O Jornal Batista - 12

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ISSN 1679-0189

o jornal batista – domingo, 19/03/17

Órgão Oficial da Convenção Batista Brasileira

Fundado em 1901

Ano CXVI Edição 12 Domingo, 19.03.2017 R$ 3,20

Roberto Maranhão e seus bonecos chegam à Europa

Missionário passará por Alemanha e Portugal para levar o Evangelho aos Refugiados Página 10 Coluna Vida em Família

Notícias do Brasil Batista

Ministério OIKOS celebra 20 anos de atividades; confira o texto!

AcampBab tem mais de 400 inscritos na 75a edição

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Notícias do Brasil Batista

Missões Mundiais

Igreja Batista Emanuel – RS realiza Colônia de Férias

Inscrições para o Radical Haiti estão abertas; saiba como participar

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o jornal batista – domingo, 19/03/17

reflexão

EDITORIAL O JORNAL BATISTA

Órgão oficial da Convenção Batista Brasileira. Semanário Confessional, doutrinário, inspirativo e noticioso. Fundado em 10.01.1901 INPI: 006335527 | ISSN: 1679-0189 PUBLICAÇÃO DO CONSELHO GERAL DA CBB FUNDADOR W.E. Entzminger PRESIDENTE Vanderlei Batista Marins DIRETOR GERAL Sócrates Oliveira de Souza SECRETÁRIA DE REDAÇÃO Paloma Silva Furtado (Reg. Profissional - MTB 36263 - RJ) CONSELHO EDITORIAL Celso Aloisio Santos Barbosa Francisco Bonato Pereira Guilherme Gimenez Othon Avila Sandra Natividade EMAILs Anúncios e assinaturas: jornalbatista@batistas.com Colaborações: editor@batistas.com REDAÇÃO E CORRESPONDÊNCIA Caixa Postal 13334 CEP 20270-972 Rio de Janeiro - RJ Tel/Fax: (21) 2157-5557 Fax: (21) 2157-5560 Site: www.ojornalbatista.com.br A direção é responsável, perante a lei, por todos os textos publicados. Perante a denominação batista, as colaborações assinadas são de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, a opinião do Jornal. DIRETORES HISTÓRICOS W.E. Entzminger, fundador (1901 a 1919); A.B. Detter (1904 e 1907); S.L. Watson (1920 a 1925); Theodoro Rodrigues Teixeira (1925 a 1940); Moisés Silveira (1940 a 1946); Almir Gonçalves (1946 a 1964); José dos Reis Pereira (1964 a 1988); Nilson Dimarzio (1988 a 1995) e Salovi Bernardo (1995 a 2002) INTERINOS HISTÓRICOS Zacarias Taylor (1904); A.L. Dunstan (1907); Salomão Ginsburg (1913 a 1914); L.T. Hites (1921 a 1922); e A.B. Christie (1923). ARTE: Oliverartelucas IMPRESSÃO: Infoglobo

Destaques de OJB

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Jornal Batista desta semana está repleto de notícias sobre o que tem acontecido nas Convenções, Igrejas e Congregações da nossa denominação. E a notícia da sua Igreja pode ser a próxima a ser divulgada também! O processo é muito simples: basta enviar um e-mail para editor@batistas. com ou decom@batistas. com contendo texto e fotos em anexo. O ideal é que o texto esteja com até 3.500 caracteres (com espaço) e as fotos já estejam com legenda

e em boa resolução, de preferência em 300 dpi. Qualquer dúvida, nossa equipe está à disposição. O Jornal Batista é nosso, dos Batistas brasileiros. Não perca esta oportunidade de apresentar os feitos da sua Igreja para a Nação. E nesta semana, além dos artigos de reflexões, que os nossos irmãos, seminaristas e pastores escrevem com tanto carinho e empenho, trazemos também as nossas colunas dominicais. Nesta edição você acompanha, na página 05, a Coluna “Dificuldades Bíblicas”, escrita pelo pastor

Ebenézer Soares Ferreira; na página 06, na Coluna “Vida em Família”, o pastor Gilson Bifano conta como é fazer parte do ministério OIKOS há 20 anos. Já na Coluna “Arte e Cultura”, na página 10, o destaque é o que Deus tem feito entre os Refugiados em solo alemão, através da arte e dos dons e talentos dispensados pelo Senhor ao missionário Roberto Maranhão. E a Coluna Ação Social, na página 14, segue na série a respeito dos 20 anos da Filosofia de Responsabilidade Social da CBB.

E para que você fique bem informado, trazemos novidades de vários estados brasileiros e também de fora do país, com os feitos dos Batistas através das Igrejas e Convenções de cada localidade. Tem notícia da Bahia, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Honduras e muito mais! Não deixe de acompanhar o nosso periódico e compartilhar com outros irmãos da sua Igreja. Somos muito gratos a Deus pela sua fidelidade como leitor (a). Que Deus o (a) abençoe hoje e sempre. Boa leitura!


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reflexão

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Por que fazer missões no mundo? Emanuel Batista Uchôa, pastor da Primeira Igreja Batista de Mauá - SP

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azer missões é promover reconciliação. Por meio de palavras e ações, levamos pessoas a crer no Evangelho, alcançando em Cristo o pagamento da dívida que tinham com Deus e tornando-se livres para desfrutar de plena amizade com Ele. Em outras palavras, sempre que você contribuir de alguma maneira para que o

Deus Santo e um pecador rebelde se tornem Pai e filho, você é um missionário. Por que no mundo? A resposta simples que a Bíblia nos dá é que o mundo todo é de Deus. “Do Senhor é a terra e tudo o que nela existe, o mundo e os que nele vivem; pois foi ele quem fundou-a sobre os mares e firmou-a sobre as águas” (Sl 24.1-2). Por ter sido criado por Deus, tudo o que existe na terra Lhe pertence (especialmente cada um dos seus habitantes) e deve se

render em adoração para a Sua glória. Todavia, não é isso que vemos pelo mundo. O islã tem escravizado cada vez mais pessoas à mentira de que podem, sem a mediação de Jesus, chegar até Alá – o nome árabe do Deus de Abraão. A idolatria hindu continua rebaixando muitos às suas práticas religiosas degradantes. O ateísmo militante cresce na Europa. Ditadores insanos massacram nossos irmãos da Igreja perseguida. Enfim,

a humanidade está longe de cumprir seu propósito original e precisa de Cristo para encontrá-lO. Cientes disso, vamos nos envolver todos na Campanha de Missões Mundiais. Sabendo que, quer seja pelos pés dos que vão, pelos joelhos dos que oram ou pelas mãos dos que ofertam, esta missão foi dada por Deus à sua Igreja. Logo, cada missionário de Missões Mundiais é um missionário da sua Igreja local. Ore por eles, busque informações

dos seus campos de atuação, contribua para o nosso alvo deste ano; pergunte para Deus: “Pai, quanto deste desafio o Senhor separou para mim?”. Não tenha medo de ofertar para missões, pois, como aprendemos com Paulo, o que se doa para o sustento de um missionário é “Uma oferta de aroma suave, um sacrifício aceitável e agradável a Deus” (Fp 4.18). Você teria algo mais nobre para fazer com o dinheiro que Deus lhe confiou?

Por que essa pressa? Silvio Alexandre de Paula, bacharel em Teologia, membro da Igreja Batista Monte Moriá - Volta Redonda - RJ “E, havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha feito” (Gn 2.2)

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alvez você esteja sempre com pressa, como se corresse em uma esteira elétrica, sempre de olho em um prazo a cumprir e

sempre pensando no que acontecerá a seguir, em vez de viver o momento presente. Em Isaías está escrito “Porque assim diz o Senhor Deus, o Santo de Israel: Em vos converterdes e em sossegardes, está a vossa salvação; na tranquilidade e na confiança, a vossa força, mas não o quisestes” (Is 30.15). O contexto desta passagem da Bíblia nos diz que os contemporâneos de Isaías sentiam grande agonia por causa dos assírios. Não cessavam de elaborar planos e de fazer preparativos para o caso de uma invasão ini-

miga. Deus, porém, alertou que o segredo para aguentar as ameaças da Assíria não estava na atividade inquieta, e sim na confiança absoluta nEle. Carecemos, sim, de planejar nossas ações, estipular metas, fazer alianças e ir atrás de recursos. Mas, antes de tudo isso, devemos descansar no Senhor, buscar a sabedoria que vem do alto, ter fé em Deus e saber que Ele nos orientará a sempre seguir os melhores caminhos. Para conquistarmos nossos objetivos precisamos ter calma, porque todo o pro-

cesso deve ser realizado por etapas, seguindo um planejamento; deve ser empreendido passo a passo, degrau a degrau. Se resolvermos subir muito rápido, queimando etapas importantes, poderemos levar um tombo, cair e voltar à estaca zero. Deus é o maior exemplo de criatividade, poder e eficiência que conhecemos. E o próprio Deus também descansou após a Sua obra, como lemos no versículo acima. Da mesma maneira, nós também precisamos descansar. Se vivermos como máquinas poderemos

ser forçados a descansar em um hospital. Além do descanso semanal, anualmente devemos tirar férias, pelo menos por uns 15 dias. Isso é fundamental para a nossa saúde física, emocional, psicológica e espiritual. Pense nisso com carinho, se você anda apressado demais, deixando a correria do dia a dia tomar conta da sua vida, mude suas atitudes, com certeza sua saúde e sua família agradecerão. “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu” (Ec 3.1).


