Conexão 2.0 - Dinossauros

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entenda. exPeriMente. MUde

dinOssaurOs

extintos há muito tempo, eles ganharam vida nos filmes em 3d. Mas, afinal, como surgiram e por que sumiram? AO PONTO: DE PASTOR A ENTENDA O MAPA-MÚNDI DA IMAGINE SE A MÚSICA 2013 | POP 1 GOVERNADOR DA JAMAICA INTOLERÂNCIA RELIGIOSA CLÁSSICA SE TORNASSE jul set

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Jul-Set 2013 – ano 7 no 27

exemplar: 6,60 – assinatura: 21,00

www.conexao20.com.br

CHOQUE CULTURAL: Os conflitos entre o modo de pensar dos gregos e hebreus

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Da redação

MenU

Editor Wendel Lima

5 conectado

a oPINIão De QUem SegUe e CURte a ReVISta

cOneXÕes

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gloBosFera

mISSõeS tRaNSCULtURaIS, PRoFeCIaS, LoNgeVIDaDe e ReLIgIõeS eXÓtICaS

10 entenda

o maPa Da INtoLeRÂNCIa ReLIgIoSa No mUNDo

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William de Moraes

________ Designer

a caDa minuto são lançados 571 sites na web, 347 novos blogs no WordPress, publicados 684 mil pedaços de conteúdos no Facebook, postadas 100 mil mensagens no twitter e enviados 204 milhões de e-mails. o levantamento feito pelo site Business to Community, em abril, mostra que a sociedade de hoje produz informação para dar e vender. apesar de abundante, a informação parece agregar cada vez mais valor. todos têm interesse nela. o Facebook, o google, a imprensa, os analistas de tendência de mercado, os institutos de pesquisa de opinião pública e os governos, principalmente o norte-americano. Porém, no nível individual, o discurso que defende o acesso irrestrito à informação e o consumo ininterrupto de conteúdos em múltiplas plataformas é insano. como humanidade, vivemos milhares de anos sem um milésimo do volume de dados que temos hoje. e chegamos relativamente bem até aqui. o que preocupa é se aguentaremos muitas décadas nesse ritmo. consumindo informação desenfreadamente sem saber para quê. com certeza, o que falta hoje não é informação, mas conexão. não me refiro a tomadas, cabos ou redes wireless. Falo de sentido. Da conexão entre o passado e o presente; entre a ciência e a religião; conexão entre o descartável e o sustentável; entre o global e o local; conexão entre o permitido e o proibido, entre o visível e o invisível. a missão editorial da nossa revista é sugerir um sentido para tudo o que nos rodeia. e procuramos cumprir com esse objetivo entregando um conteúdo que informa e transforma, na embalagem de imagens que atraem, de histórias que inspiram e de um texto que faz refletir. a boa notícia é que, desde o fim de maio, temos mais um canal para cumprir essa missão. no nosso novo site (www.conexao20.com.br) você encontra conteúdo adicional de ministérios parceiros – como vídeos, podcasts e tirinhas – além de um time de colunistas de primeira, que opina sobre tudo: de música a sustentabilidade; de ciência a espiritualidade. no site, você também pode reler matérias das edições anteriores, comentar e compartilhar esse conteúdo com seus amigos. em breve, todos os números da revista, desde 2006, estarão disponíveis para pesquisa. atualizado durante toda a semana, vale a pena nos seguir nas redes sociais para ficar sabendo das novas postagens do site. até a próxima e nos vemos por lá!

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22 PergUntas

geNoCíDIo, eCUmeNISmo, PaU-bRaSIL e teoRIa Da ReLatIVIDaDe

30 aPrenda

Como eSCoLHeR SUa PRoFISSão

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1

18 artigo

oS CoNFLItoS eNtRe aS CoSmoVISõeS gRega e HebRaICa

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eSCoLHIDo PeLa RaINHa, eLe DeIXoU o mINIStÉRIo PaRa goVeRNaR a JamaICa

12

caPa

a eXPLICação CRIaCIoNISta PaRa a eXtINção DoS DINoSSaURoS

revista trimestral – ISSN 2238-7900 Julho-Setembro 2013 ano 7, no 27 Capa: Thiago Lobo

casa PUBlicadora Brasileira

Editora da Igreja Adventista do Sétimo Dia rodovia Estadual SP 127 – km 106 Caixa Postal 34 – 18270-970 – Tatuí, SP Fone (15) 3205-8800 – Fax (15) 3205-8900 Site: www.cpb.com.br / E-mail: sac@cpb.com.br Serviço de atendimento ao Cliente Ligue Grátis: 0800 9790606 Segunda a quinta, das 8h às 20h30 Sexta, das 7h30 às 15h45 Domingo,das 8h30 às 14h

ga

editor: Wendel Lima editor associado: Eduardo rueda Projeto Gráfico: Marcos Santos e Éfeso Granieri designer Gráfico: Éfeso Granieri e Marcos Santos diretor Geral: José Carlos de Lima diretor Financeiro: Edson Erthal de Medeiros redator-Chefe: rubens S. Lessa Gerente de Produção: reisner Martins Gerente de vendas: João Vicente Pereyra Chefe de arte: Marcelo de Souza Chefe de expedição: Eduardo G. da Luz Colaboradores: Edgard Leonel Luz, orlando Mário ritter, Ivan Góes, Antônio Marcos Alves, Marco Antonio Leal Góes, Enildo do Nascimento, Almir Augusto de oliveira, Douglas Jeferson Menslin, Areli Barbosa, Aquino Bastos, Elmar Borges, Nelson Milanelli, Ivay Araújo, ronaldo Arco, Sósthenes Andrade, Lelis Souza, Helbert Almeida e Herbert Cleber

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embaRQUe No VoLUNtaRIaDo Na amaZÔNIa à boRDo Da LaNCHa LUZeIRo 26

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assinatura: R$ 21,00 avulso: R$ 6,60 www.conexao20.com.br Tiragem: 29.800

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lição de vida

a VIDa NoRmaL De Uma PoRtaDoRa Da SíNDRome De DoWN

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gUe

24 iMagine

9116/28243 Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio, sem prévia autorização escrita do autor e da Editora.

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c

Conheça

as

Unasp - Centro Universitário Adventista de São Paulo www.unasp.edu.br |

Faculdades

Adventistas

Engenheiro Coelho, Hortolândia ou São Paulo - SP

Faama - Faculdade Adventista da Amazônia www.faama.edu.br

| Benevides - PA

FADBA - Faculdades Adventistas da Bahia www.iaene.br

| Cachoeira - BA

Fadminas – Faculdades Adventistas de Minas Gerais www.fadminas.org.br

| Lavras - MG

IAP - Instituto Adventista Paranaense www.iap.org.br

| Ivatuba - PR

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N te d e p u fa c

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Informação Conectado & Opinião Globosfera

Texto Wendel Lima Design Marcos Santos

Ao ponto Entenda

conexao20@cpb.com.br Desabafos, sugestões, interação e dúvidas para a seção Perguntas? É aqui mesmo!

o novo site ficou excelente! Parabéns a toda equipe! temos que avançar integrando nossos materiais às novas tecnologias. o público jovem agradece. Prof. edgard luz a capa da última edição está demais! Fiquei imaginando a Conexão 2.0 numa banca de revistas na rua ou no revisteiro das filas de supermercado. muita gente iria ser impelida a se aproximar, pegar, manusear, comprar e, finalmente, ler a revista. Parabéns! a entrevista sobre o consumismo foi absolutamente pertinente. Vocês acertaram também em divulgar a campanha “eu escolhi esperar”. o projeto tem feito diferença na vida de muitas amigas mais novas e alunas. também gostei muito da abordagem equilibrada sobre artes marciais e sugiro um artigo aprofundando sobre a febre do momento: o mma. mas a matéria de que mais gostei foi “Igrejas verdes”. Compartilhei com várias pessoas. Karina grace

muito bom os conteúdos. até já os debati com meus alunos na sala de aula. Helena andrade Não há como conter a satisfação e o prazer que tenho ao ler essa revista sensacional. Recebi meu exemplar hoje e já terminei a leitura. todos os assuntos são importantíssimos não só para os jovens mas para todo mundo. o tema da capa sobre sexo inseguro, realmente é um assunto que precisa ser passado para nossos jovens. a tese sobre consumo foi o tema do nosso programa dos jovens na igreja. também é muito legal despertar o senso de responsabilidade ambiental e podem “abusar” das sugestões de projetos sociais dos quais devemos participar como cristãos. Isso nos motiva a mudar o mundo e dar ainda mais sentido à nossa vida. assim como minha Igreja adventista, quero pregar, educar, curar, comunicar e mudar vidas. Quero fazer a diferença! lorraine santos

facebook.com/conexao20

No novo site da revista você tem acesso ao complemento das matérias, vídeos, podcasts e tirinhas de ministérios parceiros, além das colunas de um time de especialistas que falam sobre comportamento, ciência e religião.

giovanna eugênia: a cada edição da Conexão 2.0 que recebo, sinto orgulho de ser assinante dessa revista e de pertencer a uma igreja que me oferece um material de tanta qualidade! Folheio a revista e percebo em cada matéria a dedicação da equipe, o empenho em informar os jovens cristãos, trazendo temas atuais e necessários. além da matéria de capa, amei o “Ponto de Vista” (artes marciais) e o “aprenda” (significado das palavras).

josé Fernandes: Dando uma passadinha por aqui para dizer que o novo site da Conexão 2.0 está nota 1.000! gostei muito do layout. a interatividade ficou bem mais atrativa. Continuem assim, perseverando em Cristo. Mailson Matias: muito bom o documentário Imperio do Imediato, indicado pela edição 26.

Mayara Barbosa: amo essa revista e leio tudo! Fiquei arrependida de no ano passado ter ficado sem minha assinatura, mas não fico mais sem minha Conexão 2.0! associação central sulrio-grandense da iasd: tá aí um site recheado de conteúdos excelentes para os jovens!

twitter.com/conexao_20 @Prvinicius: muito bom o novo site da @conexao_20! também gostei muito do post sobre os nerds... Por que será? @dayana_dias: o que eu mais gosto na @conexao_20 é o “tudo ligado”. muito legal! @KetlynBorba: bem de boa lendo a revista @conexao_20, que por sinal está maravilhosa. tirou muitas dúvidas minhas! @Pahim: amei todas as matérias: “Sexo inseguro”, “Igrejas verdes”, sobre o projeto Cristolândia e o testemunho do DeVon! tudo fantástico! @comentariojovem: De fato é impossível ler a @conexao_20 sem elogiar! © Michael Brown | Fotolia e Divulgação

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conexao20.com.br

Saiba o que vai ser publicado, opine sobre os conteúdos que já saíram e compartilhe com os amigos que não têm a revista.

