Revista Movimento Nº 30

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Mala Direta Postal

Básica 9912264507/2015-DR/PE CREMEPE

CORREIOS

Revista das entidades médicas de Pernambuco – Ano XIII – Nº 30 – Jan/Fev/Mar 2016

A Saúde segue ladeira abaixo Enquanto o Governo corta as verbas, quem sofre é o povo

Cremepe e Simepe Entrevista com História e saúde em campanha pelas Mário Fernando juntas no Sítio da crianças desaparecidas Lins, da CEHM Trindade

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Nº 30 • Ano XIII • Jan/Fev/Mar 2016

Editorial

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primeira edição da revista Movimento Médico de 2016 traz uma matéria especial de capa sobre a triste situação da saúde pública em Pernambuco. O corte e o atraso de verbas por parte do Governo Federal e do Governo de Pernambuco têm provocado sofrimento e transtornos à população do Estado. Leitos e UTIs estão sendo fechados, as emergências estão superlotadas e muitos pacientes esperam meses para se submeter a uma cirurgia e muitas vezes morrem sem conseguir atendimento. Sem falar também dos pacientes vítimas de câncer que sofrem para marcar uma consulta e muitos vezes não conseguem o tratamento de quimioterapia e/ou radioterapia por causa do sucateamento das máquinas. E essa situação se agrava mais ainda quando se trata das UPAs e dos três hospitais metropolitanos construídos para desafogar a rede pública do Recife: o Miguel Arraes, em Paulista, o Pelópidas Silveira, no Recife, e o Dom Hélder Câmara, no Cabo de Santo Agostinho. A finalidade dessas unidades de saúde não foi atingida exatamente por falta de dinheiro dos governos federal e estadual. O resultado é a redução de UTIs, a falta de medicamentos, a desativação de leitos e a diminuição no número de cirurgias. Diante desse quadro, há de se concluir que aumentou ainda mais a diferença de atendimento entre os usuários do SUS e os que utilizam o sistema privado. Para o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco, o mais lamentável é saber que todos os avanços que haviam sido alcançados nos últimos anos não foram preservados. E quem mais sofre é a população que depende da rede hospitalar pública para cuidar da saúde.

Capa: foto de Jarbas Araújo

EXPEDIENTE CREMEPE Presidente: Sílvio Rodrigues Vice-presidente: André Dubeux Assessoria de Comunicação: Mayra Rossiter - DRT/PE 4081 e Joelli Azevedo - DRT/PE 5401 Estagiária: Priscilla Fernandes SIMEPE Presidente: Mário Jorge Lôbo Vice-presidente: Tadeu Calheiros Assessoria de Imprensa: Chico Carlos - DRT/PE 1268 e Natália Gadelha - DRT/PE 4947 Estagiária: Luciene Rodrigues AMPE Presidente: Helena Carneiro Leão Vice-presidente: Anacleto Carvalho Coordenação Editorial: Nair Cristina Assessoria de Imprensa: Antônio Gomes - DRT/PE 3689 FECEM Presidente: Amaro Gusmão Guedes Coordenação Editorial: Sirleide Lira Assessoria de Imprensa: Antônio Gomes - DRT/PE 3689 APMR Presidente: Carlos Tadeu Leonídio Vice-presidente: João Carlos Leitão Albuquerque Redação, publicidade, administração e correspondência: Rua Conselheiro Portela, 203, Espinheiro, CEP 52.020-030 - Recife, PE – Fone: 81 2123 5777 www.cremepe.org.br Projeto Gráfico/Arte Final: Luiz Arrais - DRT/PE 3054 Tiragem: 15.500 exemplares Impressão: CCS Gráfica e Editora Coordenação Editorial: Sílvio Rodrigues Conselho Editorial: Sílvio Rodrigues, José Carlos Alencar e Ricardo Paiva. Todos os direitos reservados. Copyright © Conselho Regional de Medicina Seção Pernambuco Todos os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião da revista.

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JARBAS ARAÚJO

Sumário

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Entrevista

JARBAS ARAÚJO

Com Mário Fernando Lins, presidente da Comissão Estadual de Honorários Médicos

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Capa

Editorial

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Opinião

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Entrevista

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Capa

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Notícias do CFM

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Patrimônio

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Fecem

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Cremepe

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Simepe

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APMR

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Ampe

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Academia

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Patrimônio A beleza histórica do Sítio da Trindade, no Recife

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Seções

HANS MANTEUFFEL

A falta de dinheiro para custear a Saúde em Pernambuco

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Cremepe Campanha pelas crianças desaparecidas tem apoio de entidades médicas


JARBAS ARAÚJO

Opinião Fernando Oliveira*

egundo dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) estima-se que por ano no Brasil aproximadamente 30 mil crianças desaparecem do convívio do lar e cerca de 20 milhões são traficadas pelo mundo. A maioria delas encontramse nas periferias das grandes cidades e em condições socioeconômicas desfavoráveis. Estes números têm preocupado as entidades médicas, por isso, o Conselho Federal de Medicina na presidência de Dr. Carlos Vital, através da comissão de ações sociais, coordenada por Dr. Ricardo Paiva iniciou uma campanha a nível nacional junto aos conselhos regionais em prol das crianças desaparecidas. O movimento de resgate a crianças desaparecidas, com a elaboração de uma cartilha orienta a sociedade civil como evitar e proceder em casos de desaparecimentos. O folheto explica que desde cedo a criança deve saber o seu nome completo e telefone dos responsáveis; não aceitar alimentos na rua; não fornecer nenhum tipo de informações a qualquer estranho que se aproxime. Já aos responsáveis cabe realizar o mais precoce possível a elaboração da carteira de identidade além de ficar atentos ao que a criança visualiza na internet. Mesmo diante de todos os cuidados para evitar os desaparecimentos, caso a situação ocorra, a lei já assiste o procedimento de busca. Com a aprovação da lei federal 11.259/2005 a denúncia da criança desaparecida deve ser realizada imediatamente diante da suspeita para que a polícia faça um boletim de

GOOGLE IMAGENS

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Acolhimento à criança e ao adolescente

ocorrência. Os responsáveis também podem ligar para o disque 100 (ligação gratuita) que funciona 24 horas e também procurar o conselho tutelar. Se possível devem divulgar o mais rápido possível uma foto da criança nas redes sociais, televisões e jornais. O movimento teve destaque no estado de Pernambuco. O Conselho Regional de Medicina de Pernambuco, na presidência de Dr, Sílvio Rodrigues, imediatamente criou uma câmara temática de acolhimento à criança e ao adolescente para tratar do assunto de crianças desaparecidas. As ações começaram no dia 25 de maio de 2015, Dia Internacional da criança desaparecida, visando orientar a população e principalmente os médicos quando desconfiarem, no atendimento, de casos suspeitos. A iniciativa teve o apoio do governo do Estado de Pernambuco, prefeitura do Recife e da liga de pediatria da Universidade de Pernambuco (UPE). Essa parceria resultou na sensibilização das primeiras damas do estado, Dra. Ana Luiza Câmara e da primeira dama do Recife, Dra. Cristina Melo para a criação de uma comissão para elaborar propostas sobre o assunto. A partir desta comissão, em outubro de 2015, foi promovido um

ato no Palácio do Campo das Princesas onde foi assinado um decreto estadual com a presença de representantes do governo e entidades médicas para a criação de uma rotina no sentido de agilizar a busca de crianças desaparecidas em Pernambuco. Envolvido com a temática, o Cremepe convidou representantes do governo de Pernambuco e prefeitura do Recife a fazer uma visita ao Serviço de Investigação de Crianças desaparecidas (Sicride), no Estado do Paraná, referência nacional. Durante a visita, o grupo foi muito bem acolhido pela delegada Dra. Nilcéia Ferraro e sua equipe que forneceu dados e informações do funcionamento do seu serviço. Tivemos como resultado a elaboração de um relatório da polícia Civil de Pernambuco na importância da melhor adequação da Delegacia de Proteção a Crianças e a adolescentes (DPCA), e do município no apoio social quando do resgate dessas crianças. Questões relacionadas a crianças vulneráveis precisam ser prioridade para a nossa sociedade. Pequenas ações e campanhas podem salvar vidas, por isso, esperamos que dessa forma o Cremepe no seu papel social possa contribuir para a redução do número de crianças desaparecidas no estado de Pernambuco e melhorar as informações das causas dos desaparecimentos para que possamos agir preventivamente. *É conselheiro do Cremepe, pediatra e presidente da câmara temática de acolhimento a criança e ao adolescente do Conselho.

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MÁRIO FERNANDO LINS PRESIDENTE DA COMISSÃO ESTADUAL DE HONORÁRIOS MÉDICOS

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JARBAS ARAÚJO

ENTREVISTA


“Os nossos governantes estão entregando a Saúde em mãos erradas” Médico, presidente da Comissão Estadual de Honorários Médicos de Pernambuco, Mário Fernando Lins fala sobre o SUS, a Saúde Suplementar e sobre a luta por melhores condições de trabalho e remuneração para os profissionais da categoria | Entrevista a Mariana Oliveira*

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cardiologista e conselheiro do Cremepe é um dos nomes da Comissão Estadual de Honorários Médicos de Pernambuco, formada por integrantes do Conselho, do Sindicato dos Médicos, da Associação Médica de Pernambuco e da Associação Médica Brasileira. O grupo tem desenvolvido um importante trabalho na luta pela equalização dos honorários médicos junto às operadoras de planos privados de saúde. O trabalho pioneiro e relevante realizado em Pernambuco levou Mário Fernando Lins à coordenação da Comissão Nacional de Honorários Médicos da AMB e ao convite para participar da Comissão Nacional de Saúde Suplementar e da Comissão Nacional de Cooperativismo Médico, ambas do CFM. Segundo ele, as ações da Comissão Estadual têm sido fundamentais na busca por um equilíbrio entre os vários atores envolvidos no sistema de saúde suplementar. Nesta entrevista, o médico traça um panorama do setor, fala das leis que o regulam, das mais recentes conquistas e do modo utilizado pela equipe para negociar junto às operadoras, sempre com o pensamento em recuperar as perdas dos médicos, além de tecer alguns comentários sobre o SUS brasileiro.

A ideia com essa entrevista é fazer um RX do sistema suplementar hoje no Brasil. Qual seria o objetivo da saúde suplementar e como está o cenário nacional? O papel precípuo da saúde suplementar, como o próprio nome revela, é uma complementação aos serviços de saúde

pública, que tem no Sistema Único de Saúde (SUS) o responsável pelo atendimento da população brasileira. Em nossa avaliação, o SUS é o maior programa de inclusão social do planeta. Não existe nenhum país no mundo, com mais de 100 milhões de habitants, que tenha um programa como o nosso. Foi a Constituinte de 1988 que o idealizou e tornou possível um atendimento universal ao povo brasileiro. Porém, faltou um detalhe fundamental: determinar de onde sairiam os recursos para a sua manutenção. Para uma necessidade mínima atual de 118 bilhões de reais/ano o SUS recebeu, em 2014, R$ 92,6 bilhões, para cuidar da saúde de 80% da população brasileira. Esses dados são relevantes porque o SUS, não só atende a grande maioria da população brasileira, como financia 100% dos transplantes de órgãos sólidos, tais como: coração, pulmão, fígado, pâncreas (exceção para os transplantes de rim que, por entrar recentemente para o ROL da ANS, estão sendo realizados, ainda que de forma tímida, por algumas operadoras de planos privados de saúde), todo o resto é 100% SUS, bem como todos os programas de vacinação / prevenção de DST / AIDS, HPV, Gripe, Poliomielite, Tétano. entre outros. Esses R$ 92,6 bilhões de reais, contingenciados pelo Ministério da Saúde em 2014, foi tudo que o SUS teve para prestar assistência à saúde a cerca de 151 milhões de brasileiros. O SUS foi inspirado no modelo de saúde pública do Reino Unido, só que lá, se aplica seis vezes mais recursos que por aqui.Fato preocupante e que causa revolta é que, ao longo dos úl-

timos nove anos, se deixou de aplicar R$ 171 bilhões de reais no SUS, dinheiro que estava lá disponível e, por absoluta falta de preparo e inciativa dos gestores – leia-se: prefeitos e secretários de saúde – de muitos municípios bem como por falta de uma ação de fiscalização efetiva por parte do Governo Federal, jogou-se pelo ralo uma fortuna que deveria ter revertido na melhoria das condições de saúde do maltratado povo desse País. Fica a pergunta: A quem interessa toda essa dinheirama ter retornado aos cofres da União, sem ter sido utilizada de forma adequada? Talvez seja o momento de começarmos de onde estamos e planejarmos o SUS que queremos, viabilizando o possível de uma forma mais justa e eficiente para todos. Vamos falar agora na Saúde Suplementar. Até junho deste ano de 2015, o setor tinha arrecadado, segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), cerca de R$ 125 bilhões de reais, para cuidar de 25% da população brasileira. São 55 milhões os usuários de planos privados de saúde no país em uma população de 202 milhões de almas. Desse total, cinco milhões são de planos odontológicos, o restante é de planos médico-hospitalares. Hoje, somos cerca de 420 mil médicos em atividade no país e, aproximadamente 160 mil, os que prestam serviços às operadoras de planos privados de saúde. Vamos repetir: 160 mil médicos, atendendo a 50 milhões de pessoas.

Seria interessante que o senhor detalhasse as diferenças entre planos e operadoras e também a forma como é

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ENTREVISTA

segmentada a saúde suplementar brasileira? De fato, é importante distinguir o que é operadora e o que é plano. A operadora é uma empresa que administra seus produtos, os chamados planos de saúde. Existe operadora que tem cerca de 680 planos de saúde distintos. Quando a mídia veicula a informação de que a ANS proibiu a comercialização de dez planos de uma determinada empresa, que tem cerca de 680 produtos, isso não impede que ela continue comercializando os outros que compõem a sua vasta carteira, nesse exemplo específico, ainda restam mais 670 modalidades a serem vendidos sem maiores percalços. Quanto aos segmentos, precisamos diferenciar. São quatro: a) o das Cooperativas de trabalho médico, ou seja, as Unimeds e Cooperativas de especialidades médicas ; b) aqueles ligados à Abramge), como a Amil, Golden Cross, Hapvida entre outras; c) a Unidas, formada por empresas de autogestão as quais gerenciam e acolhem planos de instituições que não visam o lucro, como por exemplo os Correios, a Fachesf, Camed Saúde a Cassi – essas, por não atuarem de forma mercantil, usualmente estabelecem uma relação mais próxima com as Comissões de Honorários Médicos e, por fim, d) o grupo ligado à FenaSaúde – Federação Nacional das Seguradoras de Saúde, a qual inclui a Sul América, o Bradesco, Itaú, Allianz, etc... A particularidade dessas últimas é a possibilidade do reembolso, o que não é contemplado pelos outros segmentos.

Qual a operadora que mais cresce hoje no Brasil e em que setor ela está?

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Na minha opinião, a Saúde não deveria ser explorada para o lucro por ninguém. O SUS deveria funcionar em sua plenitude” As empresas vinculadas à Abramge e à FenaSaúde têm se destacado. Este ano, o Bradesco Saúde ultrapassou a Amil em número de usuários. A Amil era a maior com cerca de 6 milhões de beneficiários. Ao ser comprada pela United Health, maior operadora de planos privados de saúde do mundo (181 milhões de usuários); houve a opção de reduzir algumas das suas carteiras, com a finalidade de melhor se adequar ao mercado brasileiro.

Quais são as leis que regulam o setor? As Unimeds são regidas pela Lei das Cooperativas, a 5.764, de 1971, porém têm uma peculiaridade: como comercializam planos de saúde privados, ficam sob a égide de leis que são específicas para regular as operadoras de planos privados de saúde, a Lei 9.656, de 1998, e a Lei 13.003, de 2014 que modifica a 9.656. Essas duas últimas regulam todos os segmentos de venda de planos privados de saúde.

Quais os avanços trazidos pela 9.656/98. Qual a sua relevância para a população?

