A gravura aliada às HQ´s

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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL – ULBRA UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS Taís de Oliveira

A GRAVURA ALIADA ÀS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS

Canoas/RS 2010 1


Taís de Oliveira

A GRAVURA ALIADA ÀS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Licenciado (a) em Artes Visuais, pelo Curso de Licenciatura em Artes Visuais da Universidade Luterana do Brasil. Orientadora Me. Ana Lúcia Beck

Canoas/RS 2010 2


RESUMO Este trabalho é o resultado de uma sequência de observações, sondagens, pesquisas e a aplicação do projeto A Gravura Aliada às Histórias em Quadrinhos. Sua aplicação aconteceu na turma 63 da Escola Técnica 31 de Janeiro, do município de Campo Bom-RS. Serão encontradas informações em relação ao projeto A Gravura Aliada às Histórias em Quadrinhos, bem como análises e discussões quanto ao tema proposto, apresentando obras do artista Iberê Camargo e utilizando-se do auxílio dos autores como Fayga Ostrower, Mirian Celeste Ferreira Dias Martins, Benedito Nunes e Alexandre Barbosa. O projeto teve como tema a Gravura e as Histórias em Quadrinhos, o objetivo geral deste era o uso da técnica da Gravura como meio de produção das HQ’s. O desejo era de estimular os alunos a produzirem suas histórias de uma forma diferente, por meio de uma técnica não convencional, mais desafiadora tentando desestereotipar a forma de produzi-las. Foi no decorrer da aplicação das técnicas propostas que os alunos foram estabelecendo uma alta na auto-estima, pois com o aumento da confiança e da familiaridade no manuseio das ferramentas de trabalho da técnica, fez com que eles se preocupassem em fazer o melhor que conseguiam e começar a encontrar beleza no que produziam. Foram realizadas atividades em que os alunos exploravam possíveis materiais que poderiam ser utilizados como matriz de impressão de formas, como papelão, rolhas, objetos com formas diferentes. Bem como, exercícios de 3


monocromias com giz de cera e tinta guache, com o propósito dos alunos irem perdendo o medo e conseguirem estabelecer confiança com a técnica da Gravura. Com o intuito de que quando chegassem à atividade de produzir uma Tirinha com a própria técnica, eles já estivessem confiantes em realizar as impressões sem demonstrar anseio em errarem, deixando de acreditar que estavam insatisfatórias na análise da professora. Nas atividades das HQ’s, onde tiveram de criar suas próprias personagens colocando

características

psicológicas

nos

mesmo,

foi

possível

encontrar

particularidades dos alunos nos mesmos. O que me surpreendeu, pois nesta atitude já era uma demonstração da identificação dos alunos com o trabalho proposto. Minha expectativa era que as aulas tivessem resultados positivos e pudessem agradar a turma. No entanto, no final do projeto me deparei com resultados positivos e resultados também negativos, mas pude analisar através desta experiência, que elaborar um projeto não é algo que se possa prever todas as conseqüências. Mas o que posso é supor resultados e estar aberta a superar novos desafios decorrentes das superações dos alunos.

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Dedico este trabalho à minha família, que esteve presente ao meu lado, dando apoio e oferecendo palavras de

conforto

e

incentivo

nos

momentos de exaustão. E a todos os amigos que me apoiaram e estiveram juntos nos momentos de tensão. 5


AGRADECIMENTOS Agradeço a todos que estiveram ao meu lado durante este período de intensa dedicação e que não me deixaram desistir. A Deus, pela força espiritual que sempre me fortaleceu, muitas vezes me amparou indicando de forma misteriosa que valia a pena o esforço e a persistência. Aos meus Pais, minha imensa gratidão, pois me ofereceram sempre o melhor e compreenderam toda a dificuldade no processo de conclusão deste trabalho. Aconselharam-me e mantiveram meu discernimento em relação ao que era bom ou ruim. À minha família Mineira, que me adotou e esteve ao meu lado, oferecendome auxílio e permitiu meu ingresso na Universidade. Aos amigos, pela compreensão, que de muitas formas, cada um ajudou-me de sua maneira a diminuir a pressão de toda a responsabilidade que muitas vezes deixava o meu medo transparecer. Ao Gabriel pela força e encorajamento. A Hélen, que revisava minhas linhas e ao Leandro que foi compreensivo em lhe permitir tempo para isso. A Denise, como uma boa sagitariana ensinou-me o pensamento positivo juntamente com a Ana Cristina, que me ajudavam a acreditar em meu potencial. E a Geniane a “Amiga Toddynho”. Aos mestres educadores precursores desta semente de conhecimento e a todos aqueles que, de alguma forma, passaram por mim nesta mesma caminhada, contribuindo na conclusão de mais uma etapa no meu processo de aprendizado.

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 9 1. INICIAÇÃO À GRAVURA ............................................................................ 12 1.1 a) Um Breve Histórico da Gravura ........................................................... 12 1.1 b) Xilogravura ........................................................................................... 16 1.2 Histórias em Quadrinhos ou Banda Desenhada ...................................... 19 1.2 a) Formatos ............................................................................................. 24 1.2 b) Tira ...................................................................................................... 24 1.2 c) Revista em quadrinhos ........................................................................ 24 1.2 d) Graphic novel ....................................................................................... 25 1.2 e) Webcomic ............................................................................................ 25 1.2 f) Storyboard ............................................................................................ 25 1.2 g) Fanzine ................................................................................................ 26 1.2 h) História em Quadrinhos no Brasil ......................................................... 26

2. A IMPORTÂNCIA DO TEMA A GRAVURA ALIADA ÀS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS ............................................................................................. 28 3. DIÁLOGO COM A ESCOLA ....................................................................... 37 3.1 Observações realizadas no Centro de Educação Integrada .................... 37 3.1 a) 1ª Aula e 2ª Aula .................................................................................. 37 3.1 b) 3ª Aula e 4ª Aula .................................................................................. 38 3.1 c) 5ª e 6ª aula .......................................................................................... 40 3.2 Observações no Colégio Sinodal Tiradentes ............................................ 40 3.2 a) 1ª Aula e 2ª Aula .................................................................................. 40 7


3.2 b) 3ª Aula e 4ª Aula .................................................................................. 43 3.2 c) 5ª Aula e 6ª Aula .................................................................................. 44 3.2 Análises das Observações ................................................................... 45

4. PROJETO DE ENSINO EM ARTES VISUAIS ........................................ 48 4.1 Projeto de Ensino ......................................................................................... 48 4.1 a) 1ª Aula e 2ª Aula ............................................................................... 50 4.1 b) Aula 1 .................................................................................................. 56 4.1 c) Aula 2 .................................................................................................. 57 4.1 c) 3ª Aula e 4ª Aula ................................................................................ 58 4.1 d) Aula 3 .................................................................................................. 59 4.1 e) Aula 4 .................................................................................................. 60 4.1 f) 5ª Aula e 6ª Aula ................................................................................. 64 4.1 g) Aula 5 .................................................................................................. 66 4.1 h) Aula 6 .................................................................................................. 66 4.1 i) 7ª Aula e 8ª Aula ................................................................................. 69 4.1 j) Aula 7 ................................................................................................... 69 4.1 k) Aula 8 .................................................................................................. 72 4.1 l) 9ª Aula e 10ª Aula ............................................................................... 74 4.1 m) Aula 9 e 10 ......................................................................................... 75 4.1 n) 11ª Aula e 12ª Aula ............................................................................ 79 4.1 o) Aula 11e 12 ......................................................................................... 81 4.1 p) 13ª Aula e 14ª Aula ............................................................................ 84 4.1 q) Aula 13 e 14 ......................................................................................... 85 4.1 r) 15ª Aula e 16ª Aula ............................................................................. 87 4.1 s) Aula 15 e 16 ......................................................................................... 87

CONCLUSÃO ...................................................................................................... 90 REFERÊNCIAS ................................................................................................... 94 APÊNDICE ............................................................................................................ 96 1. 2. 3. 4.

Questionário com a Diretora ..................................................................... 96 Questionário com a Coordenadora .......................................................... 97 Questionário com a Professora Titular ..................................................... 98 Questionário com os Alunos ................................................................... 100

ANEXO 103

CD-ROM com cópia em PDF do trabalho ....................................................

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INTRODUÇÃO O interesse particular em Histórias em Quadrinhos (HQ’s) foi o primeiro fato relevante para a escolha deste projeto, assim como a magia envolta na leitura das HQ’s, as quais carrego comigo desde a infância. Muitas vezes gostaria de ser igual aos protagonistas das histórias, podendo ter super poderes e conseguindo combater meus anseios infantis. Este conteúdo é algo que mexe com a mente criativa jovem, podendo fazer com que eles mesmos possam se identificar com as personagens e até mesmo desligar-se da realidade que os cerca. A partir deste desejo, senti vontade em trabalhar com este tema em sala de aula, pois é algo que sempre me despertou interesse, bem como o fato de gostar de todo o processo de criar gravuras. Neste trabalho serão encontradas informações em relação ao projeto A Gravura Aliada às Histórias em Quadrinhos. Análises e discussões quanto ao tema proposto, utilizando como auxilio obras do artista Iberê Camargo e autores como Fayga Ostrower, Mirian Celeste Ferreira Dias Martins, Benedito Nunes e Alexandre Barbosa. No primeiro capítulo será apresentada uma explicação quanto aos temas escolhidos, um breve histórico da Gravura, conceituando também o que é Xilogravura e o que são Histórias em Quadrinhos. Já no segundo capítulo, há uma análise da importância do tema a Gravura aliada às HQ’s, enfatizando seu potencial em ser uma ferramenta de trabalho no projeto elaborado. Pois ideia norteadora foi a utilização da técnica da Gravura como ferramenta de trabalho impulsionador na elaboração da História em Quadrinhos. Refletindo a 9


partir desta prática, que as HQ’s podem ser confeccionadas sem utilização de um processo convencional. Podendo encontrar na Gravura um indicador positivo, aliada na produção das HQ’s, traz a possibilidade de desestereotipar a maneira de confeccioná-las. Foi, a partir deste objetivo, que se procurou aplicar atividades diversificadas, revezando teoria e prática durante a aplicação do projeto. Visando desafiar os alunos a encontrarem, em suas obras, identificar resultados positivos e confiando que estavam atingindo a proposta da professora. No capítulo três, será encontrado um conteúdo de sondagem, uma descrição das escolas visitadas e das turmas observadas, que permitiram a escolha do tema do projeto. Estará disposto também o planejamento por aula proposta e um relatório dos resultados obtidos na aplicação das mesmas. Nesta parte teórica do relatório foi realizada uma análise com fundamentações teóricas em cada aula aplicada. Visando descrever o que foi aplicado com sucesso e o que foi necessário modificar conforme os interesses da turma, bem como observar o crescimento desta quanto a sua produção em sala de aula. Estas observações foram realizadas na Escola de Educação Integrada – CEI, na cidade de Campo Bom, na 6ª série, no período dos meses de abril e maio, do ano de 2009. Onde inicialmente, observei algumas aulas nesta turma com o objetivo de sondar quais eram as dificuldades encontradas em sala de aula e encontrar alguns indicadores de interesses dos alunos. A segunda etapa da aplicação do projeto em sala de aula foi realizada na Escola Técnica Estadual 31 de Janeiro, a turma de 6ª série 63. A escola em questão está localizada no centro da cidade, tem como característica o fato de receber alunos de todos os bairros. Ou seja, não se consegue identificar nos alunos um reconhecimento da escola como sua própria identidade, fato que é perceptível em uma escola que se localiza em um bairro, por exemplo. O perfil desta turma era de serem alunos agitados, desestimulados e desacreditados quanto aos seus trabalhos realizados em sala de aula, não somente nas aulas de Artes, mas em todas as disciplinas. Diante destas observações silenciosas, percebeu-se que os alunos tinham uma comodidade em trabalhar de forma convencional e pouco estimulante, estereotipando a maneira de trabalhar o conteúdo, engessando-os e permitindo simplificarem a criação de HQ´s. Ou seja, havia um comodismo dentro das turmas, pois realizavam desenhos sem explorar suas competências e habilidades. 10


Por fim, será apresentada na conclusão, uma visão particular destes resultados, visando analisar a positividade e a negatividade resultante da ação do projeto em sala de aula. Também poderá ser observada, quão estimulante e fascinante foram às descobertas das novas possibilidades de trabalho, encontradas a partir da aplicação do projeto. Havendo neste capítulo a descoberta do crescimento da turma quanto a sua auto-estima e suas expectativas, bem como seus anseios e dificuldades em aceitar novos desafios. Estarão no apêndice os questionários aplicados com as diretoras e diretores das escolas observadas, com a coordenação pedagógica e também com os alunos. Por fim, em anexo um CD-ROM, contendo uma cópia deste mesmo trabalho e informações complementares.

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1 INICIAÇÃO À GRAVURA Gravura é a arte de formar por meio de incisões e talhos, ou de fixar por ação química em pedra, metal, madeira etc. [...] imagens a entalhe ou plano para reprodução e multiplicação por entintamento e estampagem manual ou mecânica em papel ou outro material [...] e não se serve de fotografia ou de processos mecânicos, dependendo unicamente da habilidade manual e da capacidade interpretativa do gravador [...] (BUARQUE, 2008, p. 440)

1.1 a) Um Breve Histórico da Gravura As técnicas de riscar, gravar, sulcar a argila, ossos, madeira ou a pedra dura, desenhando ou contornando formas ou relevos, datam desde as origens da humanidade e deixam transparecer a necessidade imperiosa do homem em marcar e dominar a matéria. Tão antigo como a pintura ou a escultura encontramos estes exemplos lá na pré-história, na era quaternária, no interior das cavernas. Mais tarde no Egito o ato de gravar teve uma importância direta nos baixos relevos e na cerâmica. Caldeus, Assírios e muitos outros povos da antiguidade deixaram suas marcas gravando sobre os mais variados materiais incisões em pedra, no interior das cavernas, em chifre de rena, em casca de árvores, em placas de argila ou de chumbo como os Romanos que se utilizavam desta arte para gravar seus poemas e assim perpetuá-los. Mesmo as mais variadas civilizações como Incas, Maias e a civilização Asteca foram nos mostrando, embora tosca os fundamentos que caracterizaram os precursores da arte de gravar. Estes exemplos sejam pela semelhança de execução, ou soluções plásticas contribuíram para nos 12


oferecer um roteiro que nos levará ao surgimento da estampa, ou seja, da gravura impressa. O desenvolvimento econômico, cultural, e a grande liberdade religiosa pela qual passava a China no Século VI e VII é o que leva a mesma a usar a escrita como base de gravação sobre madeira. Em alguns documentos eram usados carimbos sobre papel, o mesmo acontecia nas estampas de selo. Das multiplicações, dos textos religiosos do Budismo, para a impressão tabular é um passo. Chama-se tabular a gravação feita em uma única tábua. Tudo isso favorece para que aconteça na China o surgimento das primeiras estampas bem como o primeiro livro impresso e datado, em 868 d.C. conhecido como Sutra do Diamante. Segundo Cavalcante (1999) é no Japão, no ano de 700 de nossa era, que a tiragem de até um milhão de exemplares, com os talismãs búdicos que a gravura atinge índices de grande popularidade. Já na Europa a gravura tem seu surgimento em meados do século XIV, o que se pode considerar é que a gravura em madeira foi o primeiro meio de cultura e divulgação acessível ao povo, quer das imagens dos santos ou das cartas de baralho de tarô, todas impressas manualmente. Ou seja, estes eram os únicos meios de comunicação e contemplação das imagens religiosas que o povo podia adquirir, sendo assim seus preços eram acessíveis e a divulgação facilmente propagada.

Gravura de Dürer; Melancolia; Séc. XV; http://www.gravura.art.br/historiadagravura.asp - Acesso em 04/2009

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O que acontece com o tempo é que os livros escritos à mão aos poucos vão dando espaço à técnica de impressão; que passa a ser cada vez mais exigida para as ilustrações de missais, cartas topográficas, das reproduções de desenhos, pinturas e das cartas de baralho. A descoberta da imprensa pelo alemão John Gutenberg, que só acontece por volta de 1450, quando o mesmo aperfeiçoa o prelo de pancada junto com os tipos móveis e ocasiona um impulso na arte de imprimir. É desta época a técnica da gravura em topo, que vem a substituir a madeira de fio, já que a mesma permite uma variação maior de detalhes e tons.

Xilogravura mais antiga do século XV; 1443; São Cristóvão http://www.gravura.art.br/historiadagravura.asp - Acesso em 04/2009

A impressão em massa de livros foi tão revolucionária na época que democratizava o conhecimento e o poder. Além da propagação e difusão do conhecimento e ideias, promoveu a fixação das línguas e da literatura. No início eram editados o livro da Bíblia e textos sacros seguidos de panfletos, livros de estudos e clássicos latinos. Como o povo começa a procurar pelas edições gera o aumento da demanda de impressões ocasionando uma liberação de publicações e de assuntos. A gravura em metal (buril, ponta seca, e água-forte) mais rica em recursos e possibilidades de maiores detalhes, pela metade de 1500, logo entra no gosto dos artistas o que gera uma queda e o desuso da xilografia. Passando a ser utilizada somente pelas camadas mais pobres para execução de cartazes, panfletos e

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folhetos de imagens baratas ou como complemento da tipografia, que depois vai se firmando como meio mais importante de produção gráfica. O surgimento da litografia, que é um processo de gravura plana, passa a ser logo a técnica aprovada e largamente utilizada nos meios gráficos. A expansão da litografia é imediatamente aprovada pelos artistas do século XIX. Os processos litográficos que até recentemente ainda eram utilizados nas gráficas foi aos poucos substituído pelo Off-set e pelos processos fotomecânicos, finalmente libertando a gravura das amarras de reprodução ou meramente ilustração.

Litografia; Eduardo Munch; O grito; 1895; http://www.itaucultural.org.br - - Acesso em 04/2009

Artistas como Vallaton na França, Gauguin no Taiti e Munch na Noruega, veem na xilogravura uma possibilidade de fazer experiências com as gravuras, independentes das gráficas comerciais, o que causa impacto entre os artistas da época. No período que antecede a primeira guerra mundial, a xilogravura surge na Alemanha de forma significativa, os expressionistas encontram nesta técnica, de cortes diretos e bruscos, uma forma melhor do que qualquer outra de expressarem suas ideias e suas revoltas. Neste período do entre-guerras o surgimento das múltiplas tendências utiliza-se das artes gráficas, tendo, inclusive, alguns artistas se notabilizando através da gravura. O surgimento de novos materiais, por exemplo: o linóleo para uso como 15


matriz, em 1920, cria um novo impulso na gravura expandindo-a por todo mundo. Grandes nomes das artes como Kandinsky, Kirchner, Matisse, Picasso e etc., utilizam-se desta técnica. Outros materiais vão surgindo com o tempo, o polistileno, o acrílico, etc., que passam também a serem usados como matriz; mas, seja qual for o material empregado, o processo continua sendo o mesmo, o que diferencia é o resultado da qualidade gráfica. O impacto evolutivo nas últimas décadas gerou transformações de forma decisiva no mundo, criando alterações no campo cultural, social e político. O pósguerra e a década de 60 influenciaram profundamente o comportamento do homem, e como conseqüência todos os elementos dos sistemas de arte. As técnicas de reprodução artesanais como xilogravura, a gravura em metal e a litografia cumpriram seu destino utilitário até o surgimento de novas técnicas industriais de reprodução de imagens. Ilustrações de revistas, livros diversos, Atlas e até mesmo jornais eram feitas por meio da litogravura. Ao ser superada por processos tecnológicos mais sofisticados, ali pelo final do século XIX, a gravura poderia ter desaparecido, assim como ocorrera com tantas outras técnicas e disciplinas que se tornaram obsoletas frente à avalancha industrial. No entanto as técnicas manuais de gravação conseguiram sobreviver. Mas a gravura, segundo Frederico de Morais (1995, apud CAVALCANTE, 1999, p. 4), permanece “como último refúgio das artes plásticas”, sem negar a nova figuração, a influência das vanguardas, a Pop Arte e mesmo a arte conceitual e as tecnologias contemporâneas, mantendo-se fiel ao seu específico e a sua própria tradição do Atelier, da chapa da prensa e de seus instrumentos.