@bergamomkt: Fantástico o novo portal da revista @conexao_20. Parabéns aos envolvidos e que seja uma ferramenta a mais para disseminação da mensagem cristã!

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@_angeloliver_: Lendo minha revista @conexao_20 do segundo trimestre... eita que as matérias estão demais! Não tem como deixar de parabenizar!

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@marceladeabreu: Devorando minha @conexao_20, que está demais esse trimestre! @tacimeireles: @conexao_20 está ótima, nem 8 nem 80. gostei da matéria sobre o projeto na cracolândia, um trabalho lindo. jul-set

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© Kagenmi | Fotolia

Carolyn Azo

Texto Wendel Lima Design Marcos Santos

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Contagem regressiva

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Para você tirar dúvidas e matar suas curiosidades sobre temas como a identidade do anticristo, quais são as sete últimas pragas descritas no Apocalipse, e como a Bíblia explica o fenômeno de falar línguas estranhas. A segunda edição da série de bate-papos com o pastor Luís Gonçalves está prevista para os dias 13 a 16 de agosto, através do site evangelismoweb.com. Durante quatro noites, você poderá mandar suas perguntas e interagir com o programa que vai ao ar, às 20h30, somente pela web. Em 2012, 84 mil internautas acompanharam os bate-papos. Neste ano, você não pode ficar de fora!

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Divulgação Semper Fi

________ Editor

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Fontes: religionnews.com e newsbiscuit.com

Divulgação TV Novo Tempo

O que você faria se...

Sua fé fosse questionada na roda de amigos, na casa da namorada ou em uma aula na escola ou faculdade? Dramatizar essas situações de maneira bem-humorada e que gere reflexão é o objetivo do canal Semper Fi (http:// www.youtube.com/SemperFiFilms). A postura dos cristãos sobre balada, bebida alcoólica, drogas, alimentação, guarda do sábado e a existência de Deus são alguns dos temas debatidos. O nome do ministério vem do latim semper fidélis (sempre fiel).

Parece que a nova onda entre os astros de Hollywood é deixar as religiões consideradas exóticas para voltar ao tradicional protestantismo histórico. Com 50 anos e mãe solteira de três filhos, Madonna disse não ter mais tempo para a busca infindável pelo desconhecido proposta pela Cabala. Ela decidiu tornar-se metodista depois de ter contato com a literatura da denominação num hotel e ser bem recebida por uma igreja local. Richard Gere abandonou o budismo tibetano para voltar para sua família espiritual da Igreja Reformada Unida. E Tom Cruise, ex-cientologista, está planejando passar um ano sabático na escola de formação do Exército de Salvação, em Milwaukee (EUA).

© Peter Hermes Furian | Fotolia

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Do exótico para o tradicional

________ Designer

________ Ger. Didáticos

O m O e c d c q ti O p s c d


Divulgação UAP

© Kagenmi | Fotolia

Os vegetarianos vivem mais do que os que comem carne. E não é conversa mole dos dieteticamente corretos não, é resultado de pesquisa científica. O estudo com mais de 70 mil adventistas dos Estados Unidos foi publicado em junho no jornal da Associação Médica Americana (jama.jamanetwork. com). Os pesquisadores acompanharam por seis anos os índices de saúde de grupos variados, dos que praticavam o vegetarianismo estrito até os que comiam sem restrições. Resultado: o primeiro teve 12% menos mortes do que o segundo no período estudado. Ainda não se sabe por que os homens tiveram mais benefícios do que as mulheres com a dieta à base de vegetais. O certo mesmo é que os adventistas do sul da Califórnia estão entre as populações mais longevas do mundo e isso tem a ver com o estilo de vida saudável deles. Os centenários na cidade de Loma Linda já foram tema de capa da revista National Geographic e do livro The Blue Zones, de Dan Buettner.

Centenas de universitários do mundo todo vão desembarcar na Universidade Adventista Del Plata, no interior da Argentina, para trocar experiências de voluntariado e aprender como melhor servir em missões locais e transculturais. De 5 a 7 de setembro, o evento vai reunir os grandes acadêmicos da área de missiologia e gente que dedica a vida para levar o cristianismo até os confins da Terra. No ano passado, o encontro atraiu 700 estudantes, de 70 universidades e 31 países. As inscrições vão até 15 de agosto, e estudantes de fora da Argentina não pagam hospedagem e alimentação para ficar no campus. Para quem prefere acompanhar o congresso em casa, a transmissão será pela web: iwillgo.uap.edu.ar.

Conexão na TV

Divulgação TV Novo Tempo

© Peter Hermes Furian | Fotolia

Agora você tem uma boa alternativa na TV para suas noites de segunda a quinta-feira. Desde maio, o programa Conexão Jovem da TV Novo Tempo (Sky 14) está sendo transmitido ao vivo ao longo da semana, às 19h30. A produção traz entrevistas, músicas e reportagens sobre o cotidiano dos jovens. Comportamento, mercado de trabalho, voluntariado, esportes radicais e espiritualidade costumam pautar o programa apresentado pela jornalista Luciana Santana e o publicitário Tiago Ramos (Chapolin). Você também pode acompanhar as edições anteriores através do blog novotempo.com/conexaojovem.

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Carolyn Azo

começa pela boca

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Você vai?

Vida longa

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Ao ponto

Texto Leonardo Siqueira Ilustração Carlos Seribelli

ESCOLHIDO PELA RAINHA

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Como foi sua escolha como governador-geral da Jamaica? A escolha é feita pelo governo. É uma pós-eleição. Ele faz uma recomendação para sua majestade, a rainha. Eu acho que fui selecionado por causa da necessidade de ter alguém que pudesse representar melhor o que uma nação deve ser. Foi, de certa forma, a busca por uma liderança moral para a nação. Eles procuraram por toda parte, não só na igreja. Não há razão pela qual eles não deveriam olhar para a igreja ao procurar esse tipo de liderança. Tradicionalmente, a Igreja Adventista do Sétimo Dia tem desempenhado um papel importante na construção do país.

Jamaica. O que mudou para a Igreja depois que você assumiu essa função? Muitas pessoas aprenderam mais sobre a Igreja e o nível de respeito dela foi elevado. O apreço e a admiração pelos adventistas cresceu bastante e as pessoas querem saber como é que dentro dos muros da igreja uma pessoa poderia ser encontrada para uma posição como essa. É uma faca de dois gumes: a Igreja tem sido colocada sob os holofotes e as pessoas vão ver o bom e o não tão bom assim. Por outro lado, esse destaque traz uma responsabilidade ainda maior para os membros, que terão de dar um bom exemplo às outras pessoas.

A Igreja Adventista é a maior denominação protestante na

No Brasil, há um sentimento de rejeição à política e aos po-

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líticos. O que o povo jamaicano pensa sobre isso? E o senhor? A estrutura do governo brasileiro é um pouco diferente da que temos na Jamaica. Aqui, temos a percepção de que alguns políticos são corruptos por terem feito coisas que não deveriam fazer. Mas nem todos os políticos são corruptos. Muitos têm um senso de valor bem elevado. Há políticos que são ministros, advogados e outros que ocupam profissões diferentes. Que problemas a Jamaica está enfrentando? A Jamaica enfrenta problemas que muitos outros países em desenvolvimento têm: crime, crises econômicas, problemas sociais, desemprego, etc. Precisamos exportar mais e equilibrar nossa balança comercial. Precisamos orientar os jovens

para se tornarem líderes mais responsáveis e manter a tradição. Assim poderão passar essa herança adiante. Como sua fé pode ajudar o país a resolver esses problemas? Não estou na administração do governo, então não posso resolver isso. Meu papel é orientar e realizar tarefas constitucionais, cerimoniais e comunitárias. Minha fé é tudo e desempenha um papel muito importante em minha vida. É nela que meu sistema de valores está enraizado. Como você concilia a observância do sábado com sua função? Nunca tive problemas ao guardar o sábado. Minha posição não interfere na observância do dia sagrado.

Douglas Assunção / Imagem: Fotolia

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O GOVERNADORGERAL DA Jamaica, Patrick Linton Allen, é o primeiro pastor adventista a ocupar a Casa do Rei, nome dado à mansão em que vive o representante da rainha. A Jamaica é uma monarquia constitucional e uma democracia parlamentar. Isso significa que o poder é exercido pela rainha Elizabeth II e pelo governador-geral, que a representa. Entenda porque um adventista foi escolhido a dedo pela sua majestade, a rainha. Lá, 12% dos 2,8 milhões de habitantes são adventistas.


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MATRÍCULAS ABERTAS

2013 | 9 www.educacaoadventista.com.br jul set

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Entenda

Texto Wendel Lima Ícones Fotolia Design Éfeso Granieri

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O MAPA-MÚNDI DA INTOLERÂNCIA RELIGIOSA Praticar uma religião ou simplesmente ter uma crença é importante para 84% da população mundial. O problema é que esse direito tão básico do ser humano tem sido cada vez mais desrespeitado. É o que mostram as últimas pesquisas do The Pew Forum of Religion and Public Life, um dos maiores institutos de pesquisa sobre religião do mundo. Em cinco anos de levantamentos, o número de países com altas restrições à religião aumentou 11%. A única boa notícia é que a maioria dos governos pesquisados têm iniciativas para reduzir a intolerância. Por acreditar que esse processo só acontecerá com informação e reflexão, preparamos para você o infográfico abaixo.

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c p r d

Coreia do Norte: O pior lugar do mundo para ser cristão. Cerca de 200 mil seguidores de Cristo vivem ali sob perseguição do regime comunista.

MUITO alta alta

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MODERADA BAIXA SEM DADOS

RESTRIÇÕES DO GOVERNO

65%

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da população mundial vivem em países com grandes intervenções do governo, como:

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Brasil: Baixa restrição do governo (1,0), moderada intolerância social (2,9). Para difundir a cultura da paz, a Associação Internacional de Liberdade Religiosa (irla.org) organizou um festival de liberdade religiosa que reuniu 30 mil pessoas em São Paulo, em maio. Governantes e 20 líderes de diversas religiões confirmaram seu apoio à causa.

Paquistão: Um dos países mais intolerantes do mundo, com índice 9,0 para hostilidade social e 6,3 para restrição do governo.

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31%

punição com prisão

27%

proibição de uso de símbolos

23%

restrições à conversão

da viv g


panorama Subiu de 29% (2007) para 40% (2011) o número de países que apresentam altas restrições à religião.

5,1 bilhões de pessoas não têm plena liberdade de crença.

