PROCIV # 79 (outubro de 2014)

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B O L E T I M M E N S A L DA A U TO R I DA D E N AC I O N A L D E P ROT E Ç ÃO C I V I L / N .º 7 9 / O U T U B RO 2 014 / I S S N 16 4 6 – 9 5 4 2

A TERRA TREME - 2ª edição Exercício público de cidadania

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OUTUBRO de 2014 Distribuição gratuita. Para receber o boletim P RO C I V em formato digital inscreva-se em: www.prociv.pt


EDITORIAL

Envolver a população na redução dos riscos Com o mês de outubro chega a Fase Delta do Dispositivo Especial de Combate aos Incêndios Florestais (DECIF), com o início da progressiva retração do dispositivo. Ainda que o verão tenha sido razoavelmente sereno, o dispositivo instalado significou a disponibilidade permanente e o empenhamento de um elevado número de operacionais que, progressivamente, começam a ter condições, também eles, para um merecido descanso. No entanto, a atividade da ANPC não pára. Apenas o nosso foco se vai reorientando, procurando dar atenção a todos os desafios com que permanentemente somos confrontados. O Dia Internacional para a Redução de Catástrofes marca o mês de outubro, num esforço coletivo de entidades governamentais e não-governamentais em colocar na ordem do dia a preocupação pela redução dos riscos coletivos, num apelo para que nesta matéria fiquemos todos mais próximos e mais solidários. Envolver a população na redução dos riscos! Diria que esta ideia, este desígnio, conjuga-se desde logo com a temática mais vasta e integradora da cidadania ativa em matéria de segurança. Praticar uma cidadania ativa, é uma questão de postura perante a vida e os outros, com base numa leitura dos nossos direitos, mas também dos nossos deveres enquanto cidadãos, não partindo do princípio que há responsabilidades que são sempre de outros e atribuições exclusivas de um Estado e da sua Administração. A proteção de pessoas e bens perante os riscos naturais e tecnológicos é uma atribuição relevante do Estado, que se inscreve de forma muito evidente no que são as suas principais funções: a garantia da segurança e o bem-estar das populações. Hoje, as ‘ameaças’ assumem uma nova configuração e dimensão sejam elas internas ou externas. Identificá-las, caracterizá-las e estabelecer planos de atuação e de mitigação de efeitos para a sua eventual ocorrência são tarefas que competem (também) à Proteção Civil, inscrevendo-se nas nossas atribuições no âmbito do Planeamento do Emergência, tarefa pluridisciplinar de grande exigência e complexidade mas de muito baixa visibilidade. Feliz e infelizmente. Felizmente porque tal significa que tais ocorrências não se concretizam e por isso os planos não têm que ser implementados. Infelizmente porque, por vezes, o que não é visível parece que não existe e como tal não tem a devida atenção e reconhecimento. Numa sociedade em que se considera a segurança como um dado adquirido é por vezes difícil chamar a atenção para a necessidade de se criarem condições para que essa segurança se preserve e para que se antecipem e se preparem situações que a possam colocar em causa. É neste sentido que se entende que os indivíduos, os cidadãos, na verdadeira aceção do conceito de cidadão, têm de ser incentivados a participar na construção de soluções. Como converter na nossa vida quotidiana, na nossa ação, a preocupação pelos mecanismos de segurança? Como transformar comportamentos? Como chegar ao indivíduo? O exercício público A TERRA TREME promovido este ano no dia 13 de outubro, às 10 horas e 13 minutos, procura, com alguma inovação em termos de mensagem, provocar esse envolvimento, com uma comunicação focada no risco sísmico, mas essencialmente no que fazer e não fazer em caso de sismo, estimulando a tal cultura de participação e a ideia de que a segurança é uma responsabilidade realmente de todos. Investir em cidadãos com uma nova visão de segurança é um desafio enorme, e nada fácil no contexto em que as preocupações com as dificuldades económicas e financeiras dominam o centro da vida de muitos cidadãos e empresas. Cabe-nos também a nós que trabalhamos todos os dias, de forma mais ou menos direta, nestes assuntos tão complexos e sem receitas prontas para aplicar, assuntos igualmente tão desafiantes, tão estimulantes, reunir sinergias e tentar levar mais alto aquilo que defendemos. Porque… todos somos proteção civil!