1.1 b) Xilogravura Etimologicamente, a palavra xilogravura é composta por xilon, do grego, e por grafó, também do grego. Xilon significa madeira e grafó é gravar ou escrever. Assim, xilogravura é uma gravura feita com uma matriz de madeira. Explicando de maneira mais simples pode-se dizer que é um processo de impressão com o uso de um carimbo de madeira. Para preparar uma matriz xilográfica é preciso realizar trabalho de entalhe em um pedaço de madeira, 16


deixando em relevo a imagem que se pretenda reproduzir. As partes altas (em relevo) receberão a tinta e transferirão a imagem para o suporte. Geralmente as xilogravuras são impressas em papel, mas também podem ser feitas por impressão em outros tipos de suporte. Quase sempre a impressão é feita com o emprego de tinta, que é previamente aplicada sobre a matriz. No entanto, há xilogravuras impressas sem tinta, nas quais o relevo provocado pela pressão da matriz sobre o papel é o bastante para que o observador possa distinguir a imagem. A impressão pode ser produzida por uma prensa de rosca (de parafuso vertical), ou uma prensa de cilindros, ou até sem prensa nenhuma. Com a pressão de uma colher de pau (ou outro instrumento arredondado, liso e sem arestas) exercida no verso do papel, pode-se pressioná-lo centímetro a centímetro contra a matriz, provocando a transferência da tinta da matriz para o papel. No Oriente, em vez de colher de pau, usam para essa impressão manual de xilogravuras um instrumento que denominam baren, uma espécie de bolacha feita de um recheio firme e flexível (barbante enrolado, cartão), revestida por folha de bambu e dotada de um pegador do mesmo material. No século catorze os xilógrafos europeus usavam, para exercer pressão sobre o papel, uns tampões com miolo de crina revestidos de pano. Alguns artistas alçaram na xilografia vôos mais elevados, em especial o alemão Albrecht Dürer (1471-1528) que iniciou novo capítulo dessa arte com a série do Apocalipse (1499), na qual conduziu seus traços em busca das potencialidades da madeira, dando-lhe uma linguagem plástica peculiar e notável. (CAVALCANTE,1999, p.9),

Dürer; Apocalipse; 1499; http://www.gravura.art.br/historiadagravura.asp - Acesso em 04/2009

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Estas xilogravuras de Dürer acabaram influenciando grandemente a ilustração alemã. Outro centro onde a xilográfica foi bem difundida e utilizada, na época do Renascimento, foram às cidades italianas de Veneza e Florença. Embora subordinada à ilustração de livros, a xilogravura italiana desdobrou-se em criatividade, graças à tradição miniaturista na qual, os italianos, exercitavam certa liberdade ornamental. Quando já prestava seus serviços em toda a Europa, a xilografia veio, entretanto, a perder terreno. A partir do século dezesseis, sofreu forte concorrência da gravura em metal.

Gravura de Dürer; Séc. XV; http://www.gravura.art.br/tecnicadagravura.asp - Acesso em 04/2009

Porém, no Japão, a gravura em madeira obteve um momento de esplendor com a Escola Ukyio-e. Produzida principalmente em Edo, hoje Tókio, do século XVII ao XIX, a gravura Ukyio-e representa a primeira libertação da xilografia em relação ao livro. Produzida em folhas avulsas, com tiragens enormes, propiciadas pelo trabalho de equipes de entalhadores e impressores reunidos em oficinas coletivas, atendeu, com seu abundante colorido e pela descrição das paisagens e do dia-a-dia, ao gosto dos comerciantes, contrapondo-se à arte aristocrática, que no Japão da época imitava os padrões chineses, mais idealizados e menos ligados ao real.

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Dragão; Ukiyo-e; 1750; http://en.wikipedia.org/wiki/Wikipedia:Featured_picture_candidates/Ukiyo-e_dragon - Acesso em 04/2009

Já na Europa, a xilografia voltaria a ser utilizada para ilustrar livros, jornais e revistas, graças ao aparecimento da técnica de topo, que se difundiu durante o século dezenove pelas mãos do gravador inglês Thomas Bewick (1753-1828). No entanto, essa xilografia de ilustração em topo, que é usualmente chamada xilografia de reprodução ou xilografia de interpretação, sofreu um colapso no século vinte, porque encontrou-se em desvantagem em relação ao clichê metálico, então largamente difundido fruto da fotografia aliada à corrosão química de metais. Quando a xilogravura perdeu sua função utilitária, fato este que condenou ao desemprego os xilógrafos de reprodução, a gravura em madeira conheceu, entretanto, um ressurgimento no campo artístico. Liberada da subserviência que lhe impunham as encomendas dos veículos de comunicação, ela passou a ser usada com liberdade criativa por artistas plásticos empolgados com a força dessa linguagem plástica, na qual se evidenciam dramáticos contrastes entre branco e preto.

1.2 Histórias em Quadrinhos ou Banda Desenhada História em Quadrinhos é a forma de expressão artística que tenta representar um movimento através do registro de imagens estáticas. Assim, é Historia em Quadrinho toda a produção humana, ao longo de toda sua

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História, que tenha tentado narrar um evento através do registro de imagens, não importando se esta tentativa foi feita numa parede de caverna há milhões de anos, numa tapeçaria, ou mesmo numa única tela pintada. Não se restringe, nesta caracterização o tipo de superfície empregado, o material usado para o registro, nem o grau de tecnologia disponível. Engloba manifestações na área da Pintura, Fotografia, principalmente a fotonovela, do Desenho de Humor como a charge, o cartum, e sob certos aspectos a caricatura, e até algumas manifestações da Escrita, como as primeiras formas de ideografia. (RENARD, 1978, p.11)

Banda desenhada e história aos quadradinhos ou história em quadrinhos, quadrinhos, gibi, HQ é uma forma de arte que conjuga texto e imagens com o objetivo de narrar histórias dos mais variados gêneros e estilos. São, em geral, publicadas no formato de revistas, livros ou em tiras publicadas em revistas e jornais. São conhecidos como comics nos Estados Unidos, bande dessinée na França, fumetti na Itália, tebeos na Espanha, historietas na Argentina, muñequitos em Cuba, mangás no Japão, manhwas na Coréia do Sul, manhuas na China e com várias outras designações pelo mundo fora, em muitos países, incluindo o Brasil, também é conhecida por Arte sequencial. A banda desenhada é chamada de "Nona Arte", o termo "arte sequencial" (traduzido do original sequential art), criado pelo quadrinhista Will Eisner (1985), define esta arte como o arranjo de fotos ou imagens e palavras para narrar uma história ou dramatizar uma idéia, é utilizado para definir a linguagem usada nesta forma de representação. Senso assim uma fotonovela e um infográfico jornalístico também podem ser considerados formas de arte sequencial. É possível remontar aos tipos de registro pictórico utilizados pelo homem pré-histórico para representar, por meio de desenhos, as suas crenças e o mundo ao seu redor. Ao longo da história esse tipo de registro se desenvolveu de várias formas, desde a escrita hieroglífica egípcia até às tapeçarias medievais, bem como aos códigos/histórias contidos numa única pintura. Por exemplo, a obra de Bosch no Museu de Arte Antiga, em Portugal, "As Tentações de Santo Antão", representam sequencialmente passos da vida do santo. Porém, a banda desenhada (BD) não se confina à obra original, sendo antes um produto que nasce da novidade que foi a Imprensa escrita. Assim, terá de ser impressa e distribuída por formatos como sejam a revista ou o álbum. Só assim é a arte que conhecemos. Qualquer analogia com aqueles exemplos históricos é apenas

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coincidência, pois a Banda Desenhada não é a única arte a contar uma história por método sequencial. Como a BD tem ligação com à Imprensa, encontra seus precedentes nas sátiras políticas publicadas por jornais europeus e norte-americanos, que traziam caricaturas acompanhadas de

comentários

ou pequenos diálogos humorísticos

entre as personagens retratados. Mais tarde esse recurso daria origem aos "balões", recurso gráfico que indica ao leitor qual das personagens em cena está falando (donde o termo italiano "fumetti" - os balões lembram fumaça saindo da boca dos interlocutores).

Juca e Chico; Obra precursora das HQ; Max und Moritz; 1865; http://pt.wikipedia.org/wiki/Banda_desenhada - Acesso em 04/ 2009

No século XIX o livro Max und Moritz, do escritor e desenhista alemão Wilhelm Busch é considerado como o precursor dos quadrinhos - pois cada ação era ricamente ilustrada, tornando o texto mais agradável ao público infantil. Porém, a primeira obra com as histórias em quadrinhos conhecidas hoje em dia foi um livro de Rodolphe Töpffer. Detalhes na versão em inglês, digitando-se "comics". Deve-se registrar ainda o trabalho original publicado na imprensa do Brasil, de autoria do artista italiano Angelo Agostini, que fez inúmeras charges e caricaturas de figuras políticas da época de Dom Pedro II, além de criar história em quadrinhos com textos na forma de legenda, consideradas por vários como igualmente precursoras desse tipo de arte. Os quadrinhos de 1897 e editados até os dias atuais, a usar o formato pelo qual passaram os quadrinhos a ser identificados, foram criados pelo teuto-americano Rudolph Dirks, retratando as aprontações de um par de gêmeos, Hans e Fritz editados no Brasil como Os Sobrinhos do Capitão, e título original “Katzenjammer 21


Kids”. Outra personagem antiga que sobreviveu ao tempo foi Popeye, criado ainda em 1929. No ocidente, a forma de publicação mais popular era basicamente em tiras, como as publicadas pelos jornais ainda hoje, e em páginas dominicais coloridas. Com sua crescente popularidade, foi uma das molas propulsoras do crescimento dos impérios de mídia de William Randolph Hearst e Joseph Pulitzer. Distribuídas por agências (syndicates), essas tiras e dominicais da década de 1920 conquistaram a imaginação de leitores do mundo inteiro e foram adaptados para o cinema, em seriados e filmes. No ano de 1930, essas tiras começaram a ser colecionadas em revistas, dando origem aos primeiros "comic books". Esses primeiros "gibis" tiveram grande sucesso, e logo o material disponível não era suficiente. Surgiram então os estúdios especializados na produção de histórias produzidas especificamente para a página de revistas. A liberdade de usar a página (livre das restrições da "tira") permitiu aos quadrinistas um salto criativo. Em 1938, com a publicação e o estrondoso sucesso da primeira história do Superman, surgiu o gênero dos super-heróis, que se tornaria o paradigma dos quadrinhos norte-americanos. Em torno desses heróis mascarados, a partir da década de 1940, desenvolveu-se uma verdadeira indústria do entretenimento.

Primeira edição da HQ do Superman; Jerry Siegel e Joe Shuster; 1938; http://www.universohq.com/quadrinhos - Acesso em 05/2009

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Já no ano de 1950, a popularidade e a variedade das revistas em quadrinhos norte-americanas eram enormes (a maioria traduzida ao redor do mundo). Faziam muito sucesso, além dos super-heróis, revistas de guerra e terror. Considerados excessivamente violentos e uma influência perniciosa para a "juventude", os quadradinhos passaram a sofrer fortes pressões governamentais. Essas pressões acabaram por forçar, nos EUA, a criação do Comics Code Authority, um código de "ética" que conseguiu praticamente exterminar a criatividade dos quadradinhos norte-americanos nas duas décadas seguintes. Praticamente, porque na década de 1960 autores underground como Robert Crumb começaram a vender nas esquinas seus quadradinhos extremamente autorais, sem limites. Crumb e numerosos colaboradores da lendária Zap Comix influenciaram uma nova geração, mostrando que os quadradinhos eram um meio de expressão de grande potencial. Hoje, os quadrinhos são publicados em média impressa e eletrônica e agregam ao seu redor um universo de criações que são adaptadas aos jogos, ao cinema, às artes plásticas e a produtos como brinquedos, coleções de roupas, etc. Entre os elementos de linguagem, além do já citado balão, podem ser destacados: o uso de sinais gráficos convencionados (como as onomatopéias para a tradução dos sons, pequenas estrelas sobre a cabeça de um personagem indicando dor ou tontura, o próprio formato do balão pode indicar o volume ou tom da fala e até mesmo informar que se trata de um pensamento); uso da "calha" para separar um quadro de outro e estabelecer um sentido de evolução no tempo entre as cenas representadas; uso de cartelas ou recordatórios para estabelecer uma "voz do narrador" dentro da história; e o uso de diagramação versátil dos quadros, de acordo com a necessidade dramática de cada cena, entre outros. Com a popularização da impressão, a partir do começo do século XIX para o XX a banda desenhada tornou-se imensamente popular em todo o mundo. A sua linguagem é cada vez mais apurada e, apesar de ser tratada, muitas vezes com preconceito, como uma forma de expressão menor seu respeito nos meios acadêmicos vem crescendo a cada dia.

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1.2 a) Formatos A banda desenhada como uma forma de arte poderá representar diversos estilos e formatos de publicação, muito embora seja discutível, ainda hoje e nos meios acadêmicos, se o cartoon (por exemplo) não será antes uma arte autônoma: Cartoons. O cartoon ou cartum, originalmente tratado como os esboços de um artista, é considerado por muitos especialistas, entre eles R.C. Harvey (1996), como um formato de arte sequencial animada. Embora composto de uma única imagem, foi debatido que, uma vez que o cartum combina tanto palavras quanto imagens e constrói uma narrativa, ele merece sua inclusão entre os formatos de quadrinhos.

1.2 b)Tira A tira, também conhecida como tira diária, é uma sequência de imagens. O termo é atualmente mais usado para definir as tiras curtas publicadas em jornais, mas historicamente o termo foi designado para definir qualquer espécie de tira, não havendo limite máximo de quadros, sendo o mínimo de dois.

Primeira Tira do Garfield; Jim Davis; publicada em 19/061978; http://tirinhasdogarfield.blogspot.com/2006/07/primeira-tirinha-19061978.html - Acesso em 05/2009

1.2 c) Revista em quadrinhos A revista em quadrinhos, como é chamada no Brasil, ou "comic book" como é predominantemente conhecida nos Estados Unidos, é o formato usado para a

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publicação de histórias do gênero, desde séries românticas aos populares superheróis. Em Portugal a expressão usada é 'Revista de Banda Desenhada'.

1.2 d) Graphic novel Graphic novel é um termo para um formato de revista em quadrinhos que geralmente trazem enredos longos e complexos, frequentemente direcionados ao público adulto. Contudo o termo não é estritamente delimitado, sendo usado muitas vezes para implicar diferenças subjetivas na qualidade artística entre um trabalho e outro. Em Portugal usa-se também a tradução: Novela Gráfica, mas raramente.

1.2 e) Webcomic Webcomics, também conhecido como "online comics", "web comics" ou "digital comics" são histórias em quadrinhos publicadas na Internet. Muitas webcomics são divulgadas e vendidas exclusivamente na rede (exemplo: Absolutus Empire), enquanto outras são publicadas em papel, mas mantendo um arquivo virtual por razões comerciais ou artísticas. Com a popularização da Internet, o formato webcomic evoluiu, passando a tratar desde as tradicionais tiras diárias até graphic novels.

1.2 f) Storyboard Storyboards são ilustrações dispostas em sequência, com o propósito de prever uma cena animada ou real de um filme. Um storyboard é essencialmente uma versão em quadrinhos de um filme ou de uma seção específica de um filme, produzido previamente para auxiliar os diretores e cineastas a visualizar as cenas e encontrar potenciais problemas antes que eles aconteçam. Os storyboards muitas vezes trazem setas e instruções que indicam movimento.

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Storyboard do filme O Grilo Feliz; Waldercy Ribas e Rafael Ribas; 2001; http://entreter.wordpress.com/2009/01/18/grilo-feliz-e-os-insetos-gigantes-trailer-e-making-of/ - Acesso em 05/2009

1.2 g) Fanzine Um fanzine é uma revista em quadrinhos amadora, feita de forma artesanal a partir de máquinas de Xerox ou mimeógrafos. É uma alternativa barata àqueles que desejam produzir suas próprias revistas para um público específico, e conta com estratégias informais de distribuição. Diversos cartunistas começaram desta maneira antes de passarem para espécies mais tradicionais de publicação, enquanto outros artistas estabilizados continuam a produzir fanzines paralelamente à suas carreiras. O termo é também usado para definir publicações amadoras feitas por fãs de outros meios de entretenimento, trazendo notícias e ensaios sobre música, esportes e programas de televisão em geral.

1.2 h) História em Quadrinhos no Brasil As histórias em quadrinhos começaram, no Brasil, no século XIX, adotando um estilo satírico conhecido como cartuns e que depois se estabeleceria com as populares tiras diárias. A publicação de revistas próprias de histórias em quadrinhos no Brasil começou no início do século XX. Mas, apesar do país contar com grandes artistas durante a história, a influência estrangeira sempre foi muito grande nessa 26


aérea, com o mercado editorial dominado pelas publicações de quadrinhos americanos, europeus e japoneses. Atualmente, o estilo comics dos super-heróis americanos é o predominante, mas vem perdendo espaço para uma expansão muito rápida dos quadrinhos japoneses (conhecidos como Mangá). Artistas brasileiros têm trabalhado com ambos os estilos. No caso dos comics alguns já conquistaram fama internacional (como Roger Cruz que desenhou X-Men e Mike Deodato que desenhou Thor, Mulher Maravilha e outros). A única vertente dos quadrinhos da qual se pode dizer que se desenvolveu um conjunto de características profundamente nacional é a tira. Apesar de não ser originária do Brasil, no país ela desenvolveu características diferenciadas. Sob a influência da rebeldia contra a ditadura durante os anos 60 e mais tarde de grandes nomes dos quadrinhos underground nos 80 (muitos dos quais ainda em atividade), a tira brasileira ganhou uma personalidade muito mais "ácida" e menos comportada do que a americana.