Barril de pólvora A região que menos respeita a liberdade religiosa é a do Oriente Médio e norte da África. Lá, existe a mistura explosiva de políticas intolerantes com grupos sociais fanáticos. Prova disso é que 95% dos países da região mostram forte favoritismo por um grupo religioso e em 50% deles há violência civil por motivação religiosa.

198 países e territórios foram pesquisados, o que equivale a 99,5% da população mundial.

160 países

Os seguidores de Cristo são hostilizados pelo governo de 95 países e por grupos sociais de 77 nações.

cometeram algum desrespeito contra grupos religiosos. Os adeptos das três grandes religiões monoteístas são os mais perseguidos, especialmente os cristãos.

76% dos países pesquisados têm iniciativas para reduzir essas proibições.

Já os muçulmanos são discriminados pelas autoridades de 74 países e pela população de 64 nações.

Enquanto os judeus sofrem mais intolerância religiosa de grupos sociais (64 países) do que dos governos (21 nações).

Inglaterra, França e Alemanha: Alta intolerância social (média de 5,1) e moderada restrição do governo (média de 4,1). Vale lembrar o caso da proibição do uso da burca nas escolas francesas.

Fontes: Pew Research Center’s Forum on Religion and Public Life – Rising Tide of Restrictions on Religion, September 2012, globalreligiousfutures.org e Dr. Brian J. Grim.

HOSTILIDADE SOCIAL

52%

da população mundial vivem em países com grande hostilidade social, como:

36%

terroristas ligados à religião

33%

imposição de normas

15%

violência entre facções

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China: Apresenta alta intolerância do governo (7,5), mas moderada resistência social (2,0). Por isso, é um dos países em que o cristianismo mais cresce. A religião costuma ser praticada nos lares.

Norte: do ser ca de uidores em ali ição do unista.

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Interpretação Capa & Reflexão Artigo

Texto Wendel Lima Design Éfeso Granieri Ilustrações Thiago Lobo

Perguntas Imagine

TeRRoR NA PRÉ-hisTÓRiA Nem todos eles foram grandes e assassinos como o tiranossauro rex, mas uma coisa é certa: foram extintos em massa e não estão mais aqui para contar a história. Saiba como o criacionismo interpreta as pegadas dos dinossauros

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talveZ SeJa o tamanHo DeleS, já que são os maiores animais terrestres conhecidos. Quem sabe o que nos chama a atenção seja a singularidade desses bichões. ou ainda os mistérios que envolvem sua origem e extinção. o fato é que os dinossauros fascinam desde as crianças que jogam games dos lagartos gigantes até os cientistas que dedicam toda a vida para o estudo de fósseis e a reconstituição do cenário em que esses animais viveram. uma prova desse interesse, ainda que só superficial pelos dinossauros, é o sucesso do relançamento em 3D do filme Jurassic Park, de Steven Spielberg. a produção arrecadou 18,2 milhões de dólares apenas no primeiro fim de semana em que foi exibida nos estados unidos, em abril. o filme, que bateu recorde de bilheteria quando foi lançado há 20 anos, tem previsão de chegar ao Brasil em agosto.

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a produção é inspirada no livro de mesmo nome, de michael crichton, e conta como acabou em pesadelo o sonho de um bilionário construir um “zoológico” de dinossauros em uma ilha fictícia da costa rica. a ficção, que parte da possibilidade de recriação genética dos dinossauros, deu vida nas telonas aos animais extintos, tirando o fôlego de quem se deparou virtualmente com o temido tiranossauro rex. apesar dos exageros e erros científicos – como o tamanho duplicado do velociraptor e seus hábitos de caça em grupo1 – Jurassic Park aguçou o interesse por esse misterioso grupo de animais e levou muitos a se perguntarem quando eles existiram e por que sumiram. com o breve lançamento do filme no Brasil, essas dúvidas vão voltar à tona por aqui também. Por isso, a Conexão 2.0 se antecipou para explicar a você o que o criacionismo tem a dizer sobre essas celebridades pré-históricas.


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o rei tirano dos lagartos foi descoberto em 1905 e se tornou o símbolo de predador. andava sobre duas patas, com a coluna ereta, mas inclinada. Com 12 metros de comprimento, quatro de altura e seis toneladas de peso, sua mordida era capaz de arrancar 45 kg de uma só vez.

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cemitérios pré-históricos

Fósseis de dinossauros já foram encontrados em todos os continentes, inclusive na antártida. as maiores concentrações de restos mortais estão nos estados Unidos, argentina, espanha, França, Rússia, China, mongólia e Norte da África.

qUando os dinos se tornaraM saUros o termo foi usado pela primeira vez em 1841, por um professor de ciências da inglaterra chamado richard owen.2 ele mencionou esse nome ao falar aos cientistas da 11ª assembleia da associação Britânica para o Progresso da ciência sobre os vestígios desses animais. Dinossauro vem de dois vocábulos gregos: deinos (terrível) e sauros (lagarto). mas, antes de owen, já havia outros relatos na literatura científica sobre ossos de animais gigantescos que poderiam ser classificados como os primeiros restos encontrados dos dinossauros. um ensaio de história natural publicado em 1677 por robert Plot, um professor da universidade de oxford, parece ser o primeiro registro sobre os dinos. Plot acreditava que os ossos eram de um grande elefante. Porém, os avanços na identificação dos ossos viriam somente no fim do século 18, em Paris, com as observações de georges cuvier, um dos precursores da anatomia comparada.3 a descoberta de fósseis, por sua vez, teria seu boom mais tarde, no século 19, como um efeito colateral da exploração de minérios e do recorte do solo para a construção de rodovias e ferrovias. a partir daí, os fósseis começaram a vir à tona.

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Pegadas no teMPo Depois de 200 anos, temos um número razoável de fósseis de dinossauros. Só para se ter uma ideia, hoje há indícios da existência deles em todos os continentes, incluindo a antártida. as maiores concentrações de vestígios estão nos estados unidos, argentina, espanha, França, rússia, china, mongólia e norte da África.4 a existência dos dinossauros não é só testemunhada por ossos isolados, mas por pegadas, impressões de peles, cálculos viscerais, cascas de ovos, embriões e ninhos.5 a universalidade dos rastros dos dinossauros também é confirmada pelos habitats extremamente variados nos quais os fósseis foram encontrados, como margem de rios, praias, florestas, pântanos e desertos. os esqueletos desses bichões expostos nos museus mais importantes do mundo, via de regra, são dignos de confiança. o problema são as especulações apresentadas pelos documentários quanto à cor da pele, fisiologia e comportamento dos grandes lagartos.

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até o início dos anos 1990, década em que os estudos sobre os dinossauros se aprofundaram, havia poucos dados sobre várias espécies. Dos 285 tipos catalogados, 45% tinham sido identificados com base em apenas um osso. e apenas dez gêneros contavam com 40 exemplares para estudo. 6 Por causa dessa carência de espécimes para análise, pesquisadores e leigos manifestam certa desconfiança com as descrições sugeridas para alguns gêneros que podem estar mais baseadas em suposições do que em fatos. o que há de certo, porém, é que o considerável material até aqui encontrado mostra que os dinossauros eram muito diversos. dando noMe aos dinos essa diversidade é exemplificada pelo porte dos animais, hábitos alimentares e constituição óssea. ao que tudo indica, a maioria dos dinossauros era herbívora. no grupo dos carnívoros, o cardápio pode ter variado entre pequenos animais, peixes e outros dinossauros.7 Quanto ao tamanho, havia de todos os portes. Desde o gigante brontossauro, com seus 21 metros de comprimento e 70 toneladas de peso,8 até o pequeno compsognathus, bicho do tamanho de um galo.9 apesar de carregarem no nome o parentesco com os lagartos, o estudo mais detalhado dos fósseis mostrou que os dinossauros são um grupo peculiar de animais, bem diferente dos mamíferos e répteis. o crânio dos sauros apresenta orifícios distintos, o tornozelo é composto de uma junta única e as pernas são eretas, diferentemente dos lagartos.10

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mas o que distingue internamente as espécies do grupo são os ossos da bacia. os que têm a estrutura óssea do quadril mais parecida com a das aves recebem o nome de ornitisquianos e os que se assemelham aos répteis são chamados de saurisquianos. nesses dois grandes grupos ainda existem subdivisões que são determinadas pelo desenho das patas, tipo de couraça e a presença ou não de chifres.11 elo qUe não se FecHa a semelhança óssea do púbis dos dinossauros com o dos répteis e das aves é um dos fatores que têm levado muitos evolucionistas a deduzir que os dinos seriam os ancestrais dos pássaros no processo evolutivo. alguns fósseis descobertos recentemente na china apresentam filamentos que, para um grupo de cientistas, são evidências de penas. Porém, essas estruturas não se parecem com penas de voo comuns, o que deixa a questão ainda em aberto.12 mas um dos elementos mais intrigantes nesse assunto é o famoso archaeopteryx, fóssil que é objeto de discussão desde sua descoberta em 1861. ele apresenta um misto de características das aves, dos répteis e dos dinossauros terópodes. tem penas aparentemente modernas, ossos ocos, além de dedos e púbis semelhantes aos das aves. tomografias computadorizadas revelaram que os lobos do seu cérebro também são semelhantes aos das aves. Porém, o mesmo exame mostrou resultado igual para os pterossauros (dinossauros voadores). além disso, a observação de aves como o calau terrestre indica que ter ossos ocos não é garantia de voo eficaz. o ponto é que não há um consenso entre os evolucionistas se o archaeopteryx foi um dinossauro alado, uma ave, ou nenhum

qUando viveraM? insuficientes também são as evidências para datar o reinado dos dinossauros sobre a terra de 250 a 65 milhões de anos atrás, período que na coluna geológica evolucionista vai do triássico ao cretáceo. até hoje, os cientistas batem cabeça tentando explicar por que os dinos surgiram e sumiram do registro fóssil como num passe de mágica. Se eles derivaram de animais mais simples, isso deveria estar registrado na coluna geológica. e, se foram extintos por uma grande catástrofe, outros animais mais frágeis e contemporâneos a eles, como pequenos répteis, anfíbios e peixes possivelmente teriam sido riscados do mapa também.16 outra dificuldade enfrentada pelos evolucionistas é explicar como os dinossauros herbívoros encontrados no registro fóssil – a maioria deles não comia carne – conseguiam se alimentar com a quantidade limitada de plantas descoberta com eles. Para os criacionistas, a resposta está na interpretação de que as camadas geológicas não apontam para períodos sucessivos, mas contemporâneos. elas não teriam sido formadas ao longo de milhões de anos, mas na mesma época, como resultado da mesma catástrofe universal.17 jul-set

