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Ano 3; volume 6; setembro de 2012; ISSN: 2176-7823

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Ano 3; volume 6; setembro de 2012. Conselho Editorial: Irmã Cláudia Chesini, Edilaine Vieira Lopes, Suzéte Maria Groehs, Susana Fernandes Pfarrius Ladeira, Bibiana Melissa de Oliveira João de Deus, Schirley Fleck, Karem Medeiros e João Pedro Ermel. Conselho Externo: Juracy Assmann Saraiva, Anamaria Cachapuz Cypriano e Marie Traude Schneider. Revisão Geral: Criseldes Maria Jucinsky Revisão: Me. Eliana Müller de Mello Projeto Gráfico e Diagramação: João Pedro Ermel Impressão e Edição: EDITORA ÁTICA ACSC - COLÉGIO SANTA CATARINA Rua General Osório, 729 Novo Hamburgo - RS - 93510-160 (51) 3527.4862 http://www.colegiosantanh.com.br http://twitter.com/santanh http://www.facebook.com/santanh http://www.youtube.com/user/colegiosantanh http://issuu.com/colegiosantanh A revista Santa@PublicAção é uma publicação (impressa e virtual) semestral do Colégio. Dúvidas, sugestões e comentários são sempre bem-vindos. E-mail: publicacao@colegiosantanh.com.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Santa@publicação / Colégio Santa Catarina – Ano 1, v. 1, n. 1 (fev. 2010)- . – Novo Hamburgo: FTD, 2010- . v. : il. ; 30 cm. Semestral. ISSN 2176-7823 1. Educação - Periódicos. I. Colégio Santa Catarina.

(Bibliotecária responsável: Susana F. P. Ladeira CRB 10/1484)

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Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

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Escolas Associadas da UNESCO

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Ano 3; volume 6; setembro de 2012; ISSN: 2176-7823

Inicio a apresentação da 6ª edição da Revista Santa@PublicAção com uma frase de Paulo Freire, educador brasileiro, que é referência internacional: “A educação modela as almas e recria os corações, ela é a alavanca das mudanças.” É a partir dessa experiência que os educadores do Colégio Santa Catarina percorrem o caminho da aprendizagem individual e coletiva, pessoal e institucional, refletindo sobre suas práticas e registrando os desafios que delas surgem. Vários teóricos apresentam elementos acerca de quais placas, ao longo do caminho, sinalizam o percurso. No entanto, é a partir da sensibilidade do professor que percebemos onde estão os alunos, visto que esse educador estabelece conexões entre as informações e a vida, fazendo, assim, com que aconteça a aprendizagem. Os artigos aqui apresentados nos dão uma amostra da abordagem contemporânea da educação, da sua intencionalidade e dos seus desafios, na perspectiva da educação integral de qualidade, desde a criança aos jovens. Para uma melhor apresentação, definimos pelo agrupamento dos artigos, conforme o tema desenvolvido. Pedagogia – No artigo “Arte, Ciência e o Lúdico”, da professora Claudete Marmitt, é apresentada a arte nos primeiros anos escolares, como possibilidade de construir, reconstruir e (re)significar através do brincar, pois a criança aprende brincando. E todos aprendem também através da leitura, visto que ela é energia, um meio eficiente para acessar o conhecimento, conforme afirmam as professoras Giséli Lindemann Buerger e Justine Koppe, autoras do artigo “O desenvolvimento da competência leitora”. Para pensar o lugar do sujeito aprendiz no desenvolvimento da fala e da escrita, uma excelente reflexão, intitulada “A fala e a escrita sobre os direitos humanos nas aulas de língua espanhola”, disserta sobre os trabalhos desenvolvidos com as turmas de 6ª série, com as professoras Lisete Clara Heckler e Gabriela Fabian.

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Cidadania – Nesse aspecto, as professoras das 6ªs séries e 6º ano, Cássia Webber e Bárbara Jucinsky Schmitt, apresentam o projeto “AMEC – Agentes Multiplicadores da Ética e da Cidadania” como uma sistematização interdisciplinar de práticas que fazem acontecer o processo de uma cultura de Paz e não violência. O artigo da professora Suzéte Maria Groehs sobre a “Cooperativa Escolar” dos alunos de 7ª e 8ªséries traz a oportunidade de aprender a teoria implícita no processo e de vivenciar todas as etapas de constituição do trabalho de uma cooperativa, além de desenvolver fortemente um caráter de sustentabilidade. Cultura - Como o Colégio está afiliado ao PEA-UNESCO, o tema Patrimônio Mundial passou a receber destaque. A professora Bárbara Jucinsky Schmitt relata sua experiência sobre o “Patrimônio Histórico-Cultural” nas turmas de 5º ano do Ensino Fundamental de nove anos. Sustentabilidade – Em um tema desafiador, apresentamos a abordagem da “Conferência das Nações Rio+20”, modelo de desenvolvimento aliado à sustentabilidade e à tecnologia, com o trabalho escrito pelos professores Rosângela Assis e João Pedro Ermel. E, para finalizar, as professoras Eliana Müller de Mello e Cíntia Ramos, no artigo “GIS@.COM: Grupo de Intervenção Socio@mbiental”, enfocam a sustentabilidade, a partir da interferência dos alunos em situações de ‘risco’ ambiental, e o trabalho com as novas tecnologias que trouxeram formas inovadoras de produção social de conteúdos, servindo de mediadoras no ambiente de aprendizagem. Agradecemos pelo apoio e pela participação de nossos colaboradores, internos e externos. Encerramos, afirmando que percorremos juntos o caminho da aprendizagem e que somente o desejo (de ensinar e aprender) é capaz de agenciar possibilidades, mobilizar conexões e potencializar o mundo. Boa leitura para todos nós!

Irmã Cláudia Chesini Diretora do Colégio Santa Catarina

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O mapa da leitura, no Brasil, continua desastroso e as questões econômicas e culturais têm um peso importante na funcionalização da prática da leitura. Assim, parece necessária a propagação de ações que minimizem a falta de material pedagógico referente à sistematização, desenvolvimento e incentivo da competência escrita e leitora. A 6ª edição da Revista Santa@PublicAção entra nessa discussão como fio condutor de múltiplas possibilidades, uma vez que sua parceria desenvolve o gosto pela leitura/escritura, sem deixar que se mantenha um contato com a realidade, capacitando e orientando os mediadores desse processo em nossa escola: os docentes. A Educação carece de meios como este: uma revista que ceda espaço para a escrita pedagógica, a fim de difundir e socializar o conhecimento através da descrição de projetos que levem à comunidade uma qualificação constante, sem falar na ampliação do acesso à informação. Como a capacidade de leitura crítica e a produção de bens culturais passam pelo desenvolvimento da linguagem, tomemos como exemplos os temas abarcados por esta edição, “Boas práticas pedagógicas: a produção conjunta e a socialização do saber”, que enfatiza o cooperativismo, a cultura da paz, a energia sustentável e a sustentabilidade, o intercâmbio cultural, a preservação do patrimônio, a pesquisa e os processos tecnológicos. Nossos agradecimentos aos que colaboraram, disseminando e multiplicando seus saberes por meio da reflexão, ensino e pesquisa no âmbito escolar, sejam pais, alunos, c o m u n i d a d e e s c o l a r, p r o f e s s o r e s o u colaboradores. Obrigada, também, à Direção, por permitir a prática criadora, sobretudo com o uso de recursos que incentivem a competência escrita,

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uma vez que o ato de ler/ escrever criticamente vai além das barreiras impostas pelas atividades mecanicistas e passa a ser produtor de significados, diminuindo distâncias entre o texto e o leitor. Nossas homenagens especiais seguem estendidas à Editora Ática, grande parceira e apoiadora, e ao PEA (Programa das Escolas Associadas da UNESCO), representado pela Coordenadora Myriam Tricate, por acreditar nas ações que repensem o ensino e reconheçam a importância das capacitações aos educadores, com vistas à constituição de espaços nos quais se construam relações de sentido, tão importantes no processo de ensino e aprendizagem. Por fim, nós, do Conselho Editorial, queremos agradecer a você, leitor(a), por acompanhar a evolução da nossa Revista. Já estamos comemorando 3 anos juntos e preparando, com muito carinho, a próxima (7ª) edição. O ato de ler costuma libertar do caos, humanizar e ampliar a fruição. Portanto, que essa 6ª edição mostre a força que os espaços pedagógicos têm no campo educacional. A todos, desejamos uma boa leitura!

Prof. Me. Edilaine Vieira Lopes (em nome do Conselho Editorial)


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Mas o que é a “Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS)?” se pergunta Nicholas Burnettex, Diretor Geral Adjunto da UNESCO para a Educação, e ele próprio responde: “é uma educação destinada a preparar o futuro. Ela pretende nos tornar capazes de enfrentar os principais desafios da atualidade: a proteção do meio ambiente, o respeito pela biodiversidade e a defesa dos direitos humanos”. A proposta de renovar radicalmente a educação ficou consolidada quando os Chefes de Estado e de Governo, ONGs, empresários e outros grupos reafirmaram seu compromisso em 2002, durante a Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável realizada em Johanesburgo, a RIO+10. No Parágrafo 18 da Declaração Política desse encontro, os educadores presentes definiram a centralidade da educação para a criação de um futuro sustentável. Na RIO+10 também foi proposta a realização da “Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável”, adotada por consenso pela Assembleia Geral da ONU, em dezembro de 2002. A resolução designou o período de 2005 a 2014 e solicitou à UNESCO promover a Década dando ênfase ao aumento da qualidade e da abrangência da educação reorientando seus objetivos no sentido de reconhecer a importância do desenvolvimento sustentável na educação como uma prioridade mundial. O professor Mozart Neves Ramos, membro do “Todos Pela Educação” e do Conselho Nacional de Educação afirma que “não haverá sustentabilidade se o Brasil não resolver o seu problema educacional” e lamenta que a RIO+20, Conferência sobre Desenvolvimento Sustentável tenha deixado passar despercebido o tema educação. “O Brasil pode ser um protagonista deste novo século e deste novo modelo de desenvolvimento, e como anfitrião da RIO+20 deveria ter trazido o tema educação para lugar de destaque na Conferência. Nem o Brasil, nem outro país o fez: ou subestimaram o papel da RIO+20 ou, em

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escala mundial, não percebem a educação como prioridade e vetor das mudanças que precisamos”. Sem nenhuma dúvida, a educação deverá fornecer respostas para a crise atual. Uma educação de qualidade que facilite a tomada de consciência, a abertura, a solidariedade e a responsabilidade. Concordando com Nicholas Burnett, a mobilização de alunos, professores, escolas e comunidades para enfrentar os desafios sociais e ambientais constitui o primeiro passo para superá-los. Mas, sobre tudo, é necessário que os políticos e os tomadores de decisão estabeleçam as condições indispensáveis a fim de que a educação sustentável seja orientada para construir uma sociedade mais justa, começando pelo Ensino Fundamental, alicerce da personalidade. “Boas Práticas Pedagógicas: produção conjunta e a socialização do saber”, tema desta edição da Sant@ Publicação reforça o que há de melhor para o desenvolvimento humano e integra à sustentabilidade do SER com inteligência reflexiva, iniciativa, imaginação, criatividade, responsabilidade. Percebe-se entusiasmo, envolvimento, prazer na descoberta, na convivência e esforço comum para a realização de projetos em cooperação. É a prática pedagógica comprometida em educar para a cidadania plena, planetária. Nesta era da informação com pluralidade dos meios de comunicação, mais do que nunca há que socializar e compartilhar saberes. Pode se observar que o Colégio Santa Catarina administra os desafios de hoje com olhar para o amanhã. A transversalidade multidisciplinar com práticas socioambientais sustentáveis destaca o Colégio Santa Catarina como exemplo, escolacidadã em conformidade com a Agenda 21. Lúcia Chayb Revista ECO21 www.eco21.com.br

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Claudete Marmitt¹

A ARTE CÊNICA E O LÚDICO Ser professor em qualquer época sempre exigiu muito do sujeito que exerce essa função. Hoje, as escolas já possuem um suporte pedagógico amplo e a tecnologia oferece auxílio didático na área da aprendizagem. Todavia, existe um tempo único na vida da criança que não se transformou ou não sofreu alterações em sua origem natural, mesmo que a tecnologia também tenha se aproximado dela, com inúmeros produtos para interagir com o lúdico. De que tempo estou falando? Da necessidade que a criança teve e tem de brincar, de se construir através desse brincar. Além da evolução tecnológica, também aconteceu a evolução da atenção com este pequeno ser que se constrói e frequenta cada vez mais cedo a escola e ganha atenção e compreensão especial em sua “formação”, por essas instituições. Leis como o ECA, que em 1990 tornou decisivo o acesso da criança ao brincar, foram importantes na mudança e contribuem na escola e dentro da sala de aula como um todo, educação/lúdico/ser. Outra lei importante, instituída em 1996, a LDB, deu origem aos Parâmetros Curriculares Nacionais, cujo o teor apresenta um eixo norteador para o conteúdo da Arte, que muito vem ganhando evidência e solicitude para contribuir com o crescimento sadio da vida escolar do educando. Não podemos esquecer os teóricos que contribuíram para tal campo, como Ana Mae Barbosa, uma das pessoas que lutou pela inclusão da arte como disciplina e conteúdo, afirmando: “Arte é qualidade e exercita nossa habilidade de julgar e de formular significados que excedem nossa capacidade de dizer em palavras. E o limite da nossa consciência excede o limite das palavras”. (2004, p.4). Hoje, cada vez mais a arte entra em evidência nos primeiros anos escolares dos infantes e muito tem a oferecer quando o assunto é lúdico, pois oferece um educar que favorece a possibilidade de construir, reconstruir e

(re) significar através do brincar. Uma dessas linguagens da Arte é a Arte Cênica: a criança já traz de forma espontânea dentro de si, mas explorar essa atividade muito cedo como forma de teatro pode não contribuir favoravelmente. Reverbel (1989, p.19) escreveu que: É na sala de aula que podem acontecer as primeiras descobertas de si mesmo, do outro e do mundo, pois aí o aluno incorpora-se ao grupo social, ao mesmo tempo que se diferencia dele. Ao orientar as primeiras atividades de expressão, o professor precisa considerar, antes de tudo, as manifestações espontâneas da criança, a única coisa que permitirá a ela exteriorizar sua personalidade.

É importante observar o desenvolver espontâneo de cada criança quando falamos em Arte Cênica, pois o faz de conta é importante na sua vida, lembrando da oportunidade de oferecermos momentos em que ela possa se preparar na construção e elaboração de habilidades. Sim, é preciso que a criança possa estar em contato com “atividades” que possam favorecê-la na elaboração de suas habilidades. Quando falo em habilidades, logo penso no primeiro ano de vida de uma criança como exemplo. Ano em que fica bem nítido observar a evolução para a aquisição de habilidades, não que os anos seguintes não os sejam. Porém, no primeiro, ela precisa apreender movimentos, manuseio de objetos, sua alimentação passa por processos, aprimorar a sua linguagem corporal e o início da linguagem oral, entre tantas outras importantes que, por algumas vezes, podem nos passar de forma despercebida, pois é o processo natural que vai se construindo. Nos anos seguintes, seu desenvolvimento continua no processo de novas e outras aquisições, ou talvez, o processo de buscas de habilidades não cessa na vida de um ser, mesmo quando ele já tem a competência de unir habilidade e competências; assim como assimilação e acomodação não cessam, mas

1 - Arteterapeuta; especialista; pós-graduada em Psicopedagogia Institucional; graduada em Artes Visuais, licenciatura plena; participou do curso de extensão "Um chamado para a autenticidade”, proferida pela prof.ª Ph.D. Susan Bello. claudetemarmitt@hotmail.com

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seguem. O que importa nos primeiros anos de vida é, principalmente, como elas acontecem; é esse “como” que influenciará no transcorrer da vida.

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Além de trabalhar a questão visual, uma menor intensidade de luz pode contribuir, auxiliando alunos mais inibidos, dando a sensação de menos visibilidade. Outra atividade que pode contribuir ocorre com as roupas de super-heróis, a pintura do rosto e as máscaras, que podem funcionar com o “não sou eu, é a personagem”, assumindo o faz de conta para entrar na brincadeira. Podemos oferecer variados objetos que auxiliam no jogo do faz de conta. A criança dificilmente olha o objeto com um olhar estético, mas sim com um olhar de “exploração” e relação. Além do mais, ela geralmente apresenta o desejo de manipular objetos do mundo adulto. Nesse momento, também podemos trazer a música para contextualizar as atividades, mas devemos observar o ritmo e melodias, incorporando-as a favor da atividade, pois a criança é muito suscetível à música. Esses objetos e brinquedos entram em “cena” no jogo cênico de forma muito natural e espontânea no “mundo infantil”. Em um de meus trabalhos voluntários em uma brinquedoteca, vivi momentos que enriqueceram muito minhas aulas. Um deles foi numa tarde de chuva quando todas as crianças estavam brincando de forma livre, escolhendo com quais brinquedos desejavam brincar e também as brincadeiras em si. Estávamos acompanhando os alunos de forma atenta para atendê-los em suas necessidades. Em alguns momentos, as crianças me incluíam nas brincadeiras e, em um desses momentos, um

As alunas do Curso Normal da Escola Santa Catarina, em seus estudos, preparam-se para que possam estar atentas a essas necessidades. Constroem e observam a interação dos materiais com as crianças em seus primeiros anos de vida. Nas atividades Cênicas, podemos oferecer atividades iniciais lúdicas, usando móbiles, tapetes, músicas, fantoches, teatro de sombra, tules, utilização de lanternas, luzes mais tênues de variadas cores.

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dos meninos me entregou uma boneca que se parecia muito com um bebê. Pediu-me que ficasse com ela no colo. Outro menino veio, aproximou-se e foi sentando no meu colo. Perguntei-lhe se queria dar colo para o bebê que eu segurava. Ele me disse que não gostava de bebês. Perguntei por que ele não gostava de bebês e ele respondeu que eles choravam muito. Perguntei se ele conhecia alguém que tinha um bebê. Respondeu-me que a mãe tinha um que chorava muito e, por isso, ele não gostava de bebês. Comecei a fazer algumas perguntas “bobas”. -Os bebês falam, conversam? (Ele responde que bebês não falam, só choram). -Mas como eles pedem comida? (Os bebês não comem comida, só tomam mamadeira). -Mas como eles pedem a mamadeira? (Eles choram). -Como os bebês vão ao banheiro? (Ele ri e diz que eles usam fraldas. E vai brincar...). Na semana seguinte, quando o menino me viu, ele sorriu e, quando chegou o momento de brincar, ele foi até a boneca, pegou-a e trouxe-a até onde eu estava. Olhou-me, sorriu novamente e disse: “agora, eu já gosto de bebês”. Esse acontecimento me lembra uma fala de Rubem Alves: “Amamos não é a pessoa que fala bonito. É a pessoa que escuta bonito. A escuta bonita é um bom colo para uma criança se assentar...”. As atividades cênicas acontecem também nesses “pequenos” momentos significativos, como nos mostrou esse menino que elaborou “não gosto de bebês”, para um “já gosto de bebês”. Entretanto, para que isso possa acontecer, é preciso disponibilidade de ser ouvido e compreendido em sua fala. É na relação que a criança, enquanto brinca e faz de conta, trabalha de forma espontânea suas interrelações. É preciso que o professor desenvolva um olhar e uma escuta atenta, para que possa se aproximar com sensibilidade,

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oportunizando “auxílio” à criança. Nesse sentido, Vieira (2006, p. 121) escreveu: No desenvolvimento dos jogos infantis individuais e de grupo, a atitude do professor adquire uma importância que nem sempre é bem avaliada: antes de tudo, é fundamental que o professor aprimore a sua capacidade de observação e saiba identificar as diferentes etapas através das quais o jogo das crianças evolui, para poder intervir de forma a garantir liberdade e segurança aos participantes, ou enriquecer, com novas sugestões, as brincadeiras.

E, ao fazer teatro, onde entram as peças teatrais? Elas entram em cena? Vieira (2006, p.96) escreveu sobre a prática teatral na educação Infantil e aponta: Ao dirigir a prática teatral das crianças pequenas, a montagem e apresentação de cenas criadas conforme a sua visão estética o professor, amparado pela falsa ideia de que está ensinando conteúdos teatrais e valores estéticos aos seus alunos, demonstra um total desconhecimento sobre o valor construtivo e social da atividade de lúdico para a infância.

É preciso que esse conhecimento seja difundido cada vez mais no meio educacional, para que o lúdico possa se ressaltar sobre esta cultura do “fazer teatral” na Educação Infantil. Percebe-se que, muitas vezes, ainda pode existir um fazer por repetição cultural herdado de tempos quando a arte não fazia parte da educação com a intenção de lúdico. Corrêa (2004 p.176) escreveu: “Durante mais de três séculos, o 'teatrinho' de colégio foi a base da educação dramática no Brasil por meio das encenações que respondiam basicamente às exigências do calendário escolar.” A expressão “teatrinho”, ainda segundo Corrêa, está geralmente associada às festinhas e comemorações e tem origem no atendimento aos interesses da nobreza e da aristocracia no Brasil Colônia. Para fazermos reflexão à escrita de Corrêa, busco referência em Vieira (2006, p. 111) que aponta:


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E preciso ressaltar que, antes dos seis anos de idade, mesmo contando com o acompanhamento de um professor de teatro, as crianças não estão prontas para a improvisação perante uma plateia, pois não têm condições intelectuais para compreenderem a dualidade palco-plateia. Mesmo que a criança já tenha seis, sete ou

oito anos, ainda assim, devemos respeitar o desejo dela em relação à atuação no palco, lembrando que somos seres únicos e, dessa forma, cada um tem o seu tempo de amadurecimento. Assim como os adultos se sentem na obrigação de “acertar”, a criança também se sente. É importante dizer que a primeira apresentação no palco ou em qualquer espaço deve ser prazerosa, para que a criança possa se sentir segura, amparada por um narrador que possa intervir caso haja necessidade; sem expor a criança, para que possa se construir uma relação com o desejo de repetir estas atividades, “um gostinho de querer mais, de quem gostou da brincadeira”. Segundo Reverbel (1989, p. 20): Se, contudo, durante a prática dessas atividades, essas manifestações espontâneas não ocorrerem, essas mesmas atividades poderão originar um bloqueio, de que podem resultar vários problemas, como timidez, agressividade, falta de fluência verbal e gestual, dificuldade de relacionamento com os companheiros, e outros mais. A expressão espontânea da personalidade está profundamente relacionada com a orientação dada pelo professor. Este jamais poderá constranger a criança a atuar por imposição; pelo contrário, deverá deixá-la percorrer livremente seu caminho de descobertas e permitir-lhe assimilá-las, e expressá-las com prazer e naturalidade.