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2 A IMPORTÂNCIA DO TEMA A GRAVURA ALIADA ÀS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS Neste trabalho falarei sobre a necessidade do ensino da Gravura e das Histórias em Quadrinhos, enfatizando qual a função e objetivo do Ensino da Arte no ambiente escolar. Segundo Mirian Celeste Martins (1998, p. 13), a arte é importante na escola, principalmente porque é importante fora dela. Por ser um conhecimento construído pelo homem através dos tempos, a arte é um patrimônio cultural da humanidade e todo ser humano tem direito ao acesso a esse saber. Com a necessidade do ser humano desenvolver sua capacidade de expressar-se, segue a uma definição do que consiste este processo: É o ato que consiste em relacionar certos dados atuais ou presentes a objetos ocultos ou distantes [...] Diz-se que as palavras exprimem pensamentos porque servem de veículo às idéias. Um poema [...] exprime, por meio de comparações, metáforas e imagens, ou múltiplos sentimentos evocados por uma caneleira feminina. (NUNES, 1989, p.71)

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Ou seja, a expressão artística faz com que na arte o aluno consiga converter em imagens a própria intuição que prescinde dos conceitos abstratos e gerais, que se constitui em expressão sentimental e emotiva. Cabe ao educador conciliar e proporcionar condições para que isso aconteça, buscando metodologias para o seu aluno possa “imprimir-se” a si mesmo, o que interessa e é fundamental é o processo e não o que obterá como produto. Para Croce (1949 apud NUNES, 2008, p.74), “o que distingue a Arte de outras manifestações do Espírito é a preponderância marcante, na poesia lírica, de sentimentos e emoções. [...] o processo de criação artística é fundamentalmente o da poesia lírica, e sendo assim, qualquer que seja a arte com que estamos lidando, pintura ou música, e qualquer que seja o gênero literário que consideramos, o essencial e o sentimento vivido pelo artista.” É interessante proporcionar aos alunos esta diversidade de técnicas para que consigam expressar-se através da arte, tendo oportunidade de fazê-lo explorando o que não é convencional. Pois é notável, os professores acabam realizando

sempre

as

mesmas atividades

no decorrer

dos anos, talvez

desestimulados, desmotivados, decorrente de varias questões como a falta de recursos e apoio para poderem fugir do convencional. O papel do Arte-Educador é fazer com que o aluno libere suas emoções, sendo que o educador tem a função de encontrar condições próprias para o aluno expressar seu potencial de criador. O ensino de Arte é centrado no aluno produtor, tem a função de liberar as emoções, cabendo ao professor o papel de propiciar um ambiente adequado para que o aluno possa expressar seu potencial criador. (FUSARI; FERRAZ, 1992, p. 36)

Com o foco nesta necessidade que o ser humano tem de “imprimir” seus sentimentos, busco através do tema Gravura, poder estimular os alunos a buscarem novas formas de exercerem sua criatividade expressiva. Pois na impressão da gravura, é permitido ao aluno observar o processo de seriação, apesar da matriz de registro ser sempre a mesma, no momento de sua impressão algo em particular tornará a imagem única até chegar numa seriação em que não haverá diferença. [...] a técnica da reprodução destacado domínio da tradição o objeto reproduzido. Na medida em que ela se multiplica a reprodução substitui a existência única da obra por uma existência serial. E, na medida em que essa técnica permite à reprodução vir ao encontro do espectador em todas

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as situações, ela atualiza o objeto reproduzido. (BEJAMIN, 1994, p. 168169)

Assim, diante do desafio de trazer tal tema para a sala de aula, é importante observar se o aluno é capaz de compreender a gravura como um processo criativo, indireto, prático, histórico, técnico e material. Observar se ele é capaz de materializar um pensamento visual, graficamente como um esboço e transportá-lo para a matriz, considerando a inversão. Assim dize-se que a gravura é um processo que exige antecipação de decisões; planejamento de ações, tais como: elaboração do projeto; transposição de projeto para matriz e gravação. Quando nos referimos à gravura, falamos também de impressão, de uma marca ou um sinal da pressão deixada por uma forma que vai gerar outra forma. Fazer uma impressão, provavelmente todo mundo já fez. Quem não deixou seu rastro em uma areia molhada, não fez a impressão da sua digital, de um pé recém nascido, brincou com carimbos ou esfregou um giz de cera em uma folha ou uma moeda sob o papel? Produzir as aparências das coisas, duplicar ou produzir a semelhança como o negativo, é uma invenção de uma memória das formas que se faz através de um contato. Parece ser uma coisa fácil e banal já que fazer impressão requer gestos tão simples e materiais elementares podendo ser argila, mão, pigmentos, moldes, cortes e diferentes texturas que podemos observar em nosso meio. De acordo com Georges DiDi-Huberman (1997), a palavra impressão cobre tantas práticas, tantos resultados que podemos detectar processos de impressão nos tempos mais remotos, como por exemplo: os dinossauros que já deixavam suas impressões na argila ou até um fóssil de pólen. Dentro deste processo de ensino aprendizagem na Arte, é imprescindível que o aluno seja estimulado a criar. Sendo assim, é importante que o educador permita que seu aluno possa mostrar com suas produções artísticas impressões do meio em que esta inserido, ou seja: Descobrir o espaço e descobrir-se nele representa para cada indivíduo uma experiência a um só tempo pessoal e universal. A partir dos primeiros movimentos físicos do corpo, a criança começa a ensaiar o espaço, a discerni-lo e a conhecê-lo, a vivenciá-lo, vivenciando a si mesma, consciente e inconscientemente. São processos que se interligam ao próprio curso de estruturação da percepção, consciente, às possibilidades da pessoa sentir e pensar-se dentro do meio ambiente em que vive. (OSTROWER, 1983, p. 30)

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Assim, o homem desde os primórdios primitivos sentia a necessidade de gravar suas experiências, o que podemos comparar ao processo que o educador pode experienciar na impressão de gravuras. Segundo o artista plástico Tàpies (2005) o artista tem em suas mãos o poder de transformar a idéia da realidade. Ou seja, o educando pode ter a oportunidade na gravura ou na História em Quadrinhos de transformar ou modificar esta realidade do meio em que está inserido. A impressão da gravura oportuniza o aluno a descobrir as infinitas possibilidades inventivas de uma repetição, é uma técnica, arte, que não esgota leituras, pois pode propor outras novas. Como afirma Fayga Ostrower (1983), tudo aquilo que nos afeta intimamente em termos de vida precisa assumir uma imagem espacial para poder chegar ao nosso consciente [...] tudo o que queremos comunicar sobre valores de vida traduzimos em imagens de espaço. No entanto, assim como a gravura permite que o educando expresse seus sentimentos e seu mundo através de suas impressões, as Histórias em Quadrinhos poderão auxiliar na forma de escolha desta narração de fatos, ou seja, na maneira de organizá-los. Segundo Daniel Horn da Rosa (2007), como todas as formas de arte, as Histórias em Quadrinhos representam genuinamente o que acontece na realidade de quem produz e até mesmo consome. Para argumentar sobre a importância das Histórias em Quadrinhos, leva-se em consideração que desde a Pré-História podem-se verificar registros de imagens exercitadas pelo homem, com representações de animais selvagens que faziam parte deste universo primitivo. No entanto, nos perguntamos do por que ou com que propósito o homem teria começado a desenhar imagens gráficas, e organizadas em uma seqüência narrativa, no interior das cavernas? Os acadêmicos dizem que os desenhos famosos das cavernas préhistóricas que foram a primeira história em quadrinhos que já se fez eram um ‘ensaio de controlar magicamente o mundo’ [...] estes desenhos controlavam a realidade e eram mágicos sem mais. GAIARSA (1970, p. 115)

Entre todas as linguagens que fazem parte do mundo contemporâneo, iremos abordar uma que realiza a integração entre a linguagem escrita e a linguagem visual: a das histórias em quadrinhos. 31


Conforme o conceito dado as Histórias em Quadrinhos: História em Quadrinhos é a forma de expressão artística que tenta representar um movimento através do registro de imagens estáticas. Assim, é História em Quadrinhos toda produção humana, ao longo de toda sua História, que tenha tentado narrar um evento através do registro de imagens, não importando se esta tentativa foi feita numa parede de caverna há milhares de anos, numa tapeçaria, ou mesmo numa única tela pintada. Não se restringe, nesta caracterização, o tipo de superfície empregado, o material usado para o registro, nem o grau de tecnologia disponível. Engloba manifestações na área da Pintura, Fotografia, principalmente a fotonovela, do Desenho de Humor como a charge, o cartum, e sob certos aspectos, a caricatura, e até algumas manifestações da Escrita, como as primeiras formas de ideografia. (GUIMARÃES, 1999, p. 11)

O texto referido a cima, procura conceituar a História em Quadrinhos (HQ) de forma ampla e não descaracteriza como HQ a tentativa de representar um movimento através de uma única imagem. E ainda, passa a considerar o Cartum e a Charge como tipos de histórias em quadrinhos. Ainda se não bastasse, as Histórias em Quadrinhos tem um papel importante relacionado ao processo de alfabetização do aluno, pois existe uma linguagem, algumas vezes envolvendo uma própria em que aparecem gírias e expressões particulares. As Histórias em Quadrinhos tem como objetivo principal a narração de fatos procurando reproduzir uma conversação natural, na qual os personagens interagem face a face, expressando-se por palavras e expressões faciais e corporais. Todo o conjunto do quadrinho é responsável pela transmissão do contexto enunciativo ao leitor. Assim como na literatura, o contexto é obtido por meio de descrições detalhadas através da palavra escrita. Nas Histórias em Quadrinhos, esse contexto é fruto da dicotomia verbal / não verbal, na qual tanto os desenhos quanto as palavras são necessárias ao entendimento da história. (EGUTI, 2001, p. 03)

Ao afirmar que os quadrinhos têm grande importância na alfabetização, é necessário compreender o que é linguagem, para isso a classificamos em verbal, não verbal, possuindo signos – ou seja, servem de meio para a expressão e comunicação entre o ser humano; sendo ela oral, gráfica, tátil, auditiva, olfativa, gustativa, ou a que nos interessa: a artística. Quando conseguimos nos dar conta de que nossa leitura da realidade é realizada por meio das linguagens, por um sistema simbólico de signos e grafias, vemos que a linguagem é a forma essencial da nossa experiência no mundo e 32


reflete como nos vemos e o que somos nesse mundo, ou seja, nosso modo de estarno-mundo. Segundo Martins; Picosque; Guerra (1998, p. 41) “a arte é uma forma de criação de linguagens [...]”. Ou seja, como ela se concretiza utilizando-se de signos pictóricos, permite para quem a realiza ou ate mesmo para quem a contempla o facínio de expressar-se ou interpretá-la de diferentes maneiras, conforme a sua própria leitura de mundo. Toda linguagem artística é um modo singular de o homem refletir – reflexão/relfexo – seu estar-no-mundo. Quando o homem trabalha nessa linguagem, seu coração e sua mente atuam juntas em poética intimidade. [...] o homem leva ao extremo sua capacidade de inventar e ler signos com fins artísticos-estéticos. (MARTINS; PICOSQUE; GUERRA, 1998, p. 48)

Sendo assim, as Histórias em Quadrinhos tem certa importância para a construção do pensamento e para a aprendizagem dos educandos. Levando em consideração estes aspectos quanto as suas finalidades e conforme citações anteriores, estas afirmam que os alunos sempre estarão recebendo influencias do seu mundo, do meio em que nascem e da linguagem local em que vivem. No entanto, quando a criança se insere dentro do convívio escolar ela passa a ter como objetivo aprender a ler, escrever e falar a sua própria língua. Porém, segundo Álvaro de Moya (2007), se colocar uma história em quadrinhos na frente de uma criança antes dela aprender a ler e a escrever, ela imediatamente entende que aqueles quadrinhos narram uma história. É importante ressaltarmos um dos principais elementos da linguagem das Histórias em Quadrinhos, que seria o próprio desenho com sua função narrativa, ou seja, sua tentativa de representar um movimento. A importância desta leitura de imagens que a História em Quadrinhos traz, permite a realização de um exercício de percepção quando leva os educandos a interpretar as imagens que aparecem nos quadrinhos e narram tais histórias. É em relação a percepção que podemos acentuar a importância das interpretações de HQ’s. É de suma importância que estes dois exemplos de linguagens artísticas demonstram que a percepção do sujeito esta ligada ao que ele traz de bagagem psicológica do seu mundo próprio. O filósofo e psicólogo francês Maurice Merleau-Ponty (1961 apud NUNES, p.75) diz que a “consciência é percepção, e percepção é consciência”. Para ele, “o 33


ponto de partida de toda a experiência perceptiva é a experiência corporal”, ou seja, quer dizer que o corpo seria o meio que conduz o ser no mundo. Mesmo que estejamos falando de HQ’s e a produção de gravuras, ainda que seja a mais simples das expressões artísticas, o educando processa suas sensíveis percepções e as organiza, compara, seleciona, sente e se emociona, pensa sobre elas e, quando as ordena na criação artística, através de um pensamento que irá ser projetado, remetendo-as em pintura ou em qualquer outra forma de expressão. Cada um de nós, combinando percepção, imaginação, repertório cultural e histórico, lê o mundo e o reapresenta à sua maneira, sob o seu ponto de vista, utilizando formas, cores, sons, movimentos, ritmo, cenário [...] (MARITINS; PICOSQUE; GUERRA,1998, p.57)

Se pensar sobre a simplicidade de criação das Histórias em Quadrinhos, arriscaria em afirmar que ela é uma arte pouco complexa, no entanto se não levarmos todas as regras de sua produção em conta, porém a HQ que os educandos em sala de aula estão acostumados a realizarem, que já tem facilidade e demonstram interesse por esta forma de expressão, apresenta uma forma simples de produção. Entretanto, segundo Jacques Marny (1973) declarou que a arte autentica é simples, mas a simplicidade exige o máximo de arte. Na verdade muito se especulava em relação ao uso das Histórias em Quadrinhos em sala de aula, pois alguns educadores acreditavam que os quadrinhos afastavam as crianças e adolescentes dos livros e que seus conteúdos poderiam ser um risco por conterem histórias com violência. Mas não encontramos fundamentação se levar em consideração a importância dos quadrinhos no Ensino da Arte, se analisar pelo aspecto de que todos os principais conceitos de artes plásticas estão embutidos nas paginas de uma História em Quadrinhos. Assim, é fácil de avaliar como educadores, que os quadrinhos podem vir a ser uma poderosa ferramenta, capaz de explicar e mostrar aos alunos de forma divertida e prazerosa a aplicação prática de recursos artísticos, sendo alguns até mesmo sofisticados, por exemplo: a perspectiva, representação da figura humana, luz e sombra, geometria, as cores e composições. É fato que nos quadrinhos há uma falta de palavras no que diz respeito à caracterização da fala dos personagens e do narrador.

Da mesma forma, as

imagens também não são completas de informações. A baixa quantidade de informação dos signos visuais, no entanto, quando aliados nos quadrinhos não 34


compromete a leitura e a interpretação, pelo contrário, eles se complementam permitindo que o leitor preencha as lacunas como um leitor ativo. O conjunto estruturado de imagens nos quadrinhos é uma característica que o assemelha às demais linguagens escritas, visto que existe uma narração figurada. Mais importante que a duplicidade de códigos é a estrutura narrativa que nele se apresenta em que aparece o desenvolvimento das ações dos personagens, o enredo, o tempo e o espaço. Há uma sucessão de quadrinhos, com ou sem balões, que sintetiza uma narrativa, portanto requer a leitura das imagens para conferir-lhe sentido. A seriação de quadrinhos, que se assemelha a uma lenta projeção cinematográfica – ou a cenas fixas, de uma singela peça de teatro –, pode considerar-se, na medida solicitada pela mente infantil, adequada ilustração do texto; na realidade, assume o caráter de verdadeiro relato visual ou imagístico, que sugestivamente se integra com as rápidas conotações do texto escrito, numa perfeita identificação e entrosamento das duas formas de linguagem: a palavra e o desenho. Exatamente como convém ao caráter sincrético e intuitivo do pensamento infantil. (MOYA 1993, p. 150)

O educando passa por constantes adaptações e por processos de aprendizagens, tem necessidade de adquirir conhecimentos, aprender coisas novas, ou seja, desenvolver-se cognitivamente. Os quadrinhos vêm ao encontro dessas necessidades, despertando o interesse, conquistando sua imaginação e ampliando os horizontes de conhecimento do aluno. E, de modo geral, as histórias em quadrinhos satisfazem também pela familiarização que a dualidade de códigos permite, em que as imagens, textos e idéias, além do próprio vocabulário, são acessíveis a ela. Ao adaptar-se ao nível intelectual e ao interesse das crianças, os quadrinhos rompem as barreiras que existem contra a prática de sua leitura. Encontra-se, dessa forma, na leitura das histórias em quadrinhos um instrumento pedagógico eficiente no sentido de despertar o gosto e a necessidade da leitura. Afinal, as histórias em quadrinhos envolvem toda uma concepção de desenhos, de humor, de ritmo acelerado, de intervenção rápida das personagens nas situações com as quais se defrontam [...] Contêm algo de conciso, vertiginoso, quase cinematográfico [...] E, como em qualquer outro tipo de história, há as ótimas, as medíocres, as muito bem feitas, as de carregação, as extremamente inventivas, as que se repetem [...] Como em qualquer outra forma literária, se escolhem, se procuram as que dizem mais, desistindo das que satisfazem menos e suscitam menos emoção,

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menos envolvimento, menos inesperados [...] Elas fazem parte integrante da cultura deste século e é tolo e preconceituoso esnobá-las ou não leválas a sério [...] (ABRAMOVICH, 1995, p. 158)

Quando se aborda o assunto das Histórias em Quadrinhos e sua utilidade na escola, faz-se necessário analisá-las com o objetivo de conhecer seus elementos e seu potencial como ferramenta educativa de incentivo à prática de leitura, sendo esta a interpretação da própria escrita e a interpretação das expressões pictóricas do enredo da história. Ao realizarmos a análise dos quadrinhos como um todo, percebemos que a forma como são dispostos alguns elementos como as imagens e as palavras, demonstram característica especificas como imagens repetitivas e símbolos reconhecíveis. A leitura dos quadrinhos desencadeia um processo duplo – leitura de textos e leitura de imagens. A própria leitura das imagens em si também é dupla, no sentido de que o leitor lê aquilo que vê na página e aquilo que imagina ver. O olho limita-se ao que esta sendo demonstrado explicitamente e analisa os elementos que compõem o que esta sendo visto. Assim, no final, somam-se o repertório das próprias expectativas de cada leitor, a fim de atribuir sentido ao que ele lê. Pude perceber em ambas as turmas observadas, que existe uma carência de propostas de trabalho que despertem a criatividade dos alunos e que explorem o fazer diferente. A proposta é realizar em sala de aula um trabalho prazeroso em que os alunos sejam levados a produzirem gravuras narrando uma história em movimento, justamente com o auxilio da metodologia das Histórias em Quadrinhos. Como as HQ’s exploram a figura humana, será proporcionado um trabalho em que os educandos poderão aperfeiçoar e até mesmo tentar desestereotipar tal desenho, também buscará demonstrar algumas noções de perspectiva para a composição de tais narrativas. E ainda, incentivá-los a expressar-se, imprimindo todos seus sentimentos e expondo de maneira lúdica a realidade em que esta inserida, pois a proposta é que o educando acabe se identificando e até mesmo que ele venha a se valorizar com a narrativa poética que ele será incentivado a realizar ao contar a história criada. Será importante que o educando compreenda que ele será o autor e a ferramenta mais importante, juntamente com a iniciativa do educador, para fazer a proposta ser bem sucedida em todos os objetivos e metas a serem alcançados. 36


3 OBSERVAÇÕES SILENCIOSAS Neste capítulo serão apresentadas as observações silenciosas realizadas em duas escolas e suas respectivas análises. Os materiais das análises são das aulas de Ensino Fundamental e Médio.

