Uni/Versos, ano 1, nº 5 - agosto de 2013

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publicação da Biblioteca Alphonsus de Guimaraens Ano 1, nº 5, agosto de 2013

Entrevista com o criador da página ‘Bibliotecária Mal Humorada’

Campanha Estudante Solidário: responsabilidade com solidariedade E mais...

EDUFOP

ISSN 2317-756X

Uni/Versos


expediente

Universidade Federal de Ouro Preto UFOP

Reitor - Marcone Jamilson Freitas Souza Vice-Reitora - Célia Maria Fernandes Nunes

Uni/Versos Coordenação Geral Michelle Karina Assunção Costa Editores

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Marcos Eduardo de Sousa Michelle Karina Assunção Costa Editora Assistente Luciana de Oliveira Projeto gráfico e editoração eletrônica Marcos Eduardo de Sousa Colaboradores desse número (em ordem alfabética) Felipe de Moraes Ferreira Jussara Marques Riodouro Lucas Rodrigues Marcos Eduardo de Sousa Mariano Louzada dos Santos Michelle Karina Assunção Costa Thalles Simplício de Faria A publicação Uni/Versos recebe textos para publicação, os conteúdos, opiniões e ideias desses textos (devidademente assinados) não necessariamente refletem a opinião dos Editores da resvista, sendo responsabilidade de seus respectivos autores.

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ISSN 2317-756X


editorial Nesse número da Uni/Versos estamos publicando a entrevista realizada com Lucas Rodrigo, o criador da fanpage ‘Bibliotecária Mal Humorada’, além da entrevista, trouxemos também algumas das imagens para ilustrar o trabalho desenvolvido por ele. Mais uma vez agradecemos a ele ter sido tão solícito no contato, um muito obrigado da equipe que compõe a Uni/Versos.

desenvolvido em uma escola periférica de Mariana. Temos também uma breve descrição das atividades culturais desenvolvidas pelo Clube Osquindô, de Passagem de Mariana – MG, além disso, mais uma breve reflexão de Thalles Farias sobre livros que são rabiscados. Desejamos uma boa leitura a tod@s!!!

Damos destaque também a ‘Campanha estudante solidário’, enfatizando que essa ideia está embasada num tripé de grande relevância: enfatizar responsabilidade dos usuários da biblioteca no que diz respeito ao ônus dos atrasos (ao não realizar perdão da dívida); contribuir para que os usuários com pendências possam novamente realizar pleno uso da biblioteca; e, o próprio caráter solidário da campanha ao redirecionar os produtos a serem obtidos para instituições carentes. Ainda nesse número os comentários sobre a atividade de estágio de três alunos do curso de História da UFOP

Marcos Eduardo de Sousa Uni/Versos - ano 1, nº 5, agosto de 2013 www.sisbin.ufop.br/bibichs/universos


sum Entrevista com o criador da ‘Biblioteca Mal Humorada’ por Michelle Karina e Marcos Eduardo

Oficinas de História na Biblioteca da Escola Wilson Pimenta: um processo de constituição de sujeitos Felipe de Moraes Ferreira Jussara Marques Riodouro Mariano Louzada dos Santos

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Insolentes rabiscados Thalles Simplício de Faria

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mário Campanha Estudante Solidário: responsabilidade com solidariedade

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Clube Osquindô

col@bore conosco! Uni/Versos - ano 1, nº 5, agosto de 2013 www.sisbin.ufop.br/bibichs/universos


Entrevista

Entrevista com a ‘Bibliotecária Mal Humorada’ Por Michelle Karina e Marcos Eduardo

A ‘Bibliotecária Mal Humorada’ é um personagem criado no começo de 2013 e dissemina todo seu carisma na fanpage do Facebook http://www.facebook. com/BibliotecariaMalHumorada. Sua imagem é baseada na arquivista Stra. Doroteia Roz da animação da Pixar Monstros S.A., de 2001. Seu criador buscou caracterizar as situações corriqueiras pelas quais passam bibliotecários, arquivistas e seus auxiliares com um veio humorístico. Assim como outras páginas que segue uma orientação parecida (o trato dos elementos cotidianos da profissão com humor), a ‘Bibliotecária Mal Humorada’ já foi criticada por talvez reforçar o estereótipo que os outros possuem da profissão. Cremos que talvez esteja faltando um pouco de humor na vida desses tipos de críticos... Leiam a seguir a entrevista que a Uni/ Versos realizou com a ‘Bibliotecária Mal Humorada’.

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Uni/Versos - Quem administra a página é um homem ou uma mulher? Muitas pessoas lhe perguntam isso? As pessoas possuem essa curiosidade? ‘Bibliotecária Mal Humorada’ - Sou homem e algumas pessoas costumam se interessar em saber e me conhecer também. Contudo, normalmente acreditam que sou mulher, creio que pelo personagem ser do sexo feminino (Doroteia Roz) e por grande parte dos bibliotecários formados serem do gênero feminino.


