Notícias de Israel - Ano 30 - Nº 2

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BETH-SHALOM

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Fevereiro de 2008 • Ano 30 • Nº 2 • R$ 3,50



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Prezados Amigos de Israel

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O Caminho Para a Justiça

Notícias de

ISRAEL É uma publicação mensal da “Obra Missionária Chamada da Meia-Noite” com licença da “Verein für Bibelstudium in Israel, Beth-Shalom” (Associação Beth-Shalom para Estudo Bíblico em Israel), da Suíça. Administração e Impressão: Rua Erechim, 978 • Bairro Nonoai 90830-000 • Porto Alegre/RS • Brasil Fone: (51) 3241-5050 Fax: (51) 3249-7385 E-mail: mail@chamada.com.br www.chamada.com.br Endereço Postal: Caixa Postal, 1688 90001-970 • PORTO ALEGRE/RS • Brasil Fundador: Dr. Wim Malgo (1922 - 1992) Conselho Diretor: Dieter Steiger, Ingo Haake, Markus Steiger, Reinoldo Federolf Editor e Diretor Responsável: Ingo Haake

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Diagramação & Arte: Émerson Hoffmann

Um Sacrifício Superior

Assinatura - anual ............................ 31,50 - semestral ....................... 19,00 Exemplar Avulso ................................. 3,50 Exterior: Assin. anual (Via Aérea)... US$ 35.00 Edições Internacionais A revista “Notícias de Israel” é publicada também em espanhol, inglês, alemão, holandês e francês. As opiniões expressas nos artigos assinados são de responsabilidade dos autores. INPI nº 040614 Registro nº 50 do Cartório Especial

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HORIZONTE • Implorando perdão do islamismo? - 14 • Ação da Inquisição Portuguesa no Brasil - 16 • Reprovado pela fé - 18 • Fuga do paraíso - 18 • Maradona pirou - 18

O objetivo da Associação Beth-Shalom para Estudo Bíblico em Israel é despertar e fomentar entre os cristãos o amor pelo Estado de Israel e pelos judeus. Ela demonstra o amor de Jesus pelo Seu povo de maneira prática, através da realização de projetos sociais e de auxílio a Israel. Além disso, promove também Congressos sobre a Palavra Profética em Jerusalém e viagens, com a intenção de levar maior número possível de peregrinos cristãos a Israel, onde mantém a Casa de Hóspedes “Beth-Shalom” (no monte Carmelo, em Haifa).


“Quando Israel era menino, eu o amei; e do Egito chamei o meu filho” (Oséias 11.1). À medida que estudamos o livro de Oséias, é revelada a declaração de amor de Deus pelo Seu povo. Esse amor é diferente do amor que Ele tem pela Sua criação, conforme expresso em João 3.16: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. Israel não pode ser comparado com qualquer outro povo neste mundo. Por isso, cometemos um grave erro quando usamos a história de Israel e tentamos aplicar esse relacionamento especial à nossa nação. Observe a diferença: “Feliz és tu, ó Israel! Quem é como tu? Povo salvo pelo SENHOR, escudo que te socorre, espada que te dá alteza. Assim, os teus inimigos te serão sujeitos, e tu pisarás os seus altos” (Deuteronômio 33.29). Leia também as duas perguntas que Moisés fez ao seu povo: “ou se algum povo ouviu falar a voz de algum deus do meio do fogo, como tu a ouviste, ficando vivo; ou se um deus intentou ir tomar para si um povo do meio de outro povo, com provas, e com sinais, e com milagres, e com peleja, e com mão poderosa, e com braço estendido, e com grandes espantos, segundo tudo quanto o SENHOR, vosso Deus, vos fez no Egito, aos vossos olhos” (Deuteronômio 4.33-34). Além disso, a singularidade de Israel é registrada em Deuteronômio 7.6: “Porque tu és povo santo ao SENHOR, teu Deus; o SENHOR, teu Deus, te escolheu, para que lhe fosses o seu povo próprio, de todos os povos que há sobre a terra”. Deus referiu-se a Israel como Seu filho. Enquanto os filhos de Israel estavam no Egito, Deus disse a Moisés: “Dirás a Faraó: Assim diz o SENHOR: Israel é meu filho, meu primogênito” (Êxodo 4.22). Israel é o filho de Deus. De acordo com Mateus 2.15, o Filho de Deus é um israelita: “e lá ficou até à morte de Herodes, para que se cumprisse o que fora dito pelo Senhor, por intermédio do profeta: Do Egito chamei o meu Filho”. O Senhor Jesus é identificado com Seu povo. É importante recordar que Jesus é um judeu, Ele é um israelita. Jesus não mudou, nem jamais mudará Sua nacionalidade: “...o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi...” (Apocalipse 5.5). A seguir, Oséias relata a grande tragédia: “Quanto mais eu os chamava, tanto mais se iam da minha presença; sacrificavam a baalins e queimavam incenso às imagens de escultura. Todavia, eu ensinei a andar a Efraim; tomei-os

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nos meus braços, mas não atinaram que eu os curava. Atraí-os com cordas humanas, com laços de amor; fui para eles como quem alivia o jugo de sobre as suas queixadas e me inclinei para dar-lhes de comer” (Oséias 11.2-4). Deus repetidamente relembrou ao Seu povo a escravidão e os sofrimentos de que tinha sido resgatado. Esse é um ponto que podemos espiritualizar e aplicar à Igreja. Cada um de nós que chegou a Jesus pela fé e Lhe pediu perdão veio de uma situação sem esperanças. Jamais permita que em seus pensamentos você chegue à conclusão de que há algo de bom em alguém. Essa é a mensagem que Lúcifer quer fazer as pessoas crerem, mas exatamente o contrário é a verdade. Ficaríamos chocados e sem palavras se parássemos e percebêssemos realmente a situação desesperadora em que nos encontrávamos sem o Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Leia as palavras de Efésios 2.12: “naquele tempo, estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo” (Efésios 2.12). Essa, meus amigos, é uma autêntica situação sem esperança. Esse versículo descreve a nossa posição, como também a de Israel, mas através de Oséias Deus explica como Israel recusou-se a ouvir Suas palavras e escolheu oferecer sacrifícios aos baalins e queimar incenso às imagens de escultura. Os filhos de Israel violaram deliberadamente os mandamentos de Deus. Podemos sentir o amor compassivo de Deus pelo Seu povo. O Senhor o ensinou a andar, tomou-o nos braços, mas ele não o reconheceu. Deus o atraiu com laços de amor, deu-lhe de comer e ajudou-o a enfrentar o peso da vida diária, mas tudo foi em vão. A rejeição de obedecer a Deus e a teimosa insistência deles em fazerem a própria vontade fez com que ficassem sujeitos aos assírios: “Não voltarão para a terra do Egito, mas o assírio será seu rei, porque recusam converter-se. A espada cairá sobre as suas cidades, e consumirá os seus ferrolhos, e as devorará, por causa dos seus caprichos” (Oséias 11.5-6). O versículo seguinte inclui a palavra “desviar-se”: “Porque o meu povo é inclinado a desviar-se de mim, se é concitado a dirigir-se acima, ninguém o faz” (Oséias 11.7). Os israelitas tomaram suas decisões e ficaram cansados de ouvir a verdade. Quando lemos esses versículos, podemos sentir a completa desesperança em que o povo de Israel se encontrava em relação a Deus. Mas O Senhor não desistiu dele:“Como te deixaria, ó Efraim? Como te entregaria, ó Israel? Como te faria como a