3.1 Centro de Educação Integrada (Escola Municipal) Aulas observadas na 6ª Série, da Escola Municipal CEI, do Município de Campo Bom, composta por 30 alunos tendo como professora titular a Prof.ª Marilúcia Furquim, formada em Artes Plásticas pela Universidade Feevale, de Novo Hamburgo.

3.1 a) 1ª Aula e 2ª Aula A aula teve início após o recreio, à turma estava muito agitada e a professora iniciou a aula com dificuldade em acalmá-los. A professora recolheu os trabalhos realizados na aula anterior. 37


Em seguida, foi solicitado que fosse pego uma folha de desenho para realização de um trabalho com linhas. Os alunos deveriam escolher um símbolo de Páscoa para desenhá-lo de forma colorida e utilizar grafite ou canetinha preta, para compor o fundo com diferentes tipos de linhas. Ela sugere que seja feito um esboço, primeiramente, do desenho. E ainda demonstra como pode ser feito o molde de um dos símbolos pascoais (ovo), deixando fixado no quadro um exemplo pronto do trabalho. Os alunos conversavam demasiadamente durante a atividade e durante as explicações da professora. Ela circula entre eles e os orienta tirando suas dúvidas. Conforme o tempo vai passando a turma vai se acalmando e começam a se dedicar com mais atenção à atividade. No entanto, poucos alunos ainda permanecem agitados circulando pela sala e a professora permanece sentada em sua cadeira. Observo que nenhum aluno optou em escolher outro símbolo que não fosse o ovo. Os alunos têm dificuldades em criar o seu próprio desenho, muitas criações são cópias do trabalho mostrado pela professora e do próprio exemplo que ela elaborou no quadro. As linhas são desenhadas com o auxilio de régua. Ao final da aula, a professora, solicita que todos guardem os materiais e não faz combinações para orientá-los sobre a entrega dos trabalhos.

3.1 b) 3ª Aula e 4ª Aula A professora inicia a aula recolhendo os trabalhos realizados na aula anterior. Em seguida, solicita que copiem do quadro, em uma folha de desenho o conteúdo relacionado aos tipos de linhas (Linhas: vertical curva ou sinuosa; inclinada quebrada; espiraladas; vertical reta; horizontal reta; onduladas; inclinada reta; horizontal curva ou sinuosa). Durante a cópia muitos perguntam como podem dispor estas linhas na folha então, a professora orienta que façam retângulos para organizar as linhas dentro deles. 38


Muitos alunos não trouxeram a régua, fato que a professora observa e comenta que este é um material obrigatório para as aulas de artes. Para solucionar tal fato, um dos alunos acaba emprestando suas cartas de Cards para que usem de molde. Enquanto efetuam a cópia, a educadora circula na sala, para controlar se a turma esta copiando a matéria. Para os alunos que encerraram a cópia ela distribui uma folha de exercícios para que explorem um desenho com linhas. Como o exercício tem um desenho de exemplo, a maioria tenta copiá-lo. A turma conversa com demasia, porém alguns estão concentrados. A atividade proposta em seguida, é que os alunos em outra folha de desenho, sem margem, dividam a folha com quatro colunas na vertical e duas na horizontal, formando doze quadrinhos.

Exemplo da atividade aplicada durante a aula

Os alunos irão escrever seu nome na folha em letras diferentes, como letreiro, e nos quadrinhos deverão dispor os diferentes tipos de linhas. O contorno do nome deverá ser em preto e seu interior colorido, já as linhas terão o contorno somente em preto. Alguns alunos aparecem com as folhas dobradas para dividir as colunas sem riscá-las, porém a professora solicita que refaçam utilizando a régua. A turma esta muito agitada, falam muitos palavrões e ficam gritando uns com os outros. A professora combina que esta atividade será concluída na próxima aula.

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3.1 c) 5ª Aula e 6ª Aula A professora solicita para que os alunos terminem a atividade da aula anterior, para aqueles que já encerraram o trabalho ela explica a próxima atividade, esta será relacionada ao dia do índio, ou seja, os alunos terão que reproduzir em linhas a Arte Indígena realizada com pinturas corporais. Em duas folhas de desenho, unidas, formando uma faixa, os alunos criam Faixas Indígenas, utilizando somente as cores pretas e vermelhas. Novamente a professora fixa no quadro exemplos destes tipos de Faixas Indígenas e seus significados quanto às linhas utilizadas, exemplo: linhas intituladas como sendo Borboleta, Cobra, Espinha de Peixe, Casco de Jabuti, Casca de Palmeira. Os alunos, novamente, acabam copiando um destes exemplos. Ao realizarem esta atividade, cantam e gritam na sala, alguns alunos circulam pela sala e a professora fica sentada em sua cadeira. Eles não demonstram interesse pela atividade. No final da aula, a educadora lembra a todos que a entrega será na próxima aula.

3.2 Colégio Sinodal Tiradentes (Escola Particular) Aulas observadas no 1ª Ano do Ensino Médio, do Colégio Sinodal Tiradentes, do Município de Campo Bom, composta por 40 alunos tendo como professora titular a Prof.ª Silvia Rangel, acadêmica em Artes Visuais pela Universidade Feevale, de Novo Hamburgo.

3.2 a) 1ª Aula e 2ª Aula A professora comenta que esta turma, no início, tinha certa dificuldade em realizar trabalhos em grupos, pois eles eram introvertidos. Muitos alunos são novos e apenas sete são remanescentes. 40


Os alunos haviam tido aula de Sociologia no período anterior. Ao entrar na sala de aula a professora não realizou a chamada, apenas apresentou-me como sendo uma professora estagiária que estava visitando a turma para observação, um trabalho de faculdade. No primeiro momento ela solicitou que fosse finalizado o trabalho em grupos, que já estava encaminhado na aula anterior. Este era uma atividade em conjunto com a disciplina de Matemática. A proposta das educadoras era sobre um trabalho feito com gráficos (Matemática) e a estética sobre tais cartazes. A atividade da aula observada era para que os grupos voltassem a se reunir para reavaliarem seus próprios trabalhos e os de seus colegas. Junto do cartaz avaliado circulou uma folha de anexo, em que os grupos escreveram o que deveria ser revisto pelo grupo que o confeccionou. A organização da turma para que se dividissem nos grupos foi rápida e ordenada. A educadora tem domínio de turma. Circula pelos grupos enquanto realizam a atividade, orientando e esclarecendo dúvidas. A turma é participativa, porém permaneceu conversando durante toda a atividade, o que não interviu no andamento dos trabalhos. Eles são dedicados, organizados e comprometidos. São lentos para concretizar a atividade, a professora necessita instigá-los para concluírem. Ela observa que eles levaram mais ou menos seis aulas para concluírem os cartazes. Ao estarem circulando os trabalhos entres os grupos, aconteceram algumas interferências dos alunos nos trabalhos alheios. A professora teve que parar a atividade e solicitar para que os alunos respeitassem e tivessem mais cuidado. Para concluir a atividade, os grupos tiveram um tempo para lerem as avaliações e discutirem em seus próprios grupos os resultados obtidos. Para dar continuidade à atividade os trabalhos serão revistos pela professora de Matemática, para que ela avalie a composição dos gráficos. A professora explica que os alunos poderão refazer o trabalho para consertarem o que foi sugerido nas avaliações, para depois poderem entregar à professora de Matemática.

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No segundo momento da aula, a professora solicitou que os alunos deixassem sob a classe o material solicitado na aula anterior (sete cores de canetinhas, cola branca e tesoura). Os alunos se dispõem na sala em circulo. No meio da sala a professora deixa um pequeno cesto com uma casca de ovo dentro do mesmo. No início a professora tem dificuldade em manter o silêncio e a atenção dos alunos para a conversação. A educadora faz alguns questionamentos: Por que o ovo esta no meio da sala? Quem já pintou ou pinta casca de ovo na Páscoa? Uma aluna comentou que sua avó tem o costume de pintar casquinhas na Páscoa e dar aos netos, já outro aluno comenta que a avó também pinta ovos e os esconde no jardim de sua casa para que os netos façam a caça aos ovinhos. Alguns alunos se surpreenderam com os relatos e disseram que nunca pintaram ovos. Em seguida, a professora explica sobre a origem da tradição de dar ovos de chocolate na Páscoa. Durante esta conversação os alunos se dispersam facilmente e várias vezes a professora solicita para que permaneçam em silêncio e prestem atenção. Ao término da explicação, a professora propõe que os alunos desenhem em uma meia cartolina um ovo. Alguns alunos encontram dificuldade em acatar e aguardar as próximas ordens, perguntando se o desenho deveria ser um ovo embrulhado, ou se era para primeiro desenhar e depois passar o contorno. O ovo deverá ser dividido em sete partes, sendo utilizados diferentes linhas. Um dos alunos questiona o porquê das sete linhas e as sete cores diferentes, fazendo com que a professora solicite que seja realizada uma pesquisa em casa sobre este significado. Após a divisão do desenho, a professora solicitou que eles fizessem o recorte do contorno do desenho e atrás destes pedacinhos escrevessem sete desejos que gostariam de realizar no ano de 2009. Percebo que a maioria dos educandos utilizou metade da cartolina para fazerem o desenho, no momento de realizarem o recorte encontram dificuldades, pois o desenho era pequeno. Para colorir os pedaços de recorte, a professora indica que, conforme o desejo seja relacionado uma cor ao seu significado. Ficou para a próxima aula a conclusão da atividade. 42


3.2 b) 3ª Aula e 4ª Aula Professora retoma a atividade anterior. Voltam a perguntar sobre a questão do significado do número sete, alguns alunos expõem que pesquisaram em relação ao assunto. A professora traz um dicionário de símbolos, um dos alunos é escolhido para fazer a leitura. Durante a leitura alguns alunos estão dispersos. Solicita os materiais da aula anterior: retalhos de papéis coloridos, ou tecidos, E.V.A e cartolinas. Percebo que a maioria participa trazendo os mesmos. Em seguida, faz uma recapitulação em relação a Teoria das Cores, alguns alunos participam da conversação respondendo as questões da professora. O ovo produzido na aula anterior deverá ser colado numa folha em branco, para em seguida, produzirem um móbile. Na parte branca do ovo deveriam trabalhar com os materiais nas cores pretas e brancas. A turma deverá se dividir em sete grupos, independentes do número de integrantes, neste processo se dividem calmamente e não há problemas de alunos não serem aceitos dentro dos grupos. Durante a atividade, a professora, circula entre os grupos realizando assistência quanto à montagem do móbile, pois os grupos demonstraram dificuldade em conseguir manter o equilíbrio do mesmo. A professora ouve as opiniões quanto as idéias de como irão montar o fundo dos ovos em preto e branco, incentiva e sugere soluções quanto a algumas dificuldades. E ainda, alguns alunos encontram dificuldade em compreender o que deveria ser realizado, alguns alunos tornam a perguntar sobre a atividade e outros colam o ovo na folha branca e voltam a recortálo em pedaços novamente. Além dos materiais que eles trouxeram de casa para confeccionar o móbile a professora disponibiliza para os grupos arame, alicate e barbante para a montagem. São criativos para solucionar a composição do fundo, utilizam diferentes materiais e técnicas como colagem, pintura, desenho e texturas.

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3.2 c) 5ª Aula e 6ª Aula Professora dá continuidade ao término dos trabalhos com os móbiles dos ovos. Os grupos voltam a se reunir, estão bem mais calmos em relação as aulas anteriores. Um dos grupos que concluiu a tarefa já esta pendurando o móbile e se dispõe a auxiliar a turma. Outros alunos ao verem tal atitude, ao acabarem seus trabalhos também tomam a iniciativa de auxiliar os outros grupos. Estes alunos ajudam a encontrar maneiras de dar equilíbrio ao móbile, já que esta é a maior dificuldade encontrada pelos grupos. A professora também circula de grupo em grupo. Depois de concluída a atividade e os móbiles estarem pendurados na sala, a professora solicita para que a turma faça um circulo. Discutem sobre como farão para colocar todos os móbiles em uma mesma base de arame e unificá-los. O desafio, novamente enfatiza a educadora, é encontrar uma maneira de equilibrar todos. Após as tentativas a turma realiza uma conversação analisando como foi efetuar a atividade, quais as dificuldades, se gostaram ou não, como foi o trabalho em grupo. Como foi a escolha dos materiais para decorar os ovos e a semelhança existente entre eles, que surgiu por acaso na formação dos grupos. Qual a relação de aparecer o colorido em um lado e a utilização do preto e branco do outro. Nesta conversação os alunos não participam espontaneamente, há a necessidade de serem instigados a expor suas opiniões, quanto à estética e harmonia dos mesmos. A educadora deixa combinado entre a turma, que durante o ano eles poderão modificar a disposição do móbile na sala, tentando encontrar diferentes formas de equilibrá-lo e harmonizá-lo. Como no início da aula houve uma tentativa frustrada em instalar o datashow na sala, os alunos são levados ao Labinfo para assistirem uma apresentação de powerpoint, que demonstra um artista chamado Alexander Calder, que trabalha com diferentes tipos de móbiles. Porém, em função da falta de tempo a explicação é rápida e os alunos não prestam atenção. A professora deixa combinado que retomará a apresentação para aprofundarem o conhecimento. 44


3.3 Análises das Observações Durante estas semanas em que estive realizando as observações silenciosas nestas duas turmas, uma de Ensino Fundamental e outra de Ensino Médio, tive a oportunidade de avaliar as possibilidades de trabalho que eu como arte-educadora teria como desafio tentar ou suprir a falta de algo que eu observasse que fosse necessário realizar com outras propostas e metodologias, ou tentar de alguma forma superar as expectativas dos alunos. Pois nestas turmas encontrei duas realidades muito diferentes e também duas educadoras com metodologias distintas. Cada aula das duas professoras tinha uma proposta de trabalho com o tema Páscoa, segundo Martins, Picosque e Guerra (1998) o educador [...] é aquele que prepara uma refeição, que propõe a vida em grupo, que compartilha o alimento, que celebra o saber. É do entusiasmo do educador que nasce o brilho dos olhos do aprendiz. Sendo assim, com a preparação das aulas realizadas pelas educadoras é que surgem a maneira que ambas encontram para melhor trabalhar o tema proposto com os educandos, pois cada aula é um momento mágico, cabe a educadora escolher contextos significativos para o aprendiz tecer sua rede de significados. Metáfora que proporciona a compreensão da construção de significados como feixes de relações. A não-linearidade, a multiplicidade de percursos possíveis, a diversidade de relações constitutivas de cada feixe, entre outros aspectos, fazem com que essa idéia tenha repercussões pedagógicas (MACHADO, 1995, p. 51).

Não posso afirmar se o motivo de ter percebido uma divergência de comportamento entre as duas turmas seja pelo motivo desta metodologia diversificada entre as duas professoras, ou se é pelo motivo da faixa etária dos alunos, mas a turma de Ensino Médio era de certa forma mais comprometida e interessada nas atividades, no entanto as do Ensino Fundamental eram agitados, dispersos nos momentos de realização das mesmas, era perceptível que as atividades não faziam sentido para eles, apesar estarem sendo trabalhadas data comemorativas. Em relação à aula da turma de Ensino Médio onde tiveram que reavaliar seus próprios trabalhos, analisando o que poderiam melhorar, percebi respeito na 45


turma, souberam realizar a atividade sendo críticos e demonstraram seriedade para aceitar as opiniões dos colegas, gostei da proposta da educadora, pois fazem observar e reavaliar seu trabalho buscando um olhar mais atento na hora em que avaliam. Além dos impulsos do inconsciente, entra nos processos criativos tudo o que o homem sabe os conhecimentos, as conjeturas, as propostas, as dúvidas, tudo o que ele pensa e imagina. Utilizando seu saber, o homem esta apto a examinar o trabalho e fazer novas opções (OSTROWER, 1978, p. 55).

Os alunos do primeiro ano do Ensino Médio pareciam demonstrar mais criatividade em suas atividades, tinham mais motivação em buscar resolver esta problemática, pois a educadora não trouxe imagens em relação ao que ela estava propondo, ou seja, a educadora da turma de Ensino Fundamental trazia exemplos de trabalhos de outros alunos e expôs na turma, o que gerou cópia dos mesmos, os alunos acabavam sendo induzidos a realizarem os mesmos tipos de traços e desenhos. Talvez se ela não tivesse demonstrado exemplos ou tivesse deixado o tempo todo sob os olhares dos alunos as imagens eles não sentiriam facilidade em realizar a cópia dos mesmos. A obra de arte é um objeto de prazer, que visa a provocar determinada experiência gratificante, que consiste numa espécie de vivência sensorialpreceptivo-intelectual, onde não são engajadas especialmente a memória e a imaginação. (TREVISAN, 1990, p. 77)

Acredito que desta forma a professora não esta estimulando o aluno, seu método faz com ele fique limitado, eles não exercitam e não estabelecem seus próprios processos de criação. Entre as atividades observadas aquela que mais me chamou atenção foi a aplicada na turma 111 do Colégio Sinodal Tiradentes, onde eles tiveram que dar significado as cores que escolhiam conforme os desejos que haviam escrito no ovo de Páscoa. A cor se caracteriza pela carga de sensualidade que lhe é inerente. Ao vê-la diante de nós, sensual, é que podemos dar-nos conta do quanto nosso conhecimento anterior, através das informações verbais, fora intelectual. Isto acontece com todas as pessoas e em todos os casos. Por maior que seja a nossa experiência prática, uma coisa é imaginar cores e outra, completamente diferente, é percebê-las. [...] Há uma excitação dos

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sentidos, que é a própria da cor e que não existe em nenhum outro elemento visual. (OSTROWER, 1983, p. 236)

A professora da turma de Ensino Médio também buscou realizar um trabalho em equipe, onde primeiramente resolviam uma atividade em pequenos grupos e em outro momento deveriam tentar resolver a atividade em grande grupo. Foi muito produtivo, uma vez que a turma tinha como característica ser bem individualista, pois a maior parte dos alunos eram novos na escola. No entanto, com este trabalho foi importante a ajuda mutua que dividiram, todos muito atenciosos uns com os outros. Na sala de aula, muitas vezes, é mais eficiente formar equipes criadoras ao invés de manter a autoria individual. Isso é geralmente viável quando o que mais importa é a compreensão do processo e não a expressão individual (CAMNITZER, 2007, http: // www. bienalmercosul. art. br/novo/index. php?option=com_noticia&task=detalhe&Itemid=5&id=636)

Creio que, por mais que o professor tenha experiência na área em que atua, ele sempre deverá estar procurando novas metodologias de ensino e novas propostas de trabalho, buscando sempre planejar sua aula com objetivos para se manter focado no que realmente quer alcançar e auxiliar o aluno em seus processos de criação e expressão. Acredito que realmente o grande desafio do arte-educador é estimular os educandos a ver a arte em diferentes linguagens e maneiras de expressão e poder identificá-la em seu meio reconhecendo-a como uma maneira de aumentar nossa sensibilidade e percepção em relação ao mundo.