A atuação é o meio pelo qual nos relacionamos com o outro. O processo dramático é considerado um dos mais vitais para os seres humanos e o processo dessa atuação se iniciou lá na infância. Cada um de nós traz as suas recordações e, ao acessá-las, encontraremos momentos especiais da “atuação”.

Reverbel (1989, p.22) lembra: “Nosso objetivo na escola não é ter um aluno ator, um aluno pintor ou um aluno compositor, mas sim dar oportunidades a cada um de descobrir o mundo, a si próprio e a importância da arte na vida humana.” Ao ler e pensar sobre os Objetivos Gerais da Educação Infantil, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, podemos observar que eles se encaixam com leveza nas atividades referentes à Arte Cênica e que trazem muita riqueza para a vida do educando.

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O teatro na escola pode contribuir favoravelmente: • Para que a criança possa desenvolver uma imagem positiva de si. • Para que possa descobrir e conhecer progressivamente seu próprio corpo. • Para estabelecer vínculos afetivos e de troca com adultos e crianças. • Para estabelecer e ampliar cada vez mais as relações sociais. • Para observar e explorar o ambiente com atitude de curiosidade. • Para brincar, expressando emoções, sentimentos, pensamentos, desejos e necessidades.

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fazer de outros sujeitos. Que esta beleza da atuação possa permanecer em cada professor e também que possa servir de estímulo às futuras professoras para atuarem com plena improvisação e coragem nas mudanças que já vieram e nas que ainda estão por ser construídas a fim de que se possa estabelecer, antes de tudo, no coração e na razão. Dessa forma, cito Gadotti (2003, p. 47), que nos deixa esta mensagem: Nós, seres humanos, não só somos seres inacabados e incompletos como temos consciência disso. Por isso, precisamos aprender “com”. Aprendemos “com” porque precisamos do outro, fazemo-nos na relação com o outro, mediados pelo mundo, pela realidade em que vivemos.

• Para conhecer manifestações culturais, demonstrando atitudes de interesse, respeito e participação, valorizando a diversidade. • Para compreender e ser compreendido, expressar suas ideias, sentimentos, necessidades e desejos e avançar no seu processo de construção de significados, enriquecendo cada vez mais sua capacidade expressiva. O conteúdo acima nos mostra o quanto a educação já cresceu e que muito vamos crescer ainda, quando falamos em escola e educação. Como professores, estamos diretamente influenciados com a aprendizagem e a cultura, não somente com a de nossos alunos, mas sim com a própria cultura e aprendizagem permanente. Ao se tornar um observador, o professor torna-se alguém que dialoga, num processo que não cessa. Porém, cria um diálogo interno que pode levá-lo a novos caminhos, ampliando os seus próprios conhecimentos e a atuação interna e externa. E, à medida que vamos escrevendo, pesquisando e conversando sobre a educação, mais poderemos compartilhar as vivências e experiências que podem contribuir muito com o

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Trabalhando de forma mais direta com as alunas do Curso Normal, tive o enorme prazer de estar com pessoas que amavam o trabalho docente indiferente das idades, buscavam conhecer-se, compreender-se. Além disso, ainda havia a busca de conhecimento para um “atuar” mais consciente, carregado de motivação para o presente e futuro. Dessa forma, quem sabe, teremos um passado bastante diferenciado do atual, quando daqui a alguns anos falarmos em educação. Gadotti (2003, p. 44) menciona:


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Certamente, para o professor ter êxito nessa sociedade aprendente, o professor, a professora precisa ter clareza sobre o que é conhecer, como se conhece, o que conhecer, porque conhecer, mas um dos segredos do chamado “bom professor” é trabalhar com prazer, gostando do que se faz. A gente faz sempre bem o que gosta de fazer. Só é bem sucedido aquele ou aquela que faz o que gosta.

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Penso que o mesmo se dá na prática profissional, principalmente nas mudanças: é preciso começar e esse começo exige observação para elucidar o caminho e, fundamentalmente, precisamos estar dispostos para apreender “com”. A Arte é a “disciplina amiga” que nos oferece enormes possibilidades para o trabalho de forma interdisciplinar e contextualizada “com”... sem, é claro, nos esquecermos do lúdico. REFERÊNCIAS A LV E S , R u b e m . Disponível em: < http://www.rubemalves.com.br/aartedeouvir.htm > Acessado em: 16 maio, 2012.jj BARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino da arte. São Paulo. Editora Perspectiva, 2004. Boll, Gearldo. Disponível em: <http://www.ivoti.rs.gov.br/semec/index.php?idT ela=6&idEscola=2> Acessado em: 15 maio, 2012.

A busca pelo conhecimento é uma ferramenta para um “atuar” mais pleno, mais seguro, mais prazeroso e menos estressante para os educadores e as futuras educadoras. Segundo REVERBEL (1989), “A criança aprende atuando, motivo pelo qual é preciso que o professor lhe ofereça oportunidade de atuação”.

Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente. Estatuto da Criança e do Adolescente. Porto Alegre. 2001. CORRÊA, Ayrton Dutra. (Org) Ensino de artes múltiplos olhares. Ijuí. Editora Unijuí, 2004. CUNHA, Susana Rangel Vieira da. Cor, som e movimento: a expressão plástica, musical e dramática. Porto Alegre. Mediação, 1999. GADOTTI, Moacir. Boniteza de um sonho. Novo Hamburgo. Editora Feevale. 2003. PCN - Parâmetros Curriculares Nacionais Educação Infantil - Referencial Final http://302284.vilabol.uol.com.br/pcn-inf.htm#15. Acessado: 28 setembro, 2011. REVERBEL, Olga. Um caminho do teatro na escola. São Paulo, Scipione, 1989.

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Bárbara Jucinsky Schmitt² Cássia Maiele Weber³

AMEC - Agentes Multiplicadores da Ética e da Cidadania: uma visão das disciplinas da área de Ciências Humanas Neste ano, dentre os diversos projetos que estão sendo realizados pelas turmas do Colégio Santa Catarina, coube às turmas de 6ª série (63, 64 e 65) a realização de um projeto, denominado AMEC – Agentes Multiplicadores da Ética e da Cidadania. O tema do projeto foi definido tendo como inspiração o projeto da UNESCO chamado de Cultura da Paz.4 Este não deve ser um trabalho que irá limitar-se ao ano de 2012. Tal ideia foi concebida para que o grupo de Agentes Multiplicadores da Ética e da Cidadania possa desenvolver uma temática diferente para cada ano, pois a Educação Para a Paz é um processo duradouro. A Educação para a Paz é um processo para toda nossa vida, que permeia todas as idades, no seu campo de atuação é por essência complexa e multifacetada. Além de acontecer nas escolas, precisa estar presente em nosso cotidiano: nos meios de comunicação, nas relações pessoais, na organização das instituições, no meio da família. (DISKIN; ROIZMAN, p. 9, 2006). Para o ano de 2012, o tema definido foi a influência da mídia no comportamento humano, tendo em vista que estamos presenciando um momento em que os jovens estão muito adeptos a todos os meios de comunicação e redes, mídias sociais e, muitas vezes, não percebem o quanto são influenciáveis pelos mesmos. Nessa perspectiva, fica evidente a necessidade de refletirmos sobre essa realidade em sala de aula. Buscou-se trabalhar o tema, sempre que possível, entre todas as áreas do conhecimento. Para o início das atividades, não poderia se deixar de trabalhar alguns conceitos pertinentes

ao conteúdo tema, como PAZ E NÃOVIOLÊNCIA. Através de pesquisas e debates em sala de aula, percebeu-se a dificuldade que existe nos dias de hoje em resolver os mais diferentes conflitos de forma pacífica. No simples dia a dia de uma turma, conseguimos identificar diversas situações onde a violência (tanto verbal quanto física) manifesta-se e, na maioria das vezes, o adolescente não sabe lidar com esses acontecimentos de forma dialógica e respeitosa, como deveria ser. Sabemos que as nossas escolhas, a maneira como nos comportamos e nos manifestamos perante os outros são diretamente influenciadas pelas aprendizagens que construímos, pelos exemplos que temos e pelo que aprendemos a ser. Vivemos um momento onde impera a cultura de guerra e violência. Cultura esta que, atualmente, permeia as mais diferentes esferas de relacionamentos. Segundo o Projeto Cultura da Paz da UNESCO, este é um dos maiores problemas atuais e somente através da conscientização da importância da tomada de atitudes pacíficas e não-violentas, poderemos reverter a atual situação em que vivemos. É possível notar que, atualmente, a violência vem sendo vista como uma atitude normal, uma situação cotidiana comum e natural, como única maneira de solucionar as divergências e lutar pelos nossos pensamentos e ideais. Por esse motivo, quando ligamos a televisão ou o rádio, ou acessamos qualquer outro meio de comunicação, as notícias pavorosas e cenas absurdas nem nos chamam mais a atenção, pois estão presentes dia-a-dia em nosso meio.

2 - Professora das disciplinas de História, Geografia e Vida Cidadã no Colégio Santa Catarina; pós-graduada em História do Rio Grande do Sul. bajucinsky@yahoo.com.br 3 - Professora das disciplinas de Matemática e Vida Cidadã no Colégio Santa Catarina. cassiaweber@yahoo.com.br 4 - Este é um projeto desenvolvido pela UNESCO a fim de promover a resolução não-violenta dos conflitos. Objetiva prevenir que ocorram situações que possam ameaçar a paz e a segurança, como o desrespeito aos diretos humanos, discriminação, intolerância, exclusão social, pobreza extrema e degradação ambiental. Para a efetiva realização deste projeto, segundo a UNESCO, deve-se utilizar meios como a educação, a prevenção e a conscientização.

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A violência é algo cultivado pela sociedade, algo que não faz parte da natureza humana; um comportamento que aprendemos ao longo da nossa vida para solucionar as dificuldades que encontramos pelo caminho, dependendo de uma série de fatores do contexto onde estamos inseridos. Dessa forma, se sempre aprendemos a solucionar os conflitos de forma agressiva e violenta, em qualquer situação utilizaremos o meio visto como mais eficaz – a violência, em nosso caso. Levando isso em conta, temos a convicção de que também somos capazes de cultivar uma cultura da paz, tendo em vista que paz e violência são invenções humanas e não são manifestações que independem da nossa vontade. Bem diferente do que muitas pessoas pensam, a paz não é a ausência de conflitos, pois estes sempre se farão presentes em nosso meio. Afinal, somos seres diferentes e pensamos diferentes. É sim, uma nova maneira de interação com o mundo, com as pessoas, com as dificuldades e diferenças que surgem. Com o objetivo de promover uma reflexão acerca das nossas atitudes e do quanto a mídia, os desenhos infantis, os filmes, a nossa interação social, podem incentivar atitudes violentas, propomos diversas atividades nas disciplinas da área de Ciências Humanas História e Vida Cidadã. As professoras procuraram trabalhar com os alunos diferentes formas de interpretação de imagens em movimento, no caso desenhos animados, séries e programas de televisão, bem como filmes, dos mais diversos períodos históricos, com um olhar voltado para a identificação dessa cultura de violência da qual fazemos parte. Sabemos que os meios de comunicação em massa dominam boa parte do tempo destinado ao lazer. Tendo isso em vista, é necessário compreender que ele é um agente importante na formação das sociedades atuais, tendo efeitos econômicos, políticos e sociais.5 Ao trabalharmos com filmes, novelas, desenhos, anúncios, entre outras produções midiáticas,

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precisamos debater com nossos alunos que aquela era uma representação da realidade, que existe a necessidade de apreciar esses materiais de forma crítica. Os documentos imagéticos foram trabalhados de forma que os educandos percebessem como funcionam, para que foram criados, o que significam, como também, pudessem compreender como esses vídeos podem influenciar e moldar aqueles que o assistem. A ideia foi transformar o estudante de mero espectador em um participante ativo, atento e formulador de questões e de diferentes leituras sobre os filmes, os anúncios, os jogos, os programas de televisão, etc. Ainda que as mídias, em sua maioria, tenham um viés de mão única, a sala de aula deve ser um espaço para dialogar com elas e constatar suas intenções e possibilidades. (CASTRO, p. 283, 2010). Trabalhando dessa maneira, pretendeu-se propiciar aos alunos o desenvolvimento de um olhar crítico sobre as produções da mídia, uma percepção de que se deve questionar o que se assiste. Além disso, pensamos em propiciar um momento de reflexão sobre a nossa vivência, nossas atitudes perante as situações desagradáveis que ocorrem em nosso dia a dia e a forma como lidamos com as mesmas. A mudança precisa, inicialmente, acontecer na vivência de cada um, para que, depois, possamos incentivar e auxiliar mais pessoas. Para concretizar um pouco mais o que aprendemos em sala de aula, foi proporcionada aos alunos uma saída de estudos ao Memorial Judiciário, em Porto Alegre. Neste dia, os alunos tiveram a oportunidade de presenciar um momento de simulação de júri, na presença do Juiz-corregedor Daniel Englert, que respondeu diversas dúvidas sobre o trabalho da Justiça. Temos a certeza de que esse trabalho desacomodou muitos de nossos alunos, pois, muitas vezes, apontar e julgar a atitude do outro é mais fácil do que refletir e repensar nossa própria atitude perante os outros.

5 - CASTRO, p. 279, 2010.

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ativistas nesta busca pela Cultura da Paz, possamos encontrar estratégias para alcançar esse desafio e despertar em muitos dos alunos que participam e constroem a nossa história (e nós, a história deles) uma atitude e comportamento mais humanos e pacíficos. REFERÊNCIAS A UNESCO e a cultura da Paz. Acesso em 16/7/12, d i s p o n í v e l e m http://www.comitepaz.org.br/aunescoeac.htm O que é cultura da paz. Disponível em http://culturadapaz.vilabol.uol.com.br/textos/oque ecultpaz.html, acesso em 17/7. BORDIEU, Pierre. Sobre televisão. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997. CASTRO, Nilo André Piana de. Leitura midiática na sala de aula e nos cursos de extensão: interpretando e construindo conhecimento através de imagens em movimento. IN: BARROSO, Vera Lucia Maciel. [et al]. Ensino da História: desafios c o n t e m p o r â n e o s . P o r t o A l e g r e : E S T: EXCLAMAÇÃO: ANPUH/RS, 2010. DISKIN, Lia. Paz, como se faz? Semeando a cultura de paz nas escolas. Rio de Janeiro: Governo do Estado do Rio de Janeiro, UNESCO, Associação Palas Athena, 2002.

Com esse trabalho realizado em sala de aula, houve a iniciativa de alguns grupos de alunos de pesquisarem além do que foi trabalhado. Estes, por sua vez, realizaram atividades em grupo abordando temas como “a influência dos games no comportamento humano”, “a televisão como meio de incentivo à violência”, entre outros. Concluímos com uma frase de Clésio Tapety, que diz “O nosso grande desafio é encontrar meios de globalizar o amor, o perdão e a tolerância com a mesma eficiência dedicada à globalização da violência” (2009, p.95). Esperamos assim que, enquanto educadoras e

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MORAN, José Manuel. Leituras dos meios de comunicação. São Paulo: Pancast, 1993. Educação para a paz: uma proposta pedagógica para a não violência. Disponível em http://www.faac.unesp.br/pesquisa/tolerancia/text o_educacao_borin.htm. Acesso em 17/7/12. http://colegiosantanh.com.br/2012/06/28/saidade-estudos-a-porto-alegre/. Acesso em 18/7/12. DISKIN, Lia; ROIZMAN, Laura Gorresio. Paz, como se faz? Semeando a cultura de paz nas escolas. Unesco, associação Palas Athena, 2006. Acesso em 16/7, disponível em http://unesdoc.unesco.org/images/0014/001467/1 46767por.pdf


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COOPERATIVA ESCOLAR: UM LABORATÓRIO DE APRENDIZAGEM DO COOPERATIVISMO Um pouco de história... Durante o século XVIII, o mundo passou a viver a chamada Revolução Industrial. Até então, os artesãos dominavam todas as etapas do processo de produção e sabiam o valor de cada peça, recebendo remuneração adequada. Com a substituição de mão de obra pelas máquinas, houve também uma transformação nas relações de trabalho. As inovações tecnológicas aceleraram o processo de produção e reduziram custos, acentuando o controle da burguesia industrial e deflagrando contradições entre ela e os trabalhadores. Más condições de trabalho e remuneração inadequada, dentre outros aspectos, tiveram como consequência, a revolta operária. Nesse contexto, surgiu o Cooperativismo. Em dezembro de 1843, 28 tecelões reuniram-se pela primeira vez em Rochdale, Inglaterra, para discutir possíveis soluções para seus problemas de sobrevivência. Durante um ano, fizeram economia para conseguir capital social (28 libras). Discutiram e avaliaram ideias, respeitaram os costumes e as tradições e estabeleceram normas e metas para a organização de uma cooperativa. Em 24/12/1844, foi inaugurado um armazém cooperativo no Beco do Sapo, em Rochdale, criando, assim, a primeira cooperativa de consumo, com base nos princípios cooperativos. Desde então, o cooperativismo vem recebendo adeptos em todo o mundo. No Brasil, o movimento cooperativista surgiu no século XIX, com a criação da 1. ª Cooperativa de Consumo em Ouro Preto (MG), em 1889, expandindo-se para os Estados de

Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. No início do século XX, o padre suíço Theodor Amstadt foi o grande incentivador e pioneiro na constituição de cooperativas no Sul do país. Em 1902, criou a primeira cooperativa de crédito no Rio Grande do Sul, tendo sido responsável pela criação de trinta e cinco cooperativas de crédito em nosso estado e mais uma em Santa Catarina.

Alguns dos tecelões de Rochdale, Inglaterra.

MAS, O QUE É COOPERATIVISMO? Define-se Cooperativismo como “uma forma de organização que tem como diferencial promover o desenvolvimento econômico e o bem-estar social simultaneamente. Baseado na união de pessoas, sendo este o seu maior capital, o cooperativismo é um modelo socioeconômico com referenciais de participação democrática, solidariedade, independência e autonomia, que busca a prosperidade conjunta e não a individual. Por sua natureza e particularidades, alia o economicamente viável ao ecologicamente correto e ao socialmente justo.” (Disponível em http://www.ano2012.coop.br/default .php?p=texto.php&c=cooperativismo_oquee . Acesso em 19/7/2012)

6 - Professora da disciplina de Matemática no Colégio Santa Catarina; graduada em Ciências - Licenciatura curta e em Matemática Licenciatura plena. suzete@sinos.net

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É regido por sete princípios bem definidos: associação voluntária e livre, controle democrático dos membros, participação econômica dos membros, autonomia e independência, educação, treinamento e informação, cooperação entre cooperativas, preocupação com a comunidade. Muitos estudiosos do assunto consideram o cooperativismo como o melhor caminho a ser seguido com vistas à diminuição da pobreza no planeta. No mundo há dois tipos de sistema político-econômico, o capitalismo e o socialismo.

cidadãos que vivam dentro dos preceitos do cooperativismo. Para isso, está desenvolvendo um projeto que propicia experiências que favorecem a internalização dos princípios e valores do cooperativismo como forma de direcionar a ação educacional para o desenvolvimento humano sustentável; além de desenvolver o espírito empreendedor, fato consonante ao fazer pedagógico do Santa, que se fundamenta em valores diretamente relacionados aos sete princípios do cooperativismo.

Segundo Jadir Girotto, “existe um rio entre o capitalismo e o socialismo. Eles prosseguem paralelos, mas, por mais que partidos políticos tentem misturá-los, não se misturam, realmente, os conceitos. E o cooperativismo é a ponte que une perfeitamente a ambos" (Disponível em http://www.cooperativismo.org.br/cooperativism o/artigos/artigo.asp?id=379. Acesso em 19/7/2012). Conforme Jorge Werthein - vicepresidente do grupo Sangari

O projeto consiste em uma COOPERATIVA ESCOLAR, que traz aos alunos a oportunidade de aprender a teoria implícita no processo e de vivenciar todas as etapas de constituição e de trabalho em uma cooperativa, tornando-se um verdadeiro laboratório de aprendizagem do cooperativismo.

não se pode mais conceber um projeto de desenvolvimento independente das pessoas às quais ele se destina. A visão meramente instrumental do desenvolvimento precisa ceder lugar a uma visão mais humana que conceda primazia às pessoas e à construção coletiva. Quando isso ocorrer, o papel construtivo, constitutivo e criativo da cultura dos povos, certamente dará uma contribuição mais relevante em direção a uma Economia com face mais humana. (Disponível em h t t p : / / w w w . p e a u n e s c o sp.com.br/ano_inter/ano_fisica/micro_hist.ht m. Acesso em 19/07/2012)

COOPERATIVA ESCOLAR... COMO TUDO COMEÇOU?

C O M O O S A N TA P E N S O U E M CONTRIBUIR PARA ESSA FORMAÇÃO COM VISÃO MAIS HUMANA?

Nos primeiros dias de fevereiro de 2012, a proposta de termos, no Santa , uma COOPERATIVA ESCOLAR foi apresentada a professores, pais e alunos de 7.ª e 8.ª série de Ensino Fundamental, por meio de uma palestra proferida pelo prof. Me. Everaldo Marini, grande incentivador e coordenador do projeto gerido pela Sicredi Pioneira RS, dentro do Programa A União Faz a Vida. Logo, formou-se um grupo de alunos interessados em participar e, com uma vinheta onde se lia "Cooperativismo é unir forças para superar desafios", em 17/3/2012, o prof. Everaldo iniciou a primeira aula do curso preparatório para os alunos que pretendiam formar a Cooperativa Escolar do Colégio Santa Catarina.

Uma vez que 2012 foi chancelado pela UNESCO o 'Ano Internacional das Cooperativas', como Escola afiliada do Programa das Escolas Associadas da UNESCO – PEA, o Colégio Santa Catarina procurou uma forma inovadora de contribuir para a formação de

As aulas teóricas e práticas aconteceram semanalmente, durante o primeiro semestre. Nesse período, o grupo estudou um pouco da história do cooperativismo, passando pelos socialistas utópicos e a constituição da primeira cooperativa de consumo, idealizada pelos

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chamados “Pioneiros de Rochdale”. Sempre dentro do tema COOPERATIVISMO, diversas foram as aulas que versaram sobre a definição, os sete princípios a ele pertinentes, seus ramos e entidades que regulam as diretrizes que o regem. Também foram feitas comparações entre associação, cooperativa e sindicato, o que fundamentava a prática que estava por vir. Em pouco tempo, os assuntos passaram a relacionar-se ao nosso fazer.