Admá? Como fazer-te um Zeboim? Meu coração está comovido dentro de mim, as minhas compaixões, à uma, se acendem. Não executarei o furor da minha ira; não tornarei para destruir a Efraim, porque eu sou Deus e não homem, o Santo no meio de ti; não voltarei em ira” (Oséias 11.8-9). Aqui vemos a grande contradição de Deus: Seu amor é claramente expresso, mas Sua justiça tem de ser executada. Sua lei permanece para sempre, Seus juízos são justos e irrevogáveis. Mas, então há Seu amor pelo Seu povo. Por essa razão, Ele faz estas perguntas: Como eu deixaria Efraim? Como eu entregaria Israel? Deveria eu destruí-lo como a Admá e Zeboim (lugares destruídos durante o juízo de fogo sobre Sodoma e Gomorra)? Na verdade, Deus enfrenta uma contradição: “Meu coração está comovido dentro de mim, as minhas compaixões, à uma, se acendem”. Somos lembrados de Jeremias 31.20: “Não é Efraim meu precioso filho, filho das minhas delícias? Pois tantas vezes quantas falo contra ele, tantas vezes ternamente me lembro dele; comove-se por ele o meu coração, deveras me compadecerei dele, diz o SENHOR”. Finalmente, a graça irrompe. Essa graça é profética, baseada no cumprimento do juízo e da justiça, ou seja, o sacrifício do Filho de Deus na cruz do Calvário. Por isso, lemos três vezes a palavra “não”. Ele não destruirá Israel como fez com Admá e Zeboim. Devemos entender que esse foi o tempo em que Israel violou a aliança e rebelou-se contra Deus. Os sacrifícios oferecidos pelo povo através dos sacerdotes não eram mais efetivos, porque a santa lei de Deus tinha sido violada de forma contínua e persistente. Apesar do sangue de inúmeros animais ser derramado no tempo dos sacrifícios, o pecado de Israel nunca era removido, sendo apenas temporariamente coberto até a chegada do Cordeiro de Deus perfeito, sobre o qual João Batista exclamou: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (João 1.29). Essa era a única forma de solucionar a contradição de Deus, não somente com relação a Israel, mas com respeito a toda a humanidade. Hebreus 10.4 confirma: “porque é impossível que o sangue de touros e de bodes remova pecados”. Se entendermos em espírito esse importante fato, perceberemos que horrível insulto é tentar agradar a Deus cumprindo certos mandamentos do Antigo Testamento. Como crentes da Nova Aliança, estamos sujeitos a uma lei muito superior – infinitamente mais alta que o Antigo Testamento – porque foi derramado algo indescritivelmente maior que o sangue de touros e de bodes, o sangue do Filho de Deus, Aquele que não tinha pecado, o sacrifício perfeito. Então, repentinamente, o Senhor fala do ajuntamento dos exilados e de salvação: “Andarão após o SENHOR; este bramará como leão, e, bramando, os filhos,

tremendo, virão do Ocidente; tremendo, virão, como passarinhos, os do Egito, e, como pombas, os da terra da Assíria, e os farei habitar em suas próprias casas, diz o SENHOR” (Oséias 11.10-11). O próprio Deus dará início ao retorno dos Seus filhos ao seu lar (suas casas). Agora chegamos a uma controvérsia entre os estudiosos da Bíblia. Um grupo crê que o ajuntamento dos exilados se dará apenas quando Israel se arrepender e Deus, em Sua graça, causar a volta do povo à sua terra. O outro grupo, no qual me incluo, crê que os judeus retornarão à sua terra na incredulidade. A motivação deles não será a busca do Senhor e o desejo de restabelecer a Antiga Aliança na terra de Israel, mas simplesmente por razões de sobrevivência e identidade. Apenas um passaporte israelense pode oferecer a segurança necessária para um judeu. Há diversas razões porque cremos que os judeus retornarão à terra de Israel na incredulidade: 1) O Messias, Jesus Cristo, voltará a Israel e Seus pés estarão sobre o monte das Oliveiras. Os judeus O reconhecerão quando Ele retornar, o que significa que eles deverão estar na terra antes da volta do Messias. 2) Seria impossível para os judeus retornarem a Israel sem que a produtividade da terra tenha sido restabelecida. Desse modo, os judeus realizaram uma obra admirável sob o sistema socialista, estabelecendo os kibbutzim (colônias coletivas) em todo o país. Esse sistema garantiu alimentação para o povo e corresponde a Ezequiel 36.8: “Mas vós, ó montes de Israel, vós produzireis os vossos ramos e dareis o vosso fruto para o meu povo de Israel, o qual está prestes a vir”. 3) Os judeus que retornaram no passado, que estão retornando hoje e que retornarão no futuro estão estabelecendo uma realidade política que condena todas as nações em suas atitudes injustas com relação a Jerusalém e à Terra Prometida. Jerusalém é a chave pela qual serão julgadas as nações. Enquanto Israel insiste que Jerusalém é a capital unificada do Estado de Israel, todas as nações se alinham com o Vaticano e disputam esse fato. Ninguém quer aceitar a reivindicação israelense de que Jerusalém é sua capital indivisível. Mas, louvado seja o Senhor, Ele diz que sim! “Efraim me cercou por meio de mentiras, e a casa de Israel, com engano; mas Judá ainda domina com Deus e é fiel com o Santo” (Oséias 11.12). Nesse versículo final do capítulo 11, é feita a distinção entre Efraim-Israel e Judá-Israel. Entretanto, a salvação para ambos é baseada exclusivamente na graça de Deus. Na certeza de que o Senhor chegará ao alvo com Seu povo, saúdo com um sincero Shalom! Arno Froese Notícias de Israel, fevereiro de 2008