A Lei 9.656/98 regula especificamente os planos individuais e coletivos, porém, os planos empresariais seguem uma demanda de regulação pautada pelo mercado; as suas carteiras funcionam como apólices de seguro. Essa é uma das razões pela qual, poucas operadoras se interessam em vender plano de saúde individual. Os planos individuais são reajustados anualmente por um índice determinado pela ANS, esse ano de 2015 foi 13,5%, além dos reajustes permitidos por aumento da faixa etária. Frequentemente as operadoras alegam que esses ajustes não são suficientes para cobrir os custos e, por isso, a retração na oferta desses planos, Antigamente, antes da Lei 9.656 de 1998, se reajustava os planos de saúde de forma abusiva, algumas operadoras chegavam a reajustar os valores aplicados às faixas etárias em porcentuais que chegavam a 500% entre o primeiro e último nível de faixa etária (60 anos). Felizmente, hoje isso está devidamente regulamentado pela ANS. Mas as operadoras ainda contam com alguns recursos, como a carência de 10 meses para parto e de cerca de um ano para você poder usar plenamente o plano. Outro fator é a questão do pagamento. Se você atrasar três prestações - não precisa ser necessariamente consecutivas - você pode ter o seu contrato rescindido. As operadoras se queixam muito, mas uma empresa bem administrada, com aplicações do seu capital no mercado financeiro, tem uma boa margem de lucro. Como explicar o fato concreto em que uma grande operadora disponibilizou milhões de reais para financiamento de campanhas presidenciais, se não há um lucro considerável à vista?

E os planos coletivos? Os planos coletivos como já foi dito, ficam um pouco à margem da regulação da ANS para fazer os ajustes que acham necessários, são como apólices vendidas para um grupo de pessoas, que respondem de acordo com o uso dessa carteira: a sinistralidade – um porcentual que se aplica no total do que se arrecada nessa apólice. Vamos a um exemplo: se uma apólice capta um milhão de reais / mês, ela pode gastar até 750 mil por mês para ser rentável. Um gasto acima desses 75% “acende a luz amarela” e as partes são convocadas a fim negociar um novo ajuste. Ou seja, a ideia é sempre trabalhar dentro de um porcentual de lucro. Mas é muito fácil de


você perceber o óbvio: enquanto houver muitas pessoas jovens nessa apólice, ela será rentável, vai usar 50%, 60%, 65%, ultrapassou os 75%, vai se negociar uma forma em geral desfavorável para os usuários, e aplicar-se um índice, para voltar aos 70-75%. O que foi pago no período em que a carteira estava no azul, vai direto para o bolso dos acionistas, não tem jeito, inexoravelmente, chega o momento em que a carteira está composta por muitas pessoas idosas, que utilizarão cada vez mais os recursos dessa carteira e o custo vai lá para a estratosfera. O aumento proposto fica proibitivo para boa parte desses usuários, justamente na hora em que eles mais precisam, os custos das parcelas os obriga a ter de deixar o plano por absoluta impossibilidade de desembolsar o valor exigido pela operadora para a manutenção da apólice. Isto é desumano. É a face cruel do capitalismo em sua mais perversa essência.

Qual o papel do governo numa situação como essa? Como cidadão, sou cumpridor das normas. Entendo que o lucro é o principal objetivo de uma empresa que explora o segmento da saúde suplementar, existem Leis que regulam o mercado. Porém, em minha opinião, a Saúde não deveria ser objeto de exploração comercial de nenhum grupo capitalista. O SUS deveria funcionar em sua essência, cumprindo o seu papel e a Carta Magna que, no seu artigo 196 reza: Saúde, direito do cidadão, dever de Estado. A cerca de 12 anos, em um entrevista ao vivo para um programa de TV local, eu provoquei um dos entrevistados – um ex-governador de Pernambuco – presente ao evento, com o seguinte argumento: que bastava uma lei para resolver o problema da saúde e da educação no Brasil. O parlamentar, ao tomar para si o dever de cuidar da coisa pública. Assume a obrigação de cuidar da coisa pública. Sendo assim, todo homem público - e seus parentes em primeiro grau, de acordo com essa proposta - deveriam ser obrigados a utilizar somente os sistemas de saúde e educação públicos. A fiscalização seria feita pelos suplentes, pelos conselhos de classe, associações, imprensa e pela própria população. A penalidade para quem não seguisse a regra seria apenas a perda do cargo ou do mandato. Acredito que assim o olhar dos responsãveis sobre esses dois importsntes

O governo é o poder moderador, ele não pode deixar a saúde privada como está, correndo solta. Em alguns momentos, o Estado precisa intervir” ministérios mudaria bastante e para melhor. A saúde sem nenhuma dúvida, é o mais frágil e precioso de todos os bens; e a educação: a mãe de todas as conquistas da humanidade. Sempre que vou negociar com alguns prefeitos escuto deles que estão “gastando” muito com saúde e educação. E sempre os corrijo: o termo adequado é: “investindo”. Cuidando da saúde e educação do seu munícipe todos só têm a ganhar. Sem saúde e educação não se vai a lugar nenhum. É preciso implementar medidas efetivas na prevenção das doenças. Infelizmente o despreparo, a má gestão e o desconhecimento dos mecanismos para o uso racional dos recursos disponibilizados para a saúde e educação, dificulta ainda mais a utilização dos minguados recursos ofertados pelo governo central. Na verdade, os nossos governantes estão entregando a saúde em mãos erradas. O governo é o poder moderador, ele não pode deixar a saúde privada como está, correndo à solta. Não se deve e não se pode proibir a livre iniciativa, o empreendedorismo, as inovações e a fome

de conhecimento são inerentes da raça humana. Porém, em alguns momentos, o Estado precisa intervir. Medicamentos essenciais estão saindo de circulação porque a indústria farmacêutica - os grandes laboratórios - entende que, por ser muito barato, determinado produto ou medicamento não vale à pena ser comercializado. O Governo Central não pode permitir isso. Tem que chegar para a indústria e dizer: “se vocês suspenderem a produção desse medicamento sem um embasamento técnico-científico, eu inviabilizo você de vender o remédio ou cosmético mais caro de sua linha de produção”. É preciso proteger os interesses da nação, o povo está precisando; infelizmente determinados medicamentos estão desaparecendo das prateleiras das farmácias por ter um preço muito baixo a exemplo da Penicilina Benzatina, Essa medicação é fundamental para tratar a febre reumática. Na ausência dela, teremos que lancer mão de outro antibiótico muito mais caro para a profilaxia dessa doença. Então, o governo precisa entrar imediatamente e pra valer nessa luta.

E qual o ganho e a inovação da lei 13.003, do ano passado? A 13,003 de 2014 foi sancionada em 24 de junho, entrou em vigor 180 dias depois, em 22 de dezembro, e já está valendo. Ela modifica a 9.656, estabelece o reajuste periódico dos honorários médicos e a contratualização dos prestadores de serviço. Isso é superimportante porque agora nós temos uma lei que evita aquele processo de - “credencia e descredencia”, “reajusta não reajusta” - que dá muita insegurança ao profissional, e que também

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ENTREVISTA

estabelece reajustes anuais com base na inflação. Essa lei prevê o reajuste periódico e a livre negociação entre os atores. Só quando surgir um impasse que não seja adequadamente solucionado entre as partes é que a ANS será acionada para mediar e estabelecer o índice do reajuste.

Esses ajustes valem, então, daqui para frente. Mas e os anos anteriores, quando os prestadores não tiveram ajustes. Como vocês estão trabalhando nessa questão? Existem defasagens históricas. O problema teve deu início entre os anos de 2000 a 2012. Neste período, a inflação foi de 125,55% e o reajuste permitido pela ANS, para as operadoras repassarem aos planos inviduais, foi de 170,78%. Isto é, mais de 45% acima da inflação; foi o porcentual que as operadoras conseguiram lucrar na ocasião. Infelizmente os médicos que prestavam serviços ao segmento da Abrange não tiveram, na prática, nenhum aumento nos seus honorários no período aqui citado. A FenaSaúde e a Unidas repassaram alguma coisa para os seus prestadores, mas a Abrange nada. Isso desestabilizou o sistema. Então além de brigar pela aprovação da Lei 13.003/14, que garante os reajustes e a contratualização a partir de agora, também estamos lutando para resgatar, as imensas perdas do período. Atualmente, o sistema se encontra bastante desequilibrado, principalmente em desfavor dos médicos..

Quais as situações gritantes que a Comissão Estadual de Honorários Médicos encontrou e como vocês propõem a negociação com as operadoras?

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É importante esclarecer a essência da palavra “honorário”: o que honra quem o recebe. Os nossos honorários não estão condizentes com a complexidade e a responsabilidade do nosso trabalho ” Precisamos da participação do especialista em todas as etapas das negociações. Sabe quanto se pagava por uma colposcopia - exame fundamental na prevenção do câncer de colo do útero? R$ 32,00. Você acha que é justo um medico, com anos a fio de formação, atender por esse valor? Um exame que é operador-dependente, que precisa ter alguém experiente, competente, operando o colposcópio, e quando esse médico se depara com alguma lesão suspeita, ele é obrigado a fazer uma biópsia, - procedimento recomendado - tem que usar um hemostático, droga que para o sangramento. Um vidro de Hemogin, medicação utilizada nesses casos, custa R$ 71,00. Logo, ele está pagando para trabalhar. Sabe quantas clínicas que realizavam esse procedimento fecharam nos últimos três anos, em Pernambuco? Dezessete – todas por problemas financeiros. Fazendo umas contas por alto, poderíamos afirmar que

cerca de 70 médicos deixaram de fazer o exame de colo do útero só no grande Recife. Foi aí que nós, da Comissão de Honorários Médicos intervimos. Indagamos as operadoras se elas queriam prevenir ou tratar câncer de colo de útero. Mostramos que parte da responsabilidade era deles, o fato das usuárias estarem tendo cada vez mais dificuldade para realizar esse exame tão importante parte da culpa era deles. A imprensa fez a sua parte, mostrou que a incidência desse tipo de lesão havia aumentado em 26% nesse mesmo período em que as clínicas fecharam. Aí as operadoras viram que tinham que negociar e hoje os valores estão entre R$ 123,00 e 152,00 por procedimento. A mesma coisa com a cirurgia de amígdalas. Eles estavam pagando R$ 80,00 por uma amigdalectomia, cirurgia de grande responsabilidade, geralmente realizada em crianças. Não se opera amídalas sem critério. Existem Diretrizes que indicam que para se operar é preciso critérios científicos que o profissional é obrigado a seguir. Caso a doença não seja conduzida de modo adequado, pode evoluir para uma febre reumática, uma endocardite bacteriana, uma glomerulonefrite difusa aguda. Então indagamos às operadoras, se elas querem remunerar decentemente o médico para que ele faça a cirurgia, ou se preferem tratar essas complicações. Conversando, ouvindo os colegas da área, negociamos valores em torno de R$ 206,00. Estamos atuando nos “gargalos”. Existem aqueles procedimentos que estão em patamares que podem ser reajustados tendo como base valores um pouco acima da inflação; outros de tão defasados, precisam de uma escada e, existem alguns, que só dá para ir de elevador porque a desproporção é tão grande que estão na iminência de desaparecer. Encontramos uma situação em que se pagava o absurdo de R$ 80,00 por um teste ergométrico, desse total, R$ 20,00 era a remuneração do médico que executava o exame. No caso do RX, se pagava R$ 14,00, o médico que dava o laudo recebia R$ 1,80, quase dez vezes menos que o técnico que operava a máquina. Imagina a quantidade de laudos que ele precisava dar por dia para se manter. Então o profissional pensa: “não faço mais RX, vamos direto para a tomografia, para a ressonância”. Ou seja, as operadoras precisam atentar que se eles não querem o desaparecimento do RX, precisam remunerar melhor o


exame. O médico que faz um ultrassom de ovário numa adolescente leva cerca de 40 minutos na realização do exame, e recebia R$ 20,00, dos R$ 60,00 pagos pelo plano. Esse é um dos motivos pelo qual, quando vamos negociar, convidamos o especialista para ir junto, ele que sabe a dinâmica do seu dia a dia e é o elo fundamental para que a gente chegue a um valor justo para todos.

No momento, alguma área em especial está recebendo a atenção da comissão? No momento estamos encaminhando reivindicações dos ortopedistas, já marcamos reunião com os oftalmologistas. É importante esclarecer a essência da palavra “honorário”: o que honra quem o recebe. Os nossos honorários não estão condizentes com a complexidade e a responsabilidade do nosso trabalho. Quando um médico está lutando por honorários é preciso dar a devida atenção ao seu pleito, mais relevância ainda se ele estiver em uma especialidade que utiliza órteses e próteses. Esse médico está dizendo: “eu quero receber pelo meu trabalho, não aceito receber incentivos da indústria por caminhos que não sejam os da ética”. Quando o governo e as sociedades de especialidades não acolhem o médico, a indústria tenta cooptá-lo de forma nem sempre recomendável, com honrosas e raras exceções. Então, se você é convidado para viajar com todas as despesas pagas, para conhecer uma inovação importante ddesenvolvida por um determinado fabricante, se aperfeiçoar, isso é antiético? Não, claro que não, o médico tem direito de se inteirar, de conhecer as novidades na sua área. Mas, a forma como isso é feito é que o fulcro da questão. Para tal, o profissional convidado tem de tomar todas as precauções no sentido de preservar a sua autonomia e integridade ético-profissional. Vale o axioma: “Tudo que é ético é legal, nem tudo que é legal é ético”. Existem resoluções do Conselho Federal de Medicina (1.996/2010) e do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (005/2015) que definem claramente os limites a serem observados pelos médicos. Os governantes precisam estimular seus profissionais investindo em condições estruturantes para a fixação de profissionais brasileiros nas regiões onde existe carência de médicos. Não faltam médicos no Brasil. Precisamos aprovar a PEC 454 de 2009, que prevê a

No caso do RX, se pagava R$ 14,00 por um exame. O médico que dava o laudo recebia R$ 1,80, quase dez vezes menos que o técnico que operava a máquina” criação da carreira de estado para médicos e remunerá-los decentemente. Hoje, algumas prefeituras do interior, chegam a oferecer salários de R$ 20 - 25 mil para os médicos, mas sem qualquer garantia trabalhista; meses de atraso no pagamento, calotes, sem carteira de trabalho devidamente assinada, contratos “de boca”, nenhum direito, nenhum respeito..

E como os médicos podem ajudar nesse processo? A conscientização e a união da categoria é fundamental para atingir as condições ideais que todo profissional almeja. Honorários decentes e locais adequados para a boa prática médica. Temos os instrumentos legais necessários, porém a força vem da categoria unida e comprometida com a causa. Quando nos deparamos com situações de intransigência, procuramos por todos os meios apelar para o bom senso dos nossos interlocutores. O diálogo é de fundamental importância

nesses momentos. Foi esse instrumento o responsável por ter evitado, na década de 60 no século passado, um confronto nuclear entre americanos e russos. Sem diálogo, certamente não estaríamos aqui negociando de forma civilizada. Mas, as vezes – poucas felizmente – precisamos adotar posições firmes na defesa de princípios que visam restabelecer o equilíbrio do sistema. Nesses momentos é preciso agir com prudência e ética, em respeito à vida e aos direitos dos beneficiários, haja vista que o movimento é sempre contra a intransigência de uma empresa e não contra os seus beneficiários. Todas as vezes que suspendemos os atendimentos, preservamos os casos de urgência, emergência, quimioterapia, hemoterapia, radioterapia, hemodiálise, pacientes internados e afins. Porém, o que for de natureza eletiva tem de imediato o seu atendimento suspenso, até que a operadora volte a dialogar conosco.

Esses problemas na rede tem tirado o interesse dos médicos em atuar com os planos de saúde? Estamos percebendo um aumento no número de médicos que deixam as operadoras, passando a atender por reembolso e de forma particular. É fato consumado, cada vez mais ouvimos de colegas que não querem mais permanecer atendendo planos de saúde. Mas, é nosso mister, enquanto Comissão de Honorários, tentar preservar o equilíbrio. Nosso objetivo não é inviabilizar as operadoras. O que queremos? Que os honorários atinjam um patamar que atenda às necessidades da categoria. Que o honorário médico verdadeiramente honre aquele que o recebe.