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de atas e convites, lançamentos em livro caixa e controle de fluxo de caixa, marketing e propaganda... tudo agora estava se tornando mais prático

Formatura do Curso de Cooperativismo.

A CONSTITUIÇÃO DA COOPSANTA

Aprendendo a redigir atas.

Ainda estávamos dentro do período de formação, quando fomos desafiados a constituir efetivamente a Cooperativa Escolar do Colégio Santa Catarina, data que foi definida pelos alunos durante uma de nossas saídas de estudos, em visita à Superintendência da Sicredi Serrana, em Carlos Barbosa

Preenchimento livro-caixa.

O funcionamento de uma cooperativa com a organização do quadro social, reuniões de diretoria e do conselho fiscal, condução de assembleias, elaboração dos estatutos, redação

Logo da COOPSANTA

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Um pequeno grupo trabalhou nos estatutos, que foram lidos e aprovados pelos demais. Como a cooperativa é uma empresa de pessoas, onde os votos de todos os membros, independente de sua função, têm o mesmo valor, formamos uma chapa com os candidatos à primeira equipe diretiva. Se havia mais de um aluno interessado em assumir a função, ou entrávamos em um acordo ou elegíamos o candidato pela maioria simples de votos. Assim, foi definida a chapa que seria votada na assembleia de constituição: Presidente - Victor Südekum Vice - Rodrigo Schuman Franck 1.º secretário - Júlia Helena Eberthardt Hannecker 2.º secretário - Amábily Mattner Mello 1.º tesoureiro - João Pedro Schneider da Rocha 2.º tesoureiro – Marcelo Ritter Brazil Vogais – Lucas Oliveira da Silva, Eduardo Baptista de Oliveira, Andrius de Oliveira Hermes. Conselheiros fiscais efetivos - Júlia Fernanda Koller, Christofer Ian Hernandez Hoffmann, Thamires Raquel Baccin Conselheiros fiscais suplentes – Bruna Letícia Batista Monteiro, Pyetra de Mello, Frederico Dal Bosco Vaz.

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Era hora de captarmos mais sócios, nas turmas de 7. ª e 8. ª séries, pois uma cooperativa só pode ser constituída com, pelo menos, vinte cooperados, Ao final da campanha, tínhamos um total de quarenta e oito sócios que, cumprindo o terceiro princípio do cooperativismo, participação econômica dos membros, compraram, cada um, uma quota definida pela Coopsanta, correspondente a R$ 7,00, valor simbólico, uma vez que o objetivo do projeto é aprender dentro desse grande laboratório de aprendizagem que é a cooperativa escolar. Estávamos iniciando nossa cooperativa com R$ 336,00 em caixa. Em 22/5/12, o Salão Nobre foi palco da assembleia de constituição da Cooperativa Escolar, a COOPSANTA. Na presença de membros da comunidade, familiares, professores do curso de cooperativismo e representantes de cooperativas escolares de Linha Nova, São José do Hortêncio e Nova Petrópolis, os alunos Camila Barcelos e Victor Südekum, dirigiram o cerimonial.

Momento de votação, durante a assembléia.

Grupo eleito, acompanhado de alguns professores do curso e da diretora, Irmã Cláudia Chesini

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Na primeira etapa, foi feita a votação dos estatutos da cooperativa pelos sócios presentes. Em seguida, a eleição do Conselho Fiscal e dos membros da diretoria para a gestão 2012/13.


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NOSSO PRODUTO: O PAPEL SEMENTE As cooperativas classificam-se em treze diferentes ramos, de acordo com o segmento em que atuam. A cooperativa escolar pertence ao ramo 'especial', por ser um laboratório de aprendizagem, formada apenas por alunos e contando com um professor orientador, que não tem direito a voto, visto que sua função é apenas auxiliar o grupo, sugerindo, questionando, incentivando, instigando. Já era hora de desafiar os alunos a pensarem no produto de nossa cooperativa. Algo inovador, ecologicamente correto, que estivesse em consonância com o ECOSANTA, projeto de gestão ambiental do Colégio. Dentre as sugestões trazidas, foi unânime a escolha pela produção do papel semente. Nossa ideia era reciclar papeis, produzindo cartões e marcapáginas. Mas esse produto teria um diferencial, conteria sementes. Depois de utilizados, poderiam ser plantados e dariam origem a mudas de flores, chás e temperos.

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usadas? Organização de equipes de trabalho? Técnica de produção? Controle de estoque? Contando com a ajuda de pais, direção e de diversos profissionais do Colégio, fomos desenvolvendo as primeiras pesquisas e testes de nosso produto. Temos muito ainda para aprender, mas o processo segue e nossos primeiros cartões já saíram da sala da Coopsanta, gerando admiração e curiosidade. Isso funciona mesmo? As sementes vão germinar? Sim! Isso funciona! Elas estão germinando!

Desenvolvimento das sementes depois de plantado o cartão.

DEPOIMENTOS DE PAIS E ALUNOS

Cartão com papel semente

Começamos então, nossas pesquisas. Materiais necessários? Espaço a ser utilizado para a produção? Tipos de sementes a serem

“Apoiei a inscrição do Lucas neste curso com muita expectativa e curiosidade, pois embora interessante, parecia ser um assunto do mundo adulto. Logo nas primeiras aulas, já observei que meu filho trazia para casa uma conversa diferente: havia relatos do que aprendia, mas também existiam questionamentos sobre a sociedade, sobre o planeta, sobre o futuro, sobre suas escolhas. Aos poucos, Lucas foi demonstrando uma maturidade que antes não aparecia. Percebi tanto no meu filho como no seu relacionamento com os colegas que o curso e as definições da COOPSANTA possibilitaram o desenvolvimento do espírito de grupo, da responsabilidade, da autonomia e do comprometimento com o coletivo. Estou muito feliz e orgulhosa como mãe de um aluno que, aos 12 anos, já tem noções sobre cooperativismo, é sócio de uma ideia sustentável e está comprometido com isso. Agradeço ao colégio Santa Catarina por ter oportunizado essa experiência aos alunos e espero que a COOPSANTA continue sua caminhada de crescimento e sucesso.” (Márcia Isabel da Silva - mãe de aluno)

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"Fiquei muito feliz com a oportunidade oferecida aos alunos do Colégio Santa Catarina, em especial a minha filha Júlia K o l l e r, p o i s a t r a v é s d o c u r s o d e Cooperativismo, ela e seus colegas vivenciaram uma experiência significativa e muito importante em suas vidas. Tiveram a oportunidade de serem protagonistas das suas próprias ideias e agora encontram-se mais preparados para administrarem e conduzirem todo o projeto. Ver o crescimento e amadurecimento do grupo desde a elaboração do estatuto, formação da chapa para diretoria e conselho fiscal, até a escolha do produto que iriam produzir e futuramente comercializar foi muito gratificante. Tenho certeza de que participar deste Movimento de Cooperativas escolares fez despertar em nossos adolescentes a vontade de promover a união de sonhos e concretizar ideais. Parabéns pela iniciativa e sucesso Coopsanta!!! Tenho certeza de que é apenas um começo de um grande sucesso e de muitas realizações!!!” (Sílvia Gilmara Koller mãe de aluno) “Essas 40h de curso mudaram o meu modo de ver algumas coisas, me mostraram que juntos nós conseguimos muito mais e que precisamos estar unidos acima de tudo.O nosso trabalho só está no começo. Temos muito o que fazer ainda e muitas coisas para conquistar. Mas como disse acima juntos iremos conseguir tudo o que queremos e muito mais.” (Julia Helena-aluna) “O cooperativismo foi muito importante para todos que fizeram o curso, tenho certeza disso. Serviu como experiência nova, trouxe novos conhecimentos para nós. Eu adorei participar. É tão importante nos dias de hoje aproveitar as oportunidades que nos aparecem.” (Ana Carolina – aluna) “ A cooperativa escolar procura trabalhar vários conceitos ao mesmo tempo, a união dos alunos para fazer o cartão, a conscientização dos alunos do curso ao decidirem que o produto seria um papel reciclável, a educação e a transmissão de informação aos não alunos do curso, entre outros. O curso trabalha o que é uma

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cooperativa, quais as características, o que é um edital, estatuto, livro-caixa, para que serve uma assembleia ordinária e extraordinária, entre outros assuntos de uma cooperativa. Cooperar é ajudar e ser beneficiado. Cooperação é união.” (Amábily – aluna)

OS PRIMEIROS PASSOS DE UMA CAMINHADA Estamos ainda no início de um trabalho que promete ser longo e que nos traz, a cada dia, novos desafios; que nos instiga a trabalharmos e a sonharmos mais. Além de partilharem conhecimento teórico, cada um dos facilitadores que trabalharam conosco, durante o período de formação, deixou também uma mensagem, uma reflexão. Enfatizando a ideia desse grupo ser especial, por se propor a fazer um trabalho dentro do cooperativismo, ressaltavam a necessidade de não desistirem diante das dificuldades, de serem empreendedores, criando, assumindo riscos com responsabilidade para ter recompensas. Cada aluno, do seu jeito, vai aos poucos assimilando essas ideias, através da vivência dos sete princípios do cooperativismo. Cada membro da Coopsanta está ali porque quer estar (princípio da livre adesão). Todas as decisões são tomadas em grupo, democraticamente (gestão democrática dos membros). Cada um pagou sua quota (participação econômica dos membros). A Coopsanta tem autonomia para tomar suas decisões, andando em consonância com os objetivos do Colégio (autonomia e independência). Tivemos uma etapa de formação e continuamos as pesquisas e treinamento para o desenvolvimento de nosso produto (educação, treinamento e informação). Participamos de encontros e partilhamos experiências com membros de outras cooperativas escolares (cooperação entre cooperativas). Nosso produto recicla papéis e preserva o verde (preocupação com a comunidade). Com os poucos passos já dados, estamos percebendo certo comprometimento por parte da


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comunidade. Nos primeiros tempos, precisávamos ir ao encontro das pessoas e pedir ajuda. Hoje, são muitos os que nos procuram para auxiliar. Uns recolhem papel, desde material escolar até comandas de restaurantes da comunidade, contas de luz, água e telefone que seriam descartados. Outros chegam com sugestões de técnicas para aprimoramento da nossa produção. Enfim, de diversas formas, sentimos que há crescimento no envolvimento da comunidade com o nosso projeto.

Assembléia de Constituição da COOPSANTA

Assembléia da Sicredi Pioneira RS

As pessoas que participam da Coopsanta, talvez nunca passem a trabalhar em uma cooperativa, seja esta de que ramo for. Mas elas estão aprendendo a viver de uma forma cooperativa. Com isso, estão sendo exemplo. “Ser o exemplo é a melhor forma de educação. As ideias, atitudes, maneiras de pensar e de agir influem diretamente no comportamento, podendo ser somadas, ou até multiplicadas durante a interação com outras pessoas que fazem parte de seu ambiente familiar, social e cultural.” (Cooperativismo Primeiras Lições – SESCOOP Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo, p. 9).

Nossos próximos passos deverão ser dados em direção ao aperfeiçoamento de nosso produto. Ideias, temos muitas. Precisamos embasar esse conhecimento e testá-las. Nossas práticas em relação à administração vão sendo aprimoradas e o compromisso com a comunidade, sétimo princípio, já está nos desacomodando em relação a como envolver o outro nesse processo cooperativista. Com toda a certeza, estamos promovendo o desenvolvimento de um jeito mais humano de ser, de pensar e de agir. REFERÊNCIAS http://www.brasilescola.com/historiag/revolucao -industrial.htm http://www.cooperativismo.org.br/cooperativism o/artigos/artigo.asp?id=379 http://www.ano2012.coop.br/default.php?p=text o.php&c=cooperativismo_oquee http://www.peaunesco.com.br/coop2012/default .htm Cooperativismo Primeiras Lições – SESCOOP Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo, 4.ª Edição – Brasília, 2010.

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Giséli Lindemann Buerger 7 Justine Koppe8

O DESENVOLVIMENTO DA COMPETÊNCIA LEITORA

CARACTERIZAÇÃO DO TRABALHO

O objetivo aqui não é achar a quem cabe a tarefa de estimular primeiro a leitura, ou seja, se está no âmbito familiar ou se seria adquirida na escola. O que se quer é apresentar os meios, as formas de estímulo à leitura que acontecem no Colégio Santa Catarina, principalmente em relação às práticas pedagógicas realizadas para a XXV Feira do Livro e IX Mostra Literária, que aconteceu entre os dias 1º e 6 de julho de 2012, Feira esta que proporcionou um crescimento satisfatório em relação aos índices de leitura obtidos em relação à Feira do ano anterior. Nesse evento, além de acontecerem as atividades em sala de aula, que serão explanadas neste artigo, cabe ressaltar a presença de livreiros, que proporcionaram a compra de livros diferentes daqueles trabalhados em sala de aula por todos os professores da educação infantil e Fundamental I, bem como os demais professores de Língua Portuguesa do Fundamental II e Ensino Médio.

A leitura é importante e fundamental, é energia. É o meio mais eficiente para o acesso ao conhecimento. Através da leitura acontece uma integração entre sociedade e indivíduo na qual se dá a consolidação desse conhecimento. Levantar o principal responsável em desenvolver o hábito da leitura é uma tarefa pesquisada por muitos estudiosos da área da educação. Alguns afirmam que a prática cotidiana da leitura deve ser estimulada desde a infância até tornar-se uma necessidade. Nessa visão, cabe aos pais a principal responsabilidade de incentivar a leitura e de formar um bom leitor. Por outro lado, outros atribuem à escola a função de desenvolver em crianças e jovens o hábito de leitura. Exige-se dessa instituição a formação de leitores competentes.

Os estímulos à leitura acontecem desde a educação infantil, pois é necessária a familiarização da criança com o universo literário já no período de alfabetização/letramento, quando ela encontra surpresas, que influenciam na criação de um imaginário próprio. As crianças em idade pré-escolar encontram na leitura uma forma lúdica de alimentar a imaginação, pois essa, substituindo o brinquedo, trará prazer, preencherá as necessidades e provocará novas motivações. Conforme Baldi: “a leitura de literatura como uma das formas de acesso a outras referências que nos permitem sonhar ou sair de uma situação de controle racional, sem medo de nos perdermos, ou seja, que nos permitem os deslocamentos, a liberdade, o exercício da curiosidade e do espírito aventureiro

INTRODUÇÃO Apresenta-se aqui um relato das experiências pedagógicas vividas neste ano letivo, durante a XXV Feira do Livro e IX Mostra Literária. O presente artigo, baseado em fundamentações teóricas, busca comentar as atividades pedagógicas realizadas, em sala de aula, pelos professores, desde as turmas de educação infantil até o Ensino Médio do Colégio Santa Catarina. Este trabalho busca encurtar laços entre teoria e prática e apresentar formas de como se coloca a teoria em prática em sala de aula, com o intuito dos alunos do Colégio tornarem-se leitores ainda mais competentes. Os trabalhos citados envolvem práticas realizadas antes, durante e depois da Feira do Livro e Mostra Literária, de forma a caracterizar a leitura como uma prática presente no currículo escolar.

7 - Professora do Ensino Fundamental I no Colégio Santa Catarina e em Ivoti; formada pelo Curso Normal no Colégio Medianeira; graduanda em Pedagogia. giseli_lindemann@yahoo.com.br 8 - Licenciada em Letras (Português Alemão e suas respectivas Literaturas). Professora e Coordenadora de Português e Literatura do Colégio Santa Catarina. justine@colegiosantanh.com.br

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de que tanto precisamos para enriquecer nossa vida e nos mantermos saudáveis.” (BALDI, 2009, p. 9) Com base nesse pensamento e com o intuito de popularizar o livro, fomentar a leitura e propiciar a participação do leitor das obras como autor-personagem, permitindo a comunicação do indivíduo consigo e com o meio literário, a Feira do Livro buscou alcançar os objetivos com diversas atividades em sala de aula que possibilitaram o conhecimento das obras e dos autores. Nesse momento, abre-se a possibilidade da criança sonhar, imaginar e vivenciar a obra estudada.

Neste ano, a Feira do Livro possibilitou, aos alunos da educação infantil ao 3º ano, o estudo das obras da escritora Léia Cassol. Em cada nível, as professoras trabalharam um livro diferente, levando em consideração os planos de estudo da turma e o interesse das crianças, pois, de acordo com os Pcns, “Não se formam bons leitores oferecendo materiais de leitura empobrecidos, justamente no momento em que as crianças são iniciadas no mundo da escrita. As pessoas aprendem a gostar de ler quando, de alguma forma, a qualidade de suas vidas melhora com a leitura.”

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Os alunos da educação infantil e 1º ano estudaram os livros “Minhoquices” e “Férias na Floresta”, organizaram uma floresta no prédio em que estão suas salas, utilizando materiais reaproveitáveis e expuseram na escola os trabalhos realizados durante os momentos de estudo propiciados pelas professoras. A Miroca e seus sobrinhos foram confeccionados das mais diferentes formas e com materiais diversificados por todos os alunos, visto que foram o principal atrativo do livro. A obra “Literatura na formação de leitores e professores”, de Joseane Maia, exemplifica esse processo de forma clara: “...no processo de interação com o livro de literatura, mesmo ainda não decifrando o código escrito, a criança constrói significados a partir de um referencial que lhe é muito particular: a própria experiência.” Nessa fase, a criança necessita buscar a construção do significado na leitura e não apenas e simplesmente a decodificação, conceito que pode ser lido também nos Pcns: “essa aprendizagem se dá pela participação do aluno em situações onde se lê para atingir alguma finalidade específica, em colaboração com os colegas, sob a orientação e com a ajuda do professor.” As turmas de 2º ano iniciaram o trabalho quando a professora apresentou o livro “Petipoá” aos alunos e motivou-os a adquirirem o seu próprio exemplar. Essa motivação inicial se deu através da apresentação oral do texto lido, uma das maneiras mais simples e mais eficientes de despertar o gosto pela leitura. A hora do conto foi um dos recursos mais explorados pelas professoras e sempre é uma atividade que muito desperta o interesse dos alunos por obras. Após essa forma de apresentação, cada aluno trocou ideias com seus familiares e confeccionou a sua própria Petipoá. Elas foram penduradas em um móbile, em forma de árvore, e foi exposto próximo à biblioteca. “Um Lugar Especial” foi o livro estudado pelos alunos do 3º ano. Como se trata de um livro

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de suspense, a leitura tornou-se muito prazerosa. Foi um livro que exigiu bastante dos educandos, mas percebeu-se o entusiasmo de todos na realização dos trabalhos. Cada aluno produziu uma maquete de seu lugar especial e ainda uma composição dessa obra utilizando pequenos pedaços de eva e papel colorido.

Os alunos do Santa tiveram uma hora do conto muito especial com a escritora Léia Cassol, autora dos livros “Minhoquices”, “Férias na Floresta”, “Petipoá” e “Um lugar especial”, estudados por eles. Com direito a cantar, a dançar e a interagir com a autora e as histórias, os alunos da educação infantil ao 3º ano permaneceram em êxtase durante todo o tempo em que contemplaram a autora de cabelos roxos. Tiraram o Minimim do Chulé, viram bolinhas de sabão que só os inteligentes viam, imitaram macacos, índios e até a tia Miroca, um dos personagens principais do evento. Mas também aconteceram momentos de suspense. Todos se envolveram na busca do Homero, visualizando Flamboyants no Salão Nobre. Como bem disse Rubem Alves: “Tudo começa quando a criança fica fascinada com as coisas maravilhosas que moram dentro do livro. Não são as letras, as sílabas e as palavras que fascinam. É a história.” E, assim, com autógrafo em mãos, beijinho no rosto, um sorriso constante da escritora, a lembrança desse evento especial deixou os alunos maravilhados com Léia Cassol.

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Os alunos de turno integral e 4º ano leram obras de Rosana Rios. Dentre os mais de 100 livros publicados pela autora, foram escolhidos os livros: A Flauta Mágica e Timóteo, o tatu poeta. A escolha do livro, trabalhado com os alunos do turno integral, levou em consideração a motivação dos mesmos pela poesia. Isso retoma a afirmação de Baldi “A poesia desperta sobremaneira o interesse das crianças, justamente porque elas se deixam envolver pela rima, pelo ritmo e pela sonoridade, entrando na brincadeira que o poeta propõe.” O livro foi integrado ao projeto “Embeleze seu dia com uma poesia”. Como o Tatu Timóteo, nossos alunos não queriam ser proibidos de declamar suas rimas e, para que todos pudessem conhecê-las, foi confeccionada uma cabine, de materiais reaproveitados, que caminhava pela escola, e cada aluno declamava poesias durante variados momentos da feira. Além da hora do conto, realizada em uma TV didática construída da reciclagem de uma caixa de ar condicionado, também, como tema de casa, cada família confeccionou um tatu, de aproximadamente 30cm, apenas de materiais reutilizados. Isso motivou muito as crianças. O livro “A Flauta mágica” foi escolhido para ser trabalhado com os alunos dos 4º anos, pois se trata de um mangá, uma releitura de Rosana Rios da Ópera de Mozart, o que propiciou aos alunos o conhecimento de obras não convencionais e, ao mesmo tempo, o conhecimento de um compositor, como Mozart, um outro universo a ser desvendado. Muitos trabalhos foram realizados, entre eles é necessário ressaltar a apreciação da ópera A Flauta Mágica, que motivou ainda mais os alunos a conhecerem o trabalho de Mozart, a construção de um personagem para ser exposto na “Floresta encantada”, a escultura de flautas (mediante prévio estudo sobre os tipos existentes) e, ainda, o desenho de um mangá, história em quadrinhos a partir de seu próprio texto (uma imagem foi apresentada e cada aluno deveria criar um texto sobre a mesma). Segundo Nelly Novaes Coelho, as histórias em


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quadrinhos/mangás são tão válidas e significativas quanto os clássicos de literatura e acessíveis aos processos de leitura em que se encontram as crianças. ...o interesse maior que os pequenos demonstram pelos livros ilustrados ou, mais ainda, pelas histórias em quadrinhos, está na facilidade com que este tipo de literatura “fala” à mente infantil; ou melhor, atende diretamente à natureza ou às necessidades específicas da criança. ..., as imagens no livro infantil são essenciais no processo de comunicação mensagem/leitor, pois atingem direta e plenamente o pensamento intuitivo/sincrético/globalizador que é característico da infância. (2000, p. 217)

A leitura dos livros escolhidos pelos terceiros e quartos anos, por se tratarem de obras mais complexas e de um volume maior, foi realizada em casa, mas com o acompanhamento próximo da professora que, semanalmente, realizou leituras, motivou os alunos a prosseguirem com as suas leituras através de situações significativas que possibilitavam a realização de discussões em sala de aula. Com a presença da escritora Rosana Rios, houve essa interação autor/texto/leitor. Os alunos dos 4º e 5º anos tiveram um momento de grandes aprendizagens e encantamentos. Apaixonados pela leitura dos livros da escritora, aguardaram ansiosos o momento de conhecê-la. A escritora criou, juntamente com as crianças, um início de história e mostrou como se pode dar asas a imaginação e criar histórias sobre tudo o que há ao nosso redor. Uma simples cadeira e um rádio, que faziam parte da decoração da sala de reuniões, tornaram-se Cadeira Godofreda e Radiolino, o rádio apaixonado. Alguns alunos surpreenderam a escritora, vindo caracterizados como personagens da história, uma aluna declamou uma poesia escrita por Rosana Rios e um grupo do 5º ano apresentou um trabalho realizado após a leitura do Livro dos Sustos. Com certeza, todos saíram ainda mais encantados pelo universo da leitura e com a maravilhosa profissão escolhida por Rosana Rios.