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4 PROJETO DE ENSINO EM ARTES VISUAIS Projeto aplicado na 6ª Série, turma 63, na Escola Técnica 31 de Janeiro, da cidade de Campo Bom, contendo 37 alunos tendo como professora titular a professora Simone, formada na Universidade Feevale. Período de aplicação nos meses de Novembro a Dezembro. Após a oitava aula aplicada, eu assumi a turma como professora titular, em virtude de ter sido

4.1 Projeto de Ensino TÍTULO: A Gravura Aliada às Histórias em Quadrinhos TEMA / ASSUNTO: Desestereotipação da forma de elaboração das HQ’s PERÍODO: Novembro a Dezembro de 2009

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JUSTIFICATIVA A partir das observações silenciosas realizadas nas turmas em que acabei visitando, percebi que estavam necessitando de uma proposta que pudessem se expressar de forma mais livre, despreocupando-se de algumas atividades convencionais, podendo explorar técnicas e concepções diferentes do Ensino da Arte. A proposta em trabalhar a Gravura juntamente com as Histórias em Quadrinhos, foi um desejo particular em unir os dois assuntos, para ensinar uma forma diferenciada de elaboração das HQ’s. Assim, este projeto visa uma proposta de atividades mais prazerosas, visando uma produção e experimentação por parte do educando, possibilitando a ele diferentes tipos de técnicas dentro da Gravura gerando uma produção de Histórias em Quadrinhos. Em que os alunos se utilizarão da técnica em questão para produzirem uma impressão em série das tiras criadas e idealizadas, oportunizando assim, que o aluno imprima de maneira lúdica seus sentimentos e a sua própria realidade. Desestereotipando a maneira de produzir as HQ’s, geralmente realizadas da mesma forma em sala de aula, sem estimular os alunos a produzi-las mais elaboradas. OBJETIVO GERAL Estimular os alunos a produzir suas HQs de forma diversificada e inovadora, a partir da Gravura, uma técnica não convencional; desesteriotipando a maneira de produzir HQs, instigando os alunos a criar e valorizar sua obra. METODOLOGIA • • • • •

Debate; Aula expositiva; Técnicas diversas; Exposição; Confecção de Almanaque coletivo.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS •

Debater em sala de aula com base em leitura de textos e análise de

vídeos propostos pela educadora. •

Participar com desenvoltura das conversações. 49


Conhecer o que é Gravura, aplicando suas diferentes técnicas.

Compreender o conceito de Histórias em Quadrinhos.

Planejar e criar uma História em Quadrinhos, observando as etapas de

elaboração de roteiro. •

Expressar na Gravura e nas Histórias em Quadrinhos suas “impressões”

do próprio mundo. •

Explorar diferentes técnicas.

Elaborar um Almanaque de Histórias em Quadrinhos, utilizando a técnica

da Gravura.

4.1 a) Planejado 1ª Aula e 2ª Aula Tema: Arte para quê? Duração: 50 min. cada aula Objetivos: • Participar de uma conversação debatendo “O que é Arte”, respeitando a opinião dos seus colegas. • Estabelecer e associar um conceito de Arte, realizando uma construção textual. • Reconhecer através de pesquisa e recorte em revistas o que é Arte. • Conhecer o conceito de Gravura. • Realizar a técnica de Frotagge proposta pela educadora. Conteúdo: O que é Arte, Gravura Desenvolvimento Será realizada a leitura de um texto: Entendendo a Arte. Entendendo a Arte O que é arte? Como a arte entra na nossa vida? Quem é o artista? Como podemos desenvolver habilidades para apreciar as artes visuais? Quais são os elementos fundamentais na construção da imagem? Como a arte se transformou no decorrer da história? Estas são algumas das indagações que os artigos aqui transcritos do livro “Explicando a Arte” pretende provocar e responder. Comprometo-me a repassar semanalmente um capítulo, e sugiro até que seja impresso para pronta consulta posterior,

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pois possui uma linguagem acessível e de grande validade didática. (“Explicando a Arte” - de Jô Oliveira e Lucília Garcez- Ediouro).

A Arte na nossa vida Você pode pensar que não conhece arte, que não convive com objetos artísticos, mas estamos todos muito próximos da arte. Nossa vida está cercada dela por todos os lados. Ao acordar pela manhã e olhar o relógio para saber a hora, você tem o primeiro contato do dia com a arte. O relógio, qualquer que seja o seu desenho, passou por um processo de produção que exigiu planejamento visual. Especialistas estudaram e aplicaram noções de arte. A forma de seu relógio é resultado de uma longa história da imaginação humana e das suas preferências. A cor, a forma, o volume, os materiais que foram escolhidos estão testemunhando o tempo e a transformação do gosto e da técnica. Ao observá-lo, você percebe se é um objeto antigo ou moderno, você reconhece que quem o desenhou preferia formas curvas ou retas, cores discretas ou fortes. Quem escolhe um relógio para comprar, decide com base em suas preferências pessoais. Alguns preferem os mais elaborados, outros preferem os mais simples. É o gosto pessoal que predomina, e este pode variar infinitamente. Varia porque recebe influências de acordo com a idade, com a época, com o meio social em que a pessoa vive. Em outros objetos de seu quarto e de seu cotidiano você pode observar a presença da arte: na estampa do seu lençol, no desenho da sua cama, no formato da sua escova de dentes, no desenho da torneira, na xícara, nos talheres, no carro, no formato do telefone. Em todos os objetos há um pouco de arte aplicada. Este esforço para produzir objetos bonitos, agradáveis ao olhar, atraentes e harmoniosos, está em todas as culturas, em todas as civilizações e em nosso dia-a-dia.

A Arte e sua Função Andando pelas ruas de nossa cidade, você passa por uma praça e vê uma escultura, em um prédio vê uma pintura, na igreja vê o mosaico ou o vitral colorido. Se você é observador sensível com certeza gosta de ficar admirando todos os detalhes. Essas formas, diferentes dos objetos utilitários que usamos no diaa-dia, tem a função de encantar, de provocar a reflexão e a admiração, de proporcionar prazer e emoção. Essas sensações são despertadas por um conjunto de elementos: a imaginação do artista, a composição, a cor, a textura, a forma, a harmonia e a qualidade da idéia. Nem todo o objeto artístico tem uma utilidade prática imediata além de estimular o pensamento, a sensibilidade ou causar prazer estético. As obras de arte expressam um pensamento, uma visão do mundo e provocam uma forma de inquietação no observador, uma sensação especial, uma vontade de contemplar, uma admiração emocionada ou uma comunicação com a sensibilidade do artista. A este conjunto de sensações chamamos de experiência estética. Nem sempre esta experiência é ligada unicamente ao prazer, pois às vezes ficamos inquietos, pensativos, emocionados e chocados. "O Grito", 1893, do pintor norueguês Edvard Munch, é um exemplo de arte que causa desespero. Na atualidade, há artistas que procuram provocar o público, causar um choque. O que nos atrai é a sensibilidade do artista, sua imaginação, seu intelecto, sua percepção especial da vida, mesmo quando apresenta aspectos negativos.

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O gosto e a sensibilidade de apreciar a arte variam de pessoa para pessoa, de região, de sociedade, de época. Assim, as manifestações artísticas trazem a marca do tempo, do lugar e dos artistas que a criaram, pois refletem esta variação no conceito de beleza e na função do objeto artístico. Em muitas sociedades a arte é utilizada como forma de homenagear os deuses, ou seja, está ligada a religião. Em outras culturas e épocas, a arte surge unicamente como forma de expressão para quem produz. O artista pode se manifestar de diversas formas: pelo som, pela linguagem verbal, oral ou escrita, pela imagem visual ou pela linguagem corporal, ou ainda, pela mistura de várias linguagens. (Fonte: OLIVEIRA; GARCEZ, 2001, P.17)

Em seguida, a turma realizará um debate expondo sua opinião quanto aos seguintes questionamentos, que serão escritos no quadro. De maneira a serem itens norteadores durante a conversação.

• • • •

Para que serve Arte? Que contribuições ela traz? De que forma um artista pode se manifestar? Belo ou Feio?

Os alunos irão elaborar um texto, em duplas, conceituando o que é Arte e uma colagem com possíveis imagens retiradas de revistas que eles acreditem terem relação com Arte. No final irão unir o texto e as imagens em um Livro de Imagens. Logo após, a professora realizará uma explicação do que é Gravura para os alunos utilizando o Power-Point, exibindo imagens relacionadas ao assunto.

Gravura Ciclista; Iberê Camargo; 1991; Fonte: http://www.iberecamargo.org.br – Acesso em 05/2009

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Mulder e Scully; Taís de Oliveira; 2008; Fonte: Oliveira

Mulder; Taís de Oliveira; 2008; Fonte: Oliveira

Scully & Mulder; Taís de Oliveira; 2008; Fonte: Oliveira

Scully; Taís de Oliveira; 2008; Fonte: Oliveira

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Será distribuída aos alunos uma folha com o resumo da explicação da educadora. Gravura: conceito, história e técnicas O termo "gravura" é muito conhecido pela maioria das pessoas, no entanto, as várias modalidades que constituem esse gênero, costumam confundir-se entre si, ou com outras formas de reprodução gráfica de imagens. Isto faz da gravura uma velha conhecida, da qual pouco sabemos de fato. De um modo geral, chama-se "gravura" o múltiplo de uma Obra de Arte, reproduzida a partir de uma matriz. Mas trata-se aqui de um reprodução "numerada e assinada uma a uma", compondo desta forma uma edição restrita, diferente do "poster", que é um produto de processos gráficos automáticos, e reproduzido em larga escala sem a intervenção do artista. Um carimbo pode ser a matriz de uma gravura, a grosso modo. Mas quando esse "carimbo" é fruto da elaboração e manipulação minuciosa de um artista, temos um "original" - uma matriz - de onde surgirão as imagens que levarão um título, uma assinatura, a data e a numeração que a identificam dentro da produção desse artista: torna-se uma Obra de Arte. Cada imagem reproduzida desta forma é única em si, independentemente de suas cópias, consequentemente, cada gravura "é única", é uma Obra original assinada. O fato de haver cópias da mesma imagem, nada tem a ver com a questão de sua originalidade. Ao contrário disso, a arte da gravura está justamente na perícia da reprodução da imagem, na fidelidade entre as cópias, este é um dos fatores que distinguem o artista "gravador". Quando falamos de gravura, temos em mente um processo inteiramente artesanal. Desde a confecção da matriz, até o resultado final da imagem impressa no papel, a mão do artista está em contato com a Obra. Depois de impressa, cada gravura recebe a avaliação particular do artista, que corrige os efeitos visuais ou os tons e cores, ou ainda, acrescenta ou elimina elementos que reforcem o caráter que quer dar à imagem. Quando a imagem chega ao "ponto", define-se a quantidade de cópias para a edição. As gravuras editadas são assinadas, numeradas e datadas pelo próprio artista. Em geral a numeração aparece no canto inferior esquerdo da gravura - 1/ 100, ou 32/ 50, por exemplo - isto indica o número do exemplar (1 ou 32), e quantas cópias foram produzidas daquela imagem (100 ou 50). O número de cópias varia muito, e depende de fatores imprevisíveis, que vão desde a possibilidade técnica que cada modalidade permite, ou também da demanda "comercial", ou do desejo do artista apenas. Grandes edições não chegam a 300 cópias, mas em geral o número é muito menor, ficando por volta de 100. Gravuras em Metal costumam ser as de menor tiragem, devido ao desgaste da matriz, que não costuma agüentar muito mais de 50 cópias. Outras indicações também são usadas em gravuras: PI (prova do impressor), BPI (boa para impressão, quando chega-se ao resultado desejado para todas as cópias), PE (prova de estado, que indica uma etapa da imagem antes de sua configuração final), PCOR ( prova de cor, correspondendo à investigação de combinações de cores e tons), e também PA (prova do artista, que representa um percentual que o artista separa para seu acervo, em geral 10% da edição) Além do trabalho do artista, há também a preciosa atuação do "impressor", uma figura que está atrás do pano, por assim dizer, alguém que

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não cria a imagem, tampouco assina a Obra, mas faz com que ela "apareça" aos olhos do artista, literalmente. O impressor é quem domina os segredos do "processamento da matriz e da reprodução fiel das cópias". Há artistas impressores também, mas no geral, a gravura é fruto de um trabalho coletivo. A gravura é um meio de expressão que sempre ocupou lugar de destaque na produção da maioria dos artistas, pois possui características sem equivalência em outras modalidades artísticas. Suas operações sofisticadas e a invenção dos métodos de imprimir, e das próprias prensas, fizeram do ofício do artista gravador um misto de gênio da criação, com engenheiro e alquimista. Não é difícil imaginar as dificuldades de produção de uma gravura em Metal, ou Litografia em épocas que eram iluminadas a fogo, num tempo em que a carroça e o cavalo eram os transportes mais comuns nas grandes cidades, e que nada se sabia sobre plástico ou nem se imaginava a possibilidade de comprar uma lixadeira elétrica na loja de ferragens. A Arte da gravura exigia conhecimentos que iam muito além do seu próprio universo. E igualmente, sua penetração na sociedade nada tinha de comum com o que hoje observamos, daí seu alto valor como técnica e conhecimento dentro das atividades humanas num mundo pré-industrial. Existem vários tipos de gravura, ou, técnicas distintas de reproduzir uma Obra. As mais utilizadas pelos artistas são: a gravura em Metal, a Litografia, a Xilografia, o Linóleo e a Serigrafia.

Com giz de cera e folha de papel jornal, os alunos irão realizar exercícios de Frottage, explorando o ambiente da sala de aula e no pátio da escola. Como tarefa para ser realizada em casa, os alunos deverão coletar imagens de Gravuras para a próxima aula, trazendo também tinta guache e materiais de sucata como: • • • • • •

Rolhas; Papelão; E.V.A; Esponja; Tinta guache; Etc.

Recursos • • • • • •

Data show; Fotocópias; Revistas; Folha de Ofício Desenho; Canetinha Hidrocor; Materiais diversos.

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4.1 b) Realizado Aula 1 Na primeira aula os alunos estranharam o fato que o horário das aulas de Artes havia sido modificado, pois a aula passou a acontecer em períodos separados de 50 min. cada. A turma esta acostumada e habituada a ter dois períodos juntos. Esta turma se caracteriza por gostar muito das aulas de Artes. Para minha surpresa eles acabaram também estranhando o fato de que propus a eles realizarem a leitura do material que explicava o que era Arte, alguns ficaram frustrados pelo simples fato de não poderem desenhar. Depois de realizada a leitura, comecei a questioná-los quanto ao conteúdo do mesmo, solicitei que a aluna Natália fosse até o quadro e auxiliasse na escrita de algumas explicações dos alunos. Conforme iam discutindo a respeito do tema, em um determinado momento os alunos Dionatan e Fabio acabaram puxando o assunto das diferenças do Artista e do Artesão. O aluno Fabio disse: “os artesão utilizam diferentes materiais, mas suas obras são artesanais e eles fazem em quantidade suas ‘obras’, já o artista faz para expressar seus sentimentos”. Quanto às questões de estética eles rapidamente responderam que era apresentar um trabalho com um bom acabamento, organizado, limpo. Foi uma resposta rápida, pois eu cobro deles estes aspectos. Deixei-os discutirem livremente, já que estavam se sentindo seguros, em estarem expondo suas ideias, intervinha quando necessário, para oferecer um embasamento. Foi o grupo destes alunos, que ao solicitar que todos procurassem em revistas as figuras que eles acreditavam ser Arte, acabou prontamente arrumandose e organizando-se para procurar e identificar tais figuras nas revistas. [...] a arte é um conceito intrinsecamente aberto e mutável, um campo que se orgulha de sua originalidade, novidade e inovação. Mesmo se pudéssemos descobrir um conjunto de condições determinantes que englobassem todas as obras de arte, isso não garantiria que a arte futura se conformaria a esses limites. Na verdade, temos todas as razões para supor o contrário. Em suma, “o caráter extremamente expansivo e instável da arte” torna sua definição “logicamente impossível”. (SHUSTERMAN, 1998, p. 25)

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Para auxiliar os outros grupos eu passei em todos eles ajudando a identificar algumas figuras. Como a atividade não foi concluída neste período, ficou combinado que todos trouxessem o livro semi-pronto, para na próxima aula, nos primeiros 15min., poderem organizar as últimos detalhes do livro.

4.1 c) Realizado Aula 2 Logo quando cheguei na sala de aula, os alunos já estavam organizados nos grupos concluindo os últimos detalhes do livro. Enquanto eles se organizavam eu instalei o datashow para apresentar o conteúdo sobre Gravura. Apenas um grupo não conseguiu entregar o livro no tempo estipulado, então combinei que eles trouxessem na próxima aula. Como o recurso da qual eu estava utilizando não era algo que comumente a turma tenha acesso, todos ficaram atentos em relação a explicação, da mesma forma que a atenção deles redobrou quando eu mostrei além das obras nos slides, algumas Gravuras que foram feitas por mim. Primeiramente, eles duvidaram que as Gravuras tivessem sido feitas com os materiais das quais elas eram confeccionadas, em seguida, questionaram qual era o tipo de tinta, de matriz e ate mesmo qual o tipo de papel na qual ela havia sido impressa. Quando solicitei para que eles fizessem uma experiência com a técnica de Frottage eles ficaram um pouco desconfiados do por que realizarem esta tarefa tão fácil. Como afirma Camargo (1994, p. 18) “A experiência só existe em relação a um referencial. Na falta desse, os fatos passam despercebidos, não são percebidos como fatos – não entram em nosso campo de visão”. Mas assim como o Ensino Médio conseguiu estabelecer uma conexão com esta técnica e a Gravura, eles também chegaram a concluir que nas partes onde o giz não conseguia tocar acabava ficando sem cor, em branco, e naquelas partes em que o giz passava ficava colorido, da mesma forma que na gravura. 57


Porém, novamente, para minha surpresa, o aluno Fabio observa que nas Gravuras que foram utilizadas metal como matriz a linha permaneceu preta, como acontece quando se desenha, foi ai que eu tive de rapidamente explicar o porquê, que nesta técnica o processo de impressão se diferenciava. Por fim, observo dizendo, mesmo que os recursos me auxiliaram para que eles se mantivessem focados na minha explicação, tive dificuldade que no fato de que este período é o último da tarde e até no final do mesmo, eles já estão dispersos em suas atividades.

