Diário do Comércio

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DIÁRIO DO COMÉRCIO

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

5 NADA A DIZER Dilma não confirma permanência de Mantega, considerada certa.

olítica

NADA A DISCUTIR Paulo Bernardo reafirma proposta de R$ 540 para o salário mínimo

Andre Dusek/AE

Dilma não confirma, mas Mantega fica Presidente eleita deve consolidar desejo manifestado por Lula semana que vem, e todo o seu ministério até o dia 15 de dezembro. Um dirigente do PT lembrou que a escolha da equipe econômica não passa pelo crivo de partidos e, portanto, pode ser divulgada antes das demais pastas.

nutenção de Mantega no comando da Fazenda. Segundo a Folha, Dilma preferia trocar a presidência do Banco Central (BC), mas diminuiu sua resistência em manter Meirelles porque está preocupada com uma piora da economia mundial e seus efeitos no Brasil bem no começo de seu governo. Ela voltou de Seul, onde participou de reunião do G20 (que reúne as maiores economias do mundo), disposta a reavaliar a sugestão de Lula para manter Meirelles no BC. Dilma gosta de Mantega, a quem sempre tratou por "Guidinho" quando era ministra da Casa Civil. No governo, ele sempre se aliou a Dilma na defesa da política desenvolvimentista, mesmo tendo embates com o então ministro da Fazenda Antonio Palocci, no primeiro mandato de Lula. Nada a declarar – O presidente não quis responder às perguntas da imprensa sobre a possível permanência de Mantega no futuro governo. Tanto na entrada quanto na saída do Palácio do Itamaraty, onde reCelso Júnior/AE - 10.12.09

A

pós duas horas e meia de reunião com a presidente eleita Dilma Rousseff, o ministro Guido Mantega (Fazenda) deixou a Granja do Torto, ontem, sem falar com a imprensa. Além de Dilma e Mantega, também estavam presentes o chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, e o assessor da petista, Giles Azevedo, cotado para ser chefe de gabinete do próximo governo. Mesmo em meio às especulações sobre a sua continuidade no cargo, o ministro preferiu deixar a Granja do Torto sem falar nada. Ele também cancelou uma viagem que faria para São Paulo, onde teria atividades internas da pasta. Em sua edição de ontem, a Folha de S. Paulo informou que o ministro da Fazenda foi convidado a permanecer à frente do ministério no próximo governo – o que ainda não foi oficialmente confirmado, embora todo os rumores em Brasília apontem nesta direção. Dilma pretende anunciar a equipe econômica em bloco na

Mantega: permanência no cargo deve ser anunciada por Dilma

I nf lu ên ci a – Lula e Dilma discutiram uma lista de nomes que a presidente eleita pretende convidar para montar o primeiro escalão, mas nada foi divulgado até agora. Em reunião na terça-feira à noite, no Palácio da Alvorada, Lula voltou a defender a ma-

Em segredo: Dilma participa de reunião com assessores, mas não referenda nome do ministro da Fazenda

cebeu o presidente da Zâmbia, Rupiah Banda, Lula não quis falar com a imprensa. Ao ser questionado, em duas ocasiões, desconversou e apelou para o futebol: pediu que todos torcessem para o Timão que, segundo alerta dele, vai precisar da torcida. 'Justa' – O economista e exministro da Fazenda Antônio Delfim Netto disse ontem que o ministro Guido Mantega é um conhecedor da economia do Brasil e que ele fez um bom trabalho à frente do ministério. Por isso, Delfim Netto afirmou achar "justa" uma eventual manutenção de Mantega no cargo. "Eu acho ótimo. Ele tem coragem para tomar decisões e racionalidade para escolhêlas", afirmou. Delfim Netto participou ontem de um evento na Câmara de Comércio Americana (Amcham) que discutiu propostas de reforma tributária.

Não sei. A definição [de ministérios] é prerrogativa da presidenta eleita. E o PT tem as suas instâncias. JOSÉ EDUARDO DUTRA, PRESIDENTE DO PT

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse considerar "excelente" a possibilidade de que o ministro da Fazenda seja mantido no cargo. "Acho excelente. Quem sou eu para dar palpite?", afirmou, durante coletiva, após se reunir com centrais sindicais. Questionado sobre sua própria permanência, Bernardo disse não ter nenhuma expectativa de ficar.

"Acho que Dilma deveria renovar o máximo possível", comentou ele. O ministro também foi questionado sobre se aceitaria um convite de Dilma para ficar no cargo. Bernardo, então, sorriu e respondeu: "Vou pensar". Mic roem presa – O presidente do PT, José Eduardo Dutra, um dos coordenadores do governo de transição, informou ontem, que, por enquanto, a presidenta eleita deverá criar apenas um ministério: o da Micro e Pequena Empresa. Em reunião com a bancada de senadores eleitos, afirmou que Dilma deverá compor um "governo plural, com a participação de vários partidos". Dutra evitou falar em nomes e em prazos, especialmente sobre a equipe econômica. "Não tenho informações. A definição de ministérios é prerrogativa da presidente. E o PT tem as suas instâncias", disse. (Agências)