Francisco Grave Pereira Presidente da ANPC

P U B LI C AÇ ÃO M E N S A L Edição e propriedade – Autoridade Nacional de Proteção Civil Redação e paginação – Núcleo de Sensibilização, Comunicação e Protocolo Fotos: Arquivo da Autoridade Nacional de Protecção Civil, exceto quando assinalado. Impressão – SILTIPO – Artes Gráficas Tiragem – 2000 exemplares ISSN – 1646–9542 Os artigos assinados traduzem a opinião dos seus autores. Os artigos publicados poderão ser transcritos com identificação da fonte. Autoridade Nacional de Proteção Civil Pessoa Coletiva n.º 600 082 490 Av. do Forte em Carnaxide / 2794–112 Carnaxide Telefone: 214 247 100 Fax: 214 247 180 nscp@prociv.pt www.prociv.pt

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BREVES

Agradecimento à ANPC, pelo Presidente da CM de Pampilhosa da Serra

Reunião de Diretores-Gerais de Proteção Civil da União Europeia

O Presidente da Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra, José Alberto Pacheco Brito Dias, em ofício enviado ao Ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, a dia 2 de setembro, manifestou a sua gratidão e a de todos os Pampilhosenses pela “eficiência de todos os Comandantes, superiormente orientados pelo Comando Distrital e o grande trabalho desenvolvido por todos os Bombeiros e forças no terreno, evitaram danos muito superiores”, aquando do incêndio florestal que deflagrou no concelho de Pampilhosa da Serra no passado dia 2 de agosto deste ano.

Decorreu a 29 e 30 de setembro, em Roma, Itália, a 33ª Reunião de Diretores-Gerais de Proteção Civil da União Europeia, do Espaço Económico Europeu, da Turquia e da Antiga República Jugoslava da Macedónia. Como ponto alto do encontro destacou-se a assinatura do memorando de entendimento entre a República do Montenegro e a Comissão Europeia que permitiu a sua participação no Mecanismo de Proteção Civil da União Europeia. Este país, que estava em pré-negociação para entrar na União Europeia, é assim, a partir do dia 29 de setembro, o 32.º Estado a fazer parte do Mecanismo de Proteção Civil da União, juntando-se aos 28 EstadosMembros da União Europeia, Islândia, Noruega e Antiga República da Macedónia que se encontra neste momento a renegociar o seu estatuto de Estado Participante neste Mecanismo).

2ª Reunião da Sub-Comissão da Plataforma Nacional para a Redução do Risco de Catástrofes Decorreu a dia 17 de setembro a 2ª reunião da SubComissão da Plataforma Nacional para a Redução do Risco de Catástrofes, cuja coordenação é assegurada pela ANPC. Nesta reunião, foi feito um balanço das atividades do triénio 2012-2014 e discutidas as atividades a desenvolver para próximo o triénio 2015-2017, que serão aprovadas pela Comissão Nacional de Proteção Civil Foram ainda apresentadas as atividades agendadas para assinalar o dia Internacional para a Redução de Catástrofes, que se assinala no dia 13 de outubro.

58ª Conferência Geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA)

Reunião do Comité de Gestão da Campanha Cidades Resilientes - Making Cities Resilient Campaign A ANPC participou na 2.ª reunião do Comité de Gestão da Campanha Cidades Resilientes – Making Cities Resilient Campaign – que decorreu nos dias 8 e 9 de setembro, em Manchester, que contou também com a participação da Câmara Municipal da Amadora. Nesta reunião, promovida pelas Nações Unidas, no âmbito da Estratégia Internacional de Redução de Catástrofes, foram discutidas e propostas medidas a implementar para que os riscos urbanos sejam considerados na revisão do Quadro de Acção de Hyogo 2005-2015, de modo a contribuir para o aumento da resiliência das comunidades locais.

A ANPC integrou a delegação portuguesa à 58.ª Conferência Geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), que decorreu entre 22 e 26 de setembro em Viena, Áustria. Nesta Conferência foram aprovadas resoluções que visam reforçar o trabalho da AIEA nas áreas de ciência e tecnologia nuclear, segurança, salvaguardas e cooperação técnica. Participaram nesta mais de 3000 delegados de 162 Estados-Membros e organizações internacionais.