Entrevista com a ‘Bibliotecária Mal Humorada’

Uni/Versos - O criador da comunidade ‘Bibliotecária Mal Humorada’ é formado em Biblioteconomia? Se sim, em qual universidade se formou? Quanto tempo atua na área? Se trabalha em biblioteca, que tipo de biblioteca é: pública, privada? Universitária, municipal, estadual? Meu nome é Lucas Rodrigues e sou formado em Biblioteconomia há um ano pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), também fiz o curso de Publicidade e Propaganda na Universidade do Vale do Rio dos Sinos

(UNISINOS). Trabalho em biblioteca desde 2005, totalizando praticamente oito anos na área, mas como bibliotecário formado atuo há poucos meses. Atuei grande parte do tempo em bibliotecas universitárias especializadas públicas (áreas de Medicina e Administração), mas também biblioteca histórica (privada) e meu atual emprego é numa biblioteca escolar (privada). Uni/Versos - Qual sua faixa etária? Lucas Rodrigues - Tenho 27 anos.

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Entrevista com a ‘Bibliotecária Mal Humorada’

Uni/Versos - Em que estado mora? Lucas Rodrigues - Sou gaúcho e moro no Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. Uni/Versos - Muitas pessoas que curtem a comunidade o conhecem? Lucas Rodrigues - Há muitos colegas da faculdade que me conhecem, mas eles não representam nem um quarto dos seguidores que tenho. Muitos desses colegas sequer imaginam que sou a “Bibliotecária Mal Humorada”. A maior parte dos seguidores é de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Brasília. Uni/Versos - Por que e/ou o que o motivou a criar esta comunidade? Lucas Rodrigues - Minha maior motivação foi criar algo para os bibliotecários, algo direcionado para o humor, especialmente inspirados em páginas do estilo de “Diva da Depressão” e entre outros semelhantes direcionados às outras profissões. Eu não encontrei nenhum sobre bibliotecários (acredite, carecemos de páginas de humor em Biblioteconomia), por isso criei a página, que cresceu bem rápido e hoje é a segunda página mais curtida no gênero Biblioteconomia/Bibliotecários, o que me deixa muito feliz. Após minha iniciativa surgiram algumas outras páginas semelhantes a minha, e isso me deixa contente, pois de certa forma es-

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timulou os colegas a produzirem sobre o assunto e serem comunicativos de um modo diferente do habitual do profissional bibliotecário. Uni/Versos - Reconhecemos a imagem usada na comunidade como um personagem do filme “Monstros S.A.”, como se deu a escolha dessa imagem/personagem utilizada para ser a Bibliotecária Mal Humorada? Lucas Rodrigues - A Roz do filme “Monstros S.A.” remete a figura do estereotipo da bibliotecária mal humorada (velha, carrancuda, rabugenta e etc), mesmo que no filme a Roz seja de fato uma arquivista. Olhei a foto e imaginei o que uma bibliotecária diria fazendo aquela cara, ou que situação a faria ficar carrancuda. Logo as frases foram surgindo e as pessoas foram se identificando. Uni/Versos - Ainda hoje você acha que a sociedade vê o profissional Bibliotecário com o estereotipo “parecido” com a Doroteia Roz? Lucas Rodrigues - Acho que muitos ainda tem essa imagem da nossa profissão, mas pensam assim não por maldade, mas por ingenuidade ou ignorância sobre o assunto. Na verdade hoje os bibliotecários não são tão “mal humorados”, isso foi um estigma que as gerações passadas deixaram. Saben-


Entrevista com a ‘Bibliotecária Mal Humorada’

“ Na verdade hoje os bibliotecários não são tão “mal humorados”, isso foi um estigma que as gerações passadas deixaram. Sabendo disso, cabe a nós profissionais contemporâneos mudarmos essa imagem do bibliotecário velho e carrancudo que odeia a todos. ”

do disso, cabe a nós profissionais contemporâneos mudarmos essa imagem do bibliotecário velho e carrancudo que odeia a todos. Até porque, bibliotecários que são como a Doroteia Roz acabam sendo demitidos do emprego, pois é uma postura inaceitável no mercado de trabalho. Entretanto, muitas vezes, por lidar com o público, sentimos vontade de gritar quando o milésimo usuário faz as mesmas perguntas, a saída é respirar fundo e sorrir. A melhor prática para acabar com esse estigma de ser mal humorado é brincando com ele e mostrando que somos mais que rabuUni/Versos - ano 1, nº 5, agosto de 2013 www.sisbin.ufop.br/bibichs/universos

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Entrevista com a ‘Bibliotecária Mal Humorada’

gentos: que somos alegres, engajados, bonitos e dispostos a mudar a realidade da biblioteca e dos usuários. Uni/Versos - Algumas pessoas ainda imaginam o Bibliotecário como uma pessoa mais velha, em sua maioria mulheres e que usam óculos e coque, que são mal humoradas e pouco receptivas aos usuários. Na sua opinião, como o profissional Bibliotecário pode contribuir para mudar esta imagem? Lucas Rodrigues - Não só pode contribuir, mas deve! Creio que a mudança deste estereótipo se faz no dia-a-dia

