilustrações, fotografias ou elementos grá-

Encadernação com capa dura: Método muito difundido por

ficos que possuem formato grande.

oferecer extensa duração na vida dos livros.

sentido vertical.

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Os cadernos são costurados e colados com uma tira de gaze ao longo da lombada para formar o miolo. Logo após a capa dura é colada. Usualmente, a lombada (parte lateral, onde os cadernos são anexados) toma forma arredondada, então são feitas ranhuras ao longo da borda da capa junto à lombada para que estas exerçam função de dobradiças. Por fim, há o processo de inclusão da charceneira, o tecido que cobre capa dura, esta, serve tanto para proteger a lombada, como para decorar.

ACABAMENTOS Sangrado: quando as informações impressas se estendem além da linha em que a página será refilada, desta forma, as cores ou imagens aparecem na lateral do livro, mesmo com ele fechado. Corte especial: Processo que usa uma faça de aço para cortar parte da página. Utilizado usualmente com fins decorativos. Sua finalidade é criar um formato incomum, sendo esta personalizada, criam-se infinitas formas de efeitos impactantes com esta técnica, ou mesmo, o tornando mais delicado, quando se utiliza o corte especial para deixar os cantos das

ESTOJO O estojo funciona como uma caixa, um suporte rígido que envolve e protege o livro o tornando durável, pela proteção, além de agregar valores estéticos à apresentação do produto. A extremidade lateral é aberta para que a lombada possa ser visualizada. Possui dimensões um pouco maiores, mas não muito para que o livro não fique solto dentro dele.

páginas arredondados. Verniz de reserva ou Verniz localizado: Método que aplica uma camada de verniz UV (goma-laca líquida) à superfície do papel para conferir textura de relevo e brilho extra ao local. Pode ser aplicado de duas maneiras: o verniz in-line, ou a úmido, onde o verniz é impresso com uma quinta ou sexta cor, adiciona-se uma camada de verniz líquido sobre uma camada de tinta ainda fresca, além do processo verniz off-line onde o verniz é aplicado em uma passagem separada, depois que a tinta já secou, este processo resulta em maior brilho, já que menos quantidade de tinta foi absorvida pelo papel. Ambos podem fornecer a peça um acabamento brilhante, acetinado ou fosco. Vinco: Utiliza-se uma lâmina e pressão para fazer um vinco em um suporte, permitido que ele seja dobrado depois. É um processo semelhante ao corte especial, porém, a lâmina não penetra o suporte. É apenas superficial. Hot Stamping: Fita metálica ou colorida que é pressionada contra um suporte utilizando calor e pressão, gerando um acabamento sensorial, pela exaltação de cores e texturas diferenciadas.

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Serrilha: Este processo tem o intuito de demarcar áreas específicas que possam ser destacadas do papel. Podem ser feitos através de cortes, furos, picotes ou perfurações feitas por pressão ou por máquina serrilhadora. Filigrana: trabalho ornamental em que um fio dourado ou prateado é utilizado para criar padrões intrincados. Cinta: Suporte de papel ou elástico que envolve exteriormente a publicação. Pode abranger toda área, ou apenas uma faixa. Relevo Seco: Através do processo de estampagem, um desenho é conferido a um suporte sem tinta, ou laminação metálica que resulta em uma superfície em relevo. Lenticular: Imagem impressa que mostra profundidade ou movimento à medida que o ângulo da visão se modifica.

*

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CONTEXTO DE CONSUMO DA PESQUISA DE TENDÊNCIAS NA ATUALIDADE A necessidade da geração de empresas que pesquisam de tendências parte de uma necessidade identificada da indústria, que não acompanhava mais os desejos de seus consumidores, onde o contexto do consumo apresentava efemeridade, saturação dos produtos e incompreensão de diversos movimentos que aconteciam na sociedade vitimada à globalização. Para conceber este contexto, utilizou-se o conceito de plataforma, sf. (fr. plate-forme) 1 Superfície plana, horizontal, mais alta que a área adjacente, Área plana ou quase plana da superfície terrestre sólida, acima ou abaixo da superfície do mar, que se eleva acima das áreas adjacentes e é geralmente menor que um planalto 12 pop Simulacro, aparência. 13 Proposta ou medida conciliatória; base para entendimento; base para negociações. 15 Discurso solene em que o candidato expõe esse programa. (Dicionário Michaelis, 2010)

Portanto, propõe-se uma analogia da necessidade de pesquisas de tendências ao conceito de plataforma proposto por Celaschi (2007), onde o aumento da variedade, ou capacidade de passar do produto a uma escala de satisfazer da maneira mais pontual desejos expressos no mercado. As exigências de personalização e diferenciação evidenciam em um primeiro momento, um sistema complexo,onde no sistema de produção baseado em plataforma, a projetação se torna um sistema de relações que interrelacionam produtos de uma mesma família. E a pesquisa de tendências, neste sentido, tem o sentido de pesquisar a sociedade, um sistema complexo, e relacionar ideologias, conceitos e comportamentos para gerar insights direcionados a sua proposição inicial. Desta forma, maximizam-se em ambos os efeitos percebíveis do consumidor e maximizam-se as operações produtivas atuadas para obter-lhe. Logo, a pesquisa de tendências se torna uma ferramenta para este conceito de produção. Pois, acaba por assegurar uma veloz introdução no mercado, maior penetração e aceitabilidade, que permite reduzir riscos. Em termos práticos o objetivo subdefinido se pode alcançar o desenvolvimento de novas soluções (inovação tecnológica de produto/processo) que sozinha comportam tempos longos. De um lado o problema nos reporta ao ponto de partida: hoje não é mais suficiente projetar um bom produto, mas é necessário projetar um produto funcional interno de um sistema complexo de relações e vínculos. (CELASCHI, 2009)

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18.

METODOLOGIA

DESIGN ESTRATÉGICO O filósofo Edgar Morin (2002), define a complexidade como uma palavra-problema. Design estratégico, segundo Zurlo (2010), é também uma palavra-problema, pois, assim como a complexidade, se caracteriza por um sistema aberto que inclui diversos pontos de vista, articula diferentes disciplinas, apropria-se de diferentes ferramentas e modelos para a construção de conhecimento que se manifesta nos campos teóricos e práticos. Portanto, design estratégico é um fenômeno complexo, pois integra fenômenos de dimensões complexas, pois a cada projeto, tenta interpretar a intenção, e não ceder às simplificações. Permitindo entre suas próprias capacidades um processo dialógico entre múltiplos atores, necessidades de satisfazer as necessidades e obter diferentes resultados. Desta forma, o âmbito do design estratégico permite organizar com autonomia, construir e reconstruir as facetas de um campo disciplinar fragmentado e complexo. A história do mundo e do pensamento ocidental foi comandada por um paradigma de disjunção, de separação. Separou-se o espírito da matéria, a filosofia da ciência, separou o conhecimento particular que vem da literatura e da música, do conhecimento que vem da pesquisa científica (MORIN, 2006, p. 17).

