Segurança electrónica: enquadramento tecnológico do sector

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o electricista Alexandre Chamusca Eng. Electrotécnico, Ramo Telecomunicações e Electrónica, IST

segurança electrónica

{ENQUADRAMENTO TECNOLÓGICO DO SECTOR}

Com a evolução da electrónica e a gradual sofisticação dos sistemas de alarme, os autómatos dedicados a funções de segurança passaram a integrar funções complementares quer ao nível da sua programação, com rotinas de lógica, quer ao nível do “hardware”, como actuar saídas de relé e “aceitar” interfaces de comando com protocolos específicos de domótica. Esta evolução “natural” destes sistemas electrónicos veio proporcionar combinações interessantes e economias de escala significativas ao nível da cablagem, mão-de-obra da instalação e programação e dos equipamentos envolvidos.

OS PEQUENOS SISTEMAS DE SEGURANÇA Hoje um sistema de segurança além da detecção de intrusão, pode perfeitamente integrar a função de controlo de acessos de uma ou mais portas, com cartão e/ou etiquetas de proximidade, detecção de incêndio, detecção de fugas de gás, corte automático do gás e/ ou água em caso de alarme técnico, accionamento automático de circuitos de iluminação (quer por programação horária, quer por detecção de presença coincidente com falta de luz), accionamento de aparelhos (termoacumulador, bomba de água, radiadores eléctricos, estores motorizados, etc). Para o cliente (utilizador) esta evolução tornou exequível determinadas aplicações e acessíveis os seus consequentes benefícios que de outra forma, quer por uma questão de custos, quer de oportunidade de instalação, estariam totalmente fora de questão. Assim, quem decide a compra passou a ter a capacidade de compreender além da necessidade de determinados sistemas electrónicos, a sua utilidade na conjectura do nosso bem estar doméstico e da sua relativa facilidade de utilização, diariamente. Por outro lado, passou também a ter a capacidade de avaliar o seu “custo/benefício”, pela credibilidade e economias de escala que representa ter numa só entidade, a venda, instalação e assistência aos sistemas integrados instalados. Recorrer a entidades separadas para cada uma das áreas técnicas que compõem a Domótica, torna

qualquer orçamento caríssimo e muito complicado quer de instalar, quer de manter. Com a integração nos sistemas de alarme de funções complementares, passou a ser possível desenvolver uma abordagem técnico/ comercial diferente e diferenciada no mercado específico da segurança electrónica. Passou-se a diferenciar as propostas por áreas de aplicação (vivendas, apartamentos, lojas, escritórios, etc) e a integrar nelas, soluções técnicas especiais, com valor acrescentado especificamente para cada delas. Por exemplo nas vivendas, passou a fazer sentido pensar-se num ou mais circuitos de iluminação de segurança, a ser comandados pelo sistema de alarme, conforme as situações, a instalar-se uma electrovalvula de gás e de água e integrar os alarmes técnicos na alarmística do sistema, assim como dotar determinados detectores de movimento de uma dupla funcionalidade: de segurança se o alarme estiver ligado e de detecção de presença para accionamento automático de uma luz ou grupo de luzes, se o nível de luminosidade não for suficiente e for detectado movimento no local. O desenvolvimento das telecomunicações, quer móveis quer fixas, veio também proporcionar novas formas de interagir com os sistemas de alarme e consequentemente com os restantes sistemas in-


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Novos produtos e serviços poderão ser integrados no condomínio usando como meio de distribuição e comunicação de dados, voz e imagem, a cablagem estruturada instalada.

SOLUÇÕES GLOBAIS DE SEGURANÇA

É sem dúvida nenhuma um valor acrescentado muito importante, para qualquer potencial proprietário que queira beneficiar do facto de ter a sua futura casa integrada num condomínio fechado.

Os motivos que podem ser facilmente identificados, são essencialmente a excessiva standarização das soluções apresentas, a multiplicidade de interlocutores intervenientes (Vigilância Humana, Incêndio, CFTV, etc), a falta de formação dos meios humanos (em particular no manuseamento dos equipamentos electrónicos instalados) a prestar serviço e a dificuldade do cliente em interpretar o retorno do investimento que realiza na área da Segurança.

O sistema de cablagem estruturada vê concentrados num polo técnico do condomínio, todos os serviços hoje disponibilizados pelos diversos operadores de voz, dados e imagens, quer sejam os operadores de telecomunicações, quer operadores de canais privados de TV (e dentro em breve da Televisão Interactiva). É a partir desse polo técnico que a cablagem estruturada chega a todas as casas do condomínio e que por sua vez (a uma escala mais pequena), chega à maior parte das divisões da habitação. Assim, em cada casa existirá um armário técnico, que fará chegar, a cada uma das tomadas da cablagem estruturada, os conteúdos das redes de dados globais e novas tecnologias: Internet, e-mail, faxes, chamadas telefónicas com escolha automática da tarifação mais barata, consoante o tipo de chamada (local, regional ou internacional), os diversos canais de TV, imagens do circuito fechado de vídeo vigilância que a cada um diga respeito, intercomunicação gratuita entre vizinhos do condomínio, entre outros. Por outro lado o sistema permite que os condóminos escolham os produtos e serviços que mais lhe convêm, numa determinada época do ano ou fase da vida, nunca comprometendo nem os meios, nem os serviços que podem ser requeridos por outro dos condóminos. As soluções e os serviços de segurança são o maior e o melhor valor acrescentado que os condomínios poderão vir a disponibilizar aos agregados familiares que o compõem. Sem dúvida que uma solução destas junta o útil ao agradável e o prático ao económico: Um valor acrescentado sem precedentes, nos condomínios fechados.

O actual mercado de Segurança (Vigilância e Sistemas Electrónicos) não satisfaz as reais necessidades dos grandes clientes.

Dado que os riscos são diferentes de Cliente para Cliente, é necessário passar a dimensionar soluções Integradas de Segurança, focando sobretudo 3 elementos: - Elementos de detecção – antecipação de detecção / identificação; - Elementos de atraso – retardar a concretização do sinistro; - Elementos de actuação - em função dos elementos anteriores de forma a aumentar a probabilidade de intervenção;

CUSTO TOTAL DA SEGURANÇA/INSEGURANÇA Assim, quem decide deve passar a interpretar as soluções integradas não como uma substituição de vigilância humana por tecnologia, mas sim como um “misto” de recursos necessários de modo a aumentar a probabilidade de interrupção do sinistro. Porque não existem dois casos iguais, este “misto” deve ser estudado e adaptado, caso a caso. Para isso é necessário envolver o cliente na análise dos custos da segurança na sua globalidade: não só os serviços de segurança a aplicar mas também os custos da insegurança, ou seja, os que se incorrem se a solução não evitar a ocorrência do sinistro. Em função da decisão de compromisso segurança/insegurança do cliente, deve então ser acordado um nível de serviço à medida das necessidades e grau de exigência pretendido pelo cliente, para as soluções e serviços a prestar, sendo imperativo que as empresas prestadoras dos serviços de segurança passem a especificamente a reportar sobre cada área de intervenção e responder pela qualidade dos mesmos. Mais do que uma tendência Nacional, esta é uma abordagem que se está a impor no mercado Internacional das empresas prestadoras de serviços de segurança. Só assim é possível ao grande cliente chegar a um compromisso entre o custo real da segurança contratada e o custo potencial da insegurança em que incorrem as suas instalações. E sobre o custo da insegurança muito ainda fica por escrever...


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