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No dia 31 de outubro de 1517, Martim Lutero afixou as 95 teses da fé cristã na porta da igreja de Wittenberg, na Alemanha. Com esse ato, Lutero começou a Reforma Protestante, um movimento que influenciou radicalmente toda a Europa, por romper com a dominação da Igreja Católica Romana no norte do continente Europeu. Em sua luta pessoal para encontrar perdão e alívio da culpa do pecado, Lutero chegou ao conhecimento da justificação pela fé.

A Rejeição da Justiça Humana Em Romanos 3, o apóstolo Paulo destacou essa importante doutrina do cristianismo bíblico, ao esclarecer que a lei condena todos os seres humanos, tanto ju-

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deus quanto gentios: “Ora, sabe[i.e., gravada ou esculpida] (Êx mos que tudo o que a lei diz, aos que 20.4). Entretanto, criamos toda vivem na lei o diz para que se cale toda boca, e Em sua luta pessoal para encontrar perdão e alívio todo o mundo seja culpáda culpa do pecado, Lutero chegou ao conhecimento vel perante Deus” (v. da justificação pela fé. 19). Todo ser humano é pecador em decorrência da lei de Deus. Por exemplo, a Lei Mosaica ordena: “Não terás outros deuses diante de mim” (Êx 20.3). No entanto, a maioria de nós prioriza muitas coisas acima de nosso relacionamento com Deus. Portanto, somos condenados pela lei. O Segundo Mandamento da lei diz o seguinte: “Não farás para ti imagem de escultura”


Nascemos com uma natureza pecaminosa; nunca tivemos que aprender a pecar. Estamos condenados desde o começo de nossa vida.

espécie de coisas que passamos a idolatrar acima de Deus. “Não tomarás o nome do SENHOR, teu Deus, em vão” (Êx 20.7). “Honra teu pai e tua mãe” (Êx 20.12). Deus proíbe o roubo, o falso testemunho [i.e., a mentira] e a cobiça (vv. 15-17). Esses mandamentos apontam continuamente para a nossa pecaminosidade. A lei não nos torna pecadores; ela revela que somos pecadores, que estamos condenados e que somos responsáveis perante Deus. O texto de Romanos 3.20 afirma que a lei traz o conhecimento do pecado, “visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado”. Paulo declarou: “...eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei; pois não teria eu conhecido a cobiça, se a lei não dissera: Não cobiçarás” (Rm 7.7). Muitos de nós, ao lermos a Bíblia, de repente, num dado mo-

mento, dissemos para nós mesmos: Eu não percebia o que Deus pensava acerca disso. A Bíblia nos proporciona conhecimento do pecado e uma conscientização de quão pecadores realmente somos. Como disse o rei Davi, o problema é que já nascemos em peca-

do (Sl 51.5). Nascemos com uma natureza pecaminosa; nunca tivemos que aprender a pecar. Estamos condenados desde o começo de nossa vida. Eu fui criado numa fazenda. Entretanto, antes mesmo de colocar os pés fora da casa da fazenda, eu já tinha começado a desobedecer aos meus pais. Em Romanos 3.23 lemos: “Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus”. O critério de avaliação não é de 80% ou 90%; o padrão é de 100% da santidade de Deus. A lei destaca o fato de que fomos destituídos da glória de Deus. Podemos não ser os piores pecadores que já existiram, mas estamos numa situação tão ruim quanto o pior deles, porque somos seres humanos pecadores. Além disso, nenhum ser humano será justificado pela lei. Suponha, por exemplo, que eu cometa um assassinato e depois me sinta tremendamente mal por isso. Então eu tomo a decisão de praticar a maior quantidade de boas obras que puder pelo resto da minha vida. Quantas boas obras seriam necessárias para desfazer o assassinato que cometi?

Quantas boas obras seriam necessárias para desfazer o assassinato que cometi? Nada poderia desfazê-lo.

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Nada poderia desfazê-lo; eu simplesmente me tornaria um assassino “bom” – não alguém que é bom na prática de cometer assassinatos, mas um assassino que é bondoso. Da mesma forma, o melhor que podemos ser é pecadores “bons”. Somos pecadores por natureza e pecadores na prática. Por conseguinte, um Deus santo se vê obrigado a nos rejeitar. As boas obras que praticamos não podem remover nossos pecados, nem tornar-nos justos; além do mais, sem o perdão de Deus, não podemos ficar livres da culpa. Hoje em dia, muita gente tem sido oprimida pela culpa e não sabe onde encontrar alívio. Essas são as más notícias.

A Demonstração da Justiça de Deus Entretanto, também há boas notícias. Deus mostrou Sua justiça de modo independente da lei. A lei separou as pessoas de Deus, ao assinalar constantemente o pecado

humano pela manifestação da santidade divina. No entanto, ela não ajudou ninguém a se relacionar com Deus. A humanidade precisava de outra demonstração da justiça de Deus à parte da lei. Essa justiça vem ao ser humano por meio da fé em Jesus Cristo, [o Messias, o Ungido]: “Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas; justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os que crêem; porque não há distinção” (Rm 3.21-22). Foi necessário que Deus demonstrasse Sua justiça publicamente na pessoa de Jesus, de modo que recebêssemos ajuda e não apenas condenação; a fim de que para nós houvesse possibilidade de justificação e não apenas impossibilidade. Jesus, Deus o Filho, assumiu a carne humana para que pudesse morrer em nosso lugar. Essa foi a demonstração da justiça de Deus, uma demonstração que

Jesus manifesta a justiça de Deus, a qual está disponível como um presente que advém da Sua graça.

