Notícias de Israel - Ano 29 - Nº 11

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BETH-SHALOM

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Novembro de 2007 • Ano 29 • Nº 11 • R$ 3,50

William Blackstone eo

Sionismo Cristão pág. 12



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Prezados Amigos de Israel

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Jerusalém, Jerusalém!

Notícias de

ISRAEL É uma publicação mensal da “Obra Missionária Chamada da Meia-Noite” com licença da “Verein für Bibelstudium in Israel, Beth-Shalom” (Associação Beth-Shalom para Estudo Bíblico em Israel), da Suíça. Administração e Impressão: Rua Erechim, 978 • Bairro Nonoai 90830-000 • Porto Alegre/RS • Brasil Fone: (51) 3241-5050 Fax: (51) 3249-7385 E-mail: mail@chamada.com.br www.chamada.com.br Endereço Postal: Caixa Postal, 1688 90001-970 • PORTO ALEGRE/RS • Brasil Fundador: Dr. Wim Malgo (1922 - 1992) Conselho Diretor: Dieter Steiger, Ingo Haake, Markus Steiger, Reinoldo Federolf Editor e Diretor Responsável: Ingo Haake Diagramação & Arte: Émerson Hoffmann

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William Blackstone e o Sionismo Cristão

Assinatura - anual ............................ 31,50 - semestral ....................... 19,00 Exemplar Avulso ................................. 3,50 Exterior: Assin. anual (Via Aérea)... US$ 35.00 Edições Internacionais A revista “Notícias de Israel” é publicada também em espanhol, inglês, alemão, holandês e francês. As opiniões expressas nos artigos assinados são de responsabilidade dos autores. INPI nº 040614 Registro nº 50 do Cartório Especial

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HORIZONTE • Israel na vanguarda tecnológica - 14 • “Hatikva!, canto de esperança - 18 • Naftali Herz Imber, o autor de “Hatikva” - 19

O objetivo da Associação Beth-Shalom para Estudo Bíblico em Israel é despertar e fomentar entre os cristãos o amor pelo Estado de Israel e pelos judeus. Ela demonstra o amor de Jesus pelo Seu povo de maneira prática, através da realização de projetos sociais e de auxílio a Israel. Além disso, promove também Congressos sobre a Palavra Profética em Jerusalém e viagens, com a intenção de levar maior número possível de peregrinos cristãos a Israel, onde mantém a Casa de Hóspedes “Beth-Shalom” (no monte Carmelo, em Haifa).


A última das sete festas do Senhor é a Festa dos Tabernáculos, cuja data é determinada pelo ciclo lunar do calendário bíblico. Neste ano, segundo nosso calendário, a festa caiu no final de setembro e início de outubro. Sua duração é de oito dias e há muitos anos tornou-se uma boa oportunidade de realizar festivais e outras programações populares em Israel. Na mídia também aparecem contribuições sobre as origens bíblicas e tradicionais da festa. Num programa de rádio, um rabino disse que a Festa dos Tabernáculos seria a única das sete festas bíblicas que não está relacionada com um milagre. Quando ouvi essa afirmação, logo percebi que ela não era correta. Conforme Levítico 23.43, Deus ordenou que os israelitas comemorassem essa festa para não esquecerem que tinham habitado em tendas durante sua peregrinação no deserto, após sua saída do Egito. Aparentemente, esse tempo de peregrinação no deserto tinha sido muito importante aos olhos de Deus. Por isso, Ele voltou a lembrá-la aos israelitas, para que não esquecessem Sua bondade. Pouco antes de sua morte, Moisés disse estas palavras de Deus: “Quarenta anos vos conduzi pelo deserto; não envelheceram sobre vós as vossas vestes, nem se gastou no vosso pé a sandália” (Deuteronômio 29.5). Será que a sobrevivência no deserto não foi um grande milagre? Na verdade, os israelitas só puderam sobreviver porque Deus cuidou deles, protegendo-os durante o dia com uma nuvem e com a coluna de fogo durante o frio da noite. Do ponto de vista profético, essa ação de Deus com Seu povo da Antiga Aliança também tem um maravilhoso significado para o povo da Nova Aliança. Paulo compara a vida terrena dos crentes com a habitação em um tenda, ou tabernáculo: “Sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos da parte de Deus um edifício, casa não feita por mãos, eterna, nos céus” (2 Coríntios 5.1). Provavelmente, ao utilizar a palavra “tabernáculo” para descrever a vida temporal e passageira, Paulo pensou nas tendas em que os israelitas habitaram até sua entrada na Terra Prometida. Nossa vida também é, em certo sentido, uma peregrinação através de um terrível deserto, até finalmente chegarmos às fronteiras da “terra prometida”. Do mesmo modo como os israelitas

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naquele tempo, corremos o perigo de murmurar contra Deus quando enfrentamos dificuldades, ao invés de enfrentá-las na fé. Por isso, é importante relembrarmos sempre daquilo que Ele fez por amor a nós. Assim, permaneceremos firmes na fé e não começaremos a duvidar da Sua bondade e dos Seus cuidados. Por ser extremamente importante não esquecer da bondade de Deus, antes de sua morte Moisés voltou a exortar insistentemente o povo de Israel com estas palavras: “Tão-somente guarda-te a ti mesmo e guarda bem a tua alma, que te não esqueças daquelas coisas que os teus olhos têm visto, e se não apartem do teu coração todos os dias da tua vida, e as farás saber a teus filhos e aos filhos de teus filhos” (Deuteronômio 4.9). Quantas vezes o Senhor realizou Suas maravilhosas promessas em nossa vida, nos guardou e conduziu através do “deserto” da vida terrena! Por isso, Ele nos exorta a não esquecermos o que Ele tem feito de bom. Unido com vocês nessa constante lembrança do profundo amor e da grande bondade de Deus, saúdo com um sincero Shalom!

r Fredi Winkle


ISRAEL É O PRINCIPAL ASSUNTO DA BÍBLIA, ocupando a maior parte de suas páginas. As muitas profecias referentes ao seu passado, presente e futuro são vitais para a compreensão da Palavra de Deus. Infelizmente, elas são ignoradas, anuladas por “explicações teológicas” ou simplesmente rejeitadas pela vasta maioria dos cristãos professos, grande parte dos quais insiste que Israel foi substituído pela Igreja. Contudo, Jeremias declara que Israel jamais deixará “de ser uma nação” (Jeremias 31.35-37). Paulo, em apenas um sermão, refere-se três vezes a Israel como uma entidade ininterrupta (Atos 13.17,23,24). Sobre as doze portas da Jerusalém celestial estão escritos os nomes das “doze tribos dos filhos de Israel” (Apocalipse 21.12) – portanto, as dez tribos não se perderam, de modo algum! Juntem-se a isso os nomes dos “doze apóstolos do Cordeiro”, nos fundamentos da cidade (Apocalipse 21.14). Ignorando isso, a “teologia da substituição” é uma das várias doutrinas católicas romanas adotadas por Lutero, Calvino e outros grandes reformadores, sendo aceita por muitos como teologia da Reforma. Jesus Cristo, o Salvador e Redentor de todos os que nEle crêem, é, sem dúvida, o assunto mais

importante das Escrituras – contudo, sem Israel, não existiria um Salvador. Jesus é um judeu, descendente de Abraão, Isaque e Jacó, através do rei Davi, o que Lhe dá o direito de governar Israel e o mundo. Ele nasceu em Israel, ali viveu todos os seus dias terrenos e (com algumas exceções) ministrou exclusivamente aos judeus, conforme Mateus 15.24: “Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel”. Ele ordenou aos Seus discípulos: “Não tomeis rumo aos gentios, nem entreis em cidade de samaritanos; mas, de preferência, procurai as ovelhas perdidas da casa de Israel” (Mateus 10.5-6). Após a Cruz e a Ressurreição, porém, Ele ordenou: “Ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mateus 28.19 e Marcos 16.15). Mesmo assim, o Evangelho continua sendo “primeiro do judeu e também do grego” (Romanos 1.16). Em outros artigos, temos visto que a inacreditável vastidão do espaço torna impossível a penetração das fronteiras do Cosmo, quer seja por naves ou pelo rádio. Como é assombroso, portanto, que o Criador tenha escolhido um minúsculo planeta e uma pequena cidade do mesmo para ser permanentemente o centro do Universo! Ignorando milhares de cidades maiores, com bele-