Segundo Zurlo (2010) a perspectiva estratégica no design é um tema de estudo que envolve sistemas políticos, econômicos e sociais, estes são passíveis de interpretações extensivas sobre suas qualidades e características, além da aplicação deste termo pela pesquisa sistêmica e em múltiplas escalas e objetos: indivíduos, empresa e sociedade. De acordo com estes dispositivos, o ato estratégico tem como objetivo um ato coletivo e interativo para mudança da realidade; proposta em forma de diálogo e conversação, confronto e negociação entre múltiplos atores, determinados a alcançar algum tipo de sucesso (resultado que faz sentido para alguém). Ainda segundo o autor, a mutação da realidade é uma ação concreta, baseada em ações. Este processo de fazer gera ativos entre ação e reação, esta relação traz a ideia de fluidez e organicidade no procedimento. Portanto, o ato do design estratégico é baseado em áreas coletivas, se baseia na ação estratégica, devido a sua capacidade operacional metódica e do efeito de geração de sentido, que é a ‘dimensão de valor’ a alguém. Este processo acaba por oferecer um sistema, que oferece mais de uma solução, entre as dimensões do produto, do serviço e do seu ponto de venda, ao invés de um produto simples, que é a representação tangível da estratégia.

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O SISTEMA

19.

Atualmente, o design afirma a relação entre consumidor e sentido da mercadoria, onde o comportamento humano, e as reações emocionais se incorporam a concepção de um determinado produto. É neste sentido, que atualmente reformular e inovar alguma mercadoria, expressa a interferência em dimensões problemáticas plurais, onde há capacidade grande e inerente de transferência sistêmica, pois se atua sobre diversas escalas. (ZURLO, 2010) “A inovação do sistema” é a expressão pela qual indicamos uma transformação que inicia o cálculo da cadeia de valor das mercadorias, mas atormenta a forma do processo de produção específica e finaliza por envolver o comportamento de produção, troca e consumo de um sistema totalmente complexo. Introduzindo atores novos, modificando a relação entre quem faz coisas, trocando os fluxos das mercadorias e dos fatores de produção necessários à suas concretizações e benefícios. (CELASCHI, 2007) O design opera hoje sobre essas três escalas (produto, serviço e comunicação) de modo interdependente, relativizando o resultado que integra o produto, o processo e o sistema, em uma mesma problemática. Para Celaschi (2007), ‘existem especializações que permitem restringir o campo da complexidade a parcelas mais restritas do problema, todavia a dimensão do campo de observação da inovação não pode fazer menos em manter como horizonte num conjunto’.

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20. Design Estratégico e Pesquisa de Tendências Através da perspectiva do Design Estratégico, a metodologia aplicada a este projeto possui como base a proposição de Celaschi e Deserti (2007). Onde o projeto de design se divide em duas realidades: a fase metaprojetual, uma etapa baseada na construção de conhecimento e exploração da dialética entre vínculos e oportunidades. E a fase projetual, na qual toda bagagem construída se canaliza na produção de resultados, portanto, a fase de tangibilização etapa metaprojetual. Entretanto, como este projeto visa à inserção da pesquisa de tendências em design na fase metaprojetual, há a inserção de outras ferramentas de pesquisas e metodologias além das propostas por Celaschi e Deserti (2007), onde a pesquisa de tendências é também uma etapa da fase metaprojetual, além disso,se une a pesquisa blue sky para formar a etapa chamada de crossfertilization, que procura favorecer a intuição dos projetistas. (SCALETSKY; PARODE, 2008) Portanto, uma nova estratégia de projeto foi concebida, onde há a complementação de metodologias, para a concepção de uma nova plataforma para a pesquisa de tendências em design estratégico, onde a relevância da pesquisa de tendências de torna um vetor na criação de futuros cenários. Pois segundo Marins (2008),é através da pesquisa de tendências que o comportamento da sociedade de consumo atual e o comportamento humano têm seus ideias e desejos identificados. Desta forma, o desejo de consumo é observado através dos sinais do comportamento humano. Logo, a etapa de cross fertilization se une a construção de visions e cenários para formar a etapa entre o metaprojeto e o projeto, chamada síntese metaprojetual, onde todos dados coletados formam

um mapa, onde são sinalizados os pontos fortes e pontos fracos, portanto, ordenam-se e esclarecem as informações. A construção de cenários, é onde se definem uma série de trajetórias de inovação intercalando os dados da pesquisa com algumas constantes do comportamento das pessoas e dos grupos sociais. Enfim, uma fase na qual, opera-se por escolhas entre cenários e seus respectivos potenciais contraditórios, buscando construir-se algumas visões, para utilizá-las como instrumento de estímulo e orientação das escolhas no aportamento ao concept design, que introduz a passagem do metaprojeto ao projeto. (DESERTI, 2007) A fase de concept design consiste em transformar as visions e cenários, em produtos concretos, e conceitos exatos. Após a concepção dos concepts, o projeto entra na fase de detalhamento, esta etapa se denomina projeto analítico, onde os detalhes técnicos e mercadológicos são investigados a fundo e desenvolvidos, até chegarem à forma de uma criação pronta para a sua execução junto à indústria ou fornecedor.

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METAPROJETO Para Celaschi (2007), a fase de metaprojeto compreende duas realidades distintas, porém interligadas. Primeiramente, a fase de observação do contexto, onde há um empenho em conhecer e analisar o campo problemático no qual se deve atuar, construindo uma abordagem científica ao projeto.Constrói-se, portanto, o chamado por Celaschi (2007) de ‘dossiê-empresa-mercado’, este compreende a inserção de dados como: recursos disponíveis, empresa de referência, tipologia de produto, mercado de afrontar, comportamento da concorrência, estrutura da distribuição de forma mais geral, modelo de cadeia de valor. A segunda realidade se detém em construir a pesquisa blue sky, onde é coletado um sistema de dados úteis, que servem para estimular, controlar e direcionar a criatividade, mas de acordo com os objetivos primários solicitados pela empresa.

A pesquisa blue sky, ao contrário das pesquisas contextuais, busca direções e oportunidades que não mantém um vinculo de dependência em relação ao problema. Trata-se de uma busca organizada de elementos que favoreçam insights em direção à inovação. Ainda segundo Celaschi, a pesquisa blue sky é essencialmente uma busca de imagens visuais, mesmo não sendo restrita a estas. Assim, instrumentos como mood boards, storyboards e outros gráficos fazem parte do cotidiano da construção desse tipo de organização de referências. (CELASCHI, apud SCALETSKY; PARODE. 2008. p.03) O resultado deste levantamento é chamado por Celaschi (2007) de ‘dossiê-cenários de inovação’; e este possui um caráter heterogêneo, pois contempla informações de cunho estratégico, como mapas de inovação (ou cenários), interpretação de sinas, tecnologias e evolução das mercadorias. Além da construção de um repertório imagético, que segundo Scaletsky e Parode (2008), possuem