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nos socorre ao invés de simplesmente condenar-nos. Através dela, temos a possibilidade de nos tornar participantes daquela justiça que nunca poderíamos produzir ou obter por esforço próprio através da lei. Jesus manifesta a justiça de Deus, a qual está disponível como um presente que advém da Sua graça. Ele quer nos dar essa justiça. Não temos condição de merecê-la; não somos capazes de comprá-la; não podemos praticar boas obras o bastante para recebê-la. O apóstolo Paulo escreveu: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.8-9). A justiça de Deus chega até você como um dom gratuito por meio da fé em Jesus. Deus planejara que Jesus, o Messias, morresse (Is 53.5-6). O plano de Deus era que o derramamento do sangue de Jesus provasse publicamente que as exigências de um Deus santo tinham sido perfeitamente cumpridas. A Bíblia sempre ensinou que “...o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6.23; cf. Ez 18.20). Jesus não cometeu nenhum pecado, contudo Ele morreu como um criminoso por mim e por você. Aquele que não era pecador morreu no lugar dos pecadores e o Seu sangue foi vertido por nós. Aquele ato de Cristo também demonstrou a justiça divina pelo fato de que Deus deixara impunes os pecados das gerações anteriores. No Antigo Testamento as pessoas viviam sob o domínio da lei, a qual era um severo senhor de escravos. Ninguém conseguiu obedecer toda a lei, razão pela qual Deus incluiu sacrifícios que os is-


raelitas ofereceriam, sabendo que o sangue de touros e de bodes não podia remover [i.e., perdoar] seus pecados. No entanto, eles também sabiam que Deus prometera aceitar a manifestação justa e fiel de seus sacrifícios, assim como prometera cobrir [i.e., cobrir com sangue] os pecados deles de ano para ano. Assim, todo ano no Yom Kippur, o sumo sacerdote teria de oferecer o sangue de animais como um sacrifício sobre o propiciatório dentro do Santo dos Santos e Deus aceitaria esse sacrifício por mais um ano. Foi desse modo que Deus deixou impunes “os pecados anteriormente cometidos” (Rm 3.25b). Esses pecados tinham sido “cobertos” com sangue até que Jesus, o Messias, viesse ao mundo para tornar-se o sacrifício perfeito e definitivo pelos pecados. Aí está a razão pela qual o livro de Hebreus demonstra que Jesus é um sacrifício superior, através da oferta de um sangue superior num templo superior – o Templo efetivo no céu. O sacrifício de Cristo remove o pecado e disponibiliza o dom da vida eterna. É dessa forma que em Romanos 3.26 Paulo afirma que Deus seria o “justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus”.

A Aplicação da Justiça de Deus As boas notícias residem no fato de que a justiça de Deus é aplicada ao ser humano como um presente da graça de Deus: “Onde, pois, a jactância? Foi de todo excluída. Por que lei? Das obras? Não; pelo contrário, pela lei da fé” (Rm 3.27). Aqueles que receberam Jesus como seu Salvador pessoal foram gerados de novo e nasceram na fa-

mília de Deus, o que não lhes dá o direito de se orgulhar. Tais pessoas não merecem o que ganharam; elas foram agraciadas com um presente de Deus. Embora tenha sido privilegiado por ser criado num lar de pessoas crentes em Cristo, eu era um pecador que estava tão perdido quanto qualquer outro. Foi a graça de Deus que me salvou. Talvez você venha de um lar onde não havia nenhum interesse pelas coisas espirituais. Tal fato não torna a sua situação pior do que era a minha. A Bíblia comprova que todos nós nascemos na mesma condição: mortos espiritualmente. Sem o presente da graça de Deus não temos nenhuma esperança. Podemos apenas nos tornar pecadores mais bondosos. Porém, o dom da justiça de Deus é recebido pela graça. Isso significa que você não pode conquistar a justiça de Deus por merecimento. Você também não tem condição de comprá-la, nem pode praticar boas obras o bastante para merecê-la. A graça de Deus está disponível a qualquer pessoa que busque um relacionamento com Jesus Cristo pela fé; aquilo que se denomina fé em Jesus. Se você está disposto a expressar sua fé naquilo que Jesus realizou naquela cruz há dois mil anos atrás, Deus deseja lhe conceder o dom gratuito da vida eterna. Aí está a solução maravilhosa para um problema que não admitia outra solução. A lei simplesmente condena, mas a justiça de Deus está disponível a você como um presente que é recebido por meio da fé em Jesus. Uma vez que Deus enviou Seu Filho, faz sentido que o Filho de Deus seja o único caminho de acesso a essa justiça. Jesus afirmou: “Eu sou o caminho, e a

Sem o presente da graça de Deus não temos nenhuma esperança.

verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6). Por causa da graça, o ser humano, legalmente condenado e destinado ao inferno, pode usufruir a justificação de Deus por meio da fé. Deus seria absolutamente justo se nos abandonasse na situação em que estávamos. Contudo, Ele não é apenas justo; também é amoroso. Deus deseja que passemos a eternidade ao Seu lado, pelo que providenciou que a Sua justiça fosse manifestada através de Jesus e não apenas através da lei. A lei é boa, mas não pode tornar-nos justos. Todo ser humano precisa ser salvo. Se a lei condena a todos, então todos precisam nascer de novo para serem salvos, a despeito de se denominarem protestantes, católicos ou judeus. Todos nós precisamos nascer de novo, do contrário morreremos em nossos pecados.

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O Filho de Deus é o único caminho de acesso à justiça. Jesus afirmou: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6).

apresente algumas desculpas, mas deve estar ciente de que, no fim das contas, a fé em Jesus Cristo é o único meio de acesso à presença de Deus. (Israel My Glory)

Richard D. Emmons é professor titular de Bíblia e Doutrina na Philadelphia Biblical University e pastor titular da igreja Bible Baptist Church em Hamilton, Nova Jersey, EUA.

