Ciência para todos - Nº. 09

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INPA Revista de divulgação científica do

Ciência para todos

Junho de 2012 · nº 09, ano 4 (Distribuição Gratuita) ISSN 19847653

Economia: a “mão” que governa o mundo

EDUCAÇÃO AMBIENTAL Grandes aliados da educação ambiental: insetos aquáticos

REAPROVEITAMENTO

Couro de peixes: transformando a natureza em geração de renda

ESPECIAL

A beleza da leveza



D

EDITORIAL

esde que o sistema de troca de mercadorias, conhecido como escambo, foi substituído pelo dinheiro, esse passou a ser o vilão ou vítima em vários casos históricos. Foi assim na crise econômica dos Estados Unidos em 1929 e a mais recente, desencadeada em 2008, que traz reflexos até hoje, principalmente nos países europeus.

área de tecnologia e inovação, o Inpa tem desenvolvido processos que permitem a utilização de matérias que antes eram desperdiçadas. Vemos isso no processo de reaproveitamento de peles de peixes amazônicos, transformando-as em couro para utilização na confecção de sapatos, bolsas e carteiras.

Instabilidade caminha junto com economia; às vezes, simples boatos podem provocar rumores e fazer despencar as bolsas de valores. Em meio a esse cenário de incertezas, como promover o desenvolvimento de um país? Países como Japão, Coréia do Sul e Finlândia, que investiram massivamente na educação desde a básica até a universitária, servem de exemplos.

Assim, tendo como aliadas a tecnologia e a inovação, o Instituto também vem estudando doenças com o intuito de contribuir com métodos de prevenção e tratamento como infecções causadas por fungos - as micoses -, que se instalam em várias partes do corpo humano. E essa tecnologia não se aplica só em doenças humanas, mas em fenômenos – naturais ou não - que implicam na alteração do ciclo biológico, como as espécies de larvas da mosca-da-fruta feita por meio de análise molecular e morfológica, o que pode contribuir com os órgãos públicos para o controle de pragas.

A educação; ciência, tecnologia e inovação; e a comunicação formam o tripé desse modelo econômico, pois desenvolver pesquisas, processos, novas tecnologias e produtos só é possível por meio da educação, inserindo a ciência desde a educação básica. Nesse contexto, o Inpa tem trabalhado arduamente no processo de construir ferramentas - manuais, jogos, folders e livros - que auxiliam nessa conscientização e melhoria na qualidade do ensino, por meio de projetos de educação ambiental, no sentido de apresentar a importância que os ecossistemas têm para a sociedade, como é o caso dos insetos aquáticos. Na

Como as pesquisas contribuem direta ou indiretamente na sociedade, torna-se necessário levar a todos o que vem sendo desenvolvido dentro dos Institutos, por isso a socialização da informação precisa atingir todos os níveis da sociedade. Pensando nisso, trazemos em cada edição uma sessão infantil contanto de forma lúdica a vida de alguma espécie da região porque a Ciência é para todos. Boa leitura!

EXPEDIENTE Adalberto Luis Val Diretor do Inpa

Editora chefe Josiane Santos

Estevão Monteiro de Paula Diretor Substituto do Inpa

Redação Eduardo Gomes Clarissa Bacellar Fernanda Farias

Sérgio Fonseca Guimarães Chefe de Gabinete Estevão Monteiro de Paula Coordenador de Ações Estratégicas - COAE Beatriz Ronchi Teles Coordenadora de Capacitação - COCP Antonio Ocimar Manzi Coordenador de Pesquisas e Acompanhamento das Atividades Finalísticas - CPAF Carlos Roberto Bueno Coordenador de Extensão - COXT Tatiana Lima Assessora de Comunicação MTB (4214/MG)

Fotografias Acervo pesquisadores Eduardo Gomes Phillipe Klauvin

Projeto Gráfico Leila Ronize Rildo Carneiro Editoração Eletrônica Fernando Neto Artes e Ilustrações: Fernando Neto e Juliana Lima

Revisão Aline Cardoso Clarissa Bacellar Josiane Santos Colaboradores Aline Cardoso Jéssica Vasconcelos Eduardo Phillipe Delber Bittencourt

Nossa Capa: Economia: a “mão“ que governa o mundo

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SUMÁRIO

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Projetos educacionais ensinam as crianças informações sobre insetos aquáticos e sua importância para o ecossistema

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Entenda as infecções causadas por fungos e os métodos de prevenção

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Composição química proveniente do peixe pode ajudar na indústria alimentícia humana

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Crise econômica: início, processo e retrocesso


Inpa estuda moscasdas-frutas: insetos comprometem a comercialização das frutas

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Materiais que poderiam ir para o lixo, o Inpa transforma em tecnologia para utilização na indústria

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Ciência para todos leva você a conhecer o mundo das borboletas

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Grandes aliados da e

insetos a Insetos sempre causam arrepios. Alguns têm cores estranhas. Outros, formatos indecifráveis. Muitos emitem sons que amedrontam e outros, som nenhum, o que apavora. As pessoas tem o costume de fugir desses animais ou, na maioria das vezes, simplesmente os matam. E você? Como reage?

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Cícero Monteiro

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(Megaloptera: Corydalidae: Chloronia)

Adulto da lacraia d’agua

Fernando da Costa Pinheiro

Ana M. O. Pes

(Lepidoptera: Crambidae) Mariposa

Cicero Monteiro

Ana M. O. Pes

(Trichoptera: Odontoceridae: Marilia)

Casulo do João pedreira

Sheyla R. M. Couceiro

Ana M (Corydalus batesii) Larva da lacraia d’agua

(Trichoptera: Hydropsychidae) Larva de Macronema

Igarapé urbano Manaus, Amazonas


educação ambiental:

aquáticos > POR CLARISSA BACELLAR

O

projeto “Insetos aquáticos: biodiversidade, ferramentas ambientais e a popularização da ciência para melhoria da qualidade de vida humana no Estado do Amazonas”, é desenvolvido sob a coordenação da pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), Neusa Hamada, e tem como foco o inventário de insetos aquáticos no Estado do Amazonas tendo como base as áreas de taxonomia, biologia e ecologia. É financiado no âmbito do convênio Programa de Apoio a Núcleos de Excelência (Pronex) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), vinculada à Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia (SECTI), em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Os resultados são integrados para serem publicados e divulgados, e visam, também, a melhoria da qualidade de vida da população. E que método melhor de popularização que aprender brincando?

Estimular a educação ambiental por meio da popularização da ciência A criação de jogos para estimular o aprendizado do projeto “Insetos aquáticos” surgiu em 2008, mas as ideias para as atividades só iniciaram em 2009, quando o grupo realizou tomadas de inúmeras fotografias e vídeos dos insetos aquáticos para serem utilizados como modelos nas atividades.

Em 2010, a coordenadora do projeto, Neusa Hamada, convidou a professora Deia Ferreira, da Universidade Federal Taxonomia do Rio de Janeiro (UFRJ), que tem larga é a Ciência da experiência na formação continuada de professores do ensino médio e fundaclassificação, mental e na produção de jogos e ativionde os seres dades para melhoria da qualidade do ensino, para colaborar com as atividades. “A vivos (atuais professora Deia, juntamente com Ranyse ou extintos) Querino, pesquisadora da Embrapa MeioNorte, e que faz parte do corpo de pessão descritos, quisadores do projeto, trabalharam duidentificados rante 15 dias em Manaus, executando e organizando diversas atividades, ine classificados cluindo o jogo da Libélula e o material de (Nayra Silva) apoio para formação de professores, “InA bióloga e bolsista da Cosetos em Ficha”. Alguns painéis instalados ordenação de Pesquisas de às margens do lago, localizado no Bosque Biodiversidade (CBio) do da Ciência, também foram elaborados”, Inpa, Nayra Gomes da Silva, M. O. Pes explica Silva. participa do projeto ativamente. Ela esclarece que a partir do material coletado durante os trabalhos, A partir dessa colaboração, surgiram inúmeras cada grupo desenvolve estudos nas áreas de taxoideias que foram sendo colocadas em prática nomia, biologia e ecologia que ajudam as pesquicom o auxílio de diversos bolsistas, pesquisasas na área educacional, ambiental e médico-legal.

É de um jeito diferente e divertido que o grupo de apoio do projeto, formado por pesquisadores, bolsistas, alunos de mestrado e doutorado do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) e CNPq/Fapeam, ensina para crianças, jovens e adultos a importância ecológica dos insetos aquáticos para o ecossistema e, claro, consequentemente, para os seres humanos.

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Acervo Projeto Insetos Aquáticos

O Circuito da Ciência é realizado, geralmente, na manhã do último sábado de cada mês e é desenvolvido com o intuito de difundir o conhecimento científico gerado nos laboratórios do Instituto, além de promover a sensibilização ambiental nas comunidades com a participação de cerca de 300 alunos de escolas municipais e estaduais em cada edição. “Todas as atividades do projeto Insetos Aquáticos realizadas no Circuito da Ciência só puderam ser desempenhadas com sucesso pelo empenho e dedicação da maioria de nossos alunos, tanto da graduação como de pós-graduação”, afirma a coordenadora do projeto, Neusa Hamada. dores e alunos do laboratório. “A maquete do igarapé contendo a fauna de insetos aquáticos, representados por bonecos de pelúcia, foi idealizada pela coordenadora do projeto e construída com a colaboração da pesquisadora Ana Maria Pes, do doutorando Ulisses Gaspar Neiss, e outros bolsistas”, elucida a bióloga.

