O que revela o espaço escolar?

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corredor

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deve ter torcido o nariz contra a invenção, falando que seria um espaço que não serviria para nada; imagina gastar dinheiro com isso, fazer paredes, teto, chão, que bobagem! Mas, sabe-se lá como, quem criou a moda conseguiu. E nem ficou famoso, nem nada. Um gênio anônimo. O tal local precisava de um nome. E essa pessoa precisava fazer propaganda do lugar, para convencer os outros. Teve uma ideia. Resolveu dizer que, por ali, era mais rápido, mais fácil. — Olha que maravilha, gente! Corram, corram! É muito mais rápido, um verdadeiro “corredor”! — Foi uma espécie de plano de marketing da invenção, sabe como é? Dizem que a propaganda é a alma do negócio. Mas é meio proibido correr em corredores, não? Experimente sair desembestado num corredor de escola, de algum escritório ou coisa que o valha, para ver o que lhe acontece. Você, além de ser considerado um maluco, vai levar a maior bronca da turma atrás das paredes do corredor. É claro, pensem. Um corredor não existe por si só. Está rodeado de coisas atrás das paredes. Salas de aula, banheiros, refeitórios. São espaços de circulação, não existem sem os outros espaços. São como as ruas das cidades, interligando as nossas casas com as casas dos nossos vizinhos, as lojas, a Prefeitura, só que numa escala menor. E, se fazemos tanta campanha para que a nossa cidade seja bem cuidada e sinalizada, se não gostamos de gritos, bagunça e buzinas, porque atrapalham nosso sossego e trabalho, temos que fazer o mesmo com nossos corredores. Mantê-los disciplinados, organizados e limpos. Só uma coisa, não inventa. Não é preciso colocar faróis e faixa de pedestres por ali. Aproveite-os da melhor maneira. Ou pense num jeito diferente. Bom, que tal dar uma corridinha ali e olhar de novo? E lembrei-me até de uma charadinha: o que é que anda, anda e não sai do lugar? Corredor!


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