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reflexão

Batalha espiritual Antônio Bernardino Balbino, pastor da Igreja Batista em Vila Realengo - RJ “Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne. Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro” (Gl 5.16-17a).

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Carnaval, ainda que não tenha se originado no Brasil - como sabemos - se tornou possivelmente o evento da cultura brasileira de maior abrangência e visibilidade. Milhares ou possivelmente até milhões de pessoas de todas as partes do mundo se dirigem para as principais praças (Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo, Recife, Olinda, entre outras) para viverem dias de intensa alegria e celebração. A cultura da celebração da alegria e da descontração em si mesma é bastante positiva.

Daí a grande popularidade do Carnaval. As pessoas vivem estressadas com a intensa agitação da luta pela sobrevivência, que uma pausa desse cotidiano altamente competitivo e violento é bastante salutar. No calendário judaico, havia alguns exemplos que tinham também esta conotação de interrupção ou pausa do ciclo do cotidiano de lutas e preocupações constantes, como por exemplo, a festa dos tabernáculos (Lv 23.34), na qual, durante uma semana, as pessoas deixavam a rotina da casa e do trabalho para celebrar a vida e as bênçãos de Deus. O problema é que a humanidade tem dois inimigos terríveis, que conspiram para sabotar a vida humana e todos os nobres propósitos com que Deus a constituiu. Um deles é interno, a nossa natureza carnal, corrompida pelo pecado; o outro é o próprio Satanás que se opõe e que pretende usurpar de tudo o que é de Deus.

Infelizmente, o Carnaval, que envolve tantas pessoas queridas, não é apenas a celebração da alegria, mas é essencialmente o império da licenciosidade, da perversão moral e da degradação espiritual, porque se opõe ao próprio Deus. “Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, fornicação, impureza, lascívia, Idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus” (Gl 5.19-21). A verdadeira inversão proposta pelo Carnaval não é a da ordem social, mas da espiritual. Por mais contraditória que possa parecer, ele não é uma celebração da vida e, sim, da morte. Simplesmente pelo fato de que não há vida possível sem ou longe de Deus.

Consciência Hudson Galdino da Silva, pastor da Segunda Igreja Batista de Cabo Frio – RJ

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que é consciência? Esta palavra, em nossa língua, é usada com diferentes acepções. Ora é usada no sentido ético, ou seja, para definir aquilo que dita o nosso dever moral, permitindo-nos fazer ou deixar de fazer, em conformidade com os princípios, normas, costumes e juízos de valor pelos quais pautamos nossos atos e avaliamos as nossas ações e de nossos semelhantes. Ora é utilizado em sentido estritamente psicológico, para caracterizar a tomada de conhecimento da realidade em um momento dado. A consciência psicológica é simples testemunha das nossas ações, ao passo que a consciência moral é juiz das nossas ações e das alheias. Para Spencer, a consciência moral é um simples hábito mental, resultante do costume da educação, do meio social, ou da legislação humana. Outra questão importante, em minha maneira de ver o assunto, é que a prática da consciência, a faculdade de

distinguir o bem e o mal não constitui simples produto da existência, mas é também uma capacidade inerente à natureza racional do homem. Também é preciso dizer que a consciência, por si só, não é clarividente e infalível. A experiência mostra que em muitos casos há a falibilidade da consciência. Em toda parte, o homem tem a noção do bem e do mal, do direito e do dever, e as variações da consciência moral resultam não de falta de princípios morais, mas da aplicação defeituosa destes, motivados exclusivamente pela influência de causas interiores. É preciso trabalhar com nossa consciência psicológica para que a moral seja exercida saudavelmente. A consciência precisa, em instância maior, ser afetada e dirigida pelo Senhor. A Bíblia diz que a verdadeira espiritualidade nos dá um coração puro, boa consciência e fé sincera (II Timóteo 1.3). Portanto, uma boa consciência é resultado da verdadeira espiritualidade. A consciência é um instrumento de Deus para instruir os homens sobre seus deveres e direitos (Romanos 2.15). Também é um instrumento

para que reconheçamos a culpa do pecado. Quando o Espírito Santo atua e trabalha em nós para o convencimento do pecado, não há dúvida de que o campo de atuação é a nossa consciência. Em Atos 2.37, diz que “...E, ouvindo eles isto, compungiram-se, em seu coração e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, varões irmãos?” (At 2.37). A palavra compungiram significa que foram tocados no mais profundo e o íntimo recebeu um profundo golpe que chegou ao fundo de suas almas. A consciência “doeu”. A consciência psicológica foi afetada. Tomaram consciência da realidade em que estavam e a partir daí a consciência moral se expressou no propósito de exercitar o certo. Mas é preciso que entendamos que a consciência pode ser contaminada. Pode haver um desvio de consciência. Pode haver uma interferência exterior, através de regras e preceitos defeituosos ou de traumas que venham contaminar a consciência psicológica, impedindo-a de levar o ser humano a uma boa consciência moral. Esta interferência inte-

GOTAS BÍBLICAS NA ATUALIDADE OLAVO FEIJÓ pastor, professor de Psicologia

Os frutos do mal são atraentes

s instruções dadas pelo Criador foram absolutamente claras e precisas. O intrigante foi ver que, logo na primeira oportunidade de decidir sobre obediência ou desobediência, os humanos acharam muito natural desprezar o Senhor do bem. “A mulher viu que a árvore era bonita e que as suas frutas eram boas de se comer. E ela pensou como seria bom ter entendimento. Aí apanhou uma fruta e comeu – e deu ao seu marido e ele também comeu” (Gn 3.6). A aparência da fruta e a expectativa de que o discurso da serpente talvez estivesse descrevendo de uma forma conveniente o tal do “entendimento”, motivou a mulher a valorizar mais a aventura do desconhecido do que as ordens

recebidas. É preciso levar em consideração, todavia, que o marketing da serpente foi apresentado com muitos atrativos. Ao passo que as instruções do Criador foram honestas e sem floreios. O chefe do mal caprichou nos atrativos secundários para ofuscar a mensagem real, que foi dita sem nenhuma dúvida. Esta, aliás, sempre tem sido a postura do enganador. Uma dúvida bem construída tem o potencial de minar os alicerces de um argumento elaborado com honestidade. Os frutos do mal nos atraem porque abusam dos enfeites coloridos e, acima de tudo, abusam da nossa vaidade humana. Os bereanos nos deram uma boa sugestão para evitar cair na esparrela do enganador. Diante daquela “pregação nova” de Paulo, sobre o Cristo Ressuscitado, foram procurar se a pregação “nova” tinha o apoio das Escrituras. Encontraram, e aceitaram a Cristo. O mal nos desfigura. O bem, através do Espírito de Cristo, revelado na Bíblia, nos restaura, nos faz crescer em Cristo.

rior, de traumas interiorizados que passam a ser neuroses, acabam, se não necessariamente desvio de caráter, mas no mínimo inibição de uma personalidade mais saudável, porque passa a haver um conflito em nosso psiquismo onde o Ego, o ID e o Superego acabam não se entendendo quando o Superego, que atua como juiz, ou censor, não funciona muito bem e assim o Ego (que é o ideal), tem dificuldade de ajustar as exigências do ID (contém os impulsos instintuais, agressivos e reprimidos). Outro aspecto é que a consciência pode ser cauterizada, conforme I Timóteo 4.2. Cauterizar é a ação de queimar. É destruir, extirpar. São aqueles que podem “ficar sem consciência”. Não a possuem, ou a tem cauterizada. Endurecida. A

consciência não funciona. Não está ativa. Inoperante. Não conhece os valores. Não discerne com precisão entre o bem e o mal, e por isso misturam suas atitudes. A nossa consciência precisa ser iluminada e assim há de ser uma testemunha fiel em nós, resultando em fonte de prazer e de alegria. Cremos além da importância de tratamento do psiquismo, para que o inconsciente se torne consciente através da técnica psicanalítica, que é a análise profunda do ser cremos que o Poder de Deus e a Graça do Senhor, capaz de restaurar, atuam de forma sobrenatural, proporcionando ao homem a possibilidade de encontrar o equilíbrio, a forma saudável e construtiva entre a consciência psicológica e a ética.