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Conferência: Emergência e Proteção Civil O Diretor Nacional de Bombeiros, da ANPC, José Pedro Lopes, participou na Conferência Emergência e Proteção Civil, promovida pela APSEI – Associação Portuguesa de Segurança, a 29 de setembro, no Centro de Congressos do Estoril, com uma intervenção subordinada ao tema “Os Bombeiros – 1.º Pilar da Proteção Civil na resposta à Emergência”. O encontro abordou temas diversos, tais como: as boas práticas de segurança em incêndios florestais; a importância da imagem térmica na segurança; a experiência da Marinha Portuguesa; o contributo da proteção passiva para a segurança contra incêndio em edifícios; o impacto da inalação dos fumos dos incêndios florestais na saúde dos bombeiros e das populações e a seleção de equipamentos de proteção individual para combate a incêndios em aeroportos.

Ordem dos Psicólogos Portugueses e IX Congresso Iberoamericano de Psicologia As Equipas de Apoio Psicossocial (EAPS) da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) apresentaram, através do seu Coordenador Nacional, Rui Ângelo, uma comunicação sobre o seu modelo de intervenção, a 13 de setembro, no 2.º Congresso da Ordem dos Psicólogos Portugueses e IX Congresso Iberoamericano de Psicologia, que decorreu no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. Esta comunicação permitiu realçar o modelo científico inovador de promoção da resiliência psicológica dos bombeiros portugueses, atualmente em vigor nas Equipas de Apoio Psicossocial da ANPC.

Acampamento Regional de Guias em Setúbal

Curso Geral de Proteção Civil para Professores – 3ª edicão A Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) realizou, de 2 a 5 de setembro, a 3.ª edição do Curso Geral de Proteção Civil, com a duração de 25 horas, destinada a educadores de infância e professores dos Ensinos Básico e Secundário. A formação, cujas candidaturas excederam em dobro as vagas disponibilizadas, contou com 50 participantes de diversos pontos do país. A ação de formação abordou temáticas como: Proteção civil: conceitos gerais; Riscos coletivos e vulnerabilidades; Segurança contra incêndio em edifícios escolares; Comportamento humano em situações extremas; Comunicação de risco, e a Plataforma Nacional para a Redução do Risco de Catástrofes. Com a promoção deste curso, a ANPC pretende disponibilizar, aos educadores de infância e aos professores dos Ensinos Básico e Secundário, conhecimentos gerais e legais sobre proteção civil, designadamente, aprofundar saberes sobre riscos coletivos e vulnerabilidades, divulgar a Estratégia Internacional para a Redução do Risco de Catástrofes, dar a conhecer conceitos básicos sobre comunicação de risco, informar sobre alterações do comportamento humano em situações de catástrofe e fornecer instrumentos que possibilitem a aplicação dos conhecimentos adquiridos em projetos escolares.

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A Região de Lisboa da Associação Guias de Portugal (AGP) realizou de 2 a 9 de agosto, em Águas de Moura (Herdade das Paulinas), o seu VII Acampamento Regional, que contou com a presença de cerca de 600 raparigas, a partir dos 6 anos. O Guidismo é um movimento mundial de educação não formal, que se baseia no método de Baden-Powell e tem como objetivos principais a formação e o desenvolvimento integral das raparigas e jovens mulheres, nas vertentes física, intelectual, social, espiritual e emocional, com o lema “Sempre Alerta para Servir“ Os Bombeiros Voluntários de Águas de Moura colaboraram no planeamento e execução do plano de contingência do acampamento, contemplando o uso de fogo em campo para fins alimentares e pontualmente recreativos; participou no abastecimento de água potável ao campo; e realizou ações de formação/sensibilização para os monitores responsáveis, sobre “procedimentos de primeira intervenção”.

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D E S TA Q U E

Incêndios florestais 2014 Números de 1 de janeiro a 29 setembro

NÚMERO DE OCORRÊNCIAS

GRANDES INCÊNDIOS (> =100 HA)

6.939 ocorrências

27 grandes incêndios

[1.052 incêndios florestais e 5.887 fogachos] Representa o valor mais baixo dos últimos 25 anos; Representa um decréscimo face à média dos últimos 10 anos de 12.726 ocorrências e de 11.121 face ao ano de 2013; Para além deste número de incêndios florestais, o DECIF extinguiu ainda 2.233 incêndios agrícolas [24 % do total de incêndios rurais] sendo que em 2013 esse valor foi de 3.520 [18 % do total de incêndios rurais].