CD

LIVRO

LIVRO

Como crentes em Cristo, temos ordens expressas de proclamar essa mensagem do Evangelho ao mundo todo. Milhares de pessoas têm a mesma concepção errônea que Martim Lutero outrora teve e, como ocorreu no caso dele, também precisam ouvir a verdade. Qualquer pessoa pode ser salva, a despeito de quem você seja ou do que tenha feito. O presente da justiça de Deus está disponível, caso você queira receRecomendamos: bê-lo. Caro amigo, se você nunca recebeu a Jesus como seu Salvador pessoal, você ainda precisa fazê-lo. Talvez você resista ou

Pedidos: 0300 789.5152 www.Chamada.com.br

Quando eu era menino, minha avó me levava a um aviário no centro da cidade, onde vendiam frangos vivos. Para ela, esse era um dos passeios mais importantes. Ela se esforçava ao máximo para escolher a ave certa, chegando a apalpar algumas delas no viveiro, porque tinha uma finalidade muito especial para aquele frango. Ele seria morto (i.e., sacrificado) num ritual que, segundo a crença dela, removeria os seus pecados. Como muitos judeus praticantes, minha avó cria que aquele frango era a sua kapparot (termo hebraico que significa “expiação”). A época do ano – outono – também era significativa. Sempre comprávamos o frango entre o Rosh Hashanah (“Ano Novo judaico”) e o dia de Yom Kippur (“Dia da Expiação”), durante os Dez Dias de Reverência. Nesse período, como revela a cerimônia do frango, o arrependimento e o perdão de pecados são extremamente importantes para o povo judeu. Enquanto recita trechos do livro de Salmos (107.10,14,17-21) e do livro de Jó (33.23-24), um judeu altamente praticante sacode um frango três vezes sobre a cabeça da pessoa que se submete à cerimônia. Após a leitura dos textos das Escrituras, a pessoa declara: “Esta ave estará em meu lugar, será a minha expiação; ela morrerá para que eu alcance uma vida boa e desfrute de paz”.[1]



Como a minha avó, os judeus que guardam essas tradições crêem que o único elemento capaz de fazer a expiação de seus pecados é o sangue. Na verdade, está escrito na Torah [no Pentateuco]: “Porque a vida da carne está no sangue. Eu vo-lo tenho dado sobre o altar, para Um judeu ultra-ortodoxo sacode um frango sobre a cabeça de uma mulher, como parte do ritual da fazer expiação pela voskapparot, antes do dia de Yom Kippur. sa alma, porquanto é o sangue que fará expiação em virtude da vida” (Lv 17.11). Os versículos bíblicos usados O livro de Levítico é o manual durante o ritual mencionam o divi- de culto e adoração do Antigo Tesno livramento das trevas da morte. tamento. Nesse livro, as palavras A cerimônia da kapparot ainda é santo, sacrifício, oferta e sangue ocorpraticada em Israel, como também rem com freqüência. Nele são daem todas as cidades do mundo nas das instruções específicas para o quais há uma expressiva população Rosh Hashanah e para o Yom Kipjudaica. pur, as principais festas sagradas,

Quando Jesus viveu neste mundo, o templo judeu ainda estava de pé em Jerusalém; os judeus daquela época traziam os seus sacrifícios até aquele local, conforme estava prescrito na lei. Na foto: maquete do templo.

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consideradas no calendário judaico como as datas mais importantes (cf. Lv 16 e 23). Embora a maioria dos judeus da “modernidade” sinta arrepios só de pensar na idéia de sacrifício de sangue, os judeus praticantes crêem que o ritual da kapparot possibilita o perdão. De fato, o derramamento de sangue é o único método de se lidar com o pecado. Boas obras não removem pecados hoje em dia, assim como não removiam pecados nos dias de Moisés. Quando Jesus viveu neste mundo, o templo judeu ainda estava de pé em Jerusalém; os judeus daquela época traziam os seus sacrifícios até aquele local, conforme estava prescrito na lei. Entretanto, judeus como o apóstolo João, um primo de Jesus, reconheceram Jesus como “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (Jo 1.29). Os apóstolos Pedro e Paulo, que também eram judeus, tinham consciência do fato de que os animais sacrificados tinham de ser perfeitos, sem mancha e sem defeito, e que a morte de Jesus foi o sacrifício definitivo que satisfez a Deus: “Sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo” (1 Pe 1.18-19). Paulo escreveu que Jesus foi aquele “a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação” [i.e., satisfação] (Rm 3.25); “no qual temos a redenção, pelo seu sangue,


dade espiritual, têm condição de cantar com gratidão e alegria este hino maravilhoso composto por William Cowper: Há uma fonte cheia do sangue que brota das veias de Emanuel; e todo pecador, banhado na torrente, está livre das manchas da culpa de réu.

Outro hino magnífico expressa o seguinte: O que pode lavar-me do pecado? Nada, exceto o sangue de Jesus.

Hoje em dia, algumas pessoas se esquivam de “Sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados pregar e ensinar sobre o do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo” (1 Pe 1.18-19). sangue. Mas se não fosse o sangue do Cordeiro de Deus, todos estaríamos, em vão, sacudindo frangos sobre nossas cabeças. a remissão dos pecados, segundo a ri- cados [...] Porque, com uma única Você já foi lavado pelo sangue do queza da sua graça” (Ef 1.7). Levou oferta, aperfeiçoou para sempre quan- Cordeiro? (Israel My Glory) tempo para que os judeus daquela tos estão sendo santificados” (Hb época aceitassem a mudança de um 10.4,14). O sangue de Jesus não era Steve Herzig é diretor dos ministérios norteamericanos de The Friends of Israel. sacrifício anual imperfeito para um mágico; sua composição física não sacrifício perfeito, realizado de uma era incomum. Porém, havia algo de vez por todas. O autor da carta aos extraordinário, exclusivo e santo na Hebreus expressou isso da seguinte Pessoa de Jesus. Ele era [e continua maneira: “Porque é impossível que o a ser] Deus-homem, nascido sem sangue de touros e de bodes remova pe- pecado, que viveu uma vida pura, sem mácula e impecável. O sangue de Cristo derramaRecomendamos: do na cruz foi o sacrifício oferecido de uma vez para sempre pelos meus pecados e pelos Notas: pecados do amigo 1. “Kapparot (Atonement) Ceremony”, publicado na edição eletrônica da revista Jewish leitor. Aqueles de Heritage Online Magazine, através do site Pedidos: 0300 789.5152 nós que, pela fé, jhom.com/calendar/tishrei/kapparot.www.Chamada.com.br html.Kapparot. aceitam essa ver-