Na prática

Acervo Projeto Insetos Aquáticos

“Tanto a maquete do igarapé, uma das maiores produções manuais, quanto os jogos, folders e livros começaram a ser elaborados em 2010, entretanto, somente em 2011 foram levados ao público”, conta a bolsista, relembrando o processo de concretização da ideia.

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Utilizar os insetos aquáticos como referência para mostrar vários processos biológicos e ecológicos, principalmente os relacionados ao ecossistema aquático e como podem afetar a vida da população, é a meta do projeto, que, segundo Silva, está atingindo de forma positiva o público frequentador do Circuito. “No ano de 2011, participamos de 10 edições do Circuito da Ciência, no período de março a dezembro. Na nossa oficina utilizamos atividades lúdicas para que os alunos conheçam os insetos aquáticos e compreendam a importância deles para o ecossistema, assim como a importância de preservar a floresta para a manutenção da integridade dos ecossistemas”, relata. As mesmas atividades realizadas no Circuito do Bosque da Ciência* do Inpa, além do Jardim Botânico Adolpho Ducke**, foram levadas para a escola do Serviço Social do Comércio (SESC), com alunos do ensino fundamental e também, na Semana Nacional da Ciência e Tecnologia, no Inpa. “Iremos continuar nossas atividades no Circuito da Ciência e queremos estender essas atividades também para mais algumas escolas”, afirma Silva. Para o coordenador do Circuito da Ciência, Jorge Lobato, a maquete é a mais atrativa para as crianças. “As crianças compreendem que esses seres, de pelúcia, muitas vezes são microscópicos na realidade e que elas não conseguem ver grande parte dessa diversidade facilmente. Acaba sendo uma atividade muito interativa, influenciada pela curiosidade delas”, afirma.

Atualmente os jogos chamam bastante atenção durante o Circuito da Ciência, que é uma realização do Inpa com patrocínio da Petrobras e Moto Honda da Amazônia e conta com o apoio do Departamento de Popularização e Difusão da Ciência e Tecnologia (DEPDI/MCTI), Associação dos Servidores do Inpa (ASSINPA), SESC Amazonas, Prefeitura de Manaus (SEMMAS, SEMED), Governo do Estado do Amazonas (SEDUC), MAGISTRAL, SESI, Museu da Amazônia (MUSA), Associação Amigos do Peixe-Boi (Ampa), Brothers, Lapsea/Inpa, Irmanar, Vemaqa e projeto Tartarugas da Amazônia.

E, segundo a também pesquisadora do Inpa e colaboradora do projeto, Ana Maria Pes, os colaboradores desejariam mais tempo para explicar sobre a vida dos insetos. “O que a gente queria, que não dá tempo no Bosque, é dar aquela explicação rapidinha (sobre os insetos aquáticos), conversar, mas como vem escolas com muitos alunos, em cinco minutos já tem que levantar e sair pra que a próxima turma também aproveite”, lamenta Pes, porém revela, entre risos: “Mas ainda assim eles gostam e a gente sai cansada”.


Acervo Projeto Insetos AquĂĄticos

Pintar desenhos dos insetos ĂŠ uma das atividades mais tranquilas e que os pequenos aproveitam para esbanjar criatividade. 9


Mas brincar de quê?

educativas se completam em pares e vão sendo eliminadas e quem permanecer com a carta “Libélula” ao término do jogo será o vencedor. “É muito importante também lembrar que a pessoa que está lá colaborando e ensinando as crianças faz a diferença, sim, e de quebra se diverte”, indica Pes.

O projeto conta com vasta variedade de jogos e brincadeiras, como, por exemplo, uma maquete produzida pelos próprios colaboradores, simulando o leito de um igarapé com insetos aquáticos feitos de pelúcia e EVA - folhas de material espumoso, não-tóxica que pode ser aplicada em diO grupo também realiza oficinas de origami, tradiversas atividades artesanais -, que busca mostrar cional e secular arte japonesa de dobradura de papara os visitantes a importância da conservação pel, para exercitar a coordenação motora através dos igarapés para a manutende um passatempo interessante ção dos diferentes habitats e estimulador. “Todos os jogos e dentro da água onde os invídeos foram idealizados por nós O projeto tem setos se desenvolvem. “Essa e a elaboração foi terceirizada. colaborado maquete é uma estrutura de Diferentes pessoas ou empresas madeira em frente ao painel na formação executaram o trabalho para o prosimulando o leito do igarapé, jeto”, afirma a bolsista. Segundo da consciêncontendo os substratos dentro Silva, um banco de imagens de incia ecológica e da água, mas também temos setos aquáticos usado como base um aquário com os organisdespertando o na produção dos jogos, bem como mos vivos para visualização do de seu habitat, já foi construído interesse dos público”, ilustra Silva. e se encontra em fase de organialunos e das coe catalogação. “As imagens Também foram produzidos munidades locais zação foram obtidas tanto no laboratório cinco painéis interativos, com quanto no campo”, afirma. pelas ciências informações a respeito dos ambientais insetos aquáticos: quem são, A partir dessa coleta de dados, sua importância, onde se de(Nayra Silva) quatro vídeos já foram editados: senvolvem, ciclo de vida, etc, “Os insetos que vivem na água”, além de oficinas com jogos da “Libélulas, “Biologia de insetos I” e memória, quebra-cabeça e desenhos dos insetos “Importância da vegetação ripária”. “Pretendemos para colorir. “Todas as atividades do projeto busainda, elaborar diversos materiais para divulgação cam dinamizar a aprendizagem, principalmente da ciência e estamos buscando recursos para isso”, das crianças, fornecendo informações sobre inconta a bióloga. setos aquáticos e demonstrando sua importância para o homem e a manutenção do equilíbrio dos Outros projetos vinculados a pesquisa com Inseecossistemas”, explica a bolsista. tos Aquáticos são: “Insetos como ferramenta para popularizar a Ciência na Amazônia”, (CNPq), e As oficinas contam com outros jogos interativos “INCT ADAPTA - Centro de estudos de adaptações como o Jogo da Libélula: jogo com 25 cartas conda biota aquática da Amazônia”, (MCTI/CNPq/ tendo informações sobre educação ambiental e FNDCT/CAPES/FAPEAM). insetos aquáticos, as cartas com informações

10 Acervo Projeto Insetos Aquáticos


Acervo Projeto Insetos Aquáticos

Ficou curioso? Quer conhecer os jogos? Quer entender quem são esses pequenos agentes educadores? Então visite o site do projeto http:// insetosaquaticos.inpa.gov.br, onde diversas informações sobre os insetos aquáticos podem ser encontradas, inclusive artigos publicados pelo grupo de pesquisa. Aprenda se divertindo! *Bosque da Ciência do Inpa: localizado na Avenida Otávio Cabral, s/nº, bairro Petrópolis

Ferramentas de aprendizado - Quatro filmes e um folder mostrando a importância dos insetos aquáticos no ecossistema; - Guia de campo para identificar libélulas, na forma de folder; - Jogo da libélula (cartas) e três jogos (jogo das partes, do habitat e da memória) para serem utilizados no computador; - Maquete de um igarapé com insetos aquáticos construídos em pelúcia para mostrar as relações existentes entre a fauna aquática e a floresta; - Painéis interativos na Casa da Ciência e no Bosque, mostrando a utilidade dos insetos e sua importância para a manutenção em equilíbrio dos ecossistemas aquáticos; - Material instrucional direcionado para os professores do ensino médio e fundamental (Insetos em fichas); - Livro infantil “Vamos conhecer os insetos aquáticos?”, que além de oferecer desenhos a serem pintados pelas crianças ensina a importância da manutenção da vegetação ripária (áreas que se encontram ao longo do curso dos rios) e da integridade do habitat para manter o equilíbrio ecológico nos ecossistemas aquáticos; - Jogo da memória, quebra-cabeça, desenhos para colorir e oficina de origami completam a gama de ferramentas oferecidas pelo projeto para contribuir com a educação ambiental.

Acervo Projeto Insetos Aquáticos

Acervo Projeto Insetos Aquáticos

**Jardim Botânico Adolpho Ducke: localizado no bairro Cidade de Deus, zona norte de Manaus.

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Micoses:

as infecções causadas por fungos > POR EDUARDO PHILLIPE

F

inalmente chegaram as tão esperadas férias. Agora é hora de esquecer o estresse diário e aproveitar um dia ensolarado na piscina do clube, que tal? A ideia é excelente, e um descanso sempre é bem-vindo, mas sempre acontece algum imprevisto e o inevitável: depois de algum tempo, manchas ou ferimentos começam a surgir em nossa pele. E agora? O que pode ser? Que infecção é essa? Será uma “micose”? BINGO! É nesse momento que surgem as dúvidas. Será que existe algum tipo de tratamento? O que fazer? Calma, nós explicaremos.

SAÚDE

Micoses, na realidade, são infecções causadas por fungos. Mas e aí? Você sabe o que são os fungos? Para nos apresentar essas informações, o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônica (Inpa/MCTI), João Vicente, explica:

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“Os fungos são organismos eucarióticos, que são células com um núcleo bem delimitado, e não possuem clorofila ou celulose em sua constituição. São uni ou pluricelulares, sem a capacidade de formar tecidos. São os principais biodegradadores de matéria orgânica vegetal do nosso planeta. Os fungos não ingerem seu alimento, mas se nutrem por absorção e algumas espécies parasitam seres vivos, causando as micoses”. As micoses se instalam em diferentes partes do corpo como pele, pulmões, sangue, e as utilizam como alimento. Algumas situações estão estritamente relacionadas à infecção por fungos: o contato direto com o organismo, umidade, lesões, uso de medicamentos, ou problemas na imunidade. Algumas micoses são mais conhecidas que outras e pertencem a diversos tipos e possuem características próprias.