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dos dois. Já para os criacionistas, em primeiro lugar, a presença de penas não é, necessariamente, evidência do salto evolutivo de dinossauro para ave. até porque as penas não precisam ser encaradas como exclusividade das aves. outro tópico que os criacionistas questionam é o princípio da funcionalidade no processo evolutivo. Se a funcionalidade para a sobrevivência é o objetivo da seleção natural e mote da evolução, por que demoraria tanto para as penas e asas da estrutura sofisticada do archaeopteryx terem utilidade plena de voo?13 Por isso, alguns criacionistas se arriscam a dizer que o archaeopteryx foi uma criatura singular, com características que impedem sua classificação em qualquer categoria atual de seres vivos.14 essa singularidade pode ser vista em animais como o ornitorrinco, que parece ser uma mistura de mamífero e ave. a discussão é tão acalorada que, no ano passado, na coreia do Sul, por pressão de entidades criacionistas, o ministério da educação local cogitou aprovar a retirada de imagens do archaeopteryx dos livros do ensino médio que apontavam o animal como um ancestral do cavalo. vale lembrar que na coreia do Sul, onde as crianças passam sete horas por dia na escola, uma pesquisa de 2009 constatou que um terço dos habitantes não acredita na teoria evolucionista, 41% deles por considerarem insuficientes os argumentos para a evolução.15

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ou seja, tentar reconstituir o habitat dos dinos pegando como base apenas os três estratos geológicos em que eles aparecem limitaria nossa visão. em vez de os animais habitarem em eras sucessivas o mesmo ambiente, a interpretação criacionista é que o mesmo ambiente foi habitado por uma grande variedade de animais simultaneamente. isso soa razoável quando são comparados o ecossistema em que os dinossauros viveram com o que temos hoje. cada um desses habitats tem seus herbívoros, como o triceratope e o rinoceronte; animais de pescoço longo que se alimentam da copa das árvores, como os saurópodes e as girafas; comedores de carne, como o alossauro e os leões; além dos animais voadores, como os pterossauros e as aves.18 dentro oU Fora do Barco? na visão criacionista, os dinossauros foram criados por Deus há poucos milhares de anos (gn 1:24, 25), alguns deles se tornaram ferozes e carnívoros após a queda moral da humanidade (gn 3:14-19), conviveram com o ser humano e com os tipos básicos das espécies modernas de animais, e boa parte deles ou todos eles foram extintos em massa numa catástrofe universal, chamada na Bíblia de dilúvio (gn 7:22). apesar de essa ideia arrancar risos dos evolucionistas, os criacionistas acreditam que dinossauros e humanos conviveram por, no mínimo, centenas de anos. É verdade que não há nenhuma evidência científica favorável a essa teoria, mas também não temos fatos que a tornem

irrazoável. Para muitos, isso é considerado improvável, porque não conseguem se imaginar fazendo um safari de carro aberto por uma área tomada por tiranossauros rex. o ponto é que nem todo dinossauro era carnívoro e gigantesco. Das 58 famílias dos dinos, 31 tinham membros que não passavam dos seis metros de comprimento, ou seja, o tamanho de um elefante africano.19 Sendo assim, metade deles poderia ter entrado na grande embarcação construída pelo patriarca noé (gn 7:1-9). mas acreditar nisso, evidentemente, é uma questão de fé e não de ciência. a catástroFe Se faltam indícios da convivência entre humanos e dinossauros, o mesmo não acontece sobre a extinção deles. Há décadas, os evolucionistas debatem sobre a validade ou não de dezenas de teorias para o sumiço dos dinos. as explicações vão desde um rompimento na cadeia alimentar até a evolução dos dinossauros para aves.20 no entanto, a teoria mais aceita e que ganhou força nos anos 1980 foi a do meteoro. essa hipótese se popularizou especialmente depois de 1991, quando foi descoberta uma cratera de quase 300 km de diâmetro na península de Yucatán, no golfo do méxico.21 a explicação é que um meteoro teria gerado uma grande nuvem de poeira, que acabaria impedindo a luz do sol de esquentar a superfície da terra e espalhando alta toxicidade no ar e na água. os criacionistas não descartam o impacto de meteoros, as ações vulcânicas, nem a emissão de gases tóxicos, mas re-

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lacionam esses fenômenos a uma grande inundação. Há algumas razões para isso, além da descrição bíblica. a primeira é que os dinossauros costumam aparecer no registro fóssil com a boca semiaberta, a cabeça para trás e a cauda em curva. Dando a ideia de que morreram na água ou por sufocamento.22 outro fato que intriga é que muitos fósseis foram encontrados em verdadeiros “cemitérios” de dinossauros, nos quais foram achados até milhares de animais, jovens e velhos. um vestígio de extinção em massa. as formações geológicas de alberta, no canadá, são um exemplo. lá foram localizados 80 centrossauros. um número pequeno comparado aos 10 mil maiassauros encontrados pela equipe de Jack Horner, em 1984, em montana (eua). os indícios apontam que a “manada” de maiassauros foi enterrada por sedimentos vulcânicos.23 os maiores “cemitérios” estão nos estados unidos (colorado, utah, Wyoming), canadá, espanha, china e mongólia. além disso, em 2010, pesquisadores acharam no leste da china três mil pegadas fossilizadas de seis espécies diferentes de dinossauros que corriam na mesma direção. elas variavam de 10 a 80 cm e foram deixadas por animais como o tiranossauro, o hadrossauro e o celurossauro. apesar de as hipóteses de migração ou fuga de predadores ser cogitada,24 o que chama a atenção é que espécies diferentes dificilmente migrariam juntas e uma manada de 3 mil animais precisaria ser acuada por um número considerável de predadores para ter a fuga como solução.

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De acordo com a visão criacionista, esse grupo poderia estar fugindo de uma inundação, tendo em vista que é preciso água e lama para uma pegada ser fossilizada. lacUnas mas, do ponto de vista científico, do lado criacionista ainda existem muitas lacunas, o que pode dar espaço para alguns mitos ou afirmações duvidosas. um desses erros ou precipitações foi a suposta descoberta de pegadas humanas e de dinossauros próximas ao rio Paluxy, no texas (eua). os rastros de dinossauros foram confirmados como autênticos, mas as pegadas humanas eram fruto da erosão, já que um corte transversal não indicou que as marcas receberam peso equivalente ao de um homem. a credibilidade dos criacionistas só não ficou mais comprometida porque um grupo do Geoscience Research Institute, entidade mantida pela igreja adventista do Sétimo Dia na califórnia, foi que analisou in loco as pegadas e descartou a descoberta como uma evidência da convivência entre homens e dinossauros.25 as pinturas rupestres que apontariam para a convivência de humanos e dinos também ainda não foram comprovadas. vale lembrar que a ausência momentânea de evidências não quer dizer que elas não existam. outro ponto em que os criacionistas são questionados e até ridicularizados é se o grande barco construído por noé teria espaço para abrigar os dinossauros. em tese, a arca descrita na Bíblia poderia receber boa parte dos dinos, já que a maioria deles tinha o tamanho de

um elefante moderno. ademais, noé poderia ter levado pares de filhotes, o que economizaria espaço. mas como a existência da arca até aqui não encontra respaldo científico, os pesquisadores criacionistas preferem trabalhar com a posição de que grande parte ou todos os dinossauros foram extintos no dilúvio. a maioria dos estudiosos criacionistas também vê com cautela os relatos ocasionais de supostos achados de dinossauros modernos que vivem na escócia, África ou no oceano. Segundo eles, até aqui os relatórios parecem não ter comprovação. não há certeza também sobre a possível relação entre os dinossauros e dois grandes e temidos animais citados na Bíblia: o behemoth (Jó 40:15-18) e o leviathan (Jó 41:1). a desconfiança de alguns é que esses nomes poderiam estar se referindo a outros animais de grande porte como crocodilos e hipopótamos, e não aos dinossauros. 26 silÊncio e Fascínio Para os que acreditam na Bíblia como um livro sagrado e historicamente confiável, a possível não menção e identificação dos dinossauros em suas páginas não é razão para perder a fé ou desestimular a pesquisa científica. ao contrário, o fascínio despertado pelo silêncio e o mistério podem ser mais um elemento a impulsionar os estudos criacionistas sobre o tema. Sobram lacunas nas explicações evolucionistas e criacionistas sobre a origem e extinção dos dinossauros. Porém, o que não pode faltar para ambos os lados é cautela diante do conhecimento limitado

que temos desses incríveis animais e honestidade na interpretação das evidências disponíveis. referências 1 Elaine Kennedy, “os intrigantes dinossauros”, em Diálogo Universitário, n. 2, 1993, p. 11. 2 Alexander vom Stein, Criação (SCB, 2005), p. 108. 3 ruben Aguilar, Miscelânea (Ados, 2003), p. 24. 4 raul Esperante, “Como Situar os Dinossauros no Contexto Bíblico?”, em L. James Gibson e Humberto M. rasi, Mistérios da Criação (CPB, 2013), p. 135. 5 Elaine Kennedy, Diálogo Universitário, n. 2, 1993, p. 9. 6 Elaine Kennedy, “Perguntas e respostas sobre os dinossauros”, em Diálogo Universitário, n. 3, 2006, p. 9-12. 7 Site do Geoscience research Institute: grisda. org/2009/09/dinosaurs. 8 ruth Wheeler e Harold G. Coffin, os Dinossauros, (CPB, 2007), p. 34. 9 raul Esperante, Mistérios da Criação, p. 135. 10 Elaine Kennedy, Diálogo Universitário, n. 3, 2006, p. 9-12. 11 Alexander vom Stein, Criação, p. 109. 12 grisda.org/2009/09/dinosaurs. 13 raul Esperante, “Archaeopteryx: um réptil voador?”, em Diálogo Universitário, 2005, n. 1, p. 32-33. 14 Ibidem. 15 “South Korea surrenders to creationist demands”, de 5 de junho de 2012, no site da revista Nature (nature.com). 16 raul Esperante, Mistérios da Criação, p. 137. 17 Elaine Kennedy, Diálogo Universitário, n. 2, 1993, p. 9. 18 Kurt P. Wise, “Noah’s World—Same Time, Different Place”, em Answers, de 26 de setembro de 2011 (answersingenesis.org). 19 Elaine Kennedy, Diálogo Universitário, n. 2, 1993, p. 10. 20 Elaine Kennedy, Diálogo Universitário, n. 3, 2006, p. 9-12. 21 Michelson Borges, A História da Vida (CPB, 2011), p. 101. 22 “Dinossauros tiveram uma morte em agonia”, em site da Folha S. Paulo, 10 de junho de 2007. 23 Elaine Kennedy, Diálogo Universitário, n. 2, 1993, p. 10. 24 “Cientistas acham 3 mil pegadas de dinossauro na China”, publicação de 6 de fevereiro de 2010 no site da BBC Brasil. 25 Berney Neufeld, “Dinosaur tracks and giant men”, em origins 2, 1975, p. 64-76. 26 grisda.org/2009/09/dinosaurs.

os fósseis são as testemunhas da pré-história. Só que ao contrário do que muitos pensam, eles são formados rapidamente e não ao longo de milhões de anos. Veja no site (www.conexao20. com.br) como fazer, rapidamente, seus “fósseis” em casa.