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uma lógica particular em cada contexto de projeto, pois agrupa imagens que juntas são capazes de construir significados. Desta forma, é possível que se construa metáforas que definem espaços conceituais. O conjunto destas metáforas e imagens favorecem o pensamento associativo. Deste modo, segundo Goldschimidt apud Scaletsky (2008), o pensamento visual ou imagético no desenvolvimento de um projeto de design possibilita a representação do seu aspecto artístico pelo uso da intuição e da lógica. Fazendo com que se desenvolva um equilíbrio entre estes pólos, e o surgimento de modos de pensamento, que fazem com que a experiência e a cultura do designer interfiram nos resultados. A importância do pensamento visual para a maioria dos designers está no fato de ele tolerar idiossincrasias e apoiar novas formas de síntese por intermédio do uso da intuição em resposta às necessidades estéticas e emocionais. (GOLDSCHIMIDT,1994 apud SCALETSKY; PEREIRA,2008. p. 28) Desta forma, o designer se depara com um complexo sistema de exigências e vínculos. Frequentemente, estes sistemas e vínculos operam de forma contraditória. Neste sentido, o designer age como mediador, uma ponte entre os anseios e motivações da empresa e os dos consumidores. O nível e exigência dos consumidores contemporâneos força cada vez mais os designers a individualizar e a reinterpretar seus desejos. Para que ao fim, satisfaça a estrutura de mercado e a cadeia de valor. (DESERTI,2007)


PESQUISA QUALITATIVA A pesquisa qualitativa costuma ser direcionada ao longo de seu desenvolvimento, porém, não possui um rigor quanto a sua aplicação como a pesquisa quantitativa, que se baseia em hipóteses e variáveis que são objeto de definição operacional. O método qualitativo, além de não buscar enumerar ou medir eventos, não possui instrumental estatístico para análise de dados, seu foco e interesse é amplo e parte de uma perspectiva diferenciada da adotada pelos métodos quantitativos. (NEVES, 1996) A busca de resultados é a partir de dados descritivos mediante contato direto e interativo do pesquisador com a situação objeto de estudo. Nas pesquisas qualitativas, frequentemente o pesquisador procura entender fenômenos, segundo a perspectiva dos participantes da situação estudada, após este, gera sua interpretação a partir dos fenômenos estudados e dos conceitos abordados durante a pesquisa. Os estudos de pesquisa qualitativa variam de metodologia entre si, pois dependendo do contexto de aplicação, podem necessitar de variáveis diferentes de outras. GODOY (1995 p.62) observa a diversidade existente entre os trabalhos e acaba por enumerar um conjunto de características primordiais para o desenvolvimento de tal pesquisa, são eles: ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como instrumento fundamental, o caráter descritivo, o significado que as pessoas dão às coisas e à sua vida como preocupação do investigador e o enfoque indutivo. O vínculo entre signo e significado, conhecimento e fenômeno, sempre depende da estrutura de interpretação empregado pelo pesquisador, que lhe serve e visão de mundo e referencial. (NEVES, 1996. p.02)

A pesquisa a ser realizada visa buscar informações junto a designers, artistas, publicitários, sociólogos e antropólogos a respeito à utilização da pesquisa de tendências em seus projetos, acreditando nele como uma ferramenta para buscar a inovação. Além que questioná-los sobre os meios os quais eles buscam estímulos para projetos, sejam ele de natureza visual ou textual e também suas relações com a mídia impressa, neste caso, especificamente, livros de arte e design. Como consomem livros, com que freqüência, quais as sensações que remetem a sua interação e seu apreço emocional quanto a este.

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21.

PROJETO Através da fase intermediária de síntese projetual, onde se definem os cenários e visions, a etapa projetual compõe a tangibilização de todos os conceitos antes abordados apenas imageticamente ou descritivamente. É considerada a fase de expressão gestual do criador e também de grande importância, pois corresponde a uma evolução significativa dos dados obtidos, que passam a ser reinterpretados para concepção de um produto consistente. (CELASCHI, 2007) Após a criação dos concepts, a fase de verificação destes, consiste em analisar todas as visions e todas as respostas que a criação proporcionou. Estes concebidos, passa a se desenvolver projeto analítico, onde o produto agora faz parte de um sistema mais detalhado e complexo, englobando seu ponto de venda, sua comunicação e sua concepção junto aos fornecedores. Após esta fase, evolui-se para a fase de Desenvolvimento, esta fase é determinante para um projeto que englobe os benefícios quanto a sua forma-função-emoção, relação com o consumidor e o seu sentido. O detalhamento do projeto consiste na finalização do sistema-produto, onde se complementa o desenvolvimento final do projeto. Por fim, a finalização do projeto analítico é o fechamento projetual, onde se detalham tecnicamente o ponto de venda antes esboçado e também a comunicação, além da propotipação e detalhamento técnico do produto. Contudo, a metodologia proposta por Celaschi, não é algo estático, variando conforme as necessidades projetuais particulares de cada projetação, como neste projeto, que flexibiliza o método do design estratégico e inclui ferramentas de projeto particulares da pesquisa de tendências.

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METODOLOGIA PARA O PROJETO PROPOSTO

A execução do livro proposto iniciou-se com a fase metaprojetual, onde a pesquisa contextual foi efetuada através da ferramenta de benchmark, onde se analisou empresas de pesquisa de tendências nacionais e internacionais; a pesquisa baseouse na compreensão da dinâmica de produção de resultados, metodologias aplicadas e como elas explicitam o conteúdo produzido. Outra fase da pesquisa contextual foi pesquisar a respeito do campo em que se configurará o livro, através da pesquisa qualitativa com o público alvo (criativos e pessoas interessadas na sociedade), como uma forma de avaliar a concepção do livro e a relação entre o dispositivo e o conteúdo. Após estes, iniciou-se a construção da pesquisa de tendências da sociedade vigente através diferentes métodos pesquisa como a Desk Research, onde ocorre uma busca de conhecimentos e informações em materiais produzidos por outras pessoas. Normalmente, apropriando-se de conteúdos disponíveis na internet, de blogs, sites, páginas pessoais, fotologs e redes sociais; a pesquisa Field ou etnografia, que se baseia na coleta de dados efetuados em campo, onde o próprio pesquisador busca sinais. A coleta efetuada através da internet, do acompanhamento de blogs, eventos, neste caso, chama-se netnografia. Em ambas as metodologias, há uma grande coleta de imagem, que é agrupada por semelhança. Ao final, há um estudo profundo sobre estas, pois nem todos os sinais percebidos são tendências. Concluindo a etapa de pesquisa de tendências, ainda na etapa metaprojetual, há a fase de agrupar as micro tendências em clusters, onde basicamente, as tendências unem-se em conceitos comuns, para que

formados possa se construir moodboards sobre cada uma das tendências. Por fim da etapa metaprojetual, se construirá cenários/clusters, e destes também resultarão visions e personas, que juntos formarão o conceito das tendências principais que serão abordadas no livro proposto. A fase de projeto inicia-se com a definição do conceito a ser trabalhado e uma revisão da etapa metaprojetual, onde se definem também o público alvo, o aspecto formal e o sistemaproduto. Para a criação dos dispositivos de interação, realizou-se uma pesquisa exploratória de diversos materiais relacionados a sensações, partindo de princípios semióticos e sinestésicos, para que se consiga transmitir a sensação de acordo com a tendência a ser representada em cada página do livro proposto. Após a construção do mock-up dos dispositivos, foi verificado junto ao público-alvo, em uma pesquisa que uniu características qualitativas, como a entrevista em profundidade e a etnografia, quando se observou o usuário interagindo o produto, esta se tornou fundamental para a ressignificação de determinados conceitos, pois acabou-se por incentivar a reprojetação do livro. Após tais testes, partiu-se para a organização final do livro, que alia a plataforma digital, e construção de alguns artifícios de forma manual, construindo por fim, o protótipo oficial do livro. Este concluído, a fase de comunicação e ponto de venda do livro foi desenvolvida para concluir o ciclo do sistema-produto. Além de estratégias de marketing e experiência junto ao consumidor.