ÁREA ARDIDA

Estes foram responsáveis por 11.453 ha [59 % do total ardido] dos quais quatro foram superiores a 500 ha. Em 2013, este número foi, respetivamente, de 216 e 56. Representando apenas 0,057 % do total de ocorrências, estes 4 incêndios, corresponderam a 34,7 % [6.753 ha] da área ardida total. Destes quatro incêndios, dois tiveram lugar no mesmo dia [25 Agosto]. O maior incêndio de 2014 teve lugar nesta data no concelho de Nisa e queimou 2.514 ha de área florestal. Do conjunto destes grandes incêndios, dez tiveram como causas apuradas as intencionais e sete tiveram causas negligentes [manuseamento de maquinaria e renovação de pastagens].

19.458 ha

[8.686 ha de povoamentos e 10.772 ha de matos]; Representa o 2.º valor mais baixo dos últimos 35 anos [estatísticas desde 1980] sendo apenas superior ao valor registado no ano de 2008 [17.565 ha];

DETIDOS POR CRIME DE INCÊNDIO FLORESTAL

Representa um decréscimo face à média dos últimos 10 anos de 87.742 ha e de 129.787 ha face ao ano de 2013;

Pela PJ: 43 detidos [menos 18 do que em 2013]; Pela GNR: 36 detidos e 473 indivíduos identificados por suspeita de crime de incêndio florestal.

79 detidos

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TT EE MM AA

Exercicio público de cidadania – A TERRA TREME

O projeto “A Terra Treme”, promovido pela Autoridade Nacional de Proteção Civil, visa promover a informação e a mobilização da sociedade civil na adoção de comportamentos adequados de autoproteção em caso de ocorrência de sismo.

Objetivos: 1º – Treinar, individual e coletivamente, os 3 Gestos Que Salvam: BAIXAR-SE – PROTEGER-SE – AGUARDAR

Contexto e Descrição da Ação É um exercício de preparação para o risco sísmico (inspirado no exercício norte-americano ShakeOut www.shakeout.org), com a duração de um minuto, prédefinido – 13 de outubro de 2014, às 10h13 – durante o qual os cidadãos, individualmente ou em grupo (famílias, escolas, empresas, organizações públicas e privadas) são convidados a executar 3 gestos de autoproteção: baixar-se, proteger-se e aguardar.

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2º – Divulgar procedimentos de prevenção, autoproteção e mitigação face ao risco sísmico: SETE PASSOS (nos quais se inclui os 3 Gestos Que Salvam)

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T ET ME AMA

1.1. Estratégia Internacional para a Redução de Catástrofes Esta iniciativa vai de encontro às propostas enunciadas no Quadro de Ação de Hyogo subscrita por 168 EstadosMembros da Nações Unidas. No quadro da sua Estratégia Internacional para a Redução de Catástrofes (ISDR) promovem-se vários projetos e ações tendo como preocupação central aumentar a capacidade de resiliência das comunidades, tendo Portugal em 2010 criado formalmente a Plataforma Nacional para a Redução de Catástrofes, seguindo os mesmos princípios e objetivos centrais – “A resiliência de um grupo, comunidade, ou organização, está dependente das capacidades que em conjunto conseguem desenvolver e que lhes permitam adaptar-se e fazer face a situações de mudança e perturbação, sem grandes danos, nem perda de recursos” (UNISDR, 2005). Incrementar estas capacidades passa por um progressivo esforço colaborativo entre organismos responsáveis e populações, introduzindo metodologias proativas como a educação, o planeamento e desenvolvimento da sensibilização local para os riscos. Uma Comunidade Resiliente é composta por cidadãos mais conscientes, mais defendidos, mais esclarecidos, mais ativos e interventivos na sua própria segurança. 1.2. TEMA ISDR O tema deste ano dá destaque à importância do envolvimento das pessoas idosas na resposta a situações de catástrofe. O envelhecimento demográfico, e de que forma a população idosa pode e deve ser mais envolvida nos processos de planeamento e conhecimento dos riscos, é o mote da campanha de 2014. 1.3 CONTEXTO A Autoridade Nacional de Proteção Civil concebe este Exercício Público de Cidadania procurando envolver a nível nacional o maior número de pessoas e organizações na prática de 3 gestos simples de proteção em caso de sismo. Empresas, Serviços Municipais de Proteção Civil, Agentes de Proteção Civil, Organizações Não Governamentais, sociedade em geral, são convidados a participar nesta iniciativa. A terra treme, é um facto, sobretudo em regiões de risco sísmico. Não sabemos quando nem como, mas sabemos que vai acontecer e são vários os exemplos de ocorrências catastróficas nos últimos anos: Itália 2009 (L’ Aquilla), Haiti 2010 (Port-au-Prince), Japão 2011 (Tohoku), Itália 2012 (Emilia-Romanha). Como é do conhecimento geral, Portugal, devido à sua localização, está sujeito ao risco sísmico. Exemplos desta situação foram os terramotos ocorridos em 1755 (o maior de sempre registado na Europa) e outros com impactos mais circunscritos, como os de 1909 (Benavente), 1969 (Algarve), 1980 (Terceira) ou 1998 (Faial). Situações de sismos mais recentes, de baixa intensidade e sem registo de danos, ocorreram no continente, e facilmente são geradoras de situações de pânico.

