Nº 126, Agosto/Setembro 2003

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Ana Alvim_isto é

Ficha Técnica

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Director e Coordenador editorial José Paulo Serralheiro | Editor João Rita | Editor Gráfico Adriano Rangel | Redacção Andreia Lobo e Ricardo Costa | Secretariado Lúcia Manadelo | Paginação-Digitalização Ricardo Eirado e Susana Lima | Fotografia João Rangel (Editor) | Ana Alvim | Joana Neves.

a página da educação julho 2003

Rubricas À Lupa Ana Maria Braga da Cruz, Comissão para a Igualdade e para os Direitos da Mulher, Lisboa. Manuela Coelho, Escola Especializada de Ensino Artístico Soares dos Reis, Porto. Iracema Santos Clara, Escola Pires de Lima, Porto. | AFINAL onde está a escola? Coordenação: Regina Leite Garcia, Colaboração: Grupalfa—pesquisa em alfabetização das classes populares, Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro, Brasil. | ANDARILHO Discos: Andreia Lobo, Em Português: Leonel Cosme, investigador, Porto. Galerias e palco: António Baldaia, Livros: Ricardo Costa, Música: Guilhermino Monteiro, Escola Secundária do Castêlo da Maia. O Espírito e a Letra: Serafim Ferreira, escritor e critico literário. O vício das imagens: Eduardo Jaime Torres Ribeiro, Escola Superior Artística do Porto. Paulo Teixeira de Sousa, Escola Especializada de Ensino Artístico Soares dos Reis, Porto. | CARTAS aos professores convidado do mês | CARTAS de Mulheres — convidada do mês | DA Ciência e da vida Claudina Rodrigues-Pousada, Instituto de Tecnologia Química e Biologica da Universidade Nova de Lisboa. Francisco Silva, Portugal Telecom. Rui Namorado Rosa, Universidade de Évora. | DA criança Raúl Iturra, ISCTE Universidade de Lisboa. | DISCURSO Directo Ariana Cosme e Rui Trindade, Universidade do Porto. | Do Primário José Pacheco, Escola da Ponte, Vila das Aves. | Do superior Adalberto Dias de Carvalho, Universidade do Porto. Alberto Amaral, Centro de Investigação de Políticas do Ensino Superior, Universidade do Porto. Bártolo Paiva Campos, Universidade do Porto. Ana Maria Seixas, Universidade de Coimbra. | E AGORA professor? — José Maria dos Santos Trindade, Pedro Silva e Ricardo Vieira, Escola Superior de Educação de Leiria. Rui Santiago, Universidade de Aveiro. Susana Faria, Escola Superior de Educação de Leiria. | EDUCAÇÃO desportiva Gustavo Pires e Manuel Sérgio, Universidade Técnica de Lisboa. André Escórcio, Funchal. EDUCAÇÃO e Cidadania Américo Nunes Peres, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Chaves. Miguel Ángel Santos Guerra, Universidade de Málaga, Espanha. Otília Monteiro Fernandes, Universidade de Trás-os Montes e Alto Douro, Chaves. Xesús R. Jares, Universidade da Corunha, Galiza. Xurjo Torres Santomé, Universidade da Corunha, Galiza. | EDUCAÇÃO e Comunicação Coordenação: Guadelupe Teresinha Bertussi, Universidade Nacional do México. | ESTADOS Translúcidos Luís Fernandes, Universidade do Porto. Luís Vasconcelos, Universidade Técnica de Lisboa. Rui Tinoco, CAT-Cedofeita e Universidade Fernando Pessoa, Porto | ÉTICA