Jornal Cavalo Crioulo - Abril 2013

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Especial bons anos, tempo pelo qual a família se concentrou no serviço, ainda com a manada dividida. Custou um pouco, mas a diferença acabou vindo à tona. “Constatamos que, mesmo sendo só para o uso de casa, usando animais da raça tínhamos um melhor resultado e resolvemos investir de novo no Crioulo.” Foi quando o criador partiu em busca de um animal diferenciado que lhe garantisse todas as famosas e difundidas benesses do Crioulo registrado. Para não errar na compra, pediu ao amigo José Paulo Matos que lhe indicasse um garanhão de comprovadas virtudes, ao que este não titubeou em apontar: “Leco Chico”, disse, com uma ressalva. “Mas ele só vai ser vendido no leilão.” Há um mês do Bocal de Ouro 2004, recém-credenciado na prova de Dom Pedrito, Leco Chico entrou em pista apresentado por Daniel Teixeira no remate da cabanha São Francisco. “Foi quando eu vi a qualidade dele e disse, decidido: ‘Esse é o cavalo que eu quero’”, recorda Rivadávia. A disputa por Leco no remate, lance a lance, com o catarinense Sandoval Caramori ainda hoje é lembrada por ter aproximado os dois, que após o leilão acabaram se conhecendo e ficaram amigos. A indicação e a aposta valeram a pena. Leco Chico venceu o Bocal de Ouro 2004 e foi finalista do Freio naquele e em mais outros dois anos. De funcionalidade excepcional, o filho de Campana Guasquero ficou conhecido como um animal de fácil movimentação e muita docilidade. “Hoje, com o retorno do investimento que fizemos, tenho certeza de que este era o cavalo certo. Se não tivesse comprado o Leco, talvez não tivesse seguido criando cavalo Crioulo”, avalia.

Nas éguas que o garanhão produziu, hoje são usados outros dois cavalos: Alarido do Purunã, filho de Del Oeste Mutante, e BT Bom de Briga, filho de BT Lucero. Também foram testadas pela cabanha as coberturas de BT Inteiro do Junco, Viragro Rio Tinto, Dom Carrasco do Purunã e Santa Teresa Ambicioso. “Todos animais de linhagens comprovadas na função”, salienta Tuto. E o sucesso da seleção tem se comprovado. Brazão da Roraima, filho de Leco, fez campanha morfológica, competiu nas Rédeas, ganhou a credenciadora, foi muito bem no Bocal, finalista do Freio em 2012 e deverá voltar a competir em seguida. Barbie da Roraima já está credenciada neste ciclo e existe ainda a expectativa em relação à saída de Capitão da Roraima e o retorno de Bala da Roraima. “Hoje projetamos uma sequência do trabalho, mantendo essa linha que tem nos dado um bom resultado e que nos trouxe tantas coisas boas. Acho que a força da nossa criação está no incentivo dos meus filhos Cássio, Maurício, Júlio e Ana Lúcia, que são os pilares que sustentam nossa cabanha. E o que me deixa feliz é que hoje os meus netos também estão envolvidos nesse ambiente familiar, de muito amor pela raça”, finaliza Tuto.

Produção da Cabanha Roraima tem comprovado em pista a sua qualidade

O reprodutor foi também o elo de uma grande amizade com a família Sarmento. “O Manuel Luís transferiu os papéis do Leco com três parcelas pagas. Confiaram em mim sem me conhecer”, diz Tuto. Um tempo depois, a raça foi convidada a se apresentar na abertura da festa do peão em Barretos/SP e o bageense lembrou mais uma vez do amigo do Paraná. “Como aqui era mais perto, o Manuel me ligou perguntando se eu poderia levar alguns cavalos e pediu ao Leco para ele montar com a bandeira do Brasil. Tenho até foto.” O contentamento ia além. O resultado de Leco na produção foi tão satisfatório que a Fazenda Roraima ainda adquiriu mais duas filhas suas, geradas pelas reservas de coberturas que ficaram com a São Francisco. Depois disso, a cabanha gaúcha abriu a possibilidade de escolha à Rivadávia de um de seus garanhões para cobrir as filhas de Leco. “Optei pelo Habanero Chico”, lembra.

Aquisição do garanhão Leco Chico, vencedor do Bocal de Ouro em 2004, foi um marco na retomada da seleção

Abril, 2013 | Cavalo Crioulo

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