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metodologia de projeto

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DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA

benchmark Deserti (2007) propõe um benchmark à fase metaprojetual para que se possa esclarecer o que já foi produzido pelos outros. Sendo assim, ao reconhecer o ‘território’, se poderia reconhecer fatores e vantagens competitivas que atuam no mercado. Neste caso, procurou-se compreender as dinâmicas das empresas que pesquisam tendências, para que se possa observar como eles comunicam seus resultados, como é feita esta entrega. Neste caso, foi usada a pesquisa exploratória nos sites das empresas, além de reportagens em sites e blogs.

13.1 Zandl Group <www.zandlgroup. com> A empresa com matriz em Nova York possui em sua base, apenas oito pessoas, que dão suporte criativo aos demais pesquisadores que estão ao redor do mundo. A Zandl é precursora no ramo, possuindo, portanto, grande experiência e mercado, desta forma, constroem um panorama consistente sobre aquelas que chamamos de macro-tendências, as que se pulverizam por diversas esferas da sociedade e chegam há durar 15 anos. Atende diversas áreas do conhecimento como entretenimento, jogos, indústria alimentícia, automobilística, publicidade, cosméticos, jogos, tecnologia e produtos de beleza. Portanto acaba por gerar uma visão ampla sobre a cultura do consumidor atual. Seus serviços têm como base a etnografia, a consultoria de marketing e

a inovação em equipe, que acabam por gerar produtos como a coordenação de sites e blogs, hot sheet report. Possuem abordagens centradas no consumidor e pretende gerar a manutenção das marcas sobre tendências culturalmente relevantes, atingem as gerações Y/ Millenials (definidos como aqueles que nasceram na década de 1980 que vieram da idade com o novo século e agora estão entre 18 e 28) a Baby Boomers, geração que nasceu após a Segunda Guerra Mundial. Sua equipe é composta por profissionais de diferentes campos, como artes, tecnologia, antropologia e gestão de marca, gerando assim, profundidade e variedade de percepções. A seguir, algumas formas pelas quais a empresa Zandl demonstra o resultado de suas pesquisas aos clientes: Retainer (annual or project basis) Os pesquisadores se unem aos clientes para produzir resultados para a situação, se o caso necessitar, vão à busca de profissionais específicos ou formadores de opinião na área. Envolvem-se desde o marketing até o desenvolvimento de novos produtos, participam de reuniões e entregam uma caixa com estímulos de ideias. Presentations (trends, consumer insights) Apresentações feitas sempre com conteúdo muito visual, além da criação de um vídeo para envolver em outros sentidos, fazendo com que se mergulhe completamente no público discutido. Crash Course Destinam-se a um encontro onde há um aprofundamento maior no caso estudado, ou no segmento de consumidores, ou de uma tendência emergente que está impactando significativamente o comportamento e atitudes dos consumidores. Crash Course, funcionam como cursos intensivos e sessão de hands-on para se emergir completamente a equipe e integrar plenamente o aprendizado em seus planos de negócio. Ideation Sessions Utilizam a investigação em curso e tendências do consumidor Tracking Report como um trampolim para a idealização de novas visões de projeto. Patterning / Scouting Reports Relatórios onde se imerge em cidades específicas com informações detalhadas sobre as mais recentes tendências.Foca no setor de marketing, criativos e equipe de vendas, onde é explicitado a evolução recente das tendências e o estilo de vida do consumidor. 51


13.6 Mandalah <www.mandalah.com>

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É uma empresa sobre comportamentos e inovação, acreditam na capacidade de observar as relações humanas e integrar novos produtos, canais e plataformas de comunicação à criatividade, à sensibilidade e à consciência ambiental, utilizam ferramentas específicas como o auxílio Núcleo Acadêmico (pesquisadores, doutores cientistas, profissionais das ciências humanas e biológicas, partem o conhecimento técnico e análise profunda sobre peculiaridades do comportamento humano, análise profunda sobre peculiaridades do comportamento humano), o Núcleo influenciador (pessoas que se destacam nos seus nichos sociais, como disseminadores de conceitos, comportamentos e produtos e formadores de opinião espalhados pelas principais capitais do Brasil e da América Latina) e o núcleo de inteligência Mandalah (pessoal com diferentes habilidades, formação e perfil, além de bagagem cultural reunida diariamente para elaborar estratégias criativas com leituras profundas sobre comportamento aplicado, gerando inovação de valor). Buscam dialogar com pessoas e não consumidores. Possuem uma metodologia registrada chamada ‘Behavoral-based Innovation’. Esta possui três etapas, Evolve , Energize e Inspire; e elas se desenvolvem assim: Inspire: Imersão e análise profunda da categoria na marca, no mercado e no ser humano por detrás do consumidor, utiliza Benchmark, observação e lacunas de demanda, sensibilidade de culturas, diferenciação entre marcas, macro

drivers de mudança e as dinâmicas do setor. Energize: Estratégias de inovação e direcionamento da marca para novas oportunidades de mercado. Desenvolvem um framework de insights, identificam oportunidades. Evolve:Monitoramento e execução, construção de um plano de ação e monitoramento da implementação das estratégias,onde procuram manifestações comportamentais emergentes na sociedade para a geração de insights e oportunidades para as marcas.

13.7 Box 1824 <www.box1824.com> Empresa inicialmente criada em Porto Alegre por dois publicitários, possuiu grande ascensão na medida em que se propôs a pesquisar uma faixa etária específica de consumo: jovens de 18 a 24 anos. Desta forma, acreditam que mesmo focando neste segmento, conseguem produzir insights para outras faixas etárias, pois identificaram que os adolescentes com idade inferior, e adulta acima desta idade, espelham suas decisões de consumo nesta. Possuem um método de pesquisa sob medida, onde se infiltram nos cenários com técnicas de etnografia para extrair do meio, a informação mais verdadeira, advinda destas pessoas, de seu cotidiano. Buscando informações com naturalidade, onde acreditam que as pessoas se sentem verdadeiramente abertas para expor seus anseios. Possuem apenas um escritório, onde se localiza a parte de Desk Research da empresa, além de tentar evitar estruturas físicas para trabalhar, também não possuem informação alguma em seu web site, trabalhando com o conceito de no marketing. Pois acreditam que seu trabalho deve ser recomendado, e não vendido ‘vimos que se fizesse algo realmente bom para uma empresa, sabíamos que ela iria indicar para a outra, e nossa ascensão aconteceria naturalmente’ diz Rony Rodrigues, sócio-fundador da Box 1824 a revista Radar Cultura em 19/02/2008. Vêem o estudo de tendências como um aprofundamento do presente para se imaginar com mais clareza a direção de um movimento, diferente dos que julgam a pesquisa de tendências um estudo sobre futurologia.