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Implorando perdão do islamismo? Nesta era de ilusões, era previsível que isto aconteceria: Depois que 138 líderes muçulmanos escreveram, em novembro de 2007, uma carta aberta à Cristandade pedindo, aparentemente, coexistência pacífica e compreensão mútua, líderes que se proclamam cristãos e outras celebridades cristãs morderam a isca. A resposta ideal seria pesquisar suas próprias Bíblias, ajoelharse para suplicar que Deus lhes desse sabedoria e buscar o con-

selho de outros, principalmente daqueles que são especialistas em islamismo, história e perseguição da igreja em países muçulmanos. Em vez disso, alguns cristãos que vão na onda do mundo pediram desculpas pelas ações passadas e atuais de outros cristãos ao defenderem suas vidas e suas crenças contra as agressões e o terror islâmicos. Entre os mais de 100 teólogos, líderes ministeriais e famosos pastores que assinaram a carta esta-

Longe de tentar encontrar pontos em comum com os cristãos, os líderes muçulmanos estão, na verdade, usando as palavras de seu próprio “livro sagrado” para se proclamarem como os únicos monoteístas verdadeiros no mundo atual.

vam o ultraesquerdista Jim Wallis, presidente de Sojourners, Rick Warren, pastor principal da Igreja Saddleback e Leith Anderson, presidente da Associação Nacional de Evangélicos [dos EUA]. Como cristão, quero deixar claro que esses homens não falam por mim. Mais importante ainda: não creio que eles falam por Jesus. “Se pudermos estabelecer a paz religiosa entre essas duas comunidades religiosas, a paz no mundo será claramente mais fácil de se alcançar”, escreveram eles. Eles pediram diálogo inter-religioso para construir relações que “remoldarão” as duas comunidades para que “reflitam genuinamente nosso amor comum por Deus e uns pelos outros”. E eles pediram que os líderes muçulmanos perdoassem os cristãos por seus pecados – inclusive as Cruzadas e “os excessos da guerra contra o terrorismo”. Algumas dessas questões poderiam soar bastante comovedoras. Aliás, sem verdadeiro discernimento espiritual, a essência da carta aberta dos líderes muçulmanos poderia parecer um progresso genuíno no entendimento mútuo, digno de tal resposta contrita. Por exemplo, leia o verso do Corão que serviu como inspiração para os líderes muçulmanos em “Uma Palavra Comum Entre Nós e Vocês”. “Dize-lhes: Ó adeptos do Livro, vinde, para chegarmos a um termo comum, entre nós e vós: Comprometamo-nos, formalmente, a não adorar senão a Deus, a não Lhe atribuir parceiros e a não nos tomarmos uns aos

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Horizonte outros por senhores, em vez de Deus. Porém, caso se recusem, dize-lhes: Testemunhais que somos muçulmanos”. – Aal ’Imran 3:64

Soa bonito. Mas qualquer estudante do islamismo entenderia a mensagem real. O que ela significa? A chave é a terceira sentença: “caso se recusem, dize-lhes: Testemunhais que somos muçulmanos”. A palavra “muçulmano” quer dizer literalmente “aquele que se submete a Alá”. Em outras palavras, longe de tentar encontrar pontos em comum com os cristãos, esses líderes muçulmanos estão, na verdade, usando as palavras de seu próprio “livro sagrado” para se proclamarem como os únicos monoteístas verdadeiros no mundo atual. Embora os muçulmanos, é claro, tenham liberdade de crer nisso, isso dificilmente serve de base para um diálogo interreligioso e para a busca de pontos em comum. Examinando o verso no contexto, é óbvio que essa parte do Corão é pouco mais que uma argumentação com outros “adeptos do livro” – isto é, judeus e cristãos: 3:65: “Ó adeptos do Livro, por que discutis acerca de Abraão, se a Torá e o Evangelho não foram revelados senão depois dele? Não raciocinais?”. 3:66: “Vá lá que discutais sobre o que conheceis. Por que discutis, então, sobre coisas das quais não tendes conhecimento algum? Deus sabe e vós ignorais”. 3:67: “Abraão jamais foi judeu ou cristão; foi, outrossim, monoteísta, muçulmano, e nunca se contou entre os idólatras”. 3:68: “Os mais chegados a Abraão foram aqueles que o seguiram, assim como (o são) este Profeta e os que creram; e Deus é Protetor dos fiéis”.

3:69: “Uma parte dos adeptos do Livro tentou desviar-vos; porém, sem o perceber, não fez mais do que desviar a si mesma”. 3:70: “Ó adeptos do Livro, por que negais os versículos de Deus, conhecendo-os?”. 3:71: “Ó adeptos do Livro, por que disfarçais a verdade com a falsidade, e ocultais a verdade com pleno conhecimento?”.

Essa mensagem vem repetida em Lucas 12.51: “Cuidais vós que vim trazer paz à terra? Não, vos digo, mas antes dissensão”. Jesus não ensinou os crentes a buscarem pontos em comum com o mundo. Ele não nos ensinou a nos adaptarmos aos modos daqueles que O negam. Ele não nos ensinou a fazer concessões de nossa fé para buscar a paz. Contudo, Ele nos deu a ordem: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Marcos 16.15, ACF). Se os líderes cristãos de hoje querem paz, eles deveriam cuidar dos assuntos de seu Senhor, espalhando o Evangelho entre os muçulmanos e outros não-crentes, em vez de conduzirem diálogos interreligiosos com aqueles que mantêm os não-crentes na escuridão. (Joseph Farah, WorldNetDaily – extraído de www.juliosevero.com.br)

Essa parte do Corão, como a maioria das suas seções, dificilmente pode ser considerada um pedido para se encontrar pontos em comum. [Na realidade,] é uma denúncia contra o Judaísmo e o Cristianismo, um forte chamado à conversão. Aliás, isso é tudo o que ela é. Aos olhos do Islamismo ortodoxo, só há um jeito de judeus, cristãos e muçulmanos se darem bem – os judeus e os cristãos precisam parar de acreditar em mentiras, devem submeter-se ao Islamismo, tornar-se muçulmanos e aceitar o tratamento duro que merecem, vivendo como cidadãos muito inferiores (dhimmis) sob as ordens dos seguidores do Corão. De forma semelhante, é perverter a Bíblia presumir que os cristãos precisam buscar a paz acima da verdade. Não é nada parecido com o que Jesus pregou em Mateus 10, onde Ele declarou aos O jornalista árabe-americano Joseph Farah é crentes que eles seriam “odiados editor e presidente do site WorldNetDaily – por todos os homens por causa do www.WND.com – e autor de diversos livros. meu nome” (v. 22) – até mesmo dentro de nossas Recomendamos: próprias casas e famílias. “Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada”, Pedidos: 0300 789.5152 disse Jesus em www.Chamada.com.br Mateus 10.34.

