ÍSIS SEM VÉU - VOL.III

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os padres recorïeram ao método velho, mas sempre coroado de sucesso - o da calúnia. Eles honravam os teurgos com a mesma calúnia insinuante que os fariseus praticaram contra Jesus. "Tu tens um demônio", diziam-lhe os anciãos da sinagoga judaica. "Tu tens o Diabo", repetiam os padres astuciosos, com igual verdade, dirigindo-se ao taumaturgo pagão; e foi assim que a acusaçáo, erigida mais tarde em artigo de fé, ganhou a luz do dia.

Mas os herdeiros modernos desses falsiirios eclesiásticos, que acusam a Magia, o Espiritismo e até mesmo o Magnetismo de serem produzidos por um demônio, esquecem-se dos clássicos ou talvez nunca os tenham lido. Nenhum dos nossos beatos jamais olhou com mais desdém para os abusos da Magia do que o verdadeiro iniciado de outrora. Nenhuma lei moderna ou mesmo medieval foi mais severa que a do hierofante. Seguramente, este último possuía mais discernimento, caridade e justiça do que o clero cristão; pois, ao mesmo tempo em que baniam o bruxo "inconsciente", a pessoa perturbada por um demônio, fora dos limites sagrados dos áditos, os padres, em yez de queimá-la impiedosamente, cuidavam do infeüz "possuído". Com a existência de hospitais expressamente construídos para esse fim na vizinhança dos templos, o "médium" antigo, quando possuído, era cúdado e restituído à saúde. Mas, para aquele que tivesse, por feitíçaría consciente, adqúrido poderes perigosos para os seus semelhantes, os padres de outrora eram tão severos como a própria justiça. "Toda pessoa acusada acidentalmente de homicídio, ou de qualquer crime, ou condenada por .feitíçarin, era excluída" dos mistérios eleusinoseT. O mesmo acontecia em relação a todos os outros. Esta lei, mencionada por todos os escritores sobre a iniciação antiga, fala por si mesma. A pretensão de Agostinho de que todas as explicações dadas pelos neoplatônicos foram inventadas por eles mesmos é um absurdo. Pois quase todas as cerimônias, em sua ordem verdadeira e sucessiva, são mencionadas pelo próprio Platão de uma maneira mais ou menos velada. Os mistérios são tão velhos quanto o mundo e aquele que for bastante versado nas mitologias esotéricas de várias nações pode fazê-Ias remontar até os dias do período pré-védico da Índia. A virtude mais estrita e apuÍeza são condições exigidas do Vatu, ol candidato, na Índia, antes que ele se torne um iniciado, quer ele pretenda ser um simples faquir, um purohíta (padre público) ou um sannyâsin, w santo do segundo grau de iniciação, o mais santo e o mais venerado de todos. Após sua ütória nas provas terríveis que precedem a sua admissão ao templo interior das criptas subterrâneas do seu pagode, o sannyâsin passa o resto da sua vida no templo, praticando as 84 regras e as 10 virtudes atribuídas aos iogues.

"Ninguém que não tenha praticado, durante toda a sua üda, as l0 ürtudes que o divino Manu exige como um dever, pode ser iniciado nos mistérios do concílio", dizem os livros hindus de iniciação. Essas virtudes sáo: "a resignação; o hábito de fazer o bem em vez do mal: a temperança; a probidade; a prteza1' a castidade; o domínio dos sentidos físicos; o conhecimento das Escrituras Sagradas; o da alma [espírito] Superior; a veracidade; a paciência"ge. Só essas virtudes devem dirigir a vida de um verdadeiro iogue. "Nenhum adepto indigno deverá sujar com a sua presença as fileiras de iniciados santos durante 24 horx". O adepto é tido como acusado, se violar qualquer um desses votos. Certamente a pÍítica dessas virtudes é incompatível com a noção de uma adoração do diabo ou de uma vida de lascívial

Tentaremos agora fornecer uma exposiçáo resumida e clara de um dos objeti92


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