Ignorando milhares de cidades maiores, com belezas e recursos naturais superiores, Deus escolheu Jerusalém, dizendo: “[nela] porei o meu nome para sempre” (2 Reis 21.7 e 2 Crônicas 33.7). Na foto: a Porta de Damasco, em Jerusalém.

zas e recursos naturais superiores, Deus escolheu Jerusalém, dizendo: “[nela] porei o meu nome para sempre” (2 Reis 21.7 e 2 Crônicas 33.7). Deus declarou que nos últimos dias Ele faria de Jerusalém “uma pedra pesada para todos os povos” (Zacarias 12.3). Para que isso se tornasse realidade, deveria existir uma organização mundial. A ONU foi formada em 1945, a tempo de votar que Israel voltasse à existência, após 1.800 anos de destruição e dispersão. E Jerusalém tornou-se um peso tão grande que a ONU tem gasto um terço do seu tempo debatendo e condenando Israel, uma nação minúscula que representa apenas 1/1.000 da população mundial. Finalmente, a III Guerra Mundial será travada por causa de Jerusalém, quando os exércitos do Anticristo buscarem frustrar os planos de Deus para Israel, na tentativa de completar a última “solução final do problema judeu” de Hitler, com a destruição de Israel e de todos os judeus do mundo inteiro.

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Duas vezes na Bíblia Jerusalém é chamada “cidade do nosso Deus” (Salmo 48.1,8); duas vezes, “cidade de Deus” (Salmo 46.4 e Salmo 87.3); oito vezes, “santa cidade” ou “cidade santa” (Neemias 11.1; Isaías 48.2; Isaías 52.1; Mateus 4.5; etc.). Deus decretou que jamais existirá uma cidade igual a Jerusalém! Ela é mencionada 811 vezes na Bíblia e nenhuma vez no Corão, revelando a mentira de que Jerusalém sempre foi sagrada para os muçulmanos. Somente após o renascimento de Israel como nação, essa falsa alegação foi inventada para justificar os ataques islâmicos contra Israel como uma “potência ocupadora”. Os EUA, a ONU, a União Européia (UE) e outros países aceitam essa mentira como base para uma “paz” que pretendem impingir a Israel com os vizinhos muçulmanos, os quais estão determinados a destruir o Estado judeu. Toda a história de Jerusalém, inclusive sua destruição (em 70 d.C.) e sua restauração “nos últimos dias”, foi predita pelos profetas hebreus e por Jesus Cristo:

“Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada” (Mateus 24.2) –“...esta cidade será reedificada... Jerusalém jamais será desarraigada ou destruída” (Jeremias 31.38-40). Ainda em processo de realização, em face da ferrenha oposição do mundo e de Satanás, a caminhada rumo ao cumprimento das profecias de restauração (nenhuma delas podendo ser aplicada à Igreja) é a maior prova que Deus dá de Sua existência e de que a Bíblia é a Sua Palavra infalível – uma prova vital que a “teologia da substituição” rejeita. Que os cristãos queiram negar os propósitos divinos para Israel é algo além da possibilidade de compreensão. Igualmente inacreditável é que, através da história, Israel tenha rejeitado o Senhor Deus e as bênçãos que Ele lhe daria. Essa rebelião tem persistido, apesar das espetaculares demonstrações do poder e da proteção de Deus: a divisão do Mar Vermelho; a direção através de uma coluna de fogo à noite e uma nuvem de dia; a água brotando da rocha; o maná fresco diário; o fato de escutarem Deus falando com voz audível; a queda dos muros de Jericó, a miraculosa derrota dos exércitos muito superiores ao seu próprio exército, etc. Essa indesculpável descrença continua ainda hoje por parte da maioria dos judeus, no mundo inteiro, bem como também na Igreja. A vasta maioria dos judeus continua rejeitando Cristo como o seu Messias, apesar do cumprimento de centenas de profecias, as quais comprovam a Sua identidade messiânica, além de qualquer disputa.


nir os teus filhos, como a galinha ajunta os do seu próprio ninho debaixo das asas, e vós não o quisestes!” (Lucas 13.34). O Novo Testamento registra apenas um exemplo de Cristo chorando sobre Jerusalém. Então, como pôde Ele dizer que havia chorado sobre Jerusalém vezes sem conta? Obviamente, Ele estava afirmando ser o Deus de Israel, o qual tinha enviado continuamente os Seus profetas: “...começando de madrugada, vos enviou o SENHOR todos os seus servos, os profetas... Todavia, não me destes ouvidos, diz o SENHOR...” (Jeremias 25.3-7). Quanto à teologia da substituição: sim, existem muitas semelhanças entre Israel e a Igreja: ambos são chamadas povo “eleito” de Deus (Isaías 45.4; Mateus 24.31; 1 Pedro 1.2); ambos são chamadas povo Através da história, Israel rejeitou o Senhor Deus e as “peculiar” separado bênçãos que Ele lhe dava: a divisão do Mar Vermelho; a direção através de uma coluna de fogo à noite e do mundo (Levítico uma nuvem de dia; a água brotando da rocha. 20.24-26; Deuteronômio 14.2; Tito 2.14; 1 Pedro 2.9); ambos seriam odiados e perseguidos pelo mundo (até a morte) (Salmo 119.161; Salmo 143.3; Mateus 24.9; João 15.20; João 17.14); ambos seriam chamados à santidade (Levítico 20.7; 1 Pedro 1.15). Existem, contudo, muitas diferenças: a Israel são prometidos um país e uma cidade nesta terra; à Igreja é prometido um lar no céu. Israel será

Conforme predisseram os seus próprios profetas, o Messias veio e tem sido rejeitado pelo Seu povo e pelo mundo. Além do mais, eles se juntam aos heréticos teólogos da substituição, recusando-se a reconhecer a mão de Deus em preservar os judeus como um povo étnico identificável, e em levá-los de volta à sua terra, após 2.500 anos de dispersão. Nada pode exemplificar melhor o apaixonado desejo divino de abençoar Israel e sua determinada rejeição dEle e das bênçãos que deseja outorgar-lhe, do que o angustioso lamento de Cristo sobre Jerusalém. Contemplando a cidade de Deus do Monte das Oliveiras, Jesus chorou sobre ela: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes quis eu reu-

governado por Cristo; a Igreja governará Israel e o mundo junto com Ele. Dois terços de todos os judeus na terra serão mortos sob o Anticristo; a Igreja não estará na terra nesse tempo, pois será unida a Cristo nas bodas realizadas no céu (Apocalipse 19.7-8). Israel reconhecerá Cristo pela primeira vez no tempo de Sua Segunda Vinda; a Igreja chegará do céu com Ele, em triunfo (Zacarias 14.4-5 e Judas 14), como Sua noiva, para nunca mais deixá-lO. Israel tem permanecido quase sempre em total descrença, até mesmo nos dias de Moisés (Salmo 81.8-13), enquanto a Igreja foi fiel no princípio e cairá na apostasia somente “nos últimos dias” (Atos 20.29-30 e 2 Tessalonicenses 2.3). Apesar da queixa de que os israelitas não merecem estar na terra de Israel por causa de sua rebeldia e rejeição a Cristo, sua descrença não é pior hoje do que no princípio, quando Deus trouxe o Seu povo à terra, sob o comando de Josué. A caminho da Terra Prometida, Israel se rebelou constantemente e adorou os ídolos, até mesmo sob Moisés. Israel abandonará a apostasia, em completa transformação e restauração nesta terra (Ezequiel 3637), enquanto a Igreja mergulhará cada vez mais na apostasia, até a hora do Arrebatamento (Atos 20.29-31; 2 Tessalonicenses 2.3; Judas 3-4) e somente será aperfeiçoada no céu. Israel já tem resvalado desde o princípio; a Igreja começou bem, mas está em processo de queda, à medida em que vai aumentando a apostasia, nos últimos dias. Em minhas recentes reuniões, em muitos lugares através da Inglaterra, uma grande porcenta-

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gem dos que as assistiam havia fugido de igrejas apóstatas. Assim como Israel, com a idolatria, adotava deuses das nações ao seu redor, também a Igreja, através do crescente Movimento Ecumênico, tem abraçado falsas doutrinas. Os ingleses, cujos antepassados permaneceram firmes contra as hediondas heresias de Roma, apesar do fogo e da espada, agora se vangloriam de sua união com a prostituta da Babilônia. Enquanto estive na Inglaterra, pensei constantemente em Hugh Latimer e Nicolas Ridley, os quais, em 1555, foram amarrados à mesma estaca, em Oxford, por terem se recusado a aceitar a suposta “transubstanciação” da hóstia no corpo literal de Cristo. À medida em que cresciam as chamas, Latimer exclamava: “Fique confortado, mestre Ridley, e seja corajoso. Hoje, pela graça de Deus, vamos brilhar como uma candeia na Inglaterra, a qual confio que jamais será apagada”. Tragicamente, [hoje] essa chama é quase invisível. A Reforma do século 16, que transformou a Inglaterra e a Europa, é agora repudiada pela vasta maioria dos cristãos e líderes eclesiásticos.