MOVIMENTO MÉDICO | 9


CAPA

A via-crúcis da Saúde

Crise política e econômica vivida no País tem afetado diretamente as verbas destinadas à área e tornado o cenário ainda mais difícil para profissionais e pacientes | Mariana Oliveira* | Fotos: Jarbas Araújo 10 | MOVIMENTO MÉDICO


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Fechamento da enfermaria de anemia falciforme no Hemope deixou pacientes “internados” na recepção do hospital

osé Ferreira é pedreiro e vive no bairro de Peixinhos, em Olinda. É casado e tem um filho de cinco anos. Recentemente, a criança passou mal na madrugada. Ele e a mulher saíram com o menino para Serviço de Pronto Atendimento Adulto-Infantil (SPA) do bairro, onde funcionava um plantão noturno de pediatria. Ao chegar ao local, encontraram os portões fechados. Há alguns meses a Prefeitura de Olinda encerrou o funcionamento da unidade durante a noite. Eles foram obrigados a buscar atendimento num outro serviço, bem mais distante da sua casa. José sabia que a saúde não andava muito bem. Ele tinha um problema urológico e necessitava de uma cirurgia eletiva. Ela foi agendada, mas uma semana antes terminou cancelada. Segundo o médico que lhe atendia no Hospital Getúlio Vargas, a prioridade eram as emergências, não havia verba nem materiais para realizar os procedimentos eletivos. Na verdade, só restava a ele aguardar que seu problema se tornasse de fato uma emergência. Os problemas no setor também afetavam sua família. Ele tinha um sobrinho que começou tendo uma dor de garganta persistente, a qual não foi tratada como deveria. Terminou, tempos depois, sendo diagnosticado com febre reumática. A doença considerada negligenciada já poderia ter sido erradicada, mas segue atingindo muitas crianças. Sua irmã, a mãe do garoto, sofre com a falta da penicilina benzatina, medicação que o garoto precisa tomar periodicamente. O remédio básico está desaparecendo da farmácia. Seu cunhado, portador do vírus do HIV, também tinha passado por maus bocados recentemente. Quando foi buscar sua medicação no Huoc, ela estava em falta. O desespero foi completo, pois esse tratamento não pode ser interrompido. Na sua rua, há poucos dias, um vizinho havia passado mal, teve que ser encaminhado para um grande hospital para uma cirurgia de emergência. A família pediu aos amigos e conhecidos que colaborassem doando sangue no Hemope. José se dispôs a contribuir e seguiu para o centro de doação, no Derby. Ao chegar lá, não pôde realizar o procedimento porque os serviços estavam suspensos já que os funcionários

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CAPA da limpeza estavam de braços cruzados por falta de pagamento. Não bastasse tudo isso estar acontecendo na Região Metropolitana do Recife, ele estava bastante preocupado com sua irmã (grávida de oito meses), que vive num pequeno município onde a maternidade não funciona por falta de médicos. Seguramente, ela terá que ser levada para outra cidade quando entrar em trabalho de parto. Toda essa história fictícia reflete o cenário caótico da saúde no Brasil que, nos últimos meses, foi diretamente afetado pela crise. As situações apontadas pelo personagem José Ferreira expressam os principais problemas relatados pelos profissionais de saúde com atuação no serviço público ouvidos por esta reportagem. A piora é percebida não só pela população, mas também pelos médicos que estão cada vez mais sobrecarregados, com cortes no plantão, concentração de atendimento, falta de estrutura e de materiais para exercer de forma razoável a atenção à saúde. O secretário de Saúde do Estado, Iran Costa, reconhece que houve um impacto, principalmente devido à redução de verbas. Alguns ajustes administrativos foram necessários para efetuar uma redução de cerca de 5%, isso sem falar nos cortes do próprio Ministério da Saúde. “Ficamos impedidos de abrir outros serviços”, afirma. Para o presidente do Cremepe, Sílvio Rodrigues, a atual crise aumentou ainda mais a diferença de atendimento entre os usuários do SUS e aqueles que utilizam o sistema privado. Todos os avanços que haviam sido logrados nos últimos anos – os quais obviamente não chegaram a resolver os problemas da área – não conseguiram ser preservados diante das dificuldades recentes. “Houve um retrocesso grande nos ganhos sociais. Muitos leitos foram fechados. Nós evidenciamos isso nas fiscalizações que temos realizado. Muitos hospitais reduziram o número de internamentos por fechamento de leitos e também por falta de pessoal. Eles não estão com condições de manter os pacientes ali”, detalha. O fechamento de leitos é um dos problemas vividos pelo Hemope. Recentemente o hospital fechou a enfermaria destinada aos portadores de anemia falciforme, que funcionava no quinto andar. Desde então, os pacien-

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Para Sílvio Rodrigues, presidente do Cremepe, os governos não se preocuparam em manter os ganhos sociais dos últimos anos

Em toda a rede, há problemas de infraestrutura que prejudicam o atendimento

tes com esse problema não encontram leitos no local e estão sendo alocados na recepção do hospital. Segundo a médica Lesbia Siticovsky, a falta de pessoal, especialmente de enfermeiros e técnicos, foi o principal motivo para o fechamento da enfermaria.

Seu setor no Hemope funciona com dois médicos concursados e quatro enfermeiros contratados temporariamente. Segundo ela, esse problema de gestão de pessoal deve causar transtornos na área em breve, já que os contratos desses auxiliares vencem no próximo ano


Lesbia Siticovsky diz que faltam profissionais no Hemope, um problema que só pode ser corrigido com a realização de um concurso público

e o Governo do Estado não tem mais como recontratá-los. “A gente está sentindo hoje o agravamento de um problema que vem se desenhando há anos. Ele só pode ser sanado com a realização de concurso público e com a convocação dos aprovados”, diz a médica. Quando o Hemope foi criado, em 1977, foram alocadas nele 700 vagas para servidores. Ao longo desse tempo, o serviço cresceu muito: onde antes havia dois consultórios, hoje existem cinco, por exemplo. Isso sem falar no aumento da demanda por sangue em todo o Estado. Por isso, deveria ter havido um investimento na ampliação do número de funcionários para gerar um atendimento mais eficiente. Porém, isso nunca aconteceu. Na verdade, alguns serviços antes prestados, como o posto de atendimento no centro, foram sendo fechados e reduzidos. Afinal, quando o Hemope desloca uma equipe para fazer coletas em outros espaços, deixa um

A crise levou à redução do número de leitos, de plantões noturnos, além de evidenciar o grave problema de falta de pessoal e de medicamentos básicos buraco na escala da sede da instituição. “Eu não entendo como se investe tanto na criação de novos hospitais que vão demandar uma grande quantidade de sangue para cirurgias e não se investe na ampliação do banco de sangue do Estado”, pontua Lesbia Siticovsky. O secretário de Saúde afirma ter consciência do

problema e diz ser de conhecimento de todos no governo a necessidade urgente de realização de um pleito para contratação de profissionais no próximo ano.

TERCEIRIZADOS Mas os problemas do Hemope não são apenas esses. Em setembro, a falta de pagamento dos funcionários terceirizados da limpeza levou ao fechamento dos serviços durante um dia. “Eles pararam de trabalhar e nós seguimos funcionando, mas, depois de um dia, era inviável continuar tamanha a sujeira”, lembra a médica. Esse problema com os funcionários terceirizados, principalmente dos setores de limpeza e segurança, chamou a atenção da população nos últimos meses. No Hospital da Restauração, foram os seguranças que cruzaram os braços. “Vivemos momentos de rompimento com essas empresas terceirizadas. Isso é um perigo em serviços como o Hospital Regional do Agreste, Hospital da Restauração, Getúlio Vargas, ou qualquer outro com emergência porta aberta. Isso traz riscos para os pacientes e para os profissionais”, contextualiza Sílvio Rodrigues. Foi também um problema com serviços terceirizados que prejudicou a entrega de antirretrovirais (coquetel contra HIV) pela Secretaria Estadual de Saúde no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc). Entre agosto e setembro, a entrega dos medicamentos enviados pelo Governo Federal, feito pela SaúdeLog, ficou prejudicada devido a atrasos de pagamento. “Esse foi um evento importante no início da crise da saúde aqui no Estado, pois os pacientes com HIV em tratamento não podem interromper total ou parcialmente os remédios. Isso acarreta resistência viral podendo levar a falhas em tratamentos futuros”, destaca a infectologista do Huoc Paula Magalhães. O serviço foi normalizado recentemente, mas, segundo a médica, os profissionais estão sempre apreensivos em relação a novas interrupções na distribuição desses importantes remédios. “Na minha opinião, a entrega não deveria ser terceirizada pois é uma ação muito importante do SUS”, complementa. Segundo Iran Costa, a secretaria tem feito um esforço para evitar esses acontecimentos, negociando e se reunindo com as empresas terceirizadas e remanejando medicações entre os serviços.

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CAPA Segundo o infectologista Carlos Padilha que atua no Hospital das Clínicas e no Imip, também houve falta de antirretrovirais neste último. “Na verdade, eu estou verdadeiramente preocupado com o programa de DST/AIDS. Ele sempre funcionou exemplarmente, mas nos últimos quatro anos tem sido colocado de lado pelo Ministério da Saúde. O orgulho se acabou. Vemos uma falta de sensibilidade muito grande com esses pacientes”, afirma. Os casos de sífilis, por exemplo, aumentaram bastante nos últimos anos. E, para piorar, a penicilina benzatina, medicação mais recomendada para o tratamento desta enfermidade, está em falta em todo país. “Onde tem hoje, amanhã não terá. Dizem que está faltando um elemento para sua fabricação, mas nessas horas de necessidade existem mecanismos para se quebrar, por exemplo, a necessidade de uma licitação. Isso é escandaloso para um governo que diz estar focado naqueles que mais precisam. Na sífilis, nós estamos quebrando um galho com um tratamento inferior. Para essa doença, a penicilina é a primeira, a segunda e a terceira opção”, explica. Ainda no campo da infectologia, o médico lembra a falta do teste de Mantoux para diagnóstico de tuberculose no país todo, além de antibióticos, sedativos para anestesias, vitamina D, entre outros. “Em Pernambuco a farmácia mais deficiente é a do Imip. Falta muita coisa. Um dia desses, deixouse de realizar uma arteriografia por falta de esparadrapo aqui no Hospital das Clínicas. Então, os profissionais se juntam, fazem uma cota aqui, outra ali. Os familiares compram a medicação que está em falta, enfim essa é a nossa situação atual”, diz. Além disso, os médicos contam com o apoio dos outros profissionais para conseguir realizar alguns procedimentos necessários em seus pacientes. “Estava conversando com uma colega sobre uma paciente que precisava de um estudo de LCR. Para conseguir, nós teremos que entrar diretamente em contato com outros serviços. Pedimos arrego mesmo. Lá no Imip, eu encaminhei uma paciente com bócio para o setor de endocrinologia e passaramse dois anos e ela não conseguiu uma consulta. Eu terminei ligando para um

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O infectologista Carlos Eduardo diz que a situação se torna ainda pior devido à falta de perspectiva de melhora

A falta de materiais e medicamentos básicos nas farmácias dos grandes hospitais tem prejudicado os pacientes

amigo meu, que era endócrino, mas que fazia um ambulatório de clínica. Então ele a atendeu lá”, conta Carlos Padilha. No Hemope, os profissionais também se unem para buscar soluções emergenciais para os problemas dos serviços. Segundo Lesbia Siticovsky, os médicos, cansados da falta de cadeiras minimamente decentes para atendimento em consultório, se uniram e compraram algumas novas para esses espaços. Durante o atraso do pagamento dos terceirizados, os funcionários se juntaram e compraram cestas básicas que foram entregues aqueles que estavam há tantos dias sem receber seus vencimentos.

Os médicos também estão sendo atingidos diretamente por essa falta de verbas. Em meados de novembro, por exemplo, por volta do dia 15, o Imip ainda não tinha fechado a sua folha de pagamento, de acordo com o médico Carlos Padilha. Para ele, chama a atenção o fato da instituição estar empreendendo uma grande campanha para construção de um hospital voltado exclusivamente para a oncologia, quando atrasa o pagamento dos funcionários. “Há coisas no Imip que eu não entendo. Penso que eles se preocupam muito com os números. Lá não é esse paraíso todo. Por exemplo, acho que pelo discurso que eles pregam deveriam ser os primeiros a garantir às funcionárias uma licença


DIVULGAÇÃO

sumos”. Na avaliação do infectologista Carlos Padilha, o Hospital das Clínicas da UFPE já viveu piores dias, mas agora a situação continua ruim. Desde que a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebeser) assumiu a gestão do hospital houve algumas mudanças. Foram contratados cerca de 900 funcionários das mais diversas áreas o que ajudou a equilibrar o caos. “Sinceramente o que mais me incomoda é que tivemos avanços pontuais, mas continuamos numa situação muito ruim, mas agora, para piorar, sem qualquer esperança ou perspectiva de melhora. E também não sei se precisaríamos da Ebeser para realizar essas contratações, por exemplo. A maquiagem melhorou muito. Eu sei da boa intenção dos gestores a frente do HC hoje, mas falta resolutividade. Não queria estar no lugar da direção”, observa.

INTERIOR

Os hospitais-escola, como o Hospital das Clínicas da UFPE, também têm sofrido com os cortes de verbas

maternidade de seis meses, mas não. São apenas quatro meses”.

REDUÇÃO Além dos atrasos de pagamentos, alguns serviços foram fechados no Imip, como o setor de fertilização e o de pequenas cirurgias. Isso sem falar na redução no número de médicos de plantão em algumas unidades, especialmente UPAs, e no fechamento do atendimento 24h, como aconteceu no SPA de Peixinhos. “Tivemos casos de médicos de especialidades básicas, como a pediatria, sendo demitidos. Reduziram o número de médicos nos plantões, aumentando a carga sobre aqueles que ficaram e impactando na qualidade do atendimento. As cirurgias eletivas estão sendo adiadas. No Barão de Lucena, houve fechamento de leitos de pediatria e clínica médica. No Miguel Arraes, também houve uma diminuição no número de leitos da enfermaria e UTI. Enfim a situação está crítica”, detalha o presidente do Cremepe Sílvio Rodrigues.

