ÍSIS SEM VÉU - VOL.III

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(ot Ârtiívara) são idênticos em essência e propósito. Mas, se seguimos os traços dos jainistas, com seus reclamos quanto à possessáo dos templos-cavernas mais antigos, e seus registros de uma antiguidade quase incrível. dificilmente poderemos vê-los sob uma luz diferente daquela em que eles próprios se vêem. Devemos admitir com toda certeza que eles são os únicos verdadeiros descendentes dos primitivos proprietírios da Índia antiga, desapossados por aquelas misteriosas hordas conquistadoras de brâmanes de pele clara que vemos, na aurora da história, surgir como os primeiros pioneiros nos vales do Jumnâ e do Ganges. os livros dos Sravakas - os únicos descendentes dos Arhats, os jainistas primitivos, os eremitas nus das florestas de outrora, poderiam lançar alguma luz talvez sobre muitas questões enigmáticas. Mas terão os nossos eruditos europeus, na medida em que seguem à sua própria política, tido jamais acesso aos vol:umes conetos? Temos nossas dúvidas a esse respeito. Perguntai a qualquer hindu digno de fé como os missionários trataram os manuscritos que por má sorte caíram em suas mãos, e julgai então se podemos censurar os nativos por tentarem salvar da profanação os "deuses de seus pais". Para manter o terreno conquistado, Irineu e sua escola tiveram que lutar arduamente com os gnósúcos. Tal foi também a sorte de Eusébio, que se viu desesperançadamente perplexo para saber como se livrar dos essênios. Os modos e costumes de Jesus e de seus apóstolos exibiam uma semelhança estreita demais com essa seita para que isso piìssasse despercebido. Eusébio tentou fazer as pessoas acreditarem que os essênios foriìm os primeiros cristáos. Seus esforços foram frustrados por Fílon, o Judeu, que escreveu seu registro histórico dos essênios e os descreveu com grande cúdado, muito tempo antes que tivesse surgido um único crisúo na Palestina. Mas, se não havia cristãos, havia crestãos muito antes da era cristã; e os essênios pertenciam a essa última seita, assim como a todas as outras fraternidades iniciadas, sem mesmo se fazer alusáo aos Krishna-ítas da Índia. Lepsius mostra que a palavra Nofer significa Chrêstos, "bom", e que um dos ítuios de Osíris, "Onofre" Un-nefer, deve ser traduzido por "a bondade de Deus tornada manifesa"84. "O culto de Cristo não era universal nessa data", explica MacKenzie, "e por isso entendo que a cristolatria ainda não havia sido introduzida; mas o culto de Chrêstos - o Princípio do Bem - o precedeu em vários séculos, e mesmo sobreviveu à adoção geral do Cristianismo, como se pode observar nos monumentos ainda existentes (. . .) Ademais, temos uma inscrição pré-cristã sobre uma úbua

de epitáfio (Spon, Miscell. erud. antiq.,

"lIpos Xprlorê, X"ipe,

X, XVII, 2), 'Yá^w1e l\aptoaíav

Lr11tóote,

e

de Rossi (Roma Sofienane(l,tomo I, fig. XXI) dá-nos outro exemplo oriundo das catacumbas - "Aelia Chrêste in Pace"85. E Kris, como mostra Jacolliot, significa, em sânscrito, "sagrade" a0. Os meritórios estratagemas do fidedigno Eusébio87 revelaram assim ser trabalho

perdido. Seus artifícios foram triunfalmente detectados por Basnageuu, qu", diz Gibbon, "examinou com extremo cuidado crítico o curioso tratado de Fflon8e, que descreve os Therapeutae", e descobriu que "provando que ele havia sido escrito já no tempo de Augusto, [ele] demonstrou, a despeito de Eusébio e de uma massa de católicos modernos, que os Therapeutae não eram nem cristãos, rìem monges"9o. Em suma, os gnósticos cristãos surgiram por volta do início do século II, e justamente na época em que os essênios desapareceram misteriosamente, o que indica que eles eram os essênios, e, ademais, crististas puros, isío é, acreditavam no que um de seus próprios irmãos havia pregado, e o compreenderam melhor do que ninguém. Insistir em que a letra Iota, mencionada por Jesus em Mateus (V, 18), indicava uma doutrina secreta 280


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