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Ação da Inquisição Portuguesa no Brasil A intensa ação inquisitorial na Península Ibérica levou grande número de suspeitos cristãos novos[1] a buscar refúgio na América colonial. Pouco tempo bastou para que três tribunais religiosos fossem instalados: na cidade de Lima (Peru, 1570); México (1571) e em Cartagena de las Índias (Colômbia, 1610). Esses tribunais operaram até inícios do século 19 na busca de hereges, predominantemente cristãos novos, bruxas e suspeitos por conduta inconveniente (sodomia, blasfêmia e bigamia). Os réus, presos sem comprovação efetiva e submetidos à tortura, receberam sentenças nos “Autos de Fé”,

realizados em praças públicas. Alguns [foram condenados] à pena máxima, [a morte] na fogueira, efetivada pela justiça comum, determinada por sentença inquisitorial. O tema “Inquisição e Cristãos Novos” tem despertado a atenção de escritores e jornalistas, além de historiadores. Embora não fossem instalados tribunais no Brasil, dos 40.000 processos existentes no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Portugal, cerca de 1.200 eram de réus provenientes de várias capitanias brasileiras. Os processos da Inquisição Portuguesa constituem uma das mais ricas fontes para se estudar a sociedade

Os réus, presos sem comprovação efetiva e submetidos à tortura, receberam sentenças nos “Autos de Fé”, realizados em praças públicas. Alguns [foram condenados] à pena máxima, [a morte] na fogueira, efetivada pela justiça comum, determinada por sentença inquisitorial.

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brasileira, especialmente o cotidiano colonial, pouco estudado pela História Oficial. Os registros secretos dos notários da Inquisição – abertos ao público, no final do século 19 – compostos de exaustivas descrições manuscritas, permitem revelar, além dos aspectos políticos e econômicos, a sociedade, os costumes, a moral e a religiosidade colonial luso-brasileira. Dos processos existentes no arquivo português, cerca de 90% são de cristãos novos, sentenciados como “hereges judaizantes”. Convertidos à força ao catolicismo no ano de 1497, por D. Manoel, rei de Portugal, os cristãos novos – descendentes de judeus sefaraditas, eram acusados de praticantes secretos da religião judaica. Pesquisas históricas informam que o cristão novo, que, no Brasil, aportou desde o início da exploração e colonização da terra, era elemento pouco ligado à religião. Veio fugindo da perseguição que lhe movia a Inquisição, em Portugal. Presentes em diversas capitanias, iniciaram dispersão espacial assim que os “Visitadores do Santo Ofício” chegaram às capitanias nordestinas, em fins do século 16. Os visitadores eram bispos encarregados de fiscalizar, inquirir, registrar denúncias, prender e encaminhar os infratores da religião católica para Lisboa. Judaizantes, luteranos, islamitas, feiticeiros, bígamos, blasfemos e sodomitas eram os principais suspeitos. Além dos visitadores, os “Familiares do Santo Ofício” (procedentes de vários grupos sociais) fiscalizavam e denunciavam “hereges” e os que agiam contra os princípios da “moral e dos bons costumes”. Nomes de família como Pinheiro, Oliveira, Nogueira, Silva e Pereira não comprovam origem judaica de cristãos novos, pois grande número de velhos cristãos traziam esses sobrenomes. Da pesquisa emerge uma variedade de nomes, além dos citados: Rodrigues, Mendes, Castro, Telles, Costa,


Horizonte Monforte, Dias, Paredes, Nunes, Franco, Montarroio e outros, registrados na documentação inquisitorial[2]. Embora a endogamia fosse comum entre os cristãos novos portugueses, no Brasil, era comum a união com índias e negras, resultando grande número de mestiços da origem. Nas primeiras décadas do século 18, povoadores de várias regiões, especialmente as do Nordeste brasileiro, transferiram-se para a Capitania do Rio de Janeiro, onde, em terras de Minas Gerais, se efetivava a exploração do ouro. A cidade fluminense, porto oficial da saída do metal e entrada de mercadorias, apresentava-se economicamente agitada, o que levou a coroa portuguesa a reforçar o sistema mercantilista, controlando, diretamente, o movimento comercial, em especial o do abastecimento de gêneros de subsistência às regiões mineradoras. O período foi marcado por grande número de denúncias de cristãos novos à Inquisição.[3] A maioria foi presa e encaminhada ao Tribunal de Lisboa. A leitura dos processos revelou senhores de engenho, exploradores de minas, contratadores, comerciantes, clérigos, advogados e outros profissionais envolvidos na vida econômica, administrativa e social lusobrasileira, acusados de judaizantes. No Rio de Janeiro, em vista das prisões de expressivos agentes, negócios foram desfeitos, sociedades comerciais estancadas e congelados ficaram os bens e as dívidas dos denunciados. A Inquisição determinava o seqüestro de bens dos acusados por práticas judaizantes. A paralisação dos negócios, estancando a economia luso-portuguesa, levou o Marquês de Pombal, ministro real, a promulgar, em 1751, decreto que limitava o poder da Inquisição, buscando com a medida o reerguimento da nação portuguesa, encorajando a burguesia para empreendimentos ousados. Pelo decreto real,