Tipos Ao todo podemos encontrar cinco tipos de micoses, são elas: superficiais, cutâneas, subcutâneas, sistêmicas e oportunistas.

Características SUPERFICIAIS

Esse tipo encontra-se na parte mais externa da pele, não sensibilizam o indivíduo e não provocam reações alérgicas. A Hortae Werneckii, agente da tinha negra, é uma lesão caracterizada pela formação de manchas pouco descamadas e possuem uma coloração castanha e preta, principalmente nas palmas das mãos. Essas lesões aumentam de tamanho durante meses ou anos. O Trichosporon spp é o causador da piedra branca, são nódulos castanhos-claros e macios que ficam em torno dos pelos da região genital, nas axilas e no couro cabeludo. Quando o indivíduo está com baixa imunidade, esses fungos atacam o sangue, rins e pulmões. A Piedraia hortae causa a piedra negra, que são nódulos duros, pretos e firmes em torno dos cabelos.

CUTÂNEAS

São dividas em dois grupos, as dermatofitoses e as candidíases. Podem produzir reação inflamatória intensa caracterizada por plurido (coceira). Seus agentes atacam as camadas mais profundas da epiderme, e se localizam em pelos, unhas e mucosas.


Dermatofitoses: esses fungos se alimentam da queratina morta na pele, infectando partes específicas do corpo. As espécies geofílicas vivem principalmente no solo; as zoofílicas, em animais e as antropofílicas, nos seres humanos. O Trichophyton tonsurans causa a dermatofitose do corpo e do couro cabeludo, geralmente encontrado em crianças.

Candidíases: seu agente, as Candidas spp, são

encontrados no intestino, no órgão genital feminino, na pele e fezes. Causam infecção principalmente nas mucosas (sapinho, vaginite e unheira). Em pacientes com comprometimento imunológico, lúpus, tuberculoses ou outras insuficiências, esses fungos podem se espalhar e causar infecções no sangue, conhecidas como candidemias.

Eduardo Gomes

O Trichophyton rubrum é o principal causador da famosa impingem em jovens e adultos. O Epider-

mophyton floccosum mais conhecido como “pé de atleta,” é encontrado em praias.

Eduardo Gomes

Laboratório de Micotoxinas | Os materiais passam por ensaios de bioprocesso do crescimento dos fungos e fermentação

Vidros de Ensaio | Amostras de fungos e bactérias

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SUBCUTÂNEAS

Esse tipo de infecção ocorre quando há contato da pele com espinhos ou quando ocorre outro tipo de trauma que permita entrada de fungos ambientais debaixo da pele. Esse tipo de micose é frequentemente encontrada nos pés, por ser um local onde ocorrem mais traumas-feridas, e em pessoas que vivem nas zonas rurais.

sentar uma forma mais aguda da doença, com suores noturnos, tosse, febre e emagrecimento.

Paracococcidioides brasiliensis: essa agente

causa uma infecção caracterizada por lesões pulmonares semelhantes às da tuberculose e de outras micoses. Algumas lesões são encontradas nas mucosas nasais, orais, pele e outros órgãos.

Esporotricose: esta infecção decorre de ferimen-

Blastomyces dermatitidis: ao ser inalado, o mi-

Cromoblastomicose: as lesões produzidas

MICOSES OPORTUNISTAS

tos cutâneos provocados por materiais contaminados, como espinhos de flores, gravetos, madeira e etc. Essas lesões podem avançar para os membros ao longo dos vasos linfáticos. evoluem lentamente, formando saliências sobrepostas, criando a aparência de couve-flor. Geralmente, a erupção é seca, mas pode formar ferimentos.

Micetomas: geralmente se restringe aos pés,

mas pode ser visto em outras regiões, como mãos e nádegas.

MICOSES SISTÊMICAS

Os fungos dessa classe se alimentam de restos orgânicos encontrados no solo, alguns animais silvestres são reservatórios naturais. A contaminação ocorre por inalação do organismo.

Histoplasma capsulatum: esse agente é encontrado em grutas ou lugares com morcegos. Em alguns casos, após inalar o fungo, o indivíduo se cura espontaneamente da infecção ou pode apre-

crorganismo produz uma infecção crônica e branda, que piora gradualmente ao longo de semanas ou meses. Os escarros podem apresentar resquícios de sangue e se assemelhar com a tuberculose. A maioria desses fungos são saprófitos. Eles absorvem matéria orgânica do meio ambiente, têm crescimento rápido e são normalmente inalados. Pacientes com problemas imunitários são os principais alvos.

Criptococcus spp.: esse agente causa a Criptococose e é transmitida pelas fezes dos pombos. Pode apresentar um quadro pulmonar e evoluir para uma meningite.

Fusarium spp.: causa as “fusarioses” doenças

graves que podem ocasionar cegueira e infecções agudas de rápido desenvolvimento.

Zigomycota (Divisão): seus gêneros podem

causar infecções graves (rinocerebrais) em pacientes com problemas imunológicos ou com acidez no sangue.

Em micologia médica, as micoses são divididas para seu estudo em: PITIRIASES VERSICOLOR TINHA NEGRA

DERMATOFITOSES

ESPOROTRICOSE CROMOBLASTOMICOSE MICETOMAS

PARACOCCIDIOIDOMICOSE BLASTOMICOSE

MICOSES SUPERFICIAIS

MICOSES CUTÂNEAS

MICOSES SUBCUTÂNEAS

MICOSES SISTÊMICAS

ZIGOMICOSES HIALOHIFOMICOSE FEOHIFOMICOSE MICOSES OPORTUNISTAS

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Eduardo Gomes

Laboratório de Micologia | É realizado o processo de “inoculação”, ou seja, a esterilização dos instrumentos usados para fazer as análises e o manuseio das pesquisas com fungos. Também, no mesmo processo, são feitos a purificação e a separação das colônias de fungos.

Laboratório de Biologia Molecular | A biomédica Marla está fazendo o processo de “polimerase” dos fungos. Ou seja, ela está pegando amostras de DNA dos fungos para análise e também fazendo manipulação de reagentes que, depois misturados, formam um “mix” para serem analisados.

15 Eduardo Gomes


Prevenção e Tratamento Manter a higiene do corpo é a melhor forma de evitar as micoses, abaixo seguem algumas dicas: 1. Secar-se muito bem após os banhos, principalmente entre as dobras da pele como as axilas, virilhas e os dedos do pé;

2. Evitar usar roupas molhadas; 3. Evitar o contato prolongado com água e sabão; 4. Não usar objetos pessoais de amigos ou familiares;

5. Não andar descalço em pisos úmidos constantemente;

6. Observar sempre qualquer sinal de descamação

no pelo dos seus animais de estimação. Qualquer mudança procure o veterinário;

7. Evitar mexer na terra sem proteção (use luvas); 8. Use seu próprio material de manicure; 9. Evitar usar calçados fechados, escolha os mais largos e ventilados;

10. Prefira sempre tecidos feitos de algodão, principalmente nas roupas de baixo;

11. Ferimentos profundos na pele devem ser higienizados e tratados com antissépticos;

12. Evite excursões em cavernas sem máscara e outros materiais de segurança pessoal;

13. Evite aspirar em locais contaminados por fezes de pombos e outras aves.

Tratamento O tratamento deve ser feito sempre por um dermatologista ou infectologista. Evite usar medicamentos não indicados por um profissional, isso pode mascarar o diagnóstico da micose, dificultando o tratamento.

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Eduardo Gomes

As medicações usadas são em forma de cremes, loções, talcos ou via oral, dependendo da gravidade da infecção. O tratamento pode variar entre 30 a 60 dias.

Laboratório de Análises de Gêneros de Fungos | Processo de reconhecimento das espécies e gêneros dos fungos


Juliana Lima


Estudos com proteín beneficiar alimentaçã > POR ALINE CARDOSO

U

m estudo realizado por aproximadamente A composição desse produto pode ser utilizada quatro anos obteve registro de patente em na indústria alimentícia humana, por meio do 2011 a partir do uso da diversidade de peixes hidrolisado obtido do músculo do peixe, que é da região amazônica. A pesquisa foi desenvolvida uma parte comestível. Também pode ser utiliem conjunto entre a Tecnologia de Produtos Alizado para beneficiar a alimentação animal, por mentares de Origem Animal e o grupo de Pesquisa meio do hidrolisado obtido de resíduo de peixe, Aquicultura na Amazônia Ociuma parte não comestível ou dental do Instituto Nacional imprópria para o consumo hude Pesquisas da Amazônia mano. “Essas seriam as possiO resultado provém (Inpa/MCTI), envolvendo bilidades de escoamento corde aproximadamente pesquisadores de ambas as reto deste produto, também já áreas. investigado de diversas formas quatro anos de pesquipor outros pesquisadores”, exsa, durante os quais, Todo o trabalho foi desenplica Verreschi. entre os erros e acervolvido basicamente por meio de desenvolvimento e análise Contudo, houve a necessidade tos que toda pesquisa quantitativa e qualitativa de de ir mais a fundo e investigar tem, muitas coisas hidrolisados proteicos de como este produto poderia ser podem ser aproveitapeixe. “O resultado provém aproveitado de forma prática. de aproximadamente quatro Uma equipe se mobilizou em das e outras não e isso anos de pesquisa, durante os investigar a produção com difoi crucial para que quais, entre os erros e acertos versas espécies de peixes, todos chegássemos ao nosso que toda pesquisa tem, muieles de baixo valor comercial, na tas coisas podem ser aproveiprodução dos hidrolisados, obtiproduto final, que foi tadas e outras não e isso foi dos com diferentes enzimas para patenteado crucial para que chegássemos formar compostos e testá-los na ao nosso produto final, que alimentação humana e animal. foi patenteado”, disse a pesquisadora, na época bolsista do Inpa, Denise Cerávolo Verreschi, responsável pela pesquisa.