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“ Quem nunca ficou irritado com um usuário folgado? Praticamente todos, mas é preciso ser profissional e agir da maneira adequada. A Roz é irônica porque pode ser, ela é um personagem e é por dar vazão as situações estressantes que ela faz sucesso. ”


Entrevista com a ‘Bibliotecária Mal Humorada’

quando se realiza um bom trabalho com boa vontade. Ou seja, mudamos essa imagem quando amamos o que fazemos. Uni/Versos - Além dos comentários sobre as postagens no Facebook, você recebe mensagens in box? São mensagens positivas ou negativas? Comente algum caso que considera interessante e queira compartilhar com os leitores. Lucas Rodrigues - Recebo muitas mensagens in box, a maioria delas com sugestões e elogios. 99% são coisas positivas, mas é claro que há aqueles que não gostam, normalmente “bibliotecários mal humorados de verdade” (nas palavras dos internautas que curtem a página) e que não apreciam a página. Quando estes criticam a página nos comentários, a maioria esmagadora defende a Roz e isso faz com que eles desistam. Uni/Versos - Como escolhe os assuntos a serem “ironizados/provocado” nas postagens? Têm muito das coisas do seu dia a dia de trabalho nestes posts? Lucas Rodrigues - Escolhi os assuntos baseado em situações reais e em como às vezes temos vontade de responder. Claro que ninguém deve responder como a Roz, mas de fato algumas situ-

ações nos estressam e é normal quando se trata com o público. A Roz mostra como devemos ter jogo de cintura e brinca com o velho estereótipo de bibliotecário, para que nunca sejamos azedos como ela. Uni/Versos - Analisando as postagens, encontramos a Doroteia Roz sorrindo apenas uma vez, quando a assunto foram os movimentos sociais que ocorreram no Brasil. Acredita que outros assuntos podem motivá-la a sorrir? E estes motivos poderiam vir dos fatos que ocorrem nas bibliotecas? Lucas Rodrigues - Pois é, acho que ela riu uma ou duas vezes. Acredito que sim, ela pode sorrir de novo com assuntos relacionados às bibliotecas. Lembrando também que ela é “dura-de-roer” e é difícil fazê-la sorrir, mas oportunidades para vê-la feliz serão muitas. Uni/Versos - Acredita que os usuários do Facebook, mais especificamente os Bibliotecários, já entenderam ou aceitaram que sua proposta é de humor ao tratar o universo de atuação desse profissional? Qual tipo de problema você teve com relação a isso? Lucas Rodrigues - A grande maioria entende, como já comentei. Mas já suscitei uma discussão sobre o assun-

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Entrevista com a ‘Bibliotecária Mal Humorada’

to quando uma bibliotecária (que não concordava com a página) pediu que falasse sobre. Acho que ela não imaginava que eu iria realmente falar sobre o assunto, mas eu publiquei e as pessoas se manifestaram sobre. Impressionantes 100% dos comentários foram a favor da Roz e do bem entender sobre a minha proposta. Não quero reforçar o estereotipo, mas sim desconstruí-lo. Veja a discussão sobre o assunto: h t t p s : / / w w w. f a c e b o o k . c o m / B i bliotecariaMalHumorada/ posts/610334098979908

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“ A Roz mostra como devemos ter jogo de cintura e brinca com o velho estereótipo de bibliotecário, para que nunca sejamos azedos como ela. ”


Entrevista com a ‘Bibliotecária Mal Humorada’

Uni/Versos - Como avalia as interações que ocorrem entre a Bibliotecária Mal Humorada (criador) e os internautas? Lucas Rodrigues - Avalio como muito boa. Converso com pessoas de todo o país e publico assuntos e sugestões de vários deles. Muitos deles mandam fotos interpretando a Roz ou com as frases dela nos protestos, isso me deixa radiante. Percebo então que, não importa se você está no interior do Ceará ou em uma capital como o Rio de Janeiro, todos temos e passamos por situações muito similares. Uni/Versos - Observamos que há uma comunicação entre a Bibliotecária Mal Humorada e os usuários que curtiram a comunidade. Como você interpreta esta “aceitação” do que você propôs na rede social? Podemos dizer que os internautas se identificam com você? Lucas Rodrigues - A Doroteia Roz se comunica com eles, por vezes perguntando coisas, respondendo alguns comentários e também a aqueles que solicitam in box. Realmente os internautas se identificam em função das situações e algumas vezes por pensarem exatamente como a Roz naquele momento. Contudo, existe uma diferença entre pensar e agir. Quem nunca ficou irritado com um usuário folgado? Praticamente