não mais se permitiriam execuções e Autos de Fé no reino português. Em 1768, para desalento dos historiadores, o ministro ordenou que as velhas listas de tributos, onde constavam nomes dos cristãos novos contribuintes, fossem destruídas. Logo depois, Pombal proibiu a distinção entre cristãos velhos e cristãos novos, na linguagem escrita e falada. Aos contraventores seriam aplicadas penas de deportação e confisco de bens. Essas medidas, além de estimular os negócios, amenizaram os conflitos entre os cristãos velhos e cristãos novos, existentes no reino. No Brasil, os cristãos novos não constituíam grupo compacto e separado da comunidade nacional. As prisões na primeira metade do século 18, embora estancassem negócios, não conseguiram separar e excluir os conversos da sociedade colonial, mesmo quando judaizavam. Embora estereótipos insistam em colocar os cristãos novos exclusivamente nos negócios comerciais, eles eram encontrados em diversas outras atividades: nos engenhos, nas plantações de subsistência, nas minas, ligados à caça ao índio no sertão e, ainda, na condição de “desocupados”. Posicionaram-se, inclusive, como clérigos de diferentes ordens religiosas. Ocuparam cargos públicos, legalmente proibidos pelos “Estatutos de Pureza de Sangue”, que também funcionavam no Brasil. A ação do Santo Ofício da Inquisição tem sido interpretada por estudiosos, da seguinte maneira: os que justificam sua ação, ou seja, que defendem que o cripto-judaísmo foi uma realidade e o Tribunal agia de acordo com as contingências e os padrões religiosos da época; e os que afirmam que a Inquisição – instrumento do poder – ao cercear os cristãos novos, buscava impedir a ascensão da burguesia de origem judaica. Esta última assertiva, emitida por Antônio José

Saraiva, conclui que os inquisidores utilizaram a religião como pretexto para encobrir o verdadeiro motivo da perseguição: a “luta de classe”.[4] A professora Anita Waingort Novinsky, da Universidade de São Paulo, endossando as idéias de Saraiva, aponta que as fontes inquisitoriais devem ser analisadas com muito cuidado. Segundo a historiadora, o processo inquisitorial reflete a opinião do grupo que está no poder e atua, portanto, na manutenção da velha estrutura e com a “marca dos preconceitos que esse grupo queria encontrar nos perseguidos”.[5] Não se deve esquecer que as “confissões” eram obtidas sob tortura física. Embora não chegue a negar a existência do cripto-judaísmo, Novinsky declara que, desde o século 17, a Inquisição portuguesa lutava contra uma realidade que não era mais a religião judaica, mas uma força de oposição. A perseguição virulenta dos inquisidores tinha transformado o cristão novo em um homem de conflitos, que vivia num mundo cristão, sem ser aceito e identificado com a religião judaica, sem sequer a conhecer. Para a historiadora, a secular perseguição havia conduzido o cristão novo a elemento de oposição da estrutura vigente. (extraído de www.morasha.com.br) Notas: 1. Judeus convertidos compulsoriamente ao catolicismo, em terras da Espanha e Portugal. 2. Flávio Mendes de Carvalho, Raízes Judaicas no Brasil: Arquivo secreto da Inquisição. São Paulo, Nova Arcádia, 1992. 3. A historiadora Lina Gorenstein F. da Silva informa que 30% da população do Rio de Janeiro, no período, era de cristãos novos. In: Heréticos e Impuros. Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura, 1995. 4. Antonio José Saraiva. A Inquisição e cristãos novos. Lisboa, Ed Inova, 1968 5. Novinsky, Anita. Os cristãos novos na Bahia. São Paulo: Ed. Perspectiva, 1972. Rachel Mizrahi é autora de A Inquisição no Brasil: Miguel Telles da Costa. O capitão judaizante de Paraty. (2ª Ed., no prelo) e Imigrantes no Brasil: Os judeus. São Paulo: Lazuli/Ed. Nacional, 2005.

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Reprovado pela fé

Fuga do paraíso

Maradona pirou

Uma Corte Rabínica de Israel, detentora do monopólio de aprovar conversões ao judaísmo, reprovou um candidato por ter declarado acreditar que o Messias é o Lubavitcher Rebbe – Rav Menachem Mendel Schneerson, falecido em 1994. O jovem é um imigrante russo, que não era judeu segundo as leis ortodoxas, e fez o curso de preparação, comparecendo perante a corte de terno, chapéu e tzitzit (franjas rituais). O imigrante foi trazido ao judaísmo pelo movimento Lubavitch (Beit Chabad). O professor Biniamin Ish Shalom declarou à imprensa israelense que os rabinos da banca tinham uma primeira impressão favorável ao pretendente, mas ao perguntarem sobre o Messias, o examinado afirmou que lhe foi ensinado que era o Rebbe. Após esta resposta, um dos examinadores recusou-se a aceitar a conversão. (extraído de “Notícias da Rua Judaica”)

A Agência Judaica promoveu uma “operação secreta” para retirar 40 famílias judias iranianas, a maioria de Teerã. Para despistar a saída, os viajantes fizeram uma parada intermediária em pais não divulgado. No aeroporto israelense David Ben Gurion (Tel Aviv), dezenas de familiares se aglomeraram para saudar parentes que não viam há muitos anos. Atualmente residem no Irã cerca de 25 mil judeus, e seu líder comunitário, Ciamak Morsathegh, prevendo represálias do governo de Mahmoud Ahmadinejad, prontamente desmentiu que estes viajantes tenham saído do Irã. Ciamak acrescentou que os judeus vivem livremente no Irã e que os imigrantes evitaram mostrar o rosto ao chegar a Israel, pois não são iranianos. Diante desta declaração, fica evidente que para os judeus, assim como para as mulheres iranianas, para os oponentes do regime dos Aiatolás e tantos outros segmentos minoritários, o Irã é um autentico “paraíso”. (extraído de “Notícias da Rua Judaica”)

Causou profunda indignação na comunidade judaico-argentina a declaração do ex-jogador Diego Maradona, por diversas vezes mergulhado no mundo das drogas e tóxicos, que deseja conhecer pessoalmente a Mahmoud Ahmadinejad, o presidente do Irã. A onda de protestos a esta declaração também atingiu o governo argentino que tenta, inutilmente, conseguir que Ahmadinejad entregue à justiça argentina os acusados iranís de terem participado na explosão da AMIA em 1994, que matou 85 argentinos e feriu a mais de 300. O presidente da DAIA, a entidade política maior do judaísmo argentino, Jorge Kirszenbaum, afirmou que a comunidade judaica estava enojada com Maradona e debitou as palavras do jogador a um ato de frivolidade e irreflexão. (extraído de “Notícias da Rua Judaica”)

Muitos adeptos do Beit Chabad crêem que o Lubavitcher Rebbe, Menachem Mendel Schneerson, falecido em 1994, é o Messias.

Maradona causa nojo na comunidade judaico-argentina.

Calorosa recepção dos judeus iranianos no Aeroporto Ben Gurion.

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