e Profissão Docente — Adalberto Dias de Carvalho, Universidade do Porto. Isabel Baptista, Universidade Portucalense, Porto. José António Caride Gomez, Universidade de Santiago de Compostela, Galiza. | FORA da escola também se aprende Coordenação: Nilda Alves, Universidade do Estado do Rio de Janeiro UERJ, Brasil. Colaboração: Grupo de pesquisa Redes de Conhecimento em Educação e Comunicação: questão de cidadania | FORMAÇÃO e Desempenho Carlos Cardoso, Escola Superior de Educação de Lisboa. Manuel Matos, Universidade do Porto. | IMPASSES e desafíos João Barroso, Universidade de Lisboa. Pablo Gentili, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil. José Alberto Correia, Universidade do Porto. Agostinho Santos Silva, Eng. Mecânico CTT. LUGARES da Educação Almerindo Janela Afonso, Licínio C. Lima, Manuel António Ferreira da Silva e Maria Emília Vilarinho, Universidade do Minho. | OFNI´s José Catarino Soares, Instituto Politécnico de Setúbal. | OLHARES: Apontamentos José Ferreira Alves, Universidade do Minho. Registos Fernando Bessa, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real. José Miguel Lopes, Universidade do Leste de Minas Gerais, Brasil. Maria Antónia Lopes, Universidade Mondlane, Moçambique POSTAL de: da Cidade do México, Guadelupe Teresinha Bertussi, Universidade Nacional do México. do Rio, Inês Oliveira, Universidade do Estado do Rio de Janeiro. de Paris, Isabel Brites, coordenação do ensino do português em França. do Rio de Janeiro, Regina Leite Garcia, Universidade Federal Fluminense, Brasil | QUOTIDIANOS Carlos Mota e Gabriela Cruz, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real. | RECONFIGURAÇÕES Coordenação: Stephen R. Stoer e António Magalhães, Universidade do Porto. Fátima Antunes, Instituto de Educação e Psicologia da Universidade do Minho.Fernanda Rodrigues, Instituto de Solidariedade e Segurança Social e CIIE da FPCE Universidade do Porto. Roger Dale, e Susan Robertson, Universidade de Bristol, UK. Xavier Bonal, Universidade Autónoma de Barcelona. | SOCIEDADE e território Jacinto Rodrigues, Universidade do Porto. | TECNOLOGIAS Celso Oliveira, Escola José Macedo Fragateiro, Ovar. Ivonaldo Neres Leite, Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Brasil. Luisa Carvalho e Boguslawa Sardinha, Escola Superior de Ciências Empresariais de Setúbal. TERRITÓRIOS & labirintos — António Mendes Lopes, Instituto Politécnico de Setúbal.| Administração e Propriedade Profedições. lda · Porto Conselho de gerência Abel Macedo. João Baldaia. José Paulo Serralheiro. | Registo Comercial 49561 | Contribuinte 502675837 | Depósito legal 51935/91 | DGCS 116075 | Administração, redacção e publicidade Rua D. Manuel II, 51 – C – 2º andar – sala 2.5b — 4050345 PORTO | Tel. 226002790 | Fax 226070531 | Correio electrónico redaccao@apagina.pt | Edição na Internet www.apagina.pt/ | Impressão Naveprinter, Maia | Distribuição VASP - Sociedade de Transportes e distribuição, Embalagem Notícias Direct, Maia | Serviços Agência France Press, AFP. | Membro da Associação Portuguesa de Imprensa – AIND