QUALIDADE ALIMENTAR

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De acordo com Verreschi, a ideia para desenvolver essa pesquisa surgiu para aproveitar a diversidade de pescado inerente à região amazônica e o excedente que ocorre no período da safra pesqueira. “Estes foram pontos importantes a serem considerados no início dos trabalhos. O excedente poderia ser aproveitado de diversas formas, uma delas foi a obtenção de hidrolisados proteicos, uma metodologia já bastante estudada”, afirma a pesquisadora.

Você sabe o que é hidrolisado proteico?

Os hidrolisados proteicos são resíduos triturados e tratados com enzimas que auxiliam na digestão. Esse hidrolisado se torna um composto, em forma de pasta, bem concentrado dos resíduos provenientes de pescado.


Denise Verreschi

na de peixe podem ção humana e animal

Diferença de peso entre alevinos de truta arco-íris, Oncorhynchus mykiss, alimentadas com ração A e com ração A suplementada com o composto de aminoácidos durante o período de 45 dias.

Laboratório O projeto foi dividido em algumas fases: elaboração; captação de recursos; execução; produção de produtos: análises físico-químicas e microbiológicas; testes in vivo e análise sensorial. Durante essas fases, coube a cada pesquisador, assinantes da patente, exercer sua função devidamente.

Os experimentos foram realizados em planta piloto de processamento de pescado em um laboratório físico-químico e em um laboratório de produção de peixes. A parte experimental teve sua prática desenvolvida com a cooperação do Polo Regional do Vale do Paraíba - Unidade de Pesquisa de Desenvolvimento (UPD), de Campos do Jordão (SP), na Estação Experimental de Salmonicultura.

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“Os produtos alimentícios com composto incorporado a sua formulação passaram por análise sensorial e testes de aceitação e as rações contendo o composto de aminoácidos em sua formulação foram testadas com duas espécies de peixe, uma tropical, o Pintado (Pseudoplatistoma coruscanse) e outra de clima temperado, a Truta (Oncorhynchus mykiss)”.

Benefícios sociais

propriamente dito, surgiu no início do projeto vinculado ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em parceria com Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) na modalidade de Desenvolvimento Científico Regional intitulado “Hidrolisado Proteico de Resíduo de Peixe Proveniente da Pesca Amazonense: Aproveitamento na Aquicultura”, que teve início em fevereiro de 2006.

“De modo geral, essa pesquisa foi muito gratiAo investigar a produção de hidrolisados proteicos ficante, não apenas pelos resultados gerados de peixe e a possibilidade da utilização dos mescomo também pela integração e desempenho mos, percebeu-se que havia uma diferença no perfil de trabalho de toda a equipe que estava ende aminoácidos, que são os constituintes proteicos. gajada nesses estudos”, comenta Denise VerOs aminoácidos presentes em cada hidrolisado reschi, e aproveita para congratular a equipe. eram diferentes, mesmo quando essa substância “Todos foram de fundamental importância, desde era obtida de uma mesma espécie, mas que variao encaminhamento do projeto aos órgãos de fovam devido às condições de mento CNPq/ Fapeam, até a parobtenção como: enzima utiticipação em todo o processo. As lizada e tempo de hidrólise. discussões e ideias do início até Na alimentação huPercebeu-se que a junção chegar ao produto final são sem mana, o composto destes hidrolisados com a dúvida o combustível para que se junção de outros aminoáserve como supleobtenha êxito”, parabeniza. cidos necessários, permitiu mento em alimentos, obter um composto teorica“Gostaria de mencionar todos podendo torná-los até mente mais completo para a os componentes. Os pesquisaalimentação. 12% mais proteicos. dores Edson Lessi, Manoel Pereira Filho (in memoriam), e dois pesJá na alimentação quisadores cujo exemplo deve dos peixes, o comser seguido pela trajetória e conposto proporciona um tribuição científica desempenPara Verreschi, os resulhada no Brasil e no mundo: Roaumento de 12% no tados alcançados foram Souza de Jesus e Rodrigo satisfatórios, pois permitiganho de peso em fase gério Roubach, que são grandes incenram vislumbrar o pedido de crescimento. tivadores e companheiros. Tamde uma patente. “Tanto na bém Jorge Harison Pereira do produção de um alimento Nascimento, na época aluno de destinado a alimentação huIniciação Científica, constituintemana quanto na utilização chave durante todo o período para ração de peixes, obtivemos bons resultados. experimental, não apenas junto conosco durante Na alimentação humana, este composto serve a execução do trabalho e desenvolvimento do como suplemento em alimentos originalmente produto, mas muitas vezes com seus questionaricos em carboidratos, podendo torná-los até 12% mentos elucidativos. Até chegarmos ao produto, mais proteicos. Já na alimentação dos peixes, o foram diversas as contribuições, como da aluna composto proporciona um aumento de 12% no Michelle Alves da Silva, que não permaneceu no ganho de peso em fase de crescimento”, explica. grupo, mas participou de trabalhos iniciais de grande valia, assim como da pesquisadora Maria da Glória Almeida Bandeira Ferreira, que nos De acordo com a pesquisadora, o estudo com ajudou com as análises microbiológicas”, disse hidrolisados proteicos de pescado vem desde a Denise Verreschi. época de seu doutorado, iniciado em 2001. Contudo, o foco para o desenvolvimento do produto,

Resultados

Denise Cerávolo Verreschi foi pesquisadora-bolsista do Inpa do período 20

abril de 2005 até março de 2009 e atualmente trabalha no Laboratório de Bioquímica e Biofísica do Instituto Butantan, em São Paulo (SP).



Economia:

governa o mu DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

> POR FERNANDA FARIAS

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O

mundo todo ultimamente tem acompanhado, preocupado, os noticiários sobre a crise que assola vários países da União Europeia. Mas o que pouca gente sabe, é que na verdade, trata-se de uma crise econômica internacional e, infelizmente, pode ter proporções maiores que as esperadas, atingindo vários países, inclusive o Brasil. Nos dias de hoje, em contexto global, as economias são interligadas pelo sistema bancário mundial. Cada país seja da Europa, Ásia ou da América Latina, fica vulnerável a qualquer crise econômica que ocorra, como a que teve início em 2008, nos Estados Unidos, que levou uma das economias mais fortes a entrar em recessão. Esse retrocesso causou impacto no mundo inteiro e causa até hoje. É verdade que alguns países da Europa afundaram mais que outros, na crise, por seus gastos públicos exorbitantes. É o caso de alguns países que formam o bloco do Euro, como Portugal, Itália, Grécia, este último foi o país que teve os gastos mais excessivos nos últimos anos. Já os países emergentes, como Brasil, por enquanto não sentem grandes malefícios da crise no seu dia a dia. Mas até quando o Brasil não sofrerá as conseqüências da crise? O que fazer para continuarmos a progredir na educação, na ciência, tecnologia e inovação? Indagações como estas serão esclareci

ses i r c ores ria i a M istó da h

das ao longo da reportagem, que mostrará a visão dos especialistas em CT&I, o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), Adalberto Val; o secretário de ciência, tecnologia e inovação (SECTI) do Amazonas, Odenildo Sena; e dos economistas, Denis Benchimol Minev e Gabriel Benarrós. Eles mostrarão que nosso país tem como tirar benefícios dessa crise, sem deixar de fazer seu dever de casa.

Como a crise econômica começou? Uma crise econômica começa quando grande parcela da população perde sua renda e seu bemestar social. Um país se vê em crise quando há uma queda brusca nas suas demandas, seja de importação ou exportação, e assim o Governo precisa arcar com medidas severas de austeridade. A crise econômica internacional começou em meados de 2008, no centro econômico mundial, nos EUA. A crise financeira norte-americana teve início com uma crise imobiliária devido a uma grande ruptura no sistema de financiamento de imóveis, pela ampla oferta dos investidores para facilitar a compra de casas, mesmo para aqueles que não possuíam poupança ou renda própria.

que a Ior v o de N s da olsa b açõero de a d s a a ed s d tub sa – Qu ueda4 de ou , a bol ou q s 1929 r gra” ueb ssiva ia 2 suce t, no d-feira ne rque q m ficou s ó e o Ap l Stre uinta ova I també ssão”. Wal 9, na “q de N isódio depre 192 valores e. O ep grande de ialment como “a ofic hecido con

ise do petróleo 1973/1979 – Cr ores de abes exportad Os países ár m de fornecer petróleo petróleo deixae Israel no conflito enaos aliados da Síria, o que aumentou tre o Egito e o preço do petróleo. drasticamenteretou uma drástica deNo Brasil acaro crescimento. saceleração d


a “mão” que undo

A atual economia mundial parece ter chegado ao seu limite e a crise internacional tem levado os grandes chefes de Estado a refletir se chegou o momento crucial de repensar em uma nova fórmula de governar o mundo