Existe um enorme debate acerca da formação do sujeito/aluno como leitor e inúmeras publicações demonstram a intensidade com que esse assunto tem sido discutido. Como visto anteriormente, variadas práticas auxiliam a criança a adquirir o gosto pela leitura e, a partir daí, questiona-se qual lugar assume a literatura na vida de nossos jovens. Continuando esse trabalho, os alunos de Quinto e Sexto anos também conheceram obras de Rosana Rios e, por interesse próprio, adquiriram os livros “Fazendo meu Filme”, da autora Paula Pimenta, cujas obras estavam sendo estudadas pelos alunos das turmas posteriores. Nesse ciclo, foi defendida a leitura de acordo com os interesses do aluno/leitor, levando em consideração a fase da vida em que está, situações reais e de grupo, mas sempre com a intervenção direta do professor. Segundo Coelho, a partir dos 10/11 anos, o leitor passa para a fase de consolidação do mecanismo da leitura e da compreensão da mensagem implícita no livro. Desta forma, “a leitura segue apoiada pela reflexão; a capacidade de concentração aumenta, permitindo o engajamento do leitor na experiência narrada e, consequentemente, alargando ou aprofundando seu conhecimento ou percepção de mundo.” Assim sendo, o leitor/aluno entra em uma fase em que é capaz de ter um pensamento hipotético dedutivo,

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gradualmente aumentando a sua capacidade de abstração. Coelho também afirma que nessa fase de pré-adolescência os alunos: ...são atraídos pelo confronto de ideias e ideais e seus possíveis valores e desvalores. As potencialidades afetivas se mesclam com uma nova sensação de poder interior: a da inteligência, do pensamento formal, reflexivo. o adulto nesta fase deve ser de um desafiador generoso, uma espécie de líder entusiasmado que confia na capacidade de seus liderados... A variedade da matéria literária, atraente nesta fase aumenta consideravelmente.

Dessa forma, a professora das turmas propiciou aos alunos a entrada em um novo universo, um universo mágico, em que histórias que se parecem com as suas próprias histórias são narradas, como no caso dos livros de Paula Pimenta.

Alunos desse nível buscam um algo a mais na leitura, buscam o encantamento, “o maravilhoso, o mágico... existentes em universos diferentes de nosso mundo conhecido continuam sendo grandes atrações. E principalmente a presença desse maravilhoso, mágico, fantástico ou absurdo como participante natural da vida cotidiana e real. Abre-se espaço para o amor.”, como bem citado por Coelho, pode-se perceber de forma fugaz em nossos alunos que leram Paula Pimenta pelo simples interesse, por vontade própria.

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Nessa fase, imagens já não são mais tão importantes, tão atraentes, tornam-se indispensáveis. Entretanto, conforme Coelho: “uma ou outra ilustração adequada ainda é elemento de atração”, como são os livros de Rosana Rios, pois contém poucas ilustrações, mas divertidas, e fazem com que o aluno se interesse ainda mais pelos livros. Isso se viu nos livros “Livro das Encrencas” e “Livro dos Sustos”. Esse trabalho, com as autoras Paula Pimenta concomitantemente com Rosana Rios, propiciou aos alunos a escolha do tipo de livro, de acordo com a sua preferência, e, assim, o professor leitor desempenhou um papel importantíssimo, pois, conhecendo os livros, foi capaz de indicar aos alunos de acordo com as preferências dos mesmos. De acordo com MAIA: É importante observar que, nessa perspectiva, o professor não é visto como portador de um conhecimento a ser transmitido a todo custo; antes, trata-se de um sujeito com mais experiência, com mais informação e que, portanto, tem a função de tornar acessível o conhecimento exigido, de impor desafios para que a criança dê saltos no aprendizado, incentivando sua curiosidade. Sob este aspecto, o diálogo constitui ferramenta indispensável para que o professor acumule conhecimentos sobe a criança, sobre suas hipóteses acerca do próprio conhecimento, sobre suas dúvidas, suas crenças; informações essas que devem ser o ponto de partida para a elaboração de atividades significativas.

Nessa fase de consolidação da escrita, percebe-se a diferença importantíssima nos exemplares de livros apresentados aos alunos: um exemplar (Rosana Rios) ainda apresentava desenhos, mesmo que poucos, e o outro (Paula Pimenta) já apresentava frases mais longas, maior número de páginas e não havia mais desenhos. Coelho, em variados momentos, coloca o prazer do leitor como fator crucial, assim como a necessidade de conhecer o contexto: “O valor literário de cada livro não depende, obviamente, do simples fato de ele pertencer a uma ou a outra


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diretriz, mas sim da coerência orgânica (que deve existir em toda obra literária) entre a visão de mundo que o alimenta e as soluções estilísticas/estruturais escolhidas pelo autor, tendo em vista o momento em que escreve”. Dessa forma, muito mais que ler, é necessário também conhecer o contexto, a época em que o livro foi escrito e todo o histórico cultural que envolve esse processo. A autora mineira Paula Pimenta veio à Feira do Livro, graças à indicação de duas meninas fãs da escritora. Os alunos, de 6ª série do Ensino Fundamental até a 1ª série do Ensino Médio, deliciaram-se, durante o período da leitura, com os livros comprados na biblioteca. Alguns alunos expressaram esse entusiasmo, como mostram os depoimentos seguintes: "Acabei de terminar o livro Fazendo Meu Filme 4 - o que lançou em abril. Terminei suspirando e até chorando, não sei pra você, mas pra mim é muito emocionante! Soube que agora foi definitivamente confirmada a presença dela, e eu - uma super fã - estou muito feliz que ela virá porque amo muito o trabalho dela! Obrigada” (Aluno A) ''Li Fazendo Meu Filme 1 em janeiro deste ano, assim que li a primeira página não parei mais. Me apaixonei! Logo depois fui comprar o 2, 3 li também o Minha Vida Fora de Série e agora estou lendo o 4. Vou confessar que antes de ler os livros da Paula Pimenta, eu odiava ler.. Pedi para a prof. Edilaine trazer ela para a feira do livro do Santa. Foi aí, então, que conseguimos! Dia 5 de julho Paula Pimenta vem aí!'' (Aluno B)

Após a leitura dos livros de Paula Pimenta, as turmas 71 e 72 elaboraram criativos trabalhos nas aulas de Língua Portuguesa. Para a elaboração dos trabalhos, foi usada a Técnica de Mosaico, o que exigiu muito empenho e dedicação dos alunos, obtendo belíssimos resultados. Os trabalhos elaborados foram expostos, em nosso colégio, como uma forma de acolhimento da Paula Pimenta, além de serem visualizados por toda a comunidade escolar durante a Feira do Livro. As turmas 74 e 75 também fizeram vários trabalhos, como

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maquetes, vídeos, músicas, caixas de presentes, álbuns, entre outros, fazendo uma releitura das obras. Assim também as outras turmas de 8ª e 1ª série do Ensino Médio fizeram diversas atividades que motivaram a leitura e fizeram com que a escritora se tornasse presente na vida deles. Enfim, a escritora veio à escola. O dia em que Paula Pimenta esteve na escola foi um dia de grandes emoções. Os alunos dos 5º anos até as 1ª séries do Ensino Médio assistiram à palestra da autora dos livros Fazendo Meu Filme I, II, III e IIII e Minha Vida Fora de Série. Em meio às sessões de autógrafos, sorteio de brindes e perguntas feitas pela autora e para ela também, houve momentos de muita surpresa e emoção: até música ao vivo, em voz e violão ela apresentou. Na opinião de alunos, percebe-se esse entusiasmo: “Nossa, a Paula é linda, eu fiquei muito nervosa quando eu a vi. Fala muito bem, é bem alegre, simpática... Eu nunca vou me esquecer dessa experiência. Com certeza foi uma das melhores! Melhor escritora do mundo, eu te amo muito, Paula Pimenta, nunca se esqueça das suas pimentinhas, que eu te garanto: elas nunca te esquecerão!” (Aluna C)

A leitura de obras atingiu também os alunos do Ensino Médio, é uma outra clientela de leitores da qual se exige mais. Esse leitor, para compreender aquilo que lê, não pode levar somente em consideração as ideias do autor do texto, nem tentar decodificar códigos linguísticos, precisa, também, conhecer os sentidos das palavras e as estruturas do texto. A leitura exige uma interação entre o autor/texto/leitor, pois considera as vivências, experiências e os conhecimentos de mundo do leitor. Dessa forma, “o ato de ler não se esgota na decodificação pura da palavra escrita, mas se antecipa e se alonga na inteligência do mundo” (FREIRE, 1995, p.11) Assim, o leitor que interage com aquilo que lê, criará uma consciência de mundo e, segundo Solé, “desse leitor espera-se que processe, critique, contradiga ou avalie a informação que

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tem diante de si, que a desfrute e a rechace, que de sentido e significado ao que lê.” Para completar essa posição, no trecho a seguir, os Parâmetros Curriculares de Língua Portuguesa apresentam um conceito de leitura. A título de exemplificação, destacamos o trecho a seguir retirado dos PCN (1998, p. 69-70): A leitura é o processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e interpretação do texto, a partir de seus objetivos, de seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a linguagem etc. Não se trata de extrair informação, decodificando letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica estratégias de seleção, antecipação, inferência e verificação, sem as quais não é possível proficiência. É o uso desses procedimentos que possibilita controlar o que vai sendo lido, permitindo tomar decisões diante de dificuldades de compreensão, avançar na busca de esclarecimentos, validar no texto suposições feitas.

Desenvolver essa competência leitora em adolescentes não é tarefa fácil para a escola. A leitura não é o foco de interesse da maioria dos estudantes, mesmo porque há outras atividades, bem mais divertidas e prazerosas, que lhes tomam a atenção. Não é necessário fazer um levantamento desses interesses, visto que a lista seria numerosa, e o enfoque não é achar os culpados que tomam o lugar da leitura no topo dessa lista. O que realmente interessa é como fazer com que os alunos tenham interesse pela leitura. A leitura exigida como obrigatoriedade no currículo não ajuda na motivação dos jovens, embora essa seja uma prática necessária no âmbito escolar. Mas isso pode ser trabalhado de forma que essa exigência seja amenizada. De acordo com o livro Pró Letramento, “Muitas vezes a experiência sobre o que agrada ou não aos alunos, pode servir para o trabalho com outras turmas, lembrando o fato de que o(a) professor(a) aprende muito quando ensina.” (2008, p. 31)

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Levar os estudantes a perceberem que existe uma intenção, um objetivo para a leitura é uma forma de incentivá-los a ler. O aluno precisa perceber que ler pode trazer informação, acrescentar conhecimento, proporcionar prazer, diversão, entretenimento, esclarecer dúvidas, entre tantos outros objetos de interesses. Assim afirma Bragatto Filho: “Com ele aprende-se, reflete-se, compara-se, discerne-se, questionase, instiga-se, viaja-se, emociona-se, diverte-se, amadurece-se, transforma-se, vive-se, desenvolve-se a sensibilidade estética e a expressão linguística, adquire-se cultura, constata-se com as mais diferentes visões de mundo etc. Para formar esse aluno leitor no espaço da sala de aula, o professor de Língua Portuguesa assume a responsabilidade de despertar o gosto pela leitura. Embora isso aconteça, muitas vezes, através de atividades que não sejam tão prazerosas ou até desmotivadoras. Como afirma Silva, “obriga-se o aluno a ler quatro ou mais paradidáticos (nome dado às obras literárias destinadas ao público infantil); a preencher as fichas de leituras que acompanham os livros; a escrever as redações baseadas nos temas das leituras; tudo valendo nota e com datas preestabelecidas.” (1984,) Exigir a leitura de clássicos não pode ser considerado como algo que não deve ser feito, pois ler esse tipo de texto é necessário para a compreensão de todo processo de formação da Língua Portuguesa. O que se questiona, então, é a forma como o profissional/professor apresenta para seu leitor/aluno a leitura exigida. Se o profissional, enquanto leitor, tornar-se um mediador do ato de leitura, mostrando que gosta de ler e que se envolve com o que lê, já levará o aluno a uma motivação, pois despertará o interesse e o prazer pela leitura. A partir do momento que o professor mostrar que conhece a essência do livro pedido e o relacionar com o conteúdo trabalhado nas aulas, permitirá o diálogo e incentivará os alunos.


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Se o professor conseguir estabelecer a relação, o leitor/aluno fará uma leitura dotada de sentido e construirá representações coerentes, através de seu conhecimento de mundo e/ou de deduções, e estabelecerá relações de temporalidade, causalidade. Quando o aluno fizer a relação entre o que está aprendendo em Literatura e fizer a relação com o que está lendo na obra literária, haverá a consolidação de novos sentidos. Por isso, é importante que o professor leia os textos anteriormente, a fim de analisar o que pode ou não interessar aos alunos/leitores. A leitura para alguns adolescentes não é uma atividade prazerosa, mas pode ser. Se o jovem vem de uma vivência leitora, ler os clássicos faz parte da evolução própria do aluno. Se ele não tem esse hábito, a situação exige mais do professor no incentivo à leitura. Essa motivação aos alunos do Ensino Médio esteve presente nas atividades da Feira do Livro e Mostra Literária. A Feira contou com a presença do escritor Luiz Antonio de Assis Brasil, cuja patronagem se justifica pela representatividade que o escritor tem nas literaturas, não só gaúcha, mas também brasileira. Luiz Antonio de Assis Brasil nasceu no ano de 1945, em Porto Alegre, onde reside. Romancista, ensaísta e cronista; doutor em Letras, catedrático convidado da Universidade dos Açores, pós-doutorado em Literatura Açoriana, conferencista em universidades internacionais, como a Sorbonne e Universidade de Toronto. Atualmente é professor titular e pesquisador da Faculdade de Letras da PUCRS, ministrante da Oficina de Criação Literária do Programa de Pós-Graduação em Letras da PUCRS (com mais de 40 antologias publicadas). É coordenador-geral do DELFOS Espaço de Documentação e Memória Cultural, da PUCRS. Além disso, é Secretário da Cultura do Estado do Rio Grande do Sul. A seleção das obras do escritor a serem lidas pelos alunos não foi uma tarefa fácil devido ao grande número de livros escritos por ele, mas a disponibilidade dos livros da Editora LPM e o

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acervo da biblioteca da Escola delimitaram com quais livros os professores deveriam se familiarizar e quais deveriam adotar para o trabalho em sala de aula. Esses livros foram apresentados aos alunos, mas, antes disso, é importante ressaltar que a leitura prévia foi feita pelos professores para que estes pudessem apresentar uma pequena síntese que serviu de incentivo à leitura e também de propaganda/marketing para a aquisição dos livros. Essa compra de livros aconteceu na biblioteca da escola, onde a editora colocou os livros consignados. À medida que os alunos liam os livros, trabalhos e avaliações eram feitos. As alunas das turmas 301 e 902, do Curso Normal inspiraramse e criaram diversos modos de representar as obras. Fizeram álbum seriado, maquetes, fantoches e varais, utilizando material de sucata. Foi uma forma divertida de incentivar a leitura e se preparar para a Feira do Livro. Essas atividades aconteceram nas aulas de Língua Portuguesa e nas aulas de Literatura. Algumas obras do escritor foram levadas ao cinema, e o livro Videira de Cristal, cuja história é a dos imigrantes alemães na região do Vale do Sinos (RS), mais especificamente de Sapiranga, onde viviam os Muckers, seguidores da Jacobina Maurer, serviu de base para o filme Paixão de Jacobina, que concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro em Hollywood. Após a leitura dos livros de Assis Brasil, assistiu-se a esse filme. Além disso, alguns professores de histórias ajudaram no incentivo à leitura, pois algumas histórias apresentam a intertextualidade com fatos históricos acontecidos no Brasil. Também para reforçar esse conhecimento sobre os fatos históricos dos livros, o prof. Dr. Martim Dreher foi convidado para dar palestras às segundas e terceiras séries do Ensino Médio, e o tema das mesmas foi a imigração alemã no Rio Grande do Sul. A partir do momento em que levamos em conta que a escola está inserida em uma comunidade em que, grande parte dos alunos é descendente de

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imigrantes alemães, o interesse desses está presente, pois esse trabalho despertou e motivou ainda mais a leitura. Com todas essas propostas, o auge do trabalho foi a presença do escritor Assis Brasil na escola. O escritor respondeu perguntas feitas pelos alunos com base nos livros lidos e no conhecimento que tinham da vida do escritor. Embora Assis Brasil, devido a seus compromissos como Secretário de Cultura, não participa mais de eventos relacionados a feiras de livro, aceitou ser patrono da XXV Feira do Livro e IX Mostra Literária do Colégio Santa Catarina devido à insistência no convite, a qual vinha acontecendo a mais de dois anos, e devido às palavras educadas, simpáticas, cortezes e polidas da profª Edilaine Vieira Lopes,9 responsável por entrar em contato com o escritor. “Atualmente, não estou mais indo às feiras escolares devido aos meus compromissos profissionais na Secretaria do Estado da Cultura do RS. Essa será minha última participação oficial: não pude negar esse gentil convite e estou muito feliz por ver que os alunos estão seguros quanto às obras. Pelos questionamentos, percebe-se que foram preparados com carinho para esse momento”, elogiou o autor, que foi recepcionado pela Comissão Organizadora e pelo sr. Miguel Schmitz.10 O escritor ficou um bom tempo conversando com os alunos, que interagiram fazendo suas perguntas. Ele respondeu a todas as perguntas e contou muito de sua experiência de vida como escritor e professor. Além do Patrono Assis Brasil, as alunas do Curso Normal, das turmas 401, 903, 301 e 902, participaram de um encontro emocionante com Anamaria Cachapuz Cipriano, autora do livro "Tudo começou assim", no auditório do Colégio. Anamaria iniciou seu encontro tocando, ao piano, o Hino Nacional, entoado pelo público

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presente; logo após, tocou "Hino ao amor". Esses momentos ímpares foram regados de muita emoção. Em sua explanação, a autora tratou sobre a importância da leitura e escrita, principalmente de crônicas, na vida das pessoas, relatando algumas experiências pessoais e profissionais, o que tem muito valor para as alunas, sendo elas futuras professoras. O encontro com Anamaria Cipriano transmitiu muitas lições de conhecimento, de prática pedagógica e também de vida. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente artigo teve como objetivo exemplificar algumas práticas pedagógicas que aconteceram durante a XXV Feira do Livro e IX Mostra Literária, possibilitando um diálogo entre estas práticas e o referencial teórico existente acerca de leitura e ainda apresentar meios, formas de estímulo à leitura que acontecem no Colégio Santa Catarina. Nesse sentido, avaliamos como positiva essa experiência, que alicerçou a necessidade da Feira do Livro, bem como das práticas pedagógicas que, assim como a Feira, motivam e estimulam nosso aluno a tornar-se leitor. Neste momento, retomando as principais ideias que nortearam o presente trabalho, é necessário ressaltar que ler é muito mais que apenas decifrar códigos, vocalizando-os, mas interpretar, dar sentido ao que se lê. E esse é o papel da Feira do Livro, motivar os alunos/leitores a não apenas decodificar o livro, mas a interpretá-lo, compreendê-lo e vivenciá-lo, buscando nos livros uma visão de mundo e a influência do momento vivido pelo autor na escrita da obra. O professor passa a ser o principal parceiro em época de Feira do Livro, pois ele influencia e estimula o aluno a ler determinada obra. Um professor entusiasmado provoca esse sentimento em sua aluno/leitor, motivando-o a

9 - Docente da área Linguagens, Códigos e suas Tecnologias; membro do Conselho Editorial da Revista Santa@PublicAção; doutoranda em Letras. 10 - Diretor de Relações com a Comunidade do Jornal NH (Grupo Editorial Sinos).

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conhecer e desvendar o mundo ainda desconhecido para ele. O professor pode utilizar a sua experiência com o que agrada ou não determinada faixa etária e ainda apresentar novas obras, possibilitando ao aluno o gosto, a busca pelo novo e pelo universo mágico da literatura. Importante ressaltar também a presença esperada do autor, os alunos/leitores desde o momento da apresentação do livro, leitura do mesmo e a realização das atividades em sala, idealiza esse momento, vislumbrando essa presença como ápice do processo pedagógico. Segundo depoimento de uma professora alfabetizadora, “tivemos o prazer de conhecer e interagir com a autora Léia Cassol, que escreveu o livro “Férias na floresta”, trabalhado em sala de aula, entre outras obras desta autora, que foram grandemente apreciadas. Os pequenos leitores conversaram com a Léia, pediram autógrafos, além de registrar estes momentos.” Uma professora de 4º ano ressaltou ainda, a influência da autora na produção textual de seus alunos: “após a fala da autora, já em sala de aula, os alunos relembraram dicas dadas por Rosana Rios na produção textual, muito interessante vê-los falando o que a autora havia comentado, como o fato do problema que deve existir no enredo e também os passos da produção: começo, meio e fim. Rosana Rios deixou-os ainda mais entusiasmados a escrever.” Pode-se perceber que o significado do texto/obra acontece através do esforço do leitor na interpretação da obras, na sistematização de conhecimento que acontece no decorrer da leitura e, dessa forma, a apresentação que deu início aos trabalhos na feira, uma peça teatral em que os próprios alunos apresentaram os personagens dos livros de Assis Brasil. Isso deixou-nos ainda mais seguros, como profissionais responsáveis pelo hábito de ler, pois, quando o aluno vê significado na obra, torna-se capaz de aprender como “atores” da própria aprendizagem.