A Gruta de Lourdes, na França.

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Billy Graham diz que suas crenças são basicamente as mesmas dos católicos romanos ortodoxos. Ele afirma que a missa é o “evangelho correto e legítimo” e se vangloria de que a Igreja Católica Romana lhe deu as boas-vindas, em toda parte onde foi. Chuck Colson, um arquiteto do ECT (Evangélicos e Católicos Juntos), defende a união com Roma e assiste à missa em companhia de sua esposa católica romana. Rick Warrren, James Dobson e outros que conhecem tão bem o Evangelho, trabalham com os católicos, enquanto suas igrejas deixam de admoestar que o Catolicismo é um caminho rumo ao inferno. Como eu gostaria de ver esses homens visitando Lourdes, na França (onde minha esposa Ruth e eu estivemos há algum tempo), sem ficar mortificados no espírito e afligidos em suas consciências. Nossos corações ficaram abalados por causa das milhares de pobres pessoas iludidas que chegam a Lourdes, diariamente, em fluxos contínuos, muitas delas em cadeiras de rodas ou sobre muletas. À medida que a enorme fila se movimenta vagarosamente pela gruta, onde “Maria” apareceu a Bernadete, em 1858, muitas mãos se levantam para acariciar as paredes, esperando cura e bênção. Alguns ficam recitando baixinho, em suspiros, a “Oração a Nossa Senhora de Lourdes”: “Ó Virgem Maria, Mãe de Misericórdia, vós sois o refúgio dos pecadores, a saúde dos enfermos e o conforto dos aflitos...

Pela vossa aparição na Gruta de Lourdes, vós a transformastes num privilegiado santuário, onde vossos favores são dados ao povo que a ele acorre, do mundo inteiro... Então, venho até vós, com ilimitada confiança... Atendei, ó Mãe amorosa, minhas petições...”. Mãe de Misericórdia... Refúgio dos pecadores... Vossa glória...? Quanta blasfêmia! Essa “Maria” católica é a figura dominante em toda parte para onde nos voltamos em Lourdes. Jesus só aparece como um bebê em seus braços (até mesmo no céu), pendurado na cruz ou morto em seu regaço, aos pés da cruz. Na catedral principal, por trás do altar, está pendurada uma enorme “Maria”, com estas palavras: “A Jesus por Maria”. Jesus é reconhecido como Mediador com Deus, porém “Maria” seria o único caminho para Jesus! Não se vê qualquer exaltação a Jesus. Sobre as centenas de pedras com as quais a catedral foi construída, encontram-se gravados louvores e orações a “Maria”. Multidões de almas iludidas, carregando velas de todos os tamanhos (adquiridas na vizinhança, a preços variados), andam, depois de passarem pela gruta, em duas fileiras para o local onde as velas devem ser colocadas, acendendo umas nas outras, as quais se juntam numa fogueira contínua. Milhares dessas velas queimam simultaneamente, dia e noite, com a cera líquida escorrendo para caixas de metal, as quais são substituídas várias vezes por dia, sendo levadas de volta à fábrica, a fim de serem recicladas em muitas outras velas, para renderem mais dinheiro à igreja. Em cada seção, por so-


que morreram na in- coração de Deus – que deveria vasão de junho de tocar os nossos. O Pai sofre por 1944, a qual libertou a este mundo, quer seja pela rejeiEuropa. Cada marco ção de muitos séculos do Seu traz o nome, a paten- amor pelos escolhidos, os jute, a corporação e a deus, ou pela apostasia da igreja data da morte do sol- “cristã” de hoje, ou pelos perdidado. Incapaz de su- dos que torcem os seus narizes portar tanto horror, diante de Sua oferta de perdão e comecei a soluçar in- vida eterna em Sua presença. Essa “Maria” católica é a figura dominante em toda parte para onde nos voltamos em Lourdes. Jesus controlavelmente, Oremos para que um verdasó aparece como um bebê em seus braços (até com o coração pesadeiro arrependimento ainda almesmo no céu), pendurado na cruz ou morto em seu regaço, aos pés da cruz. do, indagando: “Se- cance a Igreja e o mundo, a nhor, por que fizeste fim de alegrar o coração do Pai, e o homem? Tu sabias que Cristo possa ver “o fruto do bre as velas, estão escritas estas todo o mal que disso resultaria. O penoso trabalho de sua alma” (palavras, em várias línguas: “Esta que significam essas cruzes? Isaías 53.11) e ficar satisfeito. luz prolonga a minha oração”. Quantos desses homens criam em Escutamos o lamento ininterOs devotos seguidores de Cristo, que morreu pelos pecados rupto: “Jerusalém, Jerusalém!”, “Maria” podem ainda encomen- deles?” ecoando através dos séculos, apedar missas pagas a serem rezadas Aqui e ali se encontrava uma sar dos judeus e dos gentios terem na “intenção” de alguém, em estrela de Davi, em mármore crucificado o Messias nessa cidaqualquer parte do mundo. Fora branco. Um número surpreenden- de. Agora Ele chora pelo mundo da área delimitada, as ruas da ci- te dessas lápides não tinha nomes, inteiro. Que nós, como enviados dade são margeadas por lojas, cu- mas apenas a explicação: “Aqui de Sua compaixão, façamos todo jas caixas registradoras estão con- jaz em honorável glória um cama- o possível para resgatar tantos tinuamente tilintando com as rada de armas, conhecido apenas quantos pudermos, antes que seja, vendas de indulgências, crucifixos por Deus”. Pensei em tantos que para sempre, tarde demais! (TBC) e todos os tipos de materiais sa- não estavam descansando, mas grados que a igreja tenha imagi- em eterna agonia, nas chamas do nado como veículos das bênçãos inferno. E novamente, com o peida “Virgem”, cada um a seu pre- to sufocado, soluçando irreprimi- Dave Hunt é autor e conferencista mundialmente conhecido. Ele escreveu mais de 25 ço. Entre os mais vendidos estão velmente, sussurrei, vezes sem livros com tiragem total acima de 4.000.000 de exemplares. Dave Hunt faz muitas paas garrafas plásticas de variados conta: “Senhor, por quê?” lestras nos EUA e em outros países, sendo tamanhos, com a figura da “VirEu sabia que Deus criou o ho- também freqüentemente entrevistado no rágem Maria”, nas quais será colo- mem para outorgar amor e bên- dio e na televisão por causa das suas profundas pesquisas em áreas como misticiscada a água da fonte sagrada. ção sobre ele. Este mundo mau mo oriental, fenômenos psíquicos, seitas e A apostasia de Israel, inclusive de hoje não é o que Deus criou e ocultismo. a adoração aos ídolos, não era Ele não pode ser pior do que as práticas de Roma, culpado disso. às quais os evangélicos têm aderi- Este é o mundo Recomendamos: do, na parceria ecumênica. O feito pelo homundo inteiro, e também a Igre- mem, em desafio ja, encontra-se em rebelião contra ao Deus CriaDeus. A prova dessa rebelião é dor, tentando vista em toda parte. agir como sendo Em um cemitério da Norman- o seu próprio dia, fiquei de coração partido ao Deus. ver as fileiras de mais de 9.000 Meus soluços Pedidos: 0300 789.5152 cruzes de mármore branco, mar- foram apenas um www.Chamada.com.br cando os túmulos dos homens eco do próprio

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William

Blackstone

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Sionismo Cristão > > > > THOMAS ICE

Em seu livro A Place Among The Nations: Israel and the World [Um Lugar Entre as Nações: Israel e o Mundo], [o ex-primeiro-ministro israelense] Benjamin Netanyahu identifica o americano William Blackstone como um dos exemplos mais notáveis de cristão sionista. Netanyahu comenta que “tal atividade cristã precede o moderno Movimento Sionista em, pelo menos, meio século”.1 (Na realidade, há registro de Sionismo Cristão já no fim de 1500 na Inglaterra).2 Os primeiros cristãos sionistas eram conhecidos como restauracionistas, visto que desejavam uma restauração dos judeus à terra de Israel. O nome de William Blackstone é muito estimado pelos judeus sionistas, a ponto

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do Estado de Israel ter dado o nome de Blackstone a um bosque, a fim de homenageá-lo pelos esforços iniciais para influenciar outras pessoas em favor da reconstituição da nação de Israel.