O economista, Gabriel Benarrós, que na época da não tinham dinheiro e assim começou a crise dos crise estudava na Universidade de Stanford, nos EUA”, explica Benarrós. EUA, conta que no começo parecia uma ótima oportunidade para os investiFoi dessa forma que os dores de casas, emprestarem grandes problemas finandinheiro para as pessoas, pois ceiros dos Estados Unidos Estamos vivendo o era um negócio bastante lucraespalharam-se rapidamente tivo naquele ano. “Wall Street” pela Europa como uma verinício de um processo começou a oferecer dinheiro dadeira pandemia. O mundo para um novo modelo para as famílias que desejavam viu a economia passar por comprar casas por meio de hiuma crise financeira e evoluir econômico. É o mopotecas. Era um bom negócio uma crise fiscal. A crise mento de novas econo- para porque o preço dos imóveis financeira ocorre quando as subia a muitos anos nos EUA, mias tomarem a frente, estruturas de financiamento, a chamada, “Housing Bubble” como os bancos, quebram. Já como a economia (bolha imobiliárioa), afirma Bea crise fiscal, como a da Eunarrós. verde, que foi debatida ropa, ocorre quando o governo de um país não consegue em junho deste De acordo com ele, o problema quitar a dívida pública. De cricomeçou quando as pessoas se fiscal tornou-se crise real, ano, na Rio +20 se viam sem dinheiro e todos marcada por consequências (Adalberto Val) deixavam de pagar as hipotebastantes críticas para sociecas das casas. Isso acarretou dade, tais como instabilidade a queda brusca dos preços dos financeira pela diminuição do imóveis. “Os donos de banco, salário mínimo, desemprego de repente, se depararam com hipotecas que não em massa, cortes previdenciários, entre outros valiam nada. Eles não conseguiam mais vender os transtornos acarretados pela austeridade, que sigempréstimos dos investidores de casas, e banco nifica rigor no controle de gastos. após banco começou a falir. A economia parou. Os bancos não tinham dinheiro, os consumidores

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Crise na zona do €uro A atual crise na Europa é marcada fortemente por uma crise fiscal, onde os governos dos países chamados PIIGS, sigla para Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha, encontram uma enorme dificuldade para pagar suas dívidas públicas e obter novos empréstimos para dar continuidade ao movimento de capital interno. A crise fiscal nesses países foi precedida, principalmente, por gastos exorbitantes dos cofres públicos, sejam eles para saírem da crise financeira que começou em 2008 no centro econômico do mundo, ou, no caso da Grécia, para financiar infraestruturas, como houve em 2004, com as obras para as Olimpíadas de Atenas.

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Alguns analistas afirmam que essa é a hora de começar um novo modelo econômico, a fim de contornar as crises existentes. Para o diretor do Inpa, Adalberto Val, o atual modelo econômico está no seu limite e é preciso pensar em uma nova forma de relacionamento entre os países e entre as sociedades. “Estamos vivendo o início de um processo para um novo modelo econômico. É o momento de novas economias tomarem a frente, como a economia verde, que foi debatida neste ano, na Rio +20”, comenta.

Para Val, o novo modelo econômico teria como base três focos principais: educação, C,T&I (Ciência, Tecnologia e Inovação) e comunicação. “O tripé base de um novo modelo econômico seria este: o primeiro seria a educação, porque é fundamental termos um sistema educacional inclusivo, onde as pessoas continuem aderentes as suas culturas e que sejam capazes de apropriar-se dos novos conceitos; o segundo seria C,T&I, que desenvolverá as novas tecnologias e conceitos para um mundo sustentável, além ter um papel extremamente importante no desenvolvimento de qualquer país; e o terceiro, é o processo de comunicação, pois é preciso que haja a socialização da informação, para que a população saiba do que se trata e assim contribua para uma economia sustentável”, afirma.

Países emergentes: otimismo com precaução Os países em desenvolvimento, chamados agora “emergentes”, estão conseguindo administrar bem os impactos negativos da crise mundial e até se reuniram para decidir o valor da ajuda que darão aos países mais necessitados. Mas não é por isso que eles estão isentos de sofrer alguns danos, já que sempre há riscos reais, como a desaceleração do crescimento econômico, para todos do bloco


BRICA, ou BRICS, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. “O Brasil, por exemplo, vinha crescendo a um ritmo de 4 a 5% ao ano e desde então não passa de 3% ao ano”, disse o economista e ex-secretário de estado de planejamento e desenvolvimento econômico (Seplan) do Amazonas, Denis Bechimol Minev. Nosso país tem vários motivos para ficar otimista em relação ao futuro. Para o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI) do Amazonas, Odenildo Sena, o Brasil tem como tirar grande proveito dessa crise, principalmente do campo de C,T&I. “Sabemos que os salários dos pesquisadores no exterior, não andam lá essas coisas, então é uma oportunidade de trazer pesquisadores estrangeiros, por meio do “Programa Ciência sem Fronteiras”, um programa pioneiro, lançado pelo Governo Federal”, informa. A ideia do Programa Ciência sem Fronteiras é promover o intercâmbio de cientistas, atraindo pesquisadores para nosso país e promovendo a ida de brasileiros para se aperfeiçoarem no exterior, mas, também, “com o programa podemos trazer pesquisadores de ponta para passarem uma temporada aqui no país. Com isso eles deixam seu capital intelectual para que nós possamos aproveitar da melhor forma. Além disso, eles poder levar pesquisadores brasileiros também para trabalhar em seus laboratórios em suas instituições de origem”, completa Sena. Outro ponto positivo para o Brasil estar à frente de outros países emergentes, é o fato de vivermos uma política favorável no momento. O governo incentiva o consumo aumentando o salário mínimo e propagando políticas assistencialistas, como o Bolsa Família, para que as classes se ergam cada vez mais na sociedade.

Nova hierarquia econômica? Vendo todos os entraves que as principais economias mundiais passam com a crise e com o grande desenvolvimento das economias emergentes, podemos pensar em um real direcionamento da hierarquia econômica, onde o BRICA tomará a frente das atuais economias líderes.

tão pouco tempo chegaria a ameaçar a hegemonia econômica dos norte-americanos? E alguns economistas já prevêem que a China talvez supere a atual economia líder do mundo de dez a 15 anos. “A China chegou onde está não por uma mera coincidência. Esse avanço foi um plano estratégico montado no país. As outras economias emergentes do chamado BRICA, estão despontando no ranking de economias ascendentes. A Índia, por exemplo, investiu pesadamente em formação de capital intelectual e em C,T&I, o que faz dela atualmente uma grande exportadora de “cérebros”. O Brasil hoje lidera a economia na América Latina. Não há dúvidas que os países emergentes possam ter uma futura ascendência sobre as outras economias europeias”, comenta Odenildo Sena. Por todas as discussões para contornar a crise mundial pelos economistas e líderes das principais economias do mundo, parece mesmo que esse modelo econômico esgotou-se e realmente está no seu limite. Chegou o momento definitivo para os chefes de Estado repensarem uma nova forma de governar o mundo, investindo em alternativas que promovam o bem social das nações sem retirar a identidade cultural de cada uma. A grande pedida do momento é a “Economia Verde”, onde propõe-se igualdade social com menores riscos ambientais. Um dos debates sobre o modelo econômico ocorreu na Rio +20, na conferência da Organização das Nações Unidas (ONU). Agora é ficar atento às decisões da conferência e cobrar medidas sólidas. Assim, na Rio +40, o mundo poderá mostrar os frutos de uma economia sustentável, e cada vez mais educar seu povo para os valores de conservação do nosso meio. Vamos torcer para que este modelo tão falado por todos não se torne um modelo falido.

“Se as economias emergentes aproveitarem a oportunidade, elas podem sim se tornarem líderes mundiais na economia. Uma das estratégias que pode catalisar este processo é investir na captura de cérebros globais, como os EUA fazem. Essa política de atração de grandes mentes mundiais tem provado ser bastante frutíferas”, explica Denis Minev. Quem imaginaria que a China, por exemplo, com suas grandes exportações de quinquilharias, em

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“Tragédia”, palavra de origem grega “Tragoedia – s.f. Gênero dramático que trata das ações e dos problemas humanos de natureza grave. A tragédia envolve questões sobre a moralidade, o significado da existência humana, as relações entre as pessoas e as relações entre os homens e seus deuses.” O dicionário parece definir muito bem o momento de caos social que os gregos têm passado. Na verdade, o drama grego, vai muito além de um problema econômico e social. A enxurrada de dívidas públicas levou a sociedade a um colapso cultural e moral, onde é nítido o número crescente de emigrantes, abandonos e de suicídios entre seus moradores. Mesmo com o apoio financeiro do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da União Europeia, com seus €110 bilhões em maio de 2010, chamado “pacote resgate”, o governo grego não conseguiu administrar seus gastos públicos, entrando em uma bola de neve, ou melhor, de dívidas. As soluções impostas para

que a Grécia se restabeleça foram severas com toda sociedade, a austeridade mexeu diretamente com o costume grego, que historicamente, preserva o bem-estar de sua família. Tão famosa e orgulhosa por suas guerras épicas, a população, agora se vê obrigada a cumprir a severa austeridade que lhe foi imposta; com os cortes de benefícios previdenciários, diminuição de salários, diminuição nas ofertas de empregos e até demissões de cargos públicos, causando um verdadeiro caos na tradicional sociedade grega, gerando violentos protestos nas ruas e outras atitudes desesperadas vistas nos noticiários. O problema é que a economia grega está em estado tão frágil, que mesmo uma redução nas dívidas não será suficiente para que ela possa ser paga a longo prazo. Vários economistas se perguntam se não é hora da Grécia se desligar da zona do Euro e voltar a utilizar a Dracma como moeda. Outros preveem que a crise pode piorar ainda mais com a saída do país do bloco do Euro. Seja qual for a decisão dos líderes da economia mundial, o importante é demandar soluções brandas e principalmente humanas para que a dignidade do povo grego, sempre tão bravo, não se perca na história.