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Pode-se concluir, após o estudo realizado, sobretudo conforme COELHO (2000) que literatura é: “fenômeno da criatividade que representa o mundo, o homem, a vida, através da palavra. Funde os olhos e a vida prática, o imaginário e o real, os ideais e sua possível/impossível realização.” REFERÊNCIAS ALVES, Rubem. Gaiolas ou Asas – A arte do voo ou a busca da alegria de aprender, Porto, Edições Asa, 2004. BALDI, Elizabeth. Leituras nas séries iniciais: uma proposta para formação de leitores de literatura. Porto Alegre. Editora Projeto, 2009. BRAGATTO FILHO, Paulo. Pela Leitura literária na escola de 1º Grau. São Paulo, Ática, 1995. COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil: teoria, análise, didática. 1ª ed. São Paulo: Moderna, 2000. FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler; em três artigos que se completam. 7 ed. São Paulo: Cortez/Campinas, Autores Associados, 1984 GREGORIN FILHO, José Nicolau. Literatura Infantil: Múltiplas linguagens na formação de leitores. São Paulo: Editora Melhoramentos, 2009. KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreender: os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2011. MAIA, Joseane. Literatura na formação de leitores e professores. São Paulo: Paulinas, 2007. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos de ensino fundamental: língua portuguesa/Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998, pp. 69-70 Pró Letramento: Programa de Formação Continuada de Professores dos Anos/Séries Iniciais do Ensino Fundamental: Alfabetização e Linguagem. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2008. SILVA, Zilá Aparecida P. de Moura. Criando a necessidade de ler: análise de uma experiência. Dissertação (Mestrado em Educação) UFSCar, São Carlos, 1984. SOLÉ, Isabel. Ler, leitura, compreensão: "sempre falamos da mesma coisa?". In TEBEROSKY, Ana et alii. Compreensão da leitura: a língua como procedimento. Porto Alegre: Artmed, 2003 p.17-34.

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Gabriela Fabian 11 Lisete Clara Heckler 12

A FALA E A ESCRITA SOBRE OS DIREITOS HUMANOS NA AULA DE LÍNGUA ESPANHOLA: RELATO DO TRABALHO DESENVOLVIDO COM AS TURMAS DE 6ª SÉRIE INTRODUÇÃO Quando pensamos na importância do desenvolvimento da escrita nos dias atuais, é preciso situar o sujeito que escreve. O homem se distingue dos animais por sua capacidade de raciocínio expressa em sua oralidade e escrita. Desde os mais primórdios tempos, a inquietação deste se fez ler nos traços hieróglifos e, hoje, o ser humano cada vez mais manifesta essa necessidade de fazer-se ouvir, através do que escreve. Assim sendo, escrever nos dias atuais, mais do que deixar registros, é dar asas a sua imaginação, é libertar seu coração, é poder dizerse, fazer-se! Outro aspecto relevante a ser lembrado no processo da fala e da escrita é o desenvolvimento da cidadania, do protagonismo, de sua responsabilidade com a história, com a sociedade. Poderíamos dizer, assim, que escrever é proporcionar ao outro chances de crescer, aprimorar-se como pessoa. Escrever seria também uma forma de expressar o conhecimento, que já existe, de forma clara, objetiva, mas, acima de tudo, de modo belo, pois a vida é arte! Como já dizia Saramago: "Somos todos escritores. Só que uns escrevem, outros não”. Considerando a importância de estimular a fala, desenvolver a competência escrita e permitir que nossos alunos expressassem suas ideias, a partir de reflexões relevantes à sociedade, neste semestre, o Colégio Santa Catarina desafiou os alunos da 6ª série a lerem e refletirem sobre os direitos humanos e, após esse trabalho de leitura e reflexão, escreverem,

tendo como motivação, palavras que produzissem paz e que nos fizessem viver. Sendo assim, este artigo tem como objetivo relatar uma prática desenvolvida na aula de Língua Espanhola e refletir sobre as dificuldades e barreiras que nossos alunos falantes de língua portuguesa encontram ao desenvolverem tarefas na aula de Língua Espanhola. A I D E I A P R O P O S TA : C O M O INTRODUZIMOS A FALA E A ESCRITA Com o objetivo de contribuirmos com um projeto já desenvolvido no Colégio – AMEC: Agentes Multiplicadores da Ética e da Cidadania – levamos à sala de aula a proposta de trabalharmos com os nossos alunos os principais artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Para introduzirmos o assunto a ser trabalhado, organizamos um material totalmente em Língua Espanhola, para que os estudantes pudessem ter essa visão não só na sua língua materna, mas também em uma das línguas estrangeiras que compõe o currículo. Por ser uma menina preocupada com a Humanidade e a paz mundial, que se rebela com o estado atual do mundo e, ainda, por ter uma visão aguda da vida e por viver questionando o mundo à sua volta, escolhemos Mafalda, a personagem famosa do cartunista argentino Quino, para representar alguns dos artigos selecionados para esse trabalho. No primeiro momento, nossos alunos leram, observaram e discutiram sobre os Direitos Humanos, levando em consideração o seguinte

11 - Pós-graduada em Estudos da Linguagem e graduada em Letras; professora da educação básica: Ensino Fundamental e Médio; atua na área de ensino de línguas estrangeiras modernas. fabian.gabriela@gmail.com 12 - Pós-graduadaem Língua Espanhola e graduada em Letras; professora da educação básica: Ensino Fundamental e Médio. liseteclara@yahoo.com.br

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questionamento '¿Qué importancia tiene el respeto a los derechos fundamentales del ser humano?13 ', relacionando-os às suas atitudes e ao que observam no cotidiano. Após os momentos de reflexão e trabalho com o vocabulário desconhecido, os estudantes leram uma situação, na qual a personagem Mafalda pergunta ao seu amigo Miguelito, qual a palavra mais importante do seu idioma e, surpreendentemente, Miguelito responde: viver! Assim, considerando que todos os artigos sobre os Direitos Humanos falam que as pessoas devem viver dignamente, nossos alunos tiveram a tarefa de pesquisar, na comunidade escolar, as diferentes concepções de viver. Todos os estudantes levaram à sala de aula suas diferentes respostas. Ganharam, então, a próxima tarefa que era escolher as dez principais palavras mencionadas pelos entrevistados. Receberam, também, a proposta de produzirem um texto, no qual expressassem a sua concepção sobre o que é viver, utilizando as palavras obtidas na pesquisa. Algumas turmas, além de produzirem os textos, precisaram criar uma situação em que representariam uma das mensagens deixadas por determinado artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Dessa forma, desenvolveram não só a competência escrita, mas também a fala, uma vez que a maioria dos nossos alunos se mostram tão tímidos quando precisam manifestar-se oralmente na aula de língua estrangeira.

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relação à pronunciação, porque é o instrumento que faz com que a comunicação aconteça. E todos têm ansiedade e curiosidade para se comunicar. Porém, como a pronunciação não “sai” correta, acaba, assim, criando-se um bloqueio em que o aluno não quer mais falar em espanhol e em voz alta. Dessa forma, não participa ativamente das aulas - só se for para se manifestar falando a sua língua materna. Além disso, alcançar uma boa pronúncia nem sempre é uma tarefa simples, mesmo quando nos propomos a aprender uma língua semelhante à língua materna, como é o caso do espanhol. Geralmente, o aluno, ao aprender o espanhol, acredita que, por ser uma língua próxima à língua portuguesa, consequentemente, a pronunciação será igual.

DESENVOLVENDO A ORALIDADE E A ESCRITA: DIFICULDADES ENCONTRADAS PELOS ALUNOS

Nesse sentido, cabe ao professor se esforçar ao máximo possível para mostrar e ensinar corretamente como se pronuncia em espanhol para que, desde o início do processo de aprendizagem, os alunos passem a se acostumar com determinadas diferenças do português e que, pouco a pouco, passem a se corrigir sozinhos, como, por exemplo, na emissão do som das letras: “ch” “v”, “ll”,”j”,”y”,”ñ” que são as que têm o som mais distinto em relação ao português. O educador deve, ainda, incentivar a prática da fala, fazendo com que o aluno perceba seu progresso a cada dia e, se a aprendizagem estiver ocorrendo de uma forma lenta e o aluno não estiver conseguindo alcançar seu objetivo, deve mostrar-lhe que o fato de não conseguir pronunciar corretamente é comum e que implica em todo um processo de aprendizagem que necessita de tempo, força de vontade e, acima de tudo, interesse.

Ao receberem a tarefa de produzirem um texto e apresentarem uma situação que envolvesse falas, de modo geral, os alunos se mostraram resistentes à ideia, uma vez que não acreditavam na sua capacidade de desenvolverem um trabalho falado e escrito totalmente em outra língua. Certamente, os educandos encontraram mais dificuldades em

Através das propostas levadas à sala de aula, em que os alunos precisavam manifestarse oralmente, representando as situações criadas para retratar diferentes artigos da Constituição Universal dos Direitos Humanos, percebemos uma grande preocupação dos estudantes de pronunciarem as palavras de forma perfeita, pois, caso contrário, na visão

13 - Tradução: Que importância tem o respeito aos direitos fundamentais do ser humano?

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deles, isso poderia gerar situações de gozação e até rejeição por parte do grande grupo. Por isso, são tão importantes atividades de interação, nas quais os alunos precisem escutar e falar. Giovannini (1996) diz que no processo de aprendizagem de uma língua, o entretenimento auditivo é fundamental, uma vez que afeta diretamente o processo de comunicação oral. E algumas vezes é assim que os professores precisam fazer para que os ouvidos de seus alunos se acostumem a ouvir somente em espanhol e como resultado falarão cada vez mais na língua estrangeira. É fazendo com que eles aprendam de uma forma criativa e interessante, trocando, de fato, palavras e experiências uns com outros, e não só deixar com que os alunos apenas escutem o professor e que ele seja a única fonte de informação, o único exemplo. Durante a produção dos textos em espanhol, também percebemos que os alunos acreditam que a semelhança no som das palavras se mostra também na escrita. Podemos dar o exemplo no uso de preposições, artigos e contrações, como: “el”,“en la”, “para el”, “del”, entre outros. O aluno, por não saber determinadas regras em espanhol, acaba generalizando a partir das regras da língua materna e, então, acostuma-se com o “portunhol”. Por isso, tantas vezes, trocam o artigo el por lo, uma vez que associam à ideia de que se em português dizemos a menina e em espanhol la niña, automaticamente pensam que se falamos o menino, em espanhol devemos dizê-lo niño. Outro aspecto observado é que, por não saberem a maneira certa de falar ou escrever determinadas expressões, os alunos recorrem a suas “ferramentas de apoio” da língua materna. Por exemplo, quando precisavam escrever determinada expressão em espanhol e não sabiam como escrevê-la, recorriam a uma expressão da língua portuguesa, porém a escreviam em espanhol e, assim, conseguiam dar continuidade ao texto. É importante considerarmos que, em situações como essas mencionadas, se não

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trabalhadas pelo professor, muitas vezes, o aluno se acomoda em seu processo de aprendizagem. Dessa forma, todas as novidades que passa a aprender, já não absorve mais e, então, passa anos cometendo os mesmos erros sem perceber que aquilo que ele está fazendo é pensar em português e escrever em espanhol, ao invés de estar pensando e escrevendo em língua espanhola, segundo as regras dessa língua. É necessário que o aluno tenha autonomia e, quando preciso, vá buscar recursos que possam fazer com que tire suas dúvidas em relação àquilo que está tendo dificuldades ao e s c r e v e r. O s P C N ' s s u g e r e m q u e : Uma das ferramentas essenciais para a produção escrita diz respeito ao uso de materiais que devem estar disponíveis como apoio para consulta, inclusive em momentos de avaliações formais. Porque encontrar saídas/soluções para impasses da escrita como tarefa do próprio aluno corrobora a busca da autonomia na construção do conhecimento. (1998, p. 51)

É importante lembrarmos que, assim como no desenvolvimento da escrita em Língua Portuguesa, outro meio que ajuda o aluno a ter uma melhor escrita em língua estrangeira é praticando a leitura. Ela deve estar presente em vários momentos da aula e fora da escola também, respeitando o nível e conhecimento linguístico de Língua Espanhola de cada estudante. O professor deve incentivar sempre que seu aluno leia muito, inclusive textos sobre informações culturais de países que falam a Língua Espanhola, para que, assim, se tenha não só conhecimento da gramática, mas também conhecimento de mundo. Nesse sentido, pouco a pouco o estudante vai se acostumando a encontrar palavras que antes eram desconhecidas, mas que com o tempo passam a estar presente nos textos que ele lê e, automaticamente, são incluídas em seu vocabulário ajudando-o não só na escrita, mas também na fala. Embora a aula de Língua Espanhola ocorra somente uma vez por semana, durante


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cinquenta minutos, durante dois meses, conseguimos estimular os nossos alunos a desenvolverem tanto a oralidade quanto a escrita. Além disso, e o melhor de tudo, abordamos um tema tão relevante na atualidade, uma vez que vivemos em um mundo onde cada vez mais são necessários momentos de reflexão sobre as atitudes dos seres humanos. Nessa perspectiva, citamos os PCN's, pois dizem que “A aprendizagem de Línguas Estrangeiras é uma possibilidade de aumentar a autopercepção do aluno como ser humano e como cidadão.” (p.1), e seguem com a ideia de que: para que o ensino de LE tenha uma função formativa no sistema educacional, deve-se encontrar maneiras de garantir que essa aprendizagem em nossas escolas deixe de ser uma experiência decepcionante, levando à atitude fatalista de que LE não pode ser aprendida na escola. (p.36)

OS RESULTADOS OBTIDOS Com a proposta desenvolvida e o trabalho realizado, nossos alunos produziram textos mostrando-nos que é possível escrever em Língua Espanhola e organizar ideias coerentes e valiosas, a partir do conhecimento adquirido tanto em sala de aula e em outras disciplinas, quanto nas informações que obtêm fora do ambiente escolar, conforme mostramos a seguir. Texto 1 – Alunos: Laíssa y Pablo - T: 63 ¿Qué es vivir? Vida es saber valorar las cosas Es seguir por diferentes caminos Es no mirar para detrás. Vida es ayudar al próximo Saber que va a enfrentar algunos obstáculos Es saber enfrentar las derrotas Es saber valorar a quien le gusta Es seguir los caminos cortos Sabes disfrutar de las maravillas de la vida… Texto 2 – Alunos: Tales y Pedro T: 63 ¿Qué es vivir? Vivir es una cosa muy bella Es la mejor cosa que ‘ocurrió en la vida

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Usted no puede reclamar porque la vida está siempre guiándole Vivir es amar, es igualdad Es la misma cosa que la amistad Es felicidad, alegría, amor y compañía Usted no está solo porque en la Tierra y en el cielo hay amor Por eso debemos dar gracias a todos y a la familia Por poder hoy oír y leer esa poesía. Texto 3 - Aluna: Isabela Kirch Stein- T: 64 Palabras de amor Había una vez un apartamento muy bullicioso, donde vivieron moradores muy significativos para la humanidad el Amor, la Honestidad, el Perdón, la Felicidad , la Libertad, el Respecto, la Paz y la Amistad. Todos fueron visitados por muchas personas que querían saber quién eran y qué significaba cada una de esas palabras hermosas. El amor fue visitado cuando la persona quería amar. La honestidad fue visitada por la persona que no quería mentir. El perdón fue visitado para ayudar a la persona a perdonar. La felicidad fue visitada por la persona que quería ser feliz. La libertad fue visitada cuando una persona quería libertad. El respeto fue visitado porque alguien quería aprender a respetar. La paz fue visitada para no tener la guerra. El afecto fue visitado porque no había amor entre todas las personas. Y la amistad fue visitada porque alguien quería hacer más amigos. Así, todos dieron Gracias por las buenas palabras

Com essa intervenção, cabe-nos, como formadores de futuros escritores, motivar os estudantes a escreverem e a falarem. Mas escrever o quê? Falar o quê? O primeiro passo a ser dado é dar-se conta que dentro de nós existe um conteúdo a ser expresso. É necessário que o professor seja um dos apoios principais e é importante que seja a pessoa que mais incentive os alunos a estudarem e a se interessarem pela Língua Estrangeira.

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acham natural falar e escrever em espanhol. Derruba-se, dessa forma, o preconceito de que não é possível desenvolver as diferentes competências linguísticas na aula de língua estrangeira. Sejamos nós incentivadores e formadores de cidadãos conscientes e que estejam preparados para os diferentes desafios que aparecem no nosso caminho.

REFERÊNCIAS ALVES, Rubem. Histórias de quem gosta de ensinar. Campinas, SP: Papirus, 2000. Acreditamos que é incentivando sempre a aprendizagem da Língua Espanhola, desenvolvendo as quatro habilidades – ler, escrever, falar, ouvir - e levando à sala de aula assuntos tão importantes a serem discutidos que conseguiremos mostrar mais o lado bom e gratificante ao aprender outra língua. Assim, os alunos não percebem tanto a parte difícil, compreendem de uma maneira mais fácil os conteúdos e regras e, consequentemente,

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BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua estrangeira / Secretaria de Educação Fundamental.–Brasília: MEC/SEF, 1998.120 p. GIOVANNINI, Arno. Profesor en acción (vol.1): el proceso de aprendizaje. EDELSA, 1996.


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Bárbara Jucinsky Schmitt14

RELATO DE EXPERIÊNCIAS: TRABALHO COM O PATRIMÔNIO HISTÓRICO-CULTURAL NAS TURMAS DE QUINTO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS. Só há um meio eficaz de assegurar a defesa do patrimônio de arte e de história do país; é a educação popular. (Rodrigo Melo Franco de Andrade) Durante muitos anos, o Patrimônio Histórico-Cultural foi deixado de lado pelo meio acadêmico, sendo visto como secundário pelos mais variados níveis de ensino, já que o Patrimônio era algo pronto, que não sofria alteração, não demandava um estudo aprofundado. Conforme Barroso, o uso de arquivos e museus como fonte de conhecimento era para poucos e, quando isso era feito, funcionava apenas como uma saída da rotina da sala de aula, sem uma devida avaliação da importância dos espaços patrimoniais. No ano de 2011, o Colégio Santa Catarina implementou o 5º ano, no Ensino Fundamental de Nove Anos. Desde então, o grupo de professoras procurou, dentro de suas áreas do conhecimento, dar ênfase ao trabalho referente à Cultura, ao Folclore, à preservação do Patrimônio Histórico/Cultural/Ambiental. Neste mesmo ano, o Colégio passou a ser membro do grupo de Escolas Associadas da UNESCO e, com isso, algumas questões passaram a receber maior destaque, como é o caso do Patrimônio Mundial e seu estudo aplicado. Normalmente, as pessoas só imaginam como Patrimônio Histórico-Cultural grandes obras, como as Pirâmides do Egito, a Muralha da China, o Taj Mahal. No entanto, ele também está associado às comemorações juninas, às lendas (como a do Negrinho do Pastoreio), às cantigas de roda. Não existe patrimônio de maior ou menor valor. Mas, no final das contas, o que é Patrimônio?

"O Patrimônio Cultural de uma nação, de uma região ou de uma comunidade é composto de todas as expressões materiais e espirituais que lhe constituem, incluindo o meio ambiente natural".(Declaração de Caracas, 1992).

Patrimônio nada mais é do que o conjunto de bens, materiais e imateriais, deixados de uma geração para outra, ou ainda, de um grupo social para o outro. Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), podemos denominar como patrimônio todas aquelas manifestações produzidas pelas sociedades que, com o decorrer do tempo, acabam por ser agregadas às produções das gerações anteriores. Esse conceito perpassa os bens materiais, como também trechos de cidades, imagens, ambientes naturais, lendas, festas, utensílios e outros bens móveis. Por que trabalhar o Patrimônio, seja ele histórico, cultural ou ambiental? Tal prática é fundamental para a formação do cidadão. Somente aquele que conhece a história e a cultura do local em que está inserido saberá respeitar sua importância, como também preservá-la e, dessa forma, fazer com que ela não “se perca”. É este mesmo cidadão que acaba, por consequência, tendo as mesmas atitudes em relação à história e cultura dos outros povos. Só aquele que se sente parte da formação e preservação da memória Histórico-Cultural do local onde vive irá preservá-la. Estudar o Patrimônio possibilita identificar os agentes sociais que foram beneficiados através deste bem cultural. Dessa forma, existe a possibilidade de perceber quem foi atuante em sua construção, quem usufruiu deste bem e, também, é possível identificar aqueles que foram excluídos deste processo.

14 - Professora das disciplinas de História, Geografia e Vida Cidadã no Colégio Santa Catarina; pós-graduada em História do Rio Grande do Sul. bajucinsky@yahoo.com.br

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Por meio dos trabalhos realizados sobre os bens histórico-culturais, é possível fazer uma explicação do momento em que esta produção foi concretizada, analisando e debatendo diferentes questões, tais como: a relação entre passado e presente, a necessidade de preservação de um bem histórico, planejamento urbano, relações com o meio ambiente, inspirações artísticas, valor cultural das obras de arte e sua importância para determinado grupo social, estimular a apreciação e a crítica artística, formação de identidades, preservação do meio ambiente e técnicas de construção. Como mencionado anteriormente, desde o ano passado, temos buscado dar atenção às temáticas relacionadas aos diferentes tipos de Patrimônio. O Colégio como um todo tem se voltado para a questão da preservação do Patrimônio Ambiental, algo que se tornou efetivo através do Projeto EcoSanta e dos grupos que surgiram para agregar valor ao projeto, como o Comitê de Sustentabilidade e os “EcoFriends”. Em sala de aula, com as turmas de 5º ano (no ano passado, turmas 51 e 52; neste ano, turmas 51, 52 e 53), buscamos realizar trabalhos quanto ao Patrimônio Histórico-Cultural. Abaixo seguem algumas das atividades que foram realizadas nos anos de 2011 e 2012, tendo em vista questões voltadas para o Patrimônio Histórico-Cultural.