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Artigo

Texto Eduardo Rueda Ilustrações Carlos Seribelli

Choque de cosmovisões

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Dos gregos herdamos o jeito de pensar, e dos hebreus, a fé. Comparar essas visões de mundo pode ajudar você a ver a vida com outros olhos

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Como você enxerga a realidade ao seu redor? Qual é a sua cosmovisão? Antes de torcer o nariz e virar a página, achando que essa matéria não tem nada a ver com você ou que o assunto é muito “filosófico”, espere aí! Suponhamos que você fosse um peixe, que passou a vida inteira dentro d’água. Um belo dia, a maré baixa e você vai parar na praia. Antes que a próxima onda o leve de volta pra dentro do mar, você contempla o céu, as montanhas e as pessoas ao redor. Assustado e de volta ao seu habitat, você acabou de fazer a maior descoberta de sua vida: o mundo não é só água! Todos nós interpretamos a realidade de acordo com um conjunto de valores, crenças e ideias que acumulamos ao longo da vida. Isso se chama “cosmovisão”. Mas nossa maneira de ver o mundo não é a única – e talvez não seja a melhor (“o mundo não é só água”). Na Antiguidade, por exemplo, duas cosmovisões disputavam lugar. Grécia e Israel tinham modos bem distintos de pensar. Os gregos deixaram uma herança muito rica para o Ocidente, nas artes, na ciência e na cultura. Sem eles, não seríamos o que somos hoje. 18 |

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Concreto x abstrato Lembra quando, no primário, a professora explicava a diferença entre esses dois conceitos? O que dá para pegar, tocar, ver e sentir é concreto (livro, casa, cadeira...). O que não dá para ver, nem tocar está no campo do abstrato (alegria, vontade, justiça...). No idioma hebraico antigo (língua do Antigo Testamento da Bíblia), ao contrário do grego, as ideias eram muito mais concretas do que abstratas. Até conceitos abstratos, como os sentimentos, costumavam ser associados a algo concreto. Em hebraico, a palavra “ira” ou “raiva”, por exemplo, é ’af (Êx 4:14), a mesma que é usada para “nariz” ou “narinas” (Jó 40:24). Mas o que tem a ver nariz com raiva? É simples: geralmente, quem fica com muita raiva respira de modo acelerado, e as narinas se dilatam. Interessante, não? Outro exemplo é a palavra “fé”, ’emunah (Hc 2:4), que em vez significar apenas crença ou aceitação mental – como no grego –, expressa também qualidades como firmeza, fidelidade e estabilidade. Ter fé, na visão hebraica, é se firmar em Deus, como uma estaca fincada no chão (Is 22:23; “firme” vem do verbo ’aman, a mesma raiz de ’emunah). Portanto, crer é se apegar a Ele e ser fiel. Dinamismo x ócio Na Grécia antiga, dava-se mais valor à falta de ocupação do que ao trabalho, principalmente entre os atenienses. Não ter que trabalhar e se dedicar apenas à contemplação e ao mundo das ideias era considerada a mais nobre das “atividades”. Já os hebreus eram um povo extremamente dinâmico e seu idioma refletia isso. No português, como em outras línguas, o nome ou sujeito vem em primeiro lugar na frase, e o verbo, geralmente, é colocado logo em seguida. Exemplo: Antônio obedeceu a seu pai. Em hebraico, a ordem das palavras ficaria assim: Obedeceu Antônio a seu pai. Isso mostra que, para os hebreus, as ações eram mais importantes. jul-set

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No entanto, do ponto de vista religioso, a influência grega trouxe mais males do que bem. Se hoje temos tanta dificuldade para entender a Bíblia, em grande parte, isso é devido à nossa mente “helenizada” (lembre-se: a Bíblia foi escrita por hebreus). Daí a importância de entender mais a fundo a mente hebraica. Vale lembrar também que nem todos os gregos e hebreus pensavam de maneira igual. As diferenças a seguir representam cada cultura de modo geral, e compará-las pode ajudar você a entender a Bíblia, redefinir o amor e experimentar a fé de um jeito novo.

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a raiva mexe com tudo em você, inclusive seu nariz. a palavra “ira” em hebraico é a mesma usada para “narinas”. Isso porque a raiva acelera a respiração e dilata as fossas nasais.

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em hebraico, a palavra “orgulho” vem de uma raiz que significa ser levantado. o motivo? É que o orgulhoso se sente acima de todo mundo.

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Para os hebreus, fé não era simplesmente acreditar. era ser fiel a Deus, como uma estaca fincada firmemente no chão.

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essÊncia x aParÊncia os gregos descreviam os objetos em relação à sua aparência. os hebreus, ao contrário, consideravam mais a essência e função das coisas. exemplo: Se mostrassem um lápis a você e lhe pedissem que o descrevesse, como seria sua descrição? Provavelmente, você diria: “o lápis é azul”, ou “é amarelo”; “tem ponta fina”, ou não; “é cilíndrico”, ou “é retangular”; “é curto”, ou “é comprido”; etc. Perceba que em todas essas características a ênfase está na aparência. um hebreu descreveria o mesmo lápis de forma bem mais simples e objetiva: “É feito de madeira, e eu escrevo palavras com isto.” na cosmovisão hebraica, a essência das coisas e sua função eram mais importantes que a forma ou a aparência. Por isso, os elogios de Salomão à sua amada no livro de cantares parecem tão estranhos para nós, ocidentais. Dizer a uma mulher: “o teu ventre é monte de trigo” (ct 7:2) pode ser perigoso hoje em dia! mas, na cultura da época, a imagem do trigo trazia a ideia de fertilidade e fartura, e ter muitos filhos era o sonho de toda mulher. além de funcional e essencial, o estilo de descrição dos hebreus era pessoal – o objeto era descrito de acordo com a relação dele com a pessoa. ao descrever um dia ensolarado, em vez de dizer: “o dia está lindo”, um hebreu diria: “o sol aquece meu rosto!” Daí a descrição de Davi: “o Senhor é o meu pastor” (Sl 23:1). teoria x Prática na cosmovisão grega, “saber” era mais importante do que “ser”. Para os gregos, sabedoria era o

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até substantivos que, para nós, não implicam necessariamente uma ação, para eles envolviam algum movimento. a palavra “presente” (ou “bênção”), berakah em hebraico (gn 33:11), por exemplo, vem da raiz brk (“ajoelhar”), e significa “aquilo que se dá com o joelho dobrado”, fazendo referência ao costume de inclinar o corpo ao presentear alguém. a palavra “joelho”, berek (is 45:23), por sua vez, significa “a parte do corpo que se dobra”. o conceito hebraico de comunhão – “andar com Deus” (gn 6:9) – também envolve movimento e significa manter um relacionamento constante com ele. e a palavra “júbilo”, rwa‘ ou ranan (Sl 100:1; 149:5), significa “dar um grito retumbante de alegria”. Para os hebreus, havia uma íntima relação entre aquilo que se fala e o que se faz. entendia-se que a palavra de um homem deve corresponder às suas ações. aliás, “palavra”, em hebraico, significa também “coisa” ou “ação”, dabar. logo, dizer algo e não agir de acordo implicava mentira, falsidade.

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resultado principalmente do estudo, da contemplação e do raciocínio. o conhecimento era teórico, limitado ao mundo das ideias, e o mais importante era conhecer a si mesmo. Para os hebreus, no entanto, o conhecimento era essencialmente prático. conhecer era experimentar, se envolver com o objeto de estudo. o conhecimento de Deus era o mais importante, e a verdadeira sabedoria estava em saber ouvir (Dt 6:4). na mentalidade hebraica, “temer a Deus” é o primeiro passo para ser sábio (Sl 111:10, ntlH). teMPo x esPaço Quando queremos incentivar alguém a prosseguir, dizemos: “Bola pra frente!”, e quando queremos dizer que algo ficou no passado, falamos: “Ficou para trás.” mas quem nos ensinou que o futuro está à nossa frente e o passado atrás? Possivelmenteforam os gregos. eles tinham uma visão espacial do tempo, e nós herdamos isso. os hebreus (que valorizavam mais o tempo do que o espaço) enxergavam passado e futuro de modo diferente. Para eles, mais importante do que localizar o tempo de forma espacial era defini-lo em ações completas e incompletas (aliás, “completo” e “incompleto” são os nomes que se dá aos tempos verbais do hebraico). na mentalidade hebraica antiga, o passado (tempo completo) estava à frente (as palavras temol e qedem, “ontem” ou “antigamente”, significam também “em frente”), e o futuro (tempo incompleto) estava atrás – mahar, “amanhã” ou “no futuro”, vem da raiz ’ahar, que significa, entre outras coisas, “ficar atrás”, ou “para trás” (veja êx 5:14; Jó 29:2; êx 13:14 e Dt 6:20). e por que eles entendiam o tempo assim? o pensamento hebraico era simples e direto. o passado já foi completado, por isso podemos olhar para ele como se estivesse diante dos nossos olhos. o futuro, porém, ainda está indefinido, incompleto, por isso, ainda é desconhecido e é como se estivéssemos de costas para ele. História cíclica x linear outra curiosidade sobre o tempo é que os gregos viam o curso da história como uma espécie de roda gigante. Para eles, a história se repetia eternamente, num eterno vai e vem sem destino. Para os hebreus, no entanto, ela era linear, ou seja, caminhava em linha reta. Deus criou o começo da história e faz com que ela prossiga para um fim, o chamado “Dia do Senhor” (yom Yahweh; Sf 1:14; 2Pe 3:10). mas esse fim será apenas o começo da eternidade (‘olam; Dn 12:2).