Soneto Erupção Minóica É profundamente triste ver o desespero Aquele que assola e atormenta um país inteiro A sociedade hercúlea por suas histórias de glória Nem Hector nem Aquiles estão mais em Tróia As mulheres de Atenas têm que ser fortes É costume a espartana sangrar sem cortes As feridas internas agora, não vão sarar Mas elas sempre continuam a caminhar Sejam elas, brancas, pardas, negras ou helenas A gloria e a derrota estarão pra sempre encravada nelas Aprendem a viver sem filhos, marido, e até mesmo sem elas Cadê aquela brava força dos meninos? Agora se vêem num calcanhar,dormindo e crescendo sozinhos Sabe Zeus, quando estarão prontos a encarar o mundo de desafios. 26

Fernanda Farias


Qual o papel dos Institutos de Pesquisas no desenvolvimento de um país?

Adalberto Val – Diretor do Inpa

“Os Institutos de pesquisas, como o INPA, têm o papel fundamental de observar os rumos e as demandas que a sociedade estão seguindo, antecipando-se nos estudos para desenvolver informações robustas, tecnologias apropriadas e ofertas para a inovação para que a trajetória social seja mais segura, socialmente justa e ambientalmente saudável. Dessa forma, três elementos basilares devem ser considerados pelos Institutos de pesquisas: produção de informação, capacitação de pessoal em nível avançado e socialização da informação em todos os níveis”.

Odenildo Sena – Secretário da SECTI

“Não dá para pensar em desenvolvimento sem investimentos em C,T&I. São nesses institutos de pesquisas que se projetam trabalhos avançados para o progresso dos Estados. Hoje em dia sabemos que eles funcionam como agentes de capital intelectual da cadeia positiva, o que faz avançar qualquer economia. Não conseguimos progredir na área científica no nosso Estado sem a presença dos agentes do conhecimento, como o Inpa, Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Fiocruz e vários outros institutos”.

Denis Minev – Economista (formado pela Stanford University) “Os institutos de pesquisa, e o Inpa em particular, têm grande importância no desenvolvimento dos estados. Ainda, em pleno século 21, sabemos pouco sobre quem somos e onde vivemos, e o Inpa nos últimos anos tem preenchido as lacunas do saber na Amazônia e iniciado a interação entre a pesquisa básica, a produtividade e o mercado. Também, notavelmente, tem adotado uma postura de liderança nas políticas públicas nacionais que dizem respeito à região amazônica”.

Gabriel Benarrós – Economista (formado pela Stanford University) “Sem os institutos de pesquisa como o Inpa, Ufam, UEA e outros notáveis da nossa região, não se gera conhecimento, não se gera tecnologia, nem inovação, pois a pesquisa começa principalmente nesses institutos que propagam o conhecimento técnico-científico. Portanto é nítido que os institutos se tornam indispensáveis ao crescimento e desenvolvimento do nosso país”.

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PESQUISA

Eduardo Gomes

A mosca

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Atualmente estão descritas aproximadamente 250 espécies de moscasdas-frutas do gênero Anastrepha. Um total de 112 ocorre no Brasil e sete são consideradas pragas de frutos comerciais.


que pousou na sua fruta > POR EDUARDO GOMES

C

ertamente, alguma vez na vida, você já escutou ou até mesmo usou a expressão popular “o bicho da goiaba”, mas alguma vez já parou para imaginar ou já viu um? Já se questionou sobre o surgimento desses bichos dentro dos frutos? Muita gente não sabe, mas elas são larvas de uma mosca e chegam ao interior dos frutos na forma de minúsculos ovos que posteriormente se transformarão em filhotes do inseto conhecido popularmente como moscasdas-frutas. Após fecundadas, as moscas perfuram a casca das goiabas e de outra diversidade de frutos com o intuito de depositar seus ovos no interior. Elas rompem a superfície dos frutos e deixam os ovos. Esses ovos se transformam em larvas, alimentamse de polpas de frutas e constroem túneis onde passam a viver, e isso favorece a proliferação de bactérias que aceleram o apodrecimento das frutas. O processo de apodrecimento é de extrema relevância para a larva, que encontra a casca mais permeável, facilitando a entrada de ar e sua respiração. No período em que a fruta cai do pé, a larva apresenta o comportamento de enterrar-se no solo para dar prosseguimento ao seu desenvolvimento na forma de pupa, ou seja, um momento intermediário antes da transformação total, para somente depois de dez dias virar uma mosca-da-fruta. Não precisa se preocupar, pois esta mosca não é a mesma que você enxerga voando em cima do lixo. Elas são divididas em grupos, subdivididos em várias espécies, onde cada uma delas ataca apenas um tipo de fruta.

Monitoramento de moscasdas-frutas na Amazônia No Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), as pesquisas com moscas-das-frutas são realizadas desde 2000, mas de acordo com a pesquisadora do Instituto, Beatriz Ronchi Teles, atualmente os estudos estão voltados para a descrição de imaturos das espécies de moscas das frutas. “A identificação de larvas com base em análise molecular e morfológica desses imaturos é útil especialmente aos fiscais de órgãos públicos ligados a questões de pragas quarentenárias A1, que são pragas não existentes no Brasil”, disse. As moscas-das-frutas formam um dos maiores grupos de insetos com importância econômica mundial. O Brasil é o país que mais tem realizado estudos sobre esses insetos, embora o conhecimento existente sobre a espécie ainda seja bastante incipiente em algumas regiões, como na Amazônia, onde as informações produzidas são pontuais apenas em alguns estados. De acordo com a pesquisadora, o intuito dos estudos é propiciar informações valiosas sobre esses insetos. “O objetivo é difundir informações sobre a diversidade, distribuição, plantas hospedeiras, inimigos naturais e manejo de moscas-das-frutas na Amazônia brasileira, com ênfase às espécies de importância socioeconômica e quarentenária”, informou. O processo de amostragem de frutos possibilita verificar o nível de infestação dos frutos e apontar com exatidão a associação de determinada espécie de mosca-da-fruta com a espécie vegetal, gerando

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informações sobre a biodiversidade. Além disso, o conhecimento de infestação provocada por moscas-das-frutas é um relevante índice do nível populacional da espécie, pois permite estabelecer o status da planta hospedeira. Teles, que também faz parte Rede Amazônica de Pesquisa sobre Moscas-das-frutas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) explicou que a maior motivação em estudar as moscas-das-frutas na região foi dada devido ao grande impacto que esses insetos causam na fruti-

cultura e aos poucos estudos realizados na região amazônica. “Existem três gêneros de importância econômica que ocorrem no Brasil, Anastrepha, nativo da região Neotropical e as espécies Bactrocera carambolae e Ceratitis capitata introduzidos nas Américas por meio de frutos”, explica. Nas particularidades das pesquisas realizadas com as moscas, alguns estudos são conduzidos com armadilhas que permitem caracterizar as populações de moscas-das-frutas do ponto de vista quantitativo. Esse processo possui alguns objetivos bási-

Ciclo de vida das moscas-das-frutas 4. Oviposição no fruto

3. Acasalamento

5. Larva consome o interior do fruto

6. Apodrecimento do fruto

1. Pupa no solo

O ciclo de vida das moscas-das-frutas pode variar de acordo com a temperatura e ambiente em que se encontram, mas geralmente a fêmea vive aproximadamente 26 dias e o macho 33. O ciclo está dividido em quatro fases: ovo, larva, pupa e mosca adulta. 30

As fases do ciclo de vida têm em média a seguinte duração: ovo (três dias), larva (10 a 15 dias), pupa (15 a 20 dias). Após passadas 24 horas da ovi-

7. Larva sai do fruto

Beatriz Teles

2. Maturação Sexual

posição, começa a surgir a primeira forma de larva. Aproximadamente 18 dias, após a oviposição, a larva deixa de alimentar-se e costuma formar uma espécie de casulo - chamado pupário -, onde passa por uma série de modificações, na qual ocorre uma espécie de degradação dos tecidos larvares e a proliferação dos discos imaginais, que são grupos de células, responsáveis pela estrutura do inseto na fase adulta.


cos: “A detecção, quando uma espécie não ocorre em uma área o monitoramento objetiva detectar a presença da espécie alvo; a delimitação, quando uma espécie foi introduzida em uma área onde antes não ocorria, o monitoramento delimita a sua distribuição geográfica. Outro objetivo é o levantamento das espécies presentes em determinada área e o monitoramento populacional, quando a espécie está estabelecida em uma área, o objetivo é conhecer seu nível populacional para a tomada de decisão em relação às medidas de controle que se deve adotar”, explica a pesquisadora.

Amostragem de frutos

Para a realização desses estudos, é preciso ponderar as características de cada região. As amostras podem ser apresentadas de duas formas, dependendo do objetivo do estudo: amostras com frutos agrupados, onde os frutos são colocados em um mesmo recipiente; e amostras com frutos individualizados, onde frutos da mesma espécie são depositados separadamente.