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· Educação Física: não há dúvidas quanto à importância das relações que se estabelecem entre os pais e filhos quando há momentos de interação, doação e envolvimento dos pais nas atividades escolares de seus filhos. Sendo assim, em 2011, a professora Renatha Fehse, em suas aulas, propôs aos pais do 5ºano, turma 51, uma aula especial. Os pais levaram brincadeiras e jogos que eles costumavam brincar em sua infância para participar da atividade e transmitiram para as crianças um pouco do seu conhecimento sobre o Patrimônio Cultural. Na aula, pais e alunos jogaram caçador, brincaram de morcego e até pega-paralítico. Todos participaram ativamente e se divertiram muito. Com a colaboração dos pais, foi possível reviver algumas brincadeiras e jogos que fazem parte da cultura e ficarão guardados na memória de todos nós. Atualmente no 6º ano, algumas crianças pedem para realizar determinadas atividades que aconteceram naquele dia, e outras pedem para repetir a dose para estar ao lado dos seus pais e aprender um pouco mais sobre tudo que eles têm para nos passar. · História e Arte: também no ano de 2011, em um trabalho associado entre as disciplinas, os alunos produziram esquetes e adaptaram lendas do folclore gaúcho. Os colegas escolheram os melhores grupos e os selecionados apresentaram-se na chegada da Chama Crioula, no pátio do Colégio. Neste dia, foram apresentadas as histórias 'O Negrinho do Pastoreio', turma 51, e a lenda da 'Erva Mate', turma 52. Os alunos se envolveram de forma efetiva, trazendo figurinos, acessórios, montando roteiros, tudo com o objetivo de que a história ficasse o mais interessante possível. · Com o objetivo de perceber a influência dos diferentes grupos populacionais imigrantes na cultura gaúcha, tanto na cultura material e imaterial, como no idioma, expressões, gírias, culinária, construção de casas, vestimentas, festas, religiosidade, em 2011, produziram diversas pesquisas. Cada grupo recebeu um tema diferente para apresentar aos colegas, grupos étnicos que povoaram o Rio Grande do


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Sul. Dessa forma, todos puderam, de uma maneira simples, conhecer um pouco da formação cultural do Estado do Rio Grande do Sul.

· Levando em consideração que o assunto trabalhado durante o 5º ano em História é o Rio grande do Sul, após trabalharem sobre Revolução Farroupilha, os alunos tiveram acesso aos diferentes textos infanto-juvenis que representam este momento histórico. Então, fizeram uma conexão entre o conteúdo de sala de aula e as produções literárias. Os estudantes produziram releituras do fato histórico através de histórias em quadrinhos. · Nas aulas de Ensino Religioso, ocorridas no ano de 2012, a professora Aline Nervo buscou trabalhar com os alunos questões referentes à formação das Missões Jesuíticas no Rio Grande do Sul, o contato dos indígenas com os missionários espanhóis e a influência deste contato para a formação cultural, linguística e espiritual de nosso estado. · No ano de 2012, as turmas 51, 52 e 53 realizaram diversas atividades com o objetivo de melhor compreender o que é o Patrimônio Histórico-Cultural, bem como produziram trabalhos a fim de levar a comunidade escolar a conhecer locais considerados Patrimônios Mundiais, pela UNESCO.

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Antes de trabalharmos sobre o Patrimônio Mundial, falamos, nas aulas de Vida Cidadã, sobre diferentes conceitos relacionados ao tema. O que é patrimônio, patrimônio natural, cultural, histórico, material e imaterial. Para isso, os alunos foram divididos em trios para pesquisarem na internet e produzirem cartazes com essas informações. Os cartazes foram apresentados para os colegas nas aulas de Vida Cidadã. Não poderíamos deixar de mencionar o fato de que nossa cidade, estado e país possuem seu patrimônio, sendo alguns destes mencionados como patrimônio Mundial pela Unesco. · Dentro do conteúdo de História do 5º ano, houve destaque para os Sete Povos das Missões. Como finalização desse assunto, foram criadas maquetes, representando como era o traçado das reduções, dando destaque à Igreja, ao Cabildo, ao Cotiguaçu, ao pomar e às casas dos indígenas.

Na disciplina de Informática, os alunos produziram cartazes. Para a produção desse trabalho, cada aluno recebeu um dos diversos locais considerados como Patrimônio Mundial, a fim de que colocassem uma breve explicação do conteúdo, juntamente com uma imagem e o título “Você conhece?”. O presente trabalho foi realizado com intuito de ser exposto no Colégio, para que os outros alunos pudessem conhecer

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esses sítios tão importantes para a cultura mundial. Buscando dar ênfase ao patrimônio Imaterial, os alunos puderam escolher duplas ou trios, com o objetivo de pesquisarem, na biblioteca e no laboratório de Informática, sobre temas, tais como: o que é cultura, mito, folclore, lendas, cantigas de roda, remédios caseiros, jogos e brinquedos folclóricos, trava-línguas, entre outras coisas. Para apresentação à turma, os alunos produziram power point e cartazes. Como fechamento dessa atividade, os alunos trouxeram brinquedos folclóricos e brincaram no pátio da escola.

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REFERÊNCIAS BARROSO, Véra Lucia Maciel. Educação Patrimonial e ensino de História: Registros, Vivências e Proposições. In: BARROSO, Véra Lucia Maciel [et al]. Ensino de História: Desafios C o n t e m p o r â n e o s . P o r t o A l e g r e : E S T: EXCLAMAÇÃO: ANPUH/RS, 2010. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais, terceiro e quarto ciclos do ensino Fundamental. História. Brasília: Secretaria de Educação Fundamental. MEC/SEF. 1998. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio: ciências humanas e suas tecnologias. MEC. Brasília: MEC/Secretaria de Educação média e Tecnológica, 1999. CASTRO, Janaína. É hora de valorizar o que é nosso, in Revista Nova Escola, nº 234 – Agosto 2 0 1 0 , <http://revistaescola.abril.com.br/formacao/forma cao-continuada/hora-valorizar-nosso-patrimoniocultural-584455.shtml> disponível em 18 de Julho de 2012. DECLARAÇÃO DE CARACAS, ICOM, 1992. <http://www.revistamuseu.com.br/legislacao/mus eologia/decl_caracas.asp>. Disponível em 18 de Julho de 2012.

A cultura é um processo eminentemente dinâmico, transmitido de geração em geração, que se aprende com os ancestrais e se cria e recria no cotidiano do presente, na solução dos pequenos e grandes problemas que cada sociedade ou indivíduo enfrentam. (HORTA; GRUNBERG; MONTEIRO; apud MACHADO; MONTEIRO, p.33, 2010). Este breve relato procurou mostrar a importância do trabalho a partir do Patrimônio Histórico-Cultural, pois este faz parte do processo educativo, tendo em vista que ele nos traz a produção cultural dos grupos sociais, bem como a diversidade e a pluralidade. Tal trabalho possibilitou a transversalidade curricular, já que não se limitou unicamente às aulas de História, evidenciando que Patrimônio não está relacionado somente aos museus, mas intimamente ligado à vida cotidiana das pessoas.

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INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E A R T Í S T I C O N A C I O N A L . <http://portal.iphan.gov.br/portal/montarPaginaSe cao.do?id=12306&retorno=paginaIphan> Disponível em 18 de Julho de 2012. LE GOFF, Jacques. História e Memória. 4 ed. Campinas: ed. Unicamp. 1996. MACHADO, Maria Beatriz Pinheiro; MONTEIRO, Katani Maria Nascimento. Patrimônio, Identidade e Cidadania: reflexões sobre educação patrimonial. In: BARROSO, Véra Lucia Maciel [et al]. Ensino de História: Desafios Contemporâneos. Porto Alegre: EST: EXCLAMAÇÃO: ANPUH/RS, 2010. MARIUZZO, P. A construção histórica do patrimônio público, in Revista Consciência, Nº 52 <http://www.comciencia.br/reportagens/memoria/ 02.shtml> disponível em 18 de Julho de 2012.


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João Pedro Ermel17 Rosângela Rodrigues de Assis18

RIO +20: MODELO DE DESENVOLVIMENTO ALIADO À SUSTENTABILIDADE E À TECNOLOGIA RIO+20 A RIO+20, evento promovido pela 19 UNESCO , envolveu 193 países e ocorreu na cidade do Rio de Janeiro, de 13 de junho a 22 de junho de 2012. O foco principal do evento foi tratar de questões do futuro da humanidade para a sobrevivência humana e do planeta, colocando o mundo no caminho de um futuro sustentável e cada vez mais presente. Ao falar em RIO+20 é impossível deixar de citar outras ações pioneiras para a conscientização e encaminhamento das nações. Para que o estágio de conversação entre os povos chegasse ao nível que estamos hoje, alguns encontros ganharam destaque durante toda mudança climática mundial. Esta linha histórica foi apresentada na exposição do Instituto HSBC Solidariedade, no Planetário da Gávea-RJ.

Alguns itens apresentados na exposição “Linha do Tempo da Sustentabilidade”: 20

· A Conferência da ONU sobre meio ambiente em Estocolmo com as primeiras definições do termo “sustentabilidade” em meados de 1972. · Em 1983, em Nova York, Estados Unidos da América, a Assembleia Geral da ONU estabeleceu a comissão independente para criar uma agenda de ação a longo prazo. · No Rio de Janeiro, em 1992, a ONU realizou a ECO-92, Conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente e o desenvolvimento (CNUMAD). · Em sessão especial da Assembleia Geral da ONU em 1997, em Nova York, nos Estados Unidos da América, foi possível revisar e avaliar a 21 Agenda 21. · A cúpula mundial de desenvolvimento sustentável, ocorrida em 2002 em Johanesburgo, África do Sul, fez referência aos 10 anos da RIO 92 e teve mais de 21.000 participantes. É possível observar que, para a ONU, a sustentabilidade está cada vez mais presente, tornando-se tópico fundamental para a sobrevivência do planeta. A RIO+20 contempla a estruturação das ações dos últimos anos em prol de um planeta autossuficiente.

Linha do tempo da sustentabilidade

17 - Bacharel em Ciência da Computação; Técnico em Informática; professor do Curso Técnico em Informática do Colégio Santa Catarina, nas disciplinas de Análise de Sistemas, Informática Aplicada, Manutenção de Computadores e Aplicativos. joaoermel@gmail.com 18 - Licenciada em Ciências e Matemática; especialista em Matemática; coordenadora da Área de Ciências da Natureza, professora de Ciências e Matemática do Colégio Santa Catarina. roroassis@terra.com.br 19 - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). 20 - Organização das Nações Unidas 21 - Agenda 21 é o principal documento da Rio-92 (Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano), que foi a mais importante conferência organizada pela ONU (Organização das Nações Unidas) em todos os tempos. Ela tem esse nome porque se refere às preocupações com o nosso futuro, agora, a partir do século XXI.

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RIO+20 & VOCÊ Com o objetivo de ser um marco institucional de governança social compartilhada para o desenvolvimento sustentável no contexto da RIO+20, refletiu-se a partir da experiência de programas e projetos de referência - boas práticas de sucesso, integrando negócios, comunidade e meio ambiente, incentivando o engajamento, a interdependência e a distribuição democrática do conhecimento no cenário territorial, nacional, regional e global.

voluntariado. Teve ainda a participação de 120 universidades, 70 países, 350 organizações colaboradoras, mais de 26 mil participantes, cobertura total via web e conexões. (RIO+20&VOCÊ, 2012) 22

O PEA/Unesco destinou um espaço para as boas práticas sustentáveis das escolas associadas. A exposição foi baseada nos trabalhos dos alunos das Escolas Associadas da UNESCO, com foco na educação para o desenvolvimento sustentável e a consciência ambiental.

Planetário da Gávea RIO+20&VOCÊ Exposição PEA/Unesco - Um projeto pedagógico

A Rio+20 & Você, ramificação da RIO+20, ocorreu nas dependências do Planetário da Gávea-RJ. Um ambiente amplo e organizado favoreceu a exposição das boas práticas de instituições de todo o mundo. Durante a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, SHEILA PIMENTEL, presidente do HUMANITARE, coordenou a Agenda "Rio + 20 & Você", realizada no período de 4 a 22 de junho de 2012, no Planetário do Rio de Janeiro, que contou com 160 atividades e 58 projetos sob os mais diversos temas que foram debatidos em 10 cúpulas mundiais e 2 simpósios: Green Jobs, energia, economia criativa, turismo verde, economia verde, educação para transição, cidadania inclusiva, 22 - Programa das Escolas Associadas da Unesco. 23 - Grupo de Intervenção Socioambiental do Colégio Santa Catarina.

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Dentre os trabalhos expostos (e representando o Colégio Santa Catarina), estava 23 o Projeto GISA, que é desenvolvido com os alunos das turmas 83 e 84 do ensino fundamental e coordenado pelas professoras Eliana Müller de Mello e Cíntia Ramos. Esse projeto tem por objetivo promover o conhecimento ambiental para contribuir na transformação da sociedade, com foco no desenvolvimento de Planos de Ação em benefício da qualidade das águas do Rio dos Sinos e seus afluentes, que abastecem a área metropolitana do RS.


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Aos visitantes da exposição, foi oferecida a Santa@PubliAção, revista pedagógica que possibilita aos colaboradores o relato e apresentação das excelentes práticas vivenciadas na Instituição (sobretudo a 5ª edição, somente com artigos e relatos acerca das atividades educativas socioambientais, desenvolvidas pelo corpo docente junto às turmas e alunos do Colégio).

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realização do evento – acessibilidade, conectividade e sustentabilidade. Segundo CARNEIRO (2011), a cultura do século XXI está intimamente ligada à ideia de interatividade, de interconexão diversa e crescente. Tudo isso se deve à questão da expansão das tecnologias digitais, mas, por outro lado, expandir sem planejar e instalar sem identificar pré-requisitos retorna atraso no processo do conhecimento. O Brasil desponta na venda de aparelhos celulares, em março de 2012 a Anatel25 divulgou que existem 250,8 milhões de linhas ativas no país, sendo que 20% dessas linhas já estão preparadas para suportar a tecnologia 3G. Com o crescimento exponencial da venda de smartphones, novos mercados começam a se desenvolver, o Governo Federal resolveu encarar esse nicho de mercado e ofereceu de forma gratuita aplicativos para dispositivos móveis, a fim de facilitar a informação.

Revista @SantaPublicAção distribuída aos visitantes.

TECNOLOGIA NO EVENTO A RIO+20 deu ao país não só a chance de confirmar sua vocação para organizar grandes eventos, mas também a oportunidade inédita de liderança dessa discussão sobre sustentabilidade. O Brasil concretizou conquistas importantes como a redução do índice de desmatamento, a posse de uma matriz energética menos poluente que a média dos 24 países da OCDE e a melhoria de indicadores sociais. Aliado a esses avanços, temos um elemento essencial: a inovação tecnológica é primordial para o sucesso de um novo modelo de crescimento econômico sustentável. E essa teoria esteve em prática na própria organização da conferência, na qual a tecnologia é suporte para o tripé de princípios que nortearam a

Governo embarca no mundo mobile

Como exemplo desse crescimento, no último carnaval, o Governo disseminou "Onde tem táxi aqui?". Foi uma das estratégias da campanha "bebida e direção não combinam", do Ministério das Cidades, a fim de promover aos utilizadores de smartphones a busca, através do GPS de seus dispositivos, pelos pontos de táxi mais próximos à sua localização, tentando evitar

24 - Organisation for Economic Co-operation and Development 25 - Agencia Nacional de Telecomunicações

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a combinação bebida e direção. O pioneiro nesse projeto de acesso à informação ao usuário de dispositivos móveis foi o “Brasil Mobile”, aplicativo da Embratur, lançado em 2010, destinado, principalmente, aos turistas estrangeiros. O aplicativo está disponível nos idiomas português, espanhol e inglês; fornece informações sobre os destinos brasileiros, com seus atrativos turísticos e opções de roteiros. Atualmente, as cidades contempladas são Belo Horizonte, Brasília, Florianópolis, Fortaleza, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo, Curitiba, Natal e Cuiabá. O doutor em Meteorologia pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) e com um Prêmio Nobel no currículo por integrar o Programa Internacional da Geosfera-Biosfera (IGBP na sigla em inglês), Carlos Nobre, afirma que a tecnologia é, na verdade, um instrumento importante para todas essas dimensões. “Não só no aspecto do mundo físico, da produção da energia limpa; é muito mais do que isso. Por exemplo, um dos requisitos para um mundo sustentável é uma nova visão de educação voltada para a inovação. Nós temos que inovar as relações sociais, de consumo e de uso dos recursos naturais. São importantes transformações e a tecnologia está aqui para nos auxiliar. Mas ela sozinha não dá conta do recado, ela precisa das grandes decisões sociais, políticas e democráticas da sociedade Segundo SCHROEDER (2002), a TIC deve ser vista como uma agregadora de alta qualidade, desenvolvendo informações que "agreguem valor", tornando a conexão mais qualificada e estável. O destaque do Brasil em relação à tecnologia vem culminar com as instalações na RIO+20. As inovações deram-se no acesso sem fio à internet em todos os locais do evento, webcast e transmissão ao vivo em alta definição das principais salas. 26

Do lado da sustentabilidade, o CNO informou que a Rio+20 ocorreu com a minimização dos impactos ambientais decorrentes de sua realização. A ação mais

importante, nesse sentido, segundo o Comitê, foi a adoção do conceito “paper wise”, que em português significa papel com sabedoria e na prática quer dizer uso racional do papel. Para isso, foi montada uma nuvem de dados no Riocentro e estabelecido um trâmite eletrônico para os documentos envolvidos nas negociações entre os 193 países da ONU, o que adiciona um nível alto de criticidade à rede local implantada. A estrutura geral do evento contou também com conexão por videoconferência entre o Riocentro e os espaços temporários na cidade, com cerca de 2500 computadores, entre desktops e notebooks, para uso das delegações internacionais, membros da ONU e governo brasileiro, além de painéis eletrônicos e terminais de autoatendimento. Para suportar tal transmissão, foi instalado um link de 5 Gbps para o acesso sem fio, com mais de 50 mil dispositivos credenciados. “Podemos comparar a Rio+20 como um grande sistema o qual se faz necessária a integração de vários fatores, como humanos, tecnológicos e logísticos, para citar apenas os principais. Nossa participação se concentrará na vertente tecnológica. Todos querem um mundo sustentável e o Serpro faz sua parte para contribuir com esse esforço. A empresa desenvolve soluções que contribuem para a redução do uso de recursos, como a Nota Fiscal Eletrônica, que promovem economia e agilidade, caso do Projeto Porto sem Papel, e que buscam o uso cada vez mais eficiente e eficaz da tecnologia. Isso permite uma vida mais fácil ao cidadão, com sistemas e serviços que evitam deslocamentos das pessoas e facilitam sua relação com o poder público”, explica Marcio Brigidi.

A IMPORTÂNCIA DA RIO+20 PARA O SANTA Antes de pronunciar nossa opinião como participantes da RIO+20, nada melhor que apresentar o relato da diretora geral do Colégio Santa Catarina, Irmã Cláudia Chesini, principal apoiadora das boas práticas exercidas pela Instituição.

26 - Comitê Nacional de Organização da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável

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Já faz algum tempo, agora com mais intensidade, que soa na humanidade um forte apelo ético de sermos socialmente responsáveis e ecologicamente limpos. A educação percebe esse desafio e busca concretizá-lo, agindo localmente e pensando globalmente, afirma Nilo Agostini, 2012. Assim, presente desde o início das atividades na área da educação da Congregação das Irmãs de Santa Catarina, esta Instituição desenvolve a dimensão da ética e do cuidado no que diz respeito ao ser humano e à vida em suas várias dimensões. A sociedade civil organizou-se para pensar globalmente e agir localmente através da ECO 92 e, neste ano, através da Rio+20. O Colégio Santa Catarina esteve presente, mostrando o que busca fazer com excelência: desenvolver o ser humano de forma integral, também planetária. Por ocasião da abertura do ano letivo de 2012, assim traduzi esta perspectiva: de portas abertas, sob o grande guarda-chuva do ECOSANTA, queremos desenvolver os valores e as práticas da sustentabilidade, da energia sustentável e do cooperativismo. Aprenderemos sobre ecodesing, que tem os mesmos princípios que a natureza criou para sustentar a teia da vida – o contínuo ciclo da matéria, o uso de energia solar, diversidade, cooperação e simbiose. Mudaremos nossa atitude para com a natureza – daquilo que podemos extrair da natureza para o que podemos aprender. Queremos expandir nossa percepção do “eu” e do “eu ecológico”, aprofundando a solidariedade, a capacidade para a compaixão, de pertença à Terra, de experienciar que a maioria das coisas que nos dão realmente prazer custam pouco ou são gratuitas. De portas abertas, queremos ter um novo entendimento da realidade e de um novo senso do lugar da humanidade no cosmo. Necessitamos de uma “cosmologia vital e fundamental” no sentido de compreender o universo que dá significado à nossa vida, com uma espiritualidade que nos dirija à reverência de toda a vida compartilhada (e de cuidado), além de uma visão do sagrado, encarnado no cosmo.

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De portas abertas, seguiremos trilhando o caminho da aprendizagem, da construção, do trabalho, da convivência, da conquista, da competência. Com as portas abertas da mente e do coração, contamos com a parceria de todos, pois a participação e o envolvimento são imprescindíveis para o sucesso deste ano e dos anos vindouros! Agradecemos às pessoas e instituições, como o Programa das Escolas Associadas – UNESCO, especialmente a Escola do Bosque, de São Paulo, pela oportunidade e aos nossos professores que acreditaram no trabalho desenvolvido, inscreveram o projeto GISA (que hoje representa o Brasil na Projec Earth World Environment Day 2012 Winner, junto à Rio+20). Enfim, essa é a nossa contribuição como cidadãos, pois juntos queremos despertar e cuidar do que há de melhor.”

Como professores do Colégio Santa Catarina, gostaríamos de ressaltar que: “É muito gratificante acompanhar o desenvolvimento da tecnologia em prol da qualidade de vida. Isso torna ainda mais importante o meu papel junto à qualificação dos futuros profissionais. Transmitir o conhecimento, as experiências e principalmente uma visão de cooperação fazem do educador alguém ainda mais gestor do conhecimento. Quando o nosso país desponta na qualidade do desenvolvimento sustentável e nossa Instituição participa ativamente desse processo, os colaboradores que nela estão ganham uma importância singular na instrução e alinhamento da comunidade. Ao desenvolver projetos como o “GISA - Grupo de Intervenção Socioambiental do Colégio Santa Catarina”, como o “MOP – Mapa Orgânico de Problemas”, como a “COOPSANTA – Cooperativa Escolar do Colégio Santa Catarina”, dentre tantos outros também já reconhecidos, demonstra que a qualidade, a inovação e principalmente a atuação conjunta está presente. O trabalho feito aqui só reforça o alinhamento estratégico, a eficiência e a eficácia da participação e qualificação de nossos alunos na busca do bem comum.” (João Pedro Ermel, professor do Curso Técnico de Informática).

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“Estar no local onde presidentes e chefes de estado tomaram importantes decisões para a sustentabilidade do planeta, representar o Santa, mostrar suas boas práticas no que se refere ao cuidado com o ambiente foi uma experiência interessante e motivadora. Da mesma forma que, como foi apontado em 1972, na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente em Estocolmo (que qualquer ação agressiva ao ambiente não ficava restrita a um local, cidade, país ou continente), as atividades e projetos visando ao cuidado com o ambiente no qual nos envolvemos não ficarão restritas a eles. Esses conhecimentos ultrapassam fronteiras, quebram barreiras, da mesma forma que os agentes poluidores. Acredito que este é nosso grande mérito, a formação de cidadãos preocupados e dispostos a pensar a sustentabilidade do planeta, não só de forma teórica, mas fazendo importantes interferências no entorno. O Santa apresentar seu projeto ambiental na Rio + 20 & Você aproxima as discussões e decisões do evento da comunidade escolar e quanto mais pessoas envolvidas na causa ambiental maior a nossa força na viabilização de mundo sustentável.” (Rosângela Rodrigues de Assis, Coordenadora da Área de Ciências).