4.1 c) Planejado 3ª Aula e 4ª Aula Tema: Criando Gravuras Duração: 50 min. cada aula Objetivos: • Elaborar um cartaz explicativo com o tema proposto em sala de aula. • Confeccionar carimbos com materiais de sucata. • Explorar os carimbos confeccionados elaborando uma composição pictórica. Conteúdos: Gravura Desenvolvimento Com as imagens coletadas no tema da aula anterior, a turma montará um Mural contendo os exemplares das Gravuras selecionadas pelos alunos. A turma deverá debater entre si o que será colocado e o porquê de algumas imagens não serem coladas. Em seguida com os materiais de sucata trazidos pelos alunos deverão produzir “carimbos”. Tentando realizar uma composição com o que conseguirem aproveitar dos mesmos. Para próxima aula será solicitado: • Tinta Guache preta e branca; • Pincel; • Pote plástico; 58


• • • •

Jornal; Pano velho. Giz de Cera; Uma carcaça de caneta.

Recursos • • • • • • •

Papel Pardo; Tinta Guache; Cola; Tesoura; Folha de Ofício Desenho; Canetinha Hidrocor; Materiais diversos de sucata.

4.1 d) Realizado Aula 3 A maioria da turma não trouxe o material solicitado, os únicos que pesquisaram sobre o assunto proposto, foram a aluna Juline e o aluno Fábio. No entanto, como eu já imaginava que eles não iriam trazer a pesquisa das imagens, eu trouxe uma seleção de imagens e uma seleção de conceitos sobre o assunto para distribuir nos grupos, auxiliando-os na realização da atividade, questionando-os sobre o assunto e deixando-os discutirem sobre suas opiniões em relação ao mesmo. A busca das fontes de informação devem ser feita, portanto, por alunos e professores juntos. O trabalho em colaboração oferece aos alunos a possibilidade de resolverem seus problemas, aprendendo as se situarem diante das informações a partir de suas próprias possibilidades e recursos. Também permite que os alunos envolvam outras pessoas nessa busca, desfazendo-se de um duplo preconceito: por um lado exclui-se a idéia de que o aluno pode aprender tudo por si mesmo; e, por outro lado exclui-se a idéia de que o aluno é um ser receptivo frente a informação que supostamente deve ser apresentada unicamente pelo professor. Isso significa compreender que a educação é um ato comunicativo e que não esta restrita a escola. (COUTINHO, 2006, p. 4)

A aluna Juline participou ativamente da conversação assim como o Fábio, justamente por terem conseguido pesquisar sobre o assunto em casa, tendo cumprido com a tarefa deixada de tema de casa.

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Quando foram questionados sobre tais imagens foram selecionadas para serem coladas no cartaz, o aluno Leandro chamou a atenção da turma quando comentou que a Gravura seria todas as imagens impressas artesanalmente e que necessita de uma matriz.

4.1 e) Realizado Aula 4 Para minha surpresa, os alunos (a grande maioria) trouxeram o material solicitado na aula anterior. Para aqueles poucos que não trouxeram acabei cedendo papelão e material de ponta-seca para que pudessem realizar a atividade. Neste dia a turma estava muito agitada, o que dificultou a explicação da atividade, necessitando que eu explicasse várias vezes o processo de “impressão”. A turma tem como característica uma baixa auto-estima, pois eles são excluídos pela maioria dos professores, pois existem vários problemas de aprendizagem neste grupo. E este foi um dos motivos que me fez escolher esta turma para atuar em meu estágio. Quero que através destes trabalhos eles possam confiar sobre aquilo que produzem que é realmente bom, que eles são capazes e que podem se expressar através da arte sua realidade englobando a expressão de seus anseios e sentimentos. Segundo Santomé (1993 apud SILVEIRA, 2006, p.165): Os programas escolares e, portanto, os professores e professoras que rejeitam ou não concedem reconhecimento a cultura popular e, mais concretamente, as formas culturais da infância e de juventude (cinema, rock and roll, rap, quadrinhos, etc.) como veículo de comunicação de suas visões da realidade e, portanto, como algo significativo para o alunado, estão perdendo uma oportunidade maravilhosa de aproveitar os conteúdos culturais e os interesses que essas pessoas possuem como base de qual partir para o trabalho cotidiano nas salas de aula. Uma instituição escolar que não consigam conectar essa cultura juvenil que tão apaixonadamente os/as estudantes vivem em seu contexto, em sua família, com suas amigas e seus amigos, com as disciplinas acadêmicas do currículo, está deixando de cumprir um objetivo adotado por todo mundo, isto é, o de vincular as instituições escolares com o contexto, única maneira de ajudá-los a melhorar a compreensão de suas realidades e a comprometer-se em suas transformações.

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Desta forma a turma não tem compromisso com as tarefas que executam e quando o fazem sempre acreditam que estão fazendo errado ou que não é o suficiente, ficando inseguros. Quando eu demonstrei um exemplo de como eles poderiam utilizar o papelão e as rolhas, como sendo as matrizes dos desenhos que eles produzissem, o aluno Luan acabou expondo sua insatisfação dizendo que ele iria fazer, mas que duvidava no resultado positivo da técnica. O aluno Leandro, no momento em que estavam realizando a prática, chamou minha atenção ao perguntar-me se ele poderia fazer um molde diferente do que eu havia demonstrado como deveriam fazer. Ele queria fazer uma espécie de matriz, riscando o papelão com a ponta seca e não somente recortando. Deixei-o fazer as ranhuras no papelão, para que ele se sentisse livre no momento de sua criação e pudesse explorar de forma a se satisfazer o seu material. Instiguei a turma para relembrarem que ao desenharem ou escreverem algo na matriz, quando fossem imprimir a imagem no papel esta estaria em sentido contrário, em negativo. Então lembrei que deveriam escrever de modo espelhado. O aluno Fábio foi o único que trouxe rolha para usar como matriz, ele fez alguns cortes, mas ficou insatisfeito. Como os alunos têm esta característica de serem inseguros no que realizam e produzem, ele perguntou se poderia mudar e utilizar o mesmo molde que seus colegas estavam utilizando, o de papelão. Expliquei a ele que mesmo o resultado final do seu trabalho não fosse o esperado, era para ele continuar, entintar a rolha e fazer uma experiência de como iria ficar, para experimentar o material. Mas por fim, ele optou em não imprimir com a rolha e acabou realizando a impressão com uma matriz de papelão. Como já mencionado, a turma tem esta característica de ser muito insegura, portanto eles têm esta necessidade de ficarem chamando todos os momentos em que acreditam não estarem fazendo o correto. Quando a turma começou a imprimir, o aluno Leandro que havia feito a matriz a partir de sulcos no papelão e não recorte surpreendeu-se ao perceber que as linhas sulcadas acabaram ficando sem tinta, sua reação foi comparar com o resultado da impressão de uma xilogravura.

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Gravura produzida pelo aluno Leandro; O farsante; 2009; Fonte: Oliveira

Já a aluna Ana, como não havia trazido tinta, decidiu tomar a iniciativa de encontrar uma solução para conseguir imprimir a partir de seu molde, ela fez o processo de Frottage. Esta aluna é uma das poucas que consegue tomar iniciativa e sempre encontra soluções ou faz experimentações com seu material.

Frottage realizada pela aluna Ana; Estrelas; 2009; Fonte: Oliveira

O aluno Rafael também ficou empolgado com o resultado da impressão de sua matriz e me chamou para mostrar como havia ficado “perfeito, sora” o seu desenho. Assim como também ficou satisfeito o aluno Lucas com o resultado.

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Gravura produzida pelo aluno Rafael; Caveira sem Destino; 2009; Fonte: Oliveira

Gravura produzida pelo aluno Lucas; Lukas; 2009; Fonte: Oliveira

Os alunos solicitaram para que eu mostrasse, novamente, o processo de assinar a gravura, pois queriam repetir o que eu havia ensinado sobre isso nas aulas anteriores.

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Gravura produzida pela aluna Natália; Maninhas; 2009; Fonte: Oliveira;

Gravura produzida pelo aluno Mateus O Navio; 2009; Fonte: Oliveira;

4.1 f) Planejado 5ª Aula e 6ª Aula Tema: Monotipia é Gravura? Duração: 50 min. cada aula Objetivos: • Conhecer o conceito de Monotipia recriando exemplos da mesma através do desenho de monocromia. • Realizar um desenho utilizando somente cores pretas e brancas. 64


• Compreender o processo de criação da Monotipia. Conteúdo: Monotipia Desenvolvimento Com o auxílio de um cartaz a professora explicará o que é Monotipia. Em seguida, os alunos copiarão o resumo do texto exposto. Como primeira tentativa para compreender o processo da Monotipia os alunos deverão colorir toda uma folha de desenho com giz de cera preto, em seguida, com a carcaça de caneta deverão raspar o giz para realizarem o desenho. Realizando um desenho de monocromia, para tentarem compreender como seria uma Monotipia. Segunda tentativa, elaborar um desenho com a Tinta Guache nas cores pretas e brancas. Ao

terminarem

as

atividades,

realizarão

uma

conversação

para

compreenderem o que aconteceu nos dois processos: • Quando traçaram o desenho na primeira tentativa, ele ficou preto como é quando se desenha com grafite? • No segundo processo o que aconteceu ao pintarem com as tintas? Para a próxima aula: • Bandejas de isopor; • E.V.A.; • Rolinho de Tinta; • Colher de Pau. Recursos • Tinta Guache; • Folha de Ofício Desenho; • Pincel; • Pote plástico; • Jornal; • Rolinho de tinta; 65


• Pano velho.

4.1 g) Realizado Aula 5 A partir da explicação que realizei com o auxílio do cartaz com o conteúdo da monotipia, o aluno Rafael fez uma observação dizendo que nunca um professor havia trazido um cartaz com o conteúdo da aula para ser copiado em seus cadernos. A turma logo compreendeu e associou que a monotipia estava presente nas gravuras que eles viram nas aulas anteriores, principalmente as que eram de metal. No momento de realizarem a cópia do conteúdo eles demoraram bastante, pois a turma estava muito agitada. Pelo motivo da demora em realizarem esta cópia, combinei com eles que deveriam realizar a atividade de pintura da folha de desenho com tinta guache em casa.

4.1 h) Realizado Aula 6 Eles trouxeram os desenhos realizados em casa, e muitos ficaram se perguntando o que eles iriam fazer com os tais desenhos, uma vez que nunca tinham pensando em ter que pintar uma folha toda de preto e depois desenhar com a tinta branca por cima. O aluno Brendom observou dizendo que haviam feito a mesma coisa que na Gravura, pois o traçado do desenho que realizaram havia ficado branco, como nas imagens do próprio cartaz que eles haviam selecionado como sendo Monocromias.

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Monocromia com Tinta Guache, produzida pelo aluno Leandro; Sem Título; 2009; Fonte: Oliveira;

Monocromia com Tinta Guache, produzida pelo aluno Brendom; Sem Título; 2009; Fonte: Oliveira

Para dar continuidade à conversação e para que eles pudessem comparar, realizaram a atividade de pintar a folha com giz de cera preto, para em seguida rasparem com uma ponta seca. O que me surpreendeu foi o fato de não haver agitação na turma na aula de hoje. Todos ficaram compenetrados no momento de pintarem a folha com giz preto. O aluno Lucas ficou muitas vezes repetindo e me desafiando dizendo que não iria dar certo a atividade, que era impossível aparecer algum tipo de desenho somente raspando a folha. Os primeiros que conseguiram realizar o desenho estavam sem ideias do que iriam fazer, então fizeram um desenho bem estereotipado, como no caso da 67


aluna Juline. No entanto, essa aluna usou do recurso o qual sugeri, o de empregarem mais linhas no momento de comporem seus desenhos. No desenho de Brendom também foi possível observar o uso desse recurso, ele conseguiu alcançar um efeito de luz e sombra, dando também uma sensação de volume ao trabalho e a linha expressada. Vendo as linhas, é como se ouvíssemos a voz de alguém que nos fala com certo timbre e certa cadência. Evidentemente, as linhas se referem a alguma coisa; elas vêm carregadas de emoção, e a emoção faz com que o artista se expresse de uma maneira específica e não de outra (OSTROWER; 1996; p.32).

Monocromia com Giz de Cera, produzida pelo aluno Brendom; Sem Título; 2009; Fonte: Oliveira

Monocromia com Giz de Cera, produzida pela aluna Juline; Sem Título; 2009; Fonte: Oliveira;

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4.1 i) Planejado 7ª Aula e 8ª Aula Tema: Mais técnicas de Gravura Duração: 50 min. cada aula Objetivos: • Realizar a técnica de isopogravura, explorando suas possibilidades. • Compreender o processo de criação da Monotipia. • Efetuar impressões de gravuras utilizando materiais diversos. Conteúdo: Gravura Desenvolvimento Relembrar a discussão da aula anterior. Com as bandejas de isopor trazidas pelos alunos a turma realizará a técnica de imprimir gravuras a partir dos desenhos criados sob o material. Em seguida utilizarão pequenos retângulos de E.V.A para impressões. Para próxima aula: • Folha Canson A3; • Canetinha Hidrocor; Recursos • • • • • • •

Tinta Guache; Folha de Ofício Desenho; Pote plástico; Jornal; Rolinho de tinta; Pano velho; Colher de Pau.

4.1 j) Realizado Aula 7 Ao recordarem da discussão da aula anterior, os alunos logo pensaram que se eles fossem escrever algo, deveria ser de forma espelhada, quanto mais linhas colocassem no desenho mais bonito ficaria. 69


Como de costume levei algumas bandejas de isopor para distribuir aos alunos, assim como a aluna Juline também doou algumas à turma. Conforme eles iam desenhando sob o isopor foram ficando impacientes, pois não conseguiam ver o que estava sendo traçado. Mesmo solicitando para que evitassem a realização de escrita de nomes e símbolos, alguns alunos fizeram este tipo de grafia.

Gravura produzida pelo aluno Luan; Lua; 2009; Fonte: Oliveira

Gravura produzida pelo aluno Leandro; Sem Título; 2009; Fonte: Oliveira

Primeiramente eles imprimiram as imagens da maneira que eu havia explicado. Deixei-os trabalharem livremente para analisarem o que eles poderiam fazer diferente. Douglas foi um dos primeiros a conseguir imprimir, ele não gostou do seu desenho e queria quebrar o isopor para colocá-lo fora. Disse a ele o que poderia fazer de diferente, no final ele acabou gostando do seu trabalho. No entanto, ele ficou preso a um desenho com poucas linhas e detalhes, utilizando-se de um desenho estereotipado, assim, fizeram Matheus e a aluna Juline. 70


O estereótipo é a (imagem) repetida, fora de toda magia, de todo entusiasmo; como se fosse, a cada vez adequada por razões diferentes, como se imitar pudesse deixar de ser sentido como imitação. (Imagem) sem cerimônia, que pretende a consistência e ignorar sua própria insistência. (BARTHES, 1994, p. 4)

Apesar de já ter abordado com a turma as questões sobre os desenhos estereotipados, sempre estão presentes nas aulas, mas tenho consciência de que este fato não é algo que cessará repentinamente, através de um único projeto de ensino realizado, mas que este é um processo lento e gradual. Cabe ao professor incentivar e questionar os alunos a perceberem qual a validade de tais desenhos, sugerindo outras possibilidades de representação, chamando a atenção para a impessoalidade dessas expressões. Cabe ao educador incentivá-los a perceber que suas próprias expressões são válidas e muito mais significativas.

Gravura produzida pelo aluno Mateus; Paisagem de Manhã; 2009; Fonte Oliveira;

Gravura produzida pela aluna Nathalia; Luar; 2009; Fonte: Oliveira

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Apesar de todo o processo da isopogravura ser simples pude perceber que eles estavam muito angustiados esperando para que a impressão ficasse perfeita. Foi a partir desta angustia que a aluna Juline chegou a conclusão de que se, depois de entintada a matriz e em seguida retirasse com a ponta seca o excesso de tinta dos sulcos, finalmente teria uma impressão bem sucedida. Após todos verem o que ela havia feito, eles ficaram mais calmos e repetiram o processo.

4.1 k) Realizado Aula 8 Distribuí aos alunos, que não trouxeram E.V.A., um pequeno pedaço do material. Percebi que nesta aula o processo de riscar a matriz e em seguida entintar, para depois imprimir, foi realizado com mais facilidade entre os alunos, pois já estavam habituados com este processo, a única diferença era que agora era o material, o E.V.A.. Os alunos Fábio e Luan, logo que comecei a explicar sobre as coisas que eles deveriam lembrar, explicaram que deveriam pensar sobre o que fosse riscado, que ficaria branco e o que ficasse liso ficaria preto. Os alunos Juline, Matheus e Luan, revelaram que gostaram mais de imprimirem com E.V.A., pois segundo eles a tinta não entrou nos sulcos como acontecerá com o isopor, não aparecia a textura (os poros) do isopor. Porém, mesmo incentivando para que realizassem desenhos mais elaborados, contendo linhas, eles detiveram-se a desenhos simples. O desenho é uma atividade perceptiva, algo que não se completa, mas que nos convida, sugere, evoca. É menos uma técnica ou meio expressivo e muito mais um modo de comportar-se (por exemplo, fazer aflorar um certo intimismo do artista, um tom confessional como se desenho fosse um diário, cartilha do ser). (OSTROWER; 1983; p. 58)

Como já mencionado, eles são inseguros, e isso faz com que eles não acreditem em seus potenciais, e fiquem com medo de colocar suas ideias no papel. Mesmo que o desenho se impregne de um objetivo muito preciso e definido, a pesquisa em busca da melhor solução final irá requisitar a

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natureza essencial da linguagem do desenho, inclusive para se pensar melhor. O desenho é uma forma de raciocinar sobre o papel. (OSTROWER; 1983; p. 98)

Quem acabou realizando esta experiência de querer realizar a técnica de outra forma que eu não havia explicado, foi a aluna Ana, que queria imprimir sua imagem de forma que só aparecessem as linhas com tinta e o restante do desenho com menor grau de tinta. Ela sugeriu que iria passar tinta na matriz e retiraria com uma régua o excesso, raspando delicadamente. Deixei que ela realizasse o trabalho desta forma para sentir-se valorizada em estar sugerindo um novo processo o que a deixou muito segura. No final, ela gostou da gravura que produziu.