“E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela” (Gn 3.6).

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reflexão

DIFICULDADES BÍBLICAS

Ebenézer Soares Ferreira

Diretor-geral do Seminário Teológico Batista de Niterói – RJ

E OUTROS ASSUNTOS

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izem os evangelistas que era costume colocar um título acima da cabeça dos condenados. O título, às vezes, era levado pelo sentenciado em seu pescoço, com os dizeres de sua condenação (titulo qui causam poenae indicaret – Suet., Calig. C. 32) ou por um soldado que ia à frente fazendo a proclamação (praecedente titulo), que era vista por todos (Suet., Domit. 10). Em uma tabuleta caiada de gesso, era o título escrito e depois colocado acima da cabeça do padecente na cruz. Além de Suetônio,

O costume dos títulos

vários outros autores se referem a esse costume. Dio Cassio, por exemplo, fala de um escravo que foi levado à cruz com uma inscrição declaratória de sua condenação. Tertuliano, no seu Apologeticus, e Tácito, em várias obras, fazem referência a esse costume. O historiador Eusébio (H. Eccl. v.1) fala da condenação do mártir Átalo desta maneira: “Assim Átalo, o mártir, foi levado em volta do anfiteatro, com uma tabuleta diante dele, inscrita: ‘Este é Átalo, o cristão’ ”. Verifica-se que a descrição de Eusébio concorda com a forma dada por Mateus.

Variação terminológica Verificamos que os evangelistas empregam termos diferentes no que concerne ao título. Mateus, por exemplo, usa termo grego para significar “acusação”. Já os evangelistas Marcos (15.26) e Lucas (23.38) usam a palavra “epígrafe” ou “inscrição”, em grego. João, porém, usa o termo técnico do nome oficial da peça de madeira em que se escrevia a acusação. É interessante notar que só Mateus e Marcos falam que o título continha a acusação de Jesus. Mateus diz: “Puseram-lhe por cima da cabeça a sua acusação por escrito: ‘Este é Jesus, o Rei dos judeus’” (Mt

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE INSTITUIÇÕES BATISTAS DE ENSINO TEOLÓGICO (fundada em 1970) Rua José Higino, 416 – Edifício 14 – Sala 226 – Tijuca – Rio de Janeiro/RJ CNPJ: 02.191.726/0001-84

EDITAL CONVOCAÇÃO ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE INSTITUIÇÕES BATISTAS DE ENSINO TEOLÓGICO ASSEMBLEIA ORDINÁRIA Convocamos todos os representantes das Instituições Teológicas Batistas Filiadas à ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE INSTITUIÇÕES BATISTAS DE ENSINO TEOLÓGICO para se fazerem presentes na Assembleia Geral Ordinária, que se realizará no dia 19 de abril do corrente ano, às 08:30 hs em primeira convocação com 50% das filiadas, e às 09:00 hs em segunda convocação com a presença de qualquer número, conforme Artigo 8º, Parágrafo 4º do Estatuto da ABIBET. A Assembleia Ordinária da ABIBET ocorrerá durante todo dia na nave do templo da PIB do Pará. No amor de Cristo, Rio de Janeiro, 01 de março de 2017. Pr. Vanedson Ximenes dos Santos Presidente da ABIBET

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27.37). Marcos diz: “Por cima dele estava escrito o título da sua acusação: ‘O Rei dos Judeus’” (Mc 15.26). Lucas observa: “Por cima dele estava esta inscrição [em letras gregas, romanas e hebraicas]: ‘Este é o Rei dos Judeus’” (Lc 23.38). João acentua: “E Pilatos escreveu também um título, e colocou sobre a cruz; e nele está escrito: ‘Jesus o Nazareno, o Rei dos Judeus’” (Jo 19.19). Somente João menciona o epíteto Nazareno. Era um epíteto desprezível, uma referência desairosa à procedência de Jesus. Lucas e João, porém, não consideram a inscrição como uma condenação.

Tipos de cruz Dizem os historiadores que havia quatro tipos de cruz: 1. A crux simplex, que era feita de uma única peça; 2. A crux immissa, também conhecida pelo nome de “cruz latina”; 3. A crux decussata, em forma de X, que é também conhecida como “cruz de Santo André”; 4. A crux comissa, que tem a forma de um tau, conhecida como “cruz de Santo Antônio” ou “cruz egípcia”. É aceito por quase todos os estudiosos que o tipo de cruz em que Cristo foi crucificado tenha sido a cruz latina ou a crux immissa.

EDITAL DE CONVOCAÇÃO PARA ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA - UFMBB UNIÃO FEMININA MISSIONÁRIA BATISTA DO BRASIL - CNPJ no. 33.973.553/0001-80 - CONVOCAÇÃO - ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA - Nos termos do disposto nos Artigos 11, 12, 14, 16, 17, 30, 41 e 42 do Estatuto da União Feminina Missionária Batista do Brasil e em consonância com os artigos do Regimento Interno da União Feminina Missionária Batista do Brasil, ficam as representantes devidamente credenciadas pelas Uniões Femininas locais, convocadas a reunirem-se em AGE, a ser realizada no dia 19/04/2017, às 9 horas, no Hangar – Convenções e Feiras da Amazônia, localizado na Cidade de Belém, PA, na Avenida Dr. Freitas s/n - Marco, a fim de discutir e deliberar sobre a reforma dos Estatutos das Instituições de Ensino, CIEM - Centro Integrado de Educação e Missões e SEC - Seminário de Educação Cristã, apresentação das alterações e aprovação do Regimento Interno da União Feminina Missionária Batista do Brasil com a seguinte ordem do dia: (I) apresentação das alterações dos artigos dos Estatutos; (II) aprovação dos Estatutos das Instituições de Ensino CIEM e SEC; (III) apresentação das alterações do Regimento Interno da UFMBB; (IV) Aprovação do Regimento Interno da UFMBB. Rio de Janeiro, 06 de março de 2017. Neusa Maria Resende Soares - Presidente da União Feminina Missionária Batista do Brasil


6 vida em família

o jornal batista – domingo, 19/03/17

reflexão

Gilson e Elizabete Bifano

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Genipabu, e-mail, livro e telefonema

arece que foi ontem. Como passaram rápido estes 20 anos! Vinte anos de Ministério OIKOS. Vinte anos na defesa e pelo fortalecimento da família. Vinte anos despertando a Igreja evangélica brasileira para o trabalho com famílias. Vinte anos na santa teimosia de dar vida, prover o sustento, buscar apoio, buscar recursos para uma instituição criada por mim e por minha esposa, que nunca desconfiou da fidelidade de Deus. Vinte anos viajando por esse Brasil querido, levantando nossas vozes para que denominações, Igrejas, pastores, empresas invistam na família. Às vezes, fico a pensar que seria mais fácil ser pastor de Igreja (tive ao longo desses 20 anos algumas sondagens nesse sentido, duas inclusive fora do Brasil), ser um líder de Convenção estadual (fui

consultado para ser secretário geral de uma grande Convenção estadual, minha querida Convenção Batista Fluminense), ser diretor de Colégio Batista (recebi uma consulta nesse sentido). De nenhuma maneira estou insinuando que esses ministérios sejam fáceis; jamais. Mas, em todas essas sondagens disse que a vontade de Deus para minha vida era sempre o Ministério OIKOS. Prova disso tem sido as maneiras que Deus tem usado para falar ao meu coração a continuar na luta pela família. A primeira dela foi através de minha querida esposa, Bete. Estávamos em um evento da Associação Nacional de Educandários Batistas (ANEB), na cidade de Natal-RN, e passeávamos na Praia de Genipabu. Naquele dia, ela disse-me algo que nunca esqueceria. Disse que

não teria nenhuma dúvida de que Deus estaria aprovando e abençoando nosso desejo de criar o Ministério OIKOS. Em um outro momento, Deus nos falou através de um e-mail dos EUA. Em um dia de desânimo, apareceu na tela do computador um e-mail com o seguinte título: “Don’t give up”, que quer dizer: “Não desista!”. Em uma outra oportunidade, um colega, pastor Mauro Sanches, telefonou-me especialmente para dizer que tinha lido um artigo escrito por mim e me encorajou a continuar neste ministério. Em uma outra ocasião, lendo um livro de Dennis Rainey (Meditações Diárias para Casais, dia 02 de dezembro), ele escreveu: “Deus proverá os recursos (dinheiro, talentos, liderança, tecnologia e energia física) a todos os que se empenham em fortalecer as famílias”.