LEGADOS DO EVENTO Toda conferência, todo trabalho, todo convívio, antes de tudo, deixa um grande legado. No caso da Rio92, o Brasil mudou completamente após a Conferência; mudou no seu modo de pensar a sustentabilidade. Nós, brasileiros, estamos nos adaptando com a ideia das novas gerações e, assim, temos outro tipo de visão, visão de um mundo diferente e um mundo com maior atenção à proteção ambiental como parte, e não como adversária, do desenvolvimento econômico. Esse tipo de legado será visto nos próximos 20 anos, pois também teremos uma nova geração que precisa da mensagem do desenvolvimento sustentável, da integração ambiental no projeto de desenvolvimento do país. Isso é o que precisa ficar cada vez mais claro, porque quem faz desenvolvimento sustentável não é apenas o governo, mas sim seus principais atores: empresas, famílias,

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pessoas. As decisões de cada núcleo da sociedade, seja empresarial, familiar ou escolar, afetam diretamente as possibilidades de sustentabilidade. Esse tipo de legado a RIO+20, sem dúvida alguma, já deixou. Resta continuarmos as discussões com vistas ao seu aprofundamento e aplicação por meio de práticas educativas socioambientais em nosso Colégio, mas isso já é assunto para a 7ª edição da Revista e para futuros artigos (Ecosanta e Mostra Multidisciplinar). REFERÊNCIAS AGENDA 21 - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Disponível em: <http://www.meioambiente.pr.gov.br/modules/conteudo/ conteudo.php?conteudo=24>. Acessado em: 08 de julho de 2012. CARNEIRO, Paula de Azeredo Coutinho, Escola & Empresa: Um Só Caminho - Orientações para ampliar a visão dos profissionais da educação, São Paulo, Biblioteca 24 horas, 2011, 100 p. DIAS, Genebaldo Freire. Educação e Gestão Ambiental. 1ª Ed. São Paulo: Gaia, 2006. GISA – Grupo de Intervenção Socioambiental, Disponível em: <http://colegiosantanh.com.br/2012/06/27/santarecebe-premiacao-internacional-world-environment-daycontest-2012/>. Acessado em: 08 de julho de 2012. OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Disponível em: <http://www.oecd.org>. Acessado em: 08 de julho de 2012. PEA/UNESCO – Programa das Escolas Associadas da Unesco. Disponível em: <www.peaunesco.com.br>. Acessado em: 08 de julho de 2012. PORTILHO, Fátima. Sustentabilidade Ambiental – Consumo e Cidadania, Editora Cortez, 2005. RIO+20&VOCÊ – Programa das Escolas Associadas da Unesco. Disponível em: <http://rio-20.org/>. Acessado em: 08 de julho de 2012. SCHROEDER, Isley Roberto, O paradigma da informática: Gerar lucro para empresa - Nobel, São Paulo, 2002, 121 p. TEMA – Revista do SERPRO, Ano XXXVII, nº 212 – 2012. Disponível em: <http://tema.serpro.gov.br/pub/serpro/>. Acessado em: 08 de julho de 2012. UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Disponível em: <http://www.unesco.org>. Acessado em: 08 de julho de 2012.


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Eliana Müller de Mello27 Cintia Jung Bonenberger Ramos28

GIS@.COM: GRUPO DE INTERVENÇÃO SOCIO@MBIENTAL As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, instituídas pela Resolução nº. 2/30/01/2012, entre outras disposições, determinam que os currículos se organizem em áreas – “a base nacional comum dos currículos será organizada em áreas de conhecimento” – estruturadas pelos princípios pedagógicos da interdisciplinaridade, da contextualização, da identidade, da diversidade e autonomia. Essas diretrizes redefinem, de modo radical, a forma como têm sido realizadas a seleção e organização de conteúdos e a definição de metodologias nas escolas em nosso país. Foram organizadas e propostas quatro áreas curriculares: Linguagens, Ciências da Natureza, Matemática e Ciências Humanas. Entre os princípios pedagógicos que estruturam as áreas de conhecimento destaca-se, como eixo articulador, a interdisplinaridade. É importante deixar claro que a prática docente, ao adotar a interdisplinaridade como metodologia no desenvolvimento do currículo escolar, não significa o abandono das disciplinas nem supõe para o professor uma “pluriespecialização” bem difícil de se imaginar, com o risco do sincretismo e da superficialidade. Para maior consciência da realidade, para que os fenômenos complexos sejam observados, vistos, entendidos e descritos torna-se cada vez mais importante a confrontação de olhares plurais na observação da situação de aprendizagem. Daí a necessidade de um trabalho de equipe realmente pluridisciplinar.

A organização do trabalho escolar por projetos sugere o reconhecimento da flexibilização organizativa, não mais linear e por disciplinas, mas em espiral. Isso possibilita promover as inter-relações entre as diferentes fontes e os desafios impostos pelo cotidiano, ou seja, articular os pontos de vista disjuntos do saber, em um ciclo ativo, aprendendo a utilizar fontes de informação contrapostas ou complementares, e sabendo que "todo ponto de chegada constitui em si um novo ponto de partida" (HERNÁNDEZ, 1998, p.48). Hernández chama 'projeto de trabalho' o enfoque integrador da construção de conhecimento que transgride o formato da educação tradicional de transmissão de saberes compartimentados e selecionados pelo/a professor/a e reforça que o projeto é uma forma de refletir sobre a escola e sua função. Como tal, sempre será diferente em cada contexto. Há um

Análise dos macroinvertebrados bioindicadores da água

27 - Mestre em Educação, pós-graduada em Linguística Aplicada, especialista em Metodologia de Ensino, graduada em Letras. Prêmios internacionais recebidos: “Earth World/2012” e “Equidad el educacion/2009”. Prêmios nacionais: “Prêmio FORD de sustentabilidade/2011” e “Direitos Humanos em Educação/2010”-UNESCO/MEC/PAÍSES IBEROAMERICANOS. 4 Prêmios estaduais: “Prêmio Rio dos Sinos é Nosso/2011”, “Prêmio Educação RS/2008”-SINPRO, “Professora destaque do RS/2007” Grupo Sinos e “Personalidade Feminina Gaúcha/2006” MEC/SEC. Prêmio municipal “Professora cidadã/2008”-Casa Literária POEBOM. elianamuller@uol.com.br 28 - Mestre em Ensino de Ciências e Matemática ; Bacharel em Química ; graduada em Licenciatura em Ciências - Habilitação Química. Prêmio internacional recebido: “Earth World/2012”. Prêmio nacional: “Prêmio FORD de sustentabilidade/2011”. Prêmio estadual: “Prêmio Rio dos Sinos é Nosso/2011”. cintiabonenberger@hotmail.com

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conceito de educação, que permeia essa modalidade de ensino, que entende a função da aprendizagem como desenvolvimento da compreensão que se constrói a partir de uma produção ativa de significados e do entendimento daquilo que pesquisam, identificando diferentes fatos, buscando explicações, formulando hipóteses. Enfim, há o confronto de dados para poder realizar uma variedade de ações de compreensão que mostrem uma interpretação do tema e, ao mesmo tempo, um avanço sobre o mesmo. Esses pressupostos justificam e esclarecem a opção pela organização do currículo em áreas que congregam disciplinas com objetos comuns de estudo, capazes, portanto, de estabelecer um diálogo produtivo do ponto de vista do trabalho pedagógico e um diálogo entre si enquanto áreas. Essa forma de organização de saberes, que vai se construindo como uma rede, sensibiliza alunos e alunas para aquilo que lhes interessa ou preocupa, legitimando a função social da escola. Além disso, possibilita a validade do conhecimento aprendido, resultando em uma melhor decisão para a qualidade de vida na sociedade e reconhece o sujeito cidadão, capaz de se inserir no pensamento coletivo para o compartilhamento de espaços e serviços comuns.

Limpeza do Arroio Pampa.

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Incluir o aluno na análise e na decisão de questões que lhe dizem respeito contribui para o desenvolvimento consciente de sua cidadania. A escola, em particular, é o lugar para oportunizar esse tipo de aprendizagem: o exercício da tomada de decisões, tanto individuais como coletivas. Ao refletir sobre suas próprias concepções, frente às de outros, o aluno amplia seu repertório de alternativas para uma determinada situação e provoca a desestabilização e o descentramento de seus critérios de inserção na coletividade.

Decisão consciente: plantio de árvores nativas para recuperação da mata ciliar.

É importante ressaltar que não há um método ou uma fórmula pronta para desenvolver projetos, mas sim uma concepção diferenciada do/a professor/a em relação ao ensinar e aprender. Esta será sempre uma relação de troca e de construções sociais interativas, nas quais todos são importantes parceiros e colaboradores. Um problema, uma situação conflitante ou algo que está intrigando alunos e alunas pode ser um bom início de projeto, uma vez que favorece o interesse e a busca das informações, esta entendida como construção de saberes interligados. Indica também a importância de envolver, no projeto, várias áreas de conhecimento, presentes tanto na escola, como fora dela, bem como o trabalho com as novas tecnologias que trazem formas inovadoras de produção social de conteúdos, servindo de mediadoras no ambiente de aprendizagem.


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transformações nos meios e nos modos de produção, a natureza do trabalho e a relação econômica entre as pessoas e as nações sofrerão enormes transformações e, nesse quadro, a educação não apenas precisa se adaptar às novas necessidades como, principalmente, assumir um papel de ponta nesse processo.

Questionário socioambiental: O que a população ribeirinha sabe sobre meio ambiente?

Destaca-se, nessa assertiva, a conectividade que é o centro da vida social contemporânea e de uma cultura global marcada pelo acesso à internet, chats, wireless, sites de compartilhamento, downloads, redes sociais, acervos digitais e mensagens instantâneas: é a World Wide Web, grande rede mundial, e sua cultura imediata e colaborativa. Muito rapidamente, a www mudou padrões de acesso à informação, de leitura e de pensamento. Segundo estudos recentes, as redes sociais são mais utilizadas para comunicação entre os jovens brasileiros do que o próprio email. A cada dia surgem novas redes e outras vão se consolidando à medida que cresce o número de seus usuários e o conceito se dissemina. Essas ferramentas já fazem parte do dia a dia dos alunos e de vários educadores, merecendo ser incluídas nas estratégias de uso educacional da escola.

Para que essas tecnologias sejam significativas, não basta que os alunos simplesmente acessem as informações: eles precisam ter a habilidade e o desejo de utilizálas, saber relacioná-las, sintetizá-las, analisá-las e avaliá-las – quando os alunos se esforçam para ir além de respostas simples, quando desafiam ideias e conclusões, quando procuram unir eventos não relacionados dentro de um entendimento coerente do mundo. Sua aplicação mais importante está fora da sala de aula – e é para aí que o ensino deve voltar seu esforço. A habilidade de pensar criticamente pouco valor tem se não for exercitada no dia a dia das situações da vida real. Claro que isso não ocorre espontaneamente, e aí entra o papel do professor, encorajando os alunos a fazer conexões com eventos externos ao mundo da sala de aula, descobrindo a ligação entre situações vividas e os conteúdos curriculares.

GIS@.COM: UM CONVITE À REFLEXÃO Como nenhum outro meio de comunicação anterior, a internet coloca-nos interativamente em contato, superando barreiras de idade, sexo, cultura, preconceitos e, principalmente, distância geográfica. Aqui, cada um pode não apenas ler o que quiser quando tiver vontade, mas pode escrever, participar… Junto com novas soluções e perspectivas vêm também novas exigências sobre antigas habilidades. Com as rápidas

Os grupos de trabalho utilizando a tecnologia para relacionar, sintetizar, analisar e avaliar os eventos socioambientais que acontecem na realidade regional e global.

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Existem muitas táticas que o professor pode utilizar e que podem ser enormemente motivadoras, estimulando processos de transferência – e essa experiência o professor já tem, basta não se considerar um “ignorante em informática” e buscar aplicar na nova mídia sua base de conhecimentos, estando aberto à pesquisa e ao autoaprendizado contínuos. Esse uso do computador exige um professor preparado, dinâmico e investigativo, pois as perguntas e situações que surgem na classe fogem do controle preestabelecido do currículo. Esta é a parte mais difícil dessa tecnologia. E esse é o papel insubstituível do professor: elaborar estratégias que deem significado a essa enorme e fantástica porta que se abre para o universo do conhecimento da humanidade. Sem isso, a internet, equipamentos e software podem apenas ser modismos adestradores de um m e r c a d o c o n s u m i d o r, p e r d e n d o - s e a oportunidade de promover uma efetiva mudança na área do ensino. Para enfrentarmos esses desafios, o projeto GISA – Grupo de Intervenção SocioAmbiental ampliou as suas ações para as fronteiras virtuais - GIS@.com - tornando-se uma prática que possibilita pensar a educação na contemporaneidade, refletir sobre o mundo digital e sua interferência decisiva na condição humana. É um convite à reflexão e também à ação, incorporando novos elementos à prática diária do aluno e ao desenvolvimento do processo ensino e aprendizagem.

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O QUE É O PROJETO: O Grupo de Intervenção Socio@mbiental - GIS@ – iniciou em abril de 2011 e continua com suas ações de intervenção socioambiental nas comunidades ribeirinhas dos arroios da cidade de Novo Hamburgo. Desde então, 56 alunos de 8ª série do Ensino Fundamental estão engajados em promoverem processos formativos em educação ambiental, de caráter permanente, participativo e continuado, considerando o contexto socioambiental da região. O projeto contribuiu na transformação da sociedade, enfocando Planos de Ação em benefício da qualidade das águas da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos, que abastece 32 municípios. As ações já atingiram 28.968 pessoas em uma dinâmica inovadora que tem as tecnologias de informação e comunicação – TICs - como o fio condutor das atividades. Buscou-se, acima de tudo, a solidariedade, a igualdade e o respeito como forma democrática de atuação baseada em práticas interativas e dialógicas. Isso se consubstanciou no intuito de criar novas atitudes e comportamentos ambientais ante o consumo na nossa sociedade e de estimular a mudança de valores individuais e coletivos.

Principal preocupação dos alunos do GISA: oferecer conhecimento às crianças da comunidade ribeirinha - o futuro da nossa nação!

O incentivo dos professores dá um novo significado para a utilização das novas tecnologias como meio de informação para toda a comunidade a respeito da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos.

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JUSTIFICATIVA DE IMPLANTAÇÃO: As comunidades mais vulneráveis são as primeiras a serem atingidas pelos problemas socioambientais como enchentes,


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desabamentos, secas, dentre outros. Afinal, os recursos naturais não estão disponibilizados de forma igualitária. Nem todos têm acesso à informação e a espaços democráticos de participação. A implantação do projeto partiu de dois campos: 1º COMUNIDADE: necessidade de criar um plano de ações de intervenção e protagonismo juvenil que poderia ajudar a minorar tais problemas, bem como aumentar a autoestima de comunidades vulneráveis que vivem em situação de risco social; adequar a metodologia de ações ambientais às reais demandas locais; ampliar atores sociais, através das redes virtuais, engajados na eficiência e eficácia de produção de mudanças ambientais pela via da educação ambiental. 2º ESCOLA: instituir e despertar o interesse do grupo de alunos que consideram a tecnologia apenas como lazer momentâneo e não parte do processo de ensino-aprendizagem.

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E S T R AT É G I A S U T I L I Z A D A S : Desenvolvido pelas disciplinas de português, artes e ciências, o projeto teve duas fases. 1ª) Sabendo que a inserção de atividades experimentais e saídas de campo no currículo pode contribuir na definição de diversos conceitos científicos e sociais, pensou-se que o conhecimento da realidade da água e da população ribeirinha do arroio Pampa e do banhado próximo, poderia ajudar na formação de um cidadão crítico que tem compromisso com a cidadania. Cada momento foi aproveitado para problematizar e transcender a construção de conceitos e conhecimentos da realidade local. O estudo do meio, uma das etapas do projeto, foi de extrema importância para o trabalho, pois mostrou as condições reais em que vive a população ribeirinha do Arroio Pampa. O slogan “pense globalmente, atue localmente” aqui deve ser ressaltado porque as ações que foram desenvolvidas para melhorar as condições do arroio e seus entornos irradiam-se por todo o seu curso e se propagam entre as populações que se fixaram às suas margens. 2º) oferecer oportunidade à reflexão, alteração de conduta e motivação para atitudes individuais e coletivas, privadas e públicas, através da divulgação em massa, parcerias, palestras e uso de tecnologia virtual.

Informar a comunidade sobre o meio ambiente através de panfletos foi apenas uma das ações do projeto GISA.

Palestras com relatos de experiências socioambientais oportunizam a reflexão e a tomada de decisão. A utilização de diferentes tecnologias está auxiliando os alunos na produção de documentários 'Curta Ambiente'.

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OBJETIVOS DEFINIDOS: Objetiva-se garantir a democratização das informações ambientais, estimulando e fortalecendo a construção de uma consciência crítica entre os jovens sobre a questão socioambiental e econômico-cultural, pois uma sociedade mais consciente e participativa pressupõe uma sociedade mais bem informada e incluída digitalmente. ESQUEMA DE PROGRESSÃO DAS AÇÕES SISTEMÁTICAS: Ação: SENSIBILIZAÇÃO Descrição: Vídeo “Lixo é Luxo”: debates sobre ambiente e saúde. Cada grupo foi responsável pela apresentação de um problema, o que gerou um mural ilustrativo; bate-papo com a bióloga acerca dos macroinvertebrados bentônicos que indicam os impactos ambientais e as alterações na qualidade das águas ao longo do percurso dos córregos. Tecnologia utilizada (sites, recursos): Vídeo youtube disponível em : http://www.youtube.com/watch?v=EiCiJUi2wD4 Tempo de duração: Abril/2011. Ação: ESTUDO DO MEIO Descrição: Organismos coletados em diferentes substratos. Para identificação foram consideradas as características diagnósticas, acompanhadas de ilustrações para facilitar a observação das estruturas de importância taxonômica. Exploração dos aspectos históricogeográficos do lugar, tendo em vista a ocupação territorial do lugar. Tecnologia utilizada (sites, recursos):Os resultados obtidos foram transcritos em forma de TEXTOS E PLANILHAS: Microsoft Office, OpenOffice (BrOffice), Google Docs, Zoho, ThinkFree, Aprex Tempo de duração: Maio e junho/2011 até Maio e junho/2012.

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Ação: DIAGNÓSTICO DA POPULAÇÃO RIBEIRINHA. Descrição: Os alunos entrevistaram moradores de 98 residências que se localizam nas margens do Arroio Pampa. Essa entrevista concluiu: a total falta de conhecimento dos moradores em relação ao ambiente em que estão inseridos. Tecnologia utilizada (sites, recursos): Resultados transcritos em TEXTOS E PLANILHAS:Microsoft Office, OpenOffice (BrOffice), Google Docs, Zoho, ThinkFree, Aprex Tempo de duração: Julho/2011 até Julho/2012. Ação: PRODUÇÃO PLÁSTICA POÉTICA Descrição: Os alunos também recolheram muito lixo depositado dentro e nas margens do Arroio. Todo esse lixo, recolhido no Arroio, foi exposto, no pátio da Escola, com uma placa de identificação do material, a fim de alertar e conscientizar a comunidade escolar. Depois desse período, na disciplina de Artes, os alunos organizaram esse “lixo” para produção de uma “Instalação” – produção plástica poética surrealista. Tecnologia utilizada (sites, recursos): Pesquisa: Firefox, Chrome, Internet Explorer, Opera, Safari, Google, Yahoo, Bing, Wikipédia, WebQuest Tempo de duração: Julho/2011

Ação: ARTES CÊNICAS Descrição: Realizaram, na disciplina de Artes, um teatro inspirado em suas experiências nas saídas de campo, onde vivenciaram problemas ecológicos e trocaram ideias com os moradores das localidades visitadas. As peças de teatro serão apresentadas nas creches e escolas públicas onde moram as crianças, filhas


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dos moradores que integram a população ribeirinha de banhados e trechos do Arroio Pampa. Tecnologia utilizada (sites, recursos): Pesquisa: Firefox, Chrome, Internet Explorer, Opera, Safari, Google, Yahoo, Bing, Wikipédia, WebQuest Tempo de duração: Agosto/2012 Ação: PANFLETO Descrição: O panfleto foi elaborado pelos próprios alunos que distribuíram pelo bairro Canudos/NH, em 2011, 1000 (mil) panfletos informativos acerca do ambiente local e, no ano de 2012, mais 1000 (mil) panfletos na Vila Diehl (população ribeirinha), totalizando 2000 (dois mil) panfletos distribuídos até agora. Tecnologia utilizada (sites, recursos): Pesquisa : Firefox, Chrome, Internet Explorer, Opera, Safari, Google, Yahoo, Bing, Wikipédia, WebQuest. Textos: Microsoft Office, OpenOffice (BrOffice), Google Docs, Zoho, ThinkFree, Aprex Tempo de duração: Julho/2011 até Abril/2012. Ação: MÁQUINA DA VIDA Descrição: 2011: a caixa “MÁQUINA DA VIDA” foi colocada em 5 grandes supermercados da cidade. As pessoas colocavam, por escrito, no mínimo 1 ação que se comprometiam a realizar, naquele dia, em prol da preservação da água em NH. Ao lado da caixa, foi construída (com material reciclável) uma árvore, batizada de Árvore do Rio dos Sinos. A árvore fornecia muda para as pessoas que participavam do evento. Tecnologia utilizada (sites, recursos): Pesquisa : Firefox, Chrome, Internet Explorer, Opera, Safari, Google, Yahoo, Bing, Wikipédia, WebQuest Tempo de duração: Julho/2011.