todos, mas é preciso ser profissional e agir da maneira adequada. A Roz é irônica porque pode ser, ela é um personagem e é por dar vazão as situações estressantes que ela faz sucesso. Uni/Versos - A maior parte dos posts são respostas aos fatos ocorridos no dia a dia das bibliotecas. Você diz o que os trabalhadores das bibliotecas não têm coragem e/ou não poderiam dizer. Será que essa é a razão para o sucesso da comunidade? Lucas Rodrigues - A Roz não é um modelo a se seguir, longe disso. Não acredito que as pessoas não falem por falta de coragem, não falam porque seria errado dizer e ser grosseiro com o usuário que é a razão do bibliotecário existir. Entretanto, isso não impede que os bibliotecários fiquem chateados com os aspectos práticos do seu ofício. Essa é a fórmula do sucesso da Roz: fazer todos rirem dos seus problemas, pois quando se ri deles, eles deixam de serem problemas e passamos a levar a vida de modo mais suave, deixando assim de ser bibliotecários “mal humorados”. Uni/Versos - Qual a frequência das postagens? Tem uma periodicidade definida para elas? Lucas Rodrigues - Sobre as postagens, elas tinham uma frequência definida

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Entrevista com a ‘Bibliotecária Mal Humorada’

nos primeiros meses, mas as ideias vão diminuindo e, como também tenho uma biblioteca para cuidar, as postagens diminuem. Mas entro sempre para conferir comentários ou para aproveitar a deixa de uma situação que esteja em voga. Uni/Versos - Caso queira dizer mais alguma coisa, sinta-se livre. Lucas Rodrigues - Nossa profissão é maravilhosa e com um leque de possibilidades para atuarmos, tornando nossos conhecimentos numa ferramenta para servimos e ajudarmos as pessoas na busca por conhecimento. Uma

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coisa que preso muito, e sei que em nossa área é carente, é: bibliotecários comunicadores! Estes que não somente realizam bem seu trabalho, mas que dão destaque as suas atividades, que se fazem notar e acima de tudo se comunicam bem com todos os setores da instituição a que estiverem atrelados. Eu diria aos bibliotecários para não serem somente bons catalogadores, mas também que sejam bons gestores, promotores da biblioteca e não somente chefes, mas líderes. Agradeço o carinho Michelle, desejo sucesso em seu trabalho.


Campanha

Campanha Estudante Solidário: responsabilidade com solidariedade

Na semana de 12 a 16 de Agosto, a Biblioteca do ICHS estará promovendo a campanha do Estudante Solidário. Esta campanha tem por objetivo arrecadar alimentos, materiais de limpeza e higiene em troca da negociação de multas de livros do ICHS no valor máximo de R$ 100,00. Tudo que for arrecadado será doado para Instituições de apoio à comunidade carente e/ou deficientes de Mariana/MG. Para saber a quantidade e quais alimentos levar, a tabela de doações está disponível para consulta no site da biblioteca e também no balcão de atendimento. Convidamos a todos com pendência financeira na biblioteca do ICHS a participar desta iniciativa piloto. Valores da multa

R$ 10,00

Alimentos, materiais de higiene e limpeza a serem doados: (unidade) detergente, pacote papel higiênico, sabonete, pasta de dente. 2 litros de leite

R$ 11,00 a 20,00

5 pacotes ( 500g) de macarrão

R$ 21,00 a 30,00

5 latas de óleo

R$ 31,00 a 40,00

5 kg de feijão

R$ 41,00 a 50,00

5 kg de café

R$ 51,00 a 60,00

5 kg de arroz

R$ 61,00 a 70,00

6 kg de açúcar + 1 kg de feijão

R$ 71,00 a 80,00

7 kg de arroz + 2 latas de óleo

R$ 81,00 a 90,00

8 kg de arroz + 2 kg de açúcar

R$ 91,00 a 100,00

10 kg de açúcar + 3 kg de feijão

R$ 2,00 a R$ 9,00

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Artigo

Oficinas de História na Biblioteca da Escola Wilson Pimenta: um processo de constituição de sujeitos

Entre dezembro de 2012 e março de 2013, em desdobramento à disciplina de Estágio Supervisionado de História I, ministrada pela professora Virgínia Buarque, nossa equipe, em conjunto com os licenciados Polyana Camargos Barbosa Vieira, Ana Paula Pinto de Carvalho e Flávio Bárbara Reis,1 empreendeu um projeto pedagógico de História na Escola Wilson Pimenta Ferreira, situada no bairro Santo Antônio, mais conhecido como Prainha, fundada em 1994. A temática do projeto de estágio foi a problematizar com os alunos a questão da violência escolar e, mais especificamente, a utilização por eles do espaço da biblioteca da Escola, no intuito de incentivar a prática da leitura e a ressignificação da realidade vivida. Nesse mesmo sentido, os diferentes grupos de licenciandos do estágio supervisionado, distribuídos entre as cinco turmas do segundo segmento do ensino fundamental e as sete turmas de Educação de Jovens e Adultos, orientaram seus projetos para um questionamento da violência social e escolar, de forma articulada à historicidade deste processo.2 Nosso grupo, assim, ficou responsável 1