Segundo o secretário de saúde, as urgências e emergências foram as mais prejudicadas pela crise, pois é onde tudo está mais tensionado. Ele conta que as reduções nos plantões foram estudadas levando em consideração a existência de outras unidades próximas que pudessem atender à demanda. “Tivemos que fazer reduções e cortes, mas buscamos fazer isso da forma mais responsável possível diante da complexidade da situação. Se existiam três UPAs com plantões noturnos com especialidades, reduzimos o plantão em uma delas, direcionando o atendimento para as outras duas”, explica. Para Sílvio Rodrigues, os hospitais universitários também estão sendo duramente impactados pela crise, o que tem, obviamente, resvalado na formação dos médicos e nas residências, levando inclusive esses residentes a declararem greve no dia 9 de dezembro. “O hospital escola da Univasf, por exemplo, teve o número de leitos de UTI reduzidos, isso sem falar na falta de in-

Os vínculos frágeis que têm prejudicado os médicos na RMR também têm atingido os profissionais do interior. As fiscalizações do Cremepe têm registrado inúmeras situações de precariedade nas questões trabalhistas em todo o Estado. O gastroenterologista e o cirurgião geral Paulo Maciel conta que a prefeitura de Caruaru tentou reduzir as remunerações dos médicos, mas uma negociação envolvendo o Simepe conseguiu impedir esse processo. “A prefeitura está tentando descumprir esses acordos, mas estamos brigando junto com o sindicato para que se cumpra tudo o que foi acordado. Essa falta de credibilidade da prefeitura e de seus gestores pode gerar paralisações e até greve dos médicos -servidores municipais em Caruaru”, afirma. Segundo o médico, o cenário de crise nacional tem afetado o repasse de verbas do Governo Federal, o que traz grande dificuldade na manutenção de unidades de saúde e seus equipamentos, assim como do seu corpo clínico com prefeituras promovendo demissões ou fazendo ações inconstitucionais de redução de vencimentos que incluem a categoria médica. A chegada dos estrangeiros do Programa Mais Médicos não resolveu o problema de pessoal nem de atendimento à população. Para Carlos Padilha, o governo conduziu muito mal todo o processo, transformando os médicos brasileiros

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CAPA em vilões e isso se refletiu na relação médico-paciente. “Hoje já está se percebendo que nossa grita não era apenas corporativismo. O que fizeram foi uma grande sacanagem com os profissionais cubanos. Eu conheci o sistema de saúde de Cuba. Lá se alguém enfarta, eles têm um local para mandar o paciente a 200 metros. Aqui não é assim. Os cubanos não estão acostumados com isso, não sabem como dar o jeitinho brasileiro. Então, o que funciona é o sistema de Cuba. Vamos importar o sistema e não os médicos de Cuba”, pontua. Nos hospitais regionais do interior há um problema crônico de profissionais, de gestão e de falta de leitos. A situação é tão grave que muitas vezes algumas macas do Samu ficam presas nas unidades com os pacientes. O Cremepe tem dedicado especial atenção à questão do transporte de pacientes, tanto no que diz respeito à situação dos automóveis como a logística seguida nesses procedimentos. Alguns hospitais regionais só tem uma única ambulância velha. Ao mesmo tempo, em Serra Talhada, por exemplo, existem dois carros do Samu novos, parados há dois anos, porque ainda não se construiu uma sede para o Samu. “Em Afogados da Ingazeira, nos deparamos com uma situação inconcebível. O único obstetra de plantão teve que sair do hospital em direção ao Recife acompanhando uma gestante de alto risco até o Imip. Devido à distância, ele só retornou no outro dia. Todo esse tempo o plantão do hospital ficou em aberto, sem obstetra. Isso não pode acontecer, estamos estabelecendo regras para que se tenha uma equipe específica para fazer o acompanhamento, sem que o plantão fique defasado”, destaca Sílvio Rodrigues. O médico lembra ainda que a assistência materno-infantil é outro gargalo importante, que está sendo ainda mais prejudicado nos últimos meses. Há cidades no interior onde as maternidades não funcionam, estão fechadas, e as mães ficam desassistidas tendo que ser transferidas para os hospitais nas cidades de maior infraestrutura. Ou seja, as prefeituras não estão conseguindo dar conta nem dos partos dos seus munícipes. Uma iniciativa do Ministério Público da região Agreste, a qual tem total apoio

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Hospitais da rede pública sofrem com cortes no número de leitos e estão cada vez mais sucateados

do conselho, busca reverter essa situação. A ideia é reunir os municípios vizinhos de uma região e trabalhar de modo consociado articulando a realização de partos e a transferência de recursos para que ninguém saia prejudicado. “É uma decisão importante, dentro da crise, você apontar três ou quatro hospitais numa região que tenham condições de receber esses partos. Os municípios repassariam as verbas para aquele que realizou o procedimento e ainda se manteria definido dois outros centros de referência para os casos de alto risco. Para levar isso a frente, é preciso que os prefeitos deixem de lado as questões políticas e pensem na população”, descreve o presidente do Cremepe. Outro gargalo no qual se tem encontrado muitos problemas é no atendimento à saúde mental. Houve fechamento de vários leitos e não houve um aumento no número de Caps para atender essa população, seguindo essa nova política de saúde mental que luta pelo fim dos manicômios. O Hospital Ulysses Pernambucano é a grande referência na área e está cheio de problemas. “Nessa crise, o que vemos é que aquilo que já era ruim foi agravado. Então, no nosso entendimento, não houve sensibilidade de preservar os ganhos sociais”, resume Sílvio Rodrigues. E essa situação não é um problema local, é nacional. O que ocorre hoje em Pernambuco, segundo os médicos ouvidos por essa reportagem, é um reflexo da instabilidade política e eco-

nômica vivida no país. O secretário de saúde acredita que 2016 ainda será um ano complicado, mas que Pernambuco chegará nele mais equilibrado, já que conseguiu uma contenção de gastos na ordem 860 milhões em 2015. “Preocupo-me com o orçamento do Ministério da Saúde para o ano que vem. O cálculo tem como base o orçamento do ano anterior acrescido da variação do PIB. Porém, este ano, o PIB foi negativo, isso significa que por essa conta teremos um orçamento ainda menor em 2016”, salienta. Em Pernambuco, espera-se que se deixe de executar cerca de R$ 500 milhões para a saúde, devido à quebra da receita, com a diminuição da arrecadação dos impostos estaduais e a diminuição dos repasses do governo federal para o setor. “Eu estou muito angustiado com a falta de perspectiva. Houve avanços no mundo todo e muita coisa que se diz ter melhorado nos últimos anos são coisas que já não caberiam mais no mundo, que tinham que avançar independente de qualquer coisa. Houve uma inclusão social não sustentável, e a máscara está caindo. Conheço parte dos gestores que estão ai, eles têm boa intenção, mas o modelo de gestão impõe a eles um jogo que não dá para se jogar. Venderam a ilusão de que a assistência primária é tudo. É muito, mas não é tudo. Hoje é o coração, amanhã e tireoide, depois o joelho, os rins ficam mais pra frente. Não dá para se fragmentar a saúde”, finaliza Carlos Padilha.


CFM Conselho Federal de Medicina

Notícias do CFM

Carlos Vital*, de Brasília

Permitida a divulgação de dados nas redes sociais

Médicos podem publicar nos seus perfis na internet e em redes sociais dados como sua especialidade, CRM, RQE, além do endereço e telefone do local onde atendem. O esclarecimento está na Resolução 2.133/15, publicada em dezembro pelo CFM. O texto altera apenas um ponto da Resolução 1.974/11, norma basilar da propaganda em Medicina. De acordo com Emmanuel Fortes, 3º vice-presidente e coordenador do Departamento de Fiscalização do CFM, “a edição deste esclarecimento foi necessária por conta de entendimentos equivocados que surgiram após a divulgação da Resolução 2.126/15 [em outubro], uma atualização das normas que fazia menção ao anexo modificado”. Saiba mais em: http://goo.gl/xIGP9d

Lançada nova edição da Revista Bioética

A Revista Bioética volume 23, nº 3, de 2015, está disponível no Portal Médico, página eletrônica do CFM. A publicação traz 20 artigos com discussões sobre temas relevantes, como o uso de placebo em pesquisa clínica, eutanásia em crianças, morte encefálica, anencefalia e testamento vital. Além destes, artigos com temáticas complementares, relacionadas ao transhumanismo e os limites da condição humana, também compõem o número de final de ano do periódico. Acesse o periódico em: http://goo.gl/5510g6

Personalidades recebem comendas do CFM

Em uma cerimônia acompanhada por médicos, estudantes, autoridades e profissionais de diversas áreas que participaram do V Congresso de Humanidades Médicas, em Goiânia

(GO), importantes personalidades receberam honrarias que há cinco anos o CFM entrega publicamente a “médicos brasileiros que se destacaram pelo compromisso ético, técnico, acadêmico, científico e social com o país”. Este ano, os agraciados foram Juçara Regina Viegas Valverde, Anis Rassi, Camillo Martins Viana, Zilton de Araújo Andrade e William Saad Hossne. Confira a biografia dos comendadores: http://goo. gl/O53R9j

CFM lança Demografia Médica 2015

O estudo Demografia Médica no Brasil 2015, realizado pela FMUSP, com apoio do CFM e Cremesp foi apresentado no dia 30 de novembro à imprensa. A edição traz números atualizados sobre médicos em atividade, concentração em estados, capitais e municípios, detalhes sobre o perfil (divisão por gênero, faixa etária etc.) e comparações entre a realidade brasileira e de outros países. O leitor encontrará ainda o resultado de um inquérito que ajuda a entender a percepção dos médicos (mais de 2.000 entrevistados) sobre questões como vínculos de trabalho, sobrecarga e fatores que os estimulam ou os desestimulam o exercício profissional. Além disso, há uma importante discussão sobre as diferenças entre a presença do médico no setor público e no setor privado. Acesse a pesquisa na íntegra: http://goo.gl/sO2jV5

Casos de violência contra médicos preocupa conselhos

Em um alerta emitido à sociedade, o CFM demonstrou repúdio em relação aos sucessivos casos de violência contra médicos registrados em estabelecimentos de saúde. A nota pública cobra dos gestores respostas imediatas aos problemas que têm

ocorrido em diferentes municípios e Estados e lembra que o clima de insegurança é fator que causa impacto no processo de atendimento. O posicionamento também é resposta ao caso que aconteceu em dezembro no município de Tibau do Sul, no Rio Grande do Norte: a agressão contra o médico Antônio Andrade, de 65 anos, que atua num posto de saúde. O CRMRN também pediu providências quanto ao caso.

Avaliadores do Saeme participam de capacitação

Cerca de 50 profissionais participaram, nos dias 27 e 28 de novembro, em Brasília (DF), de oficina promovida pelo CFM e pela Associação Brasileira de Educação Médica (Abem) para capacitação de avaliadores externos do Sistema de Acreditação de Escolas Médicas Brasileiras (Saeme). Os participantes assistiram a uma conferência sobre o sistema e estudaram as etapas do processo de acreditação, a plataforma, o instrumento de avaliação, a visita externa e o código de ética do avaliador. O roteiro de visita foi estudado conjuntamente e o grupo avaliou os resultados do trabalho desenvolvido, que continua online caso surjam dúvidas ou pontos a consolidar. A partir de agora, o coletivo de avaliadores externos estão mobilizados para a etapa de autoavaliação das escolas, com análise das respostas ao instrumento de avaliação e evidências demonstradas, seguida da visita à instituição de ensino. Saiba mais em: http://saeme.org.br/

Critérios para realização de ressonância magnética

Serviços com ressonância magnética são de responsabilidade do médico especialista em radiologia e diagnóstico por imagem. A orientação está prevista no Parecer nº 14/2015 do CFM, que dispõe sobre a execução e supervisão do exame. O documento foi relatado pelo conselheiro federal Aldemir Humberto Soares. No texto, Soares explica que o método diagnóstico da ressonância magnética é realizado mediante protocolos específicos, que devem ser indicados pela equipe médica do serviço. Já o manejo dos equipamentos pode ser feito por qualquer profissional da área com treinamento adequado. *Presidente do CFM.

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PATRIMÔNIO

História, cultura e meio ambiente O Sítio da Trindade, equipamento vinculado à Prefeitura da Cidade do Recife, reúne atrativos diversos, numa área de 6,5 hectares Mariana Oliveira | Fotos: Hans Manteuffel

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ntre a Estrada do Arraial e a do Encanamento, duas vias importantes da zona norte do Recife, está encrustada uma área verde de 6,5 hectares. Através dela é possível cruzar as duas avenidas paralelas, em meio a um grande jardim, com árvores frutíferas, plantas diversas e flores. Um verdadeiro sítio, o Sítio da Trindade. Desde a década de 1950, esse equipamento cultural está ligado à Prefeitura do Recife e condensa, em seu amplo espaço, uma série de atividades que passam pelo campo da cultura, esporte, lazer, meio ambiente e educação. Porém, a sua relevância para a cidade é bem mais antiga. O espaço está inscrito na passagem dos holandeses por Pernambuco, entre 1630-1654. Foi lá, na parte mais alta do terreno, que o general Matias de Albuquerque construiu o Forte Arraial do Bom Jesus, conhecido como Arraial Velho. Em taipa e pilão, foi um importante foco de resistência dos portugueses, os quais escolheram o sítio de Antônio de Abreu, um terreno elevado, porque consideraram que esse era um local estratégico, equidistante de Olinda e Recife. O lugar também ficava no trajeto que os holandeses teriam que seguir para chegar à Zona da Mata, onde estavam as grandes plantações de açúcar e os engenhos.

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PATRIMÔNIO Uma população de cerca de mil pessoas, muitas delas vindas de Olinda, cidade que havia sido incendiada pelos invasores em 1631, se instalou no local. Logo os habitantes foram organizando os primeiros negócios e montando estabelecimentos comerciais. No grupo, havia muitos religiosos. O padre jesuíta Manuel Fernandes deu ordem para que se construísse uma capela homenageando o Bom Jesus, nome que terminou batizando a fortaleza, a qual reunia uma grande quantidade de soldados do exército português. Porém, seu posicionamento mais isolado mostrou que para a instalação de uma vila o local não era tão estratégico assim. Afinal, havia uma grande dificuldade para a chegada de insumos alimentícios diante dos constantes ataques e cercos dos holandeses. Por isso, não demorou para que os holandeses bombardeassem o lugar e o tomassem. Foram cinco anos de resistência portuguesa. O local ficou em ruínas e abandonado por longo período. Com a queda do forte, os portugueses fugiram para uma área nas imediações do bairro da Madalena, onde ergueram uma nova fortaleza, o Forte Real do Bom Jesus, conhecido como Arraial Novo, e que se tornou o quartel-general dos restauradores, que conseguiram por fim expulsar os holandeses em 1954. Historiadores apontam que, poucos anos após o embate, alguns moradores voltaram ao local e reconstruíram suas casas, dividindo o terreno em vários lotes e propriedades. Depois, já no século 19, essas terras foram adquiridas pela família de origem italiana Trindade Peretti (foi dessa relação que veio o nome: Sítio da Trindade), responsáveis pela construção de um chalé, que segue existindo até hoje, com 600 metros quadrados de área, num estilo eclético. Algumas alterações arquitetônicas foram feitas no edifício já no século 20. Ainda na década de 1950, antes de ser desapropriado e tombado, o espaço correu o risco de ser comercializado e terminar sendo tomado por edifícios. A morte do proprietário, Anselmo Peretti, e logo depois de sua esposa, terminou deixando a propriedade na mão de três sobrinhos estrangeiros do casal. Eles pretendiam vender o sítio e dividir entre eles o valor arrecadado. Preocupado com a perda de um bem tão im-

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portante do ponto de vista histórico, o jornalista Aníbal Gonçalves Fernandes (da Academia Pernambucana de Letras e do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano), que atuava no Diario de Pernambuco, encabeçou uma luta, escrevendo artigos e editoriais que defendiam que o espaço fosse desapropriado e passasse a pertencer à coletividade. O jornalista chegou até a ser processado por um dos sobrinhos da família, acusado de injúria e difamação, mas, ao final, a campanha liderada por ele terminou vitoriosa. Em 1952, o Sítio da Trindade foi desapropriado e declarado com um bem de utilidade pública. Mas só em 1974 foi classificado como um conjunto paisagístico e tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

SÍTIO HOJE Atualmente, o Sítio da Trindade é vinculado à Secretaria de Cultura da Prefeitura da Cidade do Recife. O equipamento cultural abre de domingo a domingo (de segunda a sexta, das 5h às 22h, e nos

O Sítio da Trindade hoje é um oásis que resiste no meio da cidade, com pássaros, borboletas, saguins, e uma rica vegetação sábados e domingo ate às 19h). A grande maioria dos seus frequentadores são moradores da região. “O boom imobiliário dos últimos anos no entorno do sítio fez a procura por ele aumentar. As pessoas estão buscando mais áreas verdes, parques e praças na cidade. De fato, grande parte dos nossos frequentadores habita as redondezas”, destaca a gestora Patrícia Reis Os frequentadores utilizam o espaço para os mais diversos fins. Durante a semana, a maior busca é para a realização de atividades físicas, na pista de


O espaço tem um público cativo que o visita para caminhadas na pista de 450 m. Segundo Patrícia Reis (à dir.), a gestão busca movimentar a área, promovendo ações diversas

cooper (com subidas e descidas) de 450 metros e as atividades da Academia da Cidade que funciona no local. Além dos esportes, os frequentadores podem desfrutar de um amplo jardim, com árvores diversas, pássaros e pequenos animais, uma concha acústica para apresentações musicais e um anfiteatro. Segundo Patrícia Reis, a gestão busca movimentar cada vez mais a área, promovendo ações diversas. No calendário fixo, por exemplo, estão a realização de uma feira orgânica semanal, nos sábados pela manhã, e também uma missa campal realizada no local onde teria funcionado a Capela do Bom Jesus, sempre na última quarta do mês, às 19h. Os gestores do espaço usualmente realizam parcerias com outras secretarias da prefeitura para promover atividades sociais. “Nos unimos à Secretaria de Direitos Humanos, de Enfrentamento ao Crack, ou de Saúde, para promover um sábado cidadão, geralmente o último, onde se passam informações sobre colesterol, glicemia, retirada de documentos, palestras educativas, entre outras atividades.