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deUs x “eU” na cosmovião grega o “eu” (ego) era o centro de tudo. Diz a lenda que à entrada do oráculo de Delfos, na grécia antiga, havia a frase “conhece-te a ti mesmo”. na cultura hebraica, por outro lado, Deus era o centro de todas as coisas. os hebreus não dividiam a vida, como nós fazemos, em sagrada e secular. Para eles, essas duas áreas eram uma coisa só, sob o domínio de Deus. até mesmo as tarefas do dia a dia eram consideradas, de certa forma, sagradas. a palavra hebraica ‘abad – “servir” ou “adorar” (Sl 100:2) – pode ser também traduzida como “trabalhar”. na lavoura, na escola ou no templo, a vida era vista como um constante ato de adoração (1co 10:31; cl 3:2; 1ts 5:17). Para eles, a adoração era mais do que um evento (como o culto na igreja), era um estilo de vida. PensaMento corPorativo x individUalisMo os gregos valorizavam a individualidade acima de todas as coisas. os hebreus, por sua vez, tinham uma “personalidade corporativa” e enfatizavam a vida em comunidade. na cosmovisão hebraica, havia uma ligação inseparável entre o indivíduo e o grupo. a vitória de um era a vitória de todos, e o fracasso de um representava o de todos. Por isso, para os cristãos, se, por um lado, a falha de adão lá no Éden representou nossa queda, por outro lado, a morte de cristo na cruz dá a todos a oportunidade de salvação (1co 15:22; Jo 3:16). aMor: decisão x eMoção no mundo grego, o amor, em suas várias formas, se resumia muitas vezes a um mero sentimento. na visão hebraica, porém, amor é mais que isso: é uma escolha (em ml 1:2, 3 e rm 9:13, “amar” e “odiar” são sinônimos de “escolher” e “rejeitar”). você decide amar, independentemente dos seus sentimentos. É algo prático, traduzido em ações – a Deus e ao próximo (mt 22:35-40). Paz: Presença x aUsÊncia no pensamento ocidental, paz depende das circunstâncias. É a ausência de guerras, problemas e perturbações. mas para os hebreus, paz não implica ausência, e sim presença. Só a presença de Deus pode trazer bem-estar, segurança e felicidade – que são ideias contidas na palavra shalom (Jz 6:24). com Deus, “pode cair o mundo”, mesmo assim, é possível estar em paz. integral x dUalista os gregos tinham uma visão dualista da realidade.

com base nos ensinamentos de Platão, acreditavam que havia dois mundos: o das ideias (ou do espírito) e o mundo real. De acordo com essa visão, o ser humano era formado por duas partes: espírito (ou alma) e corpo. Para eles, o corpo e as coisas materiais eram ruins, e apenas o “espírito” e as coisas do “além” podiam ser consideradas boas. assim, a morte, na verdade, seria a libertação da alma, que enquanto estivesse no corpo, estaria presa ao mundo material. Já os hebreus tinham uma visão integral da vida. Para eles, o ser humano era completo, indivisível. na mentalidade hebraica, alma se refere ao indivíduo como um todo (corpo, mente e emoções). De acordo com gn 2:7, nós não temos uma alma; nós somos uma alma, ou seja, seres vivos (nefesh hayyah, em hebraico). ao contrário dos gregos, que criam na imortalidade do espírito, os hebreus acreditavam na mortalidade da alma e na ressurreição (ez 18:4; Dn 12:1, 2). esPiritUalidade x MisticisMo Para os gregos, espiritualidade era algo místico. Ser espiritual significava desprezar totalmente a matéria e se conectar ao “outro mundo”. esse desprezo das coisas materiais variava entre dois extremos. alguns, por exemplo, renunciavam completamente os prazeres físicos, tais como a alimentação e o sexo, a ponto de mutilar seus órgãos genitais. outros, por outro lado, entregavam-se a todo tipo de sensualidade e orgia. ambos os comportamentos tinham como base a ideia de que o corpo é mau, e que, no fim das contas, o que importa mesmo é a “alma”. mas para a cosmovisão hebraica, o corpo foi criado por Deus, e por isso é sagrado. a Bíblia diz que “do Senhor é a terra” (Sl 24:1). e enquanto criava o mundo, Deus viu que este “era bom” (gn 1:10, 12, 18, 21, 25) – e não mau, como acreditavam os gregos. Deus fez o mundo (as coisas materiais), e deu ao homem a responsabilidade de cuidar dele. Para os hebreus, portanto, espiritualidade tinha a ver, sim, com esta vida. ninguém precisa esperar chegar ao céu para ser espiritual: podemos desenvolver a espiritualidade no dia a dia, nas situações comuns da vida e no trato diário com as pessoas. não é preciso se isolar em um monastério, recorrer à meditação transcendental ou entrar num estado de transe para atingir “o mundo superior”. Basta viver conectado com Deus – aqui e agora (lv 20:7; 1Pe 1:16).

“Palavra”, na língua de Israel, podia significar também “ação”. Por isso, para eles, dizer algo e agir de modo diferente era ser mentiroso.

Comunhão, para o povo da bíblia, significava andar com Deus, como bons amigos. moral da história: a espiritualidade é desenvolvida na rotina diária.

em hebraico, “adorar” também significa “trabalhar”. Para os israelitas, as atividades do dia a dia também faziam parte da religião e eram oportunidades de honrar a Deus.

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Fontes: Thorleif Boman, Hebrew thought compared with greek (Norton, 1970); Marvin r. Wilson, our Father Abraham (Eerdmans, 1989); _______, “Hebrew thought in the life of the church”, The living and active word of God (Eisenbrauns, 1983); Jacques Doukhan, Hebrew for Theologians (University Press, 1993); Ferdinand o. regalado, Hebrew thought: its implications for adventist education (Universidade Adventista das Filipinas, 2000); Daniel Lopez, doutorando em linguística pela UFF-rJ e professor de Filosofia da Educação na UFrJ; rodrigo P. Silva, graduado em filosofia, arqueólogo e doutor em Teologia; site <www. ancient-hebrew.org/12_thought.html>.

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Design Éfeso Granieri

Básica

Genocídio, na Bíblia?

Texto Eduardo Rueda Imagem Fotolia

De inocentes, eles não tinham nada

Muitos acusam Deus de ter promovido o genocídio (assassinato ou atentado contra grupos de pessoas) no Antigo Testamento. Os que afirmam isso se baseiam especialmente na destruição dos povos de Canaã (Dt 20:16-18). Dizem que um Deus de amor (se é que Ele existe) jamais iria ordenar a morte de milhares de seres humanos inocentes. Mas será que é mesmo assim? O primeiro problema é a palavra “inocentes”. Os cananeus eram famosos por sua crueldade. Eles até mesmo queimavam bebês vivos em seus rituais (Lv 20:1-5; 2Rs 23:10; 16:3). A imoralidade e a violência dos povos de Canaã era algo absurdo. Ao destruir os cananeus, Deus, na verdade, estava praticando um ato de justiça. Além disso, Deus nunca executa Seus juízos sem, antes, dar a oportunidade de arrependimento. No caso dos povos cananitas, Deus deu a eles pelo menos 400 anos para que se abandonassem de seus crimes (Gn 15:13, 16). Nesse período, por meio de Abraão e seus familiares, os habitantes de Canaã tiveram ampla oportunidade de conhecer o Deus verdadeiro. Anos depois, souberam de tudo o que Ele havia feito com os egípcios e como havia protegido milagrosamente aqueles que O seguiram (Js 2:9-11). Mesmo assim, preferiram continuar em sua rebeldia, a tal ponto de não terem mais salvação. Se aquelas pessoas sobrevivessem, infec­tariam Israel com sua depravação moral, e sua influência seria altamente nociva. A maneira pela qual Deus poupou a vida de Raabe e sua família (Js 6:25), bem como a dos gibeonitas (Js 9:3, 24-26) – que eram cananeus –, mostra a disposição que Ele tem para perdoar. Certamente, caso tivessem se arrependido, Deus teria poupado também a vida dos demais habitantes de Canaã. Lembra-se do caso de Jonas em Nínive (Jn 1–4)? Todos os juízos de Deus são misturados com amor e graça. Fontes: William Lane Graig (www.reasonablefaith.org/slaughter-of-the-canaanites); Norman L. Geisler, Manual de dúvidas, enigmas e “contradições” da Bíblia, Josué 6:21 (Mundo Cristão, 1999); Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia, “Julgamento divino”, p. 911, 912 (CPB, 2011).

Curiosa 28243 – Conexão 03/2013

Texto Eduardo Rueda Imagem Fotolia

Viagem no tempo

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Tente imaginar a seguinte situação: suponhamos que a Terra seja fixa, esqueça então os meios de transporte de hoje e imagine-se num foguete viajando pelo espaço na velocidade da luz, 300 mil quilômetros por segundo (a nave espacial mais rápida da atualidade atinge a velocidade de 16 quilômetros por segundo; nosso foguete, portanto, ainda é mera hipótese). O que acontecerá? O tempo passará mais devagar 22 |

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para você, a bordo, do que para os outros “terráqueos”, mas você não irá perceber. Sob a influência da velocidade, não só seu relógio andará mais devagar, mas também seu coração trabalhará em ritmo menor. Na verdade, seu coração continuará batendo o mesmo número de vezes que batia na Terra, mas a cada minuto passado no espaço nessa velocidade, terão corrido quatro ou cinco no velho planeta. Fantástico? Veja isto então: Pense no que acontecerá quando você voltar, imaginemos, cinco anos depois, de acordo com o seu relógio. Caso tenha um irmão gêmeo, ele terá idade

suficiente para ser seu pai! Incrível! Parece mentira, mas não é. Essa experiência, conhecida como Paradoxo dos Gêmeos, foi comprovada em 1971 em uma experiência com relógios atômicos. Ela tem a ver com a Teoria da Relatividade de Albert Einstein. Antigamente, acreditava-se que o tempo fosse absoluto, mas Einstein provou que ele não tem sempre o mesmo valor. Seu fluxo depende da velocidade com que um corpo se desloca. Loucura? Não, Física! Fontes: Bernhard Lesche, Teoria da Relatividade (Livraria da Física); Enciclopédia Conhecer (Abril), v. 1, p. 148; sites controversia.com.br e hypescience.com

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Ponto de vista Texto Alex Machado Ícones Fotolia

Fuzil

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ECUMENISMO

Bang! Bang! As armas de fogo surgiram na China. Tudo começou com a descoberta da pólvora, no século 9, e seu uso para fins militares. No século 14, foram feitos os primeiros canhões de bronze. Duzentos anos depois, apareceu o mosquete, ancestral do fuzil – lento e com péssima pontaria. No século seguinte, com o fuzil de pederneira, a pontaria melhorou, mas a situação ainda era precária. Só em 1884 é que foi inventada a primeira metralhadora. Nos últimos 30 anos, quase 800 mil pessoas morreram vítimas de disparo, só no Brasil, país do...

Futebol Se o objetivo era polemizar, ela conseguiu. Regina Casé, no programa Esquenta!, exibido pela TV Globo no fim de março, reuniu representantes dos mais variados segmentos religiosos. Havia um padre, um rabino, uma percursionista batista, um pastor da Igreja Sara Nossa Terra e diversos adeptos da umbanda, do candomblé e de outras religiões de matriz afro. O programa suscitou diversos comentários nas redes sociais e trouxe à tona um tema bastante discutido nos últimos meses: o ecumenismo – termo que define o movimento de unificação das religiões, especialmente das igrejas cristãs. Por ser um assunto polêmico, principalmente entre os religiosos, separamos três posições.