13.2 WGSN <www.wgsn.com> Desenvolve sua expertise no mercado de moda e design, além de divulgar seus conteúdos apenas pela internet, logo, o seu site é seu único produto. Desta forma, é o site de pesquisa de tendências que possui mais usuários utilizando tais serviços. Além dos clientes que compram seus pacotes, há também a possibilidade de efetuar um login gratuito e receber algumas informações básicas sobre os movimentos do mundo da moda. Com base em Londres, a WSGN está há dez anos no mercado, e possuem uma equipe de mais de 200 profissionais (fotógrafos, jornalistas, analistas, trendspotters) espalhados pelas cidades cosmopolitas do mundo como Seoul, Los Angeles, New York e Tokyo.

13.3 Trend Watching <www.trendwatching.com> Com sede em Amsterdam, esta empresa tem métodos diferenciados de captação de tendências. No site, por exemplo, é possível se inscrever para tornar membro do time de cool hunters e postar tendências, fazendo com que haja um grupo de oito mil membros que escrevem para o site diariamente. Além disso, a empresa publica briefings diariamente, relacionados à macro tendências, com acesso irrestrito. Já os que contratam os serviços da empresa, possuem outras ferramentas como sites específicos relacionados a temas de pesquisas, além de um trend report e apresentações na empresa. Ao adquirir os serviços, se dispõe ao cliente doze meses de acesso a um monitoramento online de quinze megatendências, trinta subtendências e mil e quinhentas imagens. Além de um arquivo em PDF com mais de 100 slides, o chamado Trend Repport, permitindo compartilhar e apresentar um resumo de todas as tendências e seus exemplos. A amplitude dos temas abordados pela Trend Watching faz com que até mesmo jornais e revistas de várias partes do mundo sejam seus clientes.

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13.4 The Cool Hunter <www.thecoolhunter.net> A empresa expandiu-se de um blog a uma consultoria e agência, atualmente oferecem uma gama de serviços ligados a todas as manifestações modernas de criatividade. Geram oportunidades para as marcas off-line gerarem conhecimento, criaram o Cool-Factor, o recém lançado The Cool Hunter Platinum, um serviço de consultoria em design, auxiliam no desenvolvimento de produtos, desenvolvimento de marca, comunicação e marketing, além do The Cool Hunter Design, onde são oferecido apenas serviços com branding e design gráfico. Fora estes, a empresa promoveu eventos e exposições na Europa, Reino Unido, Estados Unidos e Austrália, onde buscam trazem o melhor do conteúdo online para o ‘real’, onde os apreciadores de design podem ‘experimentar’ a obra inspiradora de melhores criativos de várias partes do mundo. O próximo serviço a ser lançado é um sistema de reservas de hotéis, lista de imóveis, uma loja online e uma coleção de livros. Liderado pelo fundados Bill Tikos, os preceitos da empresa são valorizar o que é cool, inovador, original e thoughtful; valorizam o que é de relevância global canalizando as descobertas para seu público. Não se consideram um trendspotter - observador, ou ditador de tendências-. Eles se dizem ‘apenas celebrar o que é belo e duradouro de todos que admiram arquitetura, design, estilo, moda, música e entretenimento’. 54

13.5 Trend Hunter <www.trendhunter.com> Esta empresa tem um método inovador de construir suas tendências, faz com que os usuários se cadastrem para também postar informações, esta rede atualmente possui cerca de trinta e quatro mil membros em todo mundo. A partir deste sistema, verifica quais destes portfólios de tendências possuem maior visualização entram na página de busca do site e são utilizadas para a concepção das macro tendências. Explicitam seu conteúdo através do site, apresentam uma dose diária de micro-tendências, noticiais virais e cultura pop. Neste site, também vendem seus trend repports sobre algum tema específico ou sobre macro tendências, ou seu Trend Report anual que traz uma coletânea de tendências captadas no ano, este é vendido ao preço de mil e quatrocentos dólares, vídeos, (também são disponíveis no You Tube), além do premiado livro Exploting Chaos (2006), onde o autor Jeremy Gustche, escritor, especialista em inovação e criador da empresa, aponta cento e cinquenta caminhos para a inovação em tempos de mudança constante. O autor acredita que ideias inovadoras tem vantagem estratégica dependem da capacidade de antecipar e identificar tendências sobre a sociedade. Seu método de trabalho consiste em agrupar as micro tendências, gerar clusters para a Trend Repport. Possuem mais de 72 mil artigos publicados, 120 tendências por dia, doze revistas de nicho e mais de 45 mil assinantes, são lidos em 190 países, além de ser citada 40 vezes na Time. Desta forma, seu serviço é vender informação, e não dar consultoria, seu público atinge grandes corporações, jornais, revistas e profissionais do marketing. Consideram-se uma ‘fonte de inspiração para profissionais da indústria, empresários e pessoas insaciavelmente curiosas’.


22.

desk rerearch +mood board 55


nota: As referĂŞncias das imagens nĂŁo puderam ser constatadas, pois pertenciam ao arquivo da autora anteriormente. 56


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23. cluster, vision, persona handmade

void

conceito Reflete a antítese do que presenciamos no cotidiano, o transbordamento de informações. Logo, este movi-

conceito

mento reflete o minimalismo, o nadismo, o naturalismo,

A medida em que as máquinas impuseram seu ritmo

o se desligar, por um momento desse mundo hipersatu-

frenético de produção, que passou a ditar um ritmo

rado. Objetos compactos, carros menores, estilo perene

humano. houve também o rescente nascimento de um

que se liga a manter e se manter simples e funcional. A

movimento que valoriza aquilo que é feito com as mãos,

aversão a poluição visual.

que possui uma essência, um sentimento, que não é

vision

refém da reprodutibilidade técnica e da pasteurização,

Dispositivo que desliga a pessoa, que a leva a esvaziar

antes vangloriada pela população, atualmente, há indi-

a cabeça, ao pensar em nada, constraste entre in/out,

víduos que são originais em suas atitudes, atemporal em

a pessoa enxergue valores como a simplicidade e o

seu consumo, valoriza a liberdade, o experimentalismo,

minimalismo.

a natureza e suas singularidades, preza relacionamentos

persona

duradouros e a vida no planeta, seja ela próxima de si ou

Pessoa que viaja para lugares exóticos para se desligar

não.

da sua rotina. Costuma usar roupas de cores neutras

vision

e cortes clássicos. Em sua casa, possui o mínimo de

algo que reflita o orgânico, que na interação a pessoa

decoração possível, adotando o estilo minimalista, com

sinta prazer com o que é feito com as mãos, consiga

as cores claras e objetos clássicos, para que desta forma,

evocar sentimentos de bem estar e poesia

encontre em sua casa, um refúgio da poluição atual.

persona pessoa que gosta de conviver em grupos, essencialmenteativista, gosta de programas culturais, de arte contemporânea,de música, de poesia, de crochê. manuseia objetos com cuidado e recicla objetos do seu cotidiano, usa tons terrosos, combinados a cores naturais, além

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de preferir marcas que possuem selos carbon free.


old is cool

conceito As releituras modernas viraram mainstream. Ao chegar os anos 00, o passado é releito , recombinado, reinterpretado, devido a uma enorme crise de identidade, provocada pela mundialicação da cultura e a nostalgia das pessoas quanto a seu passado, há certas vezes a sensação de que tudo já foi criado, e bom mesmo era a época em que as pessoas eram transgressoras e unidas pelos seus ideiais. Além disto, reflete a aversão e a intoxicação de certas pessoas pela modernidade.