Somos um espaço multiuso que é ocupado também pelas escolas da redondeza, que promovem atividades esportivas, jogos, feiras de ciências. Temos até uma que sempre apresenta uma encenação da Paixão de Cristo durante a Páscoa”, detalha a gestora. No casarão do século 19, funciona também uma Unidade de Tecnologia vinculada à Prefeitura do Recife. Lá são ministrados cursos na área de informática e robótica, para públicos variados, incluindo idosos. O Sítio também oferece cursos de teatro, artesanato, dança e música. Porém, o espaço é sempre lembrado durante as principais datas comemorativas do ano. Lá acontecem eventos dos ciclos natalino, carnavalesco e junino, além de contemplar atividades ligadas à Páscoa, ao Dia das Crianças e afins. Mais sem dúvida o Ciclo Junino é o mais forte, é a grande referência e o momento de maior visibilidade para o equipamento cultural. Durante o mês de junho, o Sítio tem sua rotina alterada, recebendo palcos para shows, espaço para apresen-

tação de quadrilhas, quiosques, palhoção e todos os elementos que compõem uma boa festa junina. Cerca de 100 mil pessoas circulam por lá no período. “É o momento em que temos uma maior frequência de pessoas circulando pelo espaço. Inclusive, temos a preocupação hoje de mostrar que o Sítio da Trindade não é apenas um espaço para festa junina. Nele acontecem atividades o ano todo”, destaca Patrícia Reis. Segundo ela, o espaço precisa ser encarado como local de patrimônio histórico, cultural e ambiental. “O Sítio da Trindade é um local de resistência, de batalha, sempre foi. Hoje é um oásis que resiste no meio da cidade, com pássaros, borboletas, saguins, e uma rica vegetação”, diz, lembrando que há muita história para serem contadas sobre o local que continuou sendo um espaço de relevância após a queda do forte, no século 17. Foi lá, por exemplo, que funcionou, na década de 1960, a sede do Movimento de Cultura Popular (MCP). O então prefeito Miguel Arraes instalou ali o impor-

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PATRIMÔNIO O Sítio possui um anfiteatro que é utilizado para diversas apresentações Abaixo: detalhe do piso do casarão eclético do século 19

tante movimento que buscava trabalhar a cultura e a educação através de espetáculos, oficinas, cursos e exposições. O MCP funcionou ali até o golpe de 1964. Isso colaborou, seguramente, com a construção a imagem do equipamento como um local de se fazer cultura. Patrícia Reis conta que vez ou outra se surpreende com os relatos que escuta sobre a relação das pessoas com o sítio. Há algum tempo, por exemplo, um senhor procurou a gerência do lugar para pedir autorização para comemorar seu aniversário ali (o que não é permitido). Na verdade, ele fazia parte de uma das famílias que haviam habitado o Sítio antes da sua desapropriação. “É muito interessante isso. Queremos que as pessoas tragam suas histórias se apropriem desse patrimônio tão importante”, salienta a gestora.

ARQUEOLOGIA A importância histórica do Sítio da Trindade também atrai inúmeros pesquisadores. Ainda no final da década de 1960, foram feitas duas escavações arqueológicas com objetivo de encontrar os vestígios do Forte Arraial do Bom Jesus. À época, foi encontrado um trecho do fosso da fortaleza que foi escavada para dar maior visibilidade ao achado histórico. Além disso, os pesquisadores recolheram pequenos objetos pessoais, armas brancas e projeteis de arma de fogo. Só 20 anos depois, os arqueólogos se dedicaram novamente ao espaço, tentando entender

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as mudanças pelas quais o Sítio havia passado ao longo dos anos, inclusive do ponto de vista do terreno que no passado era muito mais íngreme, colocando a fortaleza numa posição privilegiada. Mais foi em 2009 que o grupo liderado pelo professor Marcus Albuquerque, do Laboratório de Arqueologia da UFPE, conseguiu avançar nas descobertas, encontrando a outra parte do fosso e mais objetos pessoais, além de restos de ostras e mariscos que depõem um pouco sobre a alimentação daqueles que ali viviam. Também foram documentados objetos ligados aos índios (funerária, cachimbo, utensílios domésticos) o que demonstra que o lugar era habitado mesmo antes da instalação do forte pelos portugueses. Durante o desenvolvimento da pesquisa, percebeu-se que ainda que a área do forte estivesse demarcada anteriormente, a população não tinha ideia de sua existência ali, perdida entre a vege-

tação do local. Foi uma preocupação dos pesquisadores buscar formas de tornar esse achado histórico mais visível aos olhos dos frequentadores. Parte da vegetação de grande porte foi removida, foi adicionada grama para evitar a erosão, e foi disposta placa explicativa que destaca a presença do Sítio Arqueológico Arraial Velho do Bom Jesus. Além desse novo espaço, alguns outros monumentos lembram a história do lugar. Há placas espalhadas pela área com dizeres que rememoram os acontecimentos que tomaram parte ali, como uma que diz: “Caminhando pelas terras deste sítio, estais pisando o solo em que se moveram Matias de Albuquerque e tantos outros heróis da luta contra o invasor”. Em outro ponto, há um obelisco comemorativo, de cerca de dois metros de altura, inaugurado em 1922, onde se diz: “Aqui existiu o Forte Arraial do Bom Jesus (Arraial Velho) 1630 – 1635. Instituto Archeologico, 1922”. De acordo com Patrícia Reis, é um dos focos da gestão tornar cada dia mais visível a relevância histórica e cultural do lugar. Atualmente, está em curso uma revitalização do jardim, com o plantio de novas especies, colocação de gramado e uma série de medidas para valorizar a área verde. Também se prevê a existência de um orquidário. “Queremos ver nosso espaço cada vez mais tomado pela população que pode e deve aproveitar tudo que ele pode oferecer”, sintetiza a gestora.


FECEM Federação das Cooperativas/PE

Cooperativas FECEM A Federação das Cooperativas de Especialidades Médicas de Pernambuco – FECEM, fundada em 01 de junho de 1996, promove a integração e o fomento do Cooperativismo Médico entre os mais de 1000 profissionais congregados em suas cinco cooperativas, Copepe, Copego, Coopecir, Coopeclin e Coopecárdio. Contato: email: fecem.pe@ ig.com.br, fone: (81) 2125-7461. Diretoria Executiva FECEM: Diretor Presidente: Dr. Antônio Barreto de Miranda Diretor Administrativo: Dr. George Cozzi Diretor Financeiro: Dr. Carlos Japhet da Matta Albuquerque A COOPECLIN, Cooperativa de Trabalho dos Médicos de Especialidades Clínicas de Pernambuco fundada em 1996 tem atualmente mais de 250 cooperados que atendem a 31 convênios abrangendo 17 especialidades distribuídas em sete áreas de atuação. Contato: email: coopeclimail@bol.com. br, Fone: (081) 2125.7420, 2125.7421 e 2125.7422.

Nova parceria com a Protejo Seguros permitirá aos cooperados usufruírem de ampla assessoria e vantagens na hora de optar por algum tipo de serviço

de seguro, e ainda dispor de suporte permanente. A empresa oferece planos personalizados de acordo com as necessidades dos cooperados, além de ter boa parte de seus serviços automatizados, oferecendo agilidade necessária para um melhor atendimento. Parcerias firmadas: Academia R2, Casa de Apoio Acolher com Afeto, Clube Alemão, Coobrastur (Cooperativa Brasileira de Turismo), Coqueiral Park (Clube de lazer), Fundação Terra, Gotejo, Hotel Golden Tulip, ILOA Resort e Residence, OdontoPrev, PrevPlan – Consultoria Previdenciária Diretoria COOPECLIN: Presidente: Dra. Sirleide de Oliveira Costa Lira Diretor Secretário: Dr. Amaro Gusmão Guedes Diretor Tesoureiro: Dr. Alexandre Jorge de Queiroz e Silva A Cooperativa de Serviços Médicos Pediátrico de Pernambuco, COPEPE, foi fundada em 1995, e atualmente conta com 108 cooperados atendendo a mais de 25 convênios, e abrange as seguintes especialidades: Adolescente (Hebiatria), Alergologia e Imunologia, Cardiologia, Clínica, Endocrinologia, Infectologia, Neonatologia, Neuropediatria, Pediatria Clínica. Contato:

email: copepe@uol.com.br, Fone: (81) 2125-7466. Diretoria COPEPE: Diretor Presidente: Dra. Analíria Moraes Pimentel Diretor Administrativo: Dr. Walmir Leonardo Pinheiro da Silva Diretor Financeiro: Dr. Armando José Franco Teixeira

criteriosa avaliação. Contato: email: copego@copego.com. br, Fone: (81) 2125-7481.

Fundada em dezembro de 1993, a Cooperativa dos Médicos Cirurgiões de Pernambuco, COOPECIR, conta hoje com mais de 600 médicos cooperados, todos altamente especializados para que garantam a qualidade do serviço prestado pela cooperativa a usuários de mais de 20 convênios. Os profissionais antes de se associarem, são rigorosamente avaliados, e durante sua permanência na entidade são permanentemente acompanhados para que a excelência no serviço seja mantida. Contato: Email: coopecir@coopecir.com.br, Fone: (81)3034-4074. A Coopecir fechou contrato com o Hospital da Aeronáutica do Recife e desde o dia 01/10/2015 os beneficiários já podem ser atendidos. Na mesma data, passamos a atender os usuários da Empresa TAM Linhas Aéreas, vinculados ao Convênio Notre Dame Intermédica S/A. Diretoria COOPECIR: Diretor Presidente: Albérico Dornelas Câmara Junior Diretor Financeiro: Armanda Cahen Sol Diretor Administrativo: Pedro Geraldo de Souza Passos

COOPECÁRDIO- Cooperativa de Trabalho dos Médicos cardiologistas de Pernambuco fundada em 1995, tem hoje 227 cooperados entre médicos da especialidade de cardiologia, cirurgia cardiovascular e torácica atendendo a 27 convênios. Contato: email: coopecardio@coopecardio. com.br, Fone: (81) 3034-6085. A Coopecárdio renovou contrato com a Marinha do Brasil/Hospital Naval de Recife para atendimento de todos os usuários, nas áreas de Cardiologia Clinica, Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, Cirurgia Cardiovascular e Torácica, Estimulação Cardíaca Artificial e Eletrofisiologia. Convênios: Allianz Saúde, Amepe Campe, Amil, Amil Planos, Assefaz, Bacen, Bradesco Saúde, Camed Saúde, Cape-Saude, CarePlus, Cassi, Comsaúde, Conab, Embratel, Embratel - Pame, Embratel - Telos, Fachesf, Fioprev, Fiosaúde, Fisco Saúde, Fusex, Gama, Geap, Infraero, Life, Marinha, Mediservice, Petrobras Distribuidora S/A, Petrobras Petróleo S/A, Policia Militar, Procuradora Republica, Procuradoria Militar, Procuradoria Trabalho, Saúde Caixa, Sassepe, Serpro, Sulamérica, Unafísco, Unilife Saúde Ltda Diretoria COOPECÁRDIO: Presidente: Dr. Carlos Japhet da Matta Albuquerque Diretora Financeira: Dra. Maria de Lourdes Carneiro David de Souza Diretora Administrativa: Dra. Maria de Fátima Monteiro Lobo de Araújo

Cooperativa dos Médicos Ginecologistas e Obstetras de Pernambuco (COOPEGO) foi criada em 1993 e tem como objetivo incentivar a Ginecologia e Obstetrícia em Pernambuco. Seus mais de 200 cooperados prestam serviço a 34 convênios com qualidade garantida pela cooperativa que só aceita novos associados após

Diretoria COPEGO: Presidente: Dr. Paulo Roberto de Andrade Secretário: Dr. Vamberto de Oliveira Maia Tesoureira: Dra. Aspásia Pires

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CREMEPE Conselho Regional de Medicina/PE

Procura pelas crianças desaparecidas Câmara Temática de Assistência à Criança e ao Adolescente do Cremepe realizou campanha nas ruas | Assessoria de Imprensa do Cremepe

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FOTOS: DIVULGAÇÃO/CREMEPE

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xistir uma Associação Brasileira de Busca e Defesa à Criança Desaparecida que busca encontrar crianças comprova a ineficiência de um sistema onde pessoas somem sem deixar rastros. Elas podem ter sido sequestradas, mortas ou “doadas”. As mães da Sé são mulheres que procuram seus filhos. Elas se reúnem todos os domingos na igreja da Sé em São Paulo com cartazes e fotos para tentar localizar parentes. O movimento influenciou a campanha dos Conselhos Federal e Regionais de Medicina na busca de crianças desaparecidas. Antigamente quando alguém sumia de casa, a polícia pedia para que o denunciante aguardasse 48 horas para realizar um boletim de ocorrência. Esta regra mudou. A partir destes últimos desaparecimentos os setores de investigação da polícia identificaram que a

Divulgação nas ruas, jornais e redes sociais ajuda na conscientização da população

eficácia da procura nas primeiras horas de desaparecimento garante o sucesso das buscas. Somente de janeiro a outubro, 2.603 desapareceram este ano em Pernambuco. Normalmente quando um adulto desaparece as causas podem ser pesso-

ais ou relacionadas a algum ato ilícito, mas a grande preocupação dos conselhos é o desaparecimento de pessoas vulneráveis. Por isso, o Movimento Afetivo de Resgate a criança desaparecida visa conscientizar a população para o problema que “só acontece na casa dos


DIVULGAÇÃO

homenagens a Nossa Senhora Aparecida, no dia da romaria, em São Paulo. Os representantes das entidades aproveitaram as homenagens à padroeira para fazer a conscientização. A festa reúne cerca de 110 mil pessoas, no total. Ainda neste sentido de conseguir o máximo de divulgação o Conselho desenvolveu o site da campanha (www.criancasdesaparecidas.org.br).

SERVIÇO QUE FUNCIONA Representantes do Cremepe distribuíram panfletos pedagógicos no Dia da Criança

outros”. Segundo dados do CFM 50 mil crianças desaparecem por ano no Brasil Para o Integrante da Comissão de Assuntos Sociais do CFM, Ricardo Paiva, a classe médica e toda sociedade devem estar mobilizados. “Toda criança, em algum momento, vai precisar ou de um médico pediatra, ou ir a uma emergência. E o médico mobilizado pode reconhecer que aquela criança tem sinais de violência ou não está na companhia dos pais ou de um parente”, explicou Paiva.

SEMANA DA CRIANÇA No mês de outubro, a Câmara Temática de Assistência à Criança e ao Adolescente do Cremepe realizou campanha nas ruas e coloriu pontos estratégicos da cidade com a cor laranja que representa entusiasmo para remeter a campanha. Com o apoio das primeiras damas do governo de Pernambuco, Ana Luiza Câmara, e do município, Cristina Melo foi dada a largada para uma semana de conscientização, de 13 a 18 de outubro. A abertura foi realizada no Palácio do Campo das Princesas, bairro de Santo Antônio, e contou com a colaboração das crianças do coro infantil do Conservatório Pernambucano de Música (CPM). O grande diferencial da noite foi a iluminação do Palácio de laranja.