pelo planejamento, implementação e avaliação do projeto “Biblioteca: de depósito a lugar de produção de saber”. Trabalhamos em conjunto com a turma de 7º ano do ensino fundamental, em três etapas distintas: a reorganização da biblioteca, a campanha de arrecadação de livros e a execução das oficinas com os alunos. A primeira fase foi à realização de uma reestruturação, higienização e organização do espaço da biblioteca, que infelizmente encontrava-se praticamente abandonado pela Escola. A biblioteca possuía, em sua maior parte, diversas coleções de livros didáticos que estavam espalhados e desorganizados. A reorganização deixou os livros didáticos separados por matérias e anos seriais de forma sequencial. Com a reestruturação, a biblioteca tornou-se um lugar mais agradável, mais salubre e de melhor acesso para os alunos. Na segunda fase, promoveu-se uma campanha de arrecadação de livros e gibis, a qual visava aumentar o acervo de livros literários, favorecendo uma maior diversificação e incremento do acervo bi-

Queríamos expressar nossos agradecimentos a nossos colegas de equipe, que tanto nos ajudaram no desenvolvimento do projeto, bem como à professora Virgínia Buarque, pelo incentivo ao trabalho, sugestão de encaminhamento do texto à revista Uni/Versos e leitura crítica do mesmo. 2 Registramos também o nosso “muito obrigado” à pedagoga Silvana Mariana Nascimento da Cruz, diretora da escola no final de 2012, à pedagoga Maria Cristina Pantusa Antunes e à professora de História Sônia Aparecida Rodrigues, cujo apoio foi fundamental para a efetivação simultânea de onze projetos de estágio supervisionado de História na Escola, tornada assim um importante polo de inovação e reflexão sobre a produção de saberes escolares.

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Oficinas de História na Biblioteca da Escola Wilson Pimenta: um processo de constituição de sujeitos

Fotografias da Biblioteca antes da reforma promovida pelos estagiários:

bliotecário. Obtivemos uma pequena arrecadação, inclusive de grandes clássicos da literatura brasileira. É interessante verificar que a maior parte das doações foi de gibis. Com a maior diversificação dos livros e revistas da biblioteca, esta começou a tornar-se mais dinâmica no cotidiano de alunos e professores, numa intermediação de funções pedagógica ou literária. Após a reestruturação e reorganização da biblioteca, ocorreu a terceira fase do projeto. O desenvolvimento das oficinas buscou propiciar um incentivo à leitura, mais especificamente à leitura de narrativas históricas. A interpretação de tais relatos, por sua vez, direcionava-se tanto à problematização das desigualdades

políticas e sociais (que descambavam na questão da violência, diretamente sentida pelos alunos), como estimular a auto-estima dos discentes, que se sentiam capazes de apreender sentidos do texto escrito e formular outras tantas alternativas de significação. 1ª Oficina Realizada no dia 22 de fevereiro de 2013, sexta-feira. Chegamos à Escola Wilson Pimenta por volta de 7 horas da manhã e fomos nos apresentar para a diretoria da Escola, pois algumas semanas a direção havia sido alterada. Dirigimo-nos então a sala de aula, mas a encontramos vazia, pois os alunos estavam no horário de Educação Física. Após o retorno, eles percebem os elementos “estranhos” na sala e ficam um pouco receosos e nos observam bastante, mas devido ao fato de terem acabado de sair de uma atividade física, estava, bastante agitados.

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Oficinas de História na Biblioteca da Escola Wilson Pimenta: um processo de constituição de sujeitos

Apresentamo-nos para a turma e resolvemos identificar cada um deles para que pudéssemos chamá-los pelo nome, criando assim um ambiente no qual eles se sentissem pertencentes e respeitados cada um em sua individualidade. Tentamos desde o primeiro momento criar um vínculo de mútua confiança e respeito o que é um dos fatores que possibilita uma educação com qualidade. Iniciamos nossa interação com eles arguindo o que eles entendiam como biblioteca e se frequentavam a que existia na escola. As respostas em sua maioria foram as esperadas: lugar de se colocar livro e nada mais. A partir disso fizemos uma introdução a respeito do que é biblioteca e dos seus variados tipos e usos. Após essa introdução, reconstituímos com eles as mudanças que fizemos na biblioteca nas semanas anteriores, aguçando sua curiosidade. Levamos então a turma para conhecer a “nova biblioteca” e fizemos com que sentassem nas mesas que lá existem; a partir daí explicamos onde cada tipo de livro ficava: livros didá-

ticos, livros de literatura, gibis, enciclopédia, dentre outros. Despedimos-nos deles e avisamos que na semana seguinte estaríamos lá presentes e daríamos continuidade às atividades. Um momento final deve ser elucidado: um aluno que relutava em prestar a atenção em nossa fala e que a todo o momento tentava desviar a atenção dos outros, no fim da oficina foi o primeiro a ir às estantes e olhar para os livros; foi um tímido, mas decisivo passo em nosso intuito. 2ª Oficina A segunda oficina ocorreu no dia 01 de março de 2013 e foi realizada na biblioteca, onde usaríamos de recursos audiovisuais. Os alunos se acomodaram e nós começamos a explicar a atividade que ocorreria naquele dia. Nosso intuito, nessa oficina, foi o de apresentar materiais que ensinassem de maneira lúdica e consistente algum conteúdo ligado ao saber histórico. Para isso, foi escolhido como tema a Revolta Fotografias da Biblioteca depois da reforma promovida pelos estagiários:

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Oficinas de História na Biblioteca da Escola Wilson Pimenta: um processo de constituição de sujeitos

da Chibata, ocorrida em 1910 no Rio de Janeiro. Inicialmente, questionamos se eles sabiam o que é uma fonte histórica e alguns alunos responderam de forma coerente, mesmo que incipiente. Apresentamos um vídeo explicativo sobre a Revolta e uma das estagiárias, após o fim da exibição, fez uma explanação sobre o evento histórico e perguntando o que os alunos entenderam do vídeo. As respostas não foram numerosas, aos alunos encontravam-se ainda ressabiados. Em seguida apresentamos um trecho da novela Lado a Lado, exibida pela Rede Globo de Televisão, e que contextualizava, a nível de dramaturgia histórica, o período em questão. Uma das práticas do processo educacional é tentar trazer o conhecimento histórico mais próximo do aluno e o recurso a novelas, séries e filmes auxilia tal proposta. A exibição do folhetim global conseguiu chamar a atenção dos alunos, motivando-os para o debate da experiência social retratada. Em sequência, nós distribuímos uma poesia e um quadrinho com a temática da Revolta e juntamente com os alunos, em um processo gradual, fomos associando essas duas formulações discursivas ao trecho assistido da novela. Logo após, um estagiário, em um diálogo proveitoso, comentou acerca da posterior construção da figura do marinheiro João Cândido, apresentado como herói da Revolta da Chibata.

História em quadrinhos interpretada historicamente com os estudantes

3ª Oficina A terceira e última oficina ocorreu no dia 08 de março de 2013 e teve como atividade essencial a elaboração de um trabalho pelos alunos. Expomos aqui o enunciado da questão proposta: “A partir dos conceitos e perspectivas apresentadas na Oficina II, construa uma narrativa sobre algum fato vivido por você, utilizando como base os quadrinhos, a poesia ou a matéria jornalística. Lembre-se de que o titulo é fundamental”. Distribuímos as folhas para a realização das atividades. No inicio eles não compreenderam o que era pedido, portanto explicamos mais minuciosamente a atividade. Todavia, a maioria relutou em fazer Uni/Versos - ano 1, nº 5, agosto de 2013 www.sisbin.ufop.br/bibichs/universos

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a atividade, ficando de cabeça baixa ou tentando impedir os colegas de realizarem as suas. Em um esforço de trazer a todos para a atividade, os estagiários percorriam a sala tentando estimular os alunos a realizarem a tarefa proposta. Gradualmente, os discentes foram então envolvendo-se com suas produções. Prezamos nessa oficina pela autonomia dos mesmos e tentamos fazer com que eles se sentissem valorizados de alguma maneira, por isso eles deram o próprio título de seu trabalho. Ao se perceberem sujeitos produtores de suas histórias e experiências, notamos que eles se reconheceram como capazes, reforçando nossa idéia primordial de que eles não estavam em condição de fracasso, mas que com um apoio essa realidade poderia ser mudada. Após a realização da tarefa, perguntamos se poderíamos ler algumas produções para a turma, mas alguns ficaram envergonhados e reclusos; lemos por volta de quatro trabalhos. Agradecemos a eles a recepção que nos foi dada e desejamos a eles sorte e dedicação nos estudos. Considerações Finais Através das oficinas feitas na biblioteca da escola, tivemos a oportunidade de trabalhar o pensamento crítico, a noção de narrativa histórica e o papel dos alunos como atores na construção do conhecimento. Buscou-se que os alunos relacionassem sua realidade ao conhecimento

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histórico, objetivando que os mesmos se vissem como atores sociais capazes de produzir algo que fosse revertido para a sociedade na qual estão inseridos. Reiterando, os objetivos foram muitos, e para além da quantidade, foram também audaciosos e complexos. Para colocar em prática e obter o resultado pretendido, seria preciso, principalmente, mais tempo, mais apoio da UFOP e dos setores responsáveis pela educação pública municipal. Como já dito, nosso tempo de trabalho com os alunos foi escasso, seria necessário então, que professores e funcionários se integrassem mais ao projeto para dar-lhe continuidade. Pois, como sabemos para se alterar uma realidade violenta como aquela, se faz necessário que se construa uma teia de atuação em prol desse objetivo. Não basta somente que trabalhemos com os alunos e com a estrutura física da escola. É necessário que as mentalidades dos que coordenam aquele espaço estejam voltadas para a mudança. Entretanto, as oficinas foram realizadas, e acreditamos que, apesar dos pesares, pudemos contribuir com esses alunos, e eles conosco. Houve uma troca de conhecimentos e experiências. Embora nossos encontros tenham se dado de forma bastante breve, nos foi possível perceber que uma educação para os sujeitos é possível. Naqueles poucos encontros, consegui-


