Sete ideias (baratas) para um portugal mais inovador e emepreendedor

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CO LU N A E M P R E E N D E R E I N OVA R E M P O RT U G A L

SETE IDEIAS (BARATAS) PARA UM PORTUGAL MAIS INOVADOR E EMPREENDEDOR Numa altura de crise gostaria de aproveitar a oportunidade para partilhar sete ideias de baixo orçamento que visam contribuir para aumentar a competitividade do nosso país sem ser através da construção de auto-estradas, TGV’s e outras infra-estruturas de duvidosa sustentabilidade. Acredito sinceramente que o nosso país tem betão que baste para fazer face às necessidades de desenvolvimento económico, exceptuando talvez algumas obras ainda cruciais a realizar no sempre menosprezado interior. Os ganhos de competitividade que ainda carecemos (e muito), prendem-se sobretudo com uma mudança de valores, mentalidades e atitudes que perduram há séculos. Estas mudanças são mais difíceis de conquistar e dão menos votos nas eleições, muito embora sejam relativamente baratas e tenham maior impacto no desempenho do país: 1. Estimular o empreendedorismo nas camadas mais jovens: não se pode pedir a um estudante universitário ou a um recém-licenciado que de repente se torne empreendedor. Não se pode instalar um chip de empreendedorismo como se de um simples plug in se tratasse. O empreendedorismo não é só (e é cada vez menos) uma oportunidade transformada num conceito de negócio, numa primeira fase e depois num documento de 20 ou 30 páginas com o título “Plano de Negócio”. É, acima de tudo, uma vontade de realização pessoal, um sentimento de urgência, de entusiasmo e dedicação, é prazer, felicidade, sonho de criar, desenvolver, conseguir. É também assumir riscos (de forma controlada), superar a frustração, liderar e conseguir gerir parcos recursos de uma forma inteligente. Trata-se pois, acima de tudo, de aptidões e comportamentos que podem e devem ser treinados, estimulados e experimentados. Existem vários casos avulsos em Portugal de experiências neste domínio, promovidos por instituições privadas nacionais e algumas internacionais. Urge fazer destes casos uma regra e não uma excepção. Ensinar os nossos jovens a lidar com o desconforto, o desconhecido, a frustração (e deixá-los degustar o sucesso), é um favor que fazemos a todos nós.

2. (Ainda mais) apoio ao empreendedorismo e inovação social: plano tecnológico, Empresas de Base Tecnológica, Inovação Tecnológica. Às vezes esquecemo-nos que a tecnologia é importante sim, mas apenas um meio para chegar a um fim: os problemas e as necessidades das sociedades. É óbvio que precisamos das empresas high tech-high growth como de “pão para a boca”. São elas as grandes criadoras de postos de trabalho altamente qualificados, gerando exportações e produtos de alto valor acrescentado, colocados nos quatro cantos do mundo. Mas precisamos de colocar mais ênfase no social (tecnológico ou não). Vejam-se os bons exemplos que nos deu Diogo Vasconcelos neste domínio durante a sua curta vida. Os grandes problemas do mundo ocidentalizado são sociais: políticas comuns, degradação das condições de vida, pobreza, exclusão, envelhecimento, aquecimento global, energias alternativas. Várias iniciativas têm surgido neste domínio mas muito, muito mais há para fazer (Diogo, fazes-nos tanta falta!). 3. Possibilitar a realização de sabáticas empreendedoras: Espanha já as tem e não é uma iniciativa muito onerosa. Trata-se de criar a possibilidade dos docentes do ensino superior realizarem um período de licença sabática de seis meses a um ano para prepararem o lançamento de uma empresa em alternativa à situação actual em que usam este período para se dedicarem à investigação científica. A medida divulgada recentemente pelo Ministério da Educação de Espanha prevê um apoio financeiro à instituição a que pertence o docente para contratar um professor substituto durante o período da licença. 4. Dinamizar o landing de empresas e organizações: a receita parece simples e tem funcionado bem em países como o México, pelo que se poderia também experimentar, com as adaptações necessárias, em Portugal. Este tipo de iniciativas, também designado por programas de hospedagem, visa criar condições de acolhimento em parques científicos situados em países estratégicos para apoio à internacionalização das empresas portuguesas. Por exemplo, reservando 200 m2 de espaço em parques científicos a serem seleccionados criteriosamente nesses países de acolhimento (Espanha, Brasil ou Angola por exemplo) e recrutando um ou dois colaboradores no destino para integrarem a equipa dos próprios parques científicos e dar apoio in loco em exclusivo ao acolhimento, instalação e exploração comercial das empresas portuguesas. Internamente, poderiam criar-se ainda esquemas de incentivo às empresas portuguesas no primeiro ano, para a sua internacionalização por esta via.

>>>> © Vladyslav Starozhylov | Dreamstime.com

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robótica

5. Mais meritocracia: mais transparência nos processos de tomada de decisão que deverão ser suportados exclusivamente por factores de mérito técnico deixando de parte outros factores. Não preciso de dizer mais ou preciso? Acreditem que não é nada pessoal nem nenhuma quezília própria com esta ou aquela orientação partidária. Infelizmente é geral e é frustrante ver tantos projectos fantásticos, com pessoas fantásticas e organizações de prestígio serem trucidados por razões obscuras que não adianta detalhar. Não tenho a solução milagrosa para resolver este problema. Quero acreditar na humanidade e, tal como Bento de Jesus


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