Indústrias Químicas e o Meio Ambiente

Page 36

36

em sistemas em todos os níveis de complexidade: em "processos dissipativos" afastados do equilíbrio termodinâmico, onde pequenas flutuações podem ser amplificadas para produzir grandes efeitos (como na formação de células de convecção num fluido aquecido) (Prigogine e Stengers (1984)); em processos "catastróficos", tais como o quebrar das ondas, o fluxo turbulento de líquidos e as transições de fase (como na ebulição ou no congelamento); em fenômenos meteorológicos; em organismos vivos; em cérebros; em dinâmica da população e em ecologia; e no comportamento da economia. Esses tipos de processos não podem ser efetivamente modelados em termos da física determinista ao velho estilo. Novas abordagens matemáticas são necessárias, das quais a mais importante é a "teoria do caos" (para uma boa introdução não-técnica à teoria do caos, veja Gleik (1988)). Em modelos matemáticos de processos caóticos, tornados possíveis graças aos computadores, os sistemas de modelos não se assentam num equilíbrio simples, mas se desenvolvem em padrões complexos e não repetitivos.

Apesar de suas limitações, a estrutura de pensamento linear, responsável pelo surgimento da ciência, foi também responsável pela formação do pensamento mecanicista e determinista que impera desde as sociedades medievais até as sociedades industriais contemporâneas e que influencia no comportamento das organizações sociais nelas inseridas, justificando o surgimento da maior parte das crises sociais e ambientais planetárias até então percebidas. Para Egri e Pinfield (1999), as características deste pensamento serviram de alicerces ideológicos das Revoluções Científica e Industrial das sociedades contemporâneas e para autores como Beck (2006), aparecem nos principais comportamentos sociais de risco que determinam o rito de passagem de uma “sociedade industrial” para o que o autor denomina de “sociedade de risco13”, conceito que será abordado ao longo deste estudo. Em razão da existência de fortes evidências anteriormente apresentadas que implicam nas insuficiências da matriz linear para o atendimento das necessidades de produção do conhecimento científico e consequentemente para a reprodução da vida em sociedade, esta matriz passou a ser gradativamente criticada por pesquisadores que perceberam as suas limitações e que tiveram a coragem de propor novas alternativas a esta forma hegemônica de produção do conhecimento científico. Dentre os vários pesquisadores que inauguraram novas linhas epistemológicas para propor outras formas para o desenvolvimento do conhecimento científico, encontram-se Karl 13

Beck (2006) define sociedade de risco como a sociedade que substituirá a denominada sociedade industrial. Entre as características que definem esta sociedade, está a sua incapacidade de gerenciar a relação entre utilização de novas tecnologias e manutenção dos recursos naturais.


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.