Gravura produzida pela aluna Ana; Sem Título; 2009; Fonte: Oliveira

Gravura produzida pela aluna Ana, tentativa II; Sem Título; 2009; Fonte: Oliveira

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4.1 l) Planejado 9ª Aula e 10ª Aula Tema: Meu Super-Heroi de Histórias em Quadrinhos Duração: 50 min. cada aula Objetivos: • Compreender as etapas de elaboração de uma História em Quadrinhos. • Criar um personagem, compreendendo que ele será utilizado como ícone para sua HQ, imprimindo a partir de uma das técnicas já trabalhadas em aulas anteriores. • Assistir ao filme proposto pela educadora, conhecendo alguns dos Herois criados em Histórias em Quadrinhos. • Elaborar um roteiro de uma HQ, observando coerência. Conteúdos: Histórias em Quadrinhos – Etapas de Elaboração Desenvolvimento Será exibido um vídeo Os Super-Herois dos Quadrinhos, documentário de 50 min., da Discovery Chanel, produzido no ano de 2002. Neste vídeo os alunos conhecerão alguns dos mais famosos Herois do mundo e seus respectivos criadores. Conhecerão também a história de criação através dos relatos de alguns criadores. A atividade proposta aos alunos será a elaboração de um roteiro para uma História em Quadrinhos e a idealização de um Super-Heroi para a mesma. Por fim, os alunos terão que imprimir em qualquer um dos recursos já utilizados na aula anterior o personagem criado. Para a próxima aula: • Folha A3 Canson; • Canetinha Hidrocor; • Lápis de Cor; Recursos • Televisor; • DVD; • MUC. 74


Observações Nesta aula houve uma modificação no que foi planejado, ocasionando mudanças no projeto. Um dos objetivos era que no final todos conseguissem confeccionar, juntos, um Almanaque, porém como foi sugerido por um dos alunos em não realizar a impressão através da Gravura de uma personagem de HQ e nem imprimir toda a HQ com a técnica, acabei modificando a idéia para no final do projeto fossem impressas Tirinhas com as personagens criadas como protagonistas.

4.1 m) Realizado 9ª Aula e 10ª Aula Diferente das outras aulas, os alunos ficaram quietos para a exibição do documentário sobre os Super-Heróis, pois eles estavam ansiosos para descobrirem quais eram os dez maiores Super-Heróis das Histórias em Quadrinhos. Ficavam a todo instante comentando, entre eles, o que gostariam de ter no perfil das personagens criadas, querendo que suas personagens tivessem poderes como os super-heróis do documentário apresentado. Após o documentário, a turma retornou para a sala animada para conseguirem criar suas personagens para serem as protagonistas de suas próprias histórias. Realizei uma conversação para enfatizar os aspectos de que a maioria dos personagens apresentados no documentário tinham alguma ligação a algum fato importante que estava acontecendo na sociedade, estavam ligados a algum fato histórico. Expliquei também que as HQ’s tem muito mais do que arte envolvida, tem muitos outros aspectos e meios de ser utilizadas como ferramentas para auxiliarem em várias outras áreas, como no cinema, por exemplo. Em entrevista à Revista On-line do Instituto de Humanistas da Unisinos (2007), Daniel Horn da Rosa diz que os quadrinhos conseguem superar a mídia contemporânea, pois envolve processos literários de criação, de artes plásticas, arquitetura, narrativa cinematográfica e design gráfico. E as HQ’s acrescentam e representam genuinamente o que acontecem na realidade de quem produz e consome. 75


Eles ficaram um pouco incomodados em terem que desenhar seus personagens em folhas de E.V.A.. Neste instante o aluno Fábio sugeriu que ao invés de imprimirem o Super-Herói em E.V.A. eles criassem a personagem, escrevendo sua ficha de características e entregassem o desenho do mesmo. Acabei aceitando a sugestão e deixei acertado com a turma que a impressão das Tirinhas seria em material de E.V.A. o que os deixou mais tranqüilos e menos frustrados.

Desenho de estudo do Super-heroi, realizado pelos alunos Lucas e Tauan; Ninja X; 2009; Fonte: Oliveira

Desenho de estudo do Super-heroi, produzido pelos alunos Mateus, Douglas e Juline; Aninha de frente; 2009; Fonte: Oliveira

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Desenho de estudo do Super-heroi, produzido pelos alunos Mateus, Douglas e Juline; Aninha de costas; 2009; Fonte: Oliveira

Desenho de estudo do Super-heroi, produzido pelos alunos Mateus, Douglas e Juline; Aninha de perfil; 2009; Fonte: Oliveira

Desenho de estudo do Super-heroi, produzido pelos alunos Brendom; Jones; 2009; Fonte: Oliveira

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Desenho de estudo de frente, realizado pelos alunos Lucas e Tauan; Ninja X; 2009; Fonte: Oliveira

Desenho de estudo de costas, realizado pelos alunos Lucas e Tauan; Ninja X; 2009; Fonte: Oliveira

Desenho de estudo de lado, realizado pelos alunos Lucas e Tauan; Ninja X; 2009; Fonte: Oliveira

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4.1 n) Planejado 11ª Aula e 12ª Aula Tema: Conhecendo as Histórias em Quadrinhos Duração: 50 min. cada aula Objetivos: • Compreender o que são Histórias em Quadrinhos, sabendo diferenciar seus diferentes tipos. • Realizar um desenho de um dos tipos de HQ’s. Conteúdos: Histórias em Quadrinhos - Tipos Desenvolvimento A professora fará uma explicação com o auxílio de Lâminas de retroprojetor, contendo a explicação do que são HQ’s e quais os seus tipos, qual a diferença entre o tamanho de quadrinhos e importância de roteirizar a história. Serão mostradas algumas imagens como exemplo de tamanho de quadrinhos e suas regras como característica de tempo dentro da história. Será enfatizado para os alunos que o tamanho do quadro influencia no tempo da ação da história. Se a cena tem maior tempo de duração o quadro deve ser maior, se a cena for rápida deve ter um tamanho de quadro menor.

Pág. do Gibi Super-Man Origens; Geoff Jonhs; 2009; Fonte: Oliveira

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Pág. do Gibi Spider-man Death of Gwen Stacy; Garry Conway e Stan Lee; 1999; Fonte: Oliveira

Serão mostradas páginas de uma história elaborada pela professora, para que os alunos possam compreender que não é necessário ser um desenhista para conseguir desenhar e elaborar uma HQ.

George Hubert; Taís de Oliveira; 2009; Fonte: Oliveira

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George Hubert; Taís de Oliveira; 2009; Fonte: Oliveira

Após a explicação os alunos deverão elaborar em uma folha A3 canson, um dos exemplos que foram mostrados na apresentação das lâminas, tentando seguir as regras que foram enfatizadas. A turma poderá votar no exemplo que preferirem para a turma toda seguir o mesmo exemplo. No final das produções, estas serão fixadas na sala de aula, para depois de explicado todos os processos de criação a turma possa analisar suas produções. Recursos • • • •

Retroprojetor; Folha Canson A3; Canetinha Hidrocor; Lápis de Cor.

4.1 o) Realizado 11ª Aula e 12ª Aula A turma estava muito agitada, várias vezes foi necessário interromper a explicação para solicitar que prestassem atenção. O texto oferecia a explicação do que era História em Quadrinhos e o que era Storyboard, no entanto, quando tiveram de escolher qual das alternativas usariam

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para elaborarem suas histórias em quadrinhos. A turma, unanimemente, escolheu em fazer HQ’s, talvez pelo fato de ser a mais comum. Deixei a turma trabalhar de forma livre. Disse a eles para não se preocuparem com nenhum tipo de regra a ser seguida, pois minha intenção é que, no final, possam analisar as suas próprias criações, percebendo se conseguiram seguir os padrões e regras de elaboração das HQ’s. Os alunos Douglas e Mateus estavam preocupados em querer fazer perfeita sua História em Quadrinhos, o que os fez criarem vários personagens.

Estudo; Mateus, Juline, Douglas, Caroline, Julia H.; Fonte: Oliveira; 2009

O grupo composto pela Juline, Douglas, Matheus e Caroline também elaboraram uma história onde a narraram em três folhas. Minha surpresa foi que tomaram o cuidado em utilizar os recursos do tamanho dos quadrinhos, em que eles têm a função de diferenciarem o tempo da cena ilustrada.

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A Roda Gigante; Juline, Douglas, Matheus e Caroline; 2009 Fonte: Oliveira

Extreme; Brendon, Rafael e Pedro; 2009; Fonte: Oliveira

Percebi que alguns alunos tiveram a iniciativa de trazerem para a aula algumas revistas em quadrinhos para poderem visualizar alguns elementos para acrescentarem em suas próprias histórias. E uma das minhas observações mais curiosas foi o fato de que os alunos acabaram criando super-heróis em que eles transformaram em personagens fortes com uma auto-estima, o que vai de encontro contrário à personalidade deles próprios, segundo Rama (2009, p.14) “as histórias em quadrinhos devem ser um

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instrumento de educação, formação moral, propaganda dos bons sentimentos e exaltação das virtudes sociais e individuais”.

Super Punk; Leandro e Vinícius; 2009; Fonte: Oliveira

Naturalmente, alguns outros grupos não tiveram muita sensibilidade em preocuparem-se em utilizar dos efeitos de tempo que o tamanho dos quadros oferece nas histórias.

4.1 p) Planejado 13ª Aula e 14ª Aula Tema: Gravura e Historias em Quadrinhos Duração: 50 min. cada aula Objetivos: • Conhecer o conceito de Tirinha e Charge, reconhecendo a diferença existente entre elas. • Elaborar uma Tirinha utilizando a técnica da Gravura. • Reconhecer em suas obras a importância de suas habilidades e potenciais, respeitando a individualidade de cada um. • Respeitar suas produções aceitando-as como forma de expressão.

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Conteúdos: Histórias em Quadrinhos - Tiras Desenvolvimento A educadora explicará, através de lâminas de retroprojetor, quais são as etapas para elaborar uma Tirinha e qual a diferença delas para Charge. Mostrará imagens como exemplo para instigar os alunos a não estereotiparem suas produções, mas buscarem formas diferenciadas. Em seguida, os alunos serão divididos em grupos para elaborarem em uma matriz de E.V.A. uma Tirinha, com a técnica da Gravura, contendo como personagem protagonista aquele elaborado nas aulas anteriores. Recursos • • • • • • • • •

Folha A3; Lápis 6B; Rolinhos de tinta; Tinta Guache; Palitos de Churrasquinho; Pano; Pote; Lâminas de Retroprojetor; Rertroprojetor.

4.1 q) Realizado 13ª Aula e 14ª Aula Naturalmente a turma estava muita agitada, motivados por quererem realizar trabalhos de Natal. Alguns alunos não queriam concluir as atividades, pois a professora nesta mesma época no ano anterior estava trabalhando com o tema da data comemorativa. Eu expliquei o conceito da diferença entre Tirinha e Charge, os alunos Fábio e Tauan, ficaram curiosos, pois mencionaram acreditar que as Charges eram a mesma coisa que Tirinhas. Quando expliquei a eles que deveriam elaborar uma Tirinha, em que utilizassem somente três a quatro quadros para narrar algo rápido em relação a personagem criada, os alunos Mateus e Dionatan ficaram apreensivos, pois eles disseram que seria impossível contar uma história em tão poucos quadrinhos.

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Porém, quando eu demonstrei no quadro um exemplo de uma Tirinha que eu mesma havia criado, protagonizando meu personagem, todos acabaram mudando de idéia. Primeiramente eles, por conta própria, decidiram criar um rascunho da Tirinha, pois queriam mostrar para mim antes de passarem para o E.V.A.. A única observação que fiz, foi lembrá-los do fato que deveriam observar que tudo aquilo que fossem desenhar ficaria de forma espelhada, até mesmo as falas das personagens, se estas aparecessem; e que tudo aquilo que fosse riscado no E.V.A. ficariam impresso em branco. Sugeri então, que no próprio rascunho eles trabalhassem com tons, lembrando do efeito preto e branco. Os primeiros alunos a terminarem a Tirinha foi o grupo da Juline, Douglas, Matheus, Julia e Ana. Assim, que olhei o trabalho eles já começaram a desenhar sobre o E.V.A. Porém, quando realizaram a primeira impressão esta não ficou muito nítida, pois utilizaram pincel para passar a tinta sobre o material da matriz. Sugeri então, devido ao tempo que tínhamos restando de aula, que deixassem para a próxima aula fazerem uma impressão passando a tinta com rolinho. O grupo não ficou muito animado, pois queriam logo livrar-se da atividade, pois este era um dos grupos que está ansioso para realizarem atividades de Natal.

Tirinha de Gravura; Mau Cheiro; Juline, Douglas, Matheus, Julia e Ana; 2009; Fonte: Oliveira

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4.1 r) Planejado 15ª Aula e 16ª Aula Tema: Gravura e Historias em Quadrinhos Duração: 50 min. cada aula Objetivos: • Concluir a impressão de suas Tiras, comprometendo-se zelar pela estética de suas produções. • Elaborar uma Tirinha utilizando a técnica da Gravura. • Reconhecer em suas obras a importância de suas habilidades e potenciais, respeitando a individualidade de cada um. • Respeitar suas produções aceitando-as como forma de expressão. Conteúdos: Histórias em Quadrinhos - Tiras Desenvolvimento Estas aulas serão necessárias para os alunos concluírem as Tirinhas e para realizarem uma auto-avaliação, através de uma conversação do trabalho elaborado ao longo das aulas deste projeto. Recursos • • • • • • •

Folha A3; Lápis 6B; Rolinhos de tinta; Tinta Guache; Palitos de Churrasquinho; Pano; Pote.

4.1 s) Realizado 15ª Aula e 16ª Aula Ainda estavam agitados nesta aula, porém a maioria da turma havia terminado em casa os rascunhos das Tirinhas, o que acelerou o processo, pois eu passei nas duplas verificando se haviam coisas para mudarem. Foi neste momento que o aluno Douglas lembrou que ao observarem sua própria impressão, realizada na aula anterior, a ordem da leitura da Tirinha havia ficado ao contrário (com efeito

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espelhado). Foi então, que toda a turma chegou a conclusão que deveriam recortar os quadrinhos e imprimirem um por um para poderem acertar a ordem. O grupo das alunas Gabrielle, Julia e Julia Haubert, surpreenderam ao entregarem seu trabalho contendo uma sequência de quadros contando uma história criativa, com desenhos elaborados e com capricho. Ao entregarem elas me questionaram se o trabalho seria exposto porque elas haviam gostado do resultado. Inclusive estavam preocupadas se eu conseguiria devolver o trabalho, pois a aluna Gabrielle queria guardar de recordação, uma vez que nunca tinha gostado tanto de algo que havia produzido.

Tirinha de Gravura; Se Beber não Dirija; Gabrielle; 2009; Fonte: Oliveira

O aluno Rafael e Brendom foram os primeiros que solicitaram auxílio para conseguirem imprimir a tirinha. Estavam preocupados, pois queriam que ficasse certa. Quando todos os quadrinhos haviam sido impressos eles ficaram bem animados, pois apareceu muito bem os traços do desenho. O Rafael olhou para mim e disse: Ficou muito bom, né Sora?! Eu gostei!

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Tirinha de Gravura; Ninja X; Pedro e Tauan; 2009; Fonte: Oliveira

Para a realização de todas as impressões eu acabei auxiliando todos os grupos, pois os alunos demonstraram apreensão em conseguirem acertar. O que pude observar foi que na elaboração das Tirinhas poucos utilizaram das ferramentas da HQ, onde realizam determinados focos nas cenas desenhadas, eles acabaram realizando desenhos simples e estereotipados. Alguns alunos criaram outros personagens que não eram os mesmos protagonistas das HQ’s, assim, criaram personagens estereotipados.

Tirinha de Gravura; Jones; Rafael, Brendon e Ademar; 2009; Fonte: Oliveira

Por fim, quando os alunos avaliaram os trabalhos finais e montaram juntos o almanaque, todos ficaram muito satisfeitos, orgulhosos do que haviam criado. Eles até esqueceram de me cobrar que gostariam de estar realizando trabalhos de Natal. Alguns alunos até me questionaram do porque não distribuíamos as histórias xerocando-as.

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CONCLUSÃO A escolha do tema deste projeto “A Gravura Aliada às Histórias em Quadrinhos” tinha como princípio norteador o uso da técnica da Gravura como meio de produção das HQ’s. Tal objetivo originou-se do desejo de estimular os alunos a produzirem suas histórias de forma diversificada, utilizando uma técnica não convencional. A partir deste objetivo, procurou-se aplicar atividades variadas, intercalando teoria e prática durante a aplicação do projeto. Os pontos a serem analisados dentro deste processo em que será retomado todo toda a caminhada de aplicação do projeto de ensino serão: as expectativas dos alunos e os meus, refletindo se estes foram alcançados ou não. A forma convencional em elaborar as HQ’s que as faziam ficarem estereotipadas, o crescimento da familiaridade e da confiança em relação aos materiais que estavam utilizando. O desenvolvimento de uma auto-estima ligada ao fato de estarem tendo mais autonomia e iniciativa em solucionarem problemas, tais dificuldades surgiam do resultado da própria falta de auto-estima que a turma apresentava. A forma convencional que me preocupava era o fato dos alunos sempre trabalharem da mesma forma ao produzirem HQ’s. Utilizavam lápis e papel, poucas vezes atribuindo cores ao que produziam e também não aderindo a outros meios de desenhar as personagens, sendo sempre estes de forma estaqueada, sem expressões ou movimentos. Aparecendo pouca exploração dos cenários e sem utilizar de recursos atribuídos a maneira de elaborar as HQ’s. O que ocasionava, para quem lia tais histórias um desestímulo, pois não eram atrativas. No entanto, o princípio desta escolha surgiu da preferência pessoal em relação aos temas, pois gosto das maneiras que se pode explorar as habilidades

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dos alunos com tal tema, podendo estimulá-los a desestereotipar a forma em que pudessem produzir suas próprias HQ’s. Diante desta metodologia, inicialmente, os alunos estranharam o fato de que no primeiro encontro eles não partiram diretamente para a prática, mas foram levados a ler e debater sobre o assunto proposto, gerando um sentimento de frustração que precisou ser trabalhado na turma. Tal frustração foi percebida na entrega das primeiras produções de gravuras, pois não apresentavam riqueza de expressão, provavelmente pela turma não estar acostumada a observar e refletir sobre obras de artistas em sala de aula, assim como realizar análises e leituras das mesmas. Na atividade do primeiro encontro, houve dificuldade em buscar nas revistas, gravuras que ilustrassem o conceito de Arte. Apesar de a turma expor ideias coerentes durante as conversações realizadas, não conseguiam identificar nas imagens, diferenças básicas do que era ou não considerado uma produção artística. No decorrer das atividades, percebeu-se maior confiança na turma em expressar seus pontos de vista, pois, no terceiro encontro, houve notável facilidade dos alunos em compreender o que era Gravura. A expectativa e frustração inicial da turma se baseavam no fato de que o material com o qual foram instigados a trabalhar era algo novo e o grupo não tinha noção do resultado que obteria. Nos primeiros encontros, notou-se certa resistência em manuseá-los, faltando-lhes confiança para fazê-lo. Sendo assim, os objetivos que estavam inicialmente voltados à compreensão e conhecimento da técnica da Gravura, precisaram ser alterados para focar o suprimento das expectativas dos alunos quanto ao resultado de seu próprio trabalho. O grupo necessitava de motivação para ter autonomia e valorizar suas produções, pois acreditavam que seus desenhos e gravuras não alcançariam os propósitos das aulas. Como exemplo desta falta de autoconfiança, pode-se citar as atividades do quarto encontro, onde os alunos demonstraram pouca criatividade e muita insegurança durante a produção nas matrizes de materiais diversos. Neste encontro, os alunos deveriam produzir nestas matrizes, alguns desenhos dos quais gostavam. Nesta atividade, surgiram vários desenhos infantis e muitas representações de marcas de produtos que utilizavam. Assim como reproduções das letras iniciais de seus nomes, parecendo ser uma espécie de marca gráfica pessoal. Uma maneira de demonstrarem que estavam, inconscientemente, pedindo para serem vistos, reconhecidos como