O Começo do Movimento Com Blackstone Blackstone nasceu em Adams, Estado de Nova York, no ano de 1841 e foi criado num ambiente familiar de metodistas fervorosos, onde se tornou crente em Cristo com onze anos de idade.3 Quando se casou, Blackstone mudou-se para Oak Park, Estado de Illinois, na região de Chicago, e foi muito bem sucedido como homem de negó-

cios, tornando-se um magnata do ramo imobiliário. “Em 1878, ele participou da Conferência de Niagara, cujo tema era o retorno dos judeus à Palestina, na qual decidiu tornar-se um corajoso restauracionista”.4 Apesar de ser metodista, passou a empreender esforços em prol do restabelecimento do Estado de Israel, motivado por sua visão dispensacionalista da profecia bíblica. “Blackstone passou a ser um colaborador pessoal de líderes pré-milenistas, tais como, D. L. Moody, James H. Brookes e Horatio Spafford, este que, por fim, fundou a colônia americana em Jerusalém”.5 Blackstone, um incansável estudioso autodidata da Bíblia e da teologia, continuou a desenvolver seu


interesse por aquilo que a Bíblia ensina acerca de Israel. À semelhança de muitos crentes em Cristo que possuem esse mesmo interesse, foi levado a empreender esforços para pregar o Evangelho ao povo judeu. Em 1887, fundou a Chicago Hebrew Mission [Missão Hebraica de Chicago] que está ativa até hoje. Ao longo de sua vida, Blackstone combinou sua postura pró-sionista com seus esforços contínuos de ganhar o povo judeu para Cristo. Em 1908, Blackstone publicou o livro Jesus is Coming [Jesus Está Voltando], que se tornou um bestseller com a venda de mais de um milhão de cópias em três edições e foi “traduzido para trinta e seis idiomas”.6 “É provável que em sua época não tenha havido um expositor dispensacionalista da Bíblia mais aclamado pelo público do que ele”.7 Blackstone pode ser considerado o Hal Lindsey daquele tempo.

O Sionismo Cristão de Blackstone Embora seja amplamente conhecido na história do evangelicalismo por diversos feitos, Blackstone é

D. L. Moody

mais conhecido por sua incansável atividade em prol do restabelecimento da nação judaica em Israel. Sem dúvida alguma, Blackstone foi o principal líder sionista de seu tempo. Timothy Weber faz o seguinte comentário sobre Blackstone e o dispensacionalismo: Os dispensacionalistas, na sua maioria, ficaram satisfeitos em ser meros observadores do movimento sionista. Eles ficaram atentos ao movimento e o analisaram; pronunciaram-se em favor dele. Porém, em termos políticos, raramente se envolveram para promover seus objetivos. Entretanto, há uma exceção a essa regra na pessoa de William E. Blackstone, um dos escritores dispensacionalistas mais estimados de sua época.8 No que diz respeito à restauração dos judeus à sua terra natal, Blackstone diz em seu livro: “Talvez você diga: ‘eu não creio que os israelitas devam retornar à terra de Canaã, nem creio que Jerusalém deva ser reconstruída’. Meu caro leitor, você já leu as declarações da Palavra de Deus sobre esse assunto? Certamente não existe nada que tenha sido afirmado com mais clareza nas Escrituras do que isso”.9 Após fazer tal declaração, as próximas quatorze páginas que ele escreveu praticamente só contêm citações das Escrituras que fundamentam sua convicção. Então ele conclui: “Poderíamos ter enchido um livro inteiro com explicações sobre a maneira pela qual Israel será restaurado à sua terra, mas nosso único desejo era o de demonstrar o fato in-

“Blackstone passou a ser um colaborador pessoal de líderes pré-milenistas, tais como, D. L. Moody, James H. Brookes e Horatio Spafford, este que, por fim, fundou a colônia americana em Jerusalém”.

Benjamin Harrison Por volta de 1891, o ativista Blackstone organizou um abaixo-assinado endossado por 413 proeminentes cidadãos americanos e enviou esse documento ao presidente Benjamin Harrison defendendo o restabelecimento dos judeus que estavam sendo perseguidos na Rússia numa nova terra natal, então chamada de Palestina.

questionável da profecia, fato esse que está intimamente relacionado com a aparição de nosso Senhor e que, segundo cremos, cumprir-se-á plenamente”.10 Por volta de 1891, o ativista Blackstone organizou um abaixoassinado endossado por 413 proeminentes cidadãos americanos e enviou esse documento ao presidente Benjamin Harrison defendendo o restabelecimento dos judeus que estavam sendo perseguidos na Rússia numa nova terra natal, então chamada de Palestina.11 Segue abaixo um trecho daquela petição: Por que não lhes devolver a Palestina? De acordo com a distribuição das nações feita por Deus, a Palestina é a sua terra natal – uma possessão inalienável da qual eles foram forçosamente expulsos. Quando eles a cultivavam, era uma terra extraordinariamente frutífera que sustentava milhões de israelitas; eles diligente-

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mente lavravam suas encostas e vales. Eram agricultores e produtores, bem como se constituíam numa nação de grande importância comercial – o centro da civilização e da religião [...] Cremos que este é o momento adequado para que todas as nações, principalmente as nações cristãs da Europa, demonstrem benevolência para com Israel. Um milhão de exilados que, devido ao seu terrível sofrimento, imploram, de forma comovente, a nossa compaixão, justiça e humanidade. Restauremos-lhes agora a terra da qual eles tão cruelmente foram despojados por nossos ancestrais romanos.12

Blackstone esclareceu: “Cerca de 2 milhões de judeus da Rússia apelam em condições deploráveis por nossa compaixão, justiça e humanidade, desesperados por um lugar de refúgio na Palestina”.13 Carl Ehle faz a seguinte descrição dos signatários: Entre os 413 signatários alistados por suas respectivas cidades – Chicago, Boston, Nova York, Filadélfia, Baltimore e Washington – estavam os formadores de opinião da época: editores e/ou redatores dos principais jornais e periódicos evangélicos

Judeus russos.

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(no mínimo, um total de noventa e três jornais representados), os prefeitos de Chicago, Boston, Nova York, Filadélfia e Baltimore, dentre outras autoridades, os principais clérigos e rabinos, grandes empresários, T. B. Reed (presidente da Assembléia Legislativa), Robert R. Hitt (presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara) e William McKinley, de Ohio, o qual mais tarde se tornou presidente.14

Webber salienta: “Embora a petição tenha recebido muita cobertura da imprensa, o presidente Harrison e seu secretário de Estado praticamente ignoraram aquele documento; além disso, a pequena atenção que o documento recebeu na esfera diplomática dissipou-se rapidamente”.15 Apesar de ter conseguido pouco na área política, foi dito que a petição de Blackstone exerceu um impacto estimulante em toda a sociedade americana. A petição ganhou ampla cobertura dos jornais, gerando muita discussão e adesão pública. Ela despertou grande interesse entre os todos os judeus.16 Blackstone desejava que o presidente convocasse uma conferência internacional de chefes de Estado, principalmente os europeus, a fim de usarem sua influência para constituir o novo Estado Judeu. Blackstone argumentou da seguinte maneira: “A ninguém [...] a nenhum mortal, desde os dias de Ciro, rei da Pérsia, foi concedida tamanha oportunidade privilegiada de propiciar o cumprimento dos propósitos de Deus relativos ao Seu antigo povo”.17 Em 1916, Blackstone fez um apelo se-

melhante ao presidente Woodrow Wilson, filho de um pastor presbiteriano que se tornara cristão sionista, solicitação essa que influenciou o presidente americano a se mostrar favorável à Declaração Balfour em 1917.18 Essa declaração foi assinada praticamente nos mesmos termos da primeira petição de Blackstone. Oren chega à seguinte conclusão: “Como sempre aconteceu na experiência histórica dos Estados Unidos com o Oriente Médio, a fé de um homem provou ser o sonho de outro, enquanto a política era determinada pelo poder governamental”.19

