ÍSIS SEM VÉU - VOL.III

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Os antigos jamais sustentaram o pensamento sacrflego de que tais enúdades perfeitas erÍìm encarnações do Supremo, do Deus para sempre invisível. Nenhuma profanação da terrível Majestade ocupava qualquer lugar em suas concepçóes. Moisés e seus protótipos e tipos eram para eles apenas homens completos, deuses sobre a Terra, pois seus deuses (espíritos divinos) haviam penetrado seus tabernáculos santificados, os corpos ffuicos purificados. Os antigos chamavam deuses aos espíritos desencarnados dos sábios e heróis. Daí a acusaçáo de politeísmo e de idolatria por parte daqueles que foram os primeiros a antropomorfuar as abstraçóes mais sagradas e mais puras de seus ancestrais. O senüdo real e oculto dessa doutrina era conhecido por todos os iniciados.

Os tannaim o comunicaram aos seus eleitos, os ozarim, nas solenes solidóes

das

criptas e dos lugares desertos. Essa doutrina era esotérica e zelosamente guardada, pois a natureza humana era entáo igual à que é hoje, e a casta sacerdotal confiava tanto como hoje na supremacia de seu conhecimento, ambicionando a ascendência sobre as massas ignorantes; com a diferença, talvez, de que seus hierofantes podiam provaÍ a legitimidade de suas afirmações e a plausibilidade de suas doutrinas, ao passo que hoje osléis devem se contentar com a fé cega. Enquanto os cabalistas chamavam a essa misteriosa e rara ocorrência da união

do espírito com o ônus mortal confiado ao seu cuidado, de "descida do Anjo Gabriel" (sendo este um nome genérico), o Mensageiro da Vida, e o anjo Metatron, e enquanto os nazarenos chamavam de Híbil-Ziwa1l1 o Izgatuts enviado pelo Senhor Excelso, ele era universalmente conhecido como o "Espírito Ungido". Foi, portanto, a aceitação dessa doutrina que levou os gnósticos a afirmarem que Jesus era um homem ensombrecido pelo Christos, ou Mensageiro da Vida, e que seu lancinante grito na crtz, "Eloí, Eloi, lama shâbahthaní", lhe foi arrancado no instante em que sentiu que essa inspiradora Presença o haüa finalmente abandonado, pois - como alguns o afirmaram - sua fé também o abandonara quando estava na cruz.

Os primeiros nazarenos, que devem ser aliúados entre as seitas

gnósticas,

embora acreditando que Jesus efa um profeta, Sustentavam a seu respeito a mesma doutrina do "ensombrecimento" divino de certos "homens de Deus", enviados para a salvaçáo das nações, e para chamá-las ao caminho do bem. "A mente divina é eterna, e é pura luz, disseminada através de esplêndido e imewo espaço (pleroma). É a Geradora dos Aeôns. Mas um destes se transforma em Matéria [caos] produzindo movimentos confusos (turbulentos); e por meio de uma parte da l:uz celeste ele a conformou numa boa constituiçáo para o uso, mas que foi o começo de todo o mal. O Demiurgo [da matéria] reclamou as honras divinas112. Por conseguinte, Cristo ("o ungido"), o príncipe dos Aeôns [poderes], foi enviado (expeditus), e, toman'do a formn de um devoto judeu (Iesu), devería conquistó-Io, mas, pondo-o [o cotpol de Iado, partlflt para as altuIas"113. Explicaremos mais adiante o pleno significado do nome Christos e o seu sentido místico. E agora, a fim de tornaÍ tais passagens mais inteligíveis, tentaremos definfu, da maneira mais breve possível, os dogmas em que, com diferenças insigniÍicantes, quase todas as seitas gnósticas acreditavam. Foi em Éfeso que floresceu nessa época o colégio mais célebre, em que tanto as doutrinas abstratas do Oriente como a fïlosofia de Platão eram ensinadas. Ele era o foco das doutrinas "secretas" universais; o misterioso laboratório de onde nasceu, vazada na elegante fraseologia 9rega, a 138


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