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indivíduos e que o professor pudesse respeitá-los dentro de suas individualidades, habilidades, dificuldades e competências. Durante esta experiência senti insegurança, pois a turma mostrava-se agitada e dispersa. Apesar das orientações serem repassadas diversas vezes, eram cometidos erros consecutivos originários de falta de atenção. Resultados positivos foram perceptíveis quando alguns alunos demonstraram autonomia ao procurar soluções para seus problemas nas impressões de gravuras. Um aluno elaborou sua matriz de forma distinta do que vinham fazendo e conseguiu obter o efeito esperado, surpreendendo toda turma. Assim, pela primeira vez, o grupo pôde visualizar um resultado positivo e, juntamente com o incentivo da professora, foram instigados a experimentar os materiais e buscar algo diferente para então conseguir atingir o sucesso almejado. Na aula do quinto encontro, os alunos começaram a demonstrar confiança e desenvoltura nas conversações realizadas em sala de aula, participando com respostas significativas e coerentes ao conteúdo trabalhado. Sempre muito incentivados com questionamentos e o uso de exemplos para que se pudesse fazer as intervenções necessárias, ainda precisavam de estímulos constantes para criar com autonomia. Foi apresentada então a técnica da monocromia, focando o efeito de luz e sombra, e também a riqueza de linhas. Com este estímulo, surgiu um trabalho com estas características, apresentando uma quantidade significativa de linhas que se destacou entre os usuais desenhos estereotipados apresentados na turma. Os trabalhos seguintes apresentaram características pessoais dos alunos, mostrando um começo de familiarização e iniciativa na elaboração dos mesmos. Porém, a cada troca de materiais, a turma regredia no que diz respeito à confiança e autonomia, superando estes obstáculos no decorrer de suas experimentações. Diante disso, foi possível notar que a turma atingia um estágio crescente de confiança e autonomia. A atitude de uma aluna durante a oitava aula deixou a turma curiosa e instigada a partir para iniciativas diversificadas, pois ela decidiu realizar um processo diferente de impressão e conseguiu um ótimo resultado. Ela resolveu fazer uma experimentação com seu material entintando a matriz de uma forma diferente do qual eu havia solicitado, assim ela obteve uma gravura parecida com uma impressão de matriz utilizando metal. Chegando às atividades de produção das HQ’s, a maior preocupação era que houvesse uma desestereotipação da forma de elaboração das mesmas. Realizou-se

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uma estimulação visual, os alunos foram levados a manusear gibis e imagens dos mesmos, com várias possibilidades de elaborá-los, com o intuito de que não confeccionassem histórias sem um roteiro que estimulasse o leitor a concluir a leitura. Porém, o que não me dei conta, foi fato de que trouxe gibis que faziam parte do meu acervo pessoal, não levando outros de temáticas diferentes e que focassem temas mais relacionados ao mundo jovem, que pudessem facilitar a identificação dos alunos com as personagens. No término do projeto, quando os alunos produziram suas HQ’s e mais tarde, suas tirinhas, impressas através da Gravura, percebeu-se o desenvolvimento dos alunos quanto as suas produções plásticas. Suas histórias eram estimulantes, com personagens nos quais poderíamos identificar características pessoais de cada um, intrínsecas nas atitudes e vestimentas das personagens. A confiança e a força para enfrentar os desafios fictícios nas histórias criadas pela turma poderiam ser relacionadas aos sentimentos dos próprios alunos durante o desenvolver do projeto e os desafios pelos quais passaram. Diante desta superação, na qual os alunos mostraram reconhecer suas produções como sendo belas e dignas de admiração, pude verificar que o grupo até mesmo ultrapassou as expectativas iniciais. Além de superar os estereótipos na produção das HQ’s, os alunos cresceram também como educandos, confiantes em seus potenciais. Foi possível perceber, através da realização deste projeto, que o resultado das aulas propostas nem sempre supera as expectativas do professor e nem mesmo do aluno. Surgirá sempre a descoberta de novos objetivos a serem alcançados, desafiando o professor a desenvolver novas competências no desenvolver de seu trabalho, quando os alunos ultrapassarem as expectativas. Neste processo de aprendizagem e conhecimento, cabe ao educador proporcionar uma nova visão ao aluno, quebrando o paradigma de que não há estímulo suficiente para que os educandos encontrem sentido no que lhes é ensinado nas aulas de arte-educação. Por fim, pode-se analisar através desta experiência, que elaborar um projeto não nos faz ser capazes de prever todas as conseqüências. Pode-se apenas supor resultados e estar aberto a superar os desafios que surgirem no percurso, decorrente da superação dos alunos.

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REFERÊNCIAS BARBOSA, Alexandre; RAMOS, Paulo; VILELA, Túlio; RAMA, Angela; VERGUEIRO, Waldomiro. Como Usar as Histórias em Quadrinhos na Sala de Aula, 3. Ed.; São Paulo, Editora Contexto, 2009. BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Arte; Brasilia: MEC/SEF, 1997. DIDI-HUBERMAN (Dir.). L’empreinte. Catálogo de exposição do Centro Georges Pompidou, Paris, 1997. EGUTI, Claricia Akemi. A Representatividade da oralidade nas Histórias em Quadrinhos. São Paulo: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. USP, 2001. Dissertação de Mestrado. EISNER, Will. Os Quadrinhos e a Arte Sequencial, princípios e práticas Comics and Sequential Art (1985). FAYGA, Ostrower. Universo da Arte – Edição Comemorativa; Rio de Janeiro; Editora Campus; 2004. FAYGA, Ostrower. Criatividade e processos de criação; Rio de Janeiro, Editora Vozes, 1977. FERRAZ, Maria Heloísa C. de T; FUSARI, Maria F. de Rezende. Metodologia do Ensino de Arte. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1999. FERREIRO, Aurélio Buarque de Holanda; Pequeno Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa, 2004.

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FUSARI, Maria Felisminda de Rezende; FERRAZ, Maria Heloísa Corrêa de Toledo. Arte na Educação Escolar; São Paulo, Editora Cortez, 2001. GUIMARÃES, Edgard. Uma Caracterização Ampla para a História em Quadrinhos e seus Limites com Outras Formas de Expressão - artigo apresentado no Intercom 1999. Rio de Janeiro,1999. HARVEY, Robert C.. The Art of the Comic Book. 1ª ed., Jackson, University Press of Mississippi, 1996 traduzido do site http://www.universohq.com. Impressões - Um Panorama da Xilogravura Brasileira, Santander Cultural, Porto Alegre, 2004. MARTINS, Mirian Celeste Ferreira Dias; PICOSQUE, Gisa; GUERRA, M. Terezinha Telles. Didática do Ensino de Arte - a língua do mundo: poetizar, fruir e conhecer arte; São Paulo, Editora FTD, 1998. NUNES, Benedito. Introdução a Filosofia da Arte; 1 ed.; São Paulo, Editora Ática, 2008. OLIVEIRA, Jô; GARCEZ, Lucília. Explicando a Arte; São Paulo, Ediouro,2001. OS SUPER-HEROIS dos Quadrinhos. Richard Biefild, Duncan Mc Alpine, Discovey Channel, 2002, DVD (aprox. 50 min.), Son., Color. Ntsc. Assunto Gravura encontrada: http://www.casadagravura.com.br – Acessado em 08/2009. Assunto Gravura: http://www.fundacaobienal.art.br – Acessado em 08/2009. Assunto Gravura: http://www.revistamuseu.com.br – Acessado em 09/ 2009. Assunto

Histórias

em

Quadrinhos:

http://www.ihuonline.unisinos.br

Acessado em 11/2009. Assunto Histórias em Quadrinhos: http://www.universohq.com – Acessado em 10/2009.

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APÊNDICE Questionários Seguirão em anexo o questionário aplicado com o Diretor (a) das escolas em que realizei as observações silenciosas, assim como o questionário com a Coordenadora Pedagógica e a Professora das turmas observadas. Em todos os questionários haviam dez perguntas, no entanto apenas no questionário reservado as professoras haviam quatorze. Todas as questões eram subjetivas, menos as que foram direcionadas especificamente aos alunos, estas eram objetivas. Questionário com o Diretor (a)

ANEXO 1 – Questionário Direção

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EMEF CEI Diretora Aparecida A diretora Aparecida, relata no questionário (anexo 1), que esta no cargo na escola EMEF CEI desde o ano de 2008, mas que já é diretora há doze anos. Quanto ao fato de ter experiência em atuar em sala de aula explica que já ministrou aulas de 1ª a 5ª série uni docente e como professora substituta nas séries de 1ª a 8ª série. Ao ser questionada sobre a quantidade de profissionais que atuam na escola, revela que a equipe é formada por trinta e sete docentes, sendo que vinte e três são formados em áreas especificas e que somente seis profissionais ainda estão cursando ensino superior. Destes existem quatro professores de Artes na instituição e toda a equipe atende 938 alunos. Afirma que costuma escutar a opinião do grupo levando em consideração a opinião de cada um nos momentos que necessita tomar decisões, procurando atender a todos com bom senso. Ela explica que a escola disponibiliza de uma sala de artes com mesas grandes, armários, lavatório e etc. No final afirma que o ensino de artes é importante para o desenvolvimento do aluno, pois estimula a criatividade, libera as tensões e possibilita a expressão. E explica que vê arte em espaços próprios e nas ruas, calçadas e parques.

Questionário com a Coordenadora

ANEXO 2 – Questionário para Coordenação

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EMEF CEI Coordenadora Pedagógica Roselaine Machado O questionário respondido pela Coordenadora Pedagógica (anexo 2), Roselaine Machado, do Centro Integrado de Educação – CEI, diz que esta neste cargo a um mês, é formada em Letras – Português/Inglês, explica que há somente uma pessoa formada na coordenação pedagógica. Ela explica que já atuou em todas as séries do Ensino Fundamental e nas de Ensino Médio, além disso, também lecionou no curso Técnico e no EJA. Em relação ao fato da coordenação dar sugestões aos profissionais da área de Artes, relata que apesar de adorar arte ainda não teve a oportunidade de dar sugestões. Sobre a realização das reuniões pedagógicas, estas são realizadas de 5ª a 8ª série e afirma que costuma levar em consideração a opinião da equipe escolar. Roselaine também explica que as reuniões de formação não são coordenadas especificamente pela escola, mas que a SMEC proporciona para todos os profissionais em eventos durante o ano. Segundo ela, acredita que o Ensino da Arte é importante para o desenvolvimento do educando, pois é através dela que o aluno desenvolve sua criatividade e suas habilidades psicomotoras. Por fim, diz que a arte pode ser vista nas atividades realizadas pelos seres humanos através de percepções, ideias e emoções, pois ela estimula nossa consciência e desperta em nós diferentes sentimentos.

Questionário com a Professora Titular

ANEXO 3 – Questionário do(a) professor (a)

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EMEF CEI Professora Marilúcia Furquim A professora Marilúcia Furquim revela em seu questionário (anexo 3), que é formada em Magistério pelo Colégio Medianeira, na cidade de Santiago e que sua formação de Ensino Superior foi realizada na Feevale em 1988, no curso de Artes. Já trabalhou vinte e cinco anos na Escola Estadual de Ensino Fundamental Ildefonso Pinto, em Campo Bom e que atualmente esta trabalhando na EMEF CEI, sendo que durante este tempo também atuou quinze anos na Escola de ArteEducação da mesma cidade. O que a fez escolher o curso, diz que sempre gostou de trabalhos artísticos e que quando criança gostava de desenhar e isso a acompanhou durante toda a sua vida escolar, como é apaixonada por arte a vê em todo lugar. Ao vir morar no Vale dos Sinos foi quando decidiu fazer a faculdade de Artes na Feevale. Sobre quais as fontes que utiliza para auxiliar em seu planejamento, relata que faz uso de livros, revistas e pesquisas na internet. Em relação a organização destas aulas, afirma que segue o Plano da Escola e ainda explica sobre que é difícil atingir todos os alunos, alguns gostam e outros nem tanto. Que há uma preferência dos alunos quererem somente desenhar, não gostam de colorir. Já outros preferem trabalhos com pintura de lápis de cor ou tinta. Sobre a receptividade dos alunos durante as aulas diz que a maioria gosta delas. Ela acredita que os principais desafios que o profissional de Artes encontra são em relação aos alunos não trazerem o material, nem lembrando de trazer o básico e a falta de interesse. Os materiais utilizados nas aulas de artes são geralmente: lápis, borracha, folha de desenho, trabalhos com lápis de cor, canetinha e materiais de sucata. E ainda é de seu costume utilizar imagens em suas aulas e que estas ela retira de seus próprios livros e, quando necessário, leva os alunos para a sala de informática, para visualizá-las virtualmente. Afirma também, que a escola possui um espaço destinado às aulas de artes, uma sala própria. Sobre a questão de visitar ou não exposições, ela faz quando é possível, afirma que já levou várias turmas de alunos a Bienal do Mercosul.

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Ao ser questionada, sobre o fato de costumar expor os trabalhos de seus alunos na escola, revela que sempre procura expor os trabalhos e que atualmente há alguns exemplares em exposição nos painéis da escola. Em sua ultima questão, revela que trabalha com conteúdos teóricos, sendo estes específicos de cada série. O que eu pude observar quanto à professora, foi o fato que ela revelou em uma de suas aulas, que estava atuando em sala de aula, justamente no CEI, porque estava aguardando o chamado vindo da SMEC para poder retornar a trabalhar na Escola de Arte-Educação, onde lá desenvolve um trabalho a partir de oficinas, deixando de lecionar no CEI. Sendo este o trabalho e a forma de trabalhar que mais gosta, pois tem a possibilidade de desenvolver um trabalhos com crianças que estão matriculadas no curso de Artes, porque o que forem aprender é do seu interesse, ou seja porque gostam. Talvez este seja um dos motivos que me fez perceber uma falta de motivação por parte da profissional, mas não pude perceber esta deficiência ao questioná-la sobre sua prática docente, esta percepção surgiu a partir dos diálogos que trocávamos durante as observações.

Questionário dos Alunos

ANEXO 4 – Questionário dos Alunos Ensino Fundamental

A turma 603 do Centro de Educação Integrada – CEI é composta por 20 alunos do sexo masculino e 10 alunas do sexo feminino, totalizando 30 alunos. Sendo que a faixa etária dos alunos é diversificada, tendo 14 alunos na idade de 13

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anos, 05 alunos na idade de 12 anos, 07 alunos na idade de 14 anos, três alunos com 15 anos e um aluno na faixa etária de 17 anos. Tem como característica serem individualistas, pois a maioria dos alunos são novos na instituição, então são um pouco reservados em seus relacionamentos com os colegas. Em relação a importância que vêem no Ensino de Arte 22 alunos responderam que é importante tanto quanto qualquer outra disciplina, 08 alunos disseram que existem disciplinas mais importantes do que Artes e nenhum aluno optou pela resposta que não via sentido em aprender Artes na escola. Quando questionados sobre a frequência que procuram trazer os materiais que a professora solicita 24 alunos disseram que trazem sempre que é solicitado e 06 alunos disseram que trazem às vezes e nenhum aluno respondeu que nunca deixam de trazer. Quanto aos materiais mais comuns utilizados em sala de aula foi citada várias alternativas e os alunos teriam que optar pelos materiais que mais gostam de utilizar em sala de aula, 11 alunos responderam que gostam de trabalhar com tintas em geral, 11 vezes optaram por lápis de cor, 09 disseram que gostam de folha de Ofício Desenho, 08 alunos escolheram lápis 6B, 06 vezes votaram em canetinha hidrocor e 01 vez optaram em dizer que gostavam de trabalhar com giz de cera. Sobre os materiais que nunca utilizaram nas aulas de artes 23 vezes votaram em carvão vegetal, 20 alunos selecionaram a alternativa madeira. Já 16 alunos responderam que nunca trabalharam com material reciclado, 14 disseram que nunca trabalharam com E.V.A. (folha emborrachada), 13 escolheram a alternativa giz pastel, 11 argila, 08 alunos optaram por tinta acrílica, 02 alunos votaram tanto em giz de cera quanto tinta têmpera, sendo assim sobrou desta lista, sem voto nenhum, a alternativa: papel sulfite. A questão que perguntava se os alunos já haviam visitado com a escola alguma exposição de arte teve como resultado: 24 alunos responderam que nunca foram, 05 alunos disseram que já foram uma vez e 01 aluno revelou que já foi mais que uma vez. No entanto, também foram questionados se já visitaram junto com a família alguma exposição artística 25 alunos disseram que nunca, 03 uma vez e 02 mais que uma vez.

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Em relação ao interesse deles por assuntos relacionados a Arte a maioria da turma respondeu que sim, tem interesse, sendo votada 25 vezes esta alternativa. Já 04 alunos disseram que não tem interesse por assuntos relacionados e 02 optaram em dizer que são indiferentes. Questionei a turma sobre a participação deles em alguma atividade artística que possivelmente já participaram, ou participam, e que não tenha ligação com a escola, assim 20 disseram que não participam, mas dentro das alternativas haviam como optar por algumas modalidades sendo a mais escolhida Dança com 05 votos, Música 03 alunos votaram, 02 alunos disseram que já fizeram ou fazem Desenho, 01 aluno optou por Pintura e 01 aluno disse que faz outra atividade que não sejam estas relacionadas na questão. Sobre a questão em que deveriam dizer o que gostariam que tivesse nas aulas de Artes 13 vezes optaram em dizer que gostariam que tivesse musica durante as atividades, 11 disseram que as aulas poderiam ser realizadas em diferentes lugares na Escola como no pátio, quadra poliesportiva e 08 vezes indicaram a alternativa que dizia que gostariam de ter aulas com diferentes tipos de materiais. Quanto ao fato da educadora trazer imagens de artistas para a sala de aula 20 alunos disseram que ela traz, mas 07 disseram que somente às vezes e 03 disseram que ela não traz. Por fim, na última questão foi perguntado se os alunos já haviam ouvido sobre algum artista o que lhes dava a chance de dizer quais deles, assim, 23 alunos disseram que sim, já ouviu falar e os mais lembrados eram: Portinari com 06 votos, Van Gogh com 05 votos, Monet e Leonardo Da Vinci com 02 votos cada um e Picasso 01 voto. Porém 07 alunos não se lembraram de citar um nome e 07 alunos disseram que nunca ouviram falar de algum artista.

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ANEXO

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