Bernardo às centrais: mínimo é R$ 540 Michel Filho/AOG

Ministro diz que proposta não muda, apesar da pressão sindical por R$ 580

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ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, reafirmou ontem que o governo vai manter a proposta de elevar o salário mínimo para R$ 540 em 2011, apesar da pressão das centrais sindicais para elevar este valor para R$ 580. O ministro disse que deverá haver nova rodada de negociação com as centrais na próxima terça ou quarta-feira, em Brasília, e que espera que o acordo seja fechado até meados de dezembro. De acordo com ele, o valor de R$ 540 segue o critério do acordo fechado com as centrais sindicais em 2006, com validade até 2023, de corrigir o mínimo pela inflação do ano anterior e pela variação do PIB de dois antes. "Nós manifestamos para as centrais que consideramos o acordo vitorioso e exitoso. Ele garantiu um aumento real de 60% para o mínimo durante o governo Lula, ajudou a alavancar o mercado interno, o comércio, a economia e ajudou a aplacar a crise econômica", afirmou. Para o ministro, se as centrais quiserem modificar a política de reajuste do mínimo, terá de ser discutida a criação de um novo critério. "Mas se é para manter, tem de fazer a conta e ver no que dá", ressaltou. De acordo com o ministro, o presidente Lula manifestou decepção pelo fato de que o acordo ainda não se tornou lei e precisa ser votado todos os anos por meio de medida provisória. Segundo ele, Lula teria dito que iria consultar a presidente eleita Dilma Rousseff caso ela deseje "fazer alguma inflexão na política do mínimo". Sobre a afirmação do senador Gim Argello (PPB-DF), que teria dito em reunião realizada anteontem, em Brasília, que há espaço para elevar o mí-

nimo a R$ 560 ou R$ 570, Bernardo disse que o Congresso seguirá aquilo que for acordado entre o governo e as centrais. Ele ironizou o fato de que a reunião realizada a portas fechadas teria vazado para a imprensa. "Nós somos um governo notável. Nos reunimos e transmitimos online. Foi quase uma coletiva. Só faltou perguntas dos jornalistas", disse. Insistência – O secretáriogeral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, mais conhecido como "Juruna", disse ontem, em São Paulo, que as centrais sindicais insistirão na proposta de um salário mínimo de R$ 580.

"Isso eu acho que é uma questão de pressão das centrais sindicais. Eu acho que não basta o governo agradar apenas aos partidos aliados, sem atender a população em geral. Nesse aspecto, eu acho que ainda há condições de negociação", disse. "Acredito que nós deveríamos pensar num número positivo de aumento real, uma vez que quanto melhor o mercado interno, melhor para o País em geral". Bingos - "Juruna" disse também que a Força Sindical é favorável à regulamentação dos bingos no País. Alguns deputados, como Sandro Mabel (PR-GO) e Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, ligado à central, pressionaram o Michel Filho/AOG

Ministro Paulo Bernardo (acima) reuniu-se ontem com líderes sindicais como Arthur Henrique, da CUT (abaixo, à esquerda) para reiterar: apesar de estar aberto a novas rodadas de negociação, governo entende que já tem acordo firmado desde 2006 com entidades e espera que o assunto seja sacramentado até meados do ano que vem

Nós manifestamos para as centrais que consideramos o acordo [sobre o mínimo] vitorioso e exitoso. PAULO BERNARDO, MINISTRO DO PLANEJAMENTO "Como já foi dito pelo relator do Orçamento no Congresso, senador Gim Argello (PTBDF), há condições de se dar esse aumento", disse, em referência à reunião de anteontem durante a qual o parlamentar admitiu que o governo tem uma margem de manobra e poderia chegar a um valor de R$ 570, apesar de a proposta oficial do governo ser de R$ 540. Embora grande parte dos prefeitos do País seja contra esse aumento, que afirmam não terem condições de repassar ao funcionalismo público municipal, "Juruna" disse que o governo tem de agradar à população e não apenas aos partidos aliados.

governo pela legalização dos bingos, alegando que poderiam usar parte dos recursos do jogo para ampliar verbas da saúde e na aprovação da Emenda Constitucional 300, que oferece piso salarial de R$ 3,2 mil para policiais militares e bombeiros nos Estados.

"A Força é a favor [da legalização dos bingos], primeiro pela questão do emprego, e segundo porque isso poderia também aumentar a arrecadação de impostos", afirmou, ressaltando que as demais entidades sindicais não concordam com a sugestão.

A p o s e n t a d os – De acordo com o secretário-geral da Força Sindical, no encontro de ontem não seria discutida a proposta de aumento da remuneração dos aposentados que ganham acima do mínimo. "O combinado é voltar a discutir isso depois", disse.

O vice-presidente da Força Sindical, Miguel Torres, acrescentou que a entidade pretende negociar o reajuste da tabela do Imposto de Renda (IR) com a administração federal. "Neste ano, 99% das categorias tiveram aumentos entre 7% e 9% e muitos trabalhadores isentos do pagamento de IR entrarão na faixa para pagar. Então, queremos uma solução", disse. A proposta da Força é que o reajuste no IR acompanhe a inflação e fique em torno de 5%. (AE/Folhapress)


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