Ainda durante a semana da criança, foram distribuídos cerca de quatro mil panfletos pedagógicos na praia de Boa Viagem, Zona Sul da cidade e Marco Zero do Recife. Para o presidente do Conselho, Sílvio Rodrigues, além de divulgar a campanha em jornais e redes sociais é preciso conscientizar a população que este é um problema que pode ser diminuído com informação. Ele ainda indicou que órgãos do governo se posicionaram favoráveis a novas políticas de busca. Durante uma reunião do Pacto pela Vida – programa do Estado criado pela lei número 12.357/2011 cujo objetivo é a promoção da paz social – a secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS) sinalizou interesse de implantar e divulgar a campanha das crianças nas delegacias. “Participamos de algumas reuniões do pacto pela vida e nestas oportunidades pudemos mostrar números e as causas dos desaparecimentos das crianças e tivemos uma contrapartida muito positiva do estado e município”, destacou Rodrigues. As primeiras medidas da SDS já foram tomadas, após receber os dados dos conselhos a portaria Nº 4764/2015 que tem o objetivo de orientar todas as delegacias e toda a polícia do estado para começar a busca por desaparecidos imediatamente já começou a ser implantada. “Hoje já existe a lei federal Nº11.259/2005 que prevê a busca imediata pela criança a partir da ocorrência policial”, explicou o presidente. O grupo de divulgação e conscientização da campanha participou das

Outra ferramenta interessante na busca de desaparecidos é o sistema de Boletins de Ocorrência. A ferramenta já é usada no Serviço de Investigação de crianças Desaparecidas (Sicrides) que funciona em Curitiba, Paraná. Lá, assim que uma ocorrência é realizada, se for uma criança ou adolescente desaparecidos, as informações são enviadas para o sistema do serviço e o plantão inicia as buscas. A atuação da investigação como o do Sicride deve ser referência para todo o Brasil. Para trazer a ideia a Pernambuco, o Cremepe enviou, em outubro, uma comissão formada por membros do governo do Estado e município para identificar as áreas de atuação do Serviço e identificar se há a possibilidade de alguma maneira reproduzir em Pernambuco. “Podemos criar na própria polícia científica uma sala especializada nos desaparecimentos”, disse o delegado de polícia de Pernambuco que foi ao Paraná, Antônio Campos. Já o representante do governo municipal, o secretário de segurança urbana do Recife, Murilo Cavalcanti, que teve experiências em Bogotá com relação à atuação do poder coercitivo, defende que o trabalho na busca das crianças seja de maneira unilateral, onde todos os seguimentos de defesa do cidadão estejam relacionados. Assim, a prefeitura e governo agindo junto, com o apoio de entidades como o Cremepe o índice de desaparecimento será o mínimo possível. O coordenador da Câmara Temática, Fernando Oliveira, indicou que a entidade identifica no Sicride uma referência para os outros estados. “A partir dessa visita, vamos desenvolver ações de curto, médio e longo prazo para serem apresentados aos gestores públicos”, finalizou Oliveira.

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CREMEPE Conselho Regional de Medicina/PE

Cremepe entrega Medalha Fernando Figueira FOTOS: DIVULGAÇÃO/CRMEPE

por forma da expulsória, mas é bem provável que ele continue por lá”, diziam as palavras do amigo. O agraciado que já tem 43 anos de formado defendeu em seu discurso que não é apenas a quimioterapia ou radioterapia que resolvem o câncer, mas uma palavra de conforto para levantar a moral, a auto estima a esperança e coragem de lutar pela vida. Para finalizar, com uma brincadeira espontânea e criativa, sugeriu uma emenda ao juramento de Hipócrates com os seguintes versos:

E

xemplo de honra e lição de vida. Três médicos de Pernambuco foram homenageados pela trajetória solidificada na ética e dignidade humana no Estado de Pernambuco. A medalha de honra à ética e à dignidade médica Professor Fernando Figueira, instituída pelo Cremepe, foi entregue este ano ao urologista Evandro Falcão, ao cirurgião oncológico José Moraes e ao pediatra João Guilherme Bezerra. A solenidade de outorga ocorreu na sede do Conselho, no Espinheiro, e contou com a presença de representantes do Governo do Estado, IMIP e entidades médicas. Desde 2004 o Cremepe faz a entrega da comenda a profissionais médicos de destaque na trajetória ética e dignidade humana. Para o presidente do Conselho, Sílvio Rodrigues, a medalha foi especial porque fez referência a três especialidades distintas: urologia, pediatria e oncologia, além de reconhecer três referências de unidades públicas de Pernambuco. “Dr. Evandro no Hospital Getúlio Vargas, Dr. João Guilherme na pediatria e ensino do IMIP e Dr. Moraes referência no CEON”, disse Rodrigues. Coube ao vice-presidente do Cremepe, André Dubeux fazer a saudação aos agraciados. “A postura irretocável dos senhores é a confirmação de que não perdemos o sonho e romantismo que nos levaram à prática da medicina. Continuam honrando o juramento de Hipócrates, imprimindo à relação médico paciente valores sagrados e consagrados, como humanismo, o amor ao próximo e a dedicação”, disse Dubeux.

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JOÃO GUILHERME BEZERRA Pediatra. Formou-se em 1977 com mestrado e doutorado em pediatria teve como orientador o professor Fernando Figueira. Atualmente é diretor de ensino do IMIP e coordena o programa de pós-graduação da mesma instituição. Ele recebeu a medalha por ser uma referência em pesquisas e no ensino da especialidade. Conselheiro do Cremepe é reconhecido por posicionamentos éticos e de respeito ao paciente. Para João Guilherme a mensagem a todos os jovens médicos que deixaria as futuras gerações é que “Medicina é a arte de fazer bem ao próximo”.

JOSÉ MORAES Um dos 213 formandos da Universidade Federal de Pernambuco na turma de 1972, o médico também conhecido como “Zito” foi apresentado através das palavras do colega de turma Antônio Lopes. Fez residência médica em cirurgia oncológica em São Paulo e quando voltou ao Recife foi nomeado para atuar no CEON (Clínica Especializada em Oncologia), lugar que está a até os dias de hoje. “Fez deste local de trabalho a sua casa, onde está prestes a se aposentar

“O médico do SUS juro ao meu paciente com paciência escutar Olhá-lo nos olhos de frente e não falando no celular Se como sempre cheguei descabelado e atrasado mil desculpas pedirei pelo transtorno causado Já dei valor a conversa, aos sintomas e ao exame, a um bate papo sem pressa descontraído, sem vexame Lembrarei que o dinheiro do SUS faltará amanhã então um simples hemograma primeiro e por ultimo um pet scan Serei solidário na dor de uma doença incurável e quando a esperança se for, crer no milagre mesmo improvável”

EVANDRO FALCÃO Uma referência na urologia do Estado. Graduado em medicina no ano de 1977 e foi residente da especialidade no Hospital Getúlio Vargas onde atua como preceptor. “Hábil cirurgião faz de cada cirurgia um exercício continuo de aprendizado e prazer. Respeitado pelos colegas pela postura coerente e honesta, é destes indivíduos abençoados pelas mãos divinas”, indicava a descrição do profissional. Também participaram da solenidade representando o Conselho Federal de Medicina (CFM), Adriana Scavuzzi, a presidente da Associação Médica de Pernambuco (AMPE), Helena Carneiro Leão, representando o Sindicato dos Médicos, Fernando Cabral, o presidente do IMIP, Gilliat Falbo, representando o Governo do Estado, Anchieta Patriota, e Jane Lemos representando a Associação Médica Brasileira. Também estavam presentes na solenidade o presidente da Sociedade Brasileira de Urologia, Gustavo Wanderley e a superintendente do IMIP, Teresa Campos.


Cremepe apoia movimento #Sarah, vem para Pernambuco

CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE PERNAMBUCO CREMEPE PUBLICAÇÃO DE PENAS PÚBLICAS Ref. Processo Ético Profissional n.º 19/08 CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE PERNAMBUCO CREMEPE EDITAL DE APLICAÇÃO DE PENALIDADE DE CENSURA PÚBLICA EM PUBLICAÇÃO OFICIAL PENA DISCIPLINAR APLICADA AO MÉDICO DR. NOBERTO SCOPEL FILHO – CREMEPE 11.836 CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE PERNAMBUCO CREMEPE, no uso de suas atribuições que lhe confere a Lei n.º 3.268/57, regulamentada pelo Decreto n.º 44.045/58, e em conformidade com o acórdão proferido na sessão de julgamento do processo éticoprofissional n.º 19/08 realizada no CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, em 19/02/2014, vem aplicar ao médico DR. NOBERTO SCOPEL FILHO – CREMEPE 11.836, a pena de CENSURA PÚBLICA EM PUBLICAÇÃO OFICIAL, prevista na alínea “c”, do art. 22, da Lei 3.268/57, por ter cometido infração aos arts. 29, 38 e 57 do Código de Ética Médica (Resolução CFM n.º 1.246/1988), cujos fatos também estão previstos nos arts. 1º, 10 e 32 do Código de Ética Médica (Resolução CFM n.º 1.931/2009). Recife, 20 de agosto de 2014.

O

presidente e secretário geral do Cremepe, Sílvio Rodrigues e José Carlos Alencar, receberam em 23 de novembro, pacientes da rede Sarah, na sede do Conselho, no bairro do Espinheiro. O grupo veio ao conselho solicitar apoio para a implantação de uma unidade da rede em Pernambuco. A rede de hospitais Sarah Kubitschek é destinada ao atendimento de vítimas de politraumatismos e problemas locomotores, objetivando sua reabilitação. De acordo com Rosália Cavalcanti e André Cordeiro, representantes do movimento — ela é atendida no hospital de Salvador e ele de Fortaleza — o diferencial de ter uma unidade do Sarah no estado é a qualidade de vida de deficientes. “Com uma unidade do Sarah aqui não precisaremos mais nos locomover para outros estados”, disseram. Os conselheiros deram total apoio à causa e vão levar a questão para a plenária. “O nosso interesse para Pernambuco é garantir assistência aos nossos pacientes. Este projeto soma”, disse José Carlos. Atualmente, apenas o IMIP e AACD fazem os atendimentos de reabilitação. Também será realizada uma audiência pública no início de dezembro através da Comissão de Saúde, na Assembleia Legislativa, para discutir a viabilidade de trazer o hospital para Pernambuco.

Conselheiro Silvio Sandro Alves Rodrigues Presidente do CREMEPE CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE PERNAMBUCO CREMEPE PUBLICAÇÃO DE PENAS PÚBLICAS Ref. Processo Ético Profissional n.º 01/13 CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE PERNAMBUCO CREMEPE EDITAL DE APLICAÇÃO DE PENALIDADE DE SUSPENSÃO DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL DE 30 (TRINTA) DIAS PENA DISCIPLINAR APLICADA AO MÉDICO DR. HOMERO RODRIGUES SILVA NETO – CREMEPE 13.526 CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE PERNAMBUCO CREMEPE, no uso de suas atribuições que lhe confere a Lei n.º 3.268/57, regulamentada pelo Decreto n.º 44.045/58, e em conformidade com o acórdão proferido na sessão de julgamento do processo éticoprofissional n.º 01/13 realizada no CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, em 09/03/2015, vem aplicar ao médico DR. HOMERO RODRIGUES SILVA NETO – CREMEPE 13.526, a pena de SUSPENSÃO DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL DE 30 (TRINTA) DIAS, prevista na letra “d”, do art. 22, da Lei 3.268/57, por ter cometido infração aos arts. 37 e 45 do Código de Ética Médica (Resolução CFM n.º 1.246/1988), cujos fatos também estão previstos nos arts. 9º e 17 do Código de Ética Médica (Resolução CFM n.º 1.931/2009). A suspensão ocorrerá de 01 de novembro de 2015 a 30 de novembro de 2015. Recife, 22 de setembro de 2015. Conselheiro Silvio Sandro Alves Rodrigues Presidente do CREMEPE

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CREMEPE Conselho Regional de Medicina/PE FOTOS: DIVULGAÇÃO

Assessoria de Comunicação do Cremepe

Cremepe lança nota de repúdio ao PL 5069/2013

MPPE, CREMEPE E ENTIDADES DISCUTEM NÚMERO DE UTIS O Cremepe tem realizado fiscalizações específicas para identificar o déficit de leitos de UTI no Estado. Já verificou a situação de Caruaru e Petrolina e levou os dados para audiência pública em dezembro, no auditório do Centro Cultural Rossini Couto, na Rua do Hospício, 875, Boa Vista. O encontro foi convocado pelo MPPE que vai solicitar a reabertura de todos os leitos de UTI da rede do Sistema Único de Saúde (SUS) que estão fechados. A audiência foi comandada pela promotora de Justiça de Defesa da Cidadania da Capital com atuação na Defesa da Saúde, Helena Capela, os promotores Ivana Botelho e Édipo Soares e contou com representantes de todos os serviços de UTI do Estado, além do Conselho Estadual de Saúde.De acordo com as listas de espera da Central de Regulação de Leitos, existem cerca de 100 usuários, diariamente, aguardando tais leitos. Por isso, o objetivo do encontro era definir ações e medidas a serem adotadas pelo Poder Público, visando a garantia da transferência para leitos de UTI dos usuários. Para o presidente do Cremepe, Sílvio Rodrigues, foi um momento importante para discutir a assistência à saúde no estado porque muitos leitos estão sendo fechados por conta da crise enquanto o número de pacientes que precisam deles aumenta.

Curso de atualização A Escola Superior de Ética Médica do Cremepe (Esem) realizou em 20 de novembro o 2° Curso de Atualização em Ética e Bioética para Preceptores da Residência Médica, na sede do Conselho, no Espinheiro. Para a presidente da Esem, Helena Carneiro Leão, é de suma importância para os preceptores a atualização em ética e bioética. “É dever de vocês passar isso para o residente”, afirmou.

Cremepe normatiza Resolução O Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe)

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normatizou em novembro passado, em plenária, a Resolução nº 05/2015 que estabelece critérios na relação de médicos com as indústrias de órteses, próteses, materiais especiais e medicamentos. Entre outras medidas a Resolução determina que os diretores técnicos e clínicos dos hospitais são solidariamente responsáveis quanto à normatização dos fluxos da correta utilização das órteses, próteses, materiais, medicamentos e métodos diagnósticos, no âmbito das instituições, cabendo a eles a regulação dentro de cada unidade.

Na defesa da saúde da mulher e autonomia profissional, o Cremepe posiciona-se contrário ao projeto de lei 5.069/2013. De acordo com a entidade, o projeto constitui uma violação flagrante ao direito fundamental das mulheres à garantia de sua saúde física e psicológica, sexual e reprodutiva, assegurada na Constituição Federal e pelo sistema internacional de proteção dos Direitos Humanos. A entidade médica defende que ao criminalizar os médicos que garantem a assistência à saúde das mulheres vítimas de violência sexual, o PL 5.069, longe de evitar a prática do aborto, expõe as mulheres a inaceitáveis riscos à sua integridade física e perigo de morte.

Déficit nas escalas Representantes do Simepe e do Cremepe estiveram reunidos com a direção e pediatras do Hospital e Policlínica Jaboatão Prazeres (HPJP), para discutir sobre o déficit das escalas de plantão. Os profissionais relataram as principais dificuldades do serviço. De acordo com eles, só há um pediatra por plantão, o que provoca a restrição dos atendimentos com frequência, além de transtornos à população. Essa situação coloca em risco o trabalho médico. Para o vice-presidente do Cremepe, André Dubeux, é inconcebível manter o plantão 100% aberto quando não têm funcionários para suprir o serviço.

Reunião reativa Comitê de Mortalidade Infantil e Fetal O Comitê de Assistência à Mortalidade Infantil e Fetal do Estado esteve reunido na sede do Conselho. O objetivo do comitê é discutir os casos de mortalidade no estado e propor ações que visam diminuir os elevados índices de crianças que morrem com menos de um ano


de idade. Na oportunidade foram discutidas estratégias de atuação e criado um conselho gestor interno para organizar a eleição definitiva dos membros que vão compor o colegiado de 2016/2017.Para o conselheiro do Cremepe, Fernando Oliveira, este encontro foi interessante pois reativou as ações do Comitê. “A reunião foi positiva porque compareceram representações de vários segmentos da sociedade como da saúde indígena, secretaria de Saúde e sociedades de especialidades – Sopepe, Sogope – com o objetivo de avaliar e reduzir os índices de mortalidade no Estado”, indicou.

