ÍSIS SEM VÉU - VOL.III

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aspecto revelado, ele é Andrógino: Christos e Sophia (Sabedoria Divina)' que originam o homem Jesus. Irineu demonstra que ambos, Pai e Filho, amaram a beleza (fomwm) da mulher primitivaT, que é Bythos - Profundidade - e também Sophia, e que, por sua vez, produziu conjuntamente Ophis e Sophia (de novo uma unidade bissexuada), sabedoria masculina e feminina, das quais uma é o Espírito Santo não-revelado, ou aÍìtiga Sophia - o Pneuma - a "Mãe (intelectual) de todas as coisas"; a outra, a revelada, ou Ophis, representa a sabedoria divina que desceu à maté11a, ou Deus-homem-Jesus, que os ofitas gnósticos representavam por uma serpente lOphis).

Fecundada peLa Ltz Divina do Pai e do Filho, o espírito supremo e Ennoia, sophia produz por sua vez duas outras emanações - um christos perfeito, a segunda sophia-Akhamôth8 imperfeita a partir da nìDfn' hokhmôth (sabedoria simples),

que se torna a mediadora entre os mundos intelecfual e material.

christos era o mediador e o guia entre Deus (o Supremo) e tudo o que de espiritual havia no homem; Akhamôth - a Sophia mais jovem - exercia a mesma função entre o "Homem Primitivo", Ennoia, e a matéÍia. Já explicamos o que havia de misterioso no significado do termo geral Christos. Num sermão sobre o "Mês de Maria", proferido em Nova York, o Rev. Dr. Preston expressa a idéia cristã do princípio feminino da Trindade melhor e mais claramente possível do que nós poderíamos fazê-lo e substancialmente no espírito de um antigo filósofo "gentio". Ele du que o "plano da retlenção tornou necessária a produção de uma mãe, e Maria apresenta-se preeminentemente como a única instância em que uma criatura foi necessária para a consumação da obra de Deus". Permitimo-nos contÍadizer o reverendo cavalheiro. Como mostramos acima, todas as teogonias "gentias", durante milhões de anos aÍÌtes da nossa era' admitiram a necessidade de se encontrar um princípio feminino, uma "mãe" para o princípio masculino trino. Em conseqüência, o Cristianismo não é a "única instância" dessa consumaçáo da obra de Deus - embora, como esta obra demonstra' eÌe contivesmais fllosofia e menos materialismo, ou antes antropomorfismo. Ì\'Ías ouçaÍrcs o reverendo Doutor expressar o pensamento "genúo" com idéias cristãs. Ele nos diz: .,Ele (Deus) preparou sua pureza virginal e celestial (a de Maria), pois uma mãe suja não podia tornar-se a mãe do Altíssimo. A virgem santa, mesmo em sua infância" era mais amável do que todos os querubins e serafins' e, dainfância à juventude e ao seu estado de mulher, ela se tornou cada vez mais pura. Mas a sua grande santidade a fez reinar como senhora no coraçáo de Deus. Quando chegou a hora, toda a corte do céu se calou e a Trindade esperou pela resposta de Maria, pois sem o seu con' sentimento o mundo não poderia ter sido redimido"

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Náo parece que estamos ouvindo Irineu explicar a "Heresia" gnóstica, "que ensinava que o Pai e o Filho amavarn a beleza (formam) da Virgem celeste"; ou ainda o sistema egípcio, que replesentava Ísis como esposa' irmá e mãe de OsírisHorus? Na filosofia gnóstica não havia mais do qtte dois, mas os cristãos aperfeiçoaram a doutrina tornando-a completuìmente "gentia", pois aí vemos o Anu-BelHoa caldaico transformar-se em Mylitta. "Então, como este mês [de Maria]" acrescenta

o Dr. Preston

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"começa nas festas de Páscoa

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o mês em que a Natureza

se reveste de frutos e de flores, os arautos de uma nova colheita -' comecemos também nós a nos preparar para uma colheita dourada. Neste mês os mortos saem da terra, figurando a ressuneição; então, quando nos ajoelharmos diante do altar 157


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