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mos aguçar a curiosidade dos alunos e vimos que o desinteresse deles pela escola pode ter profundas raízes no método de educação aplicado (desencontro entre a realidade social e a escolar) e na desvalorização dos alunos, pela sociedade, pelo poder públicoe por eles mesmos.

sim, com a dignificação humana.

Assim, acreditamos que o resultado de maior sucesso nesse trabalho, foi mostrar aos alunos que eles eram capazes de muito mais do que aquilo que acreditavam inicialmente. Depositamos neles confiança e eles retribuíram a interiorizando. Felipe de Moraes Ferreira 3

Observamos isso, nas leituras conjuntas, onde, inicialmente, os alunos se manifestavam resistentes a ler em público, e, no entanto, o fizeram habilmente. Notamos também que quando propomos a eles que fizessem suas próprias narrativas, eles pensaram que seria muito difícil e resistiram, mas ao começarem a escrever ou desenhar, sentiram que seria possível fazê-lo, e o fizeram. Gratificante também foi ver que o interesse deles pelos livros da biblioteca aumentou grandemente. No início do projeto, uma aluna citou que frequentava a biblioteca, no último dia de oficina, quando levamos as doações, percebemos os alunos bastante interessados pelos gibis. Destarte, lamentamos que o projeto tivesse sido tão curto. Mas por outro lado, ficamos bastante gratos pela oportunidade de trocar experiências e poder contribuir com a alta estima dos alunos, e as-

Jussara Marques Riodouro3

Mariano Louzada dos Santos3 3

Licenciandos do curso de História da Universidade Federal de Ouro Preto.

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Clube Osquindô O Clube Osquindô é uma Associação Cultural cuja missão é promover a arte e a cultura como pontes para desenvolvimento de crianças e jovens. A entidade se organiza em quatro núcleos, estruturados por áreas de interesse. Desenvolve projetos e produtos voltados para gerar novos modos de aquisição de conhecimento e de ativação da produção cultural e artística para e com crianças e jovens. O Clube Osquindô é formado por profissionais de diversos segmentos dos setores cultural e educacional. Núcleos: Banda Osquindô: criada em 2008, a Banda Osquindô já realizou cerca de 350 apresentações pelo Brasil e desenvolve projetos que visam promover as culturas da infância. Observatório Jovem: o Projeto Observatório Jovem atua com adolescentes e jovens de Mariana, visando criar oportunidades de aprendizado, de convivência e de inserção profissional, através da cultura. Osquindoteca: foi criada em 2009 com o desejo de despertar e cultivar a paixão pela leitura nas crianças e jovens de Passagem de Mariana e da região. Divide-se em: • Osquindoteca – Espaço: Espaço onde crianças e jovens podem mergulhar, prazerosamente, no universo dos livros. Tem como atividades: atendimento diário; Semanas temáticas; Cine-Godofredo; Integração com escolas. • Loucos por Leitura: Série de ações de fomento a leitura com escolas, entidades e comunidade, em geral,visando fazer de Mariana uma cidade louca por leitura”. • Domingo no Clube: Eventos de Mobilização para Leitura e culturas lúdicas. Cultura e Patrimônio: Projetos de Pesquisa e de desenvolvimento de produtos focados na educação e na promoção dos patrimônios culturais e artísticos de Mariana.

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Clube Osquind么

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Clube Osquind么

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Clube Osquindô

Ano da Fundação: 30/10/2008 Responsáveis: Presidente da Associação: Josélia Alves Gestão Casa do Godofredo: Gisele Alves Gestão de Projetos: Débora Santos Osquindoteca: Fernanda Tonidandel Endereço completo: Rua do Comércio, 625, Passagem de Mariana - MG Contato: (31) 3557-5260 / (31) 8804-2515

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Insolentes rabiscados Coisa desagradável, com a qual frequentemente me deparo, são os grifos nos livros emprestados pelas bibliotecas públicas. Penso como seria uma biblioteca privada. Não aquelas de escolas ou qualquer instituição particular, restritas aos seus integrantes, e nem mesmo, e muitos menos, bibliotecas caseiras. Falo de uma biblioteca-empresa, função estritamente locação de livros, na qual o fim é o lucro. Existe? Bom, não sei. Se existe ou viesse a existir, seria interessante; possivelmente haveria livros mais bem cuidados, tratados, e isto somente por estar o usuário sujeito a sanções, como no caso em que, grifasse um livro que não fosse seu! Eu falo isso pois não há coisa pior do que, o livro o qual você sempre ansiou em mãos e, na quarta página, você se depara com um parágrafo grifado! O autor gastou dias, meses, anos, para atingir o resultado final do seu todo, da sua obra, e quem é uma pessoa pra determinar, destacar o que é importante, interessante, do que não é? Se o livro fosse dela - quase - tudo bem. Quase, pois quando o ler novamente, possivelmente não estará aberta a novas interpretações e idéias; pois o maldito grifado está chamando sua atenção e desviando-a das outras partes, também importantes, e inclusive acarretando - como diz o ditado na procura de chifre em cabeça de cavalo (em trechos grifados). Mas o livro em questão é público!