Não

Em defesa daquilo que acreditam ser a pura e verdadeira fé, as Testemunhas de Jeová rejeitam qualquer envolvimento no ecumenismo. Para elas, é impossível juntar crenças religiosas diferentes, pois, quando pessoas de diferentes religiões se reúnem para orar pela paz, por exemplo, cada um busca o deus (ou deuses) em que acredita. Eles explicam que a paz mundial não pode ser obtida pelo ajuntamento de todas as formas de fé, mas pela aceitação pública da única fé verdadeira.

Sim

No site do World Council of Churches (Concílio Mundial de Igrejas) é possível visualizar inúmeras igrejas que se tornaram membros desse órgão ecumênico mundial, como a Igreja Evangélica de Confissão Luterana, a Igreja Metodista e a Igreja Presbiteriana Independente. A Igreja Católica também tem tomado diversas iniciativas para unir as comunidades eclesiais cristãs. Para o Papa Francisco, o discurso ecumênico é essencial em um mundo de divisões e rivalidades.

Depende

A Igreja Adventista do Sétimo Dia entende que alguns dos frutos do movimento ecumênico são aceitáveis, tais como: a promoção do diálogo inter-religioso e da liberdade religiosa e a remoção de preconceitos. No entanto, os adventistas rejeitam qualquer tentativa ecumênica que possa resultar na relativização da fé, na perda de sua identidade e no desvio de sua missão.

Praticado atualmente por cerca de 30,4 milhões de brasileiros – incluindo profissionais e atletas de fim de semana –, o futebol é um dos esportes mais populares no mundo. No Brasil, uma partida entre amadores e com regras livres recebe o nome de pelada, racha, rachão ou baba, dependendo da região. O primeiro jogo de futebol no país, aconteceu em São Paulo, na região do atual Parque...

Dom Pedro II Também chamado de o Magnânimo, foi o filho mais novo do Imperador Dom Pedro I e da Imperatriz Maria Leopoldina. Seu pai é lembrado até hoje pelo famoso grito de “Independência ou morte!”, em 7 de setembro de 1822, que rompeu os laços com o Império Português, explorador do...

Pau-brasil Sua presença era abundante até o século 16. Mas, com a chegada dos portugueses, teve início a extração predatória da árvore. A madeira era vendida para o mercado europeu e transformada em móveis, e seu extrato era usado na produção de corante vermelho. A exploração do pau-brasil foi feita às custas dos indígenas, que não tinham fuzil, não jogavam futebol e até hoje lutam pela independência.

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Texto Eduardo Rueda

Do fuzil ao pau-brasil

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Tudo ligado

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Fontes: Revista A Sentinela (1/6/2010); Declarações da Igreja (CPB, 2003); sites das Testemunhas de Jeová (wol.jw.org/pt/wol/d/r5/lp-t/2010410?q=ecumenismo&p=par); do Concílio Mundial de Igrejas (oikoumene.org); da Igreja Luterana (luteranos.com.br/conteudo.php?idConteudo=19165); do G1 (g1.globo.com/mundo/novopapa-francisco/noticia/2013/03/papa-francisco-promete-seguir-dialogando-com-outras-religioes.html); e da Acta Científica (unasp-ec.com/revistas/index.php/actacientifica/article/view/12).

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Imagine

Texto Jefferson Paradello Ilustração thiago Lobo

...se a música clássica se tornasse pop Se a melHor referência que você tem da música clássica é o som do “caminhão do gás” ou a melodia tediosa de uma sala de espera de consultório, esse texto pode ajudar você a perder esses traumas. imagine se as obras de mozart e Beethoven, por exemplo, bombassem no Youtube como gangnam Style? não se assuste. esse não é um cenário apocalíptico. na verdade, você perceberá que algumas coisas na vida poderiam ser diferentes e melhores se você – e o restante da população – tivesse mais contato com a música erudita.

direção deFensiva

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Quem é adepto da direção defensiva, deveria selecionar melhor o tipo de música que escuta no rádio do carro. os que gostam de rock, por exemplo, tendem a visitar a oficina com mais frequência. É sério. Pelo menos é o que aponta uma pesquisa realizada pela Populus com 2 mil motoristas da grã-bretanha, dos quais 31% já se envolveram em algum tipo de acidente. enquanto aqueles que preferem o jazz constumam abusar da velocidade, quem ouve música erudita fica mais calmo enquanto dirige, diminuindo assim as chances de colisão.

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Menos cÂncer de MaMa

Pode parecer esquisito, mas a música clássica não serve apenas para agradar os ouvidos dos mais exigentes ou ser usada como trilha sonora de filme épico. Um estudo desenvolvido no programa de oncobiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) constatou que quando células de câncer de mama são expostas à Quinta Sinfonia de beethoven, aquela do “pam-pam-pam-pam”, a tendência é que elas diminuam e morram. Depois de “ouvirem” a obra, 20% delas vieram a óbito. o plano dos pesquisadores é criar sequências sonoras que ajudem a combater a doença de forma menos tóxica.

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CLASSICAL IN RIO

Há quem ainda considere a ideia de que a música de concerto é parte da cultura de elites. Já foi, mas isso lá atrás. Hoje, os esforços de muitos maestros e instrumentistas estão concentrados na popularização do estilo. O que inibe as pessoas a frequentarem as salas é, muitas vezes, a falta de informação. Para reverter isso, as rádios ajudariam muito. Embora a maioria das 2.602 emissoras brasileiras continuem a priorizar gêneros como pop/rock e sertanejo universitário, os mais tocados no Sul e Sudeste em janeiro deste ano, algumas dão mais espaço para a música erudita, como a Cultura FM de São Paulo. Se houvesse uma mudança musical radical, faltariam salas de concerto e o Brasil sediaria um Rock in Rio da música clássica.

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a mil á am dio

No quesito diversidade musical, o Brasil é um país rico. Gêneros como a Bossa Nova brotaram daqui. Mas o trabalho de muitos compositores permanece “enterrado”, principalmente os da música erudita nacional. Mesmo aqueles que ganharam o mundo, como Carlos Gomes e VillaLobos, são pouco lembrados. A popularização do estilo poderia incentivar o surgimento de novos músicos e composições, projetando a produção brasileira nas salas internacionais. Para tanto, facilitar o acesso à cultura erudita é o primeiro passo. Publicar edições com partituras, por exemplo, é um bom começo. Fontes: 101 Essential Lists on Managing Behaviour in the Early Years, de Simon Brownhill, Clare Gratton e Fiona Shelton (Continuum, 2006); Driving Music Survey (populus.co.uk); oncobiologia.bioqmed.ufrj.br; João Luiz Sampaio, jornalista e; Parcival Módolo, maestro.

Melhor do que falar sobre música é ouvi-la. Por isso, separamos para você em nosso site um dos concertos de Robert Schumann, interpretado pela Orquestra Filarmônica de Roterdã com participação do pianista brasileiro Nelson Freire, um dos mais requisitados do mundo.

Para saber +

Programa Encontro com o maestro, da rádio Cultura FM de São Paulo [cmais. com.br/encontro-com-o-maestro]

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COMPORTADINHO DESDE CRIANÇA

Lembra daquele seu amigo que dava um trabalhão para a professora na pré-escola? Ele seria outro se tivesse ouvido Mozart na sala de aula. É o que defende o livro 101 Essential Lists on Managing Behaviour in the Early Years, escrito por acadêmicos da Universidade de Derby, na Inglaterra. Segundo eles, crianças entre 3 e 7 anos que ouvem as obras do compositor austríaco, especialmente nas aulas de matemática, ficam mais calmas e apresentam melhor desempenho escolar. A música também pode reverter comportamentos agressivos, funcionando como uma espécie de terapia. Para saber se funciona, faça o teste com seus priminhos que não param quietos.

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Ação Mude seu mundo

Texto Gabriela Frontini Design Marcos Santos

Lição de vida Aprenda

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Estudantes do Brasil e do exterior encaram jacarés, malária e longas viagens de barco para atender os ribeirinhos da Amazônia

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Embarque no vo

Quando em 1931, o casal de missionários norteamericanos passaram a prestar assistência médica aos ribeirinhos da Amazônia, eles não imaginavam que 80 anos depois, seu trabalho continuaria a inspirar jovens de várias partes do mundo. A enfermeira Jessie e o engenheiro Leo Halliwell construíram uma clínica móvel em uma lancha, que batizaram de Luzeiro 1. O barco – que media 11 metros de comprimento por 3,5 de largura – era a casa e o consultório 26 |

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dos missionários. A bordo do “Anjo Branco”, como era chamada a lancha pelos nativos, o casal socorreu 50 mil ribeirinhos e índios ao longo de vários anos de trabalho. Para atender a bacia amazônica, eles chegaram a navegar quase 20 mil km por ano. Durante o dia, Leo e Jessie prestavam atendimento médico e educacional, à noite, ensinavam sobre um livro preto e seu principal personagem: o até então desconhecido Jesus. Foi assim por anos e anos, inclusive com seus sucessores. O projeto cresceu, foi implantado em outras regiões do Brasil e chegou a ter 16 lanchas trabalhando simultaneamente. Ilustração sobre foto divulgação da ACEAM


Porém, de 1998 a 2009, a Igreja Adventista do Sétimo Dia não investiu mais nas lanchas, ficando o trabalho a cargo apenas de médicos, dentistas e profissionais voluntários. Mas em 2010 a luz voltou a brilhar com a inauguração da lancha Luzeiro 26, agora sob os cuidados da ADRA Brasil, ONG adventista que atua na região em parceria com a Asvam (Ação Social Voluntária da Amazônia). Espírito voluntário É nesse contexto que vive Thaínne de Oliveira. Assim que se formou em enfermagem, ela sentiu o desejo de servir a Deus e ao próximo como voluntária. Fez sua inscrição no Serviço Voluntário Adventista (voluntariosadventistas.org) e foi aprovada. Em pouco tempo, Thaínne foi chamada para servir na Comunidade Rosa de Sarom, a 160 km de Manaus.

Veja duas matérias da TV Novo Tempo sobre o projeto Aventura Solidária e uma entrevista com o mentor do programa, pastor Landerson Santana.