O Relacionamento Com os Judeus Embora Blackstone tenha atuado incansavelmente como um cristão sionista, nunca perdeu seu ardor pela evangelização dos judeus. “Em 1890 ele organizou e presidiu a primeira conferência para cristãos e judeus em Chicago”.20 Hoje em dia, eventos assim são comuns, mas na época de Blackstone nunca se ouvira falar, até então, de conferências dessa natureza. Blackstone aproveitou a ocasião para promover o tema da restauração dos judeus à terra de Israel, com a inclusão de alguns argumentos que comprovavam ser Jesus o Messias. Os judeus “sionistas gostavam de Blackstone e confiavam nele”,21 apesar das suas freqüentes tentativas de evangelizálos. Um exemplo típico de iniciativa de evangelização tomada ao longo de sua vida é a que ocorreu “em 1918, por ocasião de um ajuntamento sionista em massa na cidade de Los Angeles, quando Blackstone teve a petulância de fazer um apelo de púlpito”,22 convidando sua audiência de centenas de judeus a que viesse à frente e aceitasse Jesus como seu Messias. A despeito de tais


da salvação durante o tempo da Grande Tribulação.

Conclusão

mesmo tempo, ganhar o povo judeu para Cristo. Maranata! (Pre-Trib Perspectives) Thomas Ice é diretor-executivo do Pre-Trib Research Center em Lynchburg, VA (EUA). Ele é autor de muitos livros e um dos editores da Bíblia de Estudo Profética.

Não é de se adNotas: mirar que “a Con1.Benjamin Netanyahu, A Place Among The Nations: Israel and the World, Nova York: ferência Sionista de Bantam, 1993, p. 16. 1918, realizada em 2.Para uma visão geral de toda a história do Sionismo Cristão, veja o artigo intitulado Filadélfia, tenha “Lovers of Zion: A History of Christian Zioaclamado Blackstonism”, de autoria de Thoma Ice, em ne como o ‘Pai do www.pre-trib.org/article-view.php?id=295. 3.Timothy P. Weber, On the Road to ArmaSionismo’ e que geddon: How Evangelicals Became Israel’s em 1956, por ocaBest Friend, Grand Rapids: Baker Academic, 2004, p. 102. sião do septuagési4.Michael B. Oren, Power, Faith, and Fanmo quinto anivertasy: America in the Middle East 1776 to the Present, Nova York: W. W. Norton & sário de sua petição Company, 2007, p. 278. ao presidente Har5.Weber, On the Road to Armageddon, p. 102. 6.Oren, Power, Faith, and Fantasy, p. 278. rison, os cidadãos 7.Weber, On the Road to Armageddon, p. 103. do Estado de Israel 8.Weber, On the Road to Armageddon, p. 102. tenham homena9.William E. Blackstone, Jesus is Coming, 3ª edição, Nova York: Fleming H. Revell, geado Blackstone, 1932, p. 162. dando seu nome a 10.Blackstone, Jesus is Coming, p. 176. um bosque”.24 11.Carl F. Ehle, Jr., “Prolegomena to Christian Zionism in America: The View of Increase Blackstone chegou a ter centenas de Novos Testamentos Blackstone passou Mather and William E. Blackstone Concerimpressos em hebraico, os quais foram levados para Petra ning the Doctrine of the Restoration of Iso resto de sua vida, [na atual Jordânia] e lá estocados a fim de que o remarael”, dissertação para obtenção do grau nescente judeu pudesse conhecer o caminho da salvação até a sua morte em de Ph.D. apresentada à New York Univerdurante o tempo da Grande Tribulação. sity, 1977, p. 240-44. 1935, a serviço da 12.Ehle, “Prolegomena”, p. 241-42. causa que amava. 13.Oren, Power, Faith, and Fantasy, p. 278. Embora tenha fica- 14.Ehle, “Prolegomena”, p. 242-43. tentativas, ele continuava a ser mui- do muito empolgado com os desdo- 15.Weber, On the Road to Armageddon, p. 105. 16.Ehle, “Prolegomena”, p. 243. to amado dentro da comunidade bramentos da Declaração Balfour em 17.Oren, Power, Faith, and Fantasy, p. 278. judaica. 1917 e com o Mandato Britânico 18.Ehle, “Prolegomena”, p. 290-93. 19.Oren, Power, Faith, and Fantasy, p. 279. Blackstone queria deixar um le- na Palestina após a Primeira Guerra 20.Weber, On the Road to Armageddon, p. 103. gado de evangelização para o povo Mundial, ele morreu frustrado pelo 21.Weber, On the Road to Armageddon, p. 106. On the Road to Armageddon, p. 112. judeu, de modo que pudesse contri- fato de que Israel, até então, ainda 22.Weber, 23.Weber, On the Road to Armageddon, p. 105. buir para a salvação dele após o Ar- não tinha se tornado uma nação em 24.Weber, On the Road to Armageddon, p. 106. rebatamento da Igreja. Ele produ- sua terra. Entretanto, ziu e distribuiu material explicativo o sonho dele tornoua fim de que os judeus soubessem se realidade treze Recomendamos: como poderiam ser salvos depois anos mais tarde. Wilque o Arrebatamento acontecesse.23 liam Blackstone é Houve ocasião em que Blackstone um modelo inspirachegou a ter centenas de Novos dor, um exemplo paTestamentos impressos em hebrai- ra os crentes em co, os quais foram levados para Pe- Cristo, de alguém tra [na atual Jordânia] e lá estoca- que apóia ardentePedidos: 0300 789.5152 dos a fim de que o remanescente mente Israel, enwww.Chamada.com.br judeu pudesse conhecer o caminho quanto busca, ao

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Israel na vanguarda tecnológica Como já dizia, em 1962, o ex-primeiro-ministro David Ben-Gurion, “a pesquisa científica e suas conquistas deixaram de ser mero objetivo intelectual abstrato; ...são fator central na vida de todo povo civilizado”. Confirmando o que já preconizava o grande líder sionista, uma das principais características da inovação em Israel é sua capacidade de integração no cotidiano da sociedade, melhorando a qualidade de vida. Sem grandes recursos naturais e cercado por vizinhos hostis, o país foi

obrigado, desde os primeiros anos, a definir claramente as prioridades que garantiriam sua sobrevivência e seu desenvolvimento. Seguindo essa diretriz, de 1948 até os dias de hoje, os sucessivos governos israelenses fizeram dos investimentos em ciência e tecnologia a principal ferramenta para o crescimento nacional, reforçando sua capacidade competitiva e criando, também, mecanismos para estimular a atuação da iniciativa privada. Atualmente, como resultado dessa conjugação de esforços, a indústria israelense caracteriza-se por forte presença nos setores de alta tecnologia, David Ben-Gurion: “a pesquisa científica e aviônica, telecomunicações, masuas conquistas deixaram de ser mero objetivo nufatura, equipamentos médicos intelectual abstrato; ...são fator central na vida eletrônicos e de fibra óptica. de todo povo civilizado”. Atualmente, a indústria high-tech de Israel responde por 12% do Produto Interno Bruto (PIB) e por mais de 80% das exportações. Grande parte das inovações israelenses em tecnologia de ponta podem ser vistas nas exposições internacionais que o país organiza, ao longo do ano, como a Agritech (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola), Biomed (Feira Internacional de Biotecnologia) e Telecom (Feira Internacional de Telecomunicações). Vitrines do que há de mais avançado na indústria do país, elas recebem visitantes do mundo inteiro, além de contar com a participação das principais multinacionais, como Intel e Microsoft, por exemplo, que mantêm centros de pesquisas, laboratórios e fábricas no país. O setor de tecnologia israe-