olhares de fora

Em jeito de balanço É IMPORTANTE DESTRINÇAR DIFERENTES TIPOS DE UTILIZADORES DE HEROÍNA — OCASIONAIS, EXPERIMENTAIS, DE FIM-DE-SEMANA OU DEPENDENTES — EVITANDO ASSIM QUE A VARIABILIDADE DOS COMPORTAMENTOS APRESENTADOS SEJA COLOCADA, POR JUNTO, ‘DENTRO DO MESMO SACO’. riências de desprazer. Porquê, então, a reiteração Nesta coluna, e apesar de uma primeira remissão no uso? E a resposta é quase sempre encontrada para uma sociedade outra – o estatuto de antrona situação relacional destes utilizadores: é, por pólogo parece exigi-lo –, viemos principalmente a exemplo, comum que as mulheres continuem o referir-nos a utilizadores de heroína, espécie de consumo no contexto de uma relação diádica com droga-paradigma em torno da qual se veio a consoutro ou outra consumidora, sendo também fretruir grande parte do discurso hegemónico conquente que os homens o tenham levado a cabo no temporâneo sobre as dependências. contexto do seu grupo de pares. Quer dizer, o senEm termos muito gerais, foram dois os conceitido que o uso vem adquirindo – e no que ele vem tos que orientaram esta nossa intervenção. Tomasendo socialmente aprendido como experiência do de empréstimo a Joan Pallarés, a nossa análise de prazer – resulta de um quadro onde a circulabeneficiou da proposta de «itinerário de uso», na ção da droga no organismo biológico não pode qual este autor chama a atenção para a necessiser separada de uma mobilidade que é atributo de dade de destrinçar diferentes tipos de utilizadores pessoas em relação. Para além da substância, é de heroína – ocasionais, experimentais, de fim-denecessário olhar também para as formas e para os semana ou dependentes – evitando assim que a objectos através dos quais a droga é consumida, variabilidade dos comportamentos apresentados tendo igualmente em seja colocada por junto conta a interacção nos ‘dentro do mesmo saco’. OUVINDO as narrativas dos utilizadores, espaços onde a sua Enquanto instrumento ficamos espantados com o facto de, para aquisição vem a ser torde análise, esta proposta muitos deles, as primeiras tomas de heroína nada possível e as suas pode vir a revelar-se exnão constituírem aquilo que poderíamos tomas se realizam. Por tremamente útil se – sedenominar uma experiência de prazer. oposição a um discurso guindo um outro autor, de exclusiva centralidaGregory Bateson, cuja de da substância, dirigimo-nos, portanto, para reflexão se desenvolve a propósito dos alcoólicos uma análise da centralidade do produto. – tivermos em conta as implicações lógicas de um Mas – e, fazendo apelo da condição de antrodiscurso que remete a explicação dos consumos pólogo, este é um ponto fundamental – a reflexão de uma substância psicoactiva para quadros ensobre os utilizadores de drogas é passível de vir a contrados exclusivamente a montante dessas trazer consigo um outro ganho. Ela mostra-nos as mesmas utilizações: se é uma qualquer patologia interacções, os espaços urbanos e os seus habilocalizada na sua sobriedade que faz o alcoólico tantes no devir contínuo da sua criação social rebeber, então a intoxicação corresponde a uma corcíproca. Ou seja, ao acompanhar aqueles últimos recção subjectiva dessa mesma patologia. Deste no processo de transformação de um conjunto de ponto de vista, o apelo à abstinência é passível de espaços geográficos em “territórios psicotrópise constituir num facto paradoxal já que a sua cos” – remetemos aqui para a feliz designação de efectivação consistiria num retorno ao mesmo Luís Fernandes – a cidade revela-se-nos tal como quadro onde são encontradas as causas para beé: um processo. E, ao acompanhá-lo centrando a ber. Sabendo que as coisas não são assim tão simatenção no Outro, acabamos por nos descortinar ples, esta abordagem tem a grande vantagem de a nós próprios. Por exemplo, ao aferir, no Outro, a centrar a atenção no itinerário de uso de cada utiimportância da repetição de uma trajectória por lizador. Ou seja, é o uso e não a sua ausência que um espaço determinado e a frequência cadenciapassa a ser o objecto da análise. da de um bairro urbano, verificamos a medida em O que nos conduz ao segundo conceito: o proque procedimentos semelhantes se revelam deciduto. Ouvindo com atenção as narrativas dos utisivos para o processo em que nos vamos conslizadores, ficamos espantados com o facto de, patruindo e reinventando a nós mesmos. ra muitos deles, as primeiras tomas de heroína Afinal, conceitos como os de itinerário de uso e não constituírem aquilo que poderíamos denomiproduto poderiam ser aplicados ao estudo dos nar uma experiência de prazer. Em muitos casos, nossos próprios processos de consumo. poder-se-ia classificá-las, isso sim, como expe-

ESTADOS translúcidos Luís Vasconcelos Universidade Técnica de Lisboa


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