Amostragem com frutos agrupados

Beatriz Teles

Considerado um dos mais relevantes métodos nos estudos realizados sobre esses insetos, a amostragem de frutos pode gerar informações referentes à diversidade de plantas hospedeiras, inimigos naturais e distribuição geográfica, fornecendo informações fundamentais para a implementação do manejo integrado das espéciespraga, para maior conhecimento sobre a biologia, ecologia e evolução desses insetos.

Nessa ocasião, os estudos utilizam uma metodologia, em que os frutos são acomodados por grupos, onde diversos frutos estabelecem uma única amostra. Esse processo é ideal para fazer levantamento sobre as espécies vegetais hospedeiras de moscas-das-frutas em localidades específicas, além de fornecer informações básicas referentes ao número de espécies existentes. É importante ressaltar que, para a realização de amostragens com frutos agrupados, deve-se considerar as áreas de cultivo e matas nativas dos municípios e que o processo também pode ser concretizado em feiras livres, onde os frutos são comercializados e trazidos de diferentes locais, porém nesse caso, torna-se improvável saber com exatidão a distribuição geográfica das espécies. Ensacar os frutos pode ser uma alternativa para evitar o ataque das moscas-das-frutas, assim não é necessário a utilização de produtos químicos

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Phillipe Klauvin

Beatriz Teles

Amostras com frutos individualizados Após o período da coleta, os frutos são contados, e passam por uma triagem, onde são pesados e medidos – o diâmetro – individualmente. Em seguida, são colocados individualmente em recipientes plásticos, medindo oito centímetros de diâmetro, sobre uma fina camada de areia esterilizada ou vermiculita. Os recipientes precisam estar identificados com os números das amostras correspondentes, cobertos por tecido e tampa vazada, acondicionados em bandejas de plástico e transportados diretamente para o laboratório, onde o material é acompanhado diariamente. Esse tipo de pesquisa é recomendado para investigar a relação entre as plantas hospedeiras, as espécies de moscas-das-frutas e de seus parasitóides. Além disso, possibilita relacionar peso e diâmetro dos frutos com os índices de infestação presentes nas localidades de coleta e também verificar se espécies diferentes são capazes de compartilhar um mesmo fruto.

Amostragens realizadas por vias terrestres

Phillipe Klauvin

Essa amostragem analisa a riqueza em espécies de moscas-das-frutas, além de seus índices de infestação e a presença de inimigos naturais. Os frutos são coletados corriqueiramente e recebidos de plantas frutíferas que apresentem frutos em processo de maturação ou já maduros. As coletas são feitas diretamente das plantas ou frutos recém-caídos no solo, e nesse caso, é recomendada coleta de duas amostras do fruto, uma contendo apenas frutos da planta e a outra somente frutos caídos no solo, pois algumas espécies de parasitóides da família Figitidae depositam seus ovos em frutos caídos e essas informações são de extrema importância para comparar infestações.

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Phillipe Klauvin

Ainda em campo, os frutos são depositados em recipientes plásticos ou caixas térmicas. Essas condições dependem da característica dos frutos, pois aqueles que apresentam maior facilidade para se decompor, necessitam ser transportados de preferência em caixas térmicas, com precauções. Em seguida, as amostras são acondicionadas em bandejas e conduzidas até o laboratório, onde é realizado o processamento dos frutos. Vale ressaltar que durante o transporte é recomendável que as amostras sejam observadas para evitar o acúmulo de líquido no interior dos frascos e desta maneira reduzir a mortalidade das larvas.


Amostragens realizadas por vias fluviais A metodologia utilizada na coleta de frutos por vias fluviais é similar ao processo de coleta feito por via terrestre, porém considerar os ecossistemas fluviais da região requer uma embarcação de maior porte como um barcomotor ou lancha, que particularmente nesse tipo de estudo funcionam como base de apoio logístico para a expedição onde a equipe fica alojada e o material proveniente das coletas é acomodado.

consideradas um dos principais fatores que limitam a produção e exportação de frutas frescas no mundo. Os estudos de conhecimento básico sobre a ocorrência de espécies de moscas-das-frutas na Amazônia brasileira criará subsídios para o desenvolvimento da produção dos frutos amazônicos. Atualmente estão descritas aproximadamente 250 espécies de moscas do gênero Anastrepha. Um total de 112 delas ocorrem no Brasil e sete delas são consideradas pragas de frutos comerciais”, enfatiza.

As moscas-das“frutas são con-

sideradas um dos principais fatores que limitam a produção e exportação de frutas frescas no mundo.

Relevância social A pesquisadora alertou para a importância dos estudos que geram conhecimentos sobre pesquisas realizadas com moscas-das-frutas e ainda enumerou a quantidade de espécies que ocorrem em território nacional. “As moscas-das-frutas são

Para a pesquisadora, a expectativa é que os pesquisadores continuem a realizar inventários. “Assim poderemos encontrar mais espécies e associar aos frutos hospedeiros nativos, monitorar a presença ou ausência das espécies de moscas consideradas pragas quarentenárias que poderão inviabilizar a exportação de frutos, além de estudos sobre a descrição de estágios larvais comumente interceptados em frutos nas barreiras fitossanitárias, em portos, aeroportos e fronteiras”, conclui Teles.

Eduardo Gomes

Os pesquisadores utilizam também um barco menor para locomoção da equipe até as margens de rios e regiões de difícil acesso, como furos e igarapés. As embarcações fabricadas em alumínio e que possuem motor de popa, conhecidas popularmente na região como “voadeiras”, apresentam o modelo ideal para a locomoção da equipe, realização da coleta e transporte do material amostrado para a embarcação maior.

No instituto, os estudos com moscas-das-frutas têm sido financiados pelo Inpa, e por agências de fomento como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). Vale ressaltar que várias dissertações e teses foram desenvolvidas no Programa de Pósgraduação em Entomologia do Inpa enfocando o estudo das moscas das frutas.

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Couro de peixes: natureza em gera > POR JÉSSICA VASCONCELOS

Q

uando se fala de Amazônia lembra-se logo de sua exuberância e riqueza. Sua importância para o mundo é inquestionável, mas toda essa riqueza tem realmente sido aproveitada?

REAPROVEITAMENTO

Transformar e reaproveitar, palavras que traduzem a evolução do homem e sua tecnologia. Na pesca, atividade comum dos rios amazônicos, hoje se encontra uma forma de aproveitamento e desenvolvimento de tecnologias dos subprodutos que o pescado possa oferecer.

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Curtimento: esse é nome dado para o processo de transformação de peles de animais em couro. Na Amazônia, com a devida orientação pode trazer grandes benefícios para a população.

eram feitos com peles de ovelha, cabra ou bezerro. No Brasil, desde que a colonização se intensificou, os rebanhos se multiplicaram rapidamente. Os curtumes foram instalados facilmente e o couro era utilizado para fazer mochilas, roupas, chapéus, selas, arreios de montaria, cordas e muitos outros objetos. O couro pode ser confeccionado a partir de peles bovinas, de caprinos, de suínos e de espécies de animais como o jacaré e a cobra, que por 30 anos foram protegidos e voltaram a ter seu abate autorizado sob controle das autoridades. O couro geralmente não é aproveitado pelos frigoríficos e vira lixo. Porque não aproveitar a pele dos peixes amazônicos que se tornariam lixo para também confeccionar couro? De maior resistência que o couro de boi, o couro de peixe ganha o mercado e transforma-se em um material de grande padrão de qualidade.

Dedicação

Eduardo Gomes

A arte milenar de tratar peles de animais para serem utilizadas como couro pela indústria na confecção de sapatos, bolsas, malas entre outros, inicialmente, pertencia à mulher que recebia a caça. Quando se retirava a carne, cabia-lhe aproveitar os restos. Evidências mostram que no Egito Antigo, foram encontrados pedaços de couro curtido há cerca de três mil anos A.C. A história registra, ainda, que babilônios e hebreus usaram processos de curtimento e que os antigos gregos possuíram curtumes. Na Idade Antiga, os “pergaminhos” usados na escrita

José Jorge da Silva Rebello é bolsista desde 1994 no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), na Coordenação de Tecnologia e Inovação (COTI), “seu Rebello”, como é conhecido, desenvolve pesquisas de pele de peixes, criando formulações de curtentes, variação de Ph e tempos de curtição, procurando criar e estabelecer tecnologia para as peles de diferentes peixes. São 86 anos de idade, 65 deles dedicados à arte de transformar pele de animais em couro para utilização na indústria. Por 30 anos trabalhou em uma empresa de curtume, localizada em Manaus (AM), curtindo pele de gado e animais silvestres, que foi o carro chefe da produção de couro. Em 1968, o curtidor prestou vestibular para o curso de Bioquímica na Universidade Federal do Amazonas (Ufam). “Infelizmente foi preciso desistir,


transformando a

ação de renda ração pois os interesses de horários não conciliavam”, explica Rebello.

Após sua chegada, seu Rabello auxiliou na montagem do laboratório de curtume do Inpa, no que diz respeito a equipamentos e produtos químicos.

Eduardo Gomes

Durante o tempo que esteve trabalhando na empresa de curtume, José Rebello teve a oportunidade de estagiar em laboratórios nacionais e internacionais onde teve a chance de aperfeiçoar técnicas de transformação dos couros de boi e carneiro.

Em 1994, foi convidado para uma reunião. Já existia interesse em utilizar couro da pele do peixe, mas não havia conhecimento técnico suficiente para levar a ideia adiante, então Rebello veio para cá.