Nestas circunstâncias, cabe também ao cidadão a importante missão de proteger a sua vida e a dos seus próximos.

1.4. OS SETE PASSOS A importância deste evento, não se esgota no minuto em concreto em que promovemos estes 3 gestos: baixar-se, proteger-se e aguardar. ANTES: 1º Passo: Identificar e corrigir os riscos em casa 2º Passo: Plano de Emergência Familiar 3º Passo: Preparar Kit de Emergência 4º Passo: Conhecer os pontos mais fracos do edifício DURANTE: Execute os 3 gestos que protegem: Baixar-se, Protegerse e Aguardar APÓS: 6º Passo: Cuidar de si, dos seus e dos mais vulneráveis 7º Passo: Estar atento às indicações das Autoridades

Os 7 PASSOS, nos quais se inclui os 3 GESTOS QUE SALVAM na base do presente exercício são internacionalmente reconhecidos como os mais adequados, no que respeita à autoproteção e mitigação do risco sísmico, ao alcance da generalidade dos cidadãos. Cada passo organiza algumas ideias simples e acessíveis ao comum dos cidadãos, no sentido de minorar os efeitos de um sismo e melhor responder face a uma situação real. Em resumo:

Antes – como preparar-se para um sismo 1. Identificar e minimizar riscos em casa A casa deve estar preparada para uma emergência. Fixe bem às paredes, chão ou teto os móveis, armários, estantes, candeeiros, e outros objetos que podem soltar-se e cair. Coloque os objetos pesados, ou de grande volume, no chão ou nas prateleiras mais baixas das estantes .

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TEMA

sente os números de emergência, junto do telefone fixo ou no seu telemóvel: 112, Polícia, Bombeiros, Serviços Médicos e da Proteção Civil. Mas lembre-se que em caso de sismo deverá utilizar o telefone unicamente em situação de extrema necessidade. O seu plano de emergência familiar deve ter ainda: 1. O nome do responsável que verifica os itens essenciais do Kit de Emergência familiar. 2. O ponto de encontro da família, fora do local de residência, trabalho ou escola, conhecido de todos o que seguem o seu plano. 3. Instruções de como se contactarem uns aos outros durante a emergência. Incluir o contacto de uma pessoa, fora da sua área de residência, que possa auxiliar.

Objetos como espelhos ou quadros pesados não devem ser colocados por cima de lugares como a cama ou o sofá. Não coloque as camas perto das janelas. Tenha um extintor em casa, aprenda a usá-lo e faça as revisões periódicas. As crianças devem ser ensinadas a fazer frente às emergências. Explique de forma tranquila e simples as recomendações mais básicas. Elas devem abrigar-se debaixo de uma mesa ou de uma cama e devem proteger a cabeça e os olhos. Uma boa forma de ensinar estas instruções às crianças é fazê-lo como se fosse um jogo.

2. Elaborar um plano de emergência Elabore um plano de emergência para que todos saibam como agir em caso de sismo. Após um sismo devemos desligar a água, a eletricidade e o gás, para evitar curtocircuitos, incêndios ou inundações. Tenha sempre pre-

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3. Preparar Kit de Emergência Tenha em casa uma pequena mochila de emergência com: rádio a pilhas, lanternas, pilhas de reserva, estojo de primeiros socorros, medicamentos e alguns agasalhos. A mochila deve ficar guardada num lugar fixo que seja conhecido por todos, incluindo as crianças. 4. Conhecer os pontos mais fracos do edifício Conheça, tão bem quanto possível, a estrutura de sua casa ou do local de trabalho, tentando perceber da existência de estrutura antissísmica.