Entidades médicas cobram Carreira de Estado A coordenação organizadora da Federação Médica Brasileira (FMB) reuniu entidades de todo o País, em Brasília, para pedir o apoio na aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC 454/2009), que cria a carreira única para o Sistema Único de Saúde (SUS). A audiência foi realizada no plenário Ulysses Guimarães, na Câmara dos Deputados, e contou com a participação do Conselho Federal de Medicina (CFM) e das entidades médicas de Pernambuco – Conselho Regional de Medicina e Sindicato dos Médicos. Os médicos ressaltaram que “mudará para melhor a qualidade da saúde pública no País, porque promoverá a valorização do médico, por meio de sua inserção na categoria de Carreira de Estado”, diz um trecho do documento entregue aos deputados. “A Carreira de Estado na Saúde sempre foi nossa bandeira de luta e hoje não poderia ser diferente. Estamos aqui na defesa de uma carreira aberta e essa é a solução para os médicos, principalmente para os locais mais distantes das capitais”, afirmou o presidente do Cremepe, Sílvio Rodrigues.

Encontro discute assistência materna da IV Geres O presidente do Cremepe, Sílvio Rodrigues, participou no dia 16 de outubro, do 3º Encontro “Discutindo a Rede de Atenção Obstétrica e

CREMEPE FISCALIZA HOSPITAIS DO SERTÃO DO PAJEÚ As três primeiras unidades de saúde fiscalizadas pelo Cremepe no Sertão do Pajeú foram o Hospital Regional Emília Câmara, em Afogados da Ingazeira, Hospital Municipal Luiz José da Silva Neto, em Tabira, e o Hospital Maria Rafael de Siqueira, localizado no centro de São José do Egito. As vistorias foram realizadas nos dias 28 e 29 de outubro pela médica fiscal, Pollyanna Neves, e pelo presidente da entidade, Sílvio Rodrigues. O objetivo do Conselho foi avaliar a estrutura física e atendimentos médicos dos serviços para encontrar maneiras de regularizar as unidades e garantir a assistência à população seguindo os padrões éticos da medicina. A fiscalização avaliou questões de estrutura física, recursos humanos e insumos básicos dos hospitais, além do transporte de pacientes e vínculos trabalhistas. Os problemas mais graves foram de escalas de plantão, transporte de pacientes e leitos fechados. De acordo com o presidente do Cremepe a região tem sérios problemas com a rede de transporte. Há ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) que não podem ser utilizadas porque a sede de Serra Talhada não está pronta. Ele defendeu um “convênio” entre as cidades para garantir assistência especializada. “O Ministério Público tem atuado na IV Geres para a implantação de um consórcio na rede materna do Agreste, assim, algumas unidades serviriam de referência para as especialidades. É uma boa solução para o Sertão do Pajeú”, defendeu Rodrigues.

neonatal” – IV Geres, promovido pelo Ministério Público Estadual (MPPE), no auditório da Faculdade Maurício de Nassau, em Caruaru. O encontro foi promovido para discutir a proposta do Consórcio (CONIAPE) e das ações da câmara técnica – comissão Intergestora Regional. A ideia era alinhar os atendimentos da atenção obstétrica e neonatal dos 32 municípios da Geres que assiste 1.324.382 habitantes. A partir de um consórcio, duas unidades serão referência para os partos de alto risco, enquanto as unidades das regionais assumirão a demanda de baixo risco dos seus municípios.

Cremepe e FPS firmam convênio A plenária do Cremepe convocou os conselheiros e integrantes da Faculdade Pernambucana de Saúde (FPS) do Instituto de Medicina Integral Fernando Figueira (IMIP) para assinatura do convênio de cooperação mútua entre a entidade e a faculdade através da Escola Superior de Ética Médica (ESEM). A solenidade ocorreu na sede do Conselho. O convênio consiste na cooperação entre a faculdade e a ESEM na aproximação dos estudantes de medicina com o intuito de promover a aprendizagem dos aspectos éticos e bioéticos, demonstrando a importância do resgate ético e humanístico na medicina.

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DIVULGAÇÃO/SIMEPE

SIMEPE Sindicato dos Médicos de Pernambuco

Médicos conquistam gratificação em regime de plantão Medida histórica valoriza muito o trabalho da categoria | Chico Carlos

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ma conquista histórica para a classe médica de Pernambuco. Após anos de lutas, mobilizações e negociações, os médicos da rede estadual de Pernambuco aprovaram em dezembro, em Assembleia Geral, na AMPE, um conjunto de propostas apresentadas pelo Governo do Estado e, em especial de tornar permanente o recebimento da Gratificação em Regime de Plantão, com pelo menos 15 anos de serviço (mulher), e 17 anos e 6 meses (homem). Vale salientar que a adoção de tal medida não implica garantia de saída de plantão, mantendo-se a mesma prática atual para a mobilidade interna de regime de plantão para diarista.

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O presidente do Simepe, Mário Jorge Lobo, comemorou o feito histórico para os médicos da rede estadual de saúde e justificou: “As lutas sempre pontuaram as mesas de negociação das entidades médicas com os representante do governo estadual. Enfim, a conquista da gratificação de risco, em regime de plantão, que valoriza o trabalho médico, principalmente, no momento da aposentadoria, é histórica e marcante para todos nós”, enfatizou.

MOBILIZAÇÃO E COMPROMISSO Na opinião do presidente do Cremepe, Silvio Rodrigues, a mobilização e o compromisso dos médicos foram peças fundamentais nessa importante con-

quista. “Lutamos com compromisso e disposição, por mais de 15 anos em busca da incorporação da gratificação de plantão dos médicos do Estado. Agora, temos que comemorar e, ao mesmo tempo continuar na luta sempre em defesa dos interesses da classe médica ”, frisou. O vice-presidente do Simepe, Tadeu Calheiros, acredita que a incorporação da gratificação de plantão representa um reconhecimento, uma grande vitória para toda a categoria médica, bem como estimula o trabalho dos médicos mais jovens que atuam nas emergências e urgências do no serviço público. Ele comentou ainda que outros critérios serão definidos, a partir de março de 2016, conjuntamente entre o Sindicato e Gestão. Entre outros ganhos para categoria estão, por exemplo, a nomeação dos médicos concursados, realização de concurso público no primeiro semestre de 2016, publicação do Decreto nº 42.130 sobre progressão por desempenho, elaboração do Projeto de Lei que assegura a progressão decorrente de avaliação de desempenho. Além disso, o governo mantém o compromisso em relação mesa de negociação para negociar a campanha salarial em 2016.


LUCIENE/SIMEPE

MPPE determina reabertura do plantão noturno do SPA de Peixinhos

Todas as medidas deverão ser tomadas em respeito à Lei de Responsabilidade Fiscal | Chico Carlos

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epois de muita discussão e expectativa, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE – Promotoria de Justiça de Olinda, deliberou pela retomada do atendimento noturno do Serviço de Pronto Atendimento Adulto e Infantil de Peixinhos (SPA). De acordo com o promotor de Justiça e coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Proteção à Saúde Pública (CAOP), Édipo Soares, e a promotora de Justiça Maísa Melo, a unidade voltaria a funcionar à noite a partir do dia 1º de dezembro. A decisão foi acordada com os secretários de Saúde e da Fazenda e Administração de Olinda, Teresa Miranda e José Alberto Costga, respectivamente, com o aval dos representantes do Simepe, Cremepe, Sindicato dos Enfermeiros, Sindicato dos Servidores Municipais de Olinda, além de parlamentares, lideranças comunitárias e moradores da circunvizinhança prejudicados com o fechamento do único serviço 24 horas.

Os gestores municipais assumiram o compromisso do retorno dos profissionais daquele serviço de saúde e apresentarão proposta no dia 21 de janeiro de 2016, de regularização de todos os plantões, bem como prover as lacunas deixadas com a volta desses profissionais para o SPA de Peixinhos. Ficou deliberado ainda que a Secretaria de Saúde vai apresentar ao MPPE o detalhamento do impacto financeiro do retorno dos profissionais nos demais equipamentos de saúde. Ressaltou o MPPE que todas as medidas necessárias deverão ser tomadas sempre em respeito a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e legislação vigente.

AÇÃO DE DESCOMPROMISSO De acordo com a Secretária-Geral do Simepe, Cláudia Beatriz, a postura da Prefeitura de Olinda ao encerrar os atendimentos à noite, foi uma ação de descompromisso com a população olindense. “A atual gestão está se utilizando da crise econômica do país para

não cumprir seu devido papel de prestadora de serviços públicos”, reivindicou. Cláudia também questiona o Poder Executivo do município, por realizar este ano vários cortes na área da saúde, o que ocasionou vários problemas na qualidade da assistência aos pacientes e do trabalho dos médicos. O vice-presidente do Simepe, Tadeu Calheiros, considerou o resultado do movimento uma vitória. “Médicos, servidores, os usuários, a comunidade, as entidades médicas e o próprio Ministério Público colaboraram para esta conquista, onde o maior beneficiado é à população de Olinda. Foi o envolvimento de todos nesse abraço ao SPA de Peixinhos que assegurou aos olindenses o direito da assistência à saúde”, destacou. No término da reunião, servidores, representantes de entidades sindicais, parlamentares e usuários do serviço comemoraram o resultado da audiência, e ressaltaram: a saúde é direito de todos e dever do Estado (artigo 196 da CF).

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FOTOS: DIVULGAÇÃO/SIMEPE

SIMEPE Sindicato dos Médicos de Pernambuco diatra no plantão. “É preciso salientar que tanto a SES como a direção da UPA da Imbiribeira foram sensíveis ao pleito dos médicos”, enfatizou.

REDUÇÃO DE PEDIATRAS

Garantido segundo pediatra para UPA /Imbiribeira Chico Carlos

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ais uma importante vitória para a classe médica de Pernambuco. Após negociações com o Simepe e o Cremepe, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) anunciou em dezembro, o retorno do segundo pediatra para a Uni-

dade de Pronto Atendimento (UPA) da Imbiribeira, a partir de janeiro de 2016. De acordo com diretor do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), Walber Stefano, a decisão da SES foi acatada em Assembleia Geral pelos pediatras lotados na UPA, que sempre defenderam a presença do segundo pe-

Em 9 de novembro passado, cerca de treze dos quinze pediatras lotados na UPA pediram demissão e cumpriram prazo de aviso prévio. A categoria decidiu não se submeter mais às condições indignas de trabalho, após a redução do número de pediatras; além disso, o serviço começou a apresentar uma série de problemas e reclamações da população. O presidente do Cremepe, Sílvio Rodrigues, considerou que o retorno do segundo pediatra ao plantão, representa uma conquista para a população de áreas circunvizinhas, bem como para a categoria médica. “O atendimento da emergência pediátrica da UPA será otimizado em todos os aspectos”, assinalou. Com a decisão da SES, após intensa mobilização das entidades médicas, a situação tende a ser normalizada nos próximos dias. Em relação aos avisos prévios dos médicos, o Simepe já iniciou negociação para que os casos sejam revertidos .

Dia Nacional de Mobilização em prol da aprovação da PEC 454/09 A

Diretoria do Simepe marcou presença em Brasília-DF, apoiando a campanha de mobilização nacional, junto aos parlamentares do Congresso, para a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 454/09 que cria aa Carreira de Estado para o Médico do Sistema Único de Saúde. O lançamento da campanha ocorreu, pela manhã, no Plenário da Câmara dos Deputados, durante sessão solene em homenagem ao Dia do Médico - comemorado em 18 de outubro, proposta dos deputados Luiz Henrique Mandetta (DEM/MS) e Izalci Lucas (PSDB/DF). Cerca de 400 profissionais, entre médicos de diferentes especialidades e estudantes de medicina, estiveram presentes no Plenário da Câmara dos Deputados, onde para receberam o reconhecimento dos parlamentares e cobraram a aprovação da proposta, que está pronta para ser incluída na pauta de votação da Câmara. Segundo os parlamentares, a falta de perspectiva de uma carreira bem estruturada e a crônica política de baixos salários têm sido entraves para a consolidação de um SUS de qualidade em todo o país.

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A luta pela reabertura da Maternidade Amiga da Família, em Camaragibe

Recomposição urgente de escalas de plantão do Hospital Correia Picanço

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Natália Gadelha

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Maternidade Amiga da Família foi alvo de audiência pública no Ministério Público de Pernambuco (MPPE) – Promotoria de Justiça de Camaragibe. Representantes do Sindicato dos Médicos e Conselho Regional de Medicina de Pernambuco – Simepe e Cremepe – participaram da reunião para discutir a reabertura da unidade de saúde. A audiência foi presidida pela promotora de Justiça Nancy de Medeiros, que na ocasião relatou sobre o atual cenário da assistência materno-infantil do município e do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com a Secretária de Saúde de Camaragibe. O coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Proteção à Saúde Pública (CAOP), Édipo Soares, também esteve presente. A Prefeitura fechou a maternidade no inicio deste ano para adequações exigidas pela Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (APEVISA) e do MPPE. Entretanto, o prazo de reabertura do serviço esgotou, prologando o martírio da falta de assistência à população.

édicos do Hospital Correia Picanço e representantes do Simepe reuniram-se para discutir sobre as deficiências da unidade de saúde. De acordo com a equipe, o ponto crítico do serviço está no déficit de recursos humanos. A categoria reivindica recomposição das escalas, evolucionistas para os finais de semana e de médicos para intercorrências de pacientes internados. O vice-presidente do Simepe, Tadeu Calheiros, informou que os pontos reivindicados durante a reunião serão debatidos já na próxima semana com a Secretaria Estadual de Saúde. “A solicitação de adequação das escalas de plantão nos serviços é legitimo. É importante assegurar aos profissionais boas condições de trabalho”, defendeu. Os médicos voltam a se reunir no dia 21 de dezembro, às 19h, no próprio hospital.

HOSPITAL CORREIA PICANÇO

CRISE NA SAÚDE PÚBLICA A conselheira do Cremepe e secretária geral do Simepe, Claudia Beatriz, alertou sobre a urgência da reabertura da maternidade para o município, principalmente, neste momento crítico da saúde pública, na qual se enfrenta o surto de microcefalia, causado pelo Zika vírus. “ É importante que a maternidade esteja dentro das exigências indicadas pelo Cremepe e Apevisa, inclusive, com o quadro de recursos humanos adequado. Aproveitando a oportunidade, o diretor do Simepe, Fernando Cabral, questionou sobre o número de médicos do município, as condições e vínculos de trabalho. “Camaragibe precisa ter responsabilidade com seus servidores e com a população”, pontuou. Ele ainda alertou que a precariedade das condições de trabalho fez com que muitos médicos pedissem exoneração, em Camaragibe. Após ouvir as críticas da população, o secretário de saúde de Camaragibe, Alexandre Ricardo Costa, anunciou que até o dia 30 janeiro, a Maternidade Amiga da Família será entregue aos cidadãos e garantiu honrar esse compromisso com Ministério Público de Pernambuco, população e representantes das entidade de saúde.

A Unidade de saúde é referência estadual para o tratamento de doenças infecto-contagiosas, especificamente Aids e meningite. Hoje, a instituição atende 60% das demandas dos pacientes com a doença de todo o Estado e é o único serviço especializado no tratamento das vítimas de meningite (adulto ou pediatria).

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SIMEPE Sindicato dos Médicos de Pernambuco

A crise da Saúde em Ouricuri Sindicato questionou sobre atraso de pagamento dos médicos no município | Natália Gadelha*

O

diretor regional do Simepe/Ouricuri, Cácio Alencar, esteve reunido com a secretária de Saúde de Ouricuri, Maria do Carmo Gonçalves, para discutir questões relacionadas à saúde daquele município. Na ocasião, a secretária de Saúde contextualizou o cenário, informando que a cidade dispõe de 24 Unidades Básicas de Saúde (UBS), sendo que, atualmente, três estão sem profissionais. Ainda de acordo com ela, os vínculos com os médicos são através de contratos e do Programa Mais Médicos.

