Revista Fé para Hoje Número 39, Ano 2013

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preservada, a balança se inclinou cada vez mais em favor de obediência e piedade subjetivas, e, assim, a justificação foi subordinada à santificação. Quando o arminianismo ganhou forças, um novo legalismo (identificado pelos círculos reformados como “neonomianismo”) entrou nas igrejas comprometido formalmente com a doutrina evangélica e produziu uma suspeita da pregação de eleição e justificação como motivações para o “antinomianismo”. Depois de ler a obra A Serious Call to a Devout and Holy Life (Uma Chamada Solene a uma Vida Piedosa e Santa), de William Law, John Wesley se convenceu de que o calvinismo remanescente na Igreja da Inglaterra impedia um avivamento genuíno da piedade interior e o discipulado comprometido. Embora Wesley viesse, por fim, a abraçar a doutrina da justificação, ele ficou preocupado com que a justificação levaria à licenciosidade, se não fosse subordinada à santificação. Nas colônias americanas, o Grande Despertamento, sob a liderança de Jonathan Edwards e George Whitefield, proclamaram as boas novas da graça justificadora de Deus em Cristo. Entretanto, na época do Segundo Grande Despertamento, uma teologia contrária se tornou a teologia operante de muitos grupos protestantes na nova república. A igreja é uma sociedade de reformadores morais, disse o seu principal evangelista, Charles Finney. Se o calvinismo era verdade, como poderia haver qualquer transformação genuína da sociedade? 34 | Revista f é pa r a h o je

Os críticos de Finney o acusaram de pelagianismo – a antiga heresia que ensinava, em essência, que não nascemos inerentemente pecaminosos e que somos salvos por seguir o exemplo moral de Cristo. Indo além dos erros da Igreja de Roma, a Teologia Sistemática de Finney negava explicitamente o pecado original e insistia em que o poder da regeneração está nas mãos do próprio pecador, rejeitava qualquer noção de uma expiação vicária, em favor da influência moral e de teorias de governo morais, e considerava a doutrina da justificação pela justiça imputada como “impossível e absurda”.2 No que diz respeito ao complexo de doutrinas que ele associava com o calvinismo (incluindo o pecado original, a expiação vicária, a justificação e o caráter sobrenatural do novo nascimento), Finney concluiu: “Nenhuma doutrina é mais perigosa do que esta para a prosperidade da igreja, e nada é mais absurdo”. “Um avivamento não é um milagre”, ele declarou. De fato, “Não há nada na religião que esteja além dos poderes comuns da natureza”.3 Ache os métodos mais proveitosos (“estímulos”, ele os chamou), e haverá conversão. “Um avivamento declinará e cessará”, Finney alertou, “se os cristãos não forem frequentemente reconvertidos”.4 No final de seu ministério, quando Finney considerou a situação de muitos que ha2  Charles G. Finney, Systematic Theology (Minneapolis: Bethany, 1976), p. 320. 3  Charles G. Finney, Revivals of Religion (Old Tappan, NJ: Revell, n. d.), pp. 4-5. 4  Finney, Revivals of Religion, p. 321. Ênfase no original.


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