Durante um Sismo 5.Executar os 3 gestos que protegem: Baixar-se, Proteger-se e Aguardar Durante um sismo, os 3 gestos fundamentais que podem salvar vidas são: BAIXAR-SE sobre os joelhos, uma posição que evita a queda durante o sismo. Depois PROTEGER a cabeça e o pescoço com os braços e as mãos, procurando abrigar-se, se possível, sob uma mesa resis-

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TEMA

tente e segurar-se firmemente a ela. Por fim, AGUARDAR até que a terra pare de tremer. Lembre-se ainda: Em caso de sismo mantenha a calma e ajude a acalmar as pessoas que estão junto a si. Se estiver em casa, evite ficar no meio da divisão e afastese de chaminés, janelas, espelhos, vitrinas ou objetos que possam cair. Procure refúgio num canto da sala, debaixo do vão de uma porta interior, do pilar de uma trave mestra, ou de móveis sólidos, como mesas, camas ou secretárias. Ligue o rádio e fique atento às instruções. Se estiver na rua, afaste-se de árvores, postes elétricos, muros e edifícios, por causa da possível queda de escombros. Não vá para casa. Procure lugares abertos, como praças, descampados ou avenidas amplas. Mantenha-se num local seguro e não circule pelas ruas, deixando-as livres para as viaturas de socorro. Regresse a casa apenas quando as autoridades o aconselharem. Se estiver a conduzir no momento do sismo, pare a viatura assim que for possível e permaneça dentro do veículo. Afaste-se de pontes, postes elétricos ou edifícios. Tenha cuidado com os cabos de alta tensão caídos e com os objetos que estejam em contacto com eles. Ligue o rádio e fique atento às instruções difundidas. Colabore com as autoridades. Lembre-se que a utilização simultânea e de forma massiva do telefone bloqueia as linhas, impedindo o bom funcionamento das comunicações, que são imprescindíveis para as operações de socorro. Use o seu telefone unicamente em situações de emergência. Afaste-se das praias porque é possível que ocorra um tsunami nos instantes seguintes ao sismo. Em caso de alerta das autoridades, vá rapidamente para uma zona alta e afastada da costa. Se estiver numa embarcação dirija-se para alto-mar.

cuidados com os vidros partidos e com os cabos de eletricidade soltos. Depois de um sismo deve abrir os armários com precaução já que alguns objetos podem ter ficado numa posição instável. Se detetar o derrame de substâncias tóxicas ou inflamáveis, deve limpar a zona o mais rapidamente possível. Se existirem destroços deve calçar botas ou sapatos resistentes para se proteger dos objetos cortantes ou pontiagudos. 7. Estar atento às indicações das Autoridades. Manter-se atualizado.

Após um Sismo

A seguir ao sismo avalie o estado em que ficou o edifício onde se encontra porque podem ocorrer réplicas que derrubem as áreas danificadas. Utilize os telefones apenas em caso de urgência, quando existirem feridos graves, fugas de gás ou incêndios. Se existir a possibilidade de a água estar contaminada, consuma apenas água engarrafada. Ligue o rádio e fique atento às instruções das autoridades.

6. Cuidar de si, dos seus e dos mais vulneráveis Se estiver num edifício não se precipite para a saída. Fique no seu interior, ajoelhe-se e proteja a cabeça e os olhos, espere que o sismo pare e depois saia com calma. Se ficar preso tente comunicar com o exterior batendo com algum objeto. Não use o elevador. O sismo pode provocar a sua queda ou cortar a eletricidade, deixando-o preso no interior. Se tiver de utilizar as escadas verifique se elas resistem ao peso. Se existirem destroços, calce botas ou sapatos resistentes para se proteger. Evite circular pelas zonas sinistradas, porque para além de perigoso dificulta os trabalhos de socorro. Numa situação de catástrofe é frequente existirem fugas de gás. Após um sismo não acenda fósforos ou isqueiros, nem ligue o interruptor porque pode provocar uma explosão. Corte imediatamente o gás, a água e a eletricidade. Veja se a casa sofreu graves danos. Se ela não estiver segura saia para a rua mas não utilize o elevador. Tenha

PARTICIPE!

Registe-se em: www.aterratreme.pt Tema desenvolvido com a colaboração do IST e da Associação REDE.