Eu fico por entender como possa haver tamanha insensatez. Eu não quero ler livros com sublinhados em trechos que uma pessoa designou importante. Eu quero ler o livro estando ele da forma como o autor o concebeu, letras, palavras e linhas, sem nele essa marca completamente indesejável. Para, então sim, formar minhas próprias conclusões, e sem, é claro, rabiscar o que não é meu!... Eu disse insensatez no início do parágrafo, pois não estou certo de que seja falta de educação. E isso é um mau sinal. Porque a não educação se resolve com educação. Já a sensatez, aprende-se por si próprio, e será bem mais difícil de lidar com a sua falta. O que corrobora minha inclinação à insensatez são os livros da Universidade Federal de Ouro Preto: um desastre! Mas como eu não consigo dizer que o nosso ensino superior seja lá grande coisa, tenho esperanças ainda de que o problema seja a falta de educação! Está mais para insensatez: não estou lembrado de escrever num livro público pelo menos desde a quarta série... O bom e engraçado nisso tudo é que os riscos não ultrapassam a página cinqüenta (considerando-se livros de médio a grande porte, obviamente). Fosse um “O Pequeno Príncipe”, não passariam da página quinze (com o empurrão das ilustrações). Nessa hora eu sinto uma ponta de prazer. De raiva que sinto quando vejo estas impertinências. Imaginando que não sejam dessa estirpe

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Insolentes rabiscados

os que até aqui leram, sentir-me-ia embaraçado se por essas bandas lançasse um pedido. Mas podem acreditar. Se um dia alguém vier falar sobre esperança e perspectiva, redarguirei : Os livros estão limpos?

Thalles Simplício de Faria Estudante de Engenharia Ambiental – UFOP Servidor lotado no SISBIN – UFOP Uni/Versos - ano 1, nº 5, agosto de 2013 www.sisbin.ufop.br/bibichs/universos

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col@bore conosco! A publicação Uni/Versos convida todos os seus leitores a enviarem seus textos para o nosso próximo número. Aceitaremos textos nas seguintes temáticas: • que abordem a inter-relação entre a universidade e a sociedade; • sobre os projetos de Extensão e Pesquisa da UFOP; • resenhas de livros que fazem parte do acervo da Biblioteca do ICHS e que tenham sido publicados (ou reeditados) nos últimos 5 anos; • textos literários e artísticos nas seguintes modalidades: prosa (como conto, por exemplo), lírica (como poesia, por exemplo) e quadrinhos/charges; • textos que abordem temáticas relevantes da área de humanidades. Orientações para envio * Os trabalhos de divulgação, técnico-científicos, ensaios e contos deverão conter no máximo 08 páginas, incluindo anexos, tabelas e gráficos; não incluir resumo e palavras-chave (incentivamos o uso de imagens em todos os textos, com as devidas referências). * Quadrinhos e charges o limite é de 1 (uma) página em tamanho A4. * Todos os textos devem ser digitados em papel A/4, fonte Arial ou Times, 12; o espaçamento entre linhas de 1,5 cm; com tabelas e gráficos na mesma versão (fonte Arial ou Times, 11); as margens superior e esquerda de 3 cm; margens inferior e direita de 2 cm.

* Notas (colocadas no rodapé com espaçamento simples, tamanho 10): devem ser evitadas, utilizá-las em casos especiais, não utilizando este espaço para referências bibliográficas. * As citações longas (mais de três linhas), as legendas das ilustrações e/ou tabelas devem ser digitadas com espaçamento simples. * As referências devem ser digitadas com espaço simples e separadas entre si por um espaço em branco simples, alinhadas à esquerda.

Lembramos ainda que os textos serão avaliados e podem ser publicados até mesmo em números futuros (informaremos aos autores se for essa a situação). Os autores deverão enviar juntamente como texto uma pequena nota biográfica contendo: nome completo, instituição de formação e curso e o atual vínculo institucional (se tiver). Deve ser encaminhado ainda, uma foto (preferencialmente em arquivo do tipo *.jpeg ou *.png) que irá acompanhar o texto da publicação. Os textos deverão ser encaminhados para o e-mail universos.bibichs@gmail.com O prazo máximo de envio do texto para a publicação no próximo número é dia 31 de aagosto!!! 28

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