vision Levar a pessoa ao passado, de uma maneira cool, interagir com coisas que a relembrem de um passado saudoso e prazeroso, eleger as características e os sabores das épocas e refleti-los através de comportamentos, trazer lembranças, desejos passados que atualmente são resignificados pelo design.

persona pessoa que assume sua identidade e não é facilmente influenciada pelo efêmero, usam peças icônicas de épocas,

ruído

conceito As pessoas que costumam não se acostumar, inquietas e impacientes com o mais do mesmo, distorcem a vida por prazer de se recriar, de causar estranheza. Chama atenção, é vanguardista, rebelde, expressionista, inconformada, provocante e sempre insatisfeito. A indústria agradece a estes, seres inovadores, sedentos pelo novo e que pensam fora da caixa.

vision Algo que provoque estranheza no leitor, oposições, ilusões, dor, chocante, fora do padrão, algo que ao interagir, a pessoa descubra algo novo, algo que a tire do ritmo, que tenha barulho, que seja provocante e anormal.

persona Sentimento de volatilidade com sua personalidade, se reinventa a medida que cansa de si mesmo, e dos outros. Não quer ver ninguém igual a si, é independente e ligada a arte, a rebeldia, a coisas extremamente exclusivas, se recombina com diferentes estilos, cria o novo e provoca estranheza pelos outros, tem gostos inusitados.

como estilo pin-up ou geek, adoram comprar em brechós, colecionam vinis, gostam do cinema antigo, de saber sobre história, sabem a história de cada década, de coisas que a fazia feliz, como lego, atari e kitkat.

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unidade plural

caos hedonista

conceito A facilidade por transitar em diversos ambientes, sejam reais ou virtuais e conviver com diferentes estilos da geração jovem, mostra a facilidade de mutação e pelo hibridismo, elasticidade, liquidez, não é apegada a preconceitos e ama misturar. Ser um e ser vários. Aqui, refletindo uma pessoa calma e pacífica, que não se importa com as direnças e é livre de pré-julgamentos.

vision Coisas que se reconfiguram e se recria de acordo com a interação, que seja próximo da natureza que é plural e esclarecedora, que ensine a pessoa a ter uma vida mais tranquila, próxima da essência e com comportamentos saudáveis.

persona Pessoa sociável, de fácil adaptação, gosta de conviver em grupos, convive com pessoas de diferentes backgrounds, veste-se de acordo com a ocasião, mas possui estilo próprio dentro da sua identidade diluída, aprecia arte contemporânea, música, atividades relacionadas a natureza e bemestar.

conceito gostar de gostar. o caos hedonista é um hino à vida, à felicidade e à beleza como finalidade da vida humana, uma forma geradora de mudanças, muitas vezes caótica pela diversidade atual. uma forma de sair de uma existência letárgica, monótona e não criadora. busca-se uma felicidade que nos leve aos limites da nossa imaginação. vida com todas as suas cores e busca a beleza em todas as coisas, desde as grandes obras de arte à mais simples flor. é ‘proibidoproibir’

vision cores constrastantes, volumes, texturas provocantes que reflitam a impermanência de desejos, que provoque o novo, mistura de padrões, confusão de estilos, algo que desperte diferentes gostos e sabores.

persona pessoa que reflete os desejos que pulsam nas vitrines, nos blogs, combina diferentes estilos de acordo com a ocasião, tem paixão por festejar, se expõe sem vergonha, socializante, valoriza o prazer em suas ações e a inconsequência. recria-se, se reconfigura a partir da influenciabilidade, recompõe seus desejos em busca de chamar a atenção, busca pelo prazer imediato, multi-tasking, maximaliza a felicidade terrena - epicuro, se constrói e desconstrói a partir de novos desejos.

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24.

CONCEPTS old is cool

unidade plural

caos hedonista

artesanal

vazio

ruído

pesquisa qualitativa 7 pessoas de backgrounds diferentes. músico, ilustrador, psicólogo, programador, designers, publicitário. experimentação dos concept’s + entrevista. primeira constatação : algumas pessoas não conseguiram visualizar os dispositivos como um livro, acharam curiosa a maneira como foram projetados, mas não conseguiram se imaginar manipulando aquilo em seu cotidiano, e sim em uma única experiência, assim como na banca, quando sugeriram que virasse uma exposição. segunda constatação : a compreensão da transmissão da mensagem foi dada por alguns como muito vaga, o que possibilitou interpretações diferentes sobre um mesmo dispositivo.

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sexta constatação terceira constatação

: alguns acharam mais interessante retratar ap-

: pelo uso de diferentes materiais, foi questio-

enas as tendências do exterior, pois a que se refe-

nada a perecidade do livro, onde alguns mate-

riam ao Brasil, pareceram muito óbvias e diretas,

riais utilizados poderiam vir a perder sua vi-

e as que se referem ao mundo, despertaram mais

vacidade, adquirir algum tipo de cheiro, coisa

curiosidade.

que não agradaria a pessoa que tivesse comprado o livro.

sétima constatação : pelo sentido global das tendências abordadas,

quarta constatação

foi sugerido por alguns transformar os títulos das

: o fato de ao final do livro ser anexado um

tendências para inglês, para que faça mais senti-

encarte com a explanação das tendências, en-

do, pois sendo em inglês, conseguiriam sintetizar

cantou as pessoas, que retornaram aos disposi-

o sentimento da tendência.

tivos como quando se faz uma prova e se vai corrigir, e muitas sairam surpresas pela sua

oitava constatação

interpretação, ora correta, ora constrastante.

: o questionamento de como o livro seria vendi-

além disto, sugeririam aumentar o seu taman-

do, partiu de todos, além da banca, o que me fez

ho, para ser melhor visualizado e poder ser

questionar suas possibilidades, ideias foram con-

utilizado em paralelo em pesquisas, ou poder

struídas em conjunto com alguns participantes,

transportá-lo.

e com tais ideias, consegui construir o sistemaproduto mais coerente com o mercado.

quinta constatação : todos acharam interessante e curiosa a temática, questionando a metodologia de produção de resultados e se identificando com algumas tendências e comportamentos.

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resultados

A pesquisa auxiliou a etapa de confecção

tos, adquirindo vida própria, mas mesmo assim

do produto, pois esclareceu a visão do receptor,

conectado com o livro principal.

pois para o indivíduo que esta criando, tudo é

muito mais claro e objetivo. Portanto, todas en-

sado a partir dos questionamentos dos entrevis-

trevistas trouxeram pontos que fizeram mudar

tados e da banca, se tornando mais próximo do

algo no livro, o tornando mais adequado, possív-

real, mas mesmo assim, com algumas ações inusi-

el e claro, além de mais barato, pois confeccionar

tadas.

O sistema-produto do livro foi repen-

em larga escala como ele estava sendo projetado anteriormente era uma tarefa muito difícil e cara.

Desta forma, o livro passou a ter um

outro estilo, ainda interativo e falando sobre tendências, mais com uma abordagem diferente, menos materiais e mais técnicas de manipulação

revisão

do papel e sua variedade imensa de estilos, mas com a mesma ideia de sinestesia e ludismo.