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TÇ EM A DIVULGA ÃO

Dia Internacional para a Redução de Catástrofes – 2014 O Dia Internacional para a Redução de Catástrofes – International Day for Disaster Reduction – IDDR 2014 – começou em 1989, aprovado pela Assembleia Geral das Nações Unidas, entendido como um dia especialmente destinado a promover uma cultura de segurança que reduza o risco de catástrofes, incluindo as dimensões da prevenção, mitigação e preparação. No início foi definido que deveria coincidir com a segunda quarta-feira do mês de outubro, mas em 2009 fixou-se essa data, estabilizando-a no dia 13 de outubro, Dia Internacional para a Redução de Catástrofes. É fundamentalmente um dia que assinala e põe em evidência a forma como as pessoas e as comunidades se organizam no sentido de reduzir o risco de catástrofe e vão ganhando consciência da importância desse envolvimento coletivo na resolução de problemas e na construção de soluções. Um dia em que se procura incentivar e motivar cidadãos e governos na adoção de posturas ativas e integradas na construção de comunidades e países mais resilientes. Uma comunidade resiliente é uma comunidade que tem a capacidade de resistir, absorver e recuperar de forma eficiente dos efeitos de um acidente grave ou catástrofe e que de maneira organizada trabalha para prevenir que vidas e bens sejam atingidos, minorando os impactos de uma situação de maior gravidade. Este será o quarto e último ano em que as Nações Unidas lança por ocasião do Dia Internacional para a Redução de Catástrofes, uma campanha especial – Step-Up, tendo como ponto central dessa campanha os grupos sociais mais vulneráveis. Este ano, um olhar especial para as pessoas idosas. O mundo muda a grande velocidade. A globalização oferece infinitas oportunidades, mas também tem custos. O uso do solo de forma insustentável, as perdas em termos de biodiversidade, o aquecimento global com aumento da temperatura em 0.8ºC no último século, provocando

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riscos acrescidos do ponto de vista ambiental e em termos de alterações climáticas. Um relatório de 2014 do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas das Nações Unidas alerta para o fenómeno das alterações climáticas, constituindo uma ameaça para a vida, pondo © R. Santos em causa meios de subsistência fundamentais, gerador de situações de catástrofes de grande impacto no normal funcionamento dos das regiões e países. À medida que estas mudanças acontecem, assistimos a um rápido crescimento populacional, a par de um envelhecimento demográfico. Nos últimos 100 anos a população mundial quadruplicou e somos hoje mais de 7 biliões. Atualmente, temos 11% da população com mais de 60 anos. Prevê-se que para 2050 esta proporção tenha duplicado para 22%, ou seja, 2 biliões de pessoas idosas. O envelhecimento da população é maior em países ditos desenvolvidos, em que temos números de 60% da população com mais de 60 anos, com as projeções a avançarem para 80% em 2050. Esta junção/colisão de, por um lado, um risco maior em termos de alterações climáticas e, por outro, de um número crescente de pessoas idosas expostas a este risco, deve ser uma preocupação dos responsáveis pelo planeamento de emergência e aos vários níveis da organização territorial. Mensagem chave: A resiliência constrói-se pela vida fora. Por um lado não há idades para se trabalhar a resiliência; por outro, os idosos tem anos de experiência e saber acumulado, incluindo conhecimento sobre boas estratégias de construção de resiliência em termos de segurança e proteção. Pretendese sublinhar e por em evidência a perspetiva da pessoa idosa nos processos de planeamento de emergência, e retirar ensinamentos da sua vivência na consolidação de estratégias que trabalhem a resiliência. Daí que o soundbite – A “resiliência é para a vida”, mote da campanha deste ano para a a celebração do Dia Internacional para a Redução de Catástrofes, se aplique de forma especialmente feliz!