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Ação: PLANTIO DE ÁRVORES Descrição: Em 2011, o projeto promoveu um conjunto de ações de cunho socioambiental para os alunos da Creche Chapeuzinho Vermelho, que atualmente atende crianças de 2 a 5 anos de idade. Participaram das atividades 58 crianças, contando com o apoio dos professores e dirigentes da instituição, em que foram ministradas oficinas interativas. Em 2012, plantou-se 68 mudas de árvores nativas às margens da nascente do arroio. Muitas crianças, moradoras do bairro, apareceram para ajudar na hora do plantio das árvores nativas. Tecnologia utilizada (sites, recursos): Pesquisa na internet sobre os tipos de plantas nativas da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos. Tempo de duração: Junho/2011 até Junho/2012. Ação: CONCURSO FOTOGRÁFICO Descrição: O concurso ofereceu aos alunos do Colégio a oportunidade de, através de uma fotografia original, expressar seu orgulho e dedicação para melhorar, preservar e proteger o meio ambiente em que vivem. Em 2011, foram entregues 389 fotos; em agosto de 2012, ocorrerá o “II Concurso Fotográfico Socioambiental”. Tempo de duração: Agosto/2011 Agosto/2012.

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Ação: CARTA DE COMPROMISSO Descrição: A carta compromisso foi elaborada pelos alunos, com a orientação da professora, a qual foi encaminhada aos órgãos públicos da cidade e à Associação dos Bairros, a fim de apresentar as soluções observadas pelos próprios alunos. A CARTA, elaborada pelos alunos e com ideias também vindas dos pais por escrito, teve a intenção de firmar um compromisso acerca de reivindicações

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socioambientais de urgência com os órgãos públicos. Tecnologia utilizada (sites, recursos): A carta foi escrita em forma de TEXTOS: Microsoft Office, OpenOffice (BrOffice), Google Docs, Zoho, ThinkFree, Aprex Tempo de duração: Agosto/2011 até Agosto/2012. Ação: MENSAGENS DE TEXTO (SMS) Descrição: Em 2011, os alunos enviaram mensagens de conscientização ambiental por meio de torpedos no celular. Dezenas de pessoas deixaram recados, retornando uma resposta às mensagens enviadas, parabenizando a nossa iniciativa e manifestando total apoio ao projeto. Em 2012, repetimos essa ação que obteve um resultado extremamente positivo. Tecnologia utilizada (sites, recursos): Pesquisa : Firefox, Chrome, Internet Explorer, Opera, Safari, Google, Yahoo, Bing, Wikipédia, WebQuest Tempo de duração: Julho/2011 até abril/2012. Ação: FESTIVAL « CURTA AMBIENTE » Descrição: A ação tem como objetivo premiar uma obra audiovisual com duração de três a cinco minutos, do gênero documentário, com temática “AMBIENTE”. O vídeo deve abordar denúncias de degradação ou experiências voltadas para a preservação, que estimulem o olhar crítico sobre a questão de preservação e conservação da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos, estudada em 2011 e 2012. Objetiva-se estimular e promover a produção cultural audiovisual que sensibilize a sociedade sobre a importância do ambiente. Assim, as turmas do GIS@ reuniram-se em

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grupos de cinco alunos; passaram por capacitação técnica e teórica, através de uma parceria com o curso de Jornalismo da Universidade Unisinos; neste mês de agosto/2012, os grupos estão finalizando seus roteiros, indo a campo para aprender mais sobre as questões ambientais e suas respectivas soluções a partir de entrevistas, depoimentos, etc. com especialistas no assunto. A formação teórico-prática construiu conceitos e capacitou os alunos de forma prática para a utilização de ferramentas tecnológicas para produção audiovisual, como máquina fotográfica/filmadora, microcomputadores e software para edição de vídeos. A partir dessa capacitação, os alunos estão desenvolvendo, nos meses de julho e agosto, projetos de produção audiovisual na escola. Tecnologia utilizada (sites, recursos): Vídeos: Youtube, MSN Vídeos, Vimeo, VideoSpin e Windows Movie Maker. Som: Audacity, Freesound Project. Imagem: Picasa, Flickr, Plixi, Windows Paint, G i m p , IrfanView. Te m p o d e d u r a ç ã o : M a i o a setembro/2012. O festival ocorrerá em novembro/ 2012. Ação: OFICINAS PARA USA DAS TICs Descrição: Os alunos do projeto participaram de oficinas teóricas de 2h, ministradas por acadêmicos dos cursos de Informática e Jornalismo em parceria com a Universidade UNISINOS. Foram propiciados momentos de reconhecimento dos instrumentos tecnológicos, esclarecimento de dúvidas do uso da tecnologia. Na semana seguinte, durante as aulas de Português e Ciências, os alunos criaram as ambientes virtuais como forma de registro das etapas do projeto e ao final como avaliação do percurso de pesquisa e atividades desenvolvidas pela equipe, servindo como um diário de bordo, onde expuseram os resultados de suas pesquisas através de textos e imagens.


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Tecnologia utilizada (sites, recursos): Blogblogs, Technorati, Google Blog, Search, worldpress, blogger e outros. Tempo de duração: Junho e julho/2012. Ação:BLOG; FACEBOOK; TUMBLR;FÓRUM;SITE VIRTUAL EM INGLÊS; TWITTER: PROJETO GIS@ NAS REDES SOCIAIS Descrição: Os alunos usaram aplicativos para criar grupos e outros materiais, transformando o aprendizado em algo mais divertido e prático. Criaram e compartilharam conteúdos, ações e imagens do projeto. Essa produção ensinou os alunos a utilizar bem cedo ferramentas fundamentais da internet, além de ter ajudado na prática da escrita e no desenvolvimento de ideias, fundamentais no aprendizado da língua materna. Tecnologia utilizada (sites, recursos): Blog: http://gisaverdemoderno.blogspot.com.br/, F a c e b o o k : http://www.facebook.com/gisa.santacatarina, Tumblr: http://projetogisa.tumblr.com/, Fórum: http://santaverde.criaforum.com/, Site virtual em inglês: http://gisaproject.webnode.com/, Twitter: twitter.com/projetogisa Tempo de duração: Junho e julho/2012. Ação: HEMEROTECA VIRTUAL

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Tempo de duração: Junho a agosto/2012. Ação: ANIMAÇÃO: UM CICLO DA ÁGUA DIFERENTE... Descrição: Pesquisa acerca do ciclo da água urbano: residências – esgoto – arroio – rio – Estação de Tratamento de Água – residências – Criação de animações em Movie Maker. Tecnologia utilizada (sites, recursos): http://www.hotwords.com/br, http://www.atividadeseducativas.com.br, PESQUISA: Firefox, Chrome, Internet Explorer, Opera, Safari, Google, Yahoo, Bing, Wikipédia, WebQuest, Movie Maker Tempo de duração: Junho e julho/2012 USO DAS TICS COMO UM DIFERENCIAL: Sem o uso das TICs, certamente, não haveria o grande sucesso nas ações do GIS@, visto que a utilização de TICs possibilitou a transparência nas decisões e realização das atividades; as estratégias tornaram-se amplas, empreendedoras e envolverem a participação direta dos atores locais no planejamento e implementação das ações; os participantes do projeto atuaram como agentes de mudança na comunidade escolar e/ou comunidade local; houve amplo envolvimento dos participantes como protagonistas de sua própria transformação e da comunidade em que estão inseridos; um

Descrição: Os alunos construíram uma biblioteca confeccionada com recortes de matérias publicadas em jornais e revistas. Seu objetivo principal é proporcionar ao leitor novas fontes de pesquisa. A hemeroteca foi confeccionada para suprir a carência de atualização da biblioteca. Depois, essa hemeroteca foi disponibilizada na versão virtual. Tecnologia utilizada (sites, recursos): Pesquisa: Firefox, Chrome, Internet Explorer, Opera, Safari, Google, Yahoo, Bing, Wikipédia, WebQuest.

Site virtual em inglês: http://gisaproject.webnode.com/

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conjunto de práticas desafiadoras e coerentes, com o objetivo de fortalecer e tornar mais efetivo o aprendizado. Enfim, o uso de ferramentas TICs ofereceu apoio crucial para o desenvolvimento do conteúdo. Elas foram relevantes às atividades e servirem de mediadoras no ambiente de aprendizagem, propiciando colaboração entre grupos, comunicação, troca e reflexão da prática

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PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE ESCOLAR: Esta nova era tem relação direta com a questão socioambiental e digital, pois digital e ambiental estão juntos e interligados. A escola tem um papel fundamental na construção dessa cultura, contribuindo na formação de sujeitos de direito, mentalidades e identidades individuais e coletivas. A educação em Direitos Humanos, sobretudo no âmbito digital, deve ser concebida de forma articulada, visto que a escola deve ser um lugar para conhecer e pôr em prática os Direitos Humanos. Com o desenvolvimento do GIS@, atingimos um grau de conscientização e equilíbrio em prol da preservação do meio ambiente, do desenvolvimento sustentável e principalmente da qualidade de vida das pessoas, pois “onde há qualidade de vida, há

Blog do GISA: http://gisaverdemoderno.blogspot.com.br/

Hemeroteca Virtual do GISA: http://gisacolegiosantanh.wordpress.com/

Facebook do Projeto GISA: http://www.facebook.com/gisa.santacatarina

Twitter do Grupo GISA: twitter.com/projetogisa

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As reportagens do jornal impresso da região foram fundamentais para a construção da Hemeroteca Virtual.


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cidadania e direitos humanos assegurados”. Portanto, a 'sementinha' foi plantada; basta agora regá-las. Mas a quantidade de pessoas atingidas somente foi possível devido a essa dinâmica inovadora que teve as tecnologias de informação e comunicação – TICs - como o fio condutor das atividades.

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facebook, tumblr, site virtual, fórum de discussão que foram produzidos pelo grupo. O projeto também recebe ampla divulgação, visto que é constantemente notícia da mídia local (TV, rádio, revistas e jornais).

CARACTERÍSTICAS INOVADORAS: A originalidade deste projeto está nas ações inovadoras realizadas que já atingiram quase 29 mil participantes, em apenas dois anos (2011 e 2012). O projeto gerou diversas atividades, como a participação em eventos e a divulgação em empresas, além de palestras em seminários e congressos. Além disso, o projeto GISA extrapolou espaços específicos de atuação. · O projeto fez parte da Exposição Rio +20, no Rio de Janeiro, “Construindo o Futuro que Queremos – Um Projeto Pedagógico”, que contempla as boas práticas aplicadas pelas Escolas Associadas da UNESCO, refletindo na Educação para o desenvolvimento Sustentável e a Consciência Ambiental.

Os alunos do GISA, orgulhosos, exibem seus certificados de vencedores do prêmio internacional Project Earth/ 2012.

· Em dois anos de atuação, recebeu um prêmio internacional, um prêmio nacional, um prêmio regional e uma homenagem municipal, destacando-se pelos Planos de Ação em benefício da qualidade das águas do Rio dos Sinos e de seus afluentes: @Vencedor do prêmio INTERNACIONAL “Project Earth: líder e representante do Brasil no mundo pela excelência em projetos ambientais no planeta/2012 – 1º lugar”. @Vencedor do prêmio NACIONAL “Ford de sustentabilidade ambiental/2011 - 1º lugar”. @Vencedor do prêmio REGIONAL “O Rio dos Sinos é nosso/2011” – 1º lugar. @ H o m e n a g e m M U N I C I PA L p e l a excelência na educação ambiental/2011.” Além disso, o projeto é disseminado por meio de seguidores compartilhando e curtindo as ações do GISA através dos blogs, twitter,

O site internacional do Project Earth mostra os diversos vídeos do projeto GISA: http://www.projectearth.net/Project/ProjectVideoGallery/3056

ALGUMAS REFLEXÕES, PONDERAÇÕES: Há um momento na vida de todos nós em que acreditamos que podemos mudar o mundo. Esse momento, normalmente, acontece quando somos jovens, cheios de ideias, transbordando de energia e ávidos por saber mais. O tempo encarrega-se de convencer-nos de que tudo é utopia, sonho de juventude... certo? Errado! O Projeto GIS@ representa uma forma de multiplicação e, principalmente, de consolidação de uma atitude que desperta o ser humano melhor que há em cada um de nós. É aquela ideia

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que deixa de ser ideia e passa a ser real, permitindo que o jovem seja não só a esperança, mas um agente de transformação social que se multiplica. Esses jovens não fazem "caridade", fazem muito mais, disponibilizam tempo e talento, desenvolvendo atividades sistemáticas, em busca de um sonho que, agora, não é mais sonho.

O carinho recebido da comunidade e a solidariedade dos alunos durante as intervenções socioambientais são revelados no rosto de cada um.

Os documentários “Curta Ambiente” é uma das atividades que tem revelado os diversos talentos dos alunos.

O GIS@ transformou-se em um divisor de águas na vida dos nossos jovens, uma vez que implica em mudanças de atitudes e valores. "É impossível ser a mesma pessoa depois de trabalhar no GIS@, a gente doa um pouquinho de si e recebe muito amor e carinho da comunidade toda", afirma Eduarda, 13 anos. Ao realizar as ações de intervenção socioambiental, os alunos tiveram a oportunidade de vivenciar sérios problemas sociais, conviver com uma realidade muito diferente da sua e transpor para a prática as lições de cidadania e responsabilidade social aprendidas em sala de aula. Dessa forma, esse jovem tornou-se mais responsável, solidário, consciente dos problemas da sociedade, comprometido com a transformação positiva da sua comunidade e, por certo, ele passa a ter certeza de que o sonho transformou-se em realidade: é possível mudar o mundo!

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MUDANÇAS OCORRIDAS: O projeto tem um papel fundamental para ampliar o interesse sobre a temática ambiental, pois temos poucos espaços destinados a discutir o meio ambiente e este só ganha destaque na mídia quando em eventos negativos, sob a ótica de grande causador de danos, a discussão deveria ser outra. O GIS@ ampliou a cobertura da temática ambiental e criou espaços para atividades práticas e simples. A participação do homem na degradação e o papel da educação ambiental nesse contexto econômico em que vivemos foi questionado e modificado, visto que a mudança de atitude passa pela informação.

O facebook é uma das TICs utilizadas para informar a situação do Rio dos Sinos.http://www.facebook.com/photo.php?fbid=140026499470295&set =a.106932882779657.7740.100003888372660&type=3&theater


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Um volume maior de informações práticas sobre estilos de vida sustentáveis fez com que eles próprios adotassem novos hábitos. Não adianta apenas falar sobre preservação, lixo e reciclagem, os jovens precisam se sentir parte disso. A resposta clara que se tem ao conversar com eles é que o problema não é a falta de informação, mas a relevância dela diante de outros assuntos. Hoje, esses alunos são questionadores e preocupados em levar a informação para o planeta. O GIS@ é um desafio, visto que quebrou a rotina de aulas expositivas em ambiente de sala de aula. O trabalho com as novas tecnologias trouxe formas inovadoras de produção social de conteúdos; o processo coletivo de aprendizagem por meio do audiovisual foi uma aventura de descobertas; a valorização da experimentação, da livre criação e do olhar singular do aluno sobre o tema foi fundamental. Aprender fazendo foi muito divertido. Pesquisar, estudar e aprofundar os conhecimentos sobre aquilo que lhe interessava exigiu esforço, mas valeu a pena.

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integração e interdisciplinaridade; comprometeram-se com o trabalho; sensibilizaram-se para a importância das ações ambientais em benefício da qualidade do Rio dos Sinos e entorno. Nossos alunos contribuíram e buscaram um planeta diferente, uma sociedade de respeito ao próximo e ao ambiente... enfim, uma sociedade de gente... gente que faz e fez a diferença em nosso planeta. RESULTADOS DE APRENDIZAGEM: Tudo teve de funcionar de forma colaborativa e sincronizada. As análises, textos, imagens, resultados, animações, curtas, vídeos e relatórios, depois de prontos, foram postados em várias redes sociais, incluindo uma comunidade internacional (EARTH). Assim, tudo foi compartilhado, permitindo não só o uso, mas também sua alteração, tornando o processo ainda mais rico. Além disso, o projeto envolveu toda a Escola (apresentação em feiras, mostras e palestras), comunidade (população ribeirinha, órgãos públicos, escolas da região, comunidade em geral) e professores. No quadro abaixo, são destacadas as habilidades desenvolvidas a partir de cada objetivo traçado para o projeto e o percentual de melhoria que foi possível observar nos alunos em comparação a antes do início do projeto. Objetivos: Capacitação de jovens em idade escolar na temática do monitoramento ambiental. Habilidades envolvidas: Ampliar o nível de conhecimento e conscientização ambiental dos jovens na recuperação e manutenção dos ecossistemas.

A busca de informações sobre a mata nativa, através dos meios de comunicação virtual, ajudou na escolha das árvores para iniciar a reconstrução da mata ciliar às margens do Arroio Pampa.

Estimativa de porcentagem de melhora: Aproveitamento de 100% dos alunos capacitados no monitoramento da qualidade das águas.

Essa experiência foi enriquecedora não apenas para nós professores que experimentamos (ousamos!), mas o sucesso da iniciativa foi realmente animador sobre todos os aspectos: os alunos articularam teoria e prática; exerceram a

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Objetivos: Solidariedade ativa. Habilidades envolvidas: Ações educativas de conscientização, ajuda sem expectativa de retorno, oportunidade de contribuir, militância ambiental. Estimativa de porcentagem de melhora: Aproveitamento de 100% dos alunos.

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Objetivos: Exigências formais Habilidades envolvidas: Expectativas da organização quanto à qualidade do trabalho, compromisso do jovem, pontualidade, assiduidade, responsabilidade, subordinação, pré-requisitos técnicos e de informação ambiental. Estimativa de porcentagem de melhora: Aproveitamento de 100% dos alunos.

Objetivos: Realização pessoal Habilidades envolvidas: Sensações positivas de poder ajudar, informar e contribuir para a mudança de crenças para a transformação da sociedade, ganho de experiência, conhecimentos e responsabilidades.

Habilidades envolvidas: Importância do grupo como apoio, suporte para atividades, afinidade de interesses e fonte de novos laços de amizade.

Estimativa de porcentagem de melhora: Aproveitamento de 100% dos alunos.

Estimativa de porcentagem de melhora: Aproveitamento de 100% dos alunos.

Objetivos: Comportamentos próambientais

Entende-se que a função social da escola é possibilitar ao aluno a compreensão da realidade na qual vive e com a qual convive. Dessa forma, o projeto “GISA – GRUPO DE INTERVENÇÃO SOCIOAMBIENTAL”, que é desenvolvido no Colégio Santa Catarina, representa uma iniciativa escolar criativa que envolve professores e alunos em uma atividade interdisciplinar que não reside apenas no processo de integração das disciplinas, mas em uma proposta de pesquisa, escrita, leitura, reflexão e intervenção social.

Habilidades envolvidas: Alteração dos hábitos e costumes para manter coerência com o ideal professado ou para reforçar posturas ou convicções anteriores à inserção no grupo.. Estimativa de porcentagem de melhora: Aproveitamento de 100% dos alunos. Objetivos: Comportamentos próambientais Habilidades envolvidas: Alteração dos hábitos e costumes para manter coerência com o ideal professado ou para reforçar posturas ou convicções anteriores à inserção no grupo.. Estimativa de porcentagem de melhora: Aproveitamento de 100% dos alunos.

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Objetivos: Relações sociais no grupo


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Nesse sentido, as possibilidades geradas também pela atual revolução na informática servem ao GIS@ como uma ferramenta de estudos, tanto como um grande repositório de informações, quanto de formas de comunicação de dados. Essas práticas e ferramentas dão suporte e incentivo ao questionamento dentro de um processo de reconstrução de conhecimento, entendido aqui como a produção de um conhecimento inovador que incluiu interpretação própria, formulação pessoal, saber pensar e aprender a aprender.

Com os acadêmicos de jornalismo da UNISINOS, a preparação de um documentário implicou em diversos questionamentos para a reconstrução do conhecimento ambiental.

CONSIDERAÇÕES FINAIS As práticas de ensino através de projetos interdisciplinares pressupõem uma elaboração de conhecimentos compartilhada, o que incide sobre a formação de pessoas lúcidas, críticas e responsáveis, além de possibilitar a reflexão sobre o processo de desenvolvimento social, estabelecendo relações com o cotidiano. A compreensão da responsabilidade social do cidadão, cuja construção do conhecimento passa pelo aprendizado da cidadania, é levada em conta nesse processo educativo. Por isso, entende-se que a interdisciplinaridade tem sido a forma mais organizada e viabilizadora de uma

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nova modalidade de ensinar que busca escapar das limitações do currículo. Além disso, ela abre caminhos, criando condições de rupturas, por se colocar como um espaço corajoso no qual é possível concentrar disciplinas que compõem a formação de uma identidade cultural. Sobre isso Hernández (1998, p.21) afirma que a função da escola não é só transmitir “conteúdos”, mas também facilitar a construção da subjetividade para as crianças e aos adolescentes que se socorrem nela, de maneira que tenham estratégias e recursos para interpretar o mundo no qual vivem e chegar a escrever sua própria história.

Todavia, o sonho da educação ideal ainda não terminou. A coordenação do projeto GISA, depois dos resultados mais do que satisfatórios, continua empolgada com as atividades encaminhadas e que ainda virão. Sonhamos que o projeto GISA sirva de inspiração para muitos professores, mas lembramos que “nem tudo são flores”. Trabalhar com projetos dá muito trabalho e requer muita dedicação. Mas depois de tudo feito, nós, educadores, podemos nos sentir orgulhosos, pois somos profissionais que temos muita influência na vida de nossos alunos, podendo, assim, mudar também a realidade de nossa sociedade. REFERÊNCIAS BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas transversais. Brasília: MEC/SEF, 1998. HERNÁNDEZ, Fernando. Transgressões e Mudança na Educação. Porto Alegre, Artemed, 1998. http://gisaverdemoderno.blogspot.com.br/

"O conteúdo deste artigo, assim como o dos demais, é de inteira responsabilidade dos (as) autores (as)." (Conselho Editorial)

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“Produção acadêmica, o Santa tem. Além disso, nossos professores proporcionam o fomento do conhecimento e do talento. Esta Revista de estudos enriquece a prática docente. Orgulho-me de fazer parte de uma equipe que pesquisa, estuda e contribui para uma educação de qualidade.” (Maria Antonieta Schmitz Backes - Consultora Legislativa e Membro do Conselho Estadual de Educação)

“O Colégio Santa Catarina com seus projetos e proposta de ensino, concretiza os principais fundamentos da Educação para o DesenvolvimentoSustentável da UNESCO. Foi uma grande honra apresentar esse trabalho e a publicação que divulga essa abordagem inovadora e transformadora na Rio +20. A revista serve de inspiração para que outras instituições e educadores possam seguir o mesmo exemplo de sucesso. Parabéns a todos!” Silvia Cristina Scuracchio – Coordenadora da exposição “ Construindo o Futuro que Queremos – Um Projeto Pedagógico”, apresentada na Rio +20, em junho de 2012 e Diretora da Escola Bosque, Associada da UNESCO.

Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

Escolas Associadas da UNESCO

www.colegiosantanh.com.br Novo Hamburgo - RS 51 3527 4862


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