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lense, nos últimos anos, tem também atraído a atenção de investidores internacionais que, além de injetar recursos em projetos e companhias específicas, marcam presença nas aquisições e fusões com grupos locais. Um dos grandes negócios realizados em 2006 foi a compra por Warren Buffett, um dos maiores investidores norte-americanos, da empresa israelense Iscar Metalworking Companies-IMC. Buffett adquiriu 80% das ações da companhia por US$ 4 bilhões. Além de ser o maior investimento de Buffett fora dos Estados Unidos e o terceiro maior feito por sua empresa, foi também o mais alto valor já pago pela compra de uma empresa de Israel. Pertencente à família Wertheimer, a IMC é líder na área de matrizes de corte para metalurgia e laminação e opera em quase todos os países através de suas subsidiárias Iscar. Buffet já garantiu que a matriz da Iscar permanecerá no Parque Tefen, na região de Nahariya, Norte de Israel. Mas essa transação foi apenas uma entre as inúmeras aquisições que, no ano passado, ocuparam espaço nos jornais internacionais. A Hewlett-Packard anunciou em julho último o acordo para comprar a Mercury Interactive, especializada em soluções de otimização de TI, por aproximadamente US$ 4,5 bilhões. No mesmo mês, a SanDisk, multinacional fabricante de memória-flash para telefonia móvel e câmeras digitais, comprou a israelense Msystems por US$ 1,55 bilhão, em ações. E o grupo Ex-Libris, pioneiro mundial na área de soluções de software para bibliotecas e centros de informação, foi comprado pelo Fundo Francisco Partners de investimentos. Considerado um dos maiores fundos privados voltados à área da tecnologia, o grupo pagou US$ 62 milhões pela empresa israelense. No total, em


Horizonte Conhecido como o “Vale do Silício do Oriente Médio”, em uma alusão ao centro tecnológico dos Estados Unidos, Israel conta também com grandes empresas multinacionais, com unidades das quais saem inovações imediatamente integradas à carteira de produtos dessas companhias. O chip Centrino para notebooks, da Intel, por exemplo, saiu do laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da empresa, em Haifa. A história da Intel Israel começou em 1974, quando a multinacional escolheu o país para implantar o seu primeiro Centro de Design e Desenvolvimento fora dos Estados Unidos. Desde enA Intel é uma dentre as inúmeras gigantes da área tão, a empresa vem ampliando de tecnologia com forte presença em Israel. sua presença na indústria israelense, mantendo atualmente oito unidades no país, com 2006, cerca de 76 empresas israelen- mais de 5.400 funcionários, dos quais ses foram adquiridas ou se fundiram cerca de dois mil envolvidos em projecom estrangeiras. Outro dado impor- tos de P&D. tante sobre o setor: Israel é o segundo A Intel é uma dentre as inúmeras país, depois dos Estados Unidos, com gigantes da área de tecnologia com empresas negociadas na Nasdaq (Bol- forte presença em Israel. Uma das piosa de Tecnologia de Nova York). neiras na implantação de fábricas, no

Parcerias High-Tech Com vendas que somam milhões de dólares por ano, o setor de Tecnologia da Comunicação e Informação de Israel congrega nomes como Comverse (com forte atuação no setor de sistemas para comunicação multimídia); Check Point (líder mundial na área de firewalls para segurança na internet) e Alvarion (um dos principais nomes em acesso de banda larga, sem fio); e o Grupo Rad – com ampla atuação na área de comunicação de dados, entre outros. Todas são empresas que empregam milhares de pessoas, seja em Israel ou em suas subsidiárias e escritórios espalhados pelo mundo.

país, foi a General Electric (GE), que inaugurou sua primeira unidade ainda em 1950. Atualmente, possui inúmeras companhias em diferentes segmentos. Outra pioneira foi a IBM Corporation, que se estabeleceu no país também em 1950, atraída pela excelência de suas instituições acadêmicas e pela qualidade de sua mão-de-obra. Contando atualmente com dois mil funcionários, a IBM Israel começou suas atividades com a implantação de um Centro de Pesquisas para a realização de programas conjuntos com instituições governamentais e sem fins lucrativos, desenvolvendo aplicações computadorizadas para as áreas de medicina, agricultura, irrigação e elaboração de modelos para políticas em fertilização. Já a Motorola Israel Ltd. foi fundada em 1964, empregando atualmente quatro mil funcionários espalhados em cinco centros de desenvolvimento, quinze escritórios de vendas e serviços e oito subsidiárias. Entre o final da década de 1980 e o início da de 1990, registrou-se a chegada de outras multinacionais. Em 1989 foi a vez da Microsoft Corporation, que também fez de Israel a sede de sua primeira subsidiária fora dos EUA. Em

Fábrica da Intel em Kiryat Gat, Israel.

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Horizonte 1991 instalou-se a Applied Materials. A alemã SAP também investe pesado no país e inaugurou, em 2005, a mais nova software-house da empresa, em Raanana – num edifício de doze andares, com 11.000m2 e investimentos da ordem de US$ 10 milhões. A maioria das empresas internacionais estão localizadas na região de Haifa, em função dos incentivos governamentais e da proximidade com dois grandes centros acadêmicos – a Universidade de Haifa e o Technion.

Centro de pesquisas Além de atraente para corporações internacionais, Israel começa a receber núcleos ligados a instituições de pesquisas, que chegam ao país atraídos pela qualidade dos profissionais israelenses da área de P&D. Em maio de 2006, a cidade de Cesaréia tornou-se sede do primeiro centro regional do Instituto Europeu para Administração de Negócios (o conceituado Institut Européen d’Administration des

Ao preconizar a criação de um lar nacional para os judeus, Theodor Herzl pensava não somente em um lar físico, mas também em um grande centro espiritual, cultural e científico.

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Affaires (INSEAD), famoso centro europeu instalado na cidade francesa de Fontainebleau. Patrocinada pela Fundação Césarée Edmond Benjamin de Rothschild, a instituição é voltada ao estudo do empreendedorismo – área na qual Israel atua com destaque. Segundo Doron Nahmias, diretor-geral da regional e ex-aluno do INSEAD na França, “nosso objetivo é criar um centro de estudos compatível com a qualificação e o universo high-tech dos israelenses. Israel é um país no qual a criatividade começa a ser cultivada desde muito cedo e os resultados dessa prática são bem conhecidos: mais de uma centena de empresas locais negociam suas ações na Nasdaq”, ressalta Nahmias. Outro tema de interesse do novo centro de estudos é a análise da experiência da transferência da tecnologia militar de Israel para aplicações civis, a evolução das startups (empresas embrionárias) e sua capacidade de penetrar rapidamente no mercado internacional, atraindo investidores, entre outros. O relacionamento entre a França e Israel possui raízes antigas, com a participação de inúmeros imigrantes franceses na área de tecnologia. Entre estes, destaca-se Charley Attali, considerado um dos pioneiros na indústria aeronáutica israelense; David Harari, diretor-geral da Indústria Aeronáutica de Israel (IAI) e Claude Samson, diretor da Divisão Elta, filial da IAI. Na área de energia, destaca-se Lucien Bronicki, formado pela École des Arts e Métiers, que fundou a Ormat Industries, maior companhia israelense no segmento de energias re-

A Universidade Hebraica em Jerusalém.

nováveis e líder mundial em usinas geotérmicas.

Um longo caminho A história da pesquisa científica em Israel é parte integrante da saga do retorno do povo judeu à sua pátria. Ao preconizar a criação de um lar nacional para os judeus, Theodor Herzl pensava não somente em um lar físico, mas também em um grande centro espiritual, cultural e científico. O desejo de transformar a Terra de Israel, então região estéril e infestada de doenças, em um Estado moderno foi o fatorchave no desenvolvimento da pesquisa científica e tecnológica subseqüente. A pesquisa agrícola remonta ao fim do século 19, com a criação, em 1870, da Escola Mikve Israel. A Estação Agrícola, estabelecida em 1921 em Tel Aviv, tornou-se, posteriormente, o Instituto Volcani, hoje principal insti-


Horizonte relativamente ao tamanho da mão-de-obra, Israel ostenta o maior número de autores publicados nos campos das ciências naturais, engenharia, agricultura e medicina. (extraído de www.morasha.com.br)

A criatividade israelense na prática

A telefonia pioneira através do protocolo IP foi lançada pela Vocaltec, de Israel.

tuição de pesquisa e desenvolvimento agrícola em Israel. A Universidade Hebraica de Jerusalém foi fundada em 1925, período em que se instituíram as bases para o Hospital Hadassah, uma das mais importantes instituições de pesquisa médica de Israel. Na mesma época, também foram criados o Instituto de Tecnologia Technion, em Haifa, em 1924, e o Centro de Pesquisa Daniel Sieff, fundado em 1934, em Rehovot, que, posteriormente, em 1949, tornar-se-ia o Instituto Weizmann de Ciências. Assim, quando o Estado de Israel foi criado, sua infra-estrutura científica e tecnológica já estava estabelecida, permitindo o progresso posterior. Atualmente, o coeficiente entre a população israelense que se dedica à pesquisa científica e tecnológica, assim como os recursos destinados ao setor de P&D, e o Produto Interno Bruto (PIB), estão entre os mais altos do mundo; e

A genialidade industrial dos profissionais e pesquisadores de Israel está presente em inúmeros segmentos necessários ao cotidiano de muitos países. Veja como: • A Msystems foi pioneira no desenvolvimento da memóriaflash DiskOnKey e DiskOnChip, transformando gerenciamento e armazenamento de informações. • A GE Healthcare Israel lançou o primeiro equipamento miniaturizado de ultra-som cardíaco portátil, do mundo. • O scanner de tomografia computadorizada Philips Brilliance faz um diagnóstico abrangente do paciente, em poucos segundos, nas salas de emergência, onde cada segundo é vital. • A telefonia pioneira através do protocolo IP foi lançada pela Vocaltec. • A tecnologia de compressão ZIP foi desenvolvida por dois professores do Instituto Tecnológico Technion de Haifa. • A pílula endoscópica com microcâmera foi lançada pela Given Imaging. • A ferramenta ICQ do AOL Instant Messenger foi desenvol-

vida, em 1996, por quatro jovens israelenses. • Os microprocessadores Centrino e Pentium-4 Dotan foram desenvolvidos pela Intel Israel. • A Keter Plastic, com 23 fábricas espalhadas pelo mundo, é considerada a maior empresa de produtos em plástico da Europa. • Dois professores do Technion ganharam o Prêmio Nobel de Química, em 2004. Seu trabalho de identificação da proteína Ubiquitin é uma inovação nas pesquisas do câncer, doenças degenerativas do cérebro e muitas outras. • A empresa israelense Lumus Optical criou os vídeo-óculos PD-20, para assistir a TV e vídeos em qualquer lugar. As imagens são refletidas diretamente no globo ocular pelo aparelho, preso na armação dos óculos que podem ser usados até mesmo com telefones celulares.

A empresa israelense Lumus Optical criou os vídeo-óculos PD-20.

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Horizonte

“Hatikva”, canto de esperança Um jovem poeta, comovido com a criação, após dois mil anos, do primeiro assentamento judaico em Eretz Israel (a Terra de Israel), escreveu um poema em hebraico. Quando um fazendeiro de Rishon LeZion o ouviu, emocionou-se e compôs a melodia. A canção se tornou o hino nacional de Israel, Hatikva – A Esperança. Suas palavras calam fundo na alma judaica. Falam da esperança imortal do povo judeu ao longo dos anos de exílio, do acalentado sonho de um dia retornar, soberano e independente, à sua terra ancestral. Hatikva é um hino relativamente curto. Na realidade, é composto de apenas duas estrofes. A letra foi tirada do primeiro verso e da rima do poema “Tikvatenu” (“Nossa Esperança”), escrito por Naftali Herz Imber. Este o compôs, com apenas 22 anos, por volta de 1878. A fundação, naquele ano, de Petach Tikva (em hebraico, Portal da Esperança), o primeiro assentamento judaico em Israel, emocio-

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nou-o profundamente e, influenciado por um capítulo do profeta Ezequiel, escreveu as palavras que refletem a lembrança, a dor e, principalmente, a esperança de um futuro para o povo judeu. Hatikva fala dos anseios dos judeus de um dia retornar à terra de seus antepassados – Eretz Israel. Expulso de sua terra no ano 70 d.C. pelo exército romano de Tito, que também destruiu o Templo de Jerusalém, o povo judeu jamais deixou de reverenciar e lembrar a terra que Deus prometera a seus ancestrais. Durante os dois mil anos de exílio, o desejo de retornar nunca deixou o coração judaico. Todos os dias, ele lembra de Sião nas preces e se volta de corpo e alma para Jerusalém, “o Oriente”. As suas comemorações religiosas são estipuladas de acordo com o calendário e as estações do ano em Israel. Essa é a essência da mensagem da primeira estrofe do Hatikva, pois “Sião” é o outro nome atribuído a Jerusalém e Israel. Mesmo durante os longos anos em que Eretz Israel esteve nas mãos de povos estrangeiros e os judeus viveram sob seu domínio, a esperança de independência e o anseio por liberdade jamais feneceram. Esse é o tema da segunda estrofe do hino, que canta o desejo do povo judeu, de geração em geração – espalhado pelo mundo ou oprimido na terra de seus ancestrais. A origem do hino Hatikva é tema de debate entre estudiosos. Originalmente foi vinculado à “Sinfonia Boêmia”, do compositor checo Bedrich Smetana (1824-1884). Porém, Zwi Mayerowitch, músico e estudioso da liturgia judaica, afirma que a música foi composta pelo sefaradita Henry Busato, ou Russoto. Ele teria se inspirado

na melodia usada em certas sinagogas do rito sefaradi, quando se entoa o Salmo 117, durante o Halel. Mayerowitch afirmou que a música foi publicada em 1857, vinte anos antes que Smetana compusesse a “Sinfonia Boêmia”. A composição apareceu na obra “Melodias antigas para a liturgia dos judeus espanhóis e portugueses: Harmonizadas por Emanuel Aguilar”. Durante o 8º Congresso Sionista, em 1907, o hino foi cantado pelos participantes em uma manifestação espontânea, mas precisou enfrentar uma disputa acirrada com outras obras, como, por exemplo, Sham Makom Arozim, que possuía um “fã-clube” maior. Hatikva foi oficialmente adotado como hino do Movimento Sionista, juntamente com a bandeira azul e branca, apenas durante o 18º Congresso Sionista, em 1933. Com o passar do tempo, algumas das palavras originais foram alteradas; mas, indubitavelmente, o texto carregado de emoção e a melodia suave haviam conquistado o coração das massas judias. Em 1945, Hatikva, o Canto da Esperança, foi entoado cinco dias após a libertação dos sobreviventes do campo de concentração de Bergen-Belsen, quando celebravam o primeiro shabat novamente como homens livres. Hatikva foi adotada de forma oficiosa como Hino Nacional em 1948, cantado a plenos pulmões por uma multidão, durante a cerimônia de assinatura da Declaração de Independência do Estado de Israel. Já tinha a letra atual e foi executada pela Orquestra Filarmônica de Israel. A oficialização, no entanto, veio em novembro de 2004, com a confirmação pelo Knesset, o Parlamento israelense. Hatikva é único hino, no mundo, que é cantado por um número maior de pessoas na Diáspora (Dispersão), do que em seu próprio solo. É também o único que, em geral, é entoado por


Horizonte pessoas cujo idioma nativo não é o do hino. Ao cantar Hatikva, na Diáspora ou em Israel, os judeus não estão apenas entoando uma linda melodia ou cumprindo um dever cívico. Eles estão, de fato, renovando a promessa de jamais esquecer o sonho de indepen-

dência e reafirmando que sempre farão o impossível para ajudar o Estado de Israel a prosperar e conquistar o seu lugar no palco das nações. Estão confirmando e reconfirmando, vez após vez, a centralidade de Medinat Israel na vida dos judeus e unindo os

Naftali Herz Imber, o autor de “Hatikva” Poeta em cuja alma ardia o amor a Eretz Israel (a Terra de Israel), Imber expressou em versos a derradeira esperança judaica, após dois milênios no exílio: “Viver como povo livre na terra de Sião, Jerusalém”. Esses versos fazem parte do Hatikva, o hino nacional de Israel. Judeu da Galícia, de personalidade marcante, quem o conheceu descreve-o como boêmio, excêntrico, dono de afiado senso de humor, idealista, sionista convicto. Era também um acadêmico e grande lingüista, com total domínio, da “língua sagrada”, Lashon Hakadosh, o hebraico. Imber escrevia poesia e prosa nessa língua, numa época em que o hebraico, que por dezesseis séculos fora exclusivamente usado nas sinagogas e nos textos sagrados, dava os primeiros passos em direção a seu renascimento como idioma vivo. Fortemente influenciado pelo movimento sionista e suas aspirações de retorno à terra ancestral, Imber acompanhava de perto a movimentação em Eretz Israel, com genuíno interesse em tudo o que se relacionava à “Primeira Aliá”, a primeira leva dos pioneiros judeus imigrantes. A fundação, em 1878, de Petach Tikva (em hebraico, Portal da Esperança), primeiro assentamento judaico em Eretz Israel, emocionou-o profunda-

mente e, influenciado por um capítulo do profeta Ezequiel, escreveu o poema “Tikvatenu” (“Nossa Esperança”). Seus primeiros versos e o refrão se converteriam no hino Hatikva.

Sua vida Naftali Herz Imber, também conhecido como Naftali Tzvi Imber, nasceu em uma família de chassidim (judeus ortodoxos) em 1856, na cidade de Zloczov, na Galícia, então parte do Império Austríaco. A exemplo de muitos jovens de sua geração, recebeu educação judaica tradicional, estudando a Torá e o Talmude, além de gramática e língua hebraica. Com apenas dez anos de idade começou a escrever poemas e, em 1870, seu talento literário se tornou público ao receber um prêmio, em dinheiro, do Imperador Franz Joseph, por um poema em hebraico, sobre tema nacionalista austríaco. A morte do pai, pouco tempo depois, teve um grande impacto sobre o jovem poeta, que começou a viajar pelo mundo. Costumava hospedar-se em casa de judeus abastados, que tinham gosto pela poesia e apreciavam ouvi-lo recitar suas obras. Após ter estado na Hungria, Sérvia e Romênia, foi para Viena e, de lá, para Constantinopla.

dispersos do povo com o Estado de Israel. (extraído de www.morasha.com.br) Bibliografia: – “The Man Behind Hatikvah ”, publicado no livro The Jewish People Almanac, compilado por David C Gross. – http://www.jewishvirtuallibrary.org.

Nessa cidade, conheceu um filo-semita, Sir Laurence Oliphant, (18291888), que imediatamente simpatizou com o jovem e o convidou a viver em sua casa, exercendo as funções de secretário particular. Os conhecimentos de Imber sobre o Talmude e a Cabalah muito contribuíram para a aproximação do poeta com essa família. Profundo admirador de Israel, Sir Oliphant defendera o direito do povo judeu de retornar a Eretz Israel, duas décadas antes que Herzl escrevesse a obra “O Estado Judeu”. A idéia de Oliphant, que não teve sucesso quando a apresentou ao governo turco, era arrendar grande parte do Norte da então Palestina e implantar um projeto de colonização para absorver um número significativo de judeus. Quando, em 1882, após o ataque dos ingleses

Letra do hino em hebraico.

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Horizonte dren of the Gheto”, Israel Zangwill, de quem se tornou muito amigo. Sua vida e personalidade serviram de inspiração para um dos personagens da obra, o poeta Melchitsedek Pinchas, a quem Zangwill descreve da seguinte forma: “O poeta era magro, um homenzinho com longos cabelos negros. Sua face era muito bem esculpida. Seus olhos tinham um brilho astuto. Sempre tinha um maço de papéis em uma das mãos, e um cigarro apagado, na outra”. Era o retrato vivo de Imber. Enquanto viveu em Eretz Israel, Imber costumava visitar a cavalo os assentamentos judaicos, Em 1892, o irrequieto Imber entretendo os jovens pioneiros, os chalutzim, emigrou para os Estados Unidos, com suas poesias. Na foto: pioneiros em Israel. país onde continuou a escrever. Graças à sua personalidade singular e humor irônico, facilmente a Alexandria e a conquista, pelos se tornava conhecido onde quer que mesmos, de Eretz Israel, Sir Laurence e aportasse. Muitas de suas excentricisua esposa, Alice, decidiram ir para a dades estão registradas na obra de então Palestina, levando Imber em sua Rebecca Kohut intitulada As I Know companhia. Them (Da Forma Como os Conheço). Enquanto viveu em Eretz Israel, Im- No livro, a escritora conta que Imber ber costumava visitar a cavalo os as- presenteou o texto original do poema sentamentos judaicos, entretendo os jo- “Tikvatenu” ao seu filho, Dr. Alexanvens pioneiros, os chalutzim, com suas dre Kohut, que, mais tarde, doou-o à poesias. Cada vez que lhes declamava biblioteca da Universidade de Yale. uma de suas criações, onde quer que Em 1902, seus irmãos, que ainda estivesse, era sempre ovacionado – em viviam em Zloczov, publicaram outra especial quando recitava “Tikvatenu”. coletânea de seus poemas, com o títuEm 1882, durante uma de suas visitas lo “Barkai HeHadash” (“A Nova Estrea Rishon LeZion, Samuel Cohen, um la da Manhã”). Infelizmente, grande dos membros da comunidade, adaptou parte das cópias da obra perderam-se uma melodia ao poema. Nascia o can- em um incêndio. Em 1905, após o poto da esperança, Hatikva. grom de Kishinev, foi publicado mais O poeta morou em Eretz Israel até um volume de seus poemas, obra que 1888 e, nos seis anos de sua perma- o autor dedicou ao imperador do Janência, escreveu poesias e artigos em pão – país que então estava em guerhebraico para jornais e revistas. Em ra com a Rússia. Cinco anos antes, Im1886 lançou a coletânea “Barkai” ber escrevera um pequeno livro, onde (“Estrela da Manhã”), em hebraico, na previa a guerra russo-japonesa e a qual está incluído Hatikva, dedicando- conseqüente vitória do Japão. O forte a a Sir Oliphant. Após a morte do anti-semitismo dos czares russos fizera amigo, Imber deixou Eretz Israel e de- dele defensor fervoroso do Império do cidiu conhecer o mundo... Sol Nascente. Tempos depois, Imber foi para LonEm 1909, a boemia lhe cobrou seu dres, onde conheceu o autor de “Chil- preço. Doente, foi internado em um

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Notícias de Israel, novembro de 2007

hospital nova-iorquino, em total pobreza. Mas, mesmo à beira da morte, pediu que cantassem o Hatikva e, ao ouvi-lo, levantou-se da cama para cantar. Conta-se que certa vez, ao ser expulso de um encontro do Movimento Sionista por estar provocando tumulto, teria bradado: “Podem expulsar-me; mas que cantem a minha música!”. Imber faleceu em 8 de outubro de 1909. Em seu enterro, milhares de judeus acompanharam-no cantando Hatikva. Quarenta e quatro anos após sua morte, o Estado de Israel atendeu o pedido do poeta e seus restos mortais foram levados para Jerusalém. O nome de Imber, no entanto, jamais foi tão conhecido quanto o poema, que se tornaria um dos principais sinônimos do Estado de Israel. Talvez ele tenha sido excêntrico, boêmio, um bon-vivant; mas foi, sem sombra de dúvida, um sionista apaixonado. Seu nome viverá entre os grandes de Sião e de Israel. Sua canção levou esperança a milhões de pessoas e continua a inspirar o povo de Israel, até hoje. (extraído de www.morasha.com.br)

: : Enquanto no fundo do coração Palpitar uma alma judaica, E em direção ao Oriente O olhar voltar-se a Sião, Nossa esperança ainda não estará perdida, Esperança de dois mil anos: De ser um povo livre em nossa terra, A terra de Sião e Jerusalém : : Versão do hino em português. Bibliografia: – “The Man Behind Hatikvah”, publicado no livro The Jewish People Almanac, compilado por David C. Gross. – Artigo de Joseph Lowin, “Whose Hatikvah is it Anyway?” , National Center for the Hebrew Language, http://www.ivrit.org/html/literary/whose–hatikva.htm. – http://www.jewishvirtuallibrary.org.



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