Ganhador do Prêmio Fucapi/CNPq de Tecnologia de 1998 com o trabalho intitulado “Utilização da pele de peixe de água doce para curtimento” e do Prêmio Finep em 2005. “Não pretendo me aposentar, tenho muito a contribuir”, disse Rebello.

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Como ocorre o processo de transformação da pele de peixe em couro?

Eduardo Gomes

O processo de curtimento da pele de peixe consiste em aplicar esse produto a processos químicos e mecânicos que ajudam a transformar a pele em couro. Essas substâncias são responsáveis por garantir a qualidade do couro. Para que o couro tenha características de maciez, elasticidade e resistência, a pele passa por 15 estágios até a completa mudança.

As etapas de curtimentos são: 1. Esfola: É a técnica de remoção da pele do pescado; 2. Conservação: Após a esfola, as peles estão sujeitas a deterioração. É necessário um sistema de conservação adequado; 3. Remolho: Tem por finalidade repor o teor de água perdida pela pele durante o processo de conservação; 4. Desengraxe: Remove as gorduras das peles, por meio dos tratamentos com substâncias desengraxantes que podem ser querosene, álcool e tenso ativo; 5. Caleiro: Os principais objetivos do caleiro são retirar as escamas, ocasionar a abertura das fibras e agir sobre as gorduras que ainda restam na pele; 6. Descalcinação: O cal que se encontra nas fibras é retirado; 36

7. Purga: Na operação de purga, as peles são tratadas com enzimas proteolíticas que atuam na limpeza da pele;

8. Píquel: Após a operação de purga, as peles são tratadas com solução salino-ácido, preparando as fibras para receberem as substancias curtentes; 9. Curtimento: As peles são tratadas com produtos curtentes; 10. Neutralização: Tem como objetivo neutralizar o excesso de ácido que se encontra no couro; 11. Recurtimento: Corrige as imperfeições; 12. Tingimento: Nessa etapa os couros são tingidos; 13. Engraxe: Os couros são tratados com óleos que dão maciez ao couro. Esta etapa deve ser bem conduzida, pois é por meio do engraxe que o couro adquire maciez,elasticidade e maior resistência; 14. Secagem: A operação de secagem elimina o teor de água; 15. Acabamento: O couro adquire seu aspecto final. Todo o curtimento das peles pode ser realizado de forma artesanal ou por meio de maquinários. Todo o curtimento das peles pode ser realizado de forma artesanal ou por meio de maquinários.


Eduardo Gomes

Curiosidades Couro Natural X Couro Sintético O couro é um material nobre com maior durabilidade e sofisticação. Já o couro sintético é um couro produzido em fábricas com procedimentos materiais, acrescentados de outros componentes químicos que o transformam em um material próximo do couro, porém tem menor resistência. O couro natural pode durar mais de dez anos se conservado adequadamente. Em Roma, o calçado indicava a classe social. Os cônsules usavam sapato branco, os senadores sapatos marrons presos por quatro fitas de couro atadas a dois nós e o calçado tradicional era a bota de cano curto que descobria os dedos.

O coordenador do projeto Couro de Peixe e pesquisador do Inpa, Nilson Aguiar, diz que o trabalho de curtimento pode ser feito com quase todos os peixes da região: surubim, tambaqui, tucunaré, curimatã, dourada, pirarucu, pirarara. “O único peixe que ainda não conseguimos um couro com resistência foi o mapará”, acrescenta. O técnico José Rebello diz que mesmo com todas as vantagens que o Estado do Amazonas possui para ser um pólo produtor de couro de peixe, não é uma tarefa fácil obter a matériaprima. Uma das dificuldades apontadas é a falta de artesãos capacitados, pelo cuidado que se deve ter para extrair a pele do peixe sem danificá-la. “Por isso é essencial capacitar pessoas para realizar esse trabalho”, afirma o bolsista.

Potencial econômico e o respeito à Amazônia O potencial de mercado da pele é muito grande, pois é um produto de baixo custo para a confecção, como afirma José Rebello.

peça de “Uma pele de peixe custa R$ 1 para ser transformada em couro ” (José Rebello)

Segundo Rebello, com as pesquisas desenvolvidas pelo Inpa alguns estágios do curtimento foram superados ou substituídos. Como por exemplo, a redução do tempo de processamento, eliminação de etapas.

Anteriormente, só a carne de peixe era comercializada e a maioria dos frigoríficos descartava as peles. Hoje o aproveitamento da pele combate o desperdício, preserva os recursos naturais e pode gerar renda para a população. Pescadores, empresários donos de frigoríficos e artesãos teriam com o couro de peixe mais uma alternativa de emprego.

A pele utilizada para a produção do couro deve ser proveniente do abate de peixes destinados ao consumo e cuja pesca respeite os períodos de reprodução da espécie sem agredir o meio ambiente. 37


A beleza dos produtos Qual mulher não gosta de uma bela bolsa ou um belo sapato? E se tudo for feito de pele de peixes? Com 12 anos de parceria com o Inpa, uma loja instalada na cidade de Manaus, a Green Obsession*, oferece bolsas e sapatos confeccionados com couro de peixe. Os proprietários Rose Dias e Aidson Ponciano afirmam que a loja foi a primeira empresa a confeccionar produtos com couro de peixe da bacia amazônica.

A empresária explica que a parceria com o laboratório de Couro de Peixe do Inpa surgiu quando ela e seu esposo descobriram o projeto e decidiram entrar em contato a fim de inovar em seus produtos. O couro produzido no laboratório do Inpa por José Rebello contribui para a realização de testes que propiciam melhor qualidade dos calçados, bolsas e acessórios. *www.greenobsession.com.br

Eduardo Gomes

Pesquisador do Inpa, Nilson Aguiar afirma ainda que o couro da pirarara é considerado mais resistente do que o de boi. Com ele é possível até produzir botas para escaladas.

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Juliana Lima


A Beleza

> POR DELBER BITTENCOURT

E

ESPECIAL

ra uma vez uma lagartinha que se chamava Nina. Nina era gulosa e comia todas as folhas do belo jardim onde vivia. Um dia ela resolveu passear em busca de um novo jardim para morar. Nessa caminhada gostou de uma árvore e ali ficou. Alguns dias se passaram e começou uma

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transformação, era uma nova etapa a ser vivida. Depois de algumas semanas em um casulo, ela saiu um pouco frágil, se apoiando no casco do casulo e se preparando para o primeiro vôo. E assim finalmente conseguiu voar com perfeição para explorar os jardins.


da leveza Olá crianças, eu sou a Nina!

Sou uma borboleta, um inseto muito bonito. Tudo o que você vai saber agora sobre a minha espécie é resultado dos estudos das entomólogas e pesquisadoras do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), Rosemary Vieira, Catarina Motta e a bolsista do Inpa Daniela Agra, que desenvolvem projetos estudando borboletas. Com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) elaboraram o livro “Observando Borboletas”, publicado pela Editora Inpa, em 2011. Com as asas abertas posso medir de 1,5 cm até 15 cm. Possuo uma pequena tromba que me ajuda a sugar o néctar das flores ou outros líquidos úteis à minha alimentação. As flores mais belas, cheirosas e doces são as minhas preferidas. Pertenço à ordem dos “Lepidopteros” que significa “asa de escamas”. Minhas asas são coloridas e formam lindos desenhos. Ao contrário das pessoas, meu esqueleto fica por fora do corpo. Dessa forma, me protejo da desidratação e das transformações ambientais.

Como nasci Muitos imaginam que nasci como borboleta filhote. Outros dizem que nasci de uma folha e depois virei uma lagarta, mas a verdade é que nasci de um ovo. Meu ciclo de vida é formado por quatro etapas. A primeira ocorre quando a mamãe borboleta coloca os ovos em uma folha. A segunda ocorre quando os ovos se transformam em lagartas. Depois de alguns meses comendo folhas, as lagartas ficam bem quietinhas até virarem um casulo, essa é a terceira etapa. E a última delas é quando me transformo numa encantadora borboleta. Logo que as borboletas saem do casulo, elas ainda estão muito frágéis e não podem ser tocadas, nem espantadas até que as asas estejam esticadas. O tempo médio de vida de uma borboleta pode ser de duas semanas a seis meses, dependendo da espécie.

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Borboletas e Mariposas Na maioria das vezes a mariposa é chamada de borboleta. Apesar de termos aparências idênticas, o mesmo mecanismo de alimentação e defesa, temos as nossas diferenças. De uma forma geral, sou mais ativa durante o dia, mais colorida e pouso elevando as asas para trás. Já a mariposa tem as cores que variam do branco aos tons mais escuros, é ativa durante a noite e facilmente atraída pelas luzes de casa e postes.

Métodos de defesa: Os meios de defesa da nossa espécie são comportamentais. A defesa não é realizada por meio de ataques, mas por meio de sinais e camuflagem. Em outras ocasiões, utilizamos as

Reino Fila Classe 42

Ordem

cores e pousamos em alguma planta ou árvore de cor parecida, assim fica mais difícil para o predador nos capturar.

Observando, admirando e estudando Escolha um dia ensolarado e observe com atenção a minha presença em diversos lugares como parques, jardins, sítios ou até mesmo na sua casa. Se você quiser saber mais sobre a minha espécie, visite o Bosque de Ciência do Inpa e se divirta observando e admirando uma pequena amostra da biodiversidade das borboletas que marcam a beleza da nossa Amazônia.

Tchauzinho!

Animalia Arthropoda Insecta Lepidoptera




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