ATRASO DE SALÁRIOS O diretor do Sindicato, Cácio Alencar, questionou sobre os atrasos no pagamento dos salários dos médicos. Segundo a secretária, o município enfrenta uma grave crise econômica, com cortes nos repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM),

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O diretor do Simepe, Cácio Alencar, destacou a importância de existir um hospital de pequeno porte para desafogar o Hospital Regional mas que pretende atualizar os vencimentos da categoria até dezembro. Entretanto, os problemas ainda são maiores, pois ela informou que diante deste cenário provavelmente será necessário fazer cortes no número de profissionais, além de suspender temporariamente alguns serviços básicos, mas que a realização

das cirurgias será mantida devido a parceria com o Hospital Santa Maria. Para o diretor do Simepe, Cácio Alencar, o cenário é ruim e essas possibilidades postas irão afetar diretamente a qualidade da assistência à saúde e sugeriu a realização de concursos públicos para médicos, a fim de evitar os vínculos de trabalho precários, garantindo a estabilização dos profissionais nos serviços. Além disso, destacou a importância de existir um hospital municipal de pequeno porte, na intenção de desafogar o Hospital Regional Fernando Bezerra (HRFB). A secretária, por sua vez, revelou que é do interesse da gestão a aquisição de um hospital municipal, entretanto, não há apoio do Ministério da Saúde, tampouco, vontade política para tirar o projeto do papel. Já a respeito do concurso público, informou que a licitação da organizadora já foi feita e as provas deverão acontecer em março de 2016.


APMR Assoc. Pernamb. de Médicos Residentes

DIVULGAÇÃO

Para onde estamos caminhando com a Saúde Brasileira?

Marcus Villander*

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Saúde do nosso país tem passado por grandes transformações nas últimas três décadas com a construção e consolidação do Sistema Único de Saúde(SUS). Não sem dificuldades, claro. A transformação da mentalidade dos profissionais atualmente atuantes no sistema e especialmente os estudantes que ingressarão no mercado tem sido foco de esforço das instituições de ensino. O estado tem tentado aumentar o aporte de recursos e tem tentado melhorar a gestão desses recursos com o emprego de Organizações Sociais. Entretanto, a despeito do trabalho na construção do SUS ao longo desses anos o que vemos é um sistema superlotado e que não tem dado conta plenamente das demandas a ele requeri-

das. Comprova-se isto a manutenção da superlotação dos grandes hospitais, especialmente das emergências, a inacabável fila de espera para vaga em unidades de terapia intensiva, filas de marcação de ambulatório e de cirurgias que podem levar meses. Aliado a isso, a atual crise econômica e política a nível de governo federal tem levado ao corte orçamentário da ordem de bilhões a um sistema já cronicamente subfinanciado, conduzindo ao fechamento de mais leitos e maior redução da capacidade de atendimento à população. E, até que se resolva essa crise econômica e política, o prognóstico permanecerá sombrio. Diante disso, o que precisamos pensar nesse momento enquanto profissionais e usuários do SUS é: qual caminho escolheremos trilhar? Sabido que as transformações acontecem do esforço pessoal de cada um, mas

especialmente das forças de pressão que atuam sobre os agentes públicos e privados responsáveis pela gestão do SUS. Permanecermos nós apenas sendo expectadores de um país governado por corruptos que se importam mais com as próximas eleições do que com o bem estar e a saúde do povo que representam? Ou tomaremos as ruas com voz altiva dizendo que não aguentamos mais um congresso nacional inerte e um governo federal inábil e incapaz de realizar as mudanças que nossos sistema político e econômico necessitam? Enquanto não fizermos as escolhas certas o povo permanecerá sem os cuidados que merecem nos momentos mais frágeis de suas vidas. As transformações sempre estiveram em nossas mãos. Assumamos a vanguarda dela. *Residente de clínica médica.

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FOTOS: DIVULGAÇÃO

AMPE Associação Médica de Pernambuco

42º Congresso Médico e 1º Simpósio de Bioética

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oram realizados na sede da AMPE o 42º Congresso Médico Estadual de Pernambuco e o I Simpósio de Bioética da Escola Superior de Ética Médica do Cremepe. Nesta edição, o tema foi a Medicina Atual. Fizeram parte da mesa, Helena Carneiro Leão, presidente da AMPE, Jane Lemos, presidente do congresso e secretária de comunicação da AMB, Jailson Correia, Secretário de Saúde do Recife, o presidente do Cremepe, Sílvio Rodrigues, representando o Simepe, José Tenório, Sirleide Lira, representando a Fecem, e o conferencista Dirceu Greco. Jane Lemos relembrou o primeiro Congresso em 1909, o histórico social, e a oportunidade de congregar vários profissionais de saúde. Ressaltou ainda o trabalho em equipe para que o Congresso fosse realizado. Helena Carneiro Leão abordou os aspectos que os congressos realizados pela instituição têm, e a abordagem dos atuais avanços científico-tecnológicos neste evento atual, mas sem

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O secretário de Saúde do Recife, Jaílson Correia, elogiou a proposta da inclusão do simpósio de Bioética na programação esquecer o lado humano. “Não podemos deixar de lutar pelos nossos pacientes”, disse Helena. O Secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia elogiou a proposta da inclusão do simpósio de bioética na programação. “A ciência não é separada da medicina. Temos que reconciliar para que possamos melhorar”, ressaltou. O presidente do Cremepe, Sílvio Rodrigues falou sobre a importância do conhecimento científico na formação. “Precisamos unificar o co-

nhecimento científico e a bioética”, reforçou. O I Simpósio de Bioética contou com a participação dos médicos Dirceu Greco, Lívia Zago, José Humberto Chaves, Wilson Oliveira Jr e Josimário da Silva. “Não há separação entre bioética e direitos humanos”, ressaltou Dirceu. Para Livia Zago a confiança que o médico deve fazer seu paciente ter tem que ser um de seus objetivos. José Humberto fez um histórico da bioética na reprodução assistida e os novos dilemas, como a clonagem. Já Wilson Oliveira falou sobre o excesso de tecnologia no dia a dia da profissão. “Vivemos numa sociedade com obesidade tecnológica e deficiência humana”, reforçou. Josimário da Silva falou sobre as comissões de bioética e sua importância para a profissão. Mais de 20 temas foram tratados durante os dois dias de evento. Na tarde da sexta-feira, os Simpósios do Real Hospital Português e da Faculdade de Ciências Médicas da UFPE encerraram o evento.


Entidades celebram o Dia do Médico com a Medalha São Lucas E

m 14/10 a Associação Médica de Pernambuco, o Conselho Regional de Medicina e o Sindicato dos Médicos de Pernambuco realizaram a cerimônia em homenagem ao Dia do Médico com a entrega da Medalha São Lucas. Este ano os agraciados foram Edmundo Machado Ferraz, Mário Fernando da Silva Lins e Jairo de Andrade Lima, representado pelo filho Pablo de Moura de Andrade Lima. Helena Carneiro Leão abriu as homenagens ressaltando a trajetória dos três, e a união das entidades médicas estaduais. “São homenageados de toda a classe médica, não só das entidades”, observou.

Gentil Porto fez a saudação aos homenageados, sentindo-se honrado em poder falar sobre a história de cada um. Também falou sobre o momento em que vive a medicina no país, cheia de desafios, mas que não se deve perder o rumo. “Rio acima, contra a corrente e a alma cheia de esperança”, disse. Em nome dos homenageados, Mário Fernando ressaltou o apoio dos familiares e das entidades médicas para o bom exercício da profissão nos momentos que a profissão vem passando. “A saúde é direito do cidadão e os desmandos não podem ser jogados em cima do médico. A medicina

vem sendo tratada de forma insensível.” Ainda durante o discurso falou sobre a importância de se estabelecer uma carreira médica de Estado (PEC 454/09) e a valorização da saúde. “Precisamos de médicos de homens e de alma”, concluiu. A presidente da AMPE, Helena Carneiro Leão encerrou as comemorações e reforçou a importância da profissão na sociedade. “A medicina precisa ser constante, ética e presente.” Ao final, se apresentaram o médico Fernando Azevedo (voz) e o músico Cláudio Almeida (violão). A mesa de cerimônia foi composta por Helena Carneiro Leão (AMPE), Sílvio Rodrigues (Cremepe), Mário Jorge Lobo (Simepe), Jane Lemos (AMB), Antônio Barreto (Fecem), Joana Freire, Secretária Executiva de Coordenação Geral da Secretaria de Saúde do Recife, representando o Secretário Jailson Correia, Gentil Porto (APM) e Assuero Gomes (Unimed).

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DIVULGAÇÃO

AMPE Associação Médica de Pernambuco

O centenário da Faculdade de Medicina Gilson Edmar Gonçalves e Silva*

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nossa querida Faculdade de Medicina está completando 100 anos de existência. Nasceu em 1915 do “sonho dourado” de Otávio de Freitas. Materializou-se com um grupo de professores idealistas. Vislumbraram, na época, a importância social que ela poderia desempenhar. Aconteceram muitas dificuldades e muita oposição à sua criação e ao seu funcionamento.

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Estes fatos não esmoreceu o entusiasmo daquele grupo capitaneado por Otávio de Freitas. Só após cinco anos da reunião da congregação que fundou a faculdade, foi dado início real às suas atividades. A primeira aula foi dada em maio de 1920. A primeira turma colou grau em 1925. Eram seis, os primeiros que tiveram, como nós, o privilégio de receber a formação médica nesta centenária casa. Chamava-se Faculdade de Medicina do Recife,

sendo denominada de Faculdade de Medicina da Universidade do Recife, a partir de 1946, ano da criação da Universidade. Sua primeira sede foi na Rua Barão de S. Borja, num prédio que ainda hoje existe e permanece firme como a Faculdade que abrigou. Sua segunda sede foi num belo exemplo da arquitetura da época, situada na Esplanada do Derby, inaugurada em 1927, permanecendo por lá por 31 anos. Hoje o


prédio abriga o Memorial da Medicina, com várias entidades médicas: a Academia Pernambucana de Medicina, a Sociedade de Médicos Escritores, a Associação dos ex-alunos da Faculdade de Medicina, o Museu da Medicina e o Instituto da História da Medicina, entre outras. Do Derby foi para a Cidade Universitária, em 1958. O prédio, desenhado por Mário Russo, foi a primeira edificação do Campus Universitário, inaugurada pelo Presidente Juscelino Kubistchek, durante uma bela manifestação cívica, conforme os registros

Sua segunda sede (foto) foi num belo exemplo da arquitetura da época, situada na Esplanada do Derby, inaugurada em 1927, permanecendo por lá por 31 anos

do evento. Abrigou o ciclo básico do curso de medicina, sendo o ciclo clínico ministrado principalmente no Hospital Pedro II. Na sala da Congregação do prédio da Medicina no Campus da Cidade Universitária tem uma tela de Murilo La Greca, medindo 3 metros de altura e 7 metros de largura, representando uma aula de Hipócrates, pai da medicina. Posteriormente passou a se chamar Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco, em 1965, quando a Universidade foi assim designada. Assim permaneceu, com sua estrutura administrativa até 1975, quando houve uma reforma universitária. Foram criados os Departamentos e os Centros Acadêmicos e apagado o nome Faculdade de Medicina. Passou a ser apenas o Curso de Medicina, dentro do Centro de Ciências da Saúde. Perdeu também a sua sede, cujo prédio foi dividido entre os Centros de Ciência Biológicas e da Saúde. No final da década de 90, como resultante do trabalho da CINAEM, começou no Brasil uma transformação do ensino médico em todos os cursos da época. O modelo de ensino foi modificado e implantado. Faltava mudar a estrutura de gestão e conseguir instalações adequadas. No momento está sendo terminada a quarta sede, na Cidade Universitária, e está sendo discutida a volta da Faculdade de Medicina, para continuar, na plenitude da sua missão, seu papel na formação de médicos competentes. A história mostra que o desenvolvimento médico do Estado de Pernambuco tem raízes na nossa faculdade. Tudo isto concretizado no mês de outubro, mês de São Lucas, patrono da Medicina. Que a nossa Faculdade de Medicina viva para sempre! *Médico e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). E-mail: gilson.edmar@ ufpe.br

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APM Academia Pernambucana de Medicina

Aedes aegypti: uma criaturinha injustiçada DIVULGAÇÃO

Por Luiz Mauricio-da-Silva*

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esolvi escrever este artigo depois de meditar um grande tempo sobre o assunto. Do ponto de vista da Genética e da Evolução, e mesmo do ponto de vista antropológico, estamos em dívida com esse bichinho. Aedes aegypti parece um mosquito muito antigo. Um estudo comparativo entre citogenômica de Aedes e Anopheles afirma que divergiram entre 145 a 200 milhões de anos atrás(1). Suplantaram os dinossauros em sobrevivência e com certeza sobreviverão a todas as investidas do homem. Há 65 milhões de anos um asteroide caiu no México criando a cratera de Chicxulub e cobrindo o planeta com uma nuvem de poeira que sufocou e destruiu todos os animais grandes e muitos pequenos como os insetos, mas o A. aegypti sobreviveu. Parece ter sido confinado à África de onde ganhou o mundo demonstrando suas habilidades adaptativas e proliferando profusamente. O abraço planetário do A. aegypti compreende quase todo o hemisfério sul. Em todas as cidades existem condições para sua proliferação, pois sua estratégia de adaptação permite a sobrevivência em condições espaciais mínimas, como uma tampa de garrafa de refrigerante, desde que as demais condições sejam satisfeitas. Ele põe os ovos num tempo futuro onde haverá inundação do local que possibilite o desenvolvimento e eclosão dos mosquitos. Quando a água estiver presente fica mais fácil para ele(2). A dengue e a febre amarela ocorrem em pontos determinados onde as condições climáticas favorecem e o A. aegypti

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está presente, pois o sistema homem-mosquito-vírus é um conjunto coevolutivo cuja dissolução está se tornando cada vez mais difícil. O foco das atenções deve ser o vírus, pois vacinas já estão sendo produzidas experimentalmente como primeira bateria de resistência. No entanto, uma vacina eficiente parece estar, ainda, muito longe. Enquanto a vacina contra a dengue não chega resta-nos debatermos com as campanhas contra o mosquito, o que parece não surtir grande efeito uma vez que experimentamos epidemias mesmo na vigência delas. No Brasil, o Estado tutor se responsabiliza por todos os problemas e a responsabilidade do cidadão quase nunca é levada a sério. No caso da dengue que é atualmente epidêmica no Rio de Janeiro e São Paulo, os Estados mais populosos, a responsabilidade é colocada quase que inteiramente nos ombros do mosquito. Mas consideremos o seguinte: se em duas cidades próximas A e B existe o mosquito e não temos a dengue, provavelmente é porque o mosquito não está infectado. Se tivermos o mosquito e não tivermos dengue nunca só a teremos se o mosquito não for infectado primeiro. E se tivermos dengue em uma delas somente, a outra só terá dengue se indivíduos humanos infectados migrarem para ela. Os mosquitos possuem baixa mobilidade e dependem dos humanos para se deslocarem a grandes distâncias. Assim seria de bom tom acrescentar, nas campanhas, algumas linhas de advertência como a seguinte: SE VOCÊ ESTÁ COM DENGUE NÃO PERMITA QUE O MOS-

QUITO O PIQUE DE NOVO E NÃO SE AFASTE DO SEU DOMICÍLIO MAIS DE DOIS QUILÔMETROS SEM AVISAR A UM POSTO DE SAÚDE. POIS SE O FIZER VOCÊ SERÁ UM RESPONSÁVEL DIRETO PELA DISSEMINAÇÃO DA DOENÇA. Pergunto-me por que isso não é levado em conta, ou seja, a responsabilidade do doente de dengue. Com certeza os estudiosos do problema sabem disso e aqueles, mais políticos que cientistas, dirão “não o mosquito infectado pode ser levado facilmente através de vários meios de transporte, etc. etc.” procurando invalidar a natureza da sugestão. De qualquer modo fica o apelo daqui dos confins da minha cidadania tutelada, mas consciente. LEITURAS RECOMENDADAS 1. Krzywinski J, Wilkerson RC, Besansky NJ: Toward understanding Anophelinae (Diptera, Culicidae) phylogeny: insights from nuclear single-copy genes and the weight of evidence. Syst Biol 2001, 50:540-556. 2. Delsio Natal, Bioecologia do Aedes Aegypti, Biológico, São Paulo, v.64, n.2, p.205-207, jul./ dez., 2002 3. The Economist. http://www.economist.com/ node/13871961/print Jun 18th 2009

* Luiz Mauricio-da-Silva é médico, geneticista e membro da Academia Pernambucana de Medicina.


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