A coerência entre a história da tendência

do livro acabou se modificando naturalmente. As

e seu dispositivo também foi revisitada, não a tor-

questões levantadas, e as percepções observadas,

nando mais óbvia, mais trazendo mais elementos

acabaram por reconstruir o livro, que minimizou

de seu moodboard para o dispositivo, algo que

a quantidade de materiais anteriormente utiliza-

não acontecia claramente anteriormente.

dos, e passou-se a explorar mais a matéria-prima

Os nomes das tendências também foram

papel, para caso fosse comercializado, ele se

adaptados para a língua inglesa, pois foi obser-

torne mais adequado. Entretanto, todas as mu-

vado pela maioria, pois algo que reflete um com-

danças exigiram uma nova pesquisa exploratória,

portamento global, pesquisado de outros países,

para que as mesmas sensações podessem ser

quando traduzido para o português, não transmi-

transmitidas com esta nova materia prima explo-

tia a essência do comportamento.

rada. Logo, os aspectos formais foram mantidos,

e apenas os materiais reinterpretados.

O encarte que é anexado ao final do

Após a pesquisa etnográfica, o conceito

livro com o conteúdo descritivo e imagético das tendências foi ampliado, se tornando maior, logo, um pequeno livro, que pode ser retirado de sua matriz e utilizado em outros momen-

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CLUSTERS 25.

OLD IS COOL

outsider fullness

void

easy going

handmade 92


OLD IS COOL

easy going fullness

handmade

outsider void

Os clusters são apenas algumas caricaturas de sentimentos, comportamentos e desejos. É a construção de uma história contada em conjunto, em diversas partes do mundo. Os personagens destas histórias movem marcas, criam artefatos, recombinam signos pelo prazer de criar e se recriar.

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MICRO TENDÊNCIAS >

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MACRO TENDÊNCIAS > CLUSTERS

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microtendências

MINIMALISMO FUNCIONALISMO LESSISMORE SIMPLICIDADE INTAGÍVEL

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void

void

{vazio}

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microtendências

ECO CONSCIOUS LIFEISGOOD FREELOVE BEORIGINAL TANGIBLE

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handmade

handmade

{artesanal}99


microtendências

COLORFULL MAXIMALISMO CELEBRATE COSMOPOLITANTRIBALISM ORDEM+DESORDEM

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fullness

fullness

{caos hedonista}

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microtendências

PIXELLIKE

FUNDESIGN

REMAKEHISTORYBETTER VINTAGELOVERS GEEK

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OLD IS COOL

old is cool

{releituras modernas} 103


microtendências

SURREALISMO HIBRIDISMO BESTUPID INQUIETAÇÃO NONSENSE

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outsider

outsider

{ruĂ­do}

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microtendências

MULTIFUNÇÃO

ADAPTABILIDADE ORGÂNICO RECONFIGURAÇÃO

DESCONTRAÇÃO

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easy going

easy going

{unidade plural}

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target

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pessoas interessadas em pessoas.

menta para auxiliar a compreensão do sentimen-

que desejam saber sobre a cultura atual, o que

to do nosso tempo, e para onde os desejos dos

está acontecendo nas ruas, no design, na ar-

consumidores caminham.

quitetura na fotografia e na antropologia visual.

deve ser vendido à agências de publicidade, co-

logo, interessará designers, artistas, publicitários,

letivos criativos, estúdios de design, bureaus, es-

antropólogos, curiosos, arquitetos, sociólogos e

critórios e escolas. podendo ser acompanhado

decoradores.

de uma palestra, exposição de teasers sobre zvzas

acredito que coletivos criativos possam fazer um

tendências, pode também virar uma conferência,

bom uso do conteúdo, sendo principalmente um

um workshop ou uma exposição.

motivador de insights na etapa metaprojetual,

nas livrarias, deve ser exposto em um pdv es-

logo, uma ferramenta de projeto.

pecial, sinestésico e explanador do que se trata,

o livro pode se tornar um iniciador de brain-

breve, direto e objetivo, para que atraia o leitor

stormings, um motivador de ideias, uma ferra-

para esta nova experiência de leitura.


CONCEITO

26.

um livro.

que conte histórias humanas, mas não através de palavras, mas através de sensações. um livro que seja uma provocação, uma descoberta, que seja doce, mas que também contenha dragões. (abreu, 1988) um livro atrativo e sexy como a geração que o traduz, de linguagem não-linear, ansioso e um pouco esquizofrênico. que como kerouac (1960), ofereça confusão, mas que também ofereça esclarecimentos, lucidez, inspiração. que seja uma grande porta, para o abismo, para iluminação. ou a porta para um encontro, que não é a dois, e sim coletivo, pois ali não é a história de um, e sim, a síntese de muitos. es.qui.zo.fre.ni.a sf (esquizo+freno+ia1) Med Psicose em que o doente perde o contato com a realidade, e vive num mundo imaginário que para si próprio criou; substitui a antiga denominação de demência precoce.

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27.

SISTEMA-PRODUTO produto

serviço

livro interativo sobre tendências.

exposição onde se poderá degustar o livro, workshop sobre o livro como suporte para insights criativos, pdv interativo e mutante.

PDV conceito em livrarias, museus, galerias e escolas.

comunicação

site e blog colaborativo estilo tumblr e ffffound. cadastro de login para envio de repports, canal no vimeo. ação de busca de livros escondidos pela cidade. ou pode ser uma bebida, uma droga, uma festa, uma foto, uma escultura, uma feira, uma instalação, uma performance, um chiclé. um diário coletivo. a sensorialidade do livro, e tudo que se levará dele,

experiência

desde inspirações, até provocações, além de muita curiosidade em olhar o mundo de uma maneira nova, mais perspicaz e criativa.

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estilo

A forma do livro e o seu interior acabam por comunicar muitos signos que foram pensados

no metaprojeto. desta forma, buscou-se conciliar um formato agradável, que comporte internamente todo conteúdo de forma agradável visualmente e ergonômica ao mesmo tempo.

Por ser um livro que contem traços desviantes de um livro padrão, houve liberdade para definição

de fontes e materiais, pois além de conteúdo, o objetivo do livro também é causar provocações. portanto, o livro é plural no sentido de aspectos estéticos, pois ao se abordar diversas tendências, ser diverso é uma característica intrínseca e inconsciente que o projeto acaba tomando.

blue sky

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28. REFERĂŠNCIAS PROJETUAIS

Livro Tips for better ideas. Langara College e Rethink Scolarship 112


Livro ABC3D. Marione Bataille

Livro Samu Naguchi. Ivory Press 2007

113


Livro de Damien Hirst. Booth-Clibborn Editions 1997 114


Esquire com Realidade Aumentada.

Livro 3D Skatebording Book.

115


Yulia Brodskaya

Livro ABC Bruno Munari

116


Livro I Know a Lot of Things Paul Rand

Autor: Georgia Russell e Cara Boher

117


protótipo

29.

> capa: identidade visual criada para o projeto através de materiais inusitados > outsider: molduras preenchidas com o papel laminado que distorce os objetos. sensação:: distorção confusão estranhamento ruído > void:

pequenas doses de plástico bolha dispostas em dispositivos semelhantes a porta-guardanapos, onde se pode retirar lâminas do material em diferentes tamanhos

sensação:: fugaz alívio provocação prazer efêmero

> easygoing: primeiramente o aroma de flores e ervas, contato com o encarte de como ter uma slow life, sementes de plantas, frutas e sementes e receitas saudáveis de como utilizar e como plantar tudo isto. sensação:: tranquilidade bem-estar pausa natural 118


> fullness: uma enorme carga de signos da estética hype dispostos em forma de pop-ups interativos, com cores vibrantes e mensagens motivantes. sensação:: intensidade quebra de padrões infantil confusão

>encarte com a carga imagética das tendências apresentadas anteriormente nos dispositivos

>contracapa com uma foto provocativa

> handmade: uma folha delicadamente bordada como uma folha de caderno e palavras doces disponíveis para que se criassem poesias, ou apenas a leitura destas. sensação:: carinho amor delicadeza poesia

>old is cool: a principal obra de Piet Mondrian, Composition II in Red, Blue, and Yellow, 1930 retratada através de legos, além de um estojo com outras peças que pode ser descartado e levado para outros locais sensação:: nostalgia lúdico geometria releituras

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30. nome + slogan a expressão na qual este livro foi fundamentado acabou por o nomea-lô. ‘em construção’ é um livro que é infinito, no sentido de colaboração. ‘em construção’ pois o leitor é um personagem da narrativa, auxiliando a construir significados. além destes motivos, o conteúdo fundador, as tendências, são eternamente mutáveis, readaptáveis, releitas e reinterpretadas, por isso, o sentido de continuidade no seu nome, algo que não o limite, mas que somente o expanda. quanto ao slogan. que significa ‘o desejo de tudo ao mesmo tempo’ busca traduzir esta juventude insaciável por informação, compartilhamento, celebração, consumo, prazer... enfim, é um latente desejo de possuir tudo, de contér em si, todos os desejos do mundo.

.o desejo de tudo ao mesmo tempo.

processo criativo: Após desenhos e pesquisa de tipografias, se concluiu que nenhuma das fontes desenhadas conseguia transmitir o conceito do trabalho, de sinestesia e pluralidade, foi quando surgiu a ideia de construir o naming com materiais do cotidiano, que pudesse refletir os conceitos anteriormente definidos. Foram utilizados então: corda, papel texturizado, enfeite de geladeira, folhas e pétalas, jornal, musgos, tampa de garrafa, bonecos, pasta de dente, pão torrado, massa de modelar, arame, fita isolante, lego e granulado. A fotografia, tirada em estúdio, exigiu tratamento de luz e níveis de cor no software photoshop CS5. 120


mídia impressa

o livro que reflete o desejo de tudo ao mesmo tempo.

o livro que reflete o desejo de tudo ao mesmo tempo.

o livro que reflete o desejo de tudo ao mesmo tempo.

A peça busca traduzir o conceito de pluralidade que o livro traz, as emoções abstratas, os desejos que procuram ser traduzidos no livro, para tanto, foi utilizada a simbologia matemática do somatório para exemplificar a equação do livro mais as linhas abstratas, que seriam estes desejos, igual ao seu nome; algo objetivo, direto e simples. E para concluir, o slogan da campanha “o livro que reflete o desejo de tudo ao mesmo tempo” com letras serifadas e em itálico para transmitir o tom pessoal e verídico da mensagem. 121


CONSIDERAÇÕES FINAIS Este projeto é resultado de uma longa conversa entre a teoria e prática, entre sonho e realidade, entre ruído e poesia. Um processo autopoiético que foi capaz de se recriar a ele mesmo, e a quem o concebeu, indo para a esfera da arte, e voltando para a comercial, e por fim, chegando a ao limiar entre ambos. A processualidade foi amplamente experimental, degustativa e em nenhum momento desgastante, pelo contrário prazerosa, na medida em que as descobertas ampliavam totalmente o modus operandi do resultado. Afinal, quando se fala sobre comportamentos e de processo criativo, as surpresas e o acaso sempre são bemvindos, e apenas agregam. A tradução de alguns ruídos e de algumas singularidades da sociedade exigiu um alto grau de sensibilidade, afinal, era necessário enxergar além das imagens, conectar discursos, não se surpreender com qualquer novidade gerada pelos indivíduos, e eleger aquilo que fazia sentido em uma esfera macro. Logo, a etapa metaprojetual foi igualmente importante ao projeto, pois foi capaz de dar sustenção aos conceitos e visions geradas. A fase projetual exigiu conhecimentos amplos e um equilíbrio entre inspiração e transpiração, pois não foram poucas as vezes em que a ideia foi desenvolvida do início ao fim, e ao final, não conseguir transmitir aquilo que se esperava, então o processo de criação ficou muito ligado ao método de tentativa e erro, que pode ser cansativo mas gera resultados plurais, assim como o comportamento humano. Aliás, acredito que a pluralidade seja uma característica deste projeto, pois o próprio livro foi capaz de agregar

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materiais e sensações muito distintas em apenas uma plataforma. O que me deu a sensação de que necessitava de uns dois meses para construir o protótipo, tal a complexidade que ele passou a adquirir, tanto que até mesmo a gráfica não o compreendeu, e acabei tendo que confeccioná-lo de forma artesal, o que acabou por prejudicar o acabamento, mas, me fez sentir criadora com total propriedade, eu criei e senti cada fase do início ao fim, o que é muito autoral e intuivo para um processo de design baseado na estratégia. Entretanto, espero que aqueles que tiverem contato com ele, tenham um momento de descontração e também reflexão, espero que compreendam as mensagens, e talvez consigam enxargar um pouco de si transcrito nos dispositivos. Logo, este livro aponta para uma nova forma de comunicar pesquisas em design: analógico, autoral, lúdico, artístico e sensorial, espero que tal forma possa estimular mais insights do que moodboards visualizados na tela do computador. Enfim, espero que esteja aqui se encerrando apenas uma fase deste projeto, que deve-se se expandir a medida que o devir cultural também se encontra em efervescência, e eu possa continuar nesta dialética de matéria - forma; forma - informação, em que uma rede de atores compõem um discurso que pretendo continuar o descrevendo.


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produto

formato

29cm

23cm

especificações capa estrutura da capa > impressão > couchê fosco 300g + prolan fosco envelope > sulfite 90g preto carta > papel couchê 180g + impressão digital dispositivo 1 - outsider papel laminado + cola + impressão digital 4x0 couchê fosco 280g

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dispositivo 2 - easy going papel craft 400g + tinta acrílica + sementes livreto > papel craft 400g + papel reciclato 120g + impressão digital + encadernação manual + barbante dispositivo 3 - void plástico bolha + papel cartão 400g dispositivo 4 - fullness papel cartão 400g + papel cartão neon 400g + papel seda + papel texturizado dispositivo 5 - handmade tela para ponto cruz + linha ponto cruz azul e vermelha + linha preta ponto cruz dispositivo 6 - old is cool lego + plástico + suporte de madeira 2mm encarte papel couchê 180g + papel craft 400g encadernação costura sem lombada + cola

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MORIN, E. Uma mundialização plural, in MORAES, D. (org.) Por uma outra comunicação: Mídia, mundialização cultural e poder. Rio de Janeiro: Record, 2003, p.349-366.

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o que

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criatividade?


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