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D E S TA Q U E

EQUIPAS DE RECONHECIMENTO E AVALIAÇÃO FORÇA ESPECIAL DE BOMBEIROS

As Equipas de Reconhecimento e Avaliação da Situação são equipas multidisciplinares que representam atualmente uma mais-valia para a Autoridade Nacional de Proteção Civil. Estas equipas, mobilizadas sempre que necessário pelo Comando Nacional de Operações de Socorro no âmbito do Combate a Incêndios Florestais, permitem a recolha de informação e transmissão de dados em tempo real para qualquer local. Executam reconhecimento e georreferenciação de pontos, locais ou de caminhos, cálculo de áreas, relatos e pontos de situação dos acontecimentos, entre outros, aplicável a qualquer área da proteção civil, representando uma ferramenta de antecipação fundamental no apoio à tomada de decisão por parte do Comandante das Operações de Socorro. Constituídas por um efetivo mínimo de dois elementos da Força Especial de Bombeiros e com a possibilidade de incorporar um técnico especializado de apoio à gestão da ocorrência. Estas equipas estão atualmente num processo de atualização da formação e adaptação a novos equipamentos e outros meios da Autoridade Nacional de Proteção Civil, que irá permitir a sua utilização em teatros de operações de outras naturezas e com maior grau de complexidade.

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Número 79, outubro de 2014


AGENDA 6 a 8 de outubro, Madrid, Espanha FÓRUM EUROPEU DE REDUÇÃO DO RISCO DE CATÁSTROFES O objetivo deste fórum é promover a discussão entre os diversos representantes e facilitar a partilha de boas práticas de atividades a implementar para redução do risco de catástrofes nos países europeus. Participam nestes fóruns os pontos focais nacionais para a implementação do Quadro de Acção de Hyogo 2005-2015 e nesta reunião irá participar de um elemento da Autoridade Nacional de Protecção Civil.

7 a 9 de outubro, Pombal, Mangualde e Vila Flor Provas de avaliação das Equipas de Intervenção Permanente No âmbito do processo de avaliação anual da condição física dos elementos que integram as Equipas de Intervenção Permanente (EIP), assim como de constituição de bolsa de recrutamento, vão realizar-se nos dias 7, 8 e 9 de Outubro, respetivamente em Pombal, Mangualde e Vila Flor, provas para as EIP dos distritos de Leiria e de Coimbra, de Viseu e da Guarda, de Bragança e de Vila Real.

9 e 10 de outubro, Bruxelas, Bélgica REUNIÃO DO GRUPO DE PROTEÇÃO CIVIL DA NATO A reunião abordará a gestão de emergências recentes, as atividades do Centro EuroAtlântico de Coordenação para a Resposta a Catástrofes (EADRCC), as ações no âmbito da preparação para resposta a acidentes de origem nuclear, radiológica, biológica e química e a definição do programa de trabalhos para 2015-2016. A reunião contará com a participação de um representante da ANPC.

13 e 14 de outubro, Bruxelas, Bélgica REUNIÃO DO GRUPO DE PERITOS SEVESO Nesta reunião vão ser analisadas as atividades desenvolvidas pela Comissão Europeia e os diversos Estados Membros na implementação da Directiva 96/82/ EC (Directiva Seveso II) e na transposição da Directiva 2003/105/CE (Directiva Seveso III). No encontro irá participar um representante da Autoridade Nacional de Protecção Civil.

14 de outubro, Lisboa SEMINÁRIO “PLANEAMENTO LOCAL DE EMERGÊNCIA”. Decorre no auditório dos Serviços Sociais da Câmara Municipal de Lisboa, o Seminário sob o tema “Planeamento Local de Emergência”. Integrado nas comemorações do Dia Internacional para a Redução das Catástrofes, este fórum procura estimular a discussão em torno do papel das autarquias locais no sistema de proteção civil, bem como proporcionar o intercâmbio de experiências e de projetos que visam aumentar a resiliência das populações face à ocorrência de acidentes graves ou catástrofes. A ANPC integra o painel de oradores.

13 de outubro, Amadora, Lisboa IX CONFERÊNCIA “DIA INTERNACIONAL PARA A REDUÇÃO DE DESASTRES” Decorre a IX Conferência associada ao “Dia Internacional para a Redução de Desastres”, que dará especial ênfase ao tema deste ano - o papel da população sénior no ciclo da catástrofe. A iniciativa visa também apresentar o trabalho que a Campanha Local “Sempre em Movimento, Amadora é Resiliente” tem vindo a desenvolver com as várias associações do município. 18 de outubro a 1 de novembro 2014 AÇÃO DE FORMAÇÃO Nº 6 – “ COMANDO TÁTICO DE OPERAÇÕES DE PROTEÇÃO CIVIL” Decorre a ação de formação “Comando Tático de Operações de Proteção Civil” no âmbito do projeto de cooperação técnicopolicial com São Tomé e Príncipe, a ministrar pelo 2º Comandante Operacional Nacional.


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