Para saber +

adra.org.br/aventura-solidaria-amazonia Desafio nas águas (CPB, 2009)

Aventuras na selva Ela passa grande parte do tempo na lancha, sujeita a tempestades, ataques de jacarés e doenças como malária e febre amarela. Nesse contexto desafiador, Thaínne diz estar vivendo uma nova dimensão de sua espiritualidade, um profundo relacionamento com Deus. É na fé que ela encontra motivação para recuperar dedos de nativos mutilados por arraias e jacarés e ensinar noções básicas de planejamento familiar para as mulheres da comunidade. Promover o uso de anticoncepcionais é um desafio para um local em que é comum ter dez filhos sem qualquer condição financeira para isso. Além de atuar como enfermeira durante a semana, Thaínne é responsável por receber, hospedar e alimentar, aos fins de semana, o grupo de voluntários que atende na comunidade. Isso inclui lavar roupa de cama no rio e começar a preparar o desjejum caprichado, sem eletrodomésticos, às 4h30 da manhã, com bolo, torta, pães e sucos. Há vagas Projetos de curta duração costumam atrair estudantes e univeristários de todo o Brasil e de algumas partes do mundo. Interessados na biodiversidade da Amazônia e no intercâmbio cultural, em 2012, foi a vez de um grupo de universitários australianos passarem dez dias por lá. Eles doaram um gerador de energia e construíram um pequeno abrigo de madeira para o equipamento, além de novos banheiros para a comunidade. Também ensinaram um pouco de inglês e aprenderam, o que foi possível, de português. O projeto do qual os voluntários da Austrália, Estados Unidos, Canadá e Brasil já participaram é o Aventura Solidária. O programa é realizado duas vezes por ano e em cada edição procura atender a necessidades específicas de comunidades carentes, deixando um legado de solidariedade. jul-set

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no voluntariado

Essa é uma das 32 vilas atendidas pela lancha Luzeiro 26. Logo na entrada da comunidade, bem próximo à margem do rio, é possível ver o templo adventista e a sede local da ADRA Brasil. Energia elétrica ali é luxo, apenas das 18h às 22h, quando o gerador fica ligado. Thaínne é mineira de Aimorés, mas deixou o conforto da família para ajudar o próximo. Ela foi voluntária por 1 ano e 8 meses até ser contratada por uma das sedes administrativas da Igreja Adventista em Manaus.

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Lição de vida

Texto Luciana Santana Ilustração Carlos Seribelli

Down é normal

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A convivência com portadores da síndrome ensina que diferença é questão de perspectiva

Aprecio a diferença, mas devo admitir que muitas vezes não é fácil encará-la. Sempre que me deparo com o não ser semelhante, sou levada a refletir, em conflito. Às vezes também, quando não paralisada pelos meus próprios pensamentos, sou impulsionada a agir. É uma sensação de viagem para fora de mim mesma, que exige atitude, ameaça minha zona de conforto e gera inquietude. Tudo isso me faz, de repente, entender que o diferente pode estar mais próximo da normalidade do que eu, que, como outras milhões de pessoas estou longe do ideal de humanidade. Reflexões como essas são benéficas. A coisa complica quando fico paralisada na minha “normalidade”.

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Diferença, uma perspectiva Ao pé da letra, segundo o dicionário Aurélio, o termo “diferente”, aplicado à matemática “é o resto, o que fica após a diferença ou subtração de dois números”. Em outras palavras, a sobra. Como a matemática é sempre exata, e a vida precisa de molejo, recorri a mais uma definição: “Caráter que distingue um ser do outro, uma coisa da outra. Falta de igualdade ou semelhança.” Sim, ela é diferente! Chama a atenção no meio da maioria de iguais, mas para seus familiares ela não é a sobra, é única. Não é resto, exótica ou anormal, é apenas peculiar. Falo da Aline Soares! Super articulada, ela faz amizade por onde passa. Entre um beijo, um abraço, uma conversa e expressando sinceridade rara, ela constrói muito bem seus círculos sociais.


Incentivo que vem do berço “Mãe, você não queria ter sua filha? O que você fez durante a gravidez, não desejou sua criança?” Foram com esses questionamentos inapropriados, feitos por uma médica, que Inês recebeu a notícia de que seu bebê tinha síndrome de Down. Após o susto, recolher-se seria o natural. Mas, com seu marido, Dêra (Hideraldo), ela iniciou, a partir daquele momento, uma luta pela inclusão. “Para mim, minha filha é normal! A gente sofre preconceito sim, mas não me importo. São pessoas que precisam amadurecer”, conta o pai. “A Aline é uma jovem que precisa de atenção, mas que aos poucos e com muita paciência está sendo inserida na sociedade. Lutamos muito, corremos atrás de tratamentos que fizeram com que ela se desenvolvesse e se comunicasse melhor. Isso tudo foi muito importante para o amadurecimento dela”, revela Inês. O desenvolvimento pessoal e a inclusão do portador de síndrome de Down é uma luta que deve ser abraçada principalmente pela família. “Existe uma rejeição natural do mundo para com os diferentes, e eles sofrem por isso. Cabe à família fazer com que eles se sintam acolhidos primeiramente no lar. Eu batalho para que a Aline seja respeitada como qualquer ser humano merece. Mas apenas a vontade não basta. Percebemos que precisaríamos preparar o caminho para que nossa filha andasse com as próprias pernas. E nossa luta com fonoaudiólogos, fisioterapeutas e diversos profissionais foi para dar essa autonomia a ela”, relembra Inês. Trabalho mais humanizado Dona de um bom humor peculiar, Aline tem sonhos como qualquer outro jovem. No trabalho, na sede administrativa da Igreja Adventista, em São José dos Campos, SP, sua responsabilidade é montar kits

de estudos bíblicos que serão enviados pelo correio. “Aqui eu monto estudos bíblicos que vão para a casa de pessoas que desejam conhecer melhor a Bíblia. Sempre que posso, escrevo cartinhas que vão juntas na correspondência”, descreve Aline. A garota de 20 anos é beneficiada pelo amadurecimento do mercado de trabalho brasileiro para as políticas de inclusão social. Segundo a Lei nº 8.213/91, as empresas com mais de cem funcionários precisam preencher de 2% a 5% de seu quadro de servidores com pessoas portadoras de necessidades especiais. De acordo com Gilvan Correa, administrador do escritório que contratou a Aline, a inclusão ainda é uma barreira. “Quando rompemos essa barreira conseguimos entender alguns fatores importantes. Para o universo dela, nós também somos diferentes. As diferenças são minimizadas quando participamos de um grupo que aceita as pessoas como são. Isso agrega valores a qualquer empresa”, avalia. Inclusão mútua Não satisfeito com a contratação da Aline, Gilvan buscou a assessoria de uma psicóloga para acompanhar o processo inicial de inclusão da garota com a equipe de trabalho. “Fiquei muito surpreso quando percebi que o foco do estudo da inclusão da Aline não era ela, mas os demais colaboradores”, revela. Após alguns dias, segundo Gilvan, o grupo foi reunido para ouvir o relatório da psicóloga. “Aprendemos que a diferença da Aline para nós é que ela tem um cromossomo a mais. Ela funciona como uma caixa transparente, o que é por dentro, é por fora. Nós é que somos uma caixa fechada, nem tudo o que pensamos, acabamos falando. Hoje, a presença da Aline humanizou nosso ambiente de trabalho”, garante Gilvan. Já para a Aline, o que vale mesmo é viver sem o sentimento de rejeição. Ela não quer ser o resto, muito menos ser mais uma em meio à multidão. Trabalha para fazer a diferença, não se importando em ser diferente. “Amo o que faço, amo meu trabalho. Tenho amigos, sou sempre bem aceita e quero aceitar a todos também”, conclui Aline.

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Seu hobby? Escrever cartas anônimas com mensagens de motivação para pessoas que ela não conhece, mas ajuda com seu trabalho, no qual atua com carteira assinada há três anos. Com as próprias mãos miúdas, fofinhas e diferentes, Aline está sempre disposta a somar, multiplicar, até dividir, mas nunca subtrair.

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No nosso site, veja as edições dos programas Conexão Jovem e Educação dedicadas aos portadores da síndrome de Down.

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Para saber +: fsdown.org.br

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Aprenda

Texto Eduardo Rueda Imagem © Fergregory | Fotolia

Como escolher sua profissão A escolha profissional é uma das decisões mais importantes da vida. Se você ainda está em dúvida quanto ao que quer ser “quando crescer”, a Conexão 2.0 preparou algumas dicas pra você tomar a decisão certa. Conheça a si mesmo

Descubra quais são seus pontos fortes, suas habilidades, as coisas de que você mais gosta e as que detesta. Pense em como seria trabalhar nesta ou naquela profissão. Então, separe as carreiras que têm mais ou menos a ver com seus ideais.

pesquise sobre profissões

Procure saber como é o dia a dia dos profissionais, quanto ganham e se há perspectivas no mercado para sua área de interesse. Compre um guia de profissões ou pesquise na web. Além disso, converse com quem já trabalha no ramo; visite locais de trabalho, faculdades e workshops.

Tenha visão de longo alcance

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Não vá na onda dos chamados “cursos em alta”. Vivemos num mundo globalizado, e o que hoje está na moda, amanhã, pode não estar mais. Além de estar pronto para mudanças, é preciso tentar prever as necessidades do mercado lá na frente.

Combine trabalho e lazer

Veja a possibilidade de associar seus gostos e hobbies à sua carreira. Ter prazer no que faz tornará sua profissão bem mais atraente, e o desempenho será bem melhor.

Seja flexível

Já foi o tempo em que alguém escolhia uma profissão pra vida toda. Atualmente, um profissional fica em média cinco anos em um mesmo emprego. E, para continuar no mercado, é preciso se especializar (pós-graduações, novos cursos, etc.). Por isso, aprenda a ser flexível e se adaptar.

Procure ajuda especializada

Se mesmo com essas dicas, você ainda se sentir confuso, é hora de procurar ajuda profissional. Um orientador vocacional ou um coach de carreira ajudará você a identificar seu perfil e o orientará a escolher a melhor opção.

Busque a direção do alto

Pensou que nosso papo sobre profissões não tinha nada a ver com fé? Engano! A melhor dica para acertar na escolha de sua carreira é buscar a orientação de Deus. Podemos fazer planos, mas quem conhece nosso futuro e potencial é Ele (Pv 16:1).

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Fontes: José Roberto Marques, presidente do IBC (Instituto Brasileiro de Coaching); Cristiano Stefenoni, jornalista e consultor de carreira; Marly L. Timm, mestre em Educação, com especialização em Orientação Profissional; Marcos Brogna, gestor de comunicação do projeto OPEE (Orientação Profissional, Empregabilidade e Empreendedorismo).

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Sara Campos/ Foto: William de Moraes

Preparar

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Para o Vestibular Formar Para a Vida

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Explore todos os benefícios do seu material complementar!

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