Jornal Domingo em Casa 13ª ediçao

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Domingo Casa 13De Deouturo agosto De 2011 15 Domingo emem Casa • 2•a78aDe LUIZA DANTAS/CARTA Z NOTÍCIAS

maldades na gaveta

instantâneas Sergio adora improvisar durante as gravações. Em “Morde & Assopra”, os “tapinhas” no bumbum entre Marcos e Cleonice, de Vera Mancini, surgiram nos ensaios e foram acatados por Walcyr Carrasco. “É o tipo de autor que preza por manter uma relação próxima com o elenco. Quando ele gosta de algum improviso, leva isso para o texto”, anima-se. Sergio teve a mesada cortada quando informou ao seu pai que seria ator. A solução foi trabalhar como modelo para pagar a escola de teatro. O primeiro contato de Sergio com a atuação foi aos 15 anos. Na época, ele interpretou Dante Alighieri em uma montagem escolar de “A Divina Comédia”.

asceNsão “Morde & Assopra” é a terceira novela das sete que Sergio Marone participa: ele esteve em “Cobras & Lagartos”, de 2006, e “Caras & Bocas”, de 2009

Interpretar um vilão é o desejo de quase todo ator. E a teledramaturgia brasileira tem um bom histórico de malvados que dominaram suas tramas. Ao passar a última década a limpo, Sérgio Marone acredita que os dois vilões que interpretou no período foram fundamentais para sua carreira. O primeiro foi em “Paraíso Tropical”, trama de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, exibida em 2007, onde o ator deu vida ao inescrupuloso Humberto. “O primeiro vilão é sempre inesquecível”, valoriza. No entanto, foi com o oportunista Nicholas, de “Caras & Bocas”, que o ator pôde trabalhar pela primeira vez os contrastes da comédia e da maldade em um mesmo papel. “Foi um personagem difícil. Tinha de ficar sempre em cima do muro”, analisa Sergio, que se espantou com a popularidade do vilão na época em que a trama foi exibida. “Mesmo sendo arrogante, antipático e narcisista, ele era carismático e engraçado. O público chegou a torcer por ele em alguns momentos”, relembra.

Para fazer a diferença No ar em “Morde & Assopra”, Sergio Marone avalia seus 10 anos de carreira na tevê Por Geraldo Bessa TV Press Diversificar personagens é uma meta para Sergio Marone. Ciente de seus atributos físicos e da padronização recorrente de atores e papéis na televisão, ele tenta direcionar sua carreira para tipos heterogêneos, sem se importar com o tamanho desses personagens nas tramas. “Já fui mocinho, vilão, hippie, rico, drogado, paraplégico. Estou sempre disposto a encarar bons trabalhos. Não importa se vou aparece muito ou não. Quero apenas desenvolver uma história interessante”, garante. Atualmente, em “Morde & Assopra”, o ator divide-se entre a comédia e o drama para dar vida a Marcos, o iludido filho de Salomé, de Jandira Martini. Os risos são provocados pela dependência

materna excessiva, que faz com que Marcos feche os olhos para as vilanias da mãe. No entanto, quanto mais próximo ele fica de Salomé, seu casamento com Natália, de Carol Castro, torna-se cada vez mais complicado. “Uma hora o Marcos vai se cansar disso e cortar o cordão umbilical. Ele já começou a enxergar que a mãe realmente não presta. É difícil chegar a essa conclusão. Mãe é mãe, né?”, questiona. “Morde & Assopra” é o segundo folhetim consecutivo de Walcyr Carrasco no qual Sergio atua. O primeiro foi “Caras & Bocas”, de 2009, onde ele deu vida ao vilão Nicholas. Uma das coisas que mais o instigam na atual trama das sete é a convivência com a atriz Jandira Martini. Natural de São Paulo e “cria” das oficinas do experimental grupo Tapa e do Teatro

Escola Macunaíma, o ator cresceu acompanhando a carreira da atriz e escritora nos palcos. “Além de ser bem divertido, é uma honra. Ela é uma grande dama do teatro paulista e se mostra muito generosa em cena”, elogia. O interesse de Sérgio pelo teatro sempre existiu. Tanto que ele não lembra exatamente quando surgiu a vontade de se dedicar a esse universo. Sabendo dos riscos e incertezas da profissão de ator, Sergio chegou a cursar direito, ao mesmo tempo em que trabalhava como modelo. Até que surgiram as primeiras peças e a estreia na tevê com “Estrela Guia”, em 2001. “Este ano completo 10 anos de televisão. Mudei bastante, aprendi algumas coisas. Mas ainda preciso de novos desafios e oportunidades”, ressalta o ator de 30 anos.

Mesmo satisfeito com a construção de sua carreira na tevê, Sergio aproveita o tempo que não está nas novelas para se reciclar no teatro e no cinema. Com o fim de “Morde & Assopra” em meados de outubro, ele já arquiteta sua volta aos palcos e “sets”. Junto com a companhia de teatro Fodidos e Privilegiados, o ator se prepara para encenar a remontagem de “Escravas do Amor”, de Nelson Rodrigues, com estreia prevista para o início do ano que vem. O projeto chega ao teatro para comemorar o centenário do nascimento do dramaturgo. Além disso, na contramão da falta de convites para fazer filmes, Sérgio comprou os direitos do romance “Jesus Kid”, de Lourenço Mutarelli, e pretende acumular as funções de produtor e ator coadjuvante da adaptação do texto para o cinema. “O livro é reche-

ado de humor ácido e fala sobre a relação do mercado editorial com o cinema, uma atividade que mistura arte e dinheiro como nenhuma outra”, ressalta. Intercalar os trabalhos na tevê com peças e filmes é também uma tática para Sérgio diminuir sua exposição nos sites e revistas de fofoca. “A fama tem de ser entendida como a consequência de um trabalho e não como um objetivo”, filosofa. Visivelmente incomodado com a figura do “ator-celebridade”, Sergio acredita que a constante exaltação da cultura de celebridades tira a naturalidade do ator, característica fundamental na construção dos personagens. “É um tema complicado. O maior exercício do ator é a observação. Como observar o outro se o observado é sempre você?”, indaga.


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