Tenho muito a agradecer. A Deus, em primeiro lugar. Como Ele tem sido bondoso, misericordioso, fiel e gracioso. “Ebenezer, até aqui nos ajudou o Senhor!” (I Sm 7.12). Deus tem sido nossa pedra de ajuda. Agradecer à minha família, minha esposa Bete, minhas filhas Susanne e Alana, genros Elthom e Eduardo e aos netinhos queridos, Théo e Samuel. Agradecer aos nossos intercessores, doadores financeiros, voluntários da equipe (de uma forma especial ao meu cunhado, Heli Quadra), à nossa secretaria Girle, aos membros do Conselho, Igrejas e pastores. Termino, expressando minha gratidão ao O Jornal Batista. Acho que já estou como

colunista por 15 anos. Como é bom encontrar tantos leitores por este Brasil! Aos secretários, pastor Salovi e ao meu querido amigo, pastor Sócrates, pela porta aberta para escrever neste semanário tão importante. Através de OJB temos recebido muitas bênçãos de Deus. Orações, ajuda como voluntário, palavras de apoio e ofertas mensais de tantos líderes, pastores, Igrejas, denominações, empresas, são formas de Deus continuar dizendo ao meu coração “don’t give up”. Muito obrigado! Pr. Gilson Bifano é diretor do Ministério OIKOS. Palestrante, escritor e Coach na área de casais e famílias. oikos@ministeriooikos.org.br


7 Coordenadores de projetos compartilham conquistas e desafios do campo missionário o jornal batista – domingo, 19/03/17

missões nacionais

Pastor Fernando Brandão e coordenadores de Cristolândias

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sede da Junta de Missões Nacionais, no Rio de Janeiro, recebeu por uma semana os coordenadores dos projetos sociais e de plantação de Igreja em todo o Brasil. Foi uma oportunidade de compartilhar os desafios e bênçãos do campo missionário. Os coordenadores de Cristolândias, plantação de Igrejas no Sul, Projeto Amazônia e Lares Batistas contaram testemunhos do que Deus tem feito no campo brasileiro. O Sul é um dos grandes desafios da Junta de Missões Nacionais. O estado do Rio Grande do Sul tem 497 municípios e apenas 122 Igrejas Batistas. Uma das metas é dinamizar o processo de plantação de Igrejas naquele campo. O pastor Walter Luiz, coordenador de plantação de Igrejas no Rio Grande do Sul, relatou que o trabalho

Coordenadores do Projeto Amazônia e Radical Amazônia

no estado fechou o ano com 99 PGMs, mais de 100 líderes de PGMs formados. O número de membros nas congregações é de aproximadamente 860 novos crentes Batistas. Ao todo, mais de 1.100 pessoas estão participando mensalmente. A meta para 2017 é que a Região Sul seja um novo campo para o Radical Brasil. Na Amazônia, Deus tem concedido a benção de muitos ribeirinhos conhecerem o Evangelho e se renderem a Cristo através do trabalho de relacionamentos discipuladores e plantação de Igrejas dos Radicais. O pastor Alexandre Fernandes, coordenador no Norte, falou sobre como jovens locais têm sido alcançados: “É maravilhoso vermos Deus levantando jovens em toda a nossa Nação não só para dedicar o tempo de suas vidas ali nas comunidades ribeirinhas, mas vemos esses

Coordenadores de projetos sociais e Missionários de plantação de Igrejas e equipe da Gerência de Assistência Social Gerência de Missões

jovens sendo potencializados pelo Espírito Santo de Deus para influenciar outros jovens ribeirinhos”. Acompanhado pelo pastor Donaldo, coordenador do Radical Amazônia, e pastor Josivan Arruda, missionário plantador de Igrejas em Coari-AM, o pastor Alexandre contou que muitos jovens locais têm sido batizados. Uma dessas jovens é Taila que, até os 13 anos, se envolvia com drogas na comunidade ribeirinha, mas, através do trabalho e relacionamento de duas Radicais, conheceu a Cristo e agora deseja também ser missionária. Os pastores Aider Gouveia, Gildo Gomes e Raphael Scotelaro, novos coordenadores das Cristolândias RJ, PE e BA, também falaram sobre os desafios que têm percebido nas missões. “Em um cenário tão bonito, com tanto turista, tem gente

sofrendo nas ruas, homens mulheres, crianças, sofrendo na Bahia. E a gente conseguiu chegar lá e atender, de terça a sábado, de 40 a 50 pessoas por dia, recebendo alimentação, trocando de roupa, tomando banho e sendo abençoadas pelo poder de Deus”, contou o pastor Raphael, que há quatro meses coordena o projeto na Bahia. Os missionários pastor Robson Rocha, do Lar Batista FF Soren e pastor Diego Toyonaga do David Gomes, também relataram experiências. O Lar Batista David Gomes tem sido considerado referência em Barreiras - BA e tem sido procurado pelas direções de outros lares para consultas, dicas e conhecer o trabalho feito ali. Foi feito um convite para aqueles que puderem passar de 10 a 15 dias em um dos lares. “Há 15 anos eu era pastor de Igreja e muita coisa que eu ouvia, eu não acreditava. Eu

descobri a realidade quando eu fui trabalhar no FF Soren”, contou o pastor Robson. O pastor Fernando Brandão, diretor executivo da JMN, louvou a Deus pelos testemunhos e parabenizou os coordenadores das Cristolândias pelo trabalho que tem sido reconhecido por autoridades públicas em todo o Brasil. “Louvamos a Deus por esses lindos testemunhos. O que Deus está fazendo na Amazônia, o que Deus está fazendo no Sul, o que Deus está fazendo nesse Brasil todo, é lindo demais. Precisamos trabalhar mais, precisamos enviar mais missionários, precisamos ampliar os projetos, precisamos capacitar mais pessoas, multiplicar discípulos e líderes, Igrejas. Precisamos de Deus e precisamos viver intensamente a missão e a visão de Deus”, declarou o pastor Fernando.


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o jornal batista – domingo, 19/03/17

notícias do brasil batista

AcampBab tem mais de a 400 inscritos na 75 edição

Salão Nobre do Colégio Batista Taylor-Egídio lotado durante AcampBab 2017

Lidiane Ferreira, jornalista da Convenção Batista Baiana

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urpreendendo todas as expectativas, a 75ª edição do Acampamento Geral dos Batistas Baianos, o AcampBab, contou com 411 inscritos - maior número registrado nos últimos anos - e mais 650 pessoas participando das celebrações. O evento é realizado tradicionalmente no Colégio Batista Taylor-Egídio (CBTE), em Jaguaquara-BA, município localizado a cerca de 330 km de Salvador-BA. Este ano ocorreu no período de Carnaval, entre os dias 25 e 28 de fevereiro. O Acampamento tem marcado a história dos Batistas Baianos com muitas conversões e despertamentos vocacionais, sendo um importante evento para

Impacto Evangelístico pelas ruas de Jaguaquara-BA AcampBab 2017 teve mais de 400 inscritos

os Batistas da região de Jaguaquara e da Bahia Batista. Um Acampamento geral reúne pessoas de diferentes idades, e com o AcampBab 2017 não foi diferente. De crianças que participaram do AcampKids até os da melhor idade, todos puderam aproveitar a variada programação. O culto matutino, que começava às 06h, teve um público tão grande que mudou da sala do refeitório para o Salão Nobre do CBTE. As manhãs contaram também com momentos de louvor, pregação da Palavra e os seguintes seminários: Pequeno Grupo Multiplicador, Escola Bíblica Multiplicadora, Juventude e Terceira Idade. Afinal de contas, o AcampBab nasceu do desejo de realizar mais um encontro anual - além da Assembleia da CBBA - no qual houvesse celebração, comunhão e capacitação.

Caravanas de várias cidades da Bahia estiveram presentes: Feira de Santana, Salvador, Santo Antônio de Jesus, Riachão do Jacuípe, Amargosa, Valença, Catu, Gandu, Jequié, Ubaíra, Jacobina, Ipirá, Pintadas, dentre outras. As tardes livres, esportivas e de lazer foram a oportunidade perfeita para os acampantes se conhecerem e estreitarem os laços. Juntos, eles realizaram um impacto evangelístico pelas ruas de Jaguaquara, anunciando a Jesus junto com o coro da Cristolândia Bahia, cuja participação no evento marcou a vida dos presentes. As noites contariam com as mensagens do pastor Fernando Brandão, diretor executivo da Junta de Missões Nacionais e baiano de nascimento e coração. Por conta de um imprevisto, não foi possível ele estar presente,

contudo, os pastores Adelson Santa Cruz (presidente da Convenção Batista Baiana), Erivaldo Barros (secretário geral da CBBA), Riedson Filho (gerente de Expansão Missionária da CBBA) e Geremias Bento (diretor geral do Seminário Teológico Batista do Nordeste) foram usados por Deus para falar sobre o tema “Multiplicando Discípulos”, impactando os presentes. A CBBA agradece à Associação Batista Jaguaquarense, ao Colégio Batista Taylor-Egídio e à Escola Rural Taylor-Egídio por todo apoio dado ao AcampBab. Também agradece a cada pessoa que construiu o evento durante esses 75 anos, especialmente o casal pastor Arno e Jussara Hübner que, durante o período de 19911996 e 2003-2016, esteve à frente do segundo maior evento da Bahia Batista.

“A caravana de Feira de Santana contou com 46 irmãos no AcampBab, que abençoaram e foram abençoados até fim do evento. Quero agradecer a Deus, à CBBA e toda a diretoria envolvida neste grande evento de Deus, parabéns”, relata alegremente Cleide Rodrigues, da Igreja Batista Boas Novas em Feira de Santana. “Estive no AcampBab. Foi a primeira vez que participei. Estou grata a Deus pela oportunidade, foi um benção. Se assim o Senhor me permitir, em 2018, estarei lá novamente!”, declara Renata Costa, da Primeira Igreja Batista em Ipirá. “Foi uma bênção e querendo o nosso bom Deus, estaremos lá em 2018 com uma caravana ainda maior”, afirma Antonio Claudio Soares, da Primeira Igreja Batista em Santo Antonio de Jesus.

Projetos PEPE e Novos Caminhos recebem capacitação em Santa Cruz do Sul -RS Sonia Heimann Reinke, coordenadora dos programas sociais PEPE e Novos Caminhos

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os dias 11 e 12 de fevereiro, em Santa Cruz do Sul-RS, tive o privilégio de estar com as equipes de trabalho dos programas sociais PEPE e Novos Caminhos (Camaquã, Sarandi e Santa Cruz do Sul) da Convenção Batista Pioneira do Sul do Brasil (CBPSB). No sábado, dia 11, tivemos a Capacitação Continuada dos Pepes. Aproveitamos o momento para reafirmar a visão, para compartilhar e orar pelas crianças, famílias, comunida-

de, igrejas envolvidas, e também pelas pessoas que estão dedicando suas vidas nesse ministério. Além disso, as monitoras participaram da oficina “Capacitação para o Ministério Infantil”, ministrada por mim, no âmbito da Conferência da ABSA, que aconteceu na Câmara de Vereadores da cidade. Foram momentos edificantes e de muita aprendizagem. No domingo, dia 12, já nas dependências da Igreja Batista Pioneira em Santa Cruz do Sul, aconteceu a Capacitação Inicial do Programa Social Novos Caminhos (programa da Junta de Evangelismo e Missões da CBPSB, que atende crianças de 06 a 11 anos de idade em

Equipes de trabalho do PEPE e Novos Caminhos

situação de vulnerabilidade social e emocional), tendo em vista a implantação desse programa em Sarandi, em março deste ano. Foi muito gratificante alinhar a visão e trabalhar a formatação do programa. Tivemos a participação, como palestrantes, do pastor Wagner

Tobias da Silva (responsável direto pela elaboração dos projetos que estão sendo usados neste programa, em Santa Cruz do Sul – onde acontece o projeto piloto), da Eliane Hein, esposa do pastor Jair Hein, trabalhando as características dessa faixa etária, e da Helen

Feijó, monitora do programa, mostrando como o programa se desenvolve no dia a dia. Agradecemos a toda liderança e aos irmãos por terem nos recebido tão bem nestes dias. Louvo a Deus por Sua infindável misericórdia e por nos proporcionar o privilégio de levar Seu amor aos pequenos e seus familiares. Também me alegro com os adotantes e parceiros, especialmente a EBM International, que tem investido nesses programas. Deus tem feito grandes coisas e cremos que neste ano muito mais acontecerá, pois Deus é fiel e tem planejado para nós coisas maravilhosas. A Ele toda a glória!


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PIB Marilea - Rio das Ostras - RJ realiza curso de autoconfrontação

Fotos: Eduardo Valentim

Ninah Pinheiro, jornalista, membro da Primeira Igreja Batista Marilea – RJ

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urante uma semana, entre os dias 06 a 11 de fevereiro de 2017, a Primeira Igreja Batista em Jardim Marilea, em Rio das Ostras - RJ, em parceria com a Associação Brasileira de Conselheiros Bíblicos (ABCB), realizou o Treinamento em Aconselhamento Bíblico com a ministração do curso de autoconfrontação. O curso foi organizado pelo ministério Lado a Lado, que tem atuado em aconselhamento bíblico com mulheres da PIB Marilea desde 2016. “Neste início de ano, tivemos a oportunidade de servir ao Senhor na organização do curso intensivo de autoconfrontação que é um discipulado em profundidade, com

Evento teve participação de 116 pessoas

Curso é uma parceria entre a PIB Marilea e a ABCB

o apoio da PIB Marilea e em parceria com a ABCB”, explicou Fabrícia Coura, que integra a equipe do ministério. Segundo a ABCB, o curso de autoconfrontação apresenta princípios bíblicos essenciais que podem mudar o significado da vida. Auxiliando a superar problemas e desenvolver maturidade espiritual, confrontando os fracassos e falhas e ajudando a efetuar as mudanças bíblicas apropriadas.

serem mais comprometidos e obedientes à Palavra de Deus.”, relatou Fabrícia. “O curso foi muito edificante, fez-nos lembrar de que não somos nada e que Deus é tudo em nós. Que precisamos viver em constante adoração e glorificando a Ele. E que Jesus Cristo é o nosso alvo, independente das circunstâncias e das pessoas.”, disse Jéssica Alana Santos. Certos da importância da re-

O número de inscrições superou as expectativas. Foram 116 participantes, dentre eles pastores e membros de outras Igrejas da região que ouviram da necessidade de ter uma vida que glorifique a Deus em todas as circunstâncias. “Ao longo do curso tivemos a oportunidade de conversar com alguns participantes que relataram sobre a importância de resolverem os seus problemas biblicamente e de

alização de mais cursos como esse e buscando cada vez mais auxiliar as pessoas a pensar e agir biblicamente, sempre com o propósito de adorar e glorificar o nome de Deus, o ministério Lado a Lado e a PIB Marilea vão trabalhar para que novos projetos sejam realizados pela Igreja para edificação dos seus membros. “O curso foi tão edificante que já estamos planejando uma nova edição em 2018”, concluiu Fabrícia.

Igreja Batista Emanuel - RS realiza 8a edição da Colônia de Férias Marcos Eduardo Rauber, segundo vice-presidente da Igreja Batista Emanuel - RS

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ntre os dias 17 e 22 de janeiro de 2017 aconteceu a 8ª edição da Colônia de Férias da Igreja Batista Emanuel, em Panambi-RS, participante da Convenção Batista Pioneira. O projeto, inspirado no texto “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele” (Pv 22.6), combina atividades de lazer, entretenimento, socialização e contato com a natureza, com o ensino da Palavra de Deus, com ênfase ao Evangelho da Salvação em Cristo Jesus. No decorrer da semana, as atividades foram desenvolvidas durante as tardes no Parque Batista (ampla área verde de propriedade da Igreja, situada na área urbana), contando com a participação de 350 crianças, com idades entre 04 a 12 anos, e 110 voluntários, dentre eles sete seminaristas da

Baymax fez sucesso entre a criançada

Colônia recebeu mais de 350 crianças

Faculdade Batista Pioneira, de Ijuí, RS. Neste ano, o tema da Colônia de Férias foi “Jesus Big Hero”, baseado no filme da Disney, “Operação Big Hero”. O pastor Josemar Modes, da IB Emanuel desempenhou o papel do personagem “Hiro”, e o novo obreiro da Igreja, André Souza, incorporou “Baymax”, um robô com aspecto de marshmallow, fofinho, que fez sucesso entre a criançada. A cada dia, os dois personagens contavam as histórias com ensinamentos práticos, como respeito, amizade e

amor ao próximo, apresentando a vida e os ensinamentos de Jesus. Além disso, houve momentos de louvor através de cânticos dirigidos pelo grupo musical dos jovens e adolescentes, atividades artísticas, exibição de taekwondo por instrutores e alunos da Academia Rede Mestre, dinâmicas com equipe da Escola VIP Idiomas, lições de segurança no trânsito ministradas por agentes do Departamento Municipal de Trânsito, brincadeiras radicais (como escalada, tirolesa, arvorismo e rally), além

do tradicional “escorrega no sabão” e do inovador “pebolim humano”. No sábado à tarde, pais e familiares puderam conhecer as dependências do Parque e assistir as atividades desenvolvidas pelas crianças, participando de agradáveis momentos de integração com outras famílias e equipe de voluntários. A programação teve seu encerramento com o culto do domingo à noite, com a participação dos personagens “Hiro” e “Baymax”, das crianças e seus familiares, além

da congregação, lotando o salão social da Igreja Batista Emanuel. Foram entoados os cânticos que embalaram a Colônia de Férias, apresentadas fotografias e vídeos das atividades da semana e apresentada a Palavra de Deus pelo pastor Josemar Modes, destacando que a fé que salva, é a fé depositada em Jesus, que compromete nossa vida, mudando os rumos desta. Segundo a irmã Mara Rehn, coordenadora do projeto, o evento tem sido muito bem recebido pela comunidade e crescido ao longo dos anos, contando com doações e patrocínios de pessoas e empresas locais. A coordenadora do projeto ressaltou que a Colônia de Férias tem servido como valioso instrumento para evangelizar as crianças e suas famílias, apresentando-lhes os princípios cristãos e o plano da salvação em Jesus, forma pela qual a Igreja busca cumprir a missão de ser “Sal e Luz” do mundo e influenciar positivamente a sociedade.


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Alegrando Refugiados em solo alemão

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uando cheguei na Alemanha tive o mesmo frio no estômago da primeira vez que fui à América e não falava o inglês. No caso da Alemanha, ainda não falo alemão, somente algumas frases. Mas dou graças a Deus pelos 20 anos de aula de inglês na América, que me prepararam para poder comunicar-me com 10% dos Refugiados de países de língua inglesa e alemães que tem o inglês como segunda língua. Um alerta para o meu povo Batista brasileiro: aprendam a falar em inglês! Saber uma segunda língua pode trazer grandes bênçãos para a sua vida. Minhas apresentações são mímicas, e em inglês, com tradução para quatro línguas: Deutsch, Arabisch, Kurdisch Sorani, e Farsi. Como todos os Refugiados precisam ir para a escola para aprender a língua nativa, logo as traduções são prioritariamente feitas em alemão, salvo para os que chegaram agora. Dou graças a Deus pelos dons e talentos que Ele me confiou; tenho usado todos. A arte do Teatro de Bonecos tem sido aceita de forma milagrosa. Em uma das visitas aos lugares onde os Refugiados estão abrigados ficamos do lado de fora, no estacionamento de um hotel desativado, onde encontram-se várias famílias. Nossa intenção era convidá-los para ver uma das minhas apresentações, que seria em uma cidade vizinha. Tinham duas crianças brincando no estacionamento; logo montei o palco dos bonecos com a ajuda do casal responsável pela Internacional Community of Integration (ICOL), meus parceiros em missões junto aos Refugiados. O show no estacionamento acabou atraindo outras crianças e logo pudemos nos divertir com eles; tudo com muito cuidado! Minha vontade era ir direto ao assunto,

dizer o quanto Jesus as ama, mas o que o Espírito Santo motivou-me a fazer foi “ser Jesus” e brincar com elas. Logo que o pequeno show acabou e deixei o convite para o nosso evento, alguns pais também se aproximaram e aí a coisa ficou melhor (risos). Na hora de despedir-me fui surpreendido por uma criança que suplicou

que eu entrasse no hotel e lhes contasse uma estória. Não acreditei no que estava acontecendo e foi exatamente o que meu amigo Thomas traduziu, as crianças queriam ouvir uma estória! Aí eu fui para a galera! (risos). Agora tenho ido lá sempre que posso para brincar com elas e aproximar-me cada vez mais. Algumas delas vieram para o

nosso programa. Muitas são as vitórias. Também estou ministrando com o meu testemunho e workshops de teatro de bonecos de meia. Continuem orando por missões ao redor do mundo, e lembre-se, seja fiel em Jerusalém e Deus pode te abençoar com os confins da terra e até te dar Nações por herança!

E você, o que tem feito? Conte a história de como Deus está te usando para fazer missões através dos seus dons e talentos. Escreva-nos, este é o seu espaço! Roberto Maranhão, Arte e Cultura - CBB marapuppet@hotmail.com WhatsApp. +55 11 949807808


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missões mundiais

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PEPE chega a Honduras Willy Rangel – Redação de Missões Mundiais

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PEPE expande suas fronteiras para chegar a mais um país na América Latina. Agora, o programa socioeducativo promovido por Missões Mundiais está em Honduras, onde a primeira unidade começou suas atividades em fevereiro, beneficiando 16 crianças de 04 a 06 anos e suas famílias, na cidade de San Pedro de Sula. Segundo a irmã Carmen Lígia, missionária na Colômbia e coordenadora do PEPE para a América Central, essa mais nova unidade começou na Igreja Batista Casa de Deus, onde duas professoras se ofereceram, voluntariamente, para se transformar em missionárias-educadoras do programa socioeducativo. Porém, a abertura desse PEPE agora em fevereiro de 2017 teve início com um processo um ano atrás, quan-

do Carmen começou o contato com o departamento de missões da Convenção Batista Hondurenha, através do pastor Pablo Cruz. No mesmo mês do ano passado, a missionária foi a Honduras e apresentou o PEPE para um grupo de pastores. “Em junho, tive a oportunidade de regressar para capacitar líderes e pastores das Igrejas da região que estavam interessados em começar um projeto com crianças em suas dependências e se animaram muito ao conhecer a estrutura do PEPE”, relata Carmen Lígia. A estrutura do PEPE em Honduras está sendo liderada pela coordenadora nacional, Vilma Alejandra Milla Paz, pedagoga na área pré-escolar e que tem trabalhado pela abertura de novas unidades no país centro-americano. Carmen conta que, durante o período de matrícula, uma menina ouviu a mãe dizendo que ela seria matriculada no PEPE.

Primeiro PEPE em Honduras começou a funcionar em fevereiro, com 16 crianças

“Então, ela correu e abraçou fortemente a missionária-educadora, a quem disse: ‘Obrigada por me dar a oportunidade de ir à escola, porque eu queria muito, mas na minha casa não temos nem mesmo o que comer, e meus pais disseram que não havia maneira de conseguir dinheiro para que eu pudesse

estudar’”, diz Carmen. “O PEPE chegou a Honduras para alcançar muitas crianças com o Amor de Deus, começando por essas 16 que estão na primeira unidade”, completa. Para a coordenadora do PEPE Internacional, a pedagoga e missionária Terezinha Candieiro, é uma grande ale-

gria “Chegar a mais um país necessitado com a Palavra de Deus e servindo através do PEPE”. “Honduras é um grande desafio que já estava há algum tempo em nossas orações e planos”, revela Terezinha. “Hoje os planos se tornam realidade com a bênção de Deus”, destaca. Segundo Terezinha, a educação infantil de qualidade está diretamente ligada a um dos objetivos de desenvolvimento do milênio compartilhados pela ONU, que é o de “Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos”. “Por meio do PEPE, a Igreja de Jesus tem a oportunidade e o privilégio de cumprir sua missão em uma perspectiva integral, e causar grande impacto no mundo, suprindo e atendendo a esta grande necessidade dos países pobres e em desenvolvimento”, conclui.

Radical Haiti: participe da nova turma Willy Rangel – Redação de Missões Mundiais

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programa Radical enviou em janeiro deste ano a terceira turma do projeto para o Haiti. Se você tem entre 18 e 30 anos, ensino médio completo, pertence à mesma Igreja Batista há, pelo menos, dois anos, e quer fazer a diferença no campo com a sua vocação, pode participar do processo seletivo para a próxima turma do Radical Haiti. Para isso, inscreva-se até 09 de abril através do e-mail crh@ jmm.org.br. De fato, as inscrições para o programa Radical duram todo o ano, mas se você quiser participar da quarta turma do Radical Haiti, já no ano que vem, é preciso cumprir o prazo de 09 de abril. O atual formato do programa Radical é direcionado para moças e rapazes solteiros, com idade entre 18 e 30 anos e membros, há, pelo menos, dois anos,

Terceira turma do Radical Haiti. Inscrições para a próxima turma vão até 9 de abril

de uma Igreja Batista. Os selecionados passam por um treinamento no Brasil e os comissionados são enviados ao campo por um período mínimo de 1 ano e máximo de 4 anos. São jovens com perfil que compreende o caráter de sua formação e habilidades dentro das áreas

de saúde, educação, esportes, cultura, entre outras. No campo, o missionário Radical apoia nossos projetos, de acordo com o seu perfil, e é supervisionado diretamente por um missionário efetivo. O Programa Radical possui cinco projetos: África, Ásia, Haiti, Latino-Americano e

Luso-Africano. Todos exigem o ensino médio como escolaridade mínima, com exceção do Radical Ásia, cujo candidato deve ter o ensino superior completo, e o Latino-Americano, que exige, pelo menos, o ensino superior em andamento. “A participação no Pro-

grama Radical proporciona uma compreensão profunda da sua experiência e daquilo que ele efetivamente é, como cristão missionário, podendo atuar e influenciar o mundo”, diz Fernando dos Santos, coordenador do Radical. “Como resultado dessa experiência, muitos vencem complexos e compreendem melhor a Bíblia como ferramenta de Deus e sustento para a alma. Caso na região onde esses jovens congregam a evangelização não seja bem explorada, eles descobrem também formas de discipular, evangelizar, oferecer acompanhamento pessoal e o mais importante: criar relacionamentos”, destaca Fernando. Se o seu perfil não se encaixa no de um missionário do Radical Haiti, mas você deseja fazer parte desta missão, ajude a identificar vocacionados para a próxima turma do projeto, cujas inscrições para o processo seletivo devem ser feitas até o dia 09 de abril através do e-mail crh@jmm.org.br.


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OBITUÁRIO

Professor Elon Macena in memoriam Nilberto Amorim, membro da Igreja Batista da Liberdade - SP

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abilidoso no trato com pessoas”, “honesto”, “ponderado”, “líder cristão”, “servo”, “humano”, “afetuoso”, “carinhoso com as crianças do Colégio Batista”. Palavras assim soaram nos pronunciamentos emocionados de pastores, professores, alunos e amigos no salão nobre do Colégio Batista durante o culto fúnebre do professor Elon Macena. Do meu assento, ouvia atento e, intimamente, dava pleno assentimento à veracidade daquelas palavras. Pois, examinando bem, me julgo pessoa credenciada a fazê-lo. Vamos aos fatos. Nas décadas de 1980 e 1990, costumeiramente eu comparecia a um órgão central da secretaria da Educação do estado de São Paulo para reuniões ou cursos de capacitação. Em diversas ocasiões, porém, os encontros eram realizados nas dependências de uma grande escola pública contígua ao prédio daquele órgão. Em uma das vezes,

ocorreu-me a grande surpresa de encontrar no pátio o diretor da escola em plena lide com alunos. Era nada menos que Elon Macena. Dez anos antes haviam me apresentado a ele na sede do Lar Batista de Crianças, mas agora, notando que não me reconhecera, eu o abordava fazendo-me passar apenas por supervisor de ensino. Tivemos uma longa conversa sobre educação, ainda que, volta e meia, interrompida por funcionários e alunos lhe trazendo problemas ou papéis para assinar. Eu o avistaria algumas vezes mais no ambiente daquela escola, mas ficando apenas na troca de cumprimentos. De qualquer modo, “avistaria” não encerra o elemento semântico exato, posto que passei a observá-lo meio que secretamente. Por estar eu fora da Igreja, ou talvez por outra razão menos nobre, o fato é que o espionava discretamente, ou, se quiser, eu o espreitava com mil olhos para saber se ele se comportava adequadamente na escola como um verdadeiro cristão Batista. E digo sim; ele nunca me decepcionou. Anos se passaram e eu me filiei à mesma Igreja dele -

da Liberdade - e quando lhe contei da “espionagem”, riu muito. Na Igreja, fizemos uma boa caminhada conjunta, principalmente como integrantes do Conselho de Educação Cristã. Durante anos, após nossas reuniões às quintas-feiras à noite, ele me dava carona até uma estação do metrô. Mas o tempo do trajeto, de tão curto, ocasionava frustrante interrupção do assunto a que nos aferrávamos - educação, sempre. Falava ora da ex-gestão dele em um dos gigantescos Centro de Educação Unificado (CEUs) da Capital, ora da atual direção pedagógica que exercia no Colégio Batista

de São Paulo, ao qual estava preso pelo coração. Todos sabem que os apaixonados por educação não conseguem manter a calma quando discutem problemas afetos à área. O professor Elon conseguia fazê-lo. Daí eu propor a inclusão de “moderado” àquele rol de adjetivos acima com que o descreveram e explicaram. Presente bem mais cedo no Colégio Batista, local do velório, em obediência a um horário inicialmente anunciado, fui informado de que a chegada do corpo se atrasaria em duas horas. À essa constatação, e vendo que não suportaria a espera em local tão impregnado do amigo, e onde tantas vezes havia proseado com ele, ganhei a rua de imediato, em um jeito de fuga. Em instantes, me vi descendo e subindo ruas sob o sol forte daquela tarde triste de dezembro a empanar-me a vista, e tendo a alma acossada pela ameaça do não-sentido e também por mil perguntas irrespondíveis (as perguntas que inutilmente fazemos quando sobrevém a morte, das quais falaria o pastor Nelson Pacheco no culto

horas depois). Fui seguindo; finalmente, adentrei um grande shopping center para ver se espaireceria a cabeça. Tudo em vão. O rosto do Elon estava por toda parte; sua lembrança vinha em primeiro plano, sobrepujava tudo e todos no entorno - até mesmo os ricos cenários e enfeites de Natal. Mais uma vez, fazíamos caminhada conjunta. No retorno, subi a pé a Rua Monte Alegre. E o que aconteceu no exato instante em que cheguei na esquina da Rua Homem de Melo? Isto: o carro da funerária entrava em ré por um dos portões do Colégio bem à minha frente. Tal inesperado evento não me surgiu como mera coincidência, tampouco me pareceu destituído de maior significação. Ao contrário, eu o tomei como uma espécie de cortesia da Providência, favorecendo-me a oportunidade de, emudecido e sozinho naquela esquina, despedir-me do Elon. Instante veloz, mas suficiente para dizer em pensamento: “Até breve, mestre e irmão; no Reino de Deus, daremos prosseguimento às nossas conversas”.


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ponto de vista

Departamento de Ação Social da CBB

Série: Filosofia de responsabilidade social da CBB

20 anos do documento: filosofia de responsabilidade social da CBB - III

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documento Filosofia de Responsabilidade Social da CBB (disponível em: http://www.batistas. com/portal-antigo/images/ acao_social/FILOSOFIA%20 DE%20RESPONSABILIDADE%20SOCIAL%20DA%20 CBB%20-%20012013.pdf) fundamentou sua argumentação em claros ensinos bíblicos. Ele nos lembra que as Escrituras Sagradas ensinam que Deus é justo e misericordioso (Salmo 86.1), ama a justiça e abomina o mal (Miquéias 6.8), nos instrui a lutar pelos órfãos e defender a causa da viúva (Isaías 1.17), bem como a combater a pobreza (Deuteronômio 15.4). Relembra-nos de que Jesus seguiu essa mesma ênfase ensinando que a fidelidade a Deus fundamenta-se no amar

a Deus e ao próximo (Mateus 22.36-40). Em plena sintonia com esses textos, o documento pontua diversas expressões na história em que cristãos tomaram a iniciativa no cuidado dos necessitados e na luta por transformação social (item 2.7). Amparado no ensino bíblico, o documento afirma que a ação social dos Batistas tem dois objetivos (item 3.2). Um primeiro envolve a busca por desenvolver “Uma consciência de Responsabilidade Social capaz de tornar a Ação Social uma realidade efetiva na prática da denominação, da Igreja local e dos crentes individualmente”. Ou seja, que todos nós estejamos comprometidos em práticas de misericordia e justiça. Um outro objetivo apresenta-se ainda mais desafiador: a

transformação da sociedade e suas estruturas. Para atingir esse fim, o documento aponta caminhos. O primeiro deles é a força da proclamação do Evangelho e do testemunho cristão - palavra e ação com integridade. Outro, é o envolvimento comprometido. O documento conclama os Batistas a influenciarem as instituições existentes nas áreas de repercussão social e junto aos poderes públicos de todas as esferas, especialmente o legislativo. E não só, também desafia-nos à participação nas reformas estruturais necessárias à melhoria da população, bem como na “Atuação das causas profundas que determinam a existência de injustiças e sofrimentos na vida dos brasileiros”. Percebe-se o intuito de instigar a todos,

de todas as formas legítimas, a combaterem os fatores fomentadores da injustiça. Essa atuação também se dará por meio de pronunciamentos “Sobre questões significativas relativas à Responsabilidade Social”, dada a relevância da sociedade conhecer o pensamento social dos Batistas. A importância da proclamação do que cremos não pode ser minimizada. Mirando no exemplo dos profetas, compreende-se a importância de “Denunciar todas as formas de opressão do ser humano pelo ser humano e pelas instituições” como “Prática necessária à consciência profética da Igreja” (3.6). Mas como transformar a intenção em ação concreta? O documento aponta esse percurso no intento de transformar a sociedade brasileira. É

preciso identificar as circunstâncias no Brasil que impedem as pessoas de obterem uma condição econômica e social digna, como também das necessárias reformas na estrutura do Estado brasileiro. Somente conhecendo essa realidade pode-se, com coerência, atuar visando a alteração do que fomenta a injustiça no Brasil. Essa atuação, para ser eficaz, não pode ser apenas individual, mas incluir a “Participação consciente de indivíduos, grupos, comunidades e populações nas mudanças que se revelarem necessárias” (3.2). Percebe-se, diante do exposto, o imenso desafio que nós Batistas assumimos diante da sociedade brasileira e, principalmente, diante de Deus. Que Deus nos conduza à fidelidade.


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ponto de vista

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Ser mulher no século XXI

E Deus criou a mulher! mulher um ser de segunda Tarcísio Farias Guimarães, classe. Em algumas sociedapastor da Primeira Igreja Batista em Divinópolis - MG des a violência à mulher é tolerada, simplesmente porer mulher em nosso que o homem é autorizado tempo é aprender a a fazer o que quiser com a encarar desafios que mulher. Em muitas famílias, têm acompanhado a notícia do nascimento de o gênero feminino na his- uma mulher é lamentada, já tória da humanidade, mas que o nascimento de um hotambém reconhecer outros mem é considerado um feito desafios próprios do século especial. É claro que não é XXI. Graças a Deus, porque aceitável a depreciação da os desafios podem oferecer criação amada por Deus. O movimento feminista oportunidades de crescimento e superação. Deus deu à também é perigoso, está cada mulher a capacidade para vez mais hardcore, intransiassumir, de modo belo e se- gente na defesa do empodeguro, sua missão na Igreja, na ramento feminino, a ponto de sugerir que a mulher pode família e na sociedade. Penso que a mulher do viver sem qualquer relação século XXI tem sido apresen- com o gênero masculino. A tada constantemente a dois quebra da harmonia entre desafios quando o assunto é os gêneros tem feito surgir seu lugar no mundo. Por um movimentos insanos como lado, o velho e inaceitável a “marcha das vadias”, que rebaixamento de gênero, expõe ao máximo o corpo que pode ser visto em dife- feminino, desvalorizando-o rentes culturas e em vários em nome da liberdade sem ambientes. Por outro lado, a limites. A defesa equivocada questionável e contraditória do aborto, que em nome do causa feminista radical, que domínio completo da mulher poderia ter se tornado uma sobre o seu corpo, faz com causa nobre, mas se deixou que a morte de vidas inocencontaminar pela enfermida- tes seja justificada pela emande que sempre combateu: cipação de vidas conscientes. a intolerância ao gênero Até mesmo no âmbito da Igreja de Cristo temos visto a diferente. A mulher do século XXI rejeição a algumas verdades precisa reconhecer a beleza eternas, fazendo com que a do gênero feminino, recu- mulher cristã assuma papéis sando-se a acreditar que ser para os quais não foi criada e mulher é ser inferior. Há o peso deste posicionamento religiões que consideram a secularizado.

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D’Israel (Israel Pinto da Silva), membro da Quarta Igreja Concordo com o pastor Batista do Rio de Janeiro, colaborador de OJB David Merkh quando diz que homem e mulher são “iguais E Deus criou a mulher; bonita, perfeita no ser, diferentes no fazer”. Maravilhosa, sem nenhum defeito Assim, é possível reconhecer Sim, criou-a linda, sem perder de vista que homem e mulher são A graciosidade, seus belos meneios igualmente amados e valori- De forma divina, sensível, escorreito zados pelo Criador. Todavia, Com anjos voando no seu paraíso não podemos esquecer que No Jardim do Éden, onde estava a esposa deve submeter-se Com seu sorriso encantador... à liderança do seu marido Mas antes dela, criara o homem tirado do pó da terra (Ef 5.22-24), assim como Havia soprado nas suas narinas os filhos submetem-se aos Dando-lhe fôlego de vida… pais, os crentes submetem- Mas estava triste, acabrunhado -se aos seus pastores, que, E Deus vendo isso ficou preocupado e resolveu segundo a Bíblia, são sempre Dar-lhe uma companheira, então criou homens, e a Igreja submete- Uma mulher... -se ao seu Cabeça, que é Ele acordou, ficou assustado ao ver a mulher Cristo. Baseado no grande Deitada ao seu lado, mas ficou satisfeito mandamento do amor, cada E ali disse: Ossos dos meus ossos; indivíduo deve assumir o Carne da minha carne... seu papel e servir ao outro, Como está relatado na Bíblia sagrada “Sujeitando-vos uns aos ou- E Deus lhes disse: dominem tudo e tenham filhos tros no temor de Cristo” (Ef Mas nunca toquem no fruto do bem e do mal 5.21). Ao homem é ordenado Que está no meio do Meu jardim, na árvore – da vida! por Deus amar sua esposa de Mas lá já estava a torpe serpente astuta modo sacrificial e honroso (Ef O diabo sujo com seus pecados, que os convenceu A comer da fruta do bem e do mal 5.25-29). Ser mulher no século XXI é E Deus onisciente, onipresente, logo os puniu continuar convivendo com o Quando Ele viu que tinham pecado, desobedecido privilégio e as lutas próprias Que foram enganados pelo inimigo que ali estava do gênero feminino, mas é E os expulsou do seu paraíso... também ter a oportunidade Entretanto, digo que mui condoído de vivenciar equilibradamen- Com o passar do tempo mandou seu filho te a fé, os relacionamentos Pra ser crucificado em uma rude cruz interpessoais e as atividades Para nos dizer: arrependam-se já dos seus pecados sociais. Em tudo, a mulher E voltem depressa para Jesus... pode confiar no cuidado da- E aquela mulher que Deus havia criado, linda, maravilhosa quele que a criou com amor, De belos meneios, toda graciosa, hoje está em nosso meio o Deus que no princípio “Ho- Para alegrar a vida do homem! mem e mulher os criou (...) E E será mais linda e mais preciosa viu Deus tudo quanto fizera, Se for uma serva de Deus e eis que era muito bom” (Gn Com seu Adão, seu companheiro Portanto, viva o